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RESUMO
Este artigo, decorrente da pesquisa: “Investigação de Intervenções
Pedagógicas do Serviço de Atendimento Educacional Especializado (AEE)”,
tem como objetivo central constatar quais as principais dificuldades para alunos
com TDAH no processo de ensino aprendizagem, e a importância deste
trabalho como prática de apoio ao aluno com Transtorno de Deficit de
Atenção/Hiperatividade – TDAH. Foi estudado um grupo de 10 alunos entre 8 a
12 anos com defasagens acadêmicas e que passaram a frequentar o apoio
pedagógico para crianças com TDAH. Ao final da pesquisa, as crianças
apresentaram avanços nas áreas relacionadas a aprendizagem,
hiperatividade/impulsividade, déficit de atenção e comportamento antissocial.
As abordagens de atendimento se fundamentaram na qualificação das
competências que favoreceram as Funções Executivas acerca do desempenho
escolar e na orientação a rede regular. Promove-se a ideia de garantir a
aprendizagem de todas as crianças que possuem características decorrentes
do TDAH, elencando os estilos singulares que cada sujeito tem para aprender e
expor sua aprendizagem.
1
Pedagoga no CENAP/ FCEE. Pedagoga. Fonoaudióloga. Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino
Fundamental com ênfase em Educação Especial e em Psicopedagogia.
2
Professora de AEE no CENAP/FCEE. Pedagoga. Especialista em Interdisciplinaridade na Educação e Atendimento
Educacional Especializado.
Introdução
A política estadual de educação especial de Santa Catarina, prevê o
atendimento em serviços organizados pelo poder público, em período oposto o
da rede regular de ensino, para alunos com TDAH (SED/FCEE,2009); por
compreender que estes sofrem prejuízos acadêmicos devido as características
do transtorno.
Conforme o relatório estatístico da FCEE de 2013 o AEE/TDAH é o
terceiro em número de alunos em comparação aos outros diagnósticos no
Estado, ficando atrás apenas dos AEE's Deficiência Mental e Deficiência
Auditiva.
Com a oferta do serviço de apoio, ocorreu a necessidade de organizar e
prover diretrizes específicas que norteasse o trabalho no AEE/TDAH.
E assim, a pesquisa sobre As Intervenções Pedagógicas para o
Atendimento Educacional Especializado – AEE a alunos com Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDAH, aconteceu na Fundação
Catarinense de Educação Especial de fevereiro de 2015 a julho de 2017.
O TDAH é fundamentalmente um déficit na capacidade da pessoa de se
autorregular, ou ainda de se autocontrolar. Os alunos com TDAH comportam-se
de forma comumente impulsiva e demandam maior esforço para se vigiar e
filtrar suas ações (BARKLEY, 2007).
É definido pelo padrão persistente de comportamentos e/ou hiperativos
e impulsivos inconsistentes e que interferem no funcionamento do indivíduo.
São observados déficits, por exemplo, os sinais de desatenção e excessos
comportamentais, como: agitação, inquietação e as respostas impulsivas. Estas
alterações possuem impacto negativo diretamente nas atividades diárias, com
redução da qualidade de vida (APA, 2014).
Objetivos
trocaram de professores.
Com isso, o professor que respondeu a primeira aplicação não foi o
mesmo da segunda aplicação. Nem tampouco o avaliador, pois no primeiro
momento teve-se a colaboração de uma psicóloga e no final, outra profissional
da mesma área colaborou com a aplicação do teste.
Da mesma forma, os alunos foram avaliados no início de 2015 e no final
de 2016 por relatório pedagógico e estudo de caso, tendo como base de apoio
o Plano de Atendimento e Evolução (PAE) e o roteiro de estudo de caso.
Os alunos frequentaram o AEE duas vezes na semana em sessões de
uma hora. No início foram atendidos individualmente, mas no decorrer dos
anos foram agrupados em pares, conforme idade e necessidades de apoio.
É importante esclarecer que os termos apresentados na tabela acima
“muito acima do esperado” e “acima do esperado” são resultados negativos em
relação às respostas do teste, visto que as características nas áreas citadas
refletem excesso dos sintomas do TDAH.
