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O palestrante e o palerma

Nosso tempo é tão curto e tenho tantas tarefas a fazer que às vezes penso mesmo que
não deveria perder uma meia horinha com algumas reflexões. Inútil. Não consigo. A crônica
está na minha alma. Escrever sobre o que penso é muito bom. Gosto de usar as palavras para
lavar a alma. Entrei no mestrado assim e não pretendo mudar!
Bem vamos aos fatos!
Ontem depois de uma boa palestra sobre “ O papel da psicologia na formação
docente” me peguei pensando sobre nosso comportamento diante do saber, ou melhor diante
de uma palestrante que obviamente tem grande domínio sobre o assunto em pauta, pelo
menos nas palestras promovidas pela pós-graduação tem sido assim.
Após a fala de mais de uma hora, a palestrante abriu espaço para as perguntas. Então
uma professora colocou sabiamente que era difícil fazer perguntas, pois no meio acadêmico
espera-se que as pessoas façam perguntas no mínimo inteligentes.
Então fiquei pensando. Meu Deus, mas afinal o que são perguntas inteligentes?
Inteligentes para quem? Quem pode afirmar que uma pergunta não é inteligente? Acho que
perdi essa aula onde ensinaram como se faz uma pergunta absolutamente inteligente. Vai ver
estava na cantina filosofando como o Beto , a Cris e aquele povo doido.
Em matéria de perguntas, até então, eu pensava que todas fossem inteligentes, já que
expressam uma dúvida. Uma reformulação do que fora dito com aquilo que se sabe a respeito
e com o que não sabe também e de como gostaria que fosse.... sei lá uma coisa confusa assim
mesmo , mas que no fim vira uma pergunta.
Depois dessa colocação nenhuma pessoa quis fazer pergunta nenhuma, não sei bem o
porquê. Até as professora de cabelos brancos resolveram se calar.
Mas eu perguntei, tinha que perguntar, mesmo correndo o risco, ou melhor, tendo a
certeza de parecer burra. Contudo não fui burra sozinha, uma amiga a essa altura do
campeonato tão burra quanto também ousou engrossar a fileira asinina e fazer uma pergunta.
Enfim levamos nossa burrice adiante!
A resposta foi .... digamos... não tão boa, mas enfim isso não tem a menor importância
nesse texto pois, o fato para o qual quero chamar atenção dos colegas é de como temos nos
comportado diante do saber. O saber que deveria nos levar a alçar voos, desvendar novos,
mundos, empoderarmos, para usar uma palavra da moda...simplesmente tem nos
encurralado. Nos sentimos ignorante o tempo todo, e o tempo todo somos encorajados a não
abrir as nossas azêmolas bocas.
Será que nossos alunos também não têm sofrido deste mal? Se nós que somos adultos
e já usamos grande parte do nosso estoque de vergonha, de modo que este já tenha reduzido
bastante com o passar dos anos, nos sentimos envergonhados diante da possiblidade de ter
uma “pergunta não inteligente” para fazer, imagine como se sente um adolescente cheio de
grilos na cabeça em uma sala de aula repleta de julgadores, e ele ali doidinho para fazer uma
pergunta bem burrinha. Eu que sempre acreditei que todas as perguntas fossem inteligentes e
as respostas sim, é poderiam ser burras, fiquei ali olhando para uma sala de acadêmicos
emudecidos.
Então pensei em perguntar algo a vocês sobre isso, caros colegas do MPE. Mas enfim
acho que é melhor silenciar-me.

Shirley.

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