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EIXO 4

Acidente do
Trabalho

CADERNO #3
APROVA AFT

Professora: Bruna Quadros


@compliance.na.crise
Segurança e Saúde no Trabalho
Prezado
Olá, futuro(a) AFT Aprovado(a)!

Benvindo(a) de volta ao nosso curso Supremo + Aprova AFT =)

Este é nosso terceiro pdf do EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO


TRABALHADOR E DA TRABALHADORA!

Aqui é a prof. Bruna Quadros , já me apresentei no 1° pdf. Se você pulou algum dos
cadernos anteriores, sugiro firmemente que você siga o roteiro que propus e estude os
cadernos na ordem proposta.

Partiu tópico 2 do Eixo 4?

Como já expliquei lá no Caderno #2, os subitens de primeiro nível (X.1, X.2, X.3...) foram
propostos pela banca examinadora (Cesgranrio) no Edital do Bloco 4 do CNU. Eventualmente,
vou propor itens de terceiro e quarto nível, conforme entenda que você deve se aprofundar um
pouco mais, beleza? Bora lá!

2 Acidente do Trabalho

Esta é a subdivisão do tópico 2, conforme proposto pela Banca:


2.1 Definição e legislação previdenciária.

2.2 Equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho.

2.3 Emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

2.4 Modelos, metodologias, etapas da análise de acidentes de trabalho e tecnologias de


prevenção e combate a sinistros.

2.5 Estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos.

2.6 Acidentes ampliados, planificação de emergências e catástrofes.

2.7 Proteção contra incêndio e explosões

2.8 Cuidados e protocolos com respeito ao trabalho em espaços confinados .

2.9 Primeiros socorros

Os itens “2.1 Definição e legislação previdenciária”, “2.2 Equiparação dos acidentes de


trabalho às doenças relacionadas ao trabalho” e “2.3 Emissão de Comunicação de Acidente do
Trabalho (CAT)” se relacionam com os itens 1.3 (Doenças relacionadas ao trabalho, na parte de
conceitos), 1.5 (Reconhecimento oficial de doenças relacionadas ao trabalho, em especial o
subitem 1.5.2, que criei e expliquei no Caderno #2, anterior a este) e 1.6 (Nexo técnico
previdenciário, individual, profissional e epidemiológico).

Perceba que o Eixo 4 do edital vai começando a se amarrar! Dessa forma, o examinador
pode cobrar questões mais complexas, como análise de cenários para avaliação de problemas e
propostas de solução.

O item 2.4 ficou meio “salada de frutas”. Vou explicar essa mistureba brava quando
abordar esse tópico, adiante. O 2.5 tem bastante relação com o comecinho do 2.4. Vou tratar
disso também, fica tranquilo!

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O 2.6 deve evocar algumas lembranças recentes em você, como a explosão do túnel de
grãos em Palotina/PR, em 2023, aqueles trabalhadores que ficaram pendurados a 100 metros
de altura em SP, também em 2023. Na história da humanidade, tivemos acidentes ampliados
importantes que serão mencionados adiante. Um dos mais emblemáticos é a catástrofe de
Chernobyl, na qual operadores da usina, bombeiros, mineiros e outros profissionais, como
médicos e enfermeiros, foram expostos ocupacionalmente. A tragédia nuclear é um exemplo de
acidente ampliado que extravasa os limites da organização onde ocorre, com repercussões à
comunidade e ao meio ambiente.

Vou aproveitar o começo da aula para fazer o disclaimer sobre os itens 2.7 e 2.8. Já
comentei isso no primeiro caderno, introdutório, e vou retomar para que você não esqueça. O
item 2.7 não é a NR-23 – Proteção contra Incêndios; nem o 2.8 a NR-33 – Segurança e saúde nos
trabalhos em Espaços Confinados!

Se o examinador quisesse cobrar essas duas NRs, teria feito essa inclusão no Eixo 5. Ele
optou por trazer parte da temática que elas tratam para dentro do Eixo 4. Isso porque um
médico, psicólogo ou analista de políticas públicas não precisa saber detalhes sobre como se
implementam controles eficazes para espaços confinados. Esses profissionais precisam saber
que espaço confinado não é bolinho, que não é uma coisa trivial, que precisam levantar suas
anteninhas quando ouvirem falar em situações de trabalho que envolvem espaço confinado.
Precisam aprender o conceito e entender quais, afinal, são as situações de trabalho mais comuns
na sociedade que envolvem espaço confinado!

Se um trabalhador que entra em espaços confinados deve ter sua saúde física e mental
e seu comportamental averiguados com cautela pelo médico ou psicólogo, para que realmente
se possa concluir sobre sua aptidão ou não para aquele trabalho. O especialista ou o analista do
MGI tem que saber que uma licitação para instalação de redes de saneamento precisa ter uma
cláusula para que a licitante, futura contratada, se comprometa a adotar os cuidados para
impedir acidentes. A segurança e a saúde das pessoas que implementam as politicas públicas
importam tanto quanto a das pessoas que serão beneficiadas por essas políticas. É isso que o
examinador quer com o Eixo 4. Despertar consciência e desejo de comprometer-se com o
trabalhador, que é sempre um sujeito, não um objeto, uma coisa. É um ser humano, titular de
direitos, e o Estado tem, perante ele, uma série de deveres. Um deles é de promoção do trabalho
decente, saudável e seguro!

Saber promover isso tudo é o que a banca está demandando do concurseiro para todos
os cargos do Bloco 4 do CNU, expressamente. Não dá pra ser vacilão nessa matéria! Se isso não
custasse a aprovação do candidato, quem pagaria essa conta seria o trabalhador que cruzasse o
caminho desses servidores. E o preço seria a saúde e a segurança dessa gente toda, um
pagamento absolutamente injusto, não é verdade? Espero que essa minha palestrinha tenha
aumentado um pouquinho teu nível de sensibilidade e apreço por esta disciplina =)

Continuando...

O 2.7 vai tratar de proteção contra incêndios e explosões. Proteção é diferente de


combate, veja bem. “Proteção contra” é adotar cuidados preventivos que impeçam o fogo de se
alastrar e controlar as áreas classificadas, atuando sobre o triângulo do fogo, com o controle,
por exemplo, de atmosferas explosivas e de fontes de ignição. Como protejo um posto de
gasolina contra explosão? Garanto que as pessoas não fumem e não usem o celular por lá.
Garanto que os tanques e bombas estejam bem fechados, o mais hermético possível, evitando
emissões fugitivas. Extintor de incêndio, como o próprio nome diz, extingue o incêndio. Não

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protege/evita a ocorrência de um incêndio. Em Segurança e Saúde no Trabalho, as palavras têm
poder. Use o maior rigor terminológico possível, mas faça isso com consciência e propriedade.
Não tem coisa pior que gente trucando e blefando com palavras que não compreende!

Do item 2.8 já falei quando dei a palestrinha acima e vou dar novo discurso mais pra
frente. Me aguarde! Rs

Finalmente, vamos abordar no item 2.9 os Primeiros Socorros. Diferentemente da


caixinha genérica de primeiros socorros que todo motorista correu para comprar em 1997
quando passou a vigorar o novo (olha eu denunciando minha idade, socorro!) Código de Trânsito
Brasileiro, cada organização deveria, considerando seu gerenciamento de riscos, avaliar quais
acidentes ensejariam quais cuidados e que materiais e treinamentos são imprescindíveis a esses
cuidados. Mas não sejamos apressados! Lá no final do caderno vou tratar disso com mais
profundidade.

Se você for malandro(a), vai usar essa introdução na véspera da prova, quando fizer a
revisão. É meu conselho para ti! Também vou fazer um esqueminha no final da aula, que vai ser
bacana para fixar este conteúdo sobre Acidente do Trabalho.

Agora que você já sabe o que vem pela frente, busca lá teu copinho de água ou teu
chimarrão, respira, te ajeita na cadeira, e bora aprofundar.

2.1 Definição e legislação previdenciária.

2.1.1 Definição:

O acidente do trabalho pode ser definido como um evento indesejado que ocorre
durante a realização de atividades laborais e resulta em lesão corporal, perturbação funcional
ou morte do trabalhador. Esses eventos podem envolver desde situações de risco mais
evidentes, como acidentes típicos, de que são exemplo a queda em diferença de nível (queda
em altura) e colisão entre veículos em movimento, até exposições a agentes nocivos presentes
no ambiente de trabalho, causando danos diversos à saúde. Falamos de doença relacionada ao
trabalho no Caderno #2, lembra? Oh, os itens do edital se amarrando aqui, na frente dos teus
olhos!

No Brasil, além desses dois eventos (acidente típico e doença do trabalho), ainda
incluímos um terceiro. Você sabe qual é? Vou abordá-lo no subitem 2.1.2.1, porque ele decorre
de uma escolha legislativa nossa, aí combina mais falarmos sobre ele quando tratarmos da nossa
legislação previdenciária sobre acidentes. E vai ser agora!!!

