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Lucas Mariano de Paula – RA: 22002185 – Turma C

Tema I: Os Princípios Fundamentais

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei máxima e


fundamental do Brasil, que tem como objetivo firmar os direitos e deveres para os cidadãos e
até para o próprio governo. A mesma também ficou conhecida como “Constituição Cidadã”
por ter sido criada no processo de redemocratização, após o encerramento do período de
ditadura militar no Brasil. A Constituição é dividida em três partes distintas, sendo elas, o
preâmbulo, a parte dogmática e o ato das disposições transitórias. O preâmbulo é um texto
introdutório que inicia a Constituição, que apesar de não ter um valor, tem um papel
interpretativo das normas constitucionais. Depois disso, vem a parte dogmática, que é
composta por todo o corpo Constitucional (artigos 1º ao 250), como também pelas emendas
constitucionais e os tratados internacionais. Já a parte final é a dos atos das disposições
transitórias, que estabelecem regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico e o
novo.

O preâmbulo, como já dito anteriormente, é um texto que apenas introduz a Carta


Magna, por isso o mesmo acaba por não possuir nenhuma força normativa (não podendo
reivindicar direitos e deveres a partir dele), e logo não faz parte do conjunto de normas que
funcionam como parâmetro para a realização do controle de constitucionalidade (bloco de
constitucionalidade). Esse fato, no entanto, não torna o preâmbulo como juridicamente
irrelevante, visto o seu importante valor interpretativo das normas constitucionais. O
preâmbulo, para J. J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, não poderia se confundir e até
compor o texto da Constituição Federal, tampouco poderia ainda ser objeto de
questionamento em relação a inconstitucionalidade.

Em seguida se dispõe o corpo dogmático da Constituição, que é dividida em nove


partes ou títulos, sendo que o Título I aborda o conteúdo dos Princípios Fundamentais. Esses
Princípios são divididos em explícitos, compreendidos entre os art. 1º ao 4º, e implícitos,
expressos entre os art. 18 ao 169 da Constituição. Os explícitos introduzem o texto
constitucional e tanto eles quanto os implícitos apresentam várias definições que devem ser
respeitadas, mantidas e alcançadas dentro do território nacional. Primeiro, no entanto, deve-se
entender o significado da palavra princípios para compreender o que são os Princípios
Fundamentais da Constituição. Os princípios nada mais são que um conjunto de normas ou
padrões de conduta que devem ser seguidos por uma pessoa ou instituição. Logo, os
Princípios Fundamentais são um conjunto de preceitos normativos que disciplinam os
diversos tipos de Princípios Fundamentais, sendo eles, a estrutura política do Estado, seu
regime político social, sua estrutura social e suas relações internacionais, devendo estes serem
cumpridos pela instituição, que é o próprio Estado Brasileiro.

O Título I não contém subdivisões, contendo assim, apenas, os quatro primeiros


artigos da Constituição, que têm como foco apresentar os princípios fundamentais explícitos.
O art. 1º apresenta alguns desses fundamentos, e além disso caracteriza o Estado Brasileiro
em relação a alguns aspectos. Cada um desses quatro artigos apresenta um tipo de princípio
fundamental, sendo que tanto o art. 1º quanto o art. 3º apresentam fundamentos da Estrutura
Política do Estado. No art. 1º, define-se o Brasil como sendo uma República Federativa,
caracterizando assim sua forma de governo, que é a República, sua forma de Estado, que é a
Federação, e como sendo um “Estado Democrático de Direito”, caracterizando seu regime
político como democrático. Além disso, o artigo 1º, em seu caput, apresenta os incisos I ao V,
que enunciam os princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, sendo eles, a
soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa e o do pluralismo político.

O inciso I do art. 1º destaca a soberania, que é um dos Princípios Fundamentais que


caracterizam a Estrutura Política do Estado, e que na visão de Marcelo Caetano, é um poder
político supremo e independente, que não se limita a nenhum outro na ordem política interna
e é independente na sociedade internacional. Neste caso, o mesmo se refere a soberania no
sentido de ordem interna ou nacional, sendo este poder que o Estado possui para impor sua
vontade aos indivíduos que vivem sobre o seu território. No art. 18 é definido a organização
político-administrativa da Federação, que compreende “a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Outro princípio
da estrutura política é apresentado no art. 2º da Carta Magna, onde se estabelece o princípio
da separação de Poderes da União, definindo assim, a divisão do exercício do poder político.
Os poderes acabam por se dividir em três, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, sendo
eles, independentes e harmônicos entre si.

