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Dissertação - As Luzes Da Cidade - Iluminação Arquitectónica e Urbanística. Proposta para Caldas Da Rainha
Dissertação - As Luzes Da Cidade - Iluminação Arquitectónica e Urbanística. Proposta para Caldas Da Rainha
Júri
Presidente: Prof. António Barreiros Ferreira
Orientador: Prof. Nuno Matos Silva
Vogal: Prof. Pedro Brandão
Setembro 2009
As Luzes da Cidade – Iluminação Arquitectónica e Urbanística
Proposta para Caldas da Rainha
Agradecimentos
In this work, it is discussed the subject of Lighting in public space, especially the perspective of
lighting’s planning, aiming to investigate possible lighting strategies to apply in diferent city
areas.
Primarily, it is seek to understand, in general, the evolution, the actual state and lighting’s
characteristics, as much as the processes and tendencies of lighting design (and lighting
strategies presented in pre-existing plans); so that, secondarily, it is possible to develop a
lighting plan proposal for Caldas da Rainha, supported by the knowledge acquired during the
previous part of the work.
As such, chapter 1 – Historical Evolution – focuses on the way lighting has evolved along time,
on the techniques, needs’ satisfaction, tendencies and its influence over society.
The chapter 2 – The Light – tries to explain the physical characteristics of light, and its relation
to vision.
In chapter 3 – Creating Light – the processes and current tendencies of lighting design are
approached, namely the project method, and the most relevant aspects related to public space
lighting.
The next half of the work – chapter 4 – presents the lighting plan proposed, where were
developed lighting strategies to different city areas.
It is concluded that were summarized possible lighting strategies to diverse urban areas (of
different typologies), as much for the exposure of the strategies within the plans that existed
until now (restrict to historical areas), as for the proposal of others to different areas of Caldas
da Rainha, that eventually can be replicable in other territories.
1ªParte 3
Capítulo.2 – a Luz 9
… 9
A física da Luz 9
Características da Luz e da Iluminação 9
Conclusão 60
Bibliografia 64
Lista de Abreviações
IRC – Índice de Reprodução de Cores;
LED – Light Emitting Diode (Diodo Emissor de Luz).
OLED – Organic Light Emitting Diode (Diodo Emissor de Luz Orgânico)
RGB – Red/Green/Blue (Vermelho/Verde/Azul) – sistema de cores
1
entendendo-se como espaço público ―o espaço que é fundador da forma urbana, o espaço “entre
edifícios” que configura o domínio da socialização e da vivência “comum”, como bem colectivo da
comunidade. Podendo em última análise, ser ou não de propriedade pública (e mesmo podendo ser não
apropriável, como o espaço aéreo), os espaços públicos devem ser sempre vistos como bens de
utilização livre, de acordo com um padrão de uso socialmente aceite‖ Brandão (2008)
2
dados cronológicos retirados de ―Made of Light” Major et al. (2005); cronologia completa no Anexo 2
3
Em alguns casos o sistema de iluminação a gás foi reaproveitado, substituindo-se o depósito central
pelo gerador eléctrico, e passando-se os cabos pela antiga tubagem de gás. Nos candeeiros bastava
alterar o interior da luminária, substituindo o queimador pela lâmpada.
4
Nova York, EUA
A Iluminação Hoje
Nas cidades de hoje, observa-se que a prática corrente continua a ser o recurso a uma
iluminação essencialmente operacional. Em locais relevantes a nível histórico, comercial, ou
turístico, é frequente um maior cuidado relativo ao sistema de iluminação pública, mas este
cuidado resume-se habitualmente a aumentar os níveis de iluminação (quase sempre de forma
exagerada, pouco reflectida e trabalhada) e à estética da luminária. Não passa portanto de um
esquema de iluminação standard, embora com mais luz e luminárias de desenho mais cuidado.
Esta tendência parece resultar não de uma opção consciente mas sim de desconhecimento
(generalizado e em especial por parte de decisores políticos e técnicos) relativamente às
capacidades (e até á economia) de uma iluminação pensada especificamente para o local, face
a uma iluminação standard (geralmente não mais que uma iluminação viária).
No entanto observa-se uma mudança nos últimos anos. A importância e as capacidades da
iluminação como matéria arquitectónica têm adquirido reconhecimento e protagonismo no
ambiente urbano.
Assim, o design de iluminação afirma-se cada vez mais como uma disciplina autónoma e com
características próprias. Com efeito, para a consolidar como tal, em 27 de Outubro de 2007, é
feita a declaração para o estabelecimento oficial da profissão/disciplina ―Architectural Lighting
Design‖5 na Professional Lighting Design Convention (PLDC), em sessão plenária que decorreu
em Londres. Em Portugal foi criado em 2006 o Centro Português de Iluminação (CPI).
Eventos como o ―luzboa‖ – bienal de luz realizada em Lisboa em 2004, 2006, e 2008 – e
algumas iluminações de qualidade que foram sendo implementadas um pouco por todo o país
(geralmente associadas a projectos de requalificação), demonstram também uma evolução e
uma tomada de consciência (ainda que não seja generalizada, mas em diversos sectores)
sobre o design de iluminação.
5
Anexo 3
6
Nova York
…
Para responder às questões que neste trabalho se procuram investigar torna-se necessária a
compreensão dos conceitos base sobre a luz e a visão. São estes aspectos que se abordam
no segundo capítulo
…
A física da Luz
De todo o espectro electromagnético que chega até nós, quer seja proveniente do Sol ou de
uma lâmpada, apenas conseguimos ver uma parte – frequências entre 430nm e 750nm. É a
essa parte do espectro para nós visível que chamamos luz. Ao analisarmos todo o espectro da
luz solar que chega á terra – que vai dos raio-X (comprimentos de onda mais curtos) até às
ondas rádio (comprimentos de onda maiores) – verifica-se que é na faixa do espectro para nós
visível que se regista a maior intensidade. ―Não é coincidência que os nossos olhos tenham
evoluído para poderem fazer uso da porção da radiação solar que é mais acessível‖ Lechner
(2007). Na continuação do espectro visível, com comprimentos de onda mais curtos,
encontram-se as radiações ultra-violetas, e com comprimentos de onda mais longos, encontra-
se a radiação infra-vermelha.
