O texto dissertativo é aquele que aborda ideias, temáticas, assuntos. Na dissertação, a
linguagem é trabalhada de forma abstrata porque remete ao universo dos conceitos. Escrever sobre a democracia moderna, por exemplo, é ser capaz de raciocinar sobre significações variadas. Em geral, a dissertação pode ser: a) Expositiva: é a que tem a intenção de informar a respeito de determinado tema. Exemplo: I. Do grego demo (povo) e cracia (governo), ou seja, governo do povo. Democracia é um sistema em que as pessoas de um país podem participar da vida política. Esta participação pode ocorrer através de eleições, plebiscitos e referendos. Dentro de uma democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão e manifestações de suas opiniões. A maior parte das nações do mundo atual segue o sistema democrático. Embora tenha surgido na Grécia Antiga, a democracia foi pouco usada pelos países até o século XIX. Até este século, grande parte dos países do mundo usavam sistemas políticos que colocavam o poder de decisão nas mãos dos governantes. Já no século XX, a democracia passou a ser predominante no mundo. (Disponível em . Acesso em 18 fev. 2013) O texto acima tem uma preocupação informativa e pedagógica; ele poderia até mesmo constar em livro de história. Seu objetivo não é convencer; a intenção é trazer informações que pertençam à temática em questão b) Argumentativa: é a que tem a intenção de convencer; o autor apresenta seu ponto de vista em relação a determinado tema e articula argumentos que sejam convincentes. Leia a redação abaixo: I. Mercado de informações Os avanços tecnológicos do século XX, em especial a internet e o celular, permitiram uma era de prosperidade no setor de comunicações. A troca de informações deixou de ser um processo lento e passou a ser mais ágil. Dessa forma, o desenvolvimento da comunicação gerou mudanças no modo como as pessoas em todo o mundo se relacionam, proporcionando o surgimento das redes sociais e de um mercado de informações. As redes sociais, como Orkut, Twitter e Facebook, dinamizaram as interações interpessoais, permitindo, por exemplo, que um usuário no Brasil conseguisse contato imediato com outro no Japão. A velocidade com que a conexão é feita, literalmente, “num piscar de olhos”, torna o conceito de mundo globalizado ainda mais forte. Contudo, as mesmas redes sociais que uniram o mundo também são o pivô de um importante mercado global, o de informações. Não haveria problema algum se essas informações fossem públicas, entretanto, as que mais mobilizam fundos monetários são aquelas de acesso privado. Os dados normalmente usados para caracterizar as pessoas da internet, como profissão, idade e estado civil, estão sendo repassados pelas redes administradoras dos sites, para empresas que os utilizam a fim de tentar arrebatar mais clientes em potencial. Recentemente, o Facebook foi alvo de críticas ao mudar a sua política de privacidade, de modo que algumas das informações particulares dos usuários ficassem à mostra. Tal fato não acontece de forma isolada e é tido como invasão de privacidade. É evidente que a contribuição das redes sociais para a disseminação de informações e, portanto, da comunicação, é de extrema importância. Todavia, é condenável a ação de empresas como o Facebook, em que as particularidades do usuário são usadas como produtos à venda. Cabe também às pessoas tomarem cuidado com o que colocam na Internet, pois, sem saberem, podem estar sendo vítimas desse “mercado negro” da informação. (Disponível em <http://producaodetexto.webnode.com.br/news/texto-acima-da- mediaproposta-privacidade-modelo-fuvest/>. Acesso em 18 fev. 2013) O texto acima é um bom exemplo de dissertação argumentativa. • Introdução: No primeiro parágrafo, verifica-se, já na primeira frase, o ponto de vista do autor: “Os avanços tecnológicos do século XX, em especial a internet e o celular, permitiram uma era de prosperidade no setor de comunicações”. Essa opinião é, ainda nesse parágrafo, desenvolvida de forma sucinta. É importante que você preste atenção nisto: em textos argumentativos, é conveniente que o seu ponto de vista seja explicitado logo no início do texto. • Desenvolvimento: O segundo e o terceiro parágrafos desenvolvem o texto, ou seja, neles, selecionam-se argumentos que tentam comprovar o que foi dito no primeiro parágrafo. No segundo parágrafo, o autor cita as redes sociais (Orkut, Twitter e Facebook) como ferramentas que, com dinamicidade, aproximam as pessoas. No