2.1.2 Legislação Previdenciária:

A legislação previdenciária, no contexto do acidente do trabalho, estabelece as regras e


procedimentos relacionados à proteção social e compensação para os trabalhadores que sofrem
lesões ou danos durante suas atividades laborais. No Brasil, a legislação previdenciária que trata
dos acidentes de trabalho é regulamentada pela Lei nº 8.213/91, conhecida como a Lei de
Benefícios da Previdência Social.

2.1.2.1 Caracterização do Acidente do Trabalho:

A legislação previdenciária define os critérios para a caracterização do acidente do


trabalho, considerando tanto os eventos típicos (que ocorrem no exercício das atividades

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laborais, que incluem acidentes propriamente ditos e doenças relacionadas ao trabalho), quanto
os eventos de trajeto (que ocorrem no percurso entre a residência e o local de trabalho).

Ah, acidente de trajeto é a resposta à pergunta que te fiz há pouco, no 2.1.1!

2.1.2.2 Comunicação e Registro

A empresa é obrigada a comunicar à Previdência Social qualquer acidente do trabalho


que resulte em morte, lesão ou perturbação funcional, em até um dia útil após o ocorrido -
exceto se resultar em morte, quando a comunicação deve ser efetuada em caráter imediato! Já
tinha te contado isso no 1.5.2 do Caderno #2. Vamos falar um pouco mais sobre isso no item 2.3
deste Caderno.

2.1.2.3 Benefícios Previdenciários

Os trabalhadores que sofrem acidentes do trabalho têm direito a benefícios


previdenciários, como o auxílio-doença acidentário, que garante a remuneração enquanto o
trabalhador estiver incapacitado para o trabalho em decorrência do acidente.

2.1.2.4 Estabilidade Provisória

Em casos de afastamento previdenciário por acidente do trabalho, o trabalhador goza


de estabilidade provisória no emprego, o que significa que ele não pode ser demitido sem justa
causa durante o período de 12 meses após o retorno ao trabalho.

Também comentei no item 1.5.3 do Caderno #2 que, muitas vezes, o desejo por tornar-
se estável pode fazer com que alguns trabalhadores produzam falsas alegações para ou durante
a perícia previdenciária.

Tão ou mais frequente do que esse tipo de fraude, no entanto, é a falsa negativa, por
parte do empregador, do nexo entre doença e a exposição ocupacional. Ou a litigância
administrativa no INSS, a fim de contestar o nexo com o trabalho estabelecido pela perícia.
Vamos ver a seguir como a empresa pode ser responsabilizada.

2.1.2.5 Responsabilidade da Empresa

A legislação estabelece, ainda, a responsabilidade da empresa em garantir um ambiente


de trabalho seguro e adotar medidas de prevenção de acidentes. Em casos nos quais é
comprovada negligência ou falta de medidas preventivas, a empresa pode ser responsabilizada
por danos causados aos trabalhadores.

Para evitar essa responsabilização, a empresa adota as condutas mencionadas no último


parágrafo do subitem 2.1.2.4. Além de evitar a estabilidade acidentária, essas ações para
reclassificação do afastamento para auxílio-doença comum podem reduzir o impacto tributário
e sobre a folha (o FGTS do trabalhador afastado com nexo deve ser recolhido durante a vigência
do afastamento). Além disso, converter um benefício acidentário para um auxílio doença
comum afasta o risco jurídico de uma ação regressiva por parte do INSS. O INSS tem a
possibilidade de cobrar do empregador não apenas os custos em que incorreu para o pagamento
de benefícios ao segurado, como também de reclamar indenização pelo uso indevido do sistema
de seguros.

Muitas empresas negam indevidamente o nexo, que evidencia suas falhas na gestão do
risco ocupacional, um dever que o Estado lhe impõe. Isso é um claro exemplo da malandragem
brasileira: “se fazer de louco para ganhar sapato novo”. Ou: “se colar, colou”. Trata-se de um

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desvio ético patrocinado pela empresa com a cumplicidade de profissionais de segurança e
saúde no trabalho que realizam suas atividades de forma atécnica e antiética.

Resumo do item 2.1:

A legislação previdenciária busca assegurar a proteção social dos trabalhadores,


garantindo que aqueles que sofram acidentes do trabalho recebam os cuidados necessários e
tenham acesso a benefícios que minimizem os impactos financeiros decorrentes das lesões ou
incapacidades. Além disso, visa incentivar as empresas a adotarem práticas que promovam a
segurança e a saúde no ambiente de trabalho.

Vamos ao próximo subitem do tópico 2 do Eixo 4 do Edital?

2.2 Equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho.

No âmbito da legislação previdenciária e trabalhista, acidentes de trabalho equiparam-


se às doenças relacionadas ao trabalho, para fins de concessão de benefícios e proteção social
ao trabalhador adoecido e para exigências de condutas e responsabilização da
empresa/organização.

Como comentamos no subitem 1.6.4 do Caderno #2, existe uma lista associando
doenças que se presumem ocupacionais a certas atividades econômicas. Essa lista se baseia em
evidências epidemiológicas (análise estatística do conjunto de dados de afastamentos, que
apontam uma associação entre doença e atividade que não se deve ao acaso).

O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário é uma presunção relativa – o perito


previdenciário pode afastá-la de ofício ao avaliar a documentação e o paciente segurado ou
mediante provocação da organização, que deve comprovar que o adoecimento não tem relação
com a exposição daquele trabalhador segurado em sua organização. Na prática, contudo, não é
necessário que o perito inclua um arrazoado consistente no formulário eletrônico de perícia.
Esses arrazoados não costumam ser auditados, o que é uma falha de controle em uma política
pública que tinha tudo para ser um sucesso. Dessa forma, milhões de reais são drenados do INSS
em benefício de empresas que não foram corretas em suas ações preventivas. Guilland e Cruz
1
(2017) abordam essa problemática relativamente a afastamentos previdenciários no setor de
abate e processamento de carnes (frigoríficos).

2.2.1 Critérios para Equiparação

A equiparação de doenças a acidentes de trabalho geralmente segue critérios


específicos, incluindo a comprovação do nexo causal entre a atividade laboral e a condição de
saúde, assim como a inclusão da doença em listas estabelecidas pela legislação, como o NTEP
no Brasil. A avaliação médica e a documentação adequada são essenciais para esse processo.

Vimos os tipos de nexo em detalhes no item 1.6 do Caderno #2.

2.2.2 Benefícios Equiparados

Ao serem equiparadas a acidentes de trabalho, as doenças proporcionam ao


trabalhador direito a benefícios como o auxílio-doença acidentário (código B.91), que inclui

1
Guilland, R.; Cruz, R.M.. Prevalência de Transtorno Mental e Comportamental em Trabalhadores de
Indústrias de Abate de Suínos e Aves no Sul do Brasil. Rev. Colomb. De Psico, v.26, n.1, 2017. Disponível
aqui: https://www.redalyc.org/pdf/804/80454273011.pdf Acesso em 17/01/2024.

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remuneração durante o afastamento e, em alguns casos, aposentadoria por invalidez por
acidente de trabalho (B92), auxílio-acidente (B94 – de natureza indenizatória).

A equiparação de doenças a acidentes de trabalho destaca, mais uma vez, a importância


da prevenção. Empresas têm a responsabilidade de adotar medidas de segurança e saúde
ocupacional para minimizar os riscos na exposição ocupacional, em face de fatores de risco
físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.

Resumo do item 2.2.

A equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho é uma


medida que reconhece a natureza ocupacional de certas condições de saúde. Essa abordagem
visa garantir a tutela de trabalhadores afetados por doenças decorrentes das atividades laborais,
para que recebam a devida proteção e benefícios previdenciários, incentivando, ao mesmo
tempo, a prevenção dessas condições nos ambientes de trabalho.

2.3 Emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

A Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) é um documento fundamental no


contexto da segurança e saúde ocupacional. Sua emissão é um procedimento obrigatório em
casos de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Nesta seção você verá os principais
aspectos relacionados à emissão da CAT.

2.3.1 Obrigatoriedade da Emissão

A legislação trabalhista e previdenciária estabelece que é obrigação do empregador


emitir a CAT em caso de acidente de trabalho ou doença relacionada ao trabalho, mesmo que
não ocorra afastamento algum. Essa comunicação deve ser realizada mesmo que a empresa não
concorde com a caracterização do acidente! Se a empresa não promover espontaneamente ou
mediante provocação a essa comunicação, isto é, se a empresa se recusar à emissão da CAT,
outros sujeitos estão legitimados a fazê-lo:

a) a própria pessoa acidentada;

b) dependentes da pessoa acidentada;

c) Entidades sindicais;

d) Médicos(a);

e) Autoridades Públicas..

2.3.2 Prazos para Emissão

A CAT deve ser emitida tão logo a empresa tenha conhecimento do evento ou da doença
ocupacional, em até um dia útil após a ocorrência. A demora na emissão pode impactar o acesso
do trabalhador aos benefícios previdenciários corretos.

2.3.3 Informações Necessárias

A CAT deve conter informações detalhadas sobre o acidente ou a doença ocupacional,


incluindo data, hora, local, descrição do evento, dados do trabalhador afetado, descrição das
lesões ou sintomas, entre outros. Essas informações são cruciais para a análise pericial e para a
concessão de benefícios.