A luz, conforme o seu espectro, terá maior ou menor capacidade de reproduzir correctamente
as cores das superfícies que ilumina. Depende das características da fonte. Lam (1977) refere
que ―para a apreciação precisa da cor é necessária luz de espectro contínuo: luz que é
produzida por fontes de “corpo negro” aquecido como um filamento duma lâmpada
incandescente ou o Sol.‖
O Índice de Reprodução de Cores (IRC), também por vezes denominado Índice de
Reconstituição de Cores, diz-nos, de forma aproximada, dessa capacidade. É uma escala de 0
a 100, onde 100 corresponde a uma reprodução de cores semelhante á da luz natural
(considerada a reprodução perfeita) para as cores testadas. Há que ter em atenção que para
esta classificação, é testado apenas um número reduzido de cores (8), que embora sejam
demonstrativas para uma gama de cores mais alargada, não garante que uma luz com
IRC=100 seja equiparável á luz natural para todas as cores.
Não cabendo a um arquitecto a quantificação e domínio de todos estes conceitos, a sua
apreensão é contudo vital para os intervenientes no projecto de iluminação.
É ainda de registar que a luz apenas se torna visível na fonte e ao incidir sobre a matéria. No
espaço, no vazio, a luz não se revela. Logo, a iluminação terá necessariamente de ser pensada
na perspectiva de iluminar as superfícies, não o espaço.
…
Este capítulo abordará a forma de projectar iluminação para o espaço público, desde a
metodologia de projecto em design de iluminação, aos aspectos mais relevantes a ter em
consideração neste tipo de projecto.
…
O projecto de iluminação
O projecto de iluminação é, essencialmente, a definição do que se ilumina e do que não se
ilumina, e como. Tal implica escolhas, que não deverão ser aleatórias mas sim apoiadas na
arquitectura e urbanismo – ―Os Designers de Iluminação são parte integrante do
desenvolvimento do projecto de Arquitectura. Estes cooperam coordenando a sua actividade
profissional junto das outras especialidades relevantes no mesmo projecto, actuando como
7
garante do seu sucesso integral‖ – bem como na história e na cultura. No entanto, a
iluminação não será sempre entendida apenas como produto da arquitectura ou do urbanismo.
Pode responder (de forma independente ou simultânea) a outros factores (operacionais,
culturais, climatéricos, etc.) e assim introduzir novos estímulos que poderão ser um contributo
para a arquitectura e urbanismo.
7
Artigo 3 da declaração da profissão
A tendência actual é de que o projecto de design de iluminação seja resolvido em ordem a três
vertentes principais: operacionalidade; estética e caracterização do local; ecologia.
Na operacionalidade estão compreendidos os aspectos mais básicos da iluminação como
sejam, garantir níveis de iluminância que permitam a circulação (pedonal ou viária) e a estadia
no espaço público de forma confortável e segura.
A estética e caracterização do local é a vertente que responde aos aspectos da concepção e
imagem dos locais iluminados, e de percepção e entendimento (organização, hierarquização,
de actividade, históricos, etc.) sobre esses locais.
A vertente da ecologia relaciona-se essencialmente com três aspectos: consumo energético, e
as consequentes emissões de gases poluentes; e a poluição luminosa, inibidora da vista do
céu estrelado nas cidades, que se deve á refracção da luz na atmosfera; produção e fim de
vida das lâmpadas, equipamentos, e suportes. Estes pontos serão tratados de forma mais
aprofundada em ―As questões ecológicas‖.
Um projecto de iluminação para o espaço público ganhará em não se debruçar apenas sobre a
iluminação pública e patrimonial. Como já foi referido, existem outros tipos de iluminação no
espaço público – Iluminação Comercial, Operativa, Efémera, Artística, e formas de iluminação
indirecta – que contribuem para a imagem nocturna da cidade.
Logo, todos deverão ser devidamente ponderados no projecto, podendo-se propor articulações
entre diversos tipos de iluminação (ainda que alguns sejam de difícil controlo por parte do
projectista, e alguns tenham maior expressão e relevância que outros) com resultados
tendencialmente mais satisfatórios.
…
Em seguida serão tratados diversos aspectos de iluminação, relevantes no desenvolvimento
dum projecto, em especial no que se refere á iluminação do espaço público
…
Intensidade da iluminação
Geralmente é tido por certo que mais iluminação é melhor iluminação e que tudo deve ser
iluminado com o máximo de intensidade possível, como uma reprodução da luz solar durante a
A intensidade da iluminação (como também o esquema, a cor, etc.) pode variar ao longo do
tempo – ao longo da noite ou até sazonalmente – adaptando-se às actividades e ao nível de
actividade. Esta solução, normalmente associada à poupança energética, pode também ser
encarada como uma forma de mutação da imagem nocturna do espaço e da percepção que
temos sobre este.
Tal como observado anteriormente, no espaço público estão presentes diversos tipos de
iluminação, sendo os mais relevantes ao nível da intensidade, a iluminação pública,
patrimonial, e comercial. A intensidade destas últimas é frequentemente bastante elevada,
observando-se facilmente situações em que, isoladamente ou conjugadas, apresentam
intensidades claramente superiores á iluminação pública, e superiores ao níveis considerados
necessários. Assim, ―em certas situações, poderá a iluminação dos edifícios urbanos permitir a
Continuidade da iluminação
A continuidade do esquema de iluminação ao longo de um espaço – rua, praça, largo – mostra-
se de extrema importância para que a iluminação seja compreendida como una e inerente a
esse espaço. Diversas soluções ao longo de um mesmo espaço, ainda que possam ser
soluções de qualidade, tenderão a parecer apenas uma acumulação desconexa e confusa,
tornando a iluminação no seu todo, desinteressante.
A continuidade da iluminação não se prende com a sua uniformidade. Variações ao longo do
espaço – de ritmo, tonalidade, intensidade, etc. – mostram-se perfeitamente válidas e
compatíveis com uma leitura una, desde que estas sigam regras ou padrões perceptíveis.
Numa analogia com o som poderíamos dizer que a iluminação deve ser um conjunto de sons
que resulte numa música e não em ruído.
Tonalidade da luz
A luz pode ser colorida, ou branca com determinada tonalidade.