O inciso II bem como o inciso V do art. 1º apresentam como princípios fundamentais,


a cidadania e o pluralismo jurídico, respectivamente. A cidadania nada mais é que uma
espécie de status que caracteriza a possibilidade de possuir direitos políticos e civis na
sociedade. Já o pluralismo político é princípio que respeita a livre criação de correntes
políticas, permitindo assim a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do
país. O caput do art. 1º da Constituição Federal proclama a República Federativa do Brasil
como sendo um Estado Democrático de Direito, caracterizando seu regime como
democrático. Sendo assim, os princípios expostos nos incisos II e V do art. 1º bem como
caput do mesmo artigo que classificam o regime do Brasil como Democracia, tipificam esses
princípios como sendo Fundamentais do Regime Político-Social.

A dignidade da pessoa humana é expressa no inciso III do art. 1º, e esta configura uma
característica inerente ao ser humano, que garante o absoluto respeito aos direitos
fundamentais de todo ser humano, além de condições mínimas para a sobrevivência. Depois,
o inciso IV do art. 1º exprime o princípio dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa,
que são aqueles que visam estabelecer uma harmonia entre o capital e trabalho, protegendo os
direitos trabalhistas, o trabalhador autônomo e o empregador. O art. 3º da Constituição revela
alguns objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil que são metas a serem
atingidas como, construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento
nacional, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e
promover o bem de todos, sem quaisquer preconceitos ou outras formas de discriminação.
Esses objetivos fundamentais por visarem o bem-comum proporcionado pelo Estado, assim
como os princípios dos incisos III e IV do art. 1º caracterizam esses princípios como
fundamentais da Estrutura Social do Estado.

O art. 4º da Constituição Federal, encerra o Título I (o dos Princípios Fundamentais),


e apresenta os valores que vão nortear as relações internacionais. Nele enumeram-se dez
princípios, sendo eles, a independência nacional, a prevalência dos direitos humanos (o
respeito a individualidade do ser humano), a autodeterminação dos povos, a não-intervenção,
a igualdade entre os Estados, a defesa da paz, a solução pacífica dos conflitos, o repúdio ao
terrorismo e ao racismo, a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e a
concessão de asilo político. Todos esses princípios encerram o Título I e se classificam como
os princípios fundamentais das relações internacionais do estado. Além disso, o parágrafo
único do mesmo artigo possibilita a integração econômica, política, cultural e social entre os
povos da América Latina, como é o exemplo do bloco econômico do MERCOSUL.

O último título, o IX, da parte dogmática da Constituição Federal contém as


Disposições Constitucionais Gerais, que estão expressas entre os art. 234 ao 250, sendo o art.
233 tendo sido vetado. Nele, são tratadas as disposições que versam sobre conteúdos variados
e que não foram inseridas em outros títulos em geral por tratarem de assuntos muito
específicos. Com isso, se encerra a parte dogmática e em seguida, se dispõe o Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), a última divisão da estrutura da
Constituição Federal. O mesmo, como o próprio nome indica, dispõe de regras temporárias,
feitas para desaparecer com o tempo, que servem para regular a transição entre o regime
constitucional antigo e o novo.

Nessa parte da Constituição, ainda dispõem, as emendas constitucionais à


Constituição Federal de 1988, que já totalizam 107 e tem como objetivo garantir que a
Constituição seja mais facilmente modificada, para se adaptar e permanecer atualizada diante
de relevantes mudanças sociais. Um exemplo, é o caso da Emenda Constitucional n.º 45, de
2004, que adicionou ao art. 5º, o § 3º, que dispõe de tratados e convenções internacionais dos
atos internacionais constitucionalizados.
Tema II: OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Os primeiros artigos da Constituição Federal de 1988 (arts. 1º ao 4º) englobam o