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Embora exista uma NBR disciplinando especificamente essa comunicação (NBR 14280),
substanciais falhas no preenchimento dos campos da comunicação prejudicam a qualidade das
estatísticas oficiais sobre acidentes no Brasil.

2.3.4 Formas de Emissão:

Atualmente a CAT é emitida eletronicamente por meio do Portal .Gov.

2.3.5 Consequências da Falta de Emissão

A falta de emissão da CAT pode acarretar penalidades para o empregador, além de


dificultar o acesso do trabalhador aos benefícios previdenciários. A comunicação adequada é
essencial para garantir que o trabalhador receba a assistência necessária e que a empresa
cumpra suas responsabilidades legais.

A emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho é um passo crucial no processo de


proteção social do trabalhador e na garantia de benefícios previdenciários. Sua correta execução
assegura que o trabalhador tenha acesso aos cuidados necessários e contribui para uma gestão
adequada da saúde ocupacional nas empresas.

Resumo do item 2.3

A CAT é de emissão obrigatória pelo empregador em até 1 dia útil do evento que a
ensejou. Outras pessoas estão legitimadas, em caso de recusa. A CAT é útil à caracterização da
natureza ocupacional do motivo de afastamento, tendo importantes repercussões para o
trabalhador vitimado e pela organização que o emprega.

2.4 Modelos, metodologias, etapas da análise de acidentes de trabalho e tecnologias de


prevenção e combate a sinistros.

As expressões no começo do 2.4 (“Modelos, metodologias, etapas da análise de


acidentes de trabalho”) se referem ao “COMO?” das investigações e análises de acidentes.

A análise de acidentes de trabalho é uma prática essencial para identificar causas,


implementar melhorias e prevenir a recorrência de eventos adversos. Nas próximas subseções
vou discorrer sobre alguns modelos e metodologias (2.4.1) e sobre as etapas comuns na análise
de acidentes (2.4.2).

2.4.1 Modelos e Metodologias:

2.4.1.1 Modelo Heinrich:

Propõe que eventos menores (incidentes) são indicadores de problemas mais profundos
que levam a acidentes mais graves. Esse modelo fundamenta uma política de tolerância zero
para desconformidades e incidentes, mesmo que não impliquem vítimas ou perdas e propõe
que relatos de incidentes sejam incentivados e melhorias propostas como estratégia para
prevenção de acidentes.

2.4.1.2 Modelo de Árvore de Falhas:

Utiliza uma representação gráfica para identificar causas e efeitos de um acidente,


mostrando a sequência de eventos que levaram à ocorrência. A árvore de falhas dá visibilidade
à sequência de eventos, e se percebe com nitidez que um problema dá origem a outro e que a

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combinação desses fatores resulta em acidentes que poderiam ter sido prevenidos com
intervenções precoces.

2.4.2.3 Diagrama de espinha de peixe

O método"Ishikawa" (diagrama de espinha de peixe) é frequentemente utilizado para


facilitar a visualização e compreensão entre múltiplas causas e relações entre elas

2.4.1.4 Investigação de Causas Básicas (ICB):

Enfoca a identificação de fatores fundamentais que contribuíram para o acidente - indo


ALÉM dos aspectos imediatos.

As causas imediatas são mais óbvias e diretamente relacionadas ao evento – falta de


proteção em máquina e trabalhador, amputado traumaticamente no acidente, não capacitado
e não autorizado, por exemplo). Já as mediatas, que deram origem às imediatas, muitas vezes
não são abordadas em análises, o que traz importantes repercussões sobre as intervenções
propostas e seu sucesso para prevenir novos acidentes.

Causas mediatas (também chamadas de básicas ou subjacentes) geralmente decorrem


de problemas de técnicos e gestão, como ausência de gestão de riscos de máquinas e
equipamentos (máquinas antigas ou alteradas que não foram avaliadas sob os aspectos de
segurança, considerando as exigências da Norma Regulamentadora n° 12, que está no Eixo 5 de
nosso edital!), PGR que não identifica risco na operação e manutenção de máquinas (uma
exigência da Norma Regulamentadora n° 1, que também está no Eixo 5!), ausência de sistema
de autorização para o trabalho, falta de supervisão e falta de controle dos treinamentos.

Se a organização não se torna consciente de que sua gestão está dando causa aos
acidentes, continuará “enxugando gelo” após as análises superficiais de acidentes que se
detiverem exclusivamente sobre causas imediatas. No exemplo do acidente de amputação em
máquina, a solução tradicional seria adequar AQUELA máquina NAQUELA zona perigosa que
provocou a amputação e capacitar o PRÓXIMO operador DAQUELA máquina. A conduta
esperada seria rever todo o gerenciamento de risco, avaliando com profissional legalmente
habilitado TODAS as máquinas, promovendo TODAS AS ADEQUAÇÕES necessárias, propor novos
controles e monitorá-los, mediante planilhas ou sistemas de autorização para trabalho apenas
de operadores previamente qualificados, cujas capacitações e reciclagens também estejam sob
monitoramento, etc.

2.4.2 Etapas Comuns na Análise

2.4.2.1 Coleta de Dados

Reúne informações sobre o acidente, incluindo dados do local, testemunhas,


características do trabalho e equipamentos envolvidos.

2.4.2.2 Análise de Causas Imediatas

Identifica os fatores diretos que contribuíram para o acidente.

2.4.2.3 Identificação de Causas Básicas

Busca compreender os fatores subjacentes que permitiram as causas imediatas


ocorrerem.

2.4.2.4 Desenvolvimento de Medidas Corretivas

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Propõe ações para prevenir a repetição do acidente.

2.4.3 Tecnologias de Prevenção e Combate a Sinistros:

A parte final do item 2.4 se refere a “tecnologias de prevenção e combate a sinistros”.


Inicialmente, precisamos compreender que prevenção é o que a gente faz ANTES do sinistro,
para que ele não ocorra! Consiste na manipulação da variável probabilidade, que está
diretamente relacionada ao nível de risco.

medidas de prevenção adequadas tiverem sido planejadas e implementadas

a probabilidade de ocorrer acidente com lesão ou agravo

o nível de risco.

Se não adoto medidas de prevenção adequadas, a probabilidade de ocorrer acidente é


alta e meu nível de risco será alto (a literatura costuma chamar o nível de risco mais alto de
crítico ou intolerável). Se adoto medidas bacanas, conforme o estado da técnica, dentro das
exigências normativas, reduzo a probabilidade e o nível de risco será menor – provavelmente
aceitável ou tolerável.

Já o combate é feito DEPOIS do sinistro. Tem a ver com as ações tomadas para conter
os danos e sua propagação. Para isso, precisamos dimensionar os danos que podem advir de um
sinistro e identificar pontos de intervenção para que possamos ter sucesso no gerenciamento
da crise.

Para ambos cenários (prevenção e combate), precisamos ter realizado a correta


identificação dos perigos previsíveis, sejam eles internos ou externos. A identificação pressupõe
a identificação de fontes e trajetórias. Assim, se estou avaliando um cenário de incêndio que se
origina no curto-circuito de uma máquina, preciso estimar quais os controles preventivos para
que o incêndio não ocorra. Essa é a minha prioridade e para isso devo dirigir meus esforços!

Mas, uma vez ocorrendo o sinistro, devo definir condutas para lidar com essa
emergência, contendo o incêndio o mais próximo possível de sua origem. Para isso, é necessário
que uma pessoa previamente capacitada efetue o combate com extintor de incêndio tão logo
surja o foco.

É importante destacar que outras medidas de combate podem ser previstas por
profissional legalmente habilitado no Plano de Prevenção e Controle de Incêndios (cada unidade
da federação pode chamar o documento que consolida esse planejamento de uma forma
diferente. Geralmente, esse documento é requisito para obtenção do alvará dos Bombeiros e
sua complexidade será regida pela legislação estadual (ou distrital, no caso do DF).

Veja que nesse item já dei uma adiantada no item 2.7 (eita mulher que fala!!!), que
aparecerá aqui neste caderno logo mais. E por que fiz isso? Para que você conseguisse entender
as tecnologias de prevenção e combate a sinistros. Já vou dar um spoiler de acidentes que
veremos no item 2.6, ok? Segura esse forninho, Giovana! #partiuexemplos

a) Sistemas de Detecção e Alarme

Aplicação: Em casos como Bhopal e Deepwater Horizon, sistemas de detecção precoce


de vazamentos de gás ou petróleo poderiam ter alertado os trabalhadores mais rapidamente.

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Falha: Em Bhopal, por exemplo, os sistemas de alarme não foram acionados a tempo
para alertar as comunidades locais. Nas tragédias de Brumadinho e Mariana, isso poderia ter
salvado a população à jusante das barragens.

b) Equipamentos de Segurança Robustos

Aplicação: O Preventor de Explosão (BOP) na Deepwater Horizon, se tivesse funcionado


corretamente, poderia ter prevenido o vazamento de petróleo.