A luz de cor é capaz de provocar ambientes e sensações bastante fortes. Pode alterar
drasticamente a cor e aparência dos objectos sobre os quais incide, causando surpresa. Como
tudo o que é de grande exuberância e impacte está a um curto passo entre o excelente e o
medíocre, e as reacções que gera podem ser antagónicas, uns ficarão deslumbrados e outros
acharão detestável, uns sentir-se-ão embebidos num ambiente fantástico e outros
desconfortáveis. Com alguma frequência, as iluminações de cor intensa, após um impacte
inicial positivo, tornam-se monótonas ou cansativas. Talvez por isso, como se refere em Made
of Light (Major et al., 2005), o uso de luz colorida em nossas casas se mantenha mais contido e
subtil.
É de referir ainda o grande consumo energético que geralmente está associado a uma
iluminação de cor. Isto porque a maioria das fontes não emite luz de uma única cor, com
excepção das fontes monocromáticas (geralmente LEDs), mas sim uma luz com um espectro
mais abrangente, á qual se fazem subtracções através de filtros, chegando-nos apenas a luz
na frequência correspondente á cor desejada. Assim, para a luz colorida atingir a mesma
A própria luz branca pode ser totalmente branca ou apresentar tonalidades diversas. Como
anteriormente referido, recorre-se à classificação por temperatura de cor (em Graus Kelvin (ºK))
para fazer referência às diferentes tonalidades da luz, que se dividem em ―quentes‖ – tons de
laranja, amarelo, dourado, correspondentes a temperaturas de cor mais baixas – e ―frias‖ –
tons de verde, azul, lilás, correspondentes a temperaturas de cor mais altas.
A tonalidade da luz branca fará realçar determinados tons das superfícies sobre as quais
incide. Assim, não surpreenderá que a tonalidade da luz escolhida possa dar um agradável
realce ao elemento que ilumina ou, pelo contrário, adulterar a sua aparência.
A escolha das tonalidades mostra-se um factor decisivo na imagem das superfícies iluminadas
e do conjunto, e a minúcia necessária para um resultado de qualidade, sublinha a importância
dos testes de iluminação no local e do conhecimento sobre iluminações anteriormente
realizadas.
Reprodução de cores
A luz, como já referido em ―Características da Luz e da Iluminação‖, pode reproduzir as cores
das superfícies com maior ou menor fidelidade, dependendo das características da fonte.
Na maioria das situações, uma iluminação capaz de reproduzir as cores das superfícies com
grande fidelidade – sejam estas de edifícios, pavimentos, árvores, ou de outros elementos
existentes no espaço público – mostra-se vantajosa, tanto a nível estético como perceptivo.
A iluminação corrente nas nossas cidades assenta essencialmente nas lâmpadas de sódio a
alta e a baixa pressão, devido aos baixos e equilibrados custos implementação, manutenção, e
energéticos. As de baixa pressão (luz de tonalidade bastante amarela), com fraquíssima
capacidade de reprodução de cores (IRC=20), são vulgarmente utilizadas em zonas
consideradas menos ―nobres‖ (estacionamentos, algumas vias, túneis, etc.). Nos restantes
locais, recorre-se geralmente às lâmpadas de sódio a alta pressão (luz branca com tonalidade
amarela), com melhor (mas ainda baixa) capacidade de reproduzir as cores (IRC até 60).
Sob uma luz com fraca capacidade de reprodução de cores, materiais como a pedra ou o
azulejo (entre outros) podem sofrer uma grande descaracterização, tornando-se pouco
expressivos. O mesmo pode acontecer a produtos expostos nas montras que, frequentemente,
para além da iluminação própria das montras, sofrem a incidência da iluminação pública.
A dimensão cultural
Por outro lado, é impossível não atender á dimensão cultural da luz. No Ocidente a luz tem
conotações com a pureza e com a divindade, e é por isso objecto de contemplação. No Japão
tradicional contemplam-se os locais que permanecem na penumbra, tidos como locais de
meditação. Aqui, como refere Tanizaki (1933), pequenos brilhos – de trabalhos em dourado ou
dos vidrados cerâmicos – de outro modo imperceptíveis, ganham realce na profundidade da
sombra.
Já no Japão contemporâneo (de certo modo ocidentalizado), existe uma adoração pela luz.
Mas não pela visão da luz ―divina‖ ou ―pura‖ dos ocidentais. Parece ser a luz como sinónimo de
actividade que provoca essa adoração – a publicidade luminosa em constante mutação, os
néons e os seus ritmos de acendimento, o strobe da discoteca.
Esta dimensão cultural tem em alguns aspectos relação com o clima. Isto torna-se evidente ao
nos apercebermos de que ― (…) no hemisfério norte, luz quente parece ser a escolha natural no
inverno enquanto que em climas mais quentes o uso de fluorescentes frias é mais usual‖
(Major et al., 2005).
Também os materiais utilizados nos revestimentos das construções, a forma como estes
reflectem a luz, tem em parte uma génese cultural e ambiental. Nos países mediterrânicos,
onde o Sol brilha de forma intensa, os edifícios são revestidos com materiais baços que tornam
a luz mais difusa. Já na Europa Central, os gradeamentos, ornamentos dos edifícios, e cúpulas
Fontes de Luz
As lâmpadas, origem da luz artificial, interessam ser estudadas especialmente no que se refere
às características da luz emitida e aplicabilidade á iluminação do espaço público. Na tabela 1
expõem-se as características e as vantagens e desvantagens das lâmpadas mais usuais.
Destaca-se que as lâmpadas mais utilizadas em ambiente exterior – sódio a baixa e a alta
pressão; iodetos metálicos – têm pouca aplicação em interior devido a geralmente
necessitarem de um tempo de reacendimento (pouco prático) e a potências luminosas
demasiado altas para a maioria das aplicações. Acrescenta-se, no caso das lâmpadas de
sódio, a fraca qualidade na reprodução de cores.
Por outro lado, as lâmpadas mais utilizadas em ambiente interior – incandescentes, de
halogéneo – são pouco utilizadas em ambiente exterior devido à baixa eficiência energética8 e
a potências luminosas demasiado baixas para muitas das aplicações em exterior.
