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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO ROMPIMENTO DE


BARRAGENS

CAMILA ROCHA SANTOS


Matrícula: 1415141-9

FORTALEZA
2020
CAMILA ROCHA SANTOS

OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO ROMPIMENTO DE


BARRAGENS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à banca examinadora do
Curso de Engenharia Civil, da
Universidade de Fortaleza/UNIFOR, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Profa. Gilcenara de Oliveira.

FORTALEZA
2020
CAMILA ROCHA SANTOS

OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO ROMPIMENTO DE


BARRAGENS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à banca examinadora do
Curso de Engenharia Civil, da
Universidade de Fortaleza/UNIFOR, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em: 06 / 07 / 2020.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Prof.ª. Dra. Gilcenara de Oliveira
Orientador (a)

_____________________________________________
Prof.ª. Me. Adriana Pereira do Nascimento
Examinador (a)
Unifor

_____________________________________________
Prof. Dr. Ícaro José Fernandes Santos Bastos
Examinador (a)
Unifor
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer à Deus, pela vida, pela minha família, e pelos
momentos de felicidade e tristeza durante esta jornada, que me moldaram ao que eu
sou hoje.

Agradecer também à minha família, especialmente aos meus pais, Sandra Betânia
Rocha e Abelmar Cacau, por todo apoio e amor incondicional em toda essa
caminhada, sem eles, com certeza não seria possível chegar a esse marco da
minha vida.

Agradeço ao meu noivo, Silvio Goyanna Jr., que me apoiou e levantou diversas
vezes durante o progresso deste trabalho.

Queria agradecer a todos os meus amigos que me apoiaram durante essa fase da
minha vida, em especial aos conquistados durante todo o período do curso, onde
não só me proporcionaram momentos de descontração e felicidade, bem como de
auxílio, nos momentos difíceis de trabalhos, provas e grupos de estudo.

Agradeço também pelos professores que tive durante o curso, especialmente a


professora Gilcenara de Oliveira pelo conhecimento adquirido e pelos desafios
recebidos, que me ajudaram a crescer intelectualmente e como ser humano.
“Tudo posso naquele que me fortalece.”

Filipenses 4:13
RESUMO

Há milhares de anos, o homem vem construindo barragens, tendo inicialmente como


ideia, o abastecimento de água, mas ao longo dos anos, essas foram sendo
estruturadas para outros fins, como disposição de rejeitos de mineração. No entanto,
essas estruturas apresentam um certo potencial de risco, que deve ser considerado,
devido aos danos que podem ocasionar não somente à economia, mas também ao
meio ambiente e à própria comunidade. Os desastres e os danos provocados com o
rompimento das Barragens de Mariana e Brumadinho repercutiram não somente no
país, mas também na imprensa internacional. Assim, diante do impacto ambiental,
ao final do estudo pretende-se responder ao seguinte questionamento: Quais os
impactos ambientais causados pelos rompimentos de barragens como de Mariana e
Brumadinho? Como objetivo geral buscou-se analisar os impactos ambientais
causados pelos rompimentos das Barragens de Mariana e Brumadinho, visando
fornecer subsídios para melhorar as legislações vigentes. Como objetivos
específicos, foram estabelecidos: verificar como está sendo feita a classificação das
barragens de contenção de rejeitos; indicar as prováveis causas dos rompimentos
das Barragens de Mariana e Brumadinho; e, listar os impactos ambientais
provocados com os rompimentos das Barragens de rejeitos. Para alcançar essa
proposta, o estudo fundamentou-se em uma pesquisa exploratória, em que foram
consultados, livros, revistas e artigos científicos, assim como documentos que se
referem às barragens. Ao final do estudo, constatou-se que os desastres causados
com os rompimentos das barragens, afetaram não somente o meio ambiente, mas
também afetaram vidas humanas, levando a vítimas fatais, e a doenças crônicas.
Assim, devido à magnitude dos danos, para pesquisas futuras, sugere-se uma
análise referente às leis, para avaliar possíveis mudanças, que pontos foram
melhorados, e assim, impedir tais desastres.

Palavras-chave: Mariana. Brumadinho. Barragem. Impacto Ambiental.


ABSTRACT

For thousands of years, man has been building dams, initially with the idea of supplying
water, but over the years, these have been structured for other purposes, such as disposal of
mining waste. However, these structures have a certain potential for risk, which must be
considered, due to the damage they can cause not only to the economy, but also to the
environment and the community itself. The disasters and damage caused by the rupture of
the Mariana and Brumadinho Dams had repercussions not only in the country, but also in the
international press. Thus, given the environmental impact, at the end of the study we intend
to answer the following question: What are the environmental impacts caused by the rupture
of dams like Mariana and Brumadinho? As a general objective, we sought to analyze the
environmental impacts caused by the ruptures of the Mariana and Brumadinho Dams, aiming
to provide subsidies to improve the current legislation. As specific objectives, the following
were established: to verify how the classification of tailings dams is being carried out;
indicate the probable causes of the ruptures of the Mariana and Brumadinho Dams; and, list
the environmental impacts caused by the rupture of the tailings dams. To achieve this
proposal, the study was based on an exploratory research, in which books, magazines and
scientific articles were consulted, as well as documents referring to dams. At the end of the
study, it was found that the disaster caused by the rupture of the dams affected not only the
environment, but also affected human lives, leading to fatalities and chronic diseases.
Therefore, due to the magnitude of the damage, an analysis of the laws is suggested for
future research, to find out what has changed, what points have been improved to prevent
such disasters.

Keywords: Mariana. Brumadinho. Dam. Environmental Impact.


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIA Avaliar os Impactos Ambientais


ANA Agência Nacional de Águas
ANM Agência Nacional da Mineração
ANCOLD Australian National Committee on Large Dams
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
ICOLD International Commission on Large Dams
EIA Estudo do Impacto Ambiental
LP Licença Prévia
LI Licença de Instalação
LO Licença de Operação
MG Minas Gerais
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
PNSB Política Nacional de Segurança de Barragens
RSB Relatório de Segurança de Barragens
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Tipos de barragens......................................................................................16


Figura 2. Esquema típico do processamento de minério...........................................19
Figura 3. Perfil de uma Barragem de Contenção de rejeitos......................................21
Figura 4. Barragem alteada pelo Método de Montante..............................................22
Figura 5. Barragem alteada pelo Método de Jusante.................................................23
Figura 6. Barragem alteada pelo Método Linha de Centro.........................................23
Figura 7. Complexo da Alegria, antes do rompimento da Barragem do Fundão.......33
Figura 8. Subdistrito de Bento Rodrigues: antes e depois do rompimento da
barragem.....................................................................................................................34
Figura 9. Rota da lama provocada pelo rompimento da Barragem do Fundão.........35
Figura 10. Visão aérea da Barragem de Brumadinho antes do rompimento.............36
Figura 11. Barragem de Brumadinho antes do rompimento.......................................36
Figura 12. Barragem de Brumadinho depois do rompimento.....................................37
Figura 13. Caminho da lama com o rompimento da Barragem de Brumadinho........38
Figura 14. Barragem à Montante – modelo utilizado em Mariana e Brumadinho......39
Figura 15. Os perigos da lama....................................................................................44
LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Vantagens e desvantagens dos métodos construtivos.............................24


Quadro 2. Impactos ambientais nas diferentes escalas de correntes do desastre de
Mariana, MG................................................................................................................41
Quadro 3. Impactos e possíveis riscos à saúde da população com o rompimento das
barragens....................................................................................................................42
Quadro 4. Situações pontuadas pela polícia Federal, sobre o desastre de Mariana..
.....................................................................................................................................43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tragédia de Mariana em números..............................................................40