Falha: A falha do BOP foi crucial no desencadeamento do desastre.

c) Sistemas de Contenção e Controle de Derramamentos

Aplicação: Barreiras de contenção, skimmers e dispersantes químicos são essenciais no


combate a derramamentos de petróleo.

Falha: No caso da Deepwater Horizon, houve dificuldades iniciais na implementação


eficaz dessas tecnologias.

d) Tecnologias de Monitoramento Remoto

Aplicação: Monitoramento constante de condições operacionais críticas, como pressão


e temperatura, usando tecnologia de sensoriamento remoto.

Falha: Em Chernobyl, um monitoramento mais eficaz poderia ter indicado condições


perigosas antes do acidente.

e) Sistemas de Resposta a Emergências

Aplicação: Sistemas automatizados para resfriamento de tanques, lavadores de gases,


tochas de alívio.

Falha: Em Bophal o sistema de resposta a emergências descrito acima falhou


miseravelmente.

f) Redundância e Sistemas de Backup

Aplicação: Sistemas de backup para funções críticas de segurança, como sistemas de


resfriamento em usinas nucleares.

Falha: Em Chernobyl, a falta de sistemas de segurança redundantes foi um problema


crítico.

g) Tecnologia de Controle de Poeira e Ventilação

Aplicação: Em ambientes industriais como a Imperial Sugar Company, sistemas eficazes


de controle de poeira e ventilação são cruciais.

Falha: A explosão na Imperial Sugar foi atribuída em parte ao acúmulo de poeira


combustível.

Resumo do item 2.4

A identificação de causas por meio de análises aprofundadas permite implementar


medidas preventivas específicas e abrangentes, inclusive com o emprego de tecnologias
avançadas, que podem ser incorporadas para fortalecer a vigilância contínua (prevenção) e
também para melhorar a resposta a incidentes (combate).

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A integração dessas abordagens contribui significativamente para a promoção de
ambientes de trabalho mais seguros e para a redução da incidência de acidentes e doenças
ocupacionais.

2.5 Estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos.

O estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos é fundamental para


compreender as razões por trás de acidentes e incidentes no ambiente de trabalho. Esse
processo envolve uma análise aprofundada das condições e práticas que contribuem para a
ocorrência de eventos adversos.

É importante destacar que sistemas sociotécnicos complexos (não assusta com a


expressão, não! Esse é apenas o jeito bonito como a Engenharia de Produção chama as
organizações que produzem bens e serviços a partir da articulação de diversos fatores) operam
com variabilidade, sendo virtualmente impossível antever todas as possíveis relações entre seus
componentes e interagentes. A engenharia de resiliência é a ciência que avalia a capacidade de
adaptação do sistema às mudanças sem perda de desempenho por rupturas, como os acidentes.

Quanto mais robusto o sistema, maior sua capacidade de adaptação e de absorver o


efeito de situações que perturbem sua ressonância. Os pratos balançam, mas logo a coisa se
reequilibra. O bom e velho “nós trupica, mas não cai” se aplica bem aqui! Isso ocorre quando
tenho uma organização com bons recursos materiais (máquinas, fluxos e processos) e humanos
(equipe com competências técnicas e comportamentais bem desenvolvidas, coesa, que se
comunica bem e com liberdade): as informações circulam e soluções criativas e adequadas são
produzidas, aumentando a eficácia do sistema.

Já em locais em que a cultura de SST é frágil - e onde também faltam recursos humanos
e materiais – o sistema terá muito mais propensão a quebras e os acidentes tenderão a ser mais
frequentes e mais graves. Nesses locais, o balançar dos pratos desequilibra o edifício inteiro, que
já ameaçava ruína. Pense num sistema tão frágil que qualquer coisinha que saia errado tem o
potencial para desencadear um efeito dominó. Alguns sistemas amplificam pequenas
desconformidades de forma intolerável, sendo a ruptura o único destino possível.

Sabe quando você examina um problema, uma “zica”, e diz algo do tipo: “não tinha
como não acontecer”, “isso já era esperado, só tava esperando dia e hora”, “de longe tava ruim,
de perto parece que tá longe”? Aquela coisa meio fadada a dar errado, sabe? Um acidente típico
de amputação em máquina obsoleta é um caso assim. Já outros acidentes tem uma
gênese/origem (aliás, tá aí outra palavra que o pessoal adora usar: acidentogênese!) mais
complexa e com explicações menos 8 ou 80, menos óbvias. Esses são os mais desafiadores!

Quaisquer que sejam os eventos ocupacionais adversos (acidentes), sejam simples,


sejam complexos, faz-se necessário o estudo dos fatores causais (vimos alguns modelos no item
2.4.1 deste caderno). Como vimos no item 2.4.2, a etapa de análise se inicia com a identificação
das causas primárias e secundárias que contribuíram para o evento adverso (acidente). E essas
causas incluem fatores humanos, organizacionais, ambientais e tecnológicos, como veremos a
seguir.

2.5.1 Fatores Humanos

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Examina-se o comportamento e as ações dos trabalhadores envolvidos. Fatores como
falta de treinamento, negligência, cansaço, estresse ou distração podem desempenhar um papel
significativo.

Importante destacar que acidentes em sistemas que repousam a segurança unicamente


em características frágeis, como o nível de atenção (uma capacidade que tende a diminuir ao
longo da jornada de trabalho e em razão de fatores como estresse e cansaço) dizem muito mais
sobre quem planejou (mal) esse sistema, do que sobre quem se acidentou.

É necessário que lembremos da interação entre os diversos fatores quando estamos


analisando algo que aparenta ser negligência ou descumprimento de norma de segurança
expressamente documentada pela organização. Descumprir/ignorar a regra pode ser a única
forma de conseguir entregar o trabalho no prazo, quantidade e qualidade prescritos por essa
mesma organização. Nesse caso, dizemos que constrangimentos organizacionais impõem a
adoção de conduta diversa da prescrita pela própria organização.

Seria muito hipócrita culpar o trabalhador acidentado que removeu a proteção fixa de
uma máquina, se a própria empresa que tacitamente exigiu que ele operasse a máquina a mil
pelo Brasil, para produzir um mundaréu de coisa em um tempo escasso. Não acha? E não falta
quem culpe o acidentado, que muitas vezes até morto está. Injusto demais!

2.5.2 Fatores Organizacionais

Avalia-se a influência da estrutura organizacional, políticas de segurança e remuneração,


comunicação interna e cultura de segurança. Pressão por metas, salário variável dependente de
produção, falta de articulação e comunicação entre organização contratante e contratada,
enfim, são muitos os fatores acidentogênicos que deveriam ser controlados pela organização.

2.5.3 Fatores Ambientais

Considera-se o ambiente físico de trabalho, incluindo condições climáticas, iluminação,


ventilação e outros elementos que podem contribuir para eventos adversos.

2.5.4 Fatores Tecnológicos

Analisa-se o papel das tecnologias utilizadas no trabalho. Falhas em equipamentos,


sistemas de segurança inadequados ou falta de manutenção podem ser fatores contribuintes.
Modelos como a "Árvore de Causas" ou "Ishikawa" (diagrama de espinha de peixe), citados no
item 2.4.2.2 e 2.4.2.3 são frequentemente utilizados para visualizar e entender as múltiplas
causas e relações entre elas.

O estudo de fatores causais não é apenas reativo, mas também proativo. As


organizações devem aprender com eventos adversos para implementar melhorias contínuas em
suas práticas de segurança (Aprendizado Organizacional). É importante compartilhar os
resultados do estudo com toda a organização e, quando apropriado, com setores ou
organizações similares (benchmark) para contribuir para a disseminação de boas práticas e a
prevenção de eventos adversos similares.

Esse estudo deve fornecer a base para o desenvolvimento e a implementação de


medidas preventivas. Isso pode incluir mudanças nos procedimentos operacionais, melhorias
em treinamentos, modificações no ambiente de trabalho e investimentos em tecnologias mais
seguras. Trata-se, portanto, de uma prática-chave para promover ambientes de trabalho mais

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seguros e para evitar a repetição de incidentes prejudiciais à segurança e à saúde dos
trabalhadores.

Resumo do item 2.5

Acidentes geralmente são multifatoriais em sistemas sociotécnicos complexos.


Explicações rápidas costumam ser simplórias e deixar de lado fatores que merecem análise mais
detida, para que as melhorias sejam de fato sistêmicas e não apenas pontuais. Fatores humanos,
organizacionais, ambientais e tecnológicos costumam interagir entre si e produzir instabilidades
que, eventualmente, o sistema não consegue tolerar. Nesses casos, haverá acidentes de
trabalho ou outros tipos de rupturas.

2.6 Acidentes ampliados, planificação de emergências e catástrofes.

O gerenciamento de acidentes ampliados, a planificação de emergências e a resposta a


catástrofes são componentes críticos para a segurança ocupacional e a proteção da saúde dos
trabalhadores. Antes de prosseguirmos, você precisa entender o conceito de acidentes
ampliados. Lembra que a Cesgranrio é a tarada do glossário? Segura essa então!