As lâmpadas fluorescentes, embora com maior utilização em espaços interiores e pouca
utilização na iluminação pública, contribuem frequentemente para a iluminação do espaço
público através das iluminações comerciais.
Destaque ainda para a tecnologia LED – Ligth Emitting Diode (em português, diodo emissor
de luz) – que se apresenta como uma das mais promissoras, tanto para uso em espaços
interiores como em exterior, assistindo-se nos últimos anos a investigação e desenvolvimento
nesta tecnologia, devido às vantagens que apresenta em diversos aspectos e ao potencial de
desenvolvimento que se lhe reconhece.
Os aspectos em que os LEDs apresentam vantagens, prendem-se com:
-A sua reduzida dimensão. Os LEDs são lâmpadas de pequena dimensão capazes de emitir
um pequeno fluxo luminoso. Assim, uma luminária é geralmente constituída por várias dezenas
de LEDs, que podem ser dispostos em inúmeras combinações. Este facto permite novas
configurações até agora impossíveis (além de outras mais tradicionais), capazes de responder
mais eficazmente a diversas situações;
-A durabilidade. Possuem um longo tempo de vida (entre 25.000 a 50.000 horas) apenas
superado pelas lâmpadas de indução (cerca de 60.000 horas);
8
Razão entre a luz emitida e a energia eléctrica consumida
Apesar das vantagens expostas, subsistem algumas desvantagens que ainda não permitem
uma utilização generalizada desta tecnologia, principalmente em ambiente exterior:
-Elevado custo de produção devido ao custo dos materiais utilizados (os mesmos materiais
semicondutores utilizados em micro-chips). Este é actualmente o principal obstáculo a uma
maior utilização de LEDs;
-Eficiência energética. Embora tenham uma boa eficiência quando comparados com as
lâmpadas incandescentes e de halogéneo e possam rivalizar com as fluorescentes, quando
comparadas com as lâmpadas mais utilizadas em exteriores (sódio a alta e baixa pressão, e
iodetos metálicos), os LEDs ficam em clara desvantagem. Actualmente, a utilização de LEDs
na iluminação pública em grande escala faria aumentar consideravelmente o consumo
energético;
-Dificuldade na obtenção de potências elevadas devido á dificuldade de arrefecimento;
No entanto, a eficiência energética dos LEDs tem aumentado continuamente, e o
desenvolvimento de LEDs orgânicos (OLEDs), que por serem feitos em materiais à base de
carbono terão um custo de produção muito inferior, tem avançado significativamente.
Não é previsível que os LEDs substituam por completo as outras tecnologias existentes, mas é
expectável a sua utilização em larga escala, sobrepondo-se as restantes tecnologias em
diversas situações e oferecendo novas possibilidades no modo de iluminar.
Como referido por Phillips (2002), muitos equipamentos têm uma presença visual significativa,
especialmente durante o dia.
Verifica-se que este impacte pode ser explorado favoravelmente. Mencionando alguns casos:
os postes podem ser elementos de organização espacial (contribuindo para a coerência visual
dum local10; induzindo divisões entre locais; contribuindo, pelas suas dimensões, para definir a
escala do lugar), alguns suportes são simultaneamente balizadores (exercendo funções de
delimitação do espaço), e encontram-se projectores encastrados a fazer parte do desenho do
pavimento.
Para qualquer que seja a situação mostra-se necessário avaliar quais os locais mais favoráveis
para a colocação dos equipamentos de modo a ser atingido o efeito pretendido da forma mais
conveniente. Ou seja, para se atingir um determinado efeito luminoso podem existir várias
localizações possíveis para a colocação do equipamento, e de entre estas deverá ser avaliada
qual a mais favorável.
É possível que mesmo a melhor localização (ou a única disponível) tenha um impacte muito
negativo sob outro aspecto importante no projecto. Nesse caso será necessário ponderar o
interesse e necessidade da manutenção no projecto dessa parte do esquema de iluminação.
Além da presença visual dos equipamentos, observa-se ser importante ter em atenção
aspectos de conservação, manutenção, e de segurança para pessoas e equipamentos. Assim,
é de evitar a colocação de equipamentos em locais que acelerem a sua deterioração ou em
locais de difícil ou perigoso acesso, e muitos não devem estar acessíveis aos transeuntes. Por
exemplo, um projector de elevada potência não deve estar colocado junto de um passeio, sob
o risco de, por um lado poder provocar encandeamento ou queimaduras a quem se aproxime e
por outro lado poder ser facilmente danificado.
9
Termo usado para referência ao equipamento que permite o funcionamento da lâmpada, normalmente
composto pelo encaixe, reflector, ventilador, e caixa. Anteriormente eram mais vulgarmente designadas
de ―armaduras‖.
10
Venturi (1977) assinala a importância da regularidade dos postes de iluminação pública no meio da
exuberante diversidade luminosa de Las Vegas.
Mas sendo a iluminação o ponto fulcral (não o aparelho), ―é importante recordar que os
aparelhos de iluminação não aceitam todos os tipos de lâmpadas. A maioria não tolera mesmo
mais que um tipo e este para uma dada potência; daí resulta a necessidade para qualquer
designer de luz definir, para o seu projecto de iluminação, primeiro a lâmpada e só depois o
aparelho de iluminação adequado‖ Narbori (2003). E anteriormente á definição da lâmpada,
será necessário definir a luz.
A iluminação, especialmente a luz desperdiçada para o céu, parece interferir também com os
ciclos naturais de animais e plantas, bem como com as rotas de migração.
Uma das formas de reduzir o
consumo energético, e
simultaneamente o excesso
de luz direccionado ao céu,
prende-se com a utilização de
luminárias de corte total. Ou
seja, as que não permitem
que a luz seja emitida acima
do plano horizontal,
direccionando-a para o solo
de forma eficaz.
O desperdício de luz em direcções erradas, para além dos efeitos prejudiciais acima referidos,
afecta directamente o consumo energético que, como é sabido, tem implicações na emissão de
gases poluentes para a atmosfera, devido á produção de energia eléctrica depender em grande
parte da queima de combustíveis fosseis.