Título I do corpo dogmático da Constituição, e abordam como tema, os princípios
fundamentais. Com esses artigos, se encerra o Título I e é introduzido o Título II da
Constituição, que aborda o tema dos direitos e das garantias fundamentais. Existem três tipos
de fundamentos de direitos e garantias fundamentais, sendo eles, o fundamento constitucional
(que são aqueles expressos na Constituição de maneira explícita ou implícita), o fundamento
infraconstitucional (aqueles expresso nas leis) e os que tenham como fundamento os tratados,
acordos e convenções internacionais nas quais o Brasil é signatário. Assim como os
princípios fundamentais, os direitos fundamentais também se dividem em duas classificações,
sendo elas os direitos explícitos e os implícitos. Os primeiros, os direitos explícitos, são
abordados ao longo dos arts. 5º ao 17, pois a própria Constituição assim os prescreve.
Enquanto isso, os direitos fundamentais implícitos são tratados nos arts. 170 ao 232,
decorrentes da própria Constituição Federal.

Primeiro, para entender o que são os direitos e garantias fundamentais, deve-se


compreender o sentido da palavra direitos e garantias, bem como a finalidade desses direitos
e garantias fundamentais na sociedade. Segundo o professor de Direito, Dimitri Dimoulis, são
estabelecidos quatro significados diferentes para o termo direito, no entanto apenas dois são
relevantes e se relacionam com o termo em questão. São eles, o significado de que o direito é
o justo, e estabelece aquilo que cada pessoa deve fazer ou deixar de fazer em uma sociedade
bem organizada e justa, e o outro é que o direito é o que uma pessoa pode fazer, tendo em
vista a possibilidade de votar, por exemplo. Ambos esses significados se relacionam e
completam o significado da palavra direitos, representando por si os bens, e ainda contribuem
para a explicação do que são e qual é a finalidade dos direitos fundamentais. Já o significado
da palavra garantias se relaciona no sentido de assegurar o proveito desses bens representados
pelos direitos.

Com isso, define-se os direitos fundamentais como nada mais sendo do que os direitos
subjetivos que possuem maior carga valorativa e compõem o núcleo da proteção da dignidade
da pessoa humana. O jurista Canotilho apresenta como função desses direitos fundamentais,
duas finalidades, sendo uma delas negativa e outra positiva sobre as relações entre os poderes
públicos e os cidadãos. A visão negativa para o jurista, se baseia em defender a esfera jurídica
dos cidadãos diante da intervenção ou agressão dos poderes públicos. Já a visão positiva,
determina essa relação cedendo aos cidadãos o poder de exercer positivamente a liberdade
positiva e de exigir omissões dos poderes públicos, evitando assim agressões lesivas por parte
dos mesmos (liberdade negativa).

O Título II da Constituição Federal de 1988, Dos Direitos e Garantias Fundamentais,


acaba por se dividir em cinco capítulos, e por consequência em cinco espécies ao gênero
direitos e garantias fundamentais, que são adotadas pelo legislador constituinte. Esses cinco
capítulos e classificações adotadas pelo legislador são: o dos direitos individuais e coletivos,
o dos direitos sociais, dos direitos de nacionalidade, dos direitos políticos e dos direitos
relacionados a existência, organização e participação em partidos políticos. Essa divisão, no
entanto, não é a única, visto que os doutrinadores também apresentam uma divisão dos
direitos fundamentais, classificando-os em primeira, segunda e terceira gerações.

A divisão apresentada na Constituição Federal determina em no Capítulo I o art. 5º


como o único a abordar o tema dos direitos e deveres individuais e coletivos. No caput do
artigo, é expresso o princípio da igualdade entre todos os brasileiros e estrangeiros residentes
no País, promovendo assim a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. Deve-se destacar que, os homens e mulheres, segundo o art. 5º,
são tratados igualmente em relação à direitos e obrigações por serem moralmente iguais. No
entanto o próprio ordenamento jurídico permite um tratamento diferenciado entre ambos,
quando justificado para certas circunstâncias, como é o caso do serviço militar obrigatório
para os homens e não para as mulheres.