2.6.1 Acidentes ampliados

Referem-se a eventos que ultrapassam a escala de um acidente comum, envolvendo


consequências significativas para a segurança, meio ambiente e saúde. Isso pode incluir
acidentes industriais, vazamentos químicos, incêndios de grandes proporções, entre outros.

Você sabe que não sou fã de encher aluno de conteúdo sem motivo, certo? Confia em
mim agora, porque vou trazer alguns casos para que você tenha uma noção da quantidade de
zica que já rolou nessa categoria “acidentes ampliados”.

Recomendo que leia com viés informativo, numa leitura rápida, meio por cima, que
gosto de chamar de “diagonal”.

Os séculos XX e XXI testemunharam vários acidentes ampliados, incluindo explosões,


incêndios, colapsos de estruturas e tragédias nucleares, muitos dos quais resultaram em
múltiplas vítimas, incluindo trabalhadores empregados nos locais dos acidentes. Se quiser tomar
um pouco mais de tempo, aproveita para “consumir” esse conteúdo fazendo uma “varredura”
sobre temas que te chamem a atenção, como “explosão”, “plataformas”). Não é necessário
decorar detalhes sobre esses acidentes, ok?

Aqui estão alguns dos mais notórios:

a) Explosão de Halifax (1917)

Estima-se que aproximadamente 2.000 pessoas morreram e cerca de 9.000 ficaram


feridas. Este evento é considerado uma das maiores explosões não nucleares da história e
ocorreu quando um navio carregado com explosivos colidiu com outro navio no porto de Halifax,
na Nova Escócia, Canadá. A explosão resultante devastou a área, causando uma destruição
massiva e um número significativo de vítimas.

b) Desastre de Bhopal (1984)

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Estima-se que aproximadamente 3.000 a 4.000 pessoas morreram imediatamente
devido à exposição ao gás altamente tóxico e volátil (isocianato de metila) liberado da fábrica
da Union Carbide em Bhopal, Índia.

Além disso, nos anos seguintes, estima-se que até 15.000 a 20.000 pessoas tenham
morrido como resultado de complicações de saúde relacionadas à exposição ao gás. Centenas
de milhares de pessoas foram afetadas de alguma forma, muitas sofrendo de problemas de
saúde crônicos e debilitantes. O desastre de Bhopal continua sendo um símbolo trágico dos
riscos potenciais da indústria química e da necessidade de regulamentações rigorosas de
segurança. Tudo teria começado em uma falha de manutenção ou em um procedimento de
limpeza inadequado, com uma reação exotérmica (que libera calor e aumenta a pressão) em um
tanque, que não resistiu, liberando o isocianato na atmosfera.

c) Explosão de Chernobyl (1986)

Um dos mais graves acidentes nucleares da história, ocorrido na Ucrânia (então parte
da União Soviética), resultando em uma grande liberação de material radioativo. O acidente
teve origem em um teste mal conduzido. A sequência de decisões técnicas foi prejudicada pela
falta de informação, uma vez que dados classificados sobre falhas de projeto não eram do
conhecimento da equipe que estava realizando o teste. No último episódio da minissérie
“Chernobyl”, criada por Craig Mazin, há uma cena em que a sequência de eventos catastróficos
é brilhantemente apresentada.

d) Desastre da Plataforma Piper Alpha (1988)

Uma série de explosões e incêndios em uma plataforma de petróleo no Mar do Norte,


que resultou na morte de 167 trabalhadores. E olha aí, atenção! Esse acidente pode aparecer na
sua prova, já que no Eixo 5 o examinador pediu a NR-37, que trata de Segurança em Plataformas
de Petróleo.

Vou aproveitar e dar uma palhinha do que rolou por lá:

- Manutenção e Comunicação Inadequadas: Uma das bombas de condensado da


plataforma estava em manutenção, e outra bomba, que deveria estar desligada, foi
inadvertidamente ligada.

- Vazamento de Gás e Explosões: O ligamento da bomba resultou em um vazamento de


gás, que rapidamente desencadeou uma série de explosões devastadoras.

- Falhas de Segurança: Sistemas de segurança inadequados e falhas no projeto da


plataforma contribuíram para a gravidade do desastre.

- Incêndio Incontrolável: O fogo, alimentado pelo petróleo e gás da própria plataforma,


tornou-se incontrolável.

E já que estamos falando de Plataforma, você se lembra desse acidente aqui? A resposta
deve ser sim, se, como eu, você for uma pessoa “jovem há mais tempo” (não chame nunca sua
professora de velha ou vivida, se você quiser manter-se vivo e saudável!). Se você é millennial,
segue o fio!

e) Explosão e naufrágio da plataforma P-36 (2001)

Trata-se do maior acidente petrolífero da história do país. A P-36 era a maior plataforma
semi-submersível do mundo e era operada pela Petrobrás no campo de Roncador, na Bacia de

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Campos, no litoral do Rio de Janeiro. Checa agora quais foram as causas e consequências desse
acidente:

- Explosões: Duas explosões ocorreram na plataforma, uma na sala de bombas de


emergência e outra em um tanque de separação.

- Inundação e Instabilidade: As explosões causaram a inundação de vários compartimentos,


levando a uma perda de estabilidade da plataforma.

Consequências:

- 11 trabalhadores brigadistas morreram no acidente.

- a plataforma acabou afundando alguns dias após as explosões.

- um impacto significativo na produção de petróleo do Brasil

- revisão das práticas de segurança na indústria petrolífera brasileira (impacto regulatório).

Se ficar curioso(a), confere o que o Sindipetro escreveu quando o acidente completou 20


anos.

<<AQUI>> tem um artigo super bacana sobre o acidente.

Já deu pra sentir o drama, né? Nem eu aguento mais falar de acidente envolvendo
plataforma. Mais um acidente envolvendo plataformas e já vamos para outros exemplos, ok?

f) Explosão da Plataforma Deepwater Horizon (2010)

Uma explosão em uma plataforma de petróleo no Golfo do México, que resultou na


morte de 11 trabalhadores e no maior derramamento de óleo marítimo da história.

O acidente teve início com a falha de um dispositivo de segurança crítico chamado


blowout preventer (BOP), um preventor de explosão que deveria ter selado a broca e conter a
pressão do poço que estava sendo perfurado. Você reparou que

Como em Chernobyl, decisões gerenciais questionáveis estão na cadeia causal deste


acidente, já que foi priorizada economia de tempo e recursos em detrimento da segurança.

g) Ataques de 11 de setembro (2001)

Embora o acidente seja decorrência de atos de terrorismo, os ataques ao World Trade


Center em Nova York resultaram em colapsos massivos de edifícios e muitas mortes, incluindo
trabalhadores e socorristas.

h) Desastre Nuclear de Fukushima (2011)

Um acidente nuclear no Japão, desencadeado por um terremoto e tsunami, levando a


liberações significativas de material radioativo.

Durante o desastre e nos esforços de resposta imediatos, alguns trabalhadores da usina


morreram ou ficaram gravemente feridos. Estas mortes e ferimentos foram principalmente
devido a causas físicas, como trauma causado pelas explosões e outros acidentes relacionados
ao terremoto e ao tsunami, e não à exposição direta à radiação, ao contrário de Chernobyl.

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O desastre teve, ainda, um impacto significativo na saúde mental dos trabalhadores e
residentes locais, com relatos de aumento de casos de estresse e outras condições relacionadas
ao trauma do desastre e à evacuação forçada.

i) Explosão de Beirute (2020)

Uma grande explosão no porto de Beirute, Líbano, causada pelo armazenamento


inadequado de nitrato de amônio, resultando em muitas mortes e feridos.

j) Desastre de Mariana (2015)

Ocorrido em 5 de novembro de 2015, o desastre de Mariana envolveu o rompimento da


Barragem do Fundão, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, pertencente ao município
de Mariana, Minas Gerais. A barragem era operada pela Samarco, uma joint venture entre a
Vale S.A. e a BHP Billiton. Causou a morte de 19 pessoas e a destruição completa de Bento
Rodrigues, com um impacto ambiental devastador, poluindo o Rio Doce, afetando ecossistemas
e comunidades ao longo de sua extensão até o Oceano Atlântico.

O rompimento foi atribuído a falhas na construção e manutenção da barragem, além de


deficiências no monitoramento e na gestão de riscos. O rompimento liberou aproximadamente
60 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração.

k) Desastre de Brumadinho (2019)

Em 25 de janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da Barragem I da Mina do Córrego do


Feijão, operada pela Vale S.A., localizada em Brumadinho, também em Minas Gerais. O colapso
liberou cerca de 12 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos. Causou graves danos
ambientais, afetando a flora e a fauna locais, além de contaminar recursos hídricos.

Resultou na morte de pelo menos 270 pessoas, sendo uma das maiores tragédias
humanitárias do Brasil.

Assim como em Mariana, o rompimento foi atribuído a falhas na gestão de segurança


da barragem, incluindo problemas na construção, monitoramento e avaliação de riscos.

UFA!!! Parece que acabou!!!