O consumo da iluminação pública é uma parcela menor na electricidade total consumida em
Portugal (cerca de 3%) e das emissões de CO2 (750.000t/ano, correspondentes sensivelmente
a 3% das emissões provocadas pela electricidade e a 1,25% das emissões totais do país). O
impacte das possíveis reduções no consumo desta não será, por si só, suficiente para uma
clara melhoria ao nível das emissões totais. Mas pode ser um contributo significativo e um
exemplo. Como refere Major (et al., 2005) ―Sendo uma das mais visíveis formas de consumo
de energia, a luz eléctrica tem que ser usada mais cuidadosamente para atingir um equilíbrio
entre celebração, utilidade e a exploração dos recursos naturais da Terra.‖
O nível de eficiência das lâmpadas é geralmente apontado como o factor decisivo na eficiência
energética da iluminação. Muito tem sido falado em torno da substituição das lâmpadas
incandescentes pelas fluorescentes (compactas) e da eventual proibição das incandescentes.
É de referir que a energia transformada pelas lâmpadas incandescentes em calor, não é
sempre uma forma de desperdício. No interior de edifícios que sejam permanentemente
aquecidos, como é normal acontecer em climas frios, a lâmpada incandescente passa de uma
fonte de luz com baixa eficiência (energética) para uma fonte de luz+calor altamente eficiente.
Noutros climas, onde as necessidades de aquecimento não sejam constantes, as lâmpadas
fluorescentes surgem frequentemente como uma opção de maior eficiência. Mas não em todas
as situações, pois as características da luz gerada por um e outro tipo de lâmpadas são
diferentes, sendo que a luz de uma fluorescente pode não ser adequada ao local e ambiente
pretendido.
No que se refere á iluminação pública, verifica-se que algumas medidas relativamente simples
e sem custos elevados como a substituição de luminárias de baixa eficácia, nomeadamente os
―globos‖ por luminárias de corte total, a substituição das lâmpadas de mercúrio por tecnologias
mais eficientes e a variação dos níveis de iluminação ao longo da noite – conforme o nível de
utilização do espaço, o tipo de actividade, ou até o luar – podem reduzir significativamente o
consumo energético. No Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética refere-se que a
implementação de sistemas de regulação de fluxo deverá reduzir o consumo da iluminação
pública entre 30 a 40%.
Em qualquer caso, a principal forma de atenuar o impacte negativo da iluminação sobre o
ambiente será iluminar apenas onde e quando necessário, e com não mais que a quantidade
O impacte dos sistemas de iluminação sobre o ambiente não se limita á sua fase de utilização.
Também os materiais e o consumo energético necessários na produção e após a vida útil dos
equipamentos e lâmpadas, (para reutilização, reciclagem, ou nenhum reaproveitamento),
representam um impacte sobre o ambiente.
A maioria das lâmpadas contém gases ou metais pesados altamente prejudiciais á saúde
humana e a todo o meio ambiente, frequentemente libertados antes ou sem que as lâmpadas
entrem num processo de reciclagem. Relativamente a este aspecto, os OLEDs são apontados
como uma das melhores soluções, uma vez que não possuem gases ou metais pesados, e são
biodegradáveis.
Luz e Segurança
Segurança prende-se com controlo sobre o espaço e as acções. A iluminação contribui para o
controlo visual sobre o espaço e as actividades que nele se encerram. Logo, pode contribuir
para a segurança. No entanto, é de ressalvar que a iluminação não é o único factor a contribuir
para o nível de segurança, nem um factor determinístico. Sobre isto, Pinto Coelho (1995) diz-
nos que ―A iluminação urbana também não é o único factor a considerar quando pretendemos
avaliar das causas de vandalismo e segregação de determinadas áreas da cidade, dado que a
configuração espacial do sistema urbano oferece potenciais oportunidades e padrão de
movimento e, por isso, a iluminação não poderá ser unicamente a responsável por esse tipo de
comportamentos (…)‖.
Em ruas transversais a uma rua principal é habitual a iluminação ser menos intensa. Poderá
ser a solução correcta, mas ressalvando que na zona de entroncamento das ruas, a transversal
possua uma intensidade de iluminação semelhante à da rua principal. Caso contrário, essas
transversais serão vistas, ao longo da rua principal, como reentrâncias escuras onde a
actividade não controlamos visualmente.
Erros comuns
…
Nos pontos anteriores abordaram-se diversos aspectos da iluminação de forma individualizada.
Ao atender individualmente a cada aspecto, observa-se que a melhor forma de dar resposta a
um nem sempre será a mais adequada (por vezes será mesmo incompatível ou contraditória) a
um outro. Por exemplo: as lâmpadas energeticamente mais eficientes podem não ser as que
emitem o tipo de luz pretendido para a estética ou caracterização do local; a uniformidade, por
vezes a melhor solução no que diz respeito á segurança, será contraditória ao acentuar dum
percurso ou elemento.
Uma vez que a iluminação para um determinado local terá que responder simultaneamente a
vários aspectos, mostra-se necessário avaliar a importância de cada um – e a importância
destes será variável conforme o local e programa –, para que a iluminação proposta, que se
pretende una, dê uma resposta ponderada, adequada e simultânea aos diversos aspectos que
se mostrem necessários atender, mantendo a sua unidade.
…
É previsível, com um forte contributo da tecnologia LED, que os equipamentos prossigam num
processo de miniaturização, com consequente aumento da facilidade em trabalhar a luz. Com
consequência, a ênfase estará cada vez menos nos suportes e mais na luz.
Sistemas luminosos variáveis e multimédia (com controlo computacional e a cujos os LEDs têm
fácil associação) como ecrãs gigantes, reclamos mutáveis, ou fachadas dinâmicas, são cada
vez mais utilizados e no futuro a sua presença poderá aumentar. No entanto, assiste-se a uma
cada vez maior limitação da publicidade luminosa (bem como da publicidade em geral) em
determinados locais. Noutros assiste-se a uma proliferação das iluminações patrimoniais. No
futuro, estas e outras tendências poderão continuar ou ser invertidas, sofrer alterações, ficar
limitadas a determinadas zonas. Não se vislumbra uma tendência que se possa considerar
mais plausível que outra. Vislumbra-se sim uma maior relevância do planeamento de
iluminação, onde estas e outras estratégias serão definidas e hierarquizadas relativamente a
cada local.