Tabela 2. Tragédia de Brumadinho em números.......................................................41
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................12
1.1 Justificativa.........................................................................................................13
1.2 Objetivos............................................................................................................13
1.2.1 Objetivo Geral..............................................................................................13
1.2.2 Objetivos Específicos..................................................................................13
1.3 Estrutura do Estudo...........................................................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................15
2.1 Barragens: Abordagem Geral............................................................................15
2.1.1 Rejeitos........................................................................................................16
2.1.2 Barragens de Contenção de rejeitos...........................................................18
2.2 Métodos Construtivos........................................................................................20
2.3 Segurança das Barragens.................................................................................25
2.3.1 Cenário Internacional..................................................................................25
2.3.2 Cenário Nacional.........................................................................................27
2.3.3 Acidentes nas Barragens brasileiras...........................................................29
3 METODOLOGIA.......................................................................................................31
3.1 Desenho da Investigação..................................................................................31
3.2 Enfoque..............................................................................................................31
3.3 Coleta dos Dados..............................................................................................32
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................................33
4.1 Barragem de Mariana........................................................................................33
4.2 Barragem de Brumadinho..................................................................................35
4.3 Avaliação dos Danos Provocados com os Desastres das Barragens de
Mariana e Brumadinho.............................................................................................39
5 CONCLUSÃO...........................................................................................................46
REFERÊNCIAS...........................................................................................................48
12

1 INTRODUÇÃO

Durante séculos, para que houvesse a regularização dos rios, utilizou-se e tem
se utilizado as Barragens. Estudos evidenciam que as civilizações antigas as
construíam para controle de inundações, irrigações e abastecimento de água
potável. Contudo, as conquistas alcançadas pela sociedade moderna, trouxe
consigo uma maior responsabilidade e preço, pois tem relação com o meio
ambiente, e com todos os efeitos provocados pelo homem que resultam dessa ação.
Nesse contexto, destaca-se a definição estabelecida pela Deliberação
Normativa COPAM nº 62 de 17 de Dezembro de 2002, que estabelece como sendo
barragem, qualquer tipo de estrutura que forme uma parede de contenção, que pode
ser de resíduos, rejeitos, e pode ser utilizada como reservatório de água.
No caso específico das Barragens de Contenção de rejeitos, estes são
acompanhados de uma preocupação maior, pois geram grandes impactos ao meio
ambiente. Diante desse problema, as empresas vêm sendo jugadas principalmente
pela gestão dos rejeitos, sendo estes, vistos como um dos principais critérios no
desempenho ambiental.
Estudos vêm indicando que tais falhas são provocadas pelo fato da operação
não está sendo realizada com base nos critérios estabelecidos para o projeto,
construção e operação, destruindo vidas e provocando danos ambientais
significativos.
As mineradoras responsáveis pelas barragens, proporcionam um
desenvolvimento econômico na região e no Estado, em contrapartida, a construção
dessas estruturas, devido aos danos provocados pelos desastres de Mariana (MG),
em 2015, e Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, tem trazido uma grande
insegurança para aqueles que moram próximo e/ou estão preocupados com o meio
ambiente.
No intuito de evitar tais desastres, como os já citados, alguns órgãos, como a
Agência Nacional da Mineração (ANM), responsável pela classificação das
barragens e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), que elabora os
relatórios e os divulgam anualmente com os resultados, trabalham para avaliar a
estabilidade das barragens construídas no Brasil, assim como os danos que podem
ser provocados com os rejeitos. No entanto, faz-se necessário desenvolver um
cadastro das barragens existentes no Brasil, dispondo de informações mínimas para
13

que o controle e acompanhamento pelos órgãos de defesa civil, possam atuar


adequadamente nos casos de acidentes/desastres.
Assim, diante dos últimos acontecimentos, e devido à preocupação com o meio
ambiente, ao final do estudo pretende-se responder a seguinte problemática: Quais
os impactos ambientais causados pelos rompimentos de Barragens como de
Mariana e Brumadinho?

1.1 Justificativa

O desenvolvimento desse estudo justifica, pois os desastres gerados com os


rompimentos das Barragens de Mariana, em 2015, e Brumadinho, em janeiro de
2019, que provocaram grandes danos, e que foram confirmadas 250 mortes, e após
17 meses, ainda não encontraram todas as vítimas fatais. Os danos afetaram
também o meio ambiente, pois os rejeitos ao alcançarem as margens dos rios,
acabam encontrando um vetor para que o desastre gere danos com grandes
proporções, podendo afetar inclusive outros Municípios e Estados.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os impactos ambientais causados pelos rompimentos das Barragens


de Mariana e Brumadinho, visando fornecer subsídios para melhorar as legislações
vigentes.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Verificar como está sendo feita a classificação das barragens;


b) Indicar as prováveis causas dos rompimentos das Barragens de Mariana e
Brumadinho;
c) Listar os impactos ambientais provocados com os rompimentos das
Barragens de rejeitos.
14

1.3 Estrutura do Estudo

Além da Introdução e Conclusão, o estudo está estruturado em três capítulos.


Após a Introdução, em que foi feita uma abordagem geral do tema,
estabelecendo a questão norteadora, justificativa e objetivos do estudo, tem-se o
Referencial Teórico, em que foi explicado o conceito de barragens, rejeitos, assim
como a explanação sobre os Métodos Construtivos, Segurança de Barragens no
âmbito Internacional e Nacional, encerrando o conteúdo teórico fazendo uma
abordagem sobre os acidentes nas barragens brasileiras.
No capítulo seguinte tem-se a metodologia do estudo, em que explica o tipo de
estudo, e como foram coletados os dados.
Na sequência apresentam-se os resultados e discussões, em que é
apresentado inicialmente uma visão de como eram as Barragens de Mariana e
Brumadinho, sendo posteriormente feita uma discussão sobre a avaliação dos
impactos ambientais provocados pelos desastres dessas duas barragens.
Ao final do estudo são apresentadas as principais considerações e sugestões
para pesquisas futuras.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Barragens: Abordagem Geral

As barragens são construídas de acordo com a sua finalidade, existindo vários


tipos, que são utilizadas para represamento de água, irrigação, contenção de
rejeitos, geração de energia, dentre outros. Sobre essa temática, Kierman (2016, p.
298) explica que “o uso das barragens é muito antigo, tendo um papel importante na
vida do homem. A sua concepção inicial era de ajudar o homem a combater, no
período de seca, a escassez de água.”
Thomé e Passini (2018) para melhor entender a história das barragens,
realizou diversos estudos, sendo constatado com suas pesquisas, que as barragens
já existiam há muito tempo, sendo identificadas no antigo Egito, ou seja, há quase
cinco mil anos. Segundo o autor, foi na Índia que surgiram as Barragens de aterro,
que tinham como propósito, evitar que houvesse algum tipo de acidente gerado pelo
galgamento das barragens.
Com a Revolução Industrial, as técnicas de construção foram sendo
aperfeiçoadas, contribuindo para que barragens de maior escala fossem construídas
para suprir as necessidades do homem, principalmente em relação ao
abastecimento de água, aterros e geração de energia.
Corroborando com essa temática, Fontenelle et al. (2018, p. 26) explicam que:

As barragens podem ter diversos usos e finalidades de acordo com a


necessidade da população da região, como por exemplo, para geração de
energia, regularização de um rio, controle de enchentes e armazenamento
de água. Devido ao seu múltiplo uso, este tipo de obra se torna comum no
mundo inteiro. No semiárido brasileiro, a barragem tem sido o principal
mecanismo para o combate aos efeitos da seca, pois é capaz de armazenar
grandes volumes de água para uso posterior.

Ainda de acordo com os autores supracitados, para a construção das


barragens faz-se necessário seguir as normas técnicas de Engenharia e Geotecnia,
que podem ser, por exemplo, de concreto ou de terra. Sobre a classificação das
barragens Mello e Piasentin (2011), definem:
16

Figura 1. Tipos de barragens

Fonte: Adaptado de Mello e Piasentin (2011)

Complementando a explicação de Mello e Piasentin (2011) sobre a


classificação das barragens, Cecílio, Namba e Negro (2018, p. 134) listam quatro
etapas que devem ser seguidas para sua construção que são: “o projeto, em que é
feito um estudo do local para identificar o melhor tipo a ser construída, a construção,
a exploração e a observação”.