Em 2023 tivemos um acidente com bastante repercussão na mídia: a explosão de um


túnel em uma unidade armazenista de grãos no Paraná. Essa matéria saiu na revista Proteção e
contou com a entrevista do colega auditor que está responsável pela análise do acidente, que
vitimou oito haitianos e um brasileiro.

Aliáááás, vítimas migrantes não nacionais, em empresa terceirizada, me evoca a


questão da vulnerabilidade de minorias sociais, que faz parte lá do item 4 – Diversidade e
inclusão na sociedade, da parte de conhecimentos gerais do CNU e da terceirização e
precarização das condições de trabalho, que está no subitem 2.5.3 do Eixo Temático 3 –
Sociologia e Psicologia aplicadas ao Trabalho. Outro assunto bacana para uma redação no
nosso Bloco 4 no CNU!

Vamos seguir o baile?

2.6.2 Planificação de Emergências

A planificação de emergências é um processo que visa antecipar, preparar e coordenar


a resposta a eventos adversos. Isso envolve:

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a) Identificação de Riscos: Avaliação de riscos potenciais no ambiente de trabalho e
nas áreas circundantes.
b) Elaboração de Planos de Emergência: Desenvolvimento de planos detalhados que
abordam ações a serem tomadas em situações de emergência.
c) Treinamento e Simulações: Capacitação dos trabalhadores para lidar com
emergências e realização de simulações regulares para testar a eficácia dos planos.

2.6.3 Resposta a Catástrofes

Em situações de catástrofe, a resposta deve ser coordenada e eficiente. Isso inclui:

a) Mobilização de Recursos: Garantir a pronta mobilização de recursos humanos,


materiais e técnicos.
b) Comunicação Efetiva: Estabelecer canais de comunicação claros para coordenar
esforços entre diferentes agências e equipes de resposta.
c) Alojamento e Assistência aos Atingidos: Prover abrigo, assistência médica e
necessidades básicas às pessoas afetadas pela catástrofe.
d) Integração com Órgãos Externos: colaboração com órgãos externos, como
bombeiros, serviços médicos de emergência, agências ambientais e autoridades
governamentais.
e) Aprimoramento Contínuo: A planificação de emergências e a resposta a catástrofes
devem ser processos dinâmicos, sujeitos a revisão e aprimoramento contínuo. Isso
envolve a análise de incidentes anteriores, a incorporação de lições aprendidas e a
atualização constante dos planos de emergência.
f) Legislação e Normativas: Muitas jurisdições possuem regulamentações específicas
que estabelecem requisitos para planificação de emergências em determinados
setores. O cumprimento dessas normativas é essencial para garantir a segurança e
a conformidade legal.

No Brasil, a NR-01, que cai no Eixo 5 do nosso edital, determina que a organização
estabeleça, implemente e mantenha procedimentos de respostas aos cenários de emergências,
de acordo com os riscos, as características e as circunstâncias das atividades.

Esses procedimentos de respostas aos cenários de emergências devem prever: a) os


meios e recursos necessários para os primeiros socorros, encaminhamento de acidentados e
abandono; e b) as medidas necessárias para os cenários de emergências de grande magnitude,
quando aplicável.

Essa mesma norma, determina, ainda, que identificação dos perigos aborde os perigos
externos previsíveis relacionados ao trabalho que possam afetar a saúde e segurança no
trabalho. Na avaliação de risco, as consequências de ocorrência de acidentes ampliados devem
ser consideradas no momento da gradação da severidade das lesões ou agravos à saúde,
considerando também o número de trabalhadores possivelmente afetados.

g) Tecnologias de Monitoramento e Resposta: A utilização de tecnologias, como


sistemas de monitoramento remoto, sensores de detecção de gases, e softwares de
gestão de emergências, pode ser crucial para a detecção precoce de incidentes e
uma resposta mais eficiente.

Aqui voltamos ao subitem 2.4 deste caderno. É o edital se amarrando, percebe?

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h) Participação Comunitária: A integração da comunidade local nos planos de
emergência e nas atividades de resposta é crucial para garantir uma abordagem
abrangente e eficaz diante de catástrofes.

Resumo do item 2.6

A gestão de acidentes ampliados, a planificação de emergências e a resposta a


catástrofes são componentes essenciais da segurança ocupacional. Sempre que um acidente
ampliado é previsível, mesmo que a probabilidade de sua ocorrência seja baixa, é necessário um
reforço na identificação de perigos, considerando os pontos do sistema em que há mais
possibilidade de falha.

Lembre que, isoladamente, raras falhas são catastróficas, mas eventualmente se


alinham de forma intolerável para o sistema sociotécnico complexo (item 2.5), que soçobra, rui,
colapsa. Planos de emergência genéricos e inespecíficos podem agravar acidentes, que é o
contrário do que deveriam fazer, que é a contenção de danos.

2.7 Proteção contra incêndio e explosões.

A proteção contra incêndio e explosões é crucial em ambientes de trabalho para garantir


a segurança dos trabalhadores, a integridade das instalações e a continuidade das operações.
Como já comentei no começo dessa aula e também no primeiro caderno, introdutório, fique
tranquilo porque estei tem 2.7 não é a NR-23 – Proteção contra Incêndios, muito menos a
legislação sobre incêndios, que é estadual. Em um concurso NACIONAL, o examinador não
poderia pedir detalhes sobre dimensionamento dos sistemas de prevenção e combate a
incêndios. Compreende?

O examinador falou apenas isso “proteção contra incêndios e explosões”! Vimos há


pouco, no começo do 2.6, uma série de acidentes com explosões. Esse é o pentágono da
explosão para poeiras: poeira, oxidante, ignição, dispersão e confinamento. A explicação
científica para o comportamento do pentágono você consegue ver neste vídeo curto AQUI.

Se aplica ao caso da Imperial Sugar Company (2.6, alínea “g”). AQUI tem um vídeo com
legendas em português sobre esse acidente.

O triângulo de fogo é formado por esses elementos: 1) combustível, 2) comburente e 3)


fonte de ignição. O funcionamento de um motor a gasolina utiliza essa lógica. Gasolina +
oxigênio comprimidos pelo pistão do cilindro + faísca da vela de ignição do carro.

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Gás de cozinha proveniente de vazamento + oxigênio + centelha do acionamento de um
interruptor. Dependendo da quantidade de gás acumulado e da ventilação do ambiente,
podemos ter uma explosão violenta.

Sobre esse assunto, tecnicamente, é importante conhecer o conceito de limiar de


explosividade. O limiar de explosividade, também conhecido como limites de explosividade ou
limites de inflamabilidade, refere-se à faixa de concentrações de um gás ou vapor inflamável no
ar que é capaz de produzir uma explosão ou fogo quando uma fonte de ignição está presente.
Esses limites são cruciais para a segurança no manuseio de substâncias inflamáveis e são
definidos por dois pontos principais:

a) Limite Inferior de Explosividade (LIE): É a concentração mínima do gás ou vapor no ar


que pode provocar uma explosão. Abaixo dessa concentração, a mistura é muito
"pobre" para queimar.
b) Limite Superior de Explosividade (LSE): É a concentração máxima do gás ou vapor no ar
que pode provocar uma explosão. Acima dessa concentração, a mistura é muito "rica"
e não há oxigênio suficiente para sustentar uma combustão.

Os limites de explosividade são expressos em porcentagens de volume do gás ou vapor no


ar e variam de acordo com a substância. Por exemplo, o metano (gás natural) tem um LIE de
aproximadamente 5% e um LSE de cerca de 15% em volume de ar. Isso significa que, se a
concentração de metano no ar estiver entre 5% e 15%, a mistura é potencialmente explosiva se
houver uma fonte de ignição. Assim, um vazamento que faça com que o metano ocupe
praticamente toda uma sala acaba sendo menos perigoso do que um vazamento que faça com
que a concentração fique dentro do intervalo dos limites de explosividade. Fez sentido? E como
vou saber se a concentração vai ser alta ou baixa? Isso vai depender de muitos fatores, como a
ventilação do local. Para isso, preciso de uma avaliação de riscos bem feita!

2.7.1 Avaliação de Riscos

Inicia-se com uma avaliação detalhada dos riscos de incêndio e explosão no local de
trabalho. Isso inclui a identificação de substâncias inflamáveis e combustíveis, fontes de ignição,
e condições que possam contribuir para a propagação do fogo.

2.7.2 Controles e combate

São estabelecidos em razão da avaliação de riscos. Ela que vai terminar onde instalar um
sensor, quantas pessoas precisam estar aptas a manusear equipamentos de combate, onde
esses equipamentos devem estar localizados...

A instalação de sistemas de detecção de fumaça, calor ou gases inflamáveis, associados a


sistemas de alarme, é essencial para identificar precocemente a ocorrência de incêndios e
permitir uma resposta rápida.

A presença de extintores de incêndio, hidrantes, mangueiras e sistemas automáticos de


supressão, como sprinklers, contribui para controlar e extinguir incêndios antes que se tornem
incontroláveis.