Planos existentes
A generalidade dos projectos de iluminação incide sobre locais específicos da cidade como
uma rua, praça, largo, jardim. Nestes são desenvolvidas estratégias – como dar ênfase aos
elementos mais relevantes (edifícios, fontes, monumentos), fomentar um certo percurso, ou
simbolizar um acontecimento histórico – mas sempre pontuais e de pequena escala.
A iluminação, tal como os outros elementos urbanos, pode ser planeada á escala da cidade, e
algumas cidades já possuem planos de iluminação há várias décadas. No entanto, a quase
totalidade destes planos foram desenvolvidos numa perspectiva essencialmente viária e
securitária, sendo levados em conta apenas os níveis de utilização viária e pedonal, e o nível
de segurança em cada troço ou zona, e definindo-se apenas níveis de intensidade de
iluminação e índices de uniformidade.
O planeamento de iluminação desenvolvido numa perspectiva verdadeiramente urbanística –
pensamento arquitectónico á escala da cidade – é uma realidade recente, que se mostra pouco
desenvolvida e com pouca implementação. Relativamente a Portugal tomou-se conhecimento
de dois planos de iluminação de cariz arquitectónico/urbanístico – Plano de iluminação do
Centro Histórico de Évora, e Plano de iluminação para a Vila de Sintra11. Estes incidem apenas
sobre zonas históricas e a sua concretização é, quando muito, parcial.
O Plano de iluminação do Centro Histórico de Évora a principal estratégia centra-se em
reconstituir, durante a noite, através da iluminação pública, a antiga estrutura urbana do centro
histórico da cidade. Trata-se de uma restituição histórica através de uma alteração apenas
visual e não física na estrutura da cidade, a partir da qual são expectáveis alterações nos
movimentos pedonais durante a noite.
No Plano de iluminação para a Vila de Sintra, o principal objectivo é hierarquizar espaços e
edificado evidenciando, na estrutura urbana e na paisagem, os edifícios mais relevantes do
ponto de vista histórico e/ou arquitectónico. Para tal é proposta uma iluminação no perímetro
destes edifícios com tonalidade de luz diferenciada da iluminação na restante malha urbana.
11
ambos pela Arq. Maria João Pinto Coelho
…
O Plano de Iluminação proposto em seguida debruça-se sobre o território de Caldas da Rainha,
desenvolvendo-se com base nos conhecimentos adquiridos ao longo da investigação exposta
nos capítulos anteriores.
Os objectivos base da proposta são:
-adequar a iluminação do espaço público da cidade às estratégias e linhas de acção definidas
pela Câmara Municipal, às requalificações previstas e á previsível situação da cidade após
2013 (data de conclusão das intervenções previstas);
-melhorar o funcionamento e a imagem nocturna da cidade;
-contribuir para uma maior e melhor vivência nocturna da cidade, e sua dinamização
económica;
-contribuir para uma melhor compreensão e orientação no território;
-garantir que as opções tomadas são ecologicamente equilibradas;
…
Método:
1º - reconhecimento e caracterização da cidade;
2º - levantamento das estratégias definidas pelo município, das requalificações previstas e das
requalificações já concretizadas;
3º - definição dum cenário, com base no reconhecimento e levantamentos realizados, para a
cidade pós-requalificação;
4º - desenvolvimento de estratégias de iluminação com base em todos os elementos
anteriores;
5º - desenvolvimento duma grelha de apoio a projectos de iluminação enquadrados no plano;
Caracterização da cidade
De forma simplificada e generalista12 a cidade
de Caldas da Rainha pode ser esquematizada
(Fig. 13) por um centro urbano constituído
pelas zonas histórica (1) e central (2), envolto
por uma zona residencial (3) e uma periferia
multifuncional (4).
A zona central (2) corresponde á expansão da
área inicial da cidade (zona histórica) até á
estação ferroviária (forte ―motor‖ de
12
Os limites das diferentes zonas referidas não são estanques. Verificam-se áreas de sobreposição.
A zona residencial (3) é constituída maioritariamente por habitação, mas também por algum
comércio e serviços, principalmente de proximidade, e diversos equipamentos. É uma zona
claramente identificável como cidade devido á sua estrutura compacta e ordenada, em
continuidade com o centro urbano.
Na zona de periferia multifuncional (4) o edificado não se enquadra numa estrutura clara mas
antes em aglomerados e zonas de dispersão que se sucedem sem articulação. Observam-se
áreas exclusivamente residenciais, aglomerados de equipamentos e equipamentos dispersos,
infraestruturas, o grande comércio a retalho e industria armazenista.
13
único mercado ao ar livre no país a realizar-se diariamente durante todo o ano
14
De antiquíssima origem, por ventura anterior à própria cidade. Ponto de encontro e comércio num
terreno fronteira entre os foros do Convento de Alcobaça e da Rainha (Óbidos)
Abrangendo parte da zona histórica e parte da zona central, encontra-se a principal zona
comercial (essencialmente comércio lojista e o já referido mercado de frescos). Esta zona de
comércio intenso estende-se sensivelmente entre as três principais praças – Praça da
República (praça da fruta), Praça 5 de Outubro (praça de diversão nocturna), e Praça 25 de
Abril (praça dos poderes). O comércio lojista é a principal actividade económica da cidade e
uma das suas imagens de marca.
Existe um outro pólo de comércio, a Sul do centro urbano, constituído pelo recente centro
comercial ―Vivaci‖ e algum comércio lojista na sua envolvente.
Prevê-se ainda a construção de um outro centro comercial (―Bordalo‖) a Norte do centro
urbano, criando um terceiro pólo comercial.
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artistas notáveis com fortes ligações às Caldas, activos na segunda metade do sec. XX
-Eixo Cultural
Consiste na melhoria dos percursos de ligação entre os principais pontos de actividade cultural
(Centro Cultural e (de) Congressos, Museu do centro hospitalar, Museu do Ciclismo, (futuro)
Museu Nacional da Cerâmica, Museu José Malhoa, Centro de Artes), criando um eixo de
equipamentos culturais facilmente identificável e percorrível.