2.1.1 Rejeitos

Para atender aos objetivos propostos para o estudo, faz-se necessário


inicialmente fazer uma explanação sobre a origem dos rejeitos. Com base nessa
proposta, destaca-se o papel da mineração que tem como intuito, obter substâncias
úteis, as quais são encontradas ainda no seu estado natural, para que então possam
ser encaminhadas para a sua destinação final, após passar pelas etapas de
processamento. Borges (2000, p. 34) explica então a necessidade de eventos inter-
relacionados, ou seja:
17

A mineração, por seu turno, não brota simplesmente do subsolo acima do


qual o Estado impõe sua jurisdição. É preciso que a geologia desse subsolo
tenha características peculiares (que lhe confiram o potencial para possuir
recursos minerais) que somente serão reveladas em sua plenitude pelo
estudo geológico. Da mesma forma, a transformação daqueles recursos em
bens econômicos somente ocorrerá se houver tecnologia para lavrar os
minérios descobertos e deles extrair as substâncias úteis aos propósitos da
sociedade ou do mercado.

Segundo o autor supracitado, a mineração apresenta as seguintes etapas: a


prospecção, a pesquisa, a lavra e o descomissionamento.
Sobre a prospecção e pesquisa, Cavalcanti Neto e Rocha (2010) explicam que
estes representam um conjunto de ferramentas, conhecimentos e técnicas que são
empregadas para identificar e estudar os depósitos de minerais. Tais depósitos
apresentam-se como anomalias geológicas cujas características podem resultar em
aproveitamento econômico, pois:

Durante a prospecção e pesquisa, pretende-se definir a existência, em


determinado local, de minério em qualidade e quantidade suficientes para
justificar sua extração (lavra) e adequação às exigências comerciais. O
depósito mineral é considerado jazida quando os resultados da pesquisa
indicam a viabilidade econômica de sua exploração (CAVALCANTI NETO;
ROCHA, 2010, p. 98).

Para o referido autor, trata-se de critérios temporal, espacial e material, os


quais são empregados para estabelecer se o empreendimento minerário é ou não
econômico. Além disso, estuda-se se as características técnico-econômicas
atribuídas à mineração podem ser encontrados em maior ou menor escala, pois
segundo Simões (2010, p. 133), são: “a rigidez locacional; exauribilidade da jazida;
transitoriedade do empreendimento; alto risco da atividade; singularidade das
jazidas e minas; dinâmica particular de um projeto minério; e, monitoramento
ambiental específico”.
Complementando esse entendimento, Valadão e Araújo (2007, p. 13) explicam
que:

Apesar de a jazida ser uma região da crosta, em que processos geológicos


concentraram minerais economicamente importantes em quantidade e teor
superiores a valores ordinários, etapas subsequentes capazes de
concentrar esses componentes, ainda são necessárias para a produção de
um produto economicamente viável. O processamento mineral pode ser
conceituado como o conjunto de operações básicas que são realizadas em
uma matéria-prima mineral (minério bruto), com o objetivo de se obter sua
adequação, ou seja, produtos comercializáveis.
18

Valadão e Araújo (2007) destacam também que durante a fragmentação do


material, que é alimentado pela usina, são aplicadas uma quantidade significativa de
energia, que acontece durante o beneficiamento mineral. Com isso, a cominuição
passa a liberar os minerais agregados. Dessa forma, é possível submeter a
mineração a um processo físico-químico, fazendo a separação controlada e seletiva.
Com o término deste processo, tem-se a distinção do concentrado, que na verdade
consiste no fluxo dos minérios que se deslocaram e que se deseja manter
separados para comercialização do rejeito.
Assim, o rejeito com o término do processo de concentração é identificado em
forma de polpa, que se refere a uma modalidade espessa e segregável, que nesse
caso, antes da sua destinação final, pode haver redução do percentual de água.
Sobre a umidade do rejeito, Ribeiro (2015, p. 14-15) explica:

Rejeito em polpa: baixas concentrações de sólidos (30%<Cw<40%), sem


espessamento, segregável. A polpa é a concentração mais comum na saída
dos rejeitos de usinas de beneficiamento no Brasil; Rejeito espessado:
concentrações de sólidos aumentadas através de processos mecânicos de
espessamento (45%<Cw< 65%), porém, ainda segregável e bombeável por
bombas centrífugas; Rejeito em pasta: concentração de sólidos
intermediária (65%<Cw<70%), não segregável, somente bombeável com
bombas de deslocamento positivo; Rejeito em torta: alta concentração de
sólidos (80%<Cw<85%). A torta consiste em uma massa de rejeito com
baixa umidade transportável, apenas através de esteiras ou caminhões.

Ainda sobre o descarte dos rejeitos, o autor supracitado explica que a decisão
a respeito da sua concentração de sólidos, fundamenta-se a partir dos critérios
técnico-econômicos, que nesse caso tem como vantagens, a redução da umidade
do rejeito.

2.1.2 Barragens de Contenção de rejeitos

O mineral, para que possa ser comercializado não pode ser usado em forma de
in situ. Para isso, é preciso seguir algumas etapas que são denominadas de
beneficiamento, podendo ser chamadas também de tratamento. Segundo Ribeiro
(2015) o rejeito é formado nessa fase do processo, sendo que para comercialização
não apresenta um valor satisfatório, sendo inviável nessa etapa. O rejeito, diferente
do que acontece com o material estéril, apresenta um volume de água maior, que é
dos processos químicos e físicos que então são submetidos no beneficiamento.
19

Para uma melhor compreensão desse contexto, apresenta-se a figura 2.

Figura 2. Esquema típico do processamento de minério

Fonte: Teixeira, Lindenmayer e Silva (2010, p. 21)

Teixeira, Lindenmayer e Silva (2010, p. 21) explicam que para disposição do


rejeito leva-se em consideração a seleção do método, suas características e
propriedades, as quais estão inseridas e que são “natureza da mineração, condições
geológicas e topográficas da área, propriedades mecânicas dos materiais e dano
ambiental dos contaminantes presentes no rejeito.” Já no caso do descarte este,
segundo Duarte (2008) pode ser realizado de duas formas, polpa, em que o
transporte é feito por tubulações ou granel que é realizado por caminhões.
Complementando essa temática, Mello e Piasentin (2011, p. 198) mencionam
que:

As primeiras barragens de contenção de rejeitos datam da década de 30.


Eram, geralmente, projetadas transversalmente aos cursos d’água e pouco
resistentes a fortes chuvas. A construção da estrutura se iniciava por um
pequeno dique preenchido por rejeitos depositados hidraulicamente e,
posteriormente, incrementado por pequenas bermas. Na década de 40, o
grau de segurança das barragens aumentou. Tal fato foi resultado da maior
acessibilidade de equipamentos de alta capacidade para movimentos de
terras, que permitiu o uso de técnicas de compactação que outrora não
eram possíveis.

A construção de barragens de contenção de rejeitos no Brasil, durante muitos


anos esteve relacionada a equipamentos de lavra, em que o material estéril era
descartado em forma de aterro. Esse procedimento era feito no intuito de criar uma
quantidade suficiente para beneficiar o mineral, que era realizado a partir da
peneiração com lavagem e britagem. Contudo, Mello e Piasentin (2011, p. 201)
fazem o seguinte alerta:
20

O processo, no entanto, só funcionava para estruturas de pequeno porte.


Com o progresso da mineração e aumento da escala de operações, que
ocasionou um aumento na quantidade de rejeito produzido, tais estruturas
passaram a oferecer riscos maiores, aumentando os casos de rupturas.

Soares (2010) menciona que nas décadas de 1960 e 1970 passou a ser usado
com mais ênfase na construção das barragens mecânicas dos solos. A premissa
principal era fazer uma avaliação dos possíveis impactos e estabilidade da estrutura
a partir do comportamento dos rejeitos. Segundo o autor foi na América do Norte, na
década de 1970 que foram realizados pelos técnicos de engenheiros civis e
geotécnicos os primeiros trabalhos sobre essa avaliação.
Mello e Piasentin (2011, p. 198) mencionam ainda que:

No Brasil, aspectos técnicos como infiltração, liquefação e estabilidade de


fundação passaram a ser compreendidos e controlados pelos projetistas na
década de 70, podendo-se citar como exemplo dessa prática a barragem
Germano, da Samarco Mineração S.A., em Mariana – MG. A partir da
década de 80, as questões ambientais ganharam importância. Passaram a
ser considerados o potencial de dano ambiental e os mecanismos de
transportes de contaminantes.