Treinamentos são medidas de controle administrativo e são fundamentais para garantir que
os trabalhadores saibam como agir em caso de incêndio, ofertando o combate adequado. Para
isso, o treinamento deve prever o uso adequado de extintores, procedimentos de evacuação e
comunicação de emergência. As pessoas precisam ter capacidade de operar os instrumentos

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disponíveis no ambiente de trabalho. Daí a importância de capacitações bem específicas,
considerando os cenários possíveis de emergência.

Desenvolvimento de planos de evacuação claros e a realização de exercícios de


evacuação regulares são aspectos-chave da proteção contra incêndios. Isso assegura que todos
os ocupantes do local de trabalho saibam como sair do edifício de forma segura em caso de
emergência.

Quando o local de trabalho envolve o uso ou armazenamento de materiais perigosos,


é essencial implementar medidas específicas de controle, como armazenamento adequado,
ventilação e procedimentos seguros de manipulação.

A manutenção regular de equipamentos de combate a incêndio, sistemas de detecção


e alarme, bem como de instalações elétricas, é essencial para garantir seu funcionamento
adequado em caso de necessidade.

Em ambientes onde há risco de explosões, medidas adicionais são necessárias. Isso pode
incluir a utilização de equipamentos à prova de explosão, ventilação adequada e o controle
rigoroso de fontes de ignição.

A análise de consequências visa avaliar os possíveis impactos de incêndios ou explosões,


incluindo danos às pessoas, instalações e meio ambiente, permitindo a implementação de
medidas preventivas e de resposta apropriadas. Tem a ver com o item 2.4 deste caderno,
quando tratamos de tecnologias de prevenção e combate a sinistros, lembra?

Resumo do item 2.7

A proteção contra incêndios e explosões requer avaliação de risco para determinação


dos controles mais adequados. Isso não se faz de forma genérica, mas avaliando o caso concreto
e suas particularidades. Cada Estado tem sua normativa, mas todos exigem um Plano de
Prevenção de Combate a Incêndios (cada UF pode dar um nome sutilmente diferente) que
considere o uso das instalações, equipamentos instalados, materiais armazenados, o fluxo de
pessoas que utiliza a instalação, seu tamanho, etc, para fins de dimensionamento e seleção dos
meios de prevenção e combate.

Vamos para o penúltimo item deste caderno?

2.8 Cuidados e protocolos com respeito ao trabalho em espaços confinados.

Primeiro, vamos ver o conceito de Espaço Confinado. Ele é imprescindível para que a
gente compreenda os cuidados e protocolos específicos para garantir a segurança dos
trabalhadores envolvidos em atividades nesses locais.

2.8.1 Espaço confinado

De maneira geral, um espaço confinado é caracterizado pelos seguintes aspectos:

a) Espaço Limitado ou Restritivo

É um espaço que não é projetado para ocupação humana contínua. Isso significa que o
espaço é geralmente pequeno, limitado ou de difícil acesso, como tanques, silos, poços, dutos,
tubulações, esgotos, compartimentos de navios, etc.

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Um aspecto chave é que o espaço não é destinado a ser um local de trabalho
permanente. A ocupação é geralmente para fins específicos, como inspeção, manutenção,
reparo, limpeza ou construção.

b) Meios de entrada e saída Limitados

O acesso ao espaço confinado é restrito ou limitado, o que pode dificultar tanto a


entrada quanto a saída em situações de emergência.

c) Ventilação Insuficiente

Geralmente, os espaços confinados têm ventilação inadequada, o que pode levar ao


acúmulo de contaminantes perigosos ou a uma atmosfera deficiente em oxigênio.

d) Potenciais Riscos Ambientais

Esses espaços podem apresentar riscos à saúde e segurança, incluindo, mas não limitado
a atmosferas tóxicas, inflamáveis ou hipóxicas (baixo oxigênio), além de riscos físicos como
temperaturas extremas, superfícies instáveis ou espaços submersos.

A identificação e o entendimento dessas características são fundamentais para a


implementação de medidas de segurança adequadas. Trabalhar em espaços confinados envolve
riscos significativos, e é crucial que sejam seguidos procedimentos rigorosos de segurança,
incluindo monitoramento da atmosfera, ventilação adequada, uso de equipamentos de
proteção individual (EPI).

É necessário elaborar planos de emergência e resgate bem específicos, do contrário, é


capaz dos envolvidos no resgate serem vitimados no processo! Infelizmente, isso ainda é muito
comum em silos, dutos de esgoto e tanques em indústrias químicas e petroquímicas. Uma
situação super comum de acidente é no processo de higienização com produtos químicos (o
trabalhador desmaia e morre) e manutenção com equipamentos a quente, como soldagem
(ocorre uma explosão e a pessoa morre).

Antes de iniciar o trabalho em espaços confinados, é crucial realizar uma avaliação de


riscos. Isso envolve identificar possíveis perigos, como gases tóxicos, falta de oxigênio,
inflamabilidade e riscos mecânicos, e implementar medidas para mitigar esses riscos. Vejamos:

- Procedimentos de Entrada e Saída

Estabelecer procedimentos claros para entrada e saída de espaços confinados é


essencial. Isso inclui a designação de supervisores, a utilização de sistemas de permissão para
entrada e a implementação de procedimentos de resgate.

- Monitoramento Atmosférico

A monitorização contínua da atmosfera dentro do espaço confinado é necessária para


identificar qualquer alteração nas condições atmosféricas. Sensores de gases, medidores de
oxigênio e outros dispositivos de monitoramento são essenciais.

- Ventilação Adequada

Garantir uma ventilação adequada é crucial para reduzir o risco de acumulação de gases
perigosos. A introdução de ar fresco no espaço confinado é frequentemente necessária antes
da entrada.

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- Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

Os trabalhadores devem utilizar EPIs apropriados para o trabalho em espaços


confinados. Isso pode incluir equipamentos de respiração autônoma ou linha de adução de ar,
cintos de segurança, capacetes e outros dispositivos de proteção.

- Treinamento e outras medidas administrativas

Os trabalhadores envolvidos devem receber treinamento adequado sobre os riscos


associados ao trabalho em espaços confinados, bem como sobre os procedimentos de
segurança a serem seguidos. A conscientização é fundamental para garantir a adesão aos
protocolos de segurança.

O espaço confinado deve ser cadastrado e sinalizado, a fim de que o trabalhador saiba
de antemão que aquela é uma área restrita, à qual somente pessoas autorizadas podem
ingressar.

- Procedimentos de Resgate

Desenvolver e praticar procedimentos de resgate é essencial. Isso inclui a formação de


equipes de resgate, a utilização de equipamentos adequados e a realização de simulações
regulares.

- Comunicação

Estabelecer comunicação eficaz entre os trabalhadores dentro do espaço confinado e


aqueles fora é crucial para garantir uma resposta rápida em caso de emergência.

- Regulamentação e Normas Técnicas:

Cumprir as regulamentações locais e normas técnicas específicas para trabalho em


espaços confinados é uma obrigação legal e uma garantia de boas práticas de segurança. No
Brasil, a norma aplicável é a NR-33!

Resumo do item 2.8

O trabalho em espaços confinados exige uma abordagem meticulosa e cuidadosa para


garantir a segurança dos trabalhadores. A avaliação do risco, com considerações sobre a
atmosfera local, controles, comunicação, supervisão, etc, vai recomendar a implementação de
medidas preventivas, desde as de engenharia, como sistema de exaustão, até o EPI, passando
por medidas administrativas e organizacionais, como treinamento, sinalização e supervisão.

2.9 Primeiros socorros.

Os primeiros socorros desempenham um papel crítico na minimização de lesões e na


preservação da vida em situações de emergência. Conhecimentos básicos de primeiros socorros
e a disponibilidade de equipamentos apropriados podem fazer a diferença entre uma rápida
recuperação e complicações mais graves. #Partiu finalizar a parte expositiva desta aula?

2.9.1 Conceito de Primeiros Socorros

Primeiros socorros referem-se às medidas imediatas e temporárias prestadas a uma


pessoa ferida ou doente antes da chegada de profissionais de saúde qualificados. O objetivo é
preservar a vida, prevenir complicações e iniciar o tratamento adequado.

2.9.2 Treinamento em Primeiros Socorros

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É importante que trabalhadores recebam treinamento regular em primeiros socorros,
considerada sua realidade. Isso pode incluir conhecimentos sobre avaliação inicial, RCP
(Reanimação Cardiopulmonar), controle de hemorragias, imobilização de fraturas, entre outros.
Em locais como embarcações, plataformas nas águas jurisdicionais brasileiras e fazendas
isoladas geograficamente, essa capacitação específica pode significar a vida de uma pessoa!

A avaliação inicial de uma vítima envolve verificar a segurança da cena, avaliar a


consciência da vítima, chamar ajuda profissional (quando necessário) e iniciar as medidas de
primeiros socorros apropriadas.

A reanimação cardiorrespiratória é uma técnica essencial para manter a circulação


sanguínea e a oxigenação em casos de parada cardíaca. Ela envolve compressões torácicas e,
quando possível, ventilação boca a boca.

O controle de hemorragias é crucial para evitar a perda excessiva de sangue. Isso pode
ser feito através da aplicação de pressão direta, uso de curativos e elevação da parte ferida.

