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O touro morre à meia noite.

Triste sina metamórfica.

Os que ficam,

ficam condenados a não regressar

da morte do touro.

O touro morre à meia noite.

As farpas transportam

o sorriso materno decadente

que brilha no sol nocturno.

O touro morre à meia noite.

Ninguém restará para contar a história.

A morte é contagiosa.

Infectados ficam os que nada dizem,

os que guardam na lua mental

o lado não visível da memória.

Tragam louvores!

Tragam louvores!

Médicos, engenheiros e doutores!

Músicos e artigos de revista;

tudo positivo, tudo bom!

A morte não interessa

aos olhos de quem não vê;

de quem não quer ver.

O touro morre à meia noite.


O sangue pisado, o orgulho pisado,

o medo do ridículo, o ridículo do medo;

os olhos em forma de lua,

O sol!

O sol da noite desapareceu,

o sorriso decadente

transformou-se em choro desesperado,

a morte chegou,

a morte chegou na praça,

a praça chegou na morte,

Aplausos para a morte!

Aplausos para a morte!

Aplausos para a morte!

Aplausos para a morte!

O touro morre à meia noite!

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