Segundo Pereira (2005) os primeiros investimentos tecnológicos foram


realizados também na década de 1970. A ideia era elevar a concentração e
beneficiamento dos minérios itabiríticos. Duarte (2008, p. 102) complementando
essa temática, afirma que:

Existem vários métodos de disposição de rejeitos. Dentre eles, pode-se


citar: minas subterrâneas, cavas exauridas de minas, pilhas, empilhamento
a seco (“dry stacking”), e disposição em pasta ou barragens de contenção
de rejeitos. Entre as opções, a forma de disposição mais utilizada são as
barragens.

Assim, a definição das barragens foi estabelecida em 17 de dezembro de 2002,


pela Deliberação Normativa COPAM nº 62, que se refere “qualquer estrutura –
barragem, barramento, dique ou similar – que forme uma parede de contenção de
rejeitos, de resíduos e de formação do reservatório de água.” (COPAM, 2002).

2.2 Métodos Construtivos

Existem várias formas de construir barragens que estão relacionadas a sua


aplicabilidade. No caso dos rejeitos, utiliza-se o próprio rejeito, o que possibilita que
21

o custo seja reduzido, assim como os impactos ambientais. Segundo Valadão e


Araújo (2007, p. 93) “na maioria das vezes, as atividades do beneficiamento
favorecem o descarte de rejeitos úmidos, que contribuem para a utilização da
técnica de aterros hidráulicos.” O autor menciona ainda outros materiais que podem
ser utilizados para construção de barragens dos rejeitos, como material compactado
oriundo de áreas de empréstimo. Complementando essa temática, Cavalcante
(2004, p. 202) destaca:

A construção de uma barragem pode ser realizada ao longo dos anos,


sendo esta uma prática viável. Dentre as vantagens, pode-se ressaltar que
a construção da barragem de maneira gradual, permite parcelar os custos
do processo de extração. Além disso, a técnica garante maior flexibilidade
de operação, uma vez que, a barragem é capaz de ser ajustada conforme a
flutuação do mercado e a taxa de produção do minério, que resulta na
diminuição ou acréscimo do volume de rejeito a ser armazenado.

Na figura 3 é possível ter uma noção da construção de uma barragem. Nesse


caso observa-se que é feito o dimensionamento com uma altura adequada, com o
objetivo de atender inicialmente o primeiro ano de funcionamento, sendo este
formado por material ou solo de enrocamento.

Figura 3. Perfil de uma Barragem de Contenção de rejeitos

Fonte: Vick (2013, p. 87).

Segundo Machado (2007) para fazer o alteamento, a forma mais comum é


fazer o adicionamento do novo material colocando em cima da crista e sobre o
22

talude antigo, formando assim, o aterro. Seguindo esse procedimento, não se faz
necessário que o nível do reservatório seja rebaixado. Na sequência tem-se as
principais características das técnicas construtivas propostas por Espósito (2000, p.
76).

a. Método de Montante: a técnica de alteamento mais antiga, sendo o


método mais econômico e de maior facilidade executiva.
b. Método de Jusante: os alteamentos são realizados de modo que o eixo
da barragem se desloca para jusante, até atingir a cota de projeto. O
método necessita de grande volume de material para os alteamentos,
podendo ser utilizado o próprio rejeito, solo de áreas de empréstimo ou o
próprio estéril da lavra.
c. Método Linha de Centro: método de caráter intermediário quando
comparado aos anteriores, apesar de seu comportamento estrutural se
assemelhar ao método de jusante. Sua construção é feita a partir de um
dique de partida, sendo o rejeito lançado perifericamente a montante deste
dique.

Na figura 4 apresenta-se o modelo de uma barragem utilizando o método


construtivo.

Figura 4. Barragem alteada pelo Método de Montante

Fonte: Vick (2013, p. 78).

No Método de alteamento à Montante, segundo Cavalcante (2004) inicia-se a


construção da barragem a partir de um dique de partida, sendo na sequência
23

lançado o rejeito, para o próximo alteamento, criando uma praia que será a fonte de
material de construção.

Figura 5. Barragem alteada pelo Método de Jusante

Fonte: Vick (2013, p. 81).

No método apresentado na figura 5 é feito uma impermeabilidade nos


alteamentos no talude interno da barragem. No entanto, se o rejeito tiver como
características o ângulo de atrito elevado e alta permeabilidade, a
impermeabilização não será obrigatória. Na sequência apresenta-se a figura 6 com a
barragem alteada pelo Método Linha de Centro.

Figura 6. Barragem alteada pelo Método Linha de Centro

Fonte: Vick (2013, p. 84)

Esse método apresentado na figura 6, em relação as questões numéricas,


pode ser até cinco vezes mais oneroso. Em contrapartida, no que diz respeito ao
método de jusante, este apresenta uma técnica mais viável economicamente,
24

podem apresentar uma redução de até doze vezes em relação a técnica de


montante (ESPÓSITO, 2000).
Complementando essa temática, tem-se o Quadro 1, com as principais
vantagens e desvantagens de cada um dos métodos.

Quadro 1. Vantagens e desvantagens dos métodos construtivos


MÉTODOS VANTAGENS DESVANTAGENS
“Maior risco de ruptura em razão da linha freática
se localizar muito próxima ao talude de jusante e
da dificuldade para previsão e controle da
qualidade do maciço, uma vez que os
alteamentos são realizados em cima da praia de
rejeitos; Maior possibilidade de ocorrência de
“Facilidade de operação, baixo
piping (erosão interna) pela posição da linha
custo, menor volume de
freática – aumentando as chances de surgimento
material de construção para os
Montante de água no talude –, pelo baixo grau de
alteamentos e possibilidade de
compactação do rejeito ou pela ocorrência da
construção em topografias
concentração do fluxo entre dois diques
muito íngremes.”
compactados; e Susceptibilidade a liquefação
em função da praia ser composta por rejeitos em
estado fofo e saturado, principalmente em áreas
propensas a eventos sísmicos. Vibrações
decorrentes de movimentação de aparelhos
também podem favorecer a liquefação.”
“Os alteamentos não são
realizados sobre o rejeito
previamente depositado; maior
“Possível ocorrência de insuficiência da fração
resistência aos efeitos
grossa, para manter a crista da barragem de
dinâmicos, inclusive forças
rejeito acima do nível do reservatório;
sísmicas, conferindo maior
necessidade de maior controle no
segurança a estrutura; sistema
acompanhamento da etapa construtiva quando
de drenagem mais flexível,
utilizado o rejeito como material de construção,
podendo ser instalados durante
em razão da maior possibilidade de ocorrência
a construção da barragem,
Jusante de piping, liquefação, superfícies erosivas e
conferindo maior estabilidade
dificuldade de controle da superfície freática, em
ao maciço; controle do
casos de alguns materiais; necessidade de
lançamento e da compactação
grandes quantidades de rejeito, principalmente
conforme especificações
nas etapas iniciais; uso dos ciclones,
técnicas convencionais de
aumentando o custo da produção; extensão da
construção; escalonamento da
área ocupada ao final da construção da estrutura
construção sem intervir na
para jusante, em função do acréscimo da altura.”
segurança; as especificações
de projeto podem ser seguidas
integralmente.”
“Facilidade construtiva; eixo
dos alteamentos constante; “Complexidade de operação, sendo necessário
redução do volume necessário equipamento para deposição mecânica a
de material para o alteamento jusante; necessidade de sistemas de drenagem
Linha de do maciço, quando comparado eficientes e sistema de contenção a jusante. Há
Centro ao método de jusante; e a possibilidade de escorregamentos potenciais,
controle da linha freática no em casos onde o rejeito se encontra saturado e
talude de jusante do maciço, fofo, pois nesse caso a estabilidade do maciço
não sendo crítica a localização fica comprometida.”
do nível de água de montante.”
Fonte: Vick (2013, p. 87)
25

2.3 Segurança das Barragens

Ao analisar o tema segurança das barragens, observa-se que este é visto


como sendo um assunto complexo, que devido aos desastres que tem acontecido
nos últimos anos, vem ganhando uma atenção maior por parte não somente da
sociedade, mas também do governo e órgãos fiscais. Assim, nas seções seguintes
tem-se uma explanação de como a segurança das barragens é tratada no âmbito
internacional e brasileiro.