terceiro parágrafo, mostra-se que essa dinamicidade expõe, muitas vezes, dados privados; o autor critica, até mesmo, a situação em que fichas cadastrais, com dados pessoais, sejam “vendidas” a empresas interessadas. Ou seja, nesses dois parágrafos do desenvolvimento, o autor usa informações concretas para comprovar seu ponto de vista; para ser ainda mais convincente, seria importante citar alguns dados objetivos, como estatísticas, porcentagens; é claro que, nesse caso, seria imprescindível apresentar a fonte dessas informações. Em provas de redação (de concursos ou vestibulares), é comum que a banca forneça uma coletânea com textos informativos que orientam o candidato. É claro que os dados desses textos podem ser usados para embasar o ponto de vista. • Conclusão Na conclusão, o ponto de vista, apresentado na introdução, é retomado e confirmado. Além disso, o autor faz considerações complementares, dizendo que, no mundo moderno, o indivíduo deve ser atento para não expor sua intimidade. Outras considerações Normalmente, concebe-se que uma dissertação argumentativa contenha cinco parágrafos; é claro que isso é um padrão, uma orientação. A redação acima, por exemplo, apesar de apresentar apenas quatro parágrafos, trabalhou, com eficiência, as partes essenciais de um texto dessa natureza: introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, apresenta-se o ponto de vista; no desenvolvimento, comprova-se esse ponto de vista; na conclusão, retoma-se e confirma-se o ponto de vista. Outra coisa importante: Normalmente, o aluno aprende que não convém usar a primeira pessoa do singular no texto argumentativo. Veja bem: Não convém! Não é que seja proibido usar “eu”. O problema é que a primeira pessoa pode tirar do texto a capacidade argumentativa. Imagine, por exemplo, um advogado, em entrevista, dizendo o seguinte: “Em minha opinião, meu cliente não cometeu o crime; eu acho que ele não faria isso”. Percebeu? Esse advogado não convenceria nem a própria avó. A fala é pessoal demais; é como se ele dissesse: “Não concordem comigo; só eu penso assim”. O advogado seria mais feliz se dissesse: “Meu cliente não cometeu o crime; é claro que ele não faria isso!”. Ou seja, em textos argumentativos, o ponto de vista é, normalmente, apresentado em terceira pessoa; isso confere maior credibilidade à opinião. No entanto, é preciso lembrar que isso não é obrigatório; certos textos argumentativos, por sua própria natureza, preferem a primeira pessoa do singular. É o caso do artigo de opinião. Editorial Limpeza de faz de conta Sem saída diante da pressão popular em torno do chamado projeto Ficha Limpa, o Congresso acabou consentindo quarta-feira na aprovação de medidas que sinalizam com uma preocupação moralizadora, mas que estão longe de garantir proteção a eleitores contra candidatos às voltas com a Justiça. Uma mudança semântica feita de última hora no Senado pode ter limitado o impedimento apenas para quem for condenado a partir de agora, por decisão colegiada. Ao mesmo tempo, sequer há clareza sobre se as alterações já valerão para as eleições deste ano, o que só serve para reafirmar a dificuldade de o país tratar da política com a seriedade necessária. Em boa parte resultante da pressão de 1,6 milhão de assinaturas, a decisão de barrar a candidatura de políticos já condenados em segunda instância pode ser mais atenuada ainda do que já foi desde o início da discussão sobre a necessidade de um filtro legal contra corruptos. Sob a alegação da necessidade de padronizar os tempos verbais e preocupado em evitar emendas para o projeto não precisar retornar à Câmara, o Senado trocou o trecho “os que tinham sido condenados” por “os que forem condenados”. Restam dúvidas também sobre se as regras valerão para as eleições deste ano. Mesmo que o Judiciário confirme isso, a nova lei deve barrar na prática poucos políticos, pelo fato de terem direito a foro privilegiado e de sempre demorarem muito tempo para serem julgados. Se é tão difícil assim conceber uma lei capaz de impedir a candidatura de políticos já condenados em segunda instância, os próprios partidos deveriam assumir o papel, selecionando melhor quem pode pedir voto. É importante também que, cada vez mais, os eleitores possam contar com mecanismos online para acompanhar a trajetória de seus possíveis candidatos. Com ou sem rigidez da lei, o país precisa assegurar cada vez mais ética à política. Essa é uma necessidade imediata, que não tem mais como ser adiada.