Você está na página 1de 16

Indicadores de Desempenho e Avaliação de Política de Assistência Estudantil – proposição e

aplicação de um instrumento
Autoria: Eliana Alves de Oliveira, Alexandre Teixeira Dias

Resumo

O tema central deste trabalho – a avaliação de política de assistência estudantil -


mostra-se relevante, pois o direito à educação, ao acesso e à permanência na escola é
garantido na Constituição Federal de 1988 e sua efetivação deve ser buscada por meio de
processos de acompanhamento e avaliação de desempenho e resultados. Como embasamento
teórico para o desenvolvimento das análises, apresentadas a seguir, foram abordados aspectos
relacionados, principalmente, ao processo de avaliação, tais como a colocação de Cohen e
Franco (1993, p. 73), de que a avaliação faz parte do “processo de planejamento da política
social, gerando uma retroalimentação que permite escolher entre diversos projetos de acordo
com sua eficácia e eficiência. Também analisa os resultados obtidos por esses projetos,
criando a possibilidade de retificar as ações e reorientá-las em direção ao fim postulado”.
Alinhado a essa perspectiva, este trabalho tem por objetivo principal a proposição e validação
inicial de um instrumento de avaliação de programas de assistência estudantil, por meio de um
modelo descritivo. Para tal, foi utilizado o contexto dos programas implementados no Centro
Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG - por meio das ações,
programas e projetos da Política de Assuntos Estudantis. Composto por questões relacionadas
às dimensões constituintes dos objetivos do programa de assistência estudantil desenvolvido
pelo CEFET-MG, o instrumento de coleta de dados foi, inicialmente, submetido à apreciação
de profissionais cuja área de atuação fosse afim ao tema da assistência estudantil, para
refinamento em termos de coerência e convergência das questões. Posteriormente, a coleta de
dados se deu pela aplicação do questionário a cento e trinta estudantes lotados no Campus I
do CEFET-MG, sendo descartados dois questionários por inconsistências nas respostas. Após
a verificação da adequação da amostra ao processamento por análise fatorial, tal técnica foi
aplicada e foram identificados nove fatores, os quais foram reduzidos para oito após a
identificação de inconsistências conceituais no agrupamento das duas questões constituintes
do nono fator e o remanejamento das mesmas para construtos com os quais mostraram
alinhamento conceitual (articulação, assessoria, democratização e inclusão, comunicação,
recurso orçamentário, apoio socioeconômico e de aprendizagem, acesso e seleção e orientação
e acompanhamento). A análise de confiabilidade dos construtos foi realizada por meio da
avaliação do Alpha de Cronbach, sendo que os resultados obtidos forneceram suporte para o
agrupamento final das variáveis. Como resultado desta pesquisa é apresentado um
instrumento de coleta de dados adequado ao objetivo de servir como referência para a
avaliação de programas de assistência estudantil.
Introdução

O direito a educação, bem como o direito ao acesso e permanência na Escola tem sido
garantido nos aportes legais seja na Constituição Federativa do Brasil (1988/ 2001) que
consagra a educação como dever do Estado e da Família (art. 205, caput) e tem como
princípio a igualdade de condições de acesso e permanência na escola (art. 206, I). A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei n. 9.394 (1996) contém dispositivos que amparam
a assistência estudantil, entre os quais se destaca: "Art. 3º - O ensino deverá ser ministrado
com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola [...]". A LDB determina ainda que "a educação deve englobar os processos formativos
e que o ensino será ministrado com base no princípio da vinculação entre a educação escolar,
o trabalho e as práticas sociais (Art. 1º, parágrafos 2º e 3º, inciso XI), direito que deve garantir
o pleno desenvolvimento do indivíduo, contribuindo em sua formação para exercer a
cidadania.
Para efetivação destes direitos o Plano Nacional de Assistência Estudantil - PNAE,
aprovado em cinco de abril de 2001, tem como um de seus objetivos “garantir o acesso, a
permanência e a conclusão de curso dos estudantes das Instituições Federais de Ensino -
IFES- na perspectiva da inclusão social, da formação ampliada, da produção de
conhecimento, da melhoria do desempenho acadêmico e da qualidade de vida.”. E para
avaliar este processo de permanência prevê a “necessidade de estabelecer uma metodologia de
acompanhamento e avaliação da assistência praticada e qualificar as ações desenvolvidas para
a melhoria do desempenho acadêmico do estudante usuário dos serviços” (FONAPRACE,
2001).
O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG - atua no
nível de ensino médio e técnico da educação profissional e no nível de ensino superior (no
âmbito da educação tecnológica e no nível de graduação e pós-graduação). São nove campi,
três em Belo Horizonte e sete no interior do Estado de Minas Gerais.
O modelo de gestão institucional adotado no CEFET – MG pode ser caracterizado
como gestão por princípios e objetivos, materializada em metas e programas. Insere-se na
gestão institucional a política de atendimento aos discentes, entre os quais se destacam os
estímulos à permanência e ao acesso, desenvolvidos por meio de programas nos eixos de
permanência e sócio educativos. É uma das metas do Plano de Desenvolvimento Institucional
– PDI - a de nº. 12: “Formular e implantar, a partir de 2005, uma Política de Acesso e
Permanência que congregue as ações já existentes, principalmente as da Política de
Atendimento aos Discentes visando à inclusão social” (Silva et al 2006, p. 54).
Em 2005 a gestão da Assistência Estudantil no CEFET-MG foi regulamentada pela
Resolução do Conselho Diretor n. 083 de 13/12/2004, passando toda a questão de assistência
ao discente para a Coordenadoria de Assuntos Estudantis, e determinando que a Política de
Assuntos Estudantis do CEFET-MG deverá ser composta por programas, projetos e ações que
contribuam para a garantia dos seguintes eixos:

I. Democratização do acesso de estudantes de baixa renda, de portadores de


necessidades especiais e de segmentos sociais excluídos da escola pública e
gratuita através de medidas e programas que estimulem e garantam esse
acesso;
II. Permanência do estudante na escola e a conclusão de sua formação com
qualidade por meio de apoio socioeconômico, psicossocial e educacional;
III. Melhoria da qualidade do ensino, por meio de programas sócio-educativos e de
assessoramentos a professores, dirigentes, órgãos colegiados, educandos, que
contribuam para a formação integral dos estudantes;

2
IV. Democratização da educação e dos programas sociais voltados aos estudantes,
fomentando a participação da comunidade escolar nas proposições, execuções
e avaliações, com transparência na utilização dos recursos e nos critérios de
atendimento;
V. Conhecimento da realidade da Escola e de seu público, através de estudos e
pesquisas, a fim de subsidiar avaliações e propostas de revisão das diversas
políticas da Instituição.

A Política de Assuntos Estudantis do CEFET-MG, em consonância com os princípios


apresentados, tem por objetivos:

I. Promover o acesso e a permanência na perspectiva da inclusão social e


democratização do ensino;
II. Assegurar aos estudantes igualdade de oportunidade no exercício das
atividades acadêmicas;
III. Contribuir para a melhoria das condições econômicas, sociais, políticas,
familiares, culturais, físicas e psicológicas dos estudantes;
IV. Contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico dos estudantes,
buscando prevenir e minimizar a retenção, a reprovação e a evasão escolar;
V. Reduzir os efeitos das desigualdades socioeconômicas e culturais;
VI. Promover e ampliar a formação integral dos estudantes, estimulando e
desenvolvendo a criatividade, a reflexão crítica, as atividades e os intercâmbios
de caráter cultural, esportivo, artístico, científico e tecnológico;
VII. Preservar e difundir os valores éticos de liberdade, igualdade e democracia.

Este trabalho tem por objetivo principal a proposição e validação inicial de um


instrumento de avaliação de programas de assistência estudantil, por meio de um modelo
descritivo. Para tal, foi utilizado o contexto dos programas implementados no CEFET-MG
por meio das ações, programas e projetos da Política de Assuntos Estudantis. O instrumento
foi submetido à apreciação de profissionais cuja área de atuação seja afim ao tema da
assistência estudantil e posteriormente aplicado aos estudantes lotados no Campus I do
CEFET-MG. Para validação do instrumento foi utilizada a análise fatorial e análise de
confiabilidade por meio do Alpha de Cronbach.
O artigo dispõe da seguinte forma: inicia com a fundamentação teórica sobre os
conceitos sobre o processo de avaliação e programas sociais, ressaltando os conceitos dos
principais autores destas áreas de conhecimento. Em seguida é apresentada a análise dos
dados e finaliza-se com as considerações finais.

Referencial Teórico

Processo de avaliação

O processo de avaliação deve estabelecer critérios e indicadores em suas etapas de


formulação, implementação e resultados (Belloni, Guimarães & Souza, 2000). Na área social
a escolha adequada de uma avaliação é complexa devido ao emaranhado de fatores nestas
fases (Motta, 1992).
O termo avaliação é utilizado com conotações diferenciadas, portanto o primeiro passo
será a sua conceituação para uma escolha adequada à identificação de parâmetros para avaliar
a Política de Assuntos Estudantis. Aguiar e Ander-Egg (1994) constataram que é um termo
elástico e pode ser utilizado a uma gama variada de atividades humanas.

3
Se considerarmos uma acepção ampla, deparamos com definições como a da Real
Academia Espanhola: avaliar ‘assinalar o valor de uma coisa’. E se tomamos a
definição genérica de um dos principais autores em matéria de pesquisa avaliativa –
Scriven – verificamos que para ele avaliar é um ‘processo pelo qual estimamos o
mérito ou o valor de algo’. Assim, pois – e sempre como uma primeira aproximação -
podemos dizer que avaliar é uma forma de estimar, apreciar, calcular. Em sentido lato,
a palavra se refere ao termo valor e supõe um juízo sobre algo. Em outras palavras, a
avaliação é um processo que consiste em emitir um juízo de valor. Trata-se, pois de
um juízo que envolve uma avaliação ou estimação de ‘algo’ (objeto, situação ou
processo), de acordo com determinados critérios de valor com que se emite o juízo.
(Aguiar & Ander-Egg, 1994 p. 17-18)

Percebe-se que a avaliação apresenta duas formas: a informal, que segundo Belloni et
al (2003) é espontânea e faz parte do cotidiano do sujeito; e a formal, que é realizada por meio
de um “processo avaliativo com características distintas e com possibilidades de compreender
todas as dimensões e implicações da atividade, fatos ou coisas avaliadas” (Belloni et al, 2003
p. 14-15).