2.3.1 Cenário Internacional

Umas das maiores referências no âmbito da segurança de barragens


internacional, é o International Commission on Large Dams (ICOLD), sendo suas
atividades registradas nos seus boletins técnicos. As atividades desenvolvidas pela
ICOLD estão publicadas nos seus boletins técnicos, que produzem recomendações
importantes para engenheiros de todo o mundo.
Complementando essa temática, Carvalho (2018, p. 93) faz os seguintes
destaques:

- 1964, a ICOLD realizou uma pesquisa a respeito das causas de ruptura e


problema de fundações responsáveis pelos acidentes com barragens.
- 1970, publicou um estudo denominado “Risks to Third Parties from Large
Dams”, o qual delineava as principais áreas de risco associadas a
barragens e os controles necessários para maximizar a segurança de
barragens.
- 1974, publicou “Lessons from Dam Incidents”, que descrevia os incidentes
com barragens.
- 1987, publicou o boletim 59, denominado “Dam Safety Guidelines”, o qual
fornece uma lista detalhada de áreas onde possíveis problemas de
segurança podem surgir na fase de projeto das barragens.
- 1995, publicou o Boletim 99, denominado “Dam Failures – Statistical
Analysis”, o qual constou de pesquisas realizadas em todo o mundo pela
ICOLD, para coletar o máximo de informações possíveis sobre acidentes ou
incidentes com barragens.

O autor supracitado explica que de acordo com as premissas do ICOLD, as


regulamentações são aplicadas preferencialmente nas barragens de grande porte,
sendo necessário para isso, fazer uma avaliação dos seguintes quesitos: altura da
barragem, volume do reservatório e dos possíveis danos.
26

Na sequência tem-se uma breve explanação das legislações que tratam sobre
o tema em alguns países. Na Europa, as atividades tiveram início em 2001 com o
grupo European Working Group. No mesmo ano Patrick Le Delliou presidiu o grupo
que preparou um relatório que foi utilizado para fazer uns comparativos das
legislações vigentes em outros países do mundo.
Em 2007 o grupo passou a contar com quatro países, que foram Portugal,
França, Noruega e Itália, sendo este presidido por Giovani Ruggeri, que ficou
responsável por gerar um relatório contendo informações sobre as barragens
existentes na Europa. Segundo Carvalho (2018, p. 96):

A atividade desses grupos de trabalho, confirmou o interesse generalizado


pelo acesso fácil a legislação relativa a barragens no cenário europeu, de
forma que o processo de atualização de informações, foi confiado
diretamente aos Comitês Nacionais do Clube Europeu da ICOLD.

Já nos Estados Unidos, percebe-se que há um histórico de acidentes


provocados por falhas nas barragens. Em que podem ser citadas:

Na década de 1970, uma série de eventos foram responsáveis por alertar as


autoridades, agências de licenciamento e proprietários de barragens, a
respeito da segurança de barragens no país. Em 26 de fevereiro de 1972,
uma barragem de rejeitos de carvão, de capacidade aproximada em
500.000 m³, em Buffalo Creek, no estado de West Virginia, se rompeu
(CARVALHO, 2018, p. 97).

De acordo com os dados registrados, esse acidente provocou um grande


desastre, como descrito a seguir:

A onda de lama devastou um vale a jusante de 16 quilômetros com 6.000


habitantes. Foram registrados 125 óbitos, 1.100 pessoas feridas e 3.000
desabrigados. Em 5 de junho de 1976, ocorreu o rompimento da Barragem
de Teton, uma barragem de terra de 123 metros de altura, em Idaho. O
rompimento aconteceu durante seu primeiro enchimento, em função de um
vazamento no pé direito da barragem. Entre os impactos, pode-se destacar
11 óbitos e 4000 casas destruídas. Um ano depois, em 1977, o rompimento
da Barragem Kelly Barnes, na Geórgia, provocou a morte de 39 pessoas
(FEMA, 2013).

Tal incidente e suas proporções, fez com que fossem implementadas medidas
para garantir a segurança das barragens, sendo estas adotadas pelas agências
federais.
27

O governo estadual da Austrália é responsável por criar as normatizações


sobre a segurança das barragens, ou seja, “cada estado tem sua legislação,
regulamentos e alguns possuem suas próprias diretrizes – as quais geralmente se
referem às diretrizes estabelecidas pelo Australian National Committee on Large
Dams (ANCOLD)” (CARVALHO, 2018, p. 97).
Observa-se, que cada país busca estabelecer normativos para garantir a
segurança de barragens, e consequentemente evitar desastres que além de causar
danos ao meio ambiente, podem provocar danos irreversíveis.

2.3.2 Cenário Nacional

A Lei nº 6.938 promulgada em 6 de Agosto de 1981, que ficou conhecida como


Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) foi a primeira a tratar integralmente as
questões relacionadas ao meio ambiente. O objetivo da lei era “preservar, melhorar
e recuperar a qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar as condições
ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana” (BRASIL, 1981).
Os instrumentos da referida lei, no art. 9°, apresentam-se como ferramentas a
serem usadas para garantir que seus objetivos sejam de fato cumpridos, destacando
os incisos III - “a avaliação de impactos ambientais”, e IV - “o licenciamento e a
revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras”, que originou o
licenciamento ambiental (BRASIL, 1981).
Nesse interim, destaca-se o art. 10º da Lei nº 6.938/1981:

Art. 10º A construção, instalação, ampliação, e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio
licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo,
sem prejuízo de outras licenças exigíveis (BRASIL, 1981).

Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro 1986, trata das diretrizes e dos


principais critérios que são utilizados para avaliar os impactos ambientais (AIA).
Complementando, tem-se a resolução CONAMA nº 001/86, sendo também
estabelecidas diretrizes e técnicas para serem aplicadas nas atividades e
28

elaboração do Estudo do Impacto Ambiental (EIA), conforme texto dos arts. 5º e 6º,
em que são destacados:

[...] o diagnóstico ambiental detalhado (meio físico, biológico e


socioeconômico) da área de influência do empreendimento; a análise dos
impactos ambientais, previsão da magnitude, reversibilidade, duração,
efeitos, e propriedades cumulativas e sinérgicas; as medidas mitigadoras
dos impactos negativos; e elaboração de um programa de
acompanhamento e monitoramento desses impactos (BRASIL, 1986).

Na Constituição Federal do Brasil de 1988, a efetividade do direito não


somente das atuais, mas também das futuras gerações sobre a proteção ambiental,
estão previstas no art. 225, §1º, inciso IV, em que preconiza “exigir, na forma da lei,
para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade”, (BRASIL, 1988).
A Resolução CONAMA nº 237/97, e, seu art. 8º, expede ao poder público as
seguintes licenças para o desenvolvimento das atividades envolvendo o meio
ambiente: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação
(LO) (BRASIL, 1997).
Deliberação Normativa COPAM nº 74, no ano de 2004, buscando definir os
empreendimentos, cujas atividades de alguma forma mudam o cenário do meio
ambiente, que se baseia no porte e potencial de poluidor, para conceder o
licenciamento de funcionamento. De acordo o art. 1º, tem-se que “os
empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente são enquadrados
em classes de 1 a 6.” Complementando essa temática, destaca-se também o texto
do art. 16 que apresenta a seguinte classificação:

I – Pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor: Classe 1;


II – Médio porte e pequeno potencial poluidor: Classe 2;
III – Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio
potencial poluidor: Classe 3;
IV – Grande porte e pequeno potencial poluidor: Classe 4;
V – Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande
potencial poluidor: Classe 5;
VI – Grande porte e grande potencial poluidor: Classe 6 (COPAM, 2004,
p.7).

No entanto, em 2017, a DN COPAM nº 74/200, foi revogada pela Deliberação


Normativa COPAM nº 217, passando esta a ser responsável por definir novos
29

critérios de segurança e classificação de atividades para concessão de licenças


ambientais. (COPAM, 2017).

