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Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí

Diário de Bordo – Relato da aula


Curso: Informática Turma: 3o A
Docente: Cristhian Dany de Lima Módulo: 5
Discente: Eduarda Ferreira Souza Semestre: 1

Diário de bordo, 16 de julho de 2021; relato da aula.

Na aula de hoje, o professor Cristhian explicou sobre o materialismo


histórico de Karl Marx, um pensador que escreveu muitos textos, mas que tem
poucos leitores. Muitos o defendem e o criticam sem nem mesmo o ler. Um
revolucionário crítico e pouco compreendido, um anticapitalista que
transformou a sociedade.
Marx disse em seu livro Teses de Abril, na décima primeira tese, que “Os
filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diferentes formas, importa
transformá-lo”. O que é importante não é entender o mundo, mas sim
transformá-lo. Marx é um autor materialista, a realidade deve ser pensada a
partir dela mesma, não a partir de ideias. O conjunto de evidências para pensar
o mundo, é o próprio mundo. Por isso ele considera que todos os seus
antecedentes falharam, pois eles explicaram o mundo a partir das noções que
eles criaram, com suas ideias, dessa maneira, muitas vezes eles substituíam o
próprio mundo. Destarte, Marx pensava o mundo a partir dele mesmo, “a
cabeça pensa onde o pé pisa”, nenhum pensador pensou o mundo como ele
efetivamente é, eles focaram tanto na razão, nas ideias, em Deus, que
esqueceram de pensar na realidade. Durkheim foi um pensador positivista e se
aproxima das ideias de Marx, Weber era idealista e Marx foi o primeiro
pensador que se afirma materialista, que é o oposto de Weber.
Esse autor não era Deus nem Diabo, ele era um gênio, filho do seu
tempo. O pensamento de Marx nasce a partir da ação, não da teoria, ele se
dirige para o mundo real, tal como ele é. As ideias partem do resultado da
articulação e crítica de três grandes influências. A primeira é o Socialismo
Utópico, ou seja, um pensamento fora do lugar, com um profundo idealismo e
romantismo, tendo como autores Saint Simon e Robert Owen. Esses
pensadores fazem duras críticas ao capitalismo, mas eles não conseguem
explicar e compreender cientificamente o que, como, quando e o porquê do
capitalismo ser assim e o motivo pelo qual ele tem gerado tanta desigualdade,
tendo medidas de filantropia. O segundo conjunto de autores que influenciam
diretamente Marx pertencem à área da Economia, seus principais nomes são
David Ricardo e Adam Smith, onde Marx diz que ele propuseram explicações
infantis, observaram apenas a aparência dos fenômenos e não foram capazes
de captar o movimento econômico real presente no capitalismo. Por fim, ele vai
partir da escola filosófica Idealista Alemã, que possui dois grandes expoentes:
Immanuel Kant e Hegel. Em grande parte de sua vida, Marx foi hegeliano de
esquerda, fazendo parte de uma associação em sua escola, os Jovens
Hegelianos de Esquerda. Em um determinado momento ele rompe com Hegel
e constrói o materialismo, rompendo com o idealismo, dizendo que as ideias de
Hegel não eram mais úteis para explicar o mundo.
Hegel era um filósofo da história que dizia “Tudo que é real é racional, e
tudo que é racional é real”, onde ele coloca o mundo de cabeça para baixo
para tentar explicá-lo, ditando a razão como perfeita e o mundo como
imperfeito.
De certa maneira os homens explicam o real a partir do imaginário, a
terra a partir das nuvens e os homens a partir dos deuses. Assim, as
abstrações são mais importantes para explicar o mundo do que o próprio
mundo, criando ideais de suposição e equívocos, pois não é possível explicar a
terra pelo céu.
Pondo os pensamentos na prática, utilizando a nossa atual realidade,
milhares de pessoas estão morrendo por uma doença que já tem vacina.
Durante pandemia, muitos colocaram a responsabilidade em Deus – um ser
divino que para Marx é fruto dos homens –, culpando-o. Mas na verdade a
culpa não é de Deus, mas sim dos homens. O culpado vem do próprio mundo,
não das ideias ou do além. Para entender o porquê do Brasil ser o país em que
mais pessoas morrem proporcionalmente, é preciso entender o motivo real a
partir do mundo real. Nos EUA, país que estava em uma situação pior que o
Brasil, eles já permitem que as pessoas saíam de casa sem máscara. Por qual
motivo eles podem sair e nós não? Por conta da vacinação. A vacina é algo
concreto ou abstrato? Concreto. Ela existe e é cientificamente comprovada.
Dizer que somente quem não tem fé é que contraí a doença demostra um
pensamento idealista, pois o vírus não é capaz de reconhecer a fé, ele
reconhece células, que são concretas, não a fé, que é abstrata.
O cérebro humano só se desenvolveu quando foi descoberto o fogo, o
qual permitiu cozinhar os alimentos e quebrar as proteínas, fazendo com que o