Aguiar e Ander-Egg (1994) destacam a seguinte definição:

A avaliação é o processo que se destina a determinar sistemática e objetivamente a


pertinência, eficiência, eficácia, e impacto de todas as atividades à luz de seus
objetivos Trata-se de um processo organizacional para melhorar as atividades que
estão em andamento e auxiliar a administração no planejamento, programação e
decisões futuras. (ONU apud. Aguiar & Ander-Egg, 1994 p. 30)

Outra importante contribuição é apresentada por Weiss apud Aguiar e Ander-Egg,


(1994 p. 31):

A pesquisa em avaliação é uma empresa racional que examina os efeitos das políticas
(policies) e dos programas de suas populações – objetos (targets) (indivíduos, grupos,
instituições, comunidades) em termos dos fins que pretendem alcançar. Por métodos
objetivos e sistemáticos, a avaliação mede a extensão na quais os referidos fins são
alcançados e observa os fatores associados ao êxito ou ao fracasso de seus resultados.
Supõe-se que apresentando “fatos”, a avaliação auxilia a tomada de decisões para a
escolha inteligente entre cursos de ação. Os dados precisos e não torcidos sobre as
consequências dos programas esta tomada de decisões.

Franco (1971) apud Cohen e Franco (1993 p. 73) descreve que “avaliar é fixar o valor
de uma coisa; para ser feita se requer um procedimento mediante o qual se compara aquilo a
ser avaliado com um critério ou padrão determinado”. E que,

alternativamente, a avaliação foi definida como aquele ramo da ciência que se ocupa
da análise da eficiência (Musto, 1975). Foi afirmado que o objeto da pesquisa
avaliativa é comparar os efeitos de um programa com as metas que se propôs alcançar
a fim de contribuir para a tomada de decisões subseqüentes acerca do mesmo e para
assim melhorar a programação futura (Weiss, 1982 p. 16) ou que a validação “mede
até que ponto um programa alcança certos objetivos (Banners, Doctors & Gordon
apud Cohen & Franco, 1993 p.73).

4
A avaliação faz parte do:

processo de planejamento da política social, gerando uma retroalimentação que


permite escolher entre diversos projetos de acordo com sua eficácia e eficiência.
Também analisa os resultados obtidos por esses projetos, criando a possibilidade de
retificar as ações e reorientá-las em direção ao fim postulado (Cohen & Franco 1993 p.
73).

Entende-se por eficiência “a menor relação custo/benefício possível para alcançar os


objetivos propostos de maneira competente, segundo as normas preestabelecidas, podendo,
assim, ser traduzida sob a forma de indicadores de produtividade das ações desenvolvidas”,
numa perspectiva de otimização de recursos (Alves, 2007 p. 45). Segundo Belloni et al
(2001), eficiência responde a questionamentos e indicadores relativos a necessidades que
foram atendidas, aos recursos utilizados e gestão desenvolvida nos programas sociais. O
conceito de eficácia segundo Alves (2007 p. 45) “é uma medida que procura traduzir até que
ponto os resultados, metas e objetivos foram alcançados”. Belloni et al (2001, p. 62)
complementam: “A eficácia corresponde ao resultado de um processo, entretanto contempla
também a orientação metodológica adotada e a atuação estabelecida na consecução dos
objetivos e metas, em um tempo determinado, tendo em vista o plano, programa ou projeto
originalmente exposto”.
Segundo Belloni et al (2000), Cohen e Franco (1994) e Costa e Castanhar (2003)
apud Alves (2007) as políticas públicas, programas sociais também devem passar por outros
critérios de avaliação como a análise da sustentabilidade – que mensura a capacidade dos
efeitos positivos da intervenção social após seu término; o custo / efetividade - obtenção de
retorno/resultado social com menor custo; a satisfação do beneficiário - avaliação da atitude
do usuário com relação à qualidade dos serviços oferecidos; a relevância - importância dos
objetivos pretendidos para a administração pública; a adequação - conformidade com a
origem dos recursos e sua aplicabilidade; a coerência e compatibilidade - percepção se as
ações desenvolvidas são compatíveis com os pressupostos apresentados; e finalmente a
descentralização, parceria e exeqüibilidade.
Para a operacionalização do processo avaliativo precisa-se de um modelo que
contenha padrões e indicadores que tornem possível a adoção de parâmetros de avaliação por
meio das dimensões avaliativas apresentadas.
Os indicadores criados a partir da quantificação dos objetivos podem ser diretos ou
indiretos. Diretos quando dizem respeito a conseguir do “objetivo específico uma relação de
implicação lógica” e indiretos construídos a partir de uma implicação probabilística, aumentar
a quantidade de indicadores para se obter uma medição mais adequada e confiável (Cohen &
Franco, 1993 p.152-153).
Os indicadores sociais apresentados por Vos (1993) apresentam três categorias: de
resultado; de insumo e de acesso. Os indicadores de resultado retratam o nível que as
necessidades básicas estão sendo atendidas. Os indicadores de insumo retratam quais são os
recursos disponíveis para a obtenção de um determinado padrão de vida. E os indicadores de
acesso identificando se a utilização dos recursos disponíveis permite a satisfação das
necessidades básicas. Este último relevante para a análise dos programas sociais, uma vez que
é ofertado um determinado programa, mas não assegura o acesso universalizado.
As medidas de desempenho são sinais vitais dentro da organização. Fazendo uma
analogia com o corpo humano os sinais vitais são os indicadores mais importantes, saber
quais são as medidas críticas (os sinais vitais) em uma organização, para não medir uma
variedade de coisas sem necessidade (Hronec, 1994). Portanto ainda se faz necessário definir
padrões de referência que se baseiam em indicadores para o desenho da avaliação.