-Ferrovia e Estação
Consiste na melhoria das ―margens‖ do caminho-de-ferro e das ligações entre estas,
conjuntamente com a requalificação da Linha do Oeste. Os objectivos são melhorar a
circulação viária, e melhorar a ligação entre as duas partes da cidade divididas pela linha,
especialmente a ligação pedonal. Para tal aposta-se na melhoria física e aumento das ligações
viárias e pedonais (via de dois sentidos ao longo da linha; nova ligação viária e pedonal sob a
Estas luminárias não são contemporâneas do edificado desta zona da cidade, e outras
luminárias, por ventura de aspecto mais simples e minimalista poderiam perfeitamente ser
Propõe-se que em determinados troços (ver Fig.25 – Mapa de Percurso com Iluminação
Variável) seja possível controlar cada luminária de forma individualizada no que respeita á
intensidade, cor, e acendimento (por meio de controlo computacional e utilização de LEDs), por
forma a que se possa variar os ritmos, cores, e intensidades da iluminação nesses troços,
assinalando-se percursos até certos pontos da cidade – Praça 25 de Abril, Praça da República,
16
pelos arquitectos Pedro Brandão e Jorge Mangorrinha
Considera-se importante a iluminação ser distinta entre as três principais praças da cidade –
Praça da República (praça da fruta), Praça 5 de Outubro (praça de diversão nocturna), e Praça
25 de Abril (praça dos poderes) – acompanhando a identidade própria de cada uma, no que
respeita á sua morfologia, história, e actividades.
Assim propõe-se:
-Na Praça 25 de Abril (praça dos poderes), inserida na zona de Iluminação A, uma
iluminação que dê uma clara definição do espaço da praça e, simultaneamente, evidencie os
três edifícios principais. Sugere-se a iluminação destes três edifícios principais, complementada
pela iluminação das fachadas e galerias dos restantes edifícios que formam o perímetro, estas
últimas iluminadas a partir do seu interior.
Propõe-se que também o relógio de água previsto para o centro da praça possua iluminação.
2.3 verifica-se que durante a noite é habitual a existência de grandes níveis de humidade e
nevoeiros, especialmente nas zonas periféricas.
2.4 a iluminação proposta tem a intensidade adequada a cada ponto ou local? Isto é, tem
intensidade suficiente sem ser excessiva para o local e para cada ponto dentro desse
local?
2.7 existem edifícios, monumentos, ou outros elementos a iluminar que sejam vistos a
diferentes distâncias (vista próxima/ao longe no enquadramento de uma rua/na
paisagem)?
2.7.1) não.
2.7.2) sim. → A iluminação proposta deve ser adequada às diversas distâncias a que o
elemento pode ser visto.
2.10 prever e evitar impactes negativos dos suportes sobre a imagem e funcionalidade do
espaço público, edifícios, e outros elementos relevantes. Tendencialmente, este
impacte será mais relevante durante o dia, quando todos os suportes são visíveis.
-a Intensidade e Contraste
Demonstrou-se que o aumento da intensidade duma forma generalizada não corresponde
obrigatoriamente a uma melhoria na iluminação, uma vez que a existência de contraste se
mostra fundamental para a correcta apreciação das formas e texturas. Sendo o contraste
criado pelas diferenças de luz e escuridão (a escuridão, tal como a luz, também pode ter
diferentes intensidades), conclui-se que a sombra é tão relevante quanto á luz. Ou seja, a
iluminação constrói-se tanto de luz como de sombra.
-a Reprodução de Cores
Expôs-se que a capacidade da luz reproduzir as cores com maior ou menor fidelidade afecta
significativamente a imagem e percepção que temos das superfícies, logo, de todos os
elementos presentes no espaço público. Conclui-se que na maioria das situações uma
iluminação com elevada capacidade de reprodução de cores se mostra vantajosa e que tal
será melhor conseguido com recurso a lâmpadas de espectro contínuo.
-a dimensão cultural
Expõe-se como as diferenças culturais influenciam o significado e a percepção sobre a luz –
por exemplo, em climas frios observa-se uma preferência por luzes com tonalidades ―quentes‖
enquanto em climas quentes se observa uma preferência por luzes com tonalidades ―frias‖ – e
conclui-se sobre a importância de integrar este factor na elaboração do projecto, por forma a
que a iluminação implementada seja compreendida e pela população local conforme idealizada
pelo projectista, obtendo-se o efeito desejado.
-a Ecologia
Expõem-se os três principais temas da ecologia no que respeita á iluminação – poluição
luminosa; consumo energético (por associação ás emissões de gases poluentes); produção e
fim de vida de lâmpadas, equipamentos e suportes – concluindo-se que existem diversas
melhorias que podem ser implementadas com facilidade e baixo custo, não esquecendo que a
principal forma de atenuar o impacte negativo da iluminação sobre o ambiente é iluminar
apenas onde e quando é necessário, e com apenas a quantidade suficiente de luz.
Caeiro, M.; Pottier, M.; Alves, T.; Fernandes, S. (2004) Luzboa – a Arte da Luz em Lisboa,
Lisboa: Extra]muros[.
Lam, W. (1977) Perception & Lighting – as formgivers for architecture, New York: Van Nostrand
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Basileia: Birkhäuser
Millet, M. (1996) Light Revealing Architecture, New Jersey: John Wiley & Sons.
Narbori, R. (2003) a Luz e a Paisagem – criar paisagens nocturnas, Lisboa: Livros horizonte.
Turner, Janet (1998) Desingning with Light – Public Places – Lighting solutions for exhibitions,
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Venturi, R.; Brown, D.; Izenour, S. (1977) Aprendendo com Las Vegas, São Paulo: Cosac &
Naify, 2003.