2.3.3 Acidentes nas Barragens Brasileiras

Ao fazer um estudo dos normativos que tratam da segurança das barragens no


Brasil, percebe-se que a cada ano, há em média mais de três acidentes, sendo
estes dados compilados e divulgados pela Agência Nacional de Águas (ANA), órgão
este responsável por gerar e divulgar anualmente no Relatório de Segurança de
Barragens (RSB).
Nesse contexto, destacam-se os acidentes que provocaram vítimas fatais, em
Brumadinho e Mariana, assim como outros menores que não tiveram vítimas fatais,
mas provocaram grandes estragos, alagamentos ou suspensão do abastecimento
de água.
Complementando essa temática, Fonseca (2019, p. 1) explica que:

Desde 2011, quando o primeiro relatório foi produzido, até 2017, a ANA
registrou 24 acidentes. Contudo, o número real é maior: a própria agência
reconhece que há acidentes não relatados e mesmo barragens que não
foram informadas ao governo federal.

Os relatórios que apresentam dados sobre os acidentes com barragens por


ano, evidenciam que são registrados mais de sete. No gráfico 1 é possível ter uma
visão dos acidentes e incidentes com as barragens.

Gráfico 1. Acidentes com barragens versus incidentes com barragens

Fonte: Fonseca (2019, p. 1)


30

Segundo Fonseca (2019), a Política Nacional de Segurança de Barragens


(PNSB) é alimentada por dados incompletos, sendo que nos últimos anos, após a
publicação da lei, foi constatado que ¾ das informações sobre as barragens
repassadas para ANA, não dispõem de dados que possam sustentar a necessidade
de haver uma política de segurança.
Assim, para atingir a proposta de estudo, será feita uma explanação sobre os
acidentes de Brumadinho e Mariana, que causaram danos, não só ao meio
ambiente, mas também provocaram mortes de dezenas de pessoas.
31

3 METODOLOGIA

Este capítulo da pesquisa apresenta o marco metodológico do estudo, expondo


o desenho da investigação, o alcance dos objetivos, fonte dos dados, técnicas de
coleta e análise das informações.

3.1 Desenho da Investigação

Este estudo é não-experimental, haja vista fundamentar-se em uma


observação direta e assistemática, com alcance descritivo dos dados obtidos.
Conforme Gil (2001), é utilizado em procedimentos de descrição, diferenciação e
exame de ações, ao invés de procurar correlacionar temáticas específicas ou
situações. Nele, não existem tarefas específicas, amostras populacionais, grupos de
manipulações ou controle, mas sim uma descrição analítica dos dados coletados em
diferentes autores.
De acordo com Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 65), o método não-
experimental é:

A investigação que se realiza sem manipular deliberadamente as variáveis,


ou seja, trata-se da pesquisa em que não fazemos variar intencionalmente
as variáveis independentes. O que fazemos na investigação não
experimental é observar fenômenos tal como se produzem em seu contexto
natural, para depois analisá-los.

Em complemento, Kerlinger (2002, p. 34) diz que neste tipo de pesquisa “não é
possível manipular as variáveis ou distribuir aleatoriamente os participantes ou
tratamentos. De fato, não há condições ou estímulos para expor os indivíduos do
estudo, eles são observados em seu ambiente natural.”
Desse modo, é um tipo de estudo em que a pesquisadora não participa da
amostra populacional, não aplica um instrumento de coleta de dados que envolva
outras pessoas, nem interfere nesta coleta, atuando como uma observadora.

3.2 Enfoque

Devido a não aplicação de um instrumento de coleta de dados mais específico,


como o questionário, ou roteiro de entrevistas que permitam a quantificação das
32

informações, com o uso de técnicas estatísticas e afins, este estudo é qualitativo.


Seu enfoque é quanto à abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa por partir
do princípio da existência de uma relação entre as variáveis e o próprio sujeito do
estudo, criando um vínculo entre eles.
Assim, esse tipo de pesquisa foi utilizado nesse trabalho, por permitir a
interpretação dos dados com a atribuição de significados mais abrangentes, com o
pesquisador comportando-se como intérprete da realidade, tendo em vista a
possibilidade de variação tanto das características, quanto do comportamento do
objeto de estudo. Sobre esse tipo de pesquisa, tem-se que:

Possui a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada


hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender
e classificar processos dinâmicos, experimentados por grupos sociais,
apresentar contribuições no processo de mudança, criação, ou formação de
opiniões de determinado grupo, e permitir, em maior grau de profundidade,
a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos
indivíduos (OLIVEIRA, 2001, p. 117).

Justifica-se a opção por esse tipo de pesquisa, por ser o tema deste estudo
bastante delicado, necessitando, assim, utilizar uma metodologia na qual os sujeitos
não sejam reduzidos a variáveis isoladas ou a hipóteses, mas vistos como parte de
um todo, em seu contexto natural, habitual.

3.3 Coleta dos Dados

Para o estudo em questão, foi feita uma análise dos impactos ambientais
provocados pelos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho. Para isso,
foi feito um levantamento bibliográfico para analisar o que os especialistas alertam
sobre as ações, e para evitar esses tipos de desastres, bem como reportagens para
saber a opinião de especialistas e dos próprios moradores que sobreviveram ao
desastre. Além disso, foi feito um levantamento sobre a quantidade de rejeitos e
assim, avaliar melhor seus impactos ambientais.
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Há milhares de anos o homem vem construindo barragens, tendo como ideia


inicial, o abastecimento de água, e ao longo dos anos, essas foram sendo
estruturadas para outros fins, como disposição de rejeitos de mineração. Contudo,
essas estruturas apresentam um certo potencial de risco, que deve ser considerado,
devido aos danos que podem ocasionar não somente à economia, mas também ao
meio ambiente e à própria comunidade. Assim, de acordo com a proposta do estudo,
pretende-se apresentar os principais impactos provocados pelos desastres das
Barragens localizadas nas cidades de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.

4.1 Barragem de Mariana

Controlada pela Samarco Mineração S.A., a Barragem do Fundão que ficava


localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana, em Minas
Gerais, foi construída para acomodar os rejeitos oriundos da extração do minério de
ferro, que eram retirados de extensas minas localizadas na região.
Para melhor compreender a dimensão da indústria da Samarco, conhecida
como Complexo da Alegria, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, tem-se a
figura 7 antes do rompimento da Barragem do Fundão.

Figura 7. Complexo da Alegria, antes do rompimento da Barragem do Fundão

Fonte: Passos, Coelho e Dias (2017, p. 278)


34

De acordo com os dados apresentados, somente a Barragem do Fundão


comportava cerca de 50 milhões de m³ de resíduos. Como apresentado no
referencial teórico, existem alguns tipos de barragens, cada uma com suas
características. A que foi adotada em Mariana é conhecida como Método de
alteamento à Montante, que de acordo com os estudos é mais barata e menos
segura.
No dia 5 de novembro de 2015, aproximadamente às 13h30min, a Barragem
do Fundão apresentou um vazamento, sendo encaminhada uma equipe para avaliar
e tomar as medidas necessárias para evitar o rompimento. No entanto, as
16h20min, a barragem se rompeu, lançando um grande volume de lama sobre o
vale do córrego Santarém. Na figura 8, tem-se o antes e depois do subdistrito de
Bento Rodrigues.

Figura 8. Subdistrito de Bento Rodrigues: antes e depois do rompimento da barragem

Fonte: Chorrocho em Foco (2015, p. 1)

A localidade de Bento Rodrigues, após o rompimento, foi atingida pela lama em


apenas 15 minutos, desaparecendo soterrada com a lama, restando atualmente
somente escombros. A lama percorreu 663 quilômetros até chegar ao mar no estado
do Espírito Santo. Na figura 9 é possível ver toda a trajetória da lama até atingir o
oceano Atlântico.
35

Figura 9. Rota da lama provocada pelo rompimento da Barragem do Fundão

Fonte: Bezerra (2020, p. 1)

No dia 21 de novembro de 2015, a lama atingiu a bacia hidrográfica,


espalhando os rejeitos em um raio de 80 km, provocando sérios prejuízos.