5
Os padrões de referência para análise podem ser: absolutos quando “as metas
estabelecidas por um programa são consideradas como padrão a ser alcançado e os desvios
devem ser registrados e analisados”; históricos quando há uma comparação de períodos
anteriores com o atual; normativos quando há uma comparação de programas entre níveis de
governo, região ou no exterior; teóricos quando de acordo com os recursos disponíveis são
estabelecidas as hipóteses de resultados na elaboração dos programas; negociados ou de
compromisso são aqueles baseados em acordos prévios entre os atores envolvidos no processo
de formulação de programas (Costa & Castanhar, 2003, p. 975).
Portanto, para mensurar o desempenho de programas sociais se faz necessário definir
previamente o desenho do programa construindo uma matriz de avaliação por meio da
identificação dos objetivos gerais e específicos, de seus indicadores, de outras fontes de dados
na perspectiva de medir a cobertura do programa, estabelecer o grau de alcance à população
alvo e acompanhar os processos internos (Costa & Castanhar, 2003).

Metodologia

Para a consecução dos objetivos da pesquisa, os procedimentos metodológicos foram


desenvolvidos em seis etapas:
1) Elaboração do instrumento de coleta de dados, referenciado nas diretrizes e
objetivos da Política de Assuntos Estudantis do CEFET-MG. O mesmo foi composto por
trinta e sete assertivas e a opinião dos respondentes coletada por meio de escala Likert de
cinco pontos (discordo totalmente, discordo, indiferente, concordo e concordo totalmente) e
pela disponibilização de espaço para observações e justificativas das discordâncias.
2) Submissão do instrumento de coleta de dados aos gestores (executores) da Política
de Assuntos Estudantis, num total de vinte e um profissionais (assistentes sociais, psicólogas
e pedagoga), sendo acatadas suas sugestões de alterações para composição final da
sistematização do questionário.
3) Realização de pré-teste com cento e trinta estudantes do campus I do CEFET-MG –
Belo Horizonte. Inicialmente foram descartados dois questionários por inconsistências no
preenchimento, restando cento e vinte e oito questionários válidos, que foram processados
com o auxílio do software IBM SPSS.
4) Realização de identificação, análise e tratamento de dados ausentes e de casos
discrepantes.
5) Aplicação de estatística multivariada, por meio da análise fatorial, para
identificação dos fatores que agrupam os critérios de avaliação, e da análise de confiabilidade
dos constructos, via Alpha de Cronbach.
6) Análise qualitativa das observações feitas pelos respondentes.

Apresentação e Análise de Dados

Perfil dos respondentes

O levantamento de dados foi realizado no Campus I do CEFET-MG, em Belo


Horizonte, com 128 estudantes, sendo 20 do ensino da graduação e 108 do ensino médio
profissional. Sua distribuição, conforme o curso é apresentado na Tabela 1. A maioria dos
respondentes é bolsista dos Programas de Permanência, 6% são pertencentes ao período
noturno e 94% são do período diurno.
Quanto ao ingresso no CEFET-MG, predominam os anos de 2008 (39%) e 2009
(34%), seguidos dos anos de 2007 (19%) e 2006 (5%), e 3% não responderam. Em relação à
previsão de término do curso, predominam os anos de 2011 (26%) e 2012 (22%), seguidos

6
dos anos 2009 (19%), 2010 (18%), 2013 (11%), 2014 (3%) e 3% não responderam. A média
de períodos cursados é de 2,11 entre o 2º e 3º ano e o desvio padrão de 1,03. Quanto ao sexo
há um equilíbrio entre os participantes - 45% do sexo masculino e 55% do sexo feminino. O
estado civil apresenta um desvio padrão de 0,15 e a média de 1,02, sendo 98% solteiros e 2%
casados. A raça/cor declarada predomina a preta e parda com 53%, seguida da branca com
39%, desvio padrão de 1,12 e média de 2,17 demonstrando uma heterogeneidade na
declaração quanto à raça/cor, e 8% das demais declarações amarela e indígena. O desvio
padrão da idade é de 0,69 havendo uma homogeneidade e média de 1,52, perpassando entre
14 a 17 anos (34%) e 18 e 21 anos (36%).

Tabela 1
Distribuição dos respondentes conforme o curso no CEFET-MG campus I.

Cursos Respondentes %
Técnico em Eletrotécnica 21 16%
Técnico em Mecânica 22 17%
Técnico em Eletrônica 15 12%
Engenharia de Materiais 09 7%
Técnico em Turismo e Lazer 14 11%
Bacharelado em Química 10 8%
Técnico em Meio Ambiente 03 2%
Técnico em Estradas 09 7%
Técnico em Transporte e Transito 09 7%
Técnico em Equipamentos Biomédicos 06 4,5%
Técnico em Química 05 4%
Técnico em Mecatrônica 03 2,5%
Técnico em Eletromecânica 01 1%
Tecnólogo em Radiologia 01 1%
Total 128 100%
Fonte: dados da pesquisa
Elaborada pelos autores.

Processamento dos dados

Após a tabulação dos dados, foi processada a análise e o tratamento de missing values,
com a aplicação da técnica de imputação de dados por meio da substituição pela média das
questões do mesmo constructo. Não foram identificados casos discrepantes, que se
enquadrassem, simultaneamente, nos critérios de identificação de outliers uni e multivariados
propostos por Hair et al. (2005). Feitos o preparo e o ajuste dos dados coletados foram
processados análise fatorial exploratória com o objetivo de identificar os agrupamentos das
variáveis e, consequentemente, a verificação da validade discriminante. O teste de Kaiser-
Meyer-Olkin (Medida de adequação da amostra - MSA) foi realizado no intuito de indicar o
grau de explicação dos dados a partir dos fatores encontrados na análise fatorial. Caso o MSA
apresente grau de explicação maior do que 0,50 aponta-se para a adequação da amostra à
análise dos fatores. No caso desta pesquisa, o valor apurado foi de 0,873, indicando a
adequação da amostra à aplicação da análise fatorial, fato confirmado pelo teste de
esfericidade de Bartlett (Chi-quadrado aproximado = 2.271,500; p < 0,000). O processamento
dos dados por meio da técnica de Principal Axis Factoring e rotação Oblimin apontou para o
agrupamento das variáveis em nove fatores, com variância explicada acumulada de,
aproximadamente, 54% - Tabela 2.