Candela (cd) – Unidade de medida no sistema internacional (SI) para a intensidade luminosa;
Iluminância – razão entre a quantidade de luz que incide sobre uma superfície (a medição é
feita pontualmente e em geral a distribuição não será uniforme) e a sua área. Unidades SI –
Lux (lux);
Lúmen (Lm) – Unidade de medida no sistema internacional (SI) para o fluxo luminoso;
Luminância – razão entre a quantidade de luz emitida por uma superfície (própria ou reflectida)
e a área dessa superfície que é visível para o observador (área medida no plano vertical
perpendicular á visão). Unidades SI – cd/m2 (candela por metro quadrado);
Luminária de corte total (em inglês, Full Cutof) – suporte de fonte de luz que garante que não é
emitida luz acima do plano horizontal;
lux (Lux) – Unidade de medida no sistema internacional (SI) para a iluminância. 1 Lux = 1
Lm/m2;
32 000AC – Tocha
3000AC – Vela
2000AC – Vidro
900 – Pólvora chega á Europa (tinha surgido na China por volta do ano 350)
1414 – Iluminação pública pela queima de óleo em recipientes, nalgumas ruas de Londres. O
mesmo vem a suceder em Paris e Berlim mas bastante mais tarde (1524 e 1679
respectivamente)
1415 – ―Lanthorns‖ obrigação de colocar tochas aos portões das grandes propriedades de
Londres
1667 – Iluminação das ruas de Paris com velas dentro de luminárias de vidro
1669 – Jan van der Heyden desenvolve lanternas de rua a óleo, utilizadas primeiro em
Amesterdão
1736 – Iluminação das ruas de Londres de forma generalizada. Foi a primeira cidade a faze-
lo, utilizando cerca de 5000 luminárias
1783 – Aimé Argand desenvolve a primeira lamparina a óleo ―científica‖ baseando-se nas
descobertas de Lavoisier sobre a combustão. Consegue uma luz cerca de 12 vezes mais forte
que a de uma vela, mais constante, e com menos fumo
1792 – William Murdoch inventa a iluminação a gás e ilumina a sua casa, loja, e troço de rua
em frente a estas com gás canalizado a partir de um depósito de carvão
1802 – Humphrey Davy descobre que um fio de platina pode produzir luz quando
atravessado por uma corrente electrica
1807 – Primeira rua iluminada a gás a partir de depósito central em Londres (sistema criado
por Frederick Winsor), rua em Paris em 1819, rua em Berlim 1826
1841 – Daniel Collodon demonstra que a luz pode ser guiada através de um jacto de água.
Este princípio viria a dar origem á fibra óptica (1954)
1845 – Patente sobre luz electromagnética em coluna de vácuo por John Starr. A partir
1848, Joseph Swan começa a sua pesquisa sobre a lâmpada de filamento incandescente
baseando-se nestes desenvolvimentos de Starr
1849 – Armand Fizeau define a velocidade da luz no vácuo em 300.000Km por segundo
1856 – Michael Faraday observa o brilho provocado por uma descarga eléctrica em diversos
gases rarefeitos. Esta viria a ser a base para as lâmpadas eléctricas de descarga
1864 – James Maxwel Clark formula teorias e fórmulas sobre electricidade e sobre
magnetismo que permitirão criar o motor eléctrico, entre outros desenvolvimentos
1878 – Joseph Swan cria a primeira lâmpada de filamento incandescente e faz a sua patente
no Reino Unido
1879 – Thomas Edison faz a patente de uma lâmpada de filamento incandescente, muito
semelhante à de Swan, nos Estados Unidos da América
1897 – Surge a lamparina de gás invertida. Esta é mais compacta, robusta, e eficiente.
Começa a ser comercializada a partir de 1900, obtendo grande sucesso e abrandando assim a
implementação da luz eléctrica durante vários anos
1910 – William David Coolidge cria a lâmpada incandesce com filamento em tungsténio
(também denominado por volfrâmio), bastante mais eficiente que as existentes até então.
Elimina definitivamente a concorrência da iluminação a gás.
É o tipo de lâmpada incandescente que ainda hoje é utilizada
1935 – Primeira lâmpada fluorescente (tubular) viável para comercialização. Começa a ser
produzida em 1936
1985 – ―dimming‖. O balastro da Phillips com variação entre 1 e 10 volts começa a ser
comercializado e torna-se standard
1999 a 2009 – Relativamente aos últimos 10 anos verifica-se uma proliferação dos controlos
digitais, uma maior preocupação ambiental também no que diz respeito á iluminação, a uma
progressiva substituição das lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas (cuja
performance melhorou), um grande desenvolvimento na tecnologia LED, e uma consolidação e
maior reconhecimento da disciplina de Design de Iluminação, com avanços na vertente de
planeamento.
Prefácio
Reconhecido que está, que são as qualidades especificas, o conhecimento e o saber, a perícia
e a experiência que constituem a instituição da profissão;
Visto que o conhecimento sobre Luz e Iluminação, sobre as suas ferramentas, o seu controlo e
manipulação se desenvolveu de forma complexa e diversificada;
Reconhecido que está, que o impacte que a Luz tem nos seres humanos é do elementar senso
comum, e que tem hoje bem mais ramificações para além da área visual e perceptiva,
complexa esta à partida;
Visto que as responsabilidades daqueles que lidam com o Design e a especificação de
Iluminação para o ambiente humano se desenvolveram de forma muito significativa;
Assim e consequentemente, a Sessão de Plenário da Convenção de Design de Iluminação
Profissional anuncia que a Declaração para a Instituição Oficial da Profissão do Designer de
Iluminação de Arquitectura é um facto a ser oficializado por cada um dos Governos Nacionais e
por todas as instituições internacionais que lidem com o reconhecimento de profissões e
actividades independentes.
Artigo 2 O Design de Iluminação é uma profissão e uma disciplina distinta de todas as outras
da área da Arquitectura, do Design de Interiores e de Equipamento, do Paisagismo, do
Urbanismo bem como da Engenharia Electrotécnica.
Artigo 4 Os Designers de Iluminação são responsáveis pelo design de uma parte do ambiente
humano e assim responsáveis pela forma como esse mesmo design é apresentado e pelas
suas consequências sobre o design de terceiros. São responsáveis pelo bem-estar das
pessoas que usufruem destes espaços submetidos ao processo de design, pelo garante da
forma adequada como se deverão sentir nestes espaços, pela eficácia dos utilizadores em
levar a cabo tarefas de elevada exigência visual, bem como pela garantia de segurança, todas
estas dentro dos limites de influência que uma Iluminação submetida ao processo de design
oferece, ao espaço e aos seus usuários, ou aos objectos iluminados e os seus utilizadores.
Artigo 5 Os Designers de Iluminação são tidos com responsáveis pela sustentabilidade do seu
projecto de design.