4.2 Barragem de Brumadinho

Em 25 de janeiro de 2019, a barragem na mina do Córrego do Feijão, em


Brumadinho, que pertence a mineradora Vale, e fica localizada na região
metropolitana de Belo horizonte, se rompeu desencadeando uma onda de lama que
destruiu vegetações, casas, matando pessoas e animais. Na sequência, tem-se as
figuras 10, 11 e 12 respectivamente, com a imagem aérea da mina e do setor
administrativo da empresa, que mostra o antes e depois do rompimento da
barragem.
Com as fotos aéreas, é possível ter uma ideia da distância da barragem até o
centro administrativo da Vale, e visualizar assim, o dano gerado com a lama após o
rompimento. Além da empresa, a onda de lama atingiu a comunidade da Vila
Ferteco, deixando um grande rastro de destruição ao meio ambiente, com dezenas
de mortes.
36

Figura 10. Visão aérea da Barragem de Brumadinho antes do rompimento

Fonte: Conversa Afiada (2019, p. 1)

A barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, como pode ser visto na figura 10,
tinha a capacidade de 12,7 milhões de m 3 de rejeitos, sendo essa, na Mina do
Córrego do Feijão, a mais antiga, tendo sido construída em 1976. No momento do
rompimento, a lama de rejeitos alcançou uma velocidade de 80 quilômetros por
hora, e continha ferro, sílica e água.

Figura 11. Barragem de Brumadinho antes do rompimento

Fonte: Conversa Afiada (2019, p. 1)


37

Figura 12. Barragem de Brumadinho depois do rompimento

Fonte: Conversa Afiada (2019, p. 1)

Na figura 13, é possível ver o caminho da lama até atingir o rio Paraopeba. Na
rota da lama estava a pousada Nova Estância, que foi completamente destruída, e
de acordo com as apurações do corpo de bombeiros, no dia do rompimento estima-
se que havia 35 pessoas.
O bairro Parque da Cachoeira, foi outro local bastante afetado. Estima-se que a
onda de lama levou cerca de 24 minutos a uma velocidade de 80 quilômetros por
hora. De acordo com a figura 13, além desses pontos, a lama atingiu no meio do
caminho plantações, casas. Com base na sua rota, o maior número de vítimas fatais
concentrava-se na área administrativa da mina, entre funcionários e terceirizados.
38

Figura 13. Caminho da lama com o rompimento da Barragem de Brumadinho

Fonte: G1 (2019)
39

Com essa explanação inicial das Barragens de Mariana e Brumadinho, na


seção seguinte, tem-se uma abordagem sobre os tipos de barragens adotadas pela
Vale do Rio Doce, suas características, bem como sugestões para evitar possíveis
novos desastres.

4.3 Avaliação dos Danos Provocados com os Desastres das Barragens de


Mariana e Brumadinho

No dia 5 de novembro de 2015, acontecia no Brasil o maior desastre ambiental


com o rompimento da Barragem de rejeitos na cidade de Mariana. Em 2019, no dia
25 de janeiro, acontecia um novo desastre tão preocupante quanto, dessa vez no
município de Brumadinho, os dois desastres no Estado de Minas Gerais. Tais
desastres, devido aos danos gerados, que além de ter afetado gravemente ao meio
ambiente, provocou dezenas de mortes de pessoas, e repercutiu negativamente no
cenário internacional.
Como visto no referencial teórico, existem diferentes tipos de barragens com
diferentes métodos de construção. De acordo com os especialistas, a barragem
adotada pela Vale do Rio Doce em Mariana e Brumadinho, era a mais barata e
menos segura, conhecida como método de alteamento à montante (figura 14).

Figura 14. Barragem à Montante – modelo utilizado em Mariana e Brumadinho

Fonte: Júlio (2019, p. 1)


40

De acordo com as investigações realizadas, nas duas barragens, o rompimento


aconteceu por liquefação, que é caracterizado pela redução da rigidez do solo. De
acordo com os estudos realizados, em Brumadinho, os depósitos de rejeitos são
altamente suscetíveis à liquefação. Segundo Márcio Costa Alberto, geólogo e
consultor, o piezômetro é comumente utilizado para monitorar essas estruturas,
sendo importante fazer uma investigação detalhada do que vinha acontecendo antes
do momento do rompimento das barragens (JÚLIO, 2019).
Com relação aos danos ambientais, de acordo com o relatório de inquérito
realizado pela Câmara dos Deputados, mesmo após 5 anos do rompimento da
Barragem de Mariana e pouco mais de um ano do caso de Brumadinho, ainda não é
possível dimensionar todos os danos ambientais causados, no entanto, é possível
classificá-los como altamente danosos, devido ao nível do impacto gerado à
população, à flora, à fauna e aos recursos hídricos, incluindo também as questões
sociais e de saúde pública (JÚLIO, 2019).
Para um melhor entendimento dos danos em números, provocados com o
rompimento da Barragem de Mariana, tem-se a tabela 1.

Tabela 1. Tragédia de Mariana em números


Quantidade de Lama 62 milhões de m3
Cidades Atingidas 41
Vítimas Fatais 19
Famílias Desabrigadas 600
Extensão percorrida da lama 663km
Vegetação Destruída 1469 hectares
Índice de Desemprego na Região 23,50%
Peixes Mortos 14 toneladas

Previsão de Recuperação do Meio-Ambiente Ano de 2032


Fonte: Adaptado pela autora (2020)

Complementando essa temática, tem-se o quadro 2, com um resumo dos


principais impactos ambientais no âmbito microrregional e macrorregional.

Quadro 2. Impactos ambientais nas diferentes escalas de correntes do


desastre de Mariana, MG
Tipo de Escala
N Descrição dos principais impactos previstos
Impacto Micro Macro
41

Turbidez X X
1 Água Ecotoxicológicos (metais) X X
Nascentes X
Ictiofauna (peixes) X X
Herpetofauna (répteis e anfíbios) X X
2 Biodiversidade
Avifauna (aves) X X
Mastofauna (mamíferos) X X
Erosão X
Compactação X
Contaminação por xenobiontes (metais e aminas) X
Vegetação/ Queda da fertilidade das várzeas e áreas alagáveis X
3
Solo Fragmentação de hábitats X
Perda de conectividade nos ecótonos transicionais
X
terra-água
Perda generalizada de serviços ecológicos X X
Áreas de Preservação Permanente – APPs X
Unidades de
4 Parques Estaduais e Nacionais (PE Rio Doce -
conservação X
PERD e PN Sete Salões)
Fonte: Pinto-Coelho (2015, p. 23)

De acordo com os dados analisados pelo governo do Estado de Minas Gerais,


na microrregião, os prejuízos econômicos gerados com o desastre atingiram um
valor de R$ 870.000,00 reais no setor público e R$ 130.000,00 reais no setor
privado. Na escala macrorregional, os prejuízos na esfera pública e privada foram
respectivamente de R$ 140.000.000,00 de reais e R$ 340.000.000,00 de reais
(PINTO-COELHO, 2015).
Buscando melhor explicar sobre os danos causados pelo rompimento da
Barragem de Brumadinho, tem-se a tabela 2.