7
Tabela 2
Resultado do processamento – análise fatorial.
Eigenvalues Iniciais Soma dos Quadrados das Cargas
Percentual Variância Percentual de Variância
Fator Total de Variância Acumulada % Total Variância Acumulada %
1 11,939 32,268 32,268 11,496 31,070 31,070
2 2,232 6,032 38,301 1,767 4,775 35,845
3 1,982 5,357 43,658 1,583 4,277 40,122
4 1,609 4,349 48,007 1,185 3,203 43,325
5 1,415 3,826 51,833 0,957 2,587 45,912
6 1,322 3,572 55,404 0,857 2,316 48,228
7 1,232 3,331 58,735 0,788 2,131 50,359
8 1,136 3,070 61,805 0,728 1,966 52,325
9 1,103 2,982 64,787 0,617 1,667 53,992
Fonte: dados da pesquisa
Elaborada pelos autores.

Estimados os fatores, procedeu-se à análise da validade de conteúdo das variáveis


componentes de cada fator, com o objetivo de evitar o agrupamento de questões que tratam de
temas diferentes no mesmo constructo, o que geraria inconsistências nas análises. Foi
excluído o nono fator, que era composto de somente uma questão, a qual foi reagrupada à
décima questão, constituindo o constructo orientação e acompanhamento – Tabela 3.
As medidas de desempenho baseadas na Política de Assuntos Estudantis do CEFET-
MG foram agrupadas por conceitos comuns. Realizou-se a análise de confiabilidade por meio
do teste de Alpha de Cronbach dos oito agrupamentos de fatores. Conforme pode ser
observado na Tabela 3, para todos os fatores foi apurado Alpha acima de 0,600, limite mínimo
proposto por Hair et al (2005).

8
Tabela 3
Agrupamento das variáveis por fatores continua
Alpha se o
Alpha
Constructo Questões item for
geral
excluído
22-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil articula
com setores do CEFET-MG com relação à Política de Assuntos 0,768
Estudantis.
23- A Seção de Assistência ao Estudante articula com setores
pedagógicos do CEFET-MG com relação à Política de Assuntos 0,757
Articulação

Estudantis.
0,817
1

24-A Seção de Assistência ao Estudante articula com demais setores


0,725
do CEFET-MG com relação à Política de Assuntos Estudantis.

25-A Seção de Assistência ao Estudante articula com o grêmio


estudantil e ou Diretório Acadêmico de Estudantes com relação à 0,824
Política de Assuntos Estudantis.

27-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil assessora


os setores responsáveis pela proposição e realização de processos 0,754
seletivos de ingresso na instituição.

28-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil assessora


as diretorias em projetos, programas e ações que visem garantir e ou
favorecer a inclusão de segmentos de baixa condição 0,743
socioeconômica, portadores de necessidades especiais e segmentos
específicos no CEFET-MG.
29-A Seção de Assistência ao Estudante assessora as diretorias em
Assessoria

projetos, programas e ações que visem garantir e ou favorecer a


inclusão de segmentos de baixa condição socioeconômica, 0,769 0,807
2

portadores de necessidades especiais e segmentos específicos no


CEFET-MG.

31-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil realiza


pesquisas com objetivo de subsidiar avaliações e propostas de 0,780
revisão das diversas políticas da Instituição.

34-O acompanhamento do desempenho acadêmico dos estudantes


atendidos nos programas subsidia proposições e avaliações das 0,801
diversas políticas da Instituição.

9
Tabela 3
Agrupamento das variáveis por fatores continua
Alpha se o
Alpha
Constructo Questões item for
geral
excluído
5-Os Programas de Permanência contribuem para a melhoria das
condições econômicas, sociais, políticas, familiares, culturais, físicas 0,761
e psicológicas dos estudantes.

6-Os Programas de Permanência asseguram aos estudantes


0,752
igualdade de oportunidade no exercício das atividades acadêmicas.

7-Os Programas de Permanência reduzem os efeitos das


0,755
Democratização e inclusão

desigualdades socioeconômicas e culturais.

8-Os Programas de Permanência contribuem para a inclusão social. 0,758


0,794
3

26-Os programas de permanência contribuem para a democratização


0,767
do ensino.

32-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil contribui


para a padronização da coleta, intercomunicação e atualização de
0,796
dados sobre os candidatos, estudantes e egressos do CEFET-MG,
por meio de informatização integrada na Instituição.

33-O acompanhamento do desempenho acadêmico dos estudantes


atendidos nos programas resulta em ações que visam minimizar a 0,777
evasão e/ou repetência escolar.

15-A divulgação das ações da Política de Assuntos Estudantis é


0,811
realizada adequadamente.

16-Os critérios de seleção são divulgados adequadamente. 0,811

17-Os estudantes conhecem os programas de Assistência Estudantil


0,824
oferecidos no CEFET-MG
Comunicação

18-Os estudantes quando ingressam no CEFET-MG são informados


0,821 0,839
4

sobre o direito à Assistência Estudantil.

19-No período de inscrição dos Programas de Permanência os


0,811
estudantes têm acesso às informações e procedimentos necessários.

20-Os estudantes participam do processo de divulgação das ações da


0,814
Política de Assuntos Estudantis

21-A Política de Assuntos Estudantis difunde valores éticos de


0,829
liberdade, igualdade e democracia.