cérebro recebesse uma carga proteica maior e pudesse se desenvolver. O ser
humano é o animal que possui o maior cérebro em proporção ao seu corpo.
Não são as ideias que explicam esse fato, mas sim as influências materiais que
os indivíduos tiveram ao longo do tempo. O cérebro foi uma aquisição do
mundo material, não do mundo das ideias. Não é possível explicar os homens
a partir de Deus ou dos deuses, não é deus que explica os homens, mas sim
os homens é que explicam deus. Para entender deus é preciso entender os
homens.
Hegel dizia que o mundo das ideias explicava o mundo material, tudo
que é real antes foi racional. Marx discorda, o mundo não nasce sob forma da
abstração e da ideia, ele nasce primeiro diante da luta concreta, material e
desesperada pela sobrevivência. Antes de qualquer abstração, a experiência
humana é determinada de forma concreta, antes que qualquer abstração os
homens comem, bebem e respiram. O fundamento mais objetivo da existência
humana é a necessidade material pela sobrevivência. Em todas as épocas os
homens foram seres dotados de necessidades biofisiológicas. Foi preciso
realizar experiências materiais para saber qual alimento era venenoso, qual era
gostoso, amargo, ardido, azedo, etc. Todas essas experiências deram origem
as nossas atuais comidas como o macarrão. Nada disso nasceu como ideia,
mas sim como uma luta desesperada pela sobrevivência. A ideia surge da
experiência concreta.
Karl Marx diz na Gazeta Renana que “Os filósofos não nascem da terra
como cogumelos. São fruto da sua época, do seu povo. Daí extraem as seivas
mais sutis, as mais preciosas e as menos visíveis para as exprimirem nas
ideias filosóficas. O espírito que constrói as ideias filosóficas nos cérebros dos
filósofos é o mesmo que constrói as estradas de ferro com a mão dos
operários. A filosofia não é exterior ao mundo”.
Esse pensamento de necessidade é parte do materialismo histórico
dialético de Marx, onde os homens são seres de necessidades, e na luta pela
sua sobrevivência eles estão condenados a uma relação com a natureza,
assim eles criam soluções para os seus problemas, desenvolvendo técnicas.
Todas as técnicas são adqueridas na prática, pelo método de tentativa e erro. A
técnica supre as necessidades momentâneas daquele homem, mas geram
novas necessidades pois geram novos homens. Houve um tempo em que a
necessidade de contar foi exigida, com isso novas técnicas foram criadas. Com
o passar do tempo essas técnicas precisaram ser aprimoradas, gerando novas
técnicas e novos homens. Antes se contava ovelhas com pedras, hoje existe
um chip eletrônico acompanhado de um sensor que fazem esse trabalho.
Chegou um tempo em que as pedras deixaram de supriam as necessidades,
então acrescentou-se a mão; depois a mão não se viu mais tão útil, em seguida
criaram o sistema de números romanos, que mais tarde se viram limitados; por
conseguinte criaram números através do conceito matemático mais primitivo, o
ângulo, o qual utilizamos uma versão melhorada dele nos dias hodiernos (0, 1,
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9), que é o sistema arábico com números naturais, inteiros,
racionais, irracionais, reais e complexos. Dessa forma, a verdade só é verdade
em uma determinada época. Somos filhos do nosso tempo e nos tornamos
novos a cada nova técnica criada para suprir as nossas necessidades.
Portanto, se hoje nós podemos usar cobertas para nos esquentarmos,
isso se deve pelo motivo de frio sofrido por nossos antepassados, onde
perceberam que ao ficarem juntos isso os esquentava. Com a descoberta do
fogo outra forma de se esquentar surgiu. Depois couro de animais foram
usados, em seguida tecidos primários, até que chegou em um tempo onde
descobriram que podiam personalizar as cobertas, tingindo o tecido. Com o
avanço da física descobriram que o cobertor não esquenta, ele apenas
conserva o calor do seu corpo, e quanto mais cobertas você usar, mais elas
armazenaram o calor que o seu corpo perde para o ambiente, e que
dependendo do tecido, você pode ficar mais aquecido por conta da resistência
térmica do tecido.
O mesmo se aplica aos sistemas econômicos, quando o feudalismo
deixou de ser eficaz tivemos o capitalismo, um dia o capitalismo deixará de ser
eficaz, assim como a Inglaterra já foi a maior potência mundial e hoje não é
mais. Tudo isso é fruto do tempo e da necessidade, são fatos materiais,
concretos. Tudo que nós usamos hoje se tornará fútil no futuro, sendo preciso
criar técnicas e novos homens. Até onde o homem é capaz de ir para
sobreviver? Será que isso já não se tornou soberba? Enquanto uns morrem
tentando ter o mínimo para sobreviver, outros gastam bilhões com desejos
superficiais e ridículos.

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