Em caso de suspeita de fratura, é importante imobilização da área afetada para evitar


movimentos que possam agravar a lesão. Talas podem ser usadas enquanto se aguarda ajuda
profissional.

Vítimas de acidentes ou lesões graves podem entrar em estado de choque. A elevação


das pernas, manter a pessoa aquecida e oferecer suporte emocional são medidas importantes
para seu restabelecimento.

Já o tratamento inicial de queimaduras pode envolver resfriamento da área afetada com


água fria, proteção da queimadura e alívio da dor.

2.9.3 Kits de Primeiros Socorros

Locais de trabalho devem estar equipados com kits de primeiros socorros que
contenham materiais essenciais, como curativos, gazes, bandagens, tesouras, luvas
descartáveis, além de manuais de primeiros socorros. Falei sobre a importância da
especificidade lá no comecinho desta aula. Isso tudo precisa ser planejado no bojo do programa
de controle médico da empresa. No Brasil, esse programa se chama PCMSO e você vai ver
detalhes sobre ele quando eu te ensinar a NR-07, que eu adoro!!! Mas isso vai rolar só no Eixo
5. Segura a ansiedade, bicho!

2.9.4 Comunicação de Emergência

Estabelecer uma comunicação eficaz com serviços de emergência é crucial. Isso inclui
fornecer informações claras sobre a situação, localização e condição da vítima.

2.9.5 Registro de Incidentes

Manter um registro preciso de incidentes, intervenções de primeiros socorros e


encaminhamentos para profissionais de saúde é importante para avaliações futuras e relatórios.
No bojo do PCMSO, esses registros permitem a produção de informação sobre saúde da
coletividade e são importantes para a melhoria dos processos de cuidado.

2.9.6 Atualização Constante

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Os procedimentos de primeiros socorros devem ser atualizados regularmente para
garantir que os trabalhadores estejam cientes das práticas mais recentes e estejam aptos a lidar
com diversas situações de emergência.

Resumo do item 2.9

A implementação eficaz de primeiros socorros no local de trabalho pode salvar vidas e


reduzir a gravidade das lesões. É uma responsabilidade compartilhada entre empregadores e
trabalhadores garantir que todos estejam bem treinados e equipados para responder a
emergências. O planejamento dos primeiros cuidados é uma obrigação da organização e deve
considerar as situações de emergência previsíveis.

Chegamos à parte que todo concurseiro gosta: o resuminho amigo!

Confere baixo o compilado que preparei para você, com o resumo de cada um dos itens
deste caderno =)
2.1 Definição e legislação previdenciária.

A legislação previdenciária busca assegurar a proteção social dos trabalhadores, garantindo que
aqueles que sofram acidentes do trabalho recebam os cuidados necessários e tenham acesso a benefícios
que minimizem os impactos financeiros decorrentes das lesões ou incapacidades. Além disso, visa
incentivar as empresas a adotarem práticas que promovam a segurança e a saúde no ambiente de
trabalho.

2.2 Equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho.

A equiparação dos acidentes de trabalho às doenças relacionadas ao trabalho é uma medida que
reconhece a natureza ocupacional de certas condições de saúde. Essa abordagem visa garantir a tutela de
trabalhadores afetados por doenças decorrentes das atividades laborais, para que recebam a devida
proteção e benefícios previdenciários, incentivando, ao mesmo tempo, a prevenção dessas condições nos
ambientes de trabalho.

2.3 Emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).

A CAT é de emissão obrigatória pelo empregador em até 1 dia útil do evento que a ensejou.
Outras pessoas estão legitimadas, em caso de recusa. A CAT é útil à caracterização da natureza
ocupacional do motivo de afastamento, tendo importantes repercussões para o trabalhador vitimado e
pela organização que o emprega.

2.4 Modelos, metodologias, etapas da análise de acidentes de trabalho e tecnologias de


prevenção e combate a sinistros.

A identificação de causas por meio de análises aprofundadas permite implementar medidas


preventivas específicas e abrangentes, inclusive com o emprego de tecnologias avançadas, que podem
ser incorporadas para fortalecer a vigilância contínua (prevenção) e também para melhorar a resposta a
incidentes (combate).

A integração dessas abordagens contribui significativamente para a promoção de ambientes de


trabalho mais seguros e para a redução da incidência de acidentes e doenças ocupacionais.

2.5 Estudo de fatores causais em eventos ocupacionais adversos.

Acidentes geralmente são multifatoriais em sistemas sociotécnicos complexos. Explicações


rápidas costumam ser simplórias e deixar de lado fatores que merecem análise mais detida, para que as
melhorias sejam de fato sistêmicas e não apenas pontuais. Fatores humanos, organizacionais, ambientais

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e tecnológicos costumam interagir entre si e produzir instabilidades que, eventualmente, o sistema não
consegue tolerar. Nesses casos, haverá acidentes de trabalho ou outros tipos de rupturas.

2.6 Acidentes ampliados, planificação de emergências e catástrofes.

A gestão de acidentes ampliados, a planificação de emergências e a resposta a catástrofes são


componentes essenciais da segurança ocupacional. Sempre que um acidente ampliado é previsível,
mesmo que a probabilidade de sua ocorrência seja baixa, é necessário um reforço na identificação de
perigos, considerando os pontos do sistema em que há mais possibilidade de falha.

Lembre que, isoladamente, raras falhas são catastróficas, mas eventualmente se alinham de
forma intolerável para o sistema sociotécnico complexo (item 2.5), que soçobra, rui, colapsa. Planos de
emergência genéricos e inespecíficos podem agravar acidentes, que é o contrário do que deveriam fazer,
que é a contenção de danos.

2.7 Proteção contra incêndio e explosões

A proteção contra incêndios e explosões requer avaliação de risco para determinação dos
controles mais adequados. Isso não se faz de forma genérica, mas avaliando o caso concreto e suas
particularidades. Cada Estado tem sua normativa, mas todos exigem um Plano de Prevenção de Combate
a Incêndios (cada UF pode dar um nome sutilmente diferente) que considere o uso das instalações,
equipamentos instalados, materiais armazenados, o fluxo de pessoas que utiliza a instalação, seu
tamanho, etc, para fins de dimensionamento e seleção dos meios de prevenção e combate.

2.8 Cuidados e protocolos com respeito ao trabalho em espaços confinados .

O trabalho em espaços confinados exige uma abordagem meticulosa e cuidadosa para garantir a
segurança dos trabalhadores. A avaliação do risco, com considerações sobre a atmosfera local, controles,
comunicação, supervisão, etc, vai recomendar a implementação de medidas preventivas, desde as de
engenharia, como sistema de exaustão, até o EPI, passando por medidas administrativas e
organizacionais, como treinamento, sinalização e supervisão.

2.9 Primeiros socorros

A implementação eficaz de primeiros socorros no local de trabalho pode salvar vidas e reduzir a
gravidade das lesões. É uma responsabilidade compartilhada entre empregadores e trabalhadores
garantir que todos estejam bem treinados e equipados para responder a emergências. O planejamento
dos primeiros cuidados é uma obrigação da organização e deve considerar as situações de emergência
previsíveis.

Resumo é bom, mas mapinha mental é melhor, né?

Confere na próxima página nosso resumo esquemático!

Professora: Bruna Quadros - SST


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Neste caderno, abordamos os acidentes de trabalho.

Você já tinha aprendido algumas coisas que abordamos nesta aula quando falamos em doenças relacionadas
ao trabalho, no caderno anterior.

Agora você entende sobre CAT e a importância de analisar acidentes do trabalho, que são multicausais e
dependem de diversos fatores de naturezas distintas, como fatores humanos, organizacionais e tecnológicos.

Você também entendeu a importância de atuar preventivamente em relação a cenários previsíveis, como os
que envolvem espaços confinados, explosivos e inflamáveis.

Agora você tem noção dos principais acidentes ampliados que o Brasil e o mundo já enfrentaram e reconhece
que sucessivas falhas contribuíram para a gravidade desses eventos. Ficou claro que as interações entre falhas em um
sistema complexo pode acabar em uma baita confusão, com múltiplas vítimas.

Compreende que é necessário que haja avaliação de riscos em face de perigos previsíveis e que o examinador
resolveu chamar a atenção, neste item, para os riscos de incêndio e explosão em geral e para os riscos mais comuns
em espaço confinado – a intoxicação do trabalhador em razão da atmosfera do local ou o risco de explosão, ambos
podendo ter consequências catastróficas sobre a vida e integridade do trabalhador.

Finalmente, captou a mensagem que ter uma caixinha com materiais para primeiros socorros ou uma pessoa
com um certificado fajuto não significa real adoção de medidas de primeiros socorros. Compreende que precisam ser
planejados em face dos cenários de emergência e das necessidades que cada cenário enseja.

Da minha parte, fico contente por ter te ajudado a compreender melhor o tópico 2 do Eixo 4 <3

Se ainda está com dúvida ou uma pulguinha atrás da orelha, me chama na plataforma, que te esclareço.

Vamos juntos(as) até a aprovação?

Prof. Bruna Quadros

Professora: Bruna Quadros - SST


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