10
Tabela 3
Agrupamento das variáveis por fatores continuação
Alpha se o
Alpha
Constructo Questões item for
geral
excluído
35-O recurso orçamentário é suficiente para a demanda de
Recurso orçamentário

0,496
benefícios.

36-O número de vagas existentes nos programas de permanência é


0,471 0,690
5

suficiente para a demanda dos estudantes no CEFET-MG.

37-A dotação orçamentária anual tem ampliado a quantidade de


0,752
atendimento dos programas de permanência.

4-Os Programas de Permanência garantem a permanência de


Apoio socioeconômico e de aprendizagem

0,597
estudantes de baixa condição socioeconômica na escola.

11-O Programa de Alimentação escolar está universalizado (atende


0,626
todos os estudantes).

12-O Programa de Bolsa Permanência contribui para a permanência


0,601 0,665
6

do estudante na escola.

13-O Programa de Bolsa de Complementação Educacional contribui


para a permanência e formação integral do estudante conciliando 0,600
teoria e prática.

14-Existe demanda para o Programa de Moradia Estudantil no


0,649
CEFET-MG.

1-A Política de Assuntos Estudantis desenvolve ações que garantam


0,586
a igualdade de acesso ao CEFET-MG.
Acesso e seleção

2-Os critérios de seleção são adequados à realidade dos estudantes. 0,425 0,608
7

3-Os critérios de seleção adotados são claros quanto à distribuição


0,494
dos benefícios.
acompanhamento

9-Os estudantes bolsistas recebem orientação / acompanhamento


a
Orientação e

pedagógico na Seção de Assistência ao Estudante.


0,613
8

10-Os estudantes bolsistas recebem acompanhamento psicossocial


a
na Seção de Assistência ao Estudante.

a – não se aplica quando há somente dois indicadores no constructo.


Fonte: dados da pesquisa
Elaborada pelos autores.

Análise das Medidas de Desempenho

Na Tabela 4 são apresentadas estatísticas descritivas no tocante a cada uma das


questões que compuseram o instrumento de pesquisa, ressaltando-se que a questão de número
30 foi excluída devido a sua incompatibilidade conceitual com as demais variáveis e,
principalmente, pela dificuldade de entendimento por parte dos respondentes.

11
Observa-se na descrição estatística das questões de medidas de desempenho que todas
as respostas dos 128 respondentes foram válidas e a média ficou entre 2,65 (questão 11) e
4,19 (questão 12) e o desvio padrão entre 0,695 (questão 12) e 1,384 (questão 11).

Tabela 4
Descrição estatística do resultado das medidas de desempenho continua
Desvio-
Questões Mínimo Máximo Média Padrão
1-A Política de Assuntos Estudantis desenvolve ações que garantam
1 5 3,67 0,860
a igualdade de acesso ao CEFET-MG.
2-Os critérios de seleção são adequados à realidade dos estudantes. 1 5 3,69 1,010
3-Os critérios de seleção adotados são claros quanto à distribuição
1 5 3,83 0,954
dos benefícios.
4-Os Programas de Permanência garantem a permanência de
2 5 4,14 0,858
estudantes de baixa condição socioeconômica na escola.
5-Os Programas de Permanência contribuem para a melhoria das
condições econômicas, sociais, políticas, familiares, culturais, físicas 1 5 3,97 0,947
e psicológicas dos estudantes.
6-Os Programas de Permanência asseguram aos estudantes igualdade
1 5 3,75 1,019
de oportunidade no exercício das atividades acadêmicas.
7-Os Programas de Permanência reduzem os efeitos das
1 5 3,57 1,062
desigualdades socioeconômicas e culturais.
8-Os Programas de Permanência contribuem para a inclusão social. 1 5 3,71 0,981
9-Os estudantes bolsistas recebem orientação / acompanhamento
1 5 3,63 0,969
pedagógico na Seção de Assistência ao Estudante.
10-Os estudantes bolsistas recebem acompanhamento psicossocial na
1 5 3,37 0,978
Seção de Assistência ao Estudante.
11-O Programa de Alimentação escolar está universalizado (atende
1 5 2,65 1,384
todos os estudantes).
12-O Programa de Bolsa Permanência contribui para a permanência
2 5 4,19 0,695
do estudante na escola.
13-O Programa de Bolsa de Complementação Educacional contribui
para a permanência e formação integral do estudante conciliando 1 5 3,75 0,896
teoria e prática.
14-Existe demanda para o Programa de Moradia Estudantil no
1 5 3,10 0,984
CEFET-MG.
15-A divulgação das ações da Política de Assuntos Estudantis é
1 5 3,20 1,012
realizada adequadamente.
16-Os critérios de seleção são divulgados adequadamente. 1 5 3,49 1,035
17-Os estudantes conhecem os programas de Assistência Estudantil
1 5 3,66 0,877
oferecidos no CEFET-MG
18-Os estudantes quando ingressam no CEFET-MG são informados
1 5 3,50 1,100
sobre o direito à Assistência Estudantil.
19-No período de inscrição dos Programas de Permanência os
1 5 3,63 1,072
estudantes têm acesso às informações e procedimentos necessários.
20-Os estudantes participam do processo de divulgação das ações da
1 5 3,27 0,983
Política de Assuntos Estudantis
21-A Política de Assuntos Estudantis difunde valores éticos de
1 5 3,38 0,963
liberdade, igualdade e democracia.
22-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil articula
com setores do CEFET-MG com relação à Política de Assuntos 1 5 3,43 0,882
Estudantis.
23- A Seção de Assistência ao Estudante articula com setores
pedagógicos do CEFET-MG com relação à Política de Assuntos 1 5 3,51 0,841
Estudantis.
24-A Seção de Assistência ao Estudante articula com demais setores
1 5 3,48 0,903
do CEFET-MG com relação à Política de Assuntos Estudantis.