O Capítulo II aborda como tema, Os Direitos Sociais, e engloba os arts. 6º ao 11 da


Constituição. No caput do art. 6º é expresso uma série de direitos sociais que precisam ser
regulamentados por outras leis e que definem a essência do que a nação se compromete a
garantir. Entre eles são destacados os direitos à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho,
a moradia, ao lazer, a segurança, a previdência social, proteção à maternidade e à infância e a
assistência aos desamparados. Em seguida o Capítulo III, trata sobre os direitos da
nacionalidade e compreende os arts. 12 e 13 da Constituição. No art. 12, se estabelece quem
tem direito à nacionalidade, sendo eles, os brasileiros natos e naturalizados. No entanto, deve-
se primeiro entender o significado da palavra nacionalidade bem como da distinção com a
palavra cidadania. A nacionalidade é a diferenciação entre o nacional (que tem vínculo
jurídico-político com determinado Estado) e do estrangeiro (que não possui tal vínculo), já a
cidadania é a diferenciação entre aqueles que possuem direitos políticos daqueles que não
tem ou estão privados de tais direitos. Em seguida, o art. 13 apresenta a língua oficial do
Brasil, o português, bem como os símbolos que representam a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios.

O Capítulo IV, nos seus arts. 14 ao 16 trata dos direitos políticos expressos da
Constituição. Podemos afirmar que esses têm como finalidade, concretizar a soberania
popular, bem como dar o direito de intervir na condução das políticas públicas de diversas
formas. Entre esses direitos, os arts. 14 ao 16 expressam o direito de sufrágio universal, do
voto direto e secreto e o da participação em plebiscitos, e de referendos ou iniciativas
populares. O capítulo seguinte é o último do Tema II da Constituição, sendo ele o Capítulo V,
onde aborda os direitos dos partidos políticos. Esse capítulo compreende apenas o art. 17 da
Constituição Federal, onde é abordado a liberdade de organização partidária. No caput desse
artigo é expresso “a livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos”,
sendo necessário a resguarda da soberania nacional, do regime democrático, do
pluripartidarismo, dos direitos fundamentais da pessoa humana, entre outros aspectos. Com
esses cinco capítulos, se encerra a divisão sobre os direitos e garantias fundamentais proposta
pela Constituição Federal.

Já a outra forma de divisão desses direitos e garantias fundamentais é proposto pelos


doutrinadores, que os dividem em três gerações ou dimensões baseadas na ordem histórica
cronológica em que foram reconhecidos. A primeira geração, como destaca o Ministro Celso
de Mello, são os direitos e garantias individuais e políticos clássicos (liberdades públicas),
que realçam o princípio de liberdade. Já os direitos da segunda geração, seriam os direitos
sociais, econômicos e culturais, e que acentuariam o princípio da igualdade. A terceira
geração, ainda na visão do Ministro, protege os direitos de solidariedade ou fraternidade, que
englobariam o direito a um meio ambiente equilibrado, a uma saudável qualidade de vida, ao
progresso, à paz, à autodeterminação dos povos, entre outros direitos. Ainda no mesmo
sentido, Manoel Gonçalves Ferreira Filho define que “a primeira geração seria a dos direitos
de liberdade, a segunda, dos direitos de igualdade, a terceira, assim, complementaria o lema
da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade”.
Assim como os Direitos Constitucionais, as Garantias Constitucionais, que são
percebidas estruturas normativas e instrumentos processuais, também possuem classificações,
sendo elas, garantias concretas e difusas, e as garantias abstratas e concentradas. A primeira
delas, as concretas e difusas, estabelecem instrumentos processuais de defesa, administrativa
ou jurisdicional, dos direitos dos indivíduos ou das coletividades. São essas garantias, o
direito de petição (art. 5º, XXXIV), o direito de ação (art. 5º, XXXV), o habeas corpus (art.
5º, LXVIII), o habeas data (art. 5º, LXXII), o mandado de segurança (art. 5º, LXIX e LXX),
o mandado de injunção (art. 5º, LXXI), a ação popular (art. 5º, LXXIII) e a ação civil pública
(art. 129, § 1o).

Já o segundo tipo de garantias, as abstratas e concentradas, definem instrumentos


processuais de competência jurisdicional concentradas no STF em defesa da supremacia
normativa da Constituição, afetando assim o ordenamento jurídico e de alguma maneira toda
a sociedade. Entre elas, destaca-se a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI (art. 102, I),
a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO (art. 103, § 2o), a Ação
Declaratória de Constitucionalidade – ADC (art. 102, I), a Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental – ADPF (art. 102, § 1o), a Representação Interventiva (art. 36, III), a
Reclamação Constitucional (art. 102, I), o Recurso Extraordinário (art. 102, III) e a Súmula
Vinculante (art. 103-A).

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