Campos de Belo Horizonte - CBH Disciplina: Pesquisa em Educação Alunos: Daniela, Erica, Esdras e Miriam
Segundo Serrano (1994), diversos autores reconhecem Kurt Lewin como o
criador desta linha de investigação, ele descrevia o processo de pesquisa ação indicando como seus traços essenciais; analise coleta de dados e conceituação de problema; planejamento da ação, execução e nova coleta de dados para avaliá-la; repetição desse ciclo de atividades. Os livros de pesquisa da década de 1950 descrevem esta metodologia como uma ação sistemática e controlada desenvolvida pelo próprio pesquisador. Existem várias correntes de pesquisa-ação como a linha anglo-saxônica, que adquire um caráter de diagnóstico, também a corrente australiana, que além de centrar suas preocupações no currículo, vai mais além, propondo que a pesquisa volte-se para atividades de desenvolvimento profissional, para programas de melhoria da escola, para o planejamento de sistemas e o desenvolvimento de políticas. Ha também a corrente francesa que tem um olhar voltado para a educação não-formal, ou seja, a educação de adultos, educação popular, educação permanente e a animação sociocultural. Seu alvo é a consciência do grupo para uma ação conjunta em busca da emancipação. Michel Thiollent, no seu livro Metodologia da Pesquisa-Ação, define pesquisa- ação como um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou resolução de um problema, no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Essa pesquisa visa sempre implementar alguma ação que resulte em uma melhoria para o grupo de participantes, geralmente pertencentes as classes economicamente desfavorecidas. Uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação, quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação, também é preciso que a ação seja uma ação não-trivial. A pesquisa-ação se difere dos métodos tradicionais de pesquisa pela sua flexibilidade e a ação dos pesquisadores, que ocorre em momentos diversos da pesquisa com a aplicação do esquema: formulação de hipótese/coleta de dados/comprovação de hipótese. Sendo ela então incapaz de formular hipóteses com variáveis precisas. Além da participação dos investigadores, a pesquisa-ação supõe uma participação dos interessados na própria pesquisa organizada em torno de uma ação planejada, de uma intervenção com mudanças dentro da situação investigada. A pesquisa-ação requer uma forma de observação participante associada à ação cultural, educacional, organizacional, política ou outra. Ela faz parte de um projeto de ação social ou da resolução de problemas coletivos. Em ambos os casos os investigadores precisam ter certo nível de informações. Antonio Carlos Gil (2002) apresenta alguns conjuntos de ação que podem ser consideradas como etapas da pesquisa-ação, sendo elas: Fase Exploratória (procura determinar o campo de investigação, as expectativas daqueles que irão participar da pesquisa e o auxílio que estes poderão oferecer reconhecimento visual do local, a consulta a documentos diversos além da discussão com os representantes das características sociais envolvidas na pesquisa); Formulação do Problema (problema será formulado, procurando sempre uma maior precisão, grande valor em como fazer as coisas em um determinado problema, não se restringe apenas aos aspectos práticos, pois a mediação teórico-conceitual se torna presente ao longo de toda a pesquisa); Construção de Hipóteses (construção de hipóteses com os resultados obtidos, que deverão ter termos claros, precisos e concisos, que não causem ambigüidades gramaticais e possa ser verificado empiricamente); Realização do Seminário (serão reunidos os principais membros da equipe de pesquisadores e parte dos membros dos grupos interessados na pesquisa, recolhidas as propostas dos participantes, discutidas e aprovadas, e assim serão elaboradas as diretrizes da pesquisa-ação); Seleção da Amostra (quando o universo de investigação é geograficamente concentrado e pouco numeroso, convém que sejam pesquisados todos os elementos, se for numeroso e esparso, é recomendável a seleção de uma amostra, sendo elas não probabilísticas selecionadas pelo critério de intencionalidade); Coleta de Dados (a técnica mais usada é a entrevista aplicada coletivamente e individualmente, também se utiliza o questionário, principalmente quando o universo a ser pesquisado é constituído por grande número de elementos, observação participante, a história de vida, a análise de conteúdos e o sociodrama); Análise e Interpretação dos Dados (são relativas, pois haverá pesquisas que os procedimentos a serem adotados serão semelhantes aos da pesquisa clássica: categorização, codificação, tabulação, análise estatística e generalização e em outras em que o procedimento será a discussão em torno dos dados obtidos, com a presença dos pesquisadores, participantes e especialistas convidados, de onde decorrerá a interpretação de seus resultados); Elaboração do Plano de Ação (se concretizará com o planejamento de uma ação para enfrentar o problema que foi investigado e deverá indicar: quais objetivos que se pretende atingir; a população a ser beneficiada; a natureza da relação com as instituições que serão afetadas; a identificação das medidas que podem contribuir para melhorar a situação; os procedimentos a serem adotados para assegurar a participação da população e incorporar suas sugestões; a determinação das formas de controle do processo e de avaliação de seus resultados); Divulgação dos Resultados (poderão ser divulgadas a setores interessados através de simpósios, congressos, conferências, meios de comunicação de massa ou a elaboração de relatórios). A pesquisa-ação na educação tem sua aplicação na formação de adultos, educação popular, formação sindical, entre outras. Esse método passou a ser utilizado a partir da desilusão dos pesquisadores da área com a metodologia convencional, ela proporcionou a possibilidade de produção de informações e conhecimentos de uso efetivo, como esclarecer situações escolares, definir objetivos de ação pedagógica e de transformação mais abrangente. A pesquisa-ação busca solução de problemas com a participação dos usuários do sistema escolar, essa reconstrução do sistema de ensino tem o objetivo de produzir idéias que antecipem o real ou que delineiem o ideal.
BIBLIOGRAFIA
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São
Paulo:Atlas, 2002. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 12 ed. São Paulo: Cortez,2003.