12
Tabela 4
Descrição estatística do resultado das medidas de desempenho continuação
Desvio-
Questões Mínimo Máximo Média Padrão
25-A Seção de Assistência ao Estudante articula com o grêmio
estudantil e ou Diretório Acadêmico de Estudantes com relação à 1 5 3,15 0,906
Política de Assuntos Estudantis.
26-Os programas de permanência contribuem para a democratização
1 5 3,84 0,959
do ensino.
27-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil assessora
os setores responsáveis pela proposição e realização de processos 1 5 3,63 0,761
seletivos de ingresso na instituição.
28-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil assessora
as diretorias em projetos, programas e ações que visem garantir e ou
favorecer a inclusão de segmentos de baixa condição 1 5 3,77 0,846
socioeconômica, portadores de necessidades especiais e segmentos
específicos no CEFET-MG.
29-A Seção de Assistência ao Estudante assessora as diretorias em
projetos, programas e ações que visem garantir e ou favorecer a
inclusão de segmentos de baixa condição socioeconômica, 1 5 3,74 0,853
portadores de necessidades especiais e segmentos específicos no
CEFET-MG.
31-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil realiza
pesquisas com objetivo de subsidiar avaliações e propostas de 1 5 3,54 0,778
revisão das diversas políticas da Instituição.
32-A Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil contribui
para a padronização da coleta, intercomunicação e atualização de
1 5 3,55 0,839
dados sobre os candidatos, estudantes e egressos do CEFET-MG, por
meio de informatização integrada na Instituição.
33-O acompanhamento do desempenho acadêmico dos estudantes
atendidos nos programas resulta em ações que visam minimizar a 1 5 3,88 0,927
evasão e/ou repetência escolar.
34-O acompanhamento do desempenho acadêmico dos estudantes
atendidos nos programas subsidia proposições e avaliações das 1 5 3,69 0,867
diversas políticas da Instituição.
35-O recurso orçamentário é suficiente para a demanda de
1 5 2,87 1,057
benefícios.
36-O número de vagas existentes nos programas de permanência é
1 5 2,66 1,081
suficiente para a demanda dos estudantes no CEFET-MG.
37-A dotação orçamentária anual tem ampliado a quantidade de
1 5 3,46 0,859
atendimento dos programas de permanência.
Fonte: dados da pesquisa
Elaborada pelos autores.

Percebe-se nos resultados do processamento dos dados que as opiniões dos


respondentes acerca das ações e objetivos da Política de Assuntos Estudantis estão dispersas
(coeficiente de variação médio de 27%) e apresentaram a oscilação entre a indiferença e a
concordância. Tal afirmação é confirmada pela dispersão da variabilidade em torno das
médias, apresentada pelos valores do conjunto de medidas de desempenho, e pelo desvio
padrão.
Descreve-se, a seguir, o agrupamento dos oito fatores com a respectiva média e o
desvio padrão e as justificativas das discordâncias, apresentadas pelos respondentes.
O 1º fator denominado articulação com uma confiabilidade de 0,817 nas questões 22,
23, 24 e 25, apresentou médias para as respostas entre 3,15 e 3,51 e desvios padrão entre
0,841 e 0,906.
“Não há diálogo entre a SAE e o grêmio” (E 76)
“Não há integração entre os setores” (E 100)

13
“Nunca ouvi falar desta articulação” (E 129)
O 2º fator, denominado assessoria, com confiabilidade de 0,807 nas questões 27, 28,
29, 31 e 34, apresentou médias entre 3,54 e 3,77 e desvios padrão entre 0,761 e 0,867.
“ O CEFET é muito pouco accessível a portadores de necessidades especiais”(E 101)
“Não há alunos deficientes na instituição” (E75)
O 3º fator, democratização e inclusão, apresentou confiabilidade de 0,794 e é
composto pelas questões 5, 6, 7, 8, 26, 32 e 33. A média das respostas ficou entre 3,55 e 3,97
e o desvio padrão entre 0,839 e 1,062.
“A bolsa não faz ninguém melhor ou pior” (E129)
“Acho que ela ajuda o aluno a se manter na escola”(E129)
“Não contribui significativamente, pois grande parte da ajuda é gasta com fins
escolares”(E121)
O 4º fator, denominado comunicação, com confiabilidade de 0,720 nas questões 15,
16, 17, 18, 19, 20 e 21, teve a média das respostas entre 3,20 e 3,66, e desvio padrão entre
0,877 e 1,100.
“A maioria nem sabe que existe” (E 1)
“Só o mural para informações é muito pouco” (E 1)
“Os programas de Permanência são conhecidos somente tempos após o ingresso no
CEFET-MG (isso ocorre na maioria das vezes)” (E 52)
“Os critérios poderiam ser mais divulgados” (E33)
O 5º fator, denominado recurso orçamentário, apresentou confiabilidade de 0,690 -
questões 35, 36 e 37 - e foi o que teve maior índice de discordância dos respondentes com
predominância da questão 36. O constructo apresentou médias entre 2,66 e 3,46 e desvios
padrão entre 0,859 e 1,081.
“Acho que poderia haver mais vagas” (E 24)
“O recurso, principalmente da bolsa permanência é muito baixo” (E50)
“Não porque há uma demanda muito grande em cima desses projetos” (E 90)
O 6º fator - apoio socioeconômico e de aprendizagem - apresentou confiabilidade de
0,665 para as questões 4, 11, 12, 13 e 14. A média ficou entre 2,65 e 4,19 e o desvio padrão
entre 0,695 e 1,384.
“É necessário carência para obter o direito”(E 9)
“O programa de alimentação escolar não atende a todos os estudantes, uma vez que o
refeitório possui uma capacidade inferior a necessária” (E 58)
O 7º fator - acesso e seleção - apresentou confiabilidade 0,608 nas questões 1, 2 e 3.
A média ficou entre 3,67 e 3,83 e o desvio padrão entre 0,860 e 1,010.
“Sei que o critério é socioeconômico, mas não sei como é feito” (E54)
“Não são claros os critérios de seleção” (E70)
“Existem outros fatores além da renda familiar que comprovem a necessidade da
bolsa” (E129)
O 8º fator denominado orientação e acompanhamento com confiabilidade de 0,613
nas questões 9 e 10, apresentou média de 3,50 e desvio padrão de 0,973.
“Discordo, pois não destinados ajudas necessárias aos estudantes, com relação a
pedagogia e quando existe é demorada” (E 17)
“Na maioria das vezes não há um acompanhamento necessário”. (E 57)