Tabela 2. Tragédia de Brumadinho em números


Quantidade de Lama 12,7 milhões de m3
Cidades Atingidas 17
Vítimas Fatais 253
Famílias desabrigadas 135
Extensão percorrida da lama (até o rio Paraopeba) 20km
Vegetação Destruída 269,84 hectares
Índice de Desemprego na Região 12,40%
Extensão do rio Paraopeba afetado pela lama (morto) 40km
Extensão em hectare coberto pela lama 290,14 hectare
Vegetação impactada 147,38 hectare
Fonte: Adaptado pela autora (2020)
42

Assim, com relação à saúde da população, apresenta-se o quadro com os


impactos e possíveis riscos:

Quadro 3. Impactos e possíveis riscos à saúde da população com o


rompimento das barragens
IMPACTOS E
EVENTO POSSÍVEIS EFEITOS
RISCOS
“Danos para órgãos-alvo específicos e
sistema nervoso;
Transtornos mentais, depressão;
Contaminação de rios
Dermatite;
com sedimentos
Diabetes mellitus;
Diarreias, gastroenterites;
Hipertensão arterial sistêmica”
“Danos para órgãos-alvo específicos e
sistema nervoso;
Transtornos mentais, depressão;
Contaminação do solo
Dermatite;
ROMPIMENTO e atmosfera
Diabetes mellitus;
DAS Hipertensão arterial sistêmica
BARRAGENS Infecções de vias aéreas superiores, asma”
DE
Alteração dos ciclos de “Diarreias, gastroenterites;
CONTENÇÃO
vetores, hospedeiros e Parasitose, mordeduras, picadas;
DE REJEITOS
reservatórios de Arboviroses (dengue, zika, chikungunya, febre
doenças amarela)”
“Transtornos mentais, depressão;
Diarreias, gastroenterites;
Danos às habitações e
Hipertensão arterial sistêmica
infraestrutura
Infecções de vias aéreas superiores, asma;
Ansiedade”
“Transtornos mentais, depressão;
Impactos Diabetes mellitus;
socioeconômicos Hipertensão arterial sistêmica;
Ansiedade”
Fonte: Junqueira (2018)

No relatório sobre o que provocou o desastre em Mariana, a Polícia Civil listou


dezenas de situações que contribuíram para o desastre. De acordo com os peritos
Marcus Andrade e Rodrigo Mayrink, “Desde a implantação da barragem, em 2008,
ela foi sendo gerenciada com uma série de erros, de negligências e más práticas de
segurança, que culminou com o rompimento, o que chamamos de desastre.”
(JUNQUEIRA, 2018, p. 1). De acordo com os peritos, dentre as situações que
contribuíram para o desastre podem ser citados: o material utilizado, que foi
diferente do projeto inicial. Outro ponto negativo a ser destacado, refere-se ao fato
de que desde 2012, não tinha um responsável técnico para a barragem.
43

Complementando essa temática, apresenta-se algumas das situações pontuadas


pela polícia Federal, sobre o desastre de Mariana.

Quadro 4. Situações pontuadas pela polícia Federal, sobre o desastre de


Mariana
“O monitoramento da barragem funcionava mal e com equipamentos defeituosos.”
“Havia diferença entre o valor declarado pelas empresas Vale e Samarco, e a
quantidade real de rejeitos despejados na Barragem do Fundão.”
“Havia elevada taxa de alteamento anual da barragem, em função do grande
volume de lama que era depositado nela: cerca de 20 metros cúbicos por ano, em
média.”
“O assoreamento do dique 02 permitiu infiltração de água.”
“As obras de recuo na ombreira esquerda da barragem foram feitas sem qualquer
projeto.”
“Os equipamentos eletrônicos de monitoramento do recuo da ombreira esquerda
da barragem, foram retirados em março e junho de 2015, não havendo um
monitoramento diário ou com uma frequência recomendada.”
“A Samarco não atendeu ao que foi pedido pelo consultor, manteve o alteamento
em mais de 15 metros, depois de alertada. Além disso, reafirmou que houve
alteração de projeto com o recuo da crista da barragem na ombreira esquerda.”
“A velocidade de alteamento chegava a 2,5 em alguns meses e a 16,4 ao ano.”
“Foi verificado que rejeitos da Vale eram lançados na Barragem do Fundão em um
percentual de 28% em 2014; 15,5% em 2013 e 11,8% em 2012.”
“A atualização da carta de risco é recomendada em 2013 e 2014, mas a
atualização não aconteceu até o rompimento da barragem.”
“Entre a última revisão da carta de risco (agosto de 2013) e o colapso da barragem
(novembro de 2015), houve um lapso temporal de mais de dois anos, quebrando a
série de revisões anuais que vinha sendo estabelecida até então.”
Fonte: Adaptado pela autora (2020)

Outro ponto a ser destacado, é que as barragens do complexo em Mariana,


desenvolviam suas atividades utilizando o método tradicional, o aterro hidráulico.
Atualmente existem técnicas mais modernas que possibilitam que seja feita uma
drenagem mais segura dos resíduos da mineração, usando para isso o filtro. No
entanto, a maioria das empresas rejeitam, por elevar até seis vezes mais os custos
de produção. Diante disso, muitas empresas preferem assumir os riscos, preferindo
os mais tradicionais e menos onerosos.
No laudo feito do desastre de Brumadinho, foi apontado que a base da
estrutura da barragem encontrava-se no limite de segurança, previsto nas normas
44

do país, que é de 1,50 e a encontrada foi de 1,60. As causas apontadas pelos


peritos não foram divulgadas.
No relatório feito pela Câmara dos Deputados, foi incluído uma ilustração dos
perigos da lama à saúde do homem. Essa ilustração foi feita a partir da análise da
lama de rejeitos, da extração do minério de ferro, pela professora do departamento
de Química da Universidade Federal de Minas Gerais, Cláudia Carvalho (CÂMARA
DOS DEPUTADOS, 2019, p. 33-34).

Figura 15. Os perigos da lama

Fonte: Câmara dos Deputados (2019, p. 33-34)

Além dos problemas de saúde que podem acometer a população, um outro


grande problema refere-se ao risco de desabastecimento de água para a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, já que 70% do abastecimento é feito pelo rio das
Velhas.
De acordo com o relatório da Câmara, os danos devem ser avaliados de forma
segura, a partir de dados confiáveis, e principalmente, respeitando os procedimentos
técnicos, ou seja:

1) uso de laboratórios creditados; 2) amostras obtidas em duplicata ou


triplicata, e com cadeia de custódia definida; 3) disponibilização de dados e
sua origem sempre que apresentada a “síntese” da situação; 4)
45

interpretação de causa/efeito; e 5) contextualização dos resultados dentro


das características da bacia (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2019, p. 33-34).

Assim, com base no que foi apresentado, entende-se que é necessário a


realização de pesquisas a longo prazo para compreender de fato os impactos
gerados com o rompimento das Barragens de Mariana e Brumadinho, e assim
aplicar medidas mitigadoras, reparadoras ou compensatórias.
46

5 CONCLUSÃO

Ao desenvolver o estudo foram feitas abordagens pertinentes ao tema, sendo


explanado no referencial teórico, os tipos de barragens, métodos construtivos e
segurança nas barragens, para então entender os acontecimentos que levaram ao
rompimento das Barragens de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais.
Assim, quanto ao objetivo específico de verificar como está sendo feita a
classificação das barragens, pode-se constatar que existem várias que são
classificadas de acordo com a utilização, com o projeto hidráulico, de acordo com o
comportamento estrutural, e com base no material de construção. Com o
desenvolvimento do estudo, constatou-se ainda que dentre as técnicas construtivas,
existem o Método de alteamento à Montante, Método de alteamento à Jusante e
Método Linha de Centro.
Quanto as prováveis causas que levaram ao rompimento das Barragens de
Mariana e Brumadinho, sabe-se que a Barragem do Fundão, da mineradora
Samarco, e a Mina Córrego do Feijão da mineradora Vale, que se romperam, eram
do Método de alteamento à Montante, um método mais econômico e de fácil
execução. No entanto, ao optar por esse tipo de método, a mineradora assumiu o
risco de provocar danos, agindo com irresponsabilidade, já que existem diversos
estudos que evidenciam as desvantagens e riscos do Método de alteamento à
Montante.
Nos relatórios apresentados pela polícia Federal foram listadas, no caso de
Mariana, diversas causas, dentre elas: não haver uma atualização da carta de risco,
não havia também um monitoramento diário, dentre outros. Já no caso de
Brumadinho, o relatório não foi divulgado publicamente, não podendo no estudo em
questão, indicar com exatidão as causas do desastre, mas que pelo método
utilizado, pode ser considerado como semelhante ao de Mariana.
Quanto aos impactos ambientais provocados com os rompimentos das
Barragens de rejeitos, constatou-se que afetou drasticamente a fauna e a flora, com
contaminação do solo e da atmosfera, danos às habitações e infraestrutura, além de
provocar problemas na saúde da população, como transtornos mentais, depressão,
diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, e ansiedade.
Como pode ser visto, os danos gerados atingiram uma ampla magnitude,
sendo necessário rever as leis de segurança para o uso das barragens. Assim como
47

sugestão para pesquisas futuras, indica-se a realização de uma análise referente às


leis, para impedir tais desastres.
48

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