As discordâncias justificadas demonstraram principalmente a necessidade de aumento


de recursos orçamentários e uma comunicação adequada sobre as atividades e programas
desenvolvidos pela Seção de Assistência aos Estudantes no CEFET-MG Campus I, Belo
Horizonte e sua Coordenação Geral de Desenvolvimento Estudantil, constituindo um desafio
identificado para a assistência estudantil suprir estas lacunas. Os resultados com

14
predominância da média entre indiferença e concordo indicaram a heterogeneidade de
respostas e das perspectivas dos respondentes acerca do tema central deste trabalho.

Considerações Finais

Conforme apurado na análise dos dados, a avaliação dos programas de assistência


estudantil se torna extremamente necessária, uma vez que os programas sociais no CEFET-
MG estão sendo planejados e institucionalizados, mas ainda sem instrumental adequado para
avaliar suas metas e objetivos e viabilizar seu aperfeiçoamento de forma contínua.
Dessa forma, considera-se que o instrumento aqui proposto e validado mostra-se
adequado à análise do desempenho dos programas de assistência estudantil, uma vez que os
testes e análises realizadas indicaram positivamente este caminho. Portanto o passo seguinte
proposto com base nos resultados desta pesquisa é a aplicação do instrumental à avaliação da
assistência estudantil em outras instituições, de natureza similar à do CEFET-MG, como
forma de validação dos agrupamentos de variáveis e de verificação de sua adequação aos
objetivos propostos.

Referências Bibliográficas

AGUIAR, M. J. & ANDER-EGG, E. (1994). Avaliação de serviços e programas sociais.


Tradução de Orth, L. M.; CLASEN, J.A. Petrópolis, RJ: Vozes.
ALVES, T. (2007). Avaliação na Administração Pública: uma proposta de análise para as
escolas públicas de educação básica. Dissertação (Programa de pós-graduação em
Administração de Organizações. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade)
Ribeirão Preto – USP.
BELLONI, I., MAGALHÃES, H. & SOUSA, L. C. (2000). Metodologia de Avaliação de
Políticas Públicas. São Paulo: Cortez.
BELLONI, I., MAGALHÃES, H. & SOUSA, L. C. (2001). Metodologia para avaliação de
políticas públicas: uma experiência em educação profissional. (Coleção Questões da Nossa
Época, v. 75). São Paulo: Cortez.
COHEN, E. & FRANCO, R. (1993). Avaliação de Projetos Sociais. Petrópolis, RJ: Vozes,
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (2001). [Coleção Saraiva de
Legislação]. (21a ed.). São Paulo: Saraiva.
COSTA, F. L. & CASTANHAR, J. C. (2003). Avaliação de programas públicos: desafios
conceituais e metodológicos. Revista de Administração Pública (nº. 37 set/out). RJ.
HAIR, J. F., ANDERSON, R. E., TATHAM, R. L. & BLACK, W. C. (2005). Análise
Multivariada de Dados (5 ed.). Porto Alegre: Bookman,
HRONEC S. M. (1994). Sinais Vitais. São Paulo: Makron Books.
Lei n. 9.394, de 29 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da educação
nacional. Disponível: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf
FORUM NACIONAL DO PRO REITORES DE ASSUNTO COMUNITÁRIOS E
ESTUDANTIS [FONAPRACE] (2001). Proposta do FONAPRACE para um plano nacional
de assistência aos estudantes de graduação das instituições públicas de ensino superior –
Versão preliminar encaminhada a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior. Recife: Abril. Disponível:
http://www.unb.br/administracao/decanatos/dac/fonaprace/documentos/doc_produzidos.html
MOTTA, P. R. (1992). Avaliação da administração Pública: eficiência, eficácia e efetividade.
In: Projeto “Um novo Estado para São Paulo” São Paulo: FUNDAP, p.172-212.

15
Resolução Conselho Diretor 083 de 13 de dezembro de 2004 (2004). Regulamento da Política
de Assuntos Estudantis do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Belo
Horizonte: CEFET-MG.
SILVA, B. A., et al. (2006). Plano de desenvolvimento Institucional [PDI]: política
institucional: 2005 – 2010 / Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais –
CEFET-MG. Belo Horizonte: CEFET-MG.
VOS, R. (1993). Hacia um sistema de indicadores sociales. Washington: BID/Indes.

16

Você também pode gostar