Ao mesmo tempo, os termos “média/dentro do esperado” e “abaixo do
esperado” representam resultados positivos diante da testagem, demonstrando
a diminuição dos sintomas do transtorno.
Resultados
No intervalo entre as duas avaliações, os alunos foram submetidos a
intervenções que estimularam a organização, o planejamento, a flexibilidade
cognitiva, a tolerância, a memória, o controle emocional, o automonitoramento,
a iniciação, a volição4 e o controle inibitório5. Todas as atividades que
4
Volição – ação de querer, escolha (LOOS; SANTANA, 2007).
5
Controle inibitório – é um mecanismo de filtragem, inibe respostas e estímulos distratores
(FRAGOSO, 2014).
família.
No relatório psicométrico de 2015 referente a um outro aluno também do
3º ano, denominado nesta pesquisa de F, vê-se as seguintes informações: Seu
raciocínio lógico é lento. Não rende de acordo ao esperado em português, troca
as letras ao escrever, não compreende textos corretamente e não fala
perfeitamente. Com relação ao comportamento, não apresenta dificuldade no
convívio com os colegas e professores (DIETRICH, 2015).
Não ocorreu a última avaliação psicométrica do aluno F, pois deixou de
frequentar o AEE antes do final da pesquisa por problemas familiares e
mudança de endereço. Porém, no relatório pedagógico de 2016 do mês de
junho, pode-se perceber as diferenças assertivas com relação ao seu
desenvolvimento, onde diz que mantém uma leitura fluente, interpreta e
compreende o que lê. Se cansa em leituras longas. Confunde-se um pouco
com sílabas complexas. Oraliza suas ideias com coerência, porém com um
vocabulário mais reduzido. Quando exposto a novos jogos, compreende melhor
o uso da prática aliada a explicação. Tem mostrado bom desempenho na
Conclusões
Os resultados desta pesquisa trouxeram diversos elementos positivos,
tanto nas questões acadêmicas, quanto na área comportamental dos alunos
que participaram efetivamente das intervenções. Foi perceptível que a
participação ativa da família e da escola, tornou-se de grande importância para
integralizar ao trabalho da professora do AEE.
A sistematicidade dos atendimentos presenciais mostraram-se eficazes,
porém em alguns casos, o monitoramento de alunos sem necessariamente
frequentar o serviço através de orientações e encaminhamentos a família e a
escola, conseguiram contribuir com as mudanças positivas ao desenvolvimento
no âmbito escolar. Estas constatações demonstraram que o serviço também
pode ser ofertado desta maneira, ou seja, com alunos monitorados, sendo
acompanhados na escola e família, por meio de organização, orientação e
formação continuada.
Com também, foi importante discernir os contextos que compete ao
professor de AEE e ao que compreende ao profissional da área psicológica.
Em situações com agravantes e excessivas do comportamento, os
encaminhamentos devem ser devidamente utilizados à área de maior
necessidade.
Quanto ao processo de leitura e escrita, os alunos que iniciaram os
atendimentos ainda não alfabetizados foram os que mais se beneficiaram das
intervenções, pois durante o decorrer da pesquisa obtiveram avanços neste
processo, conseguindo se apropriar de capacidades importantes para a
alfabetização.
Contudo, a alfabetização se constitui como base para muitos
aprendizados. As crianças com TDAH podem apresentar dificuldade de
decodificação e fluência alterada, o que compromete a aquisição da linguagem
escrita. Assim, um trabalho focado em estratégias que superem essas
dificuldades são essenciais no AEE, através de um trabalho que potencialize o
desenvolvimento das funções executivas, as orientações a rede e a
organização familiar.
O domínio da linguagem escrita possibilita a construção de novos
conhecimentos, tornando-os sujeitos críticos, compreendendo melhor a
sociedade a que pertencem e favorecendo condições de enfrentamento dos
desafios que lhe oferecem.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre : Artmed, 2014.
BARKLEY, R. A.Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade: guia
completo e autorizado para os pais, professores e profissionais da saúde. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
BEHINGHS, L. M. M. Relatório psicométrico. São José: FCEE/CENAP, 2016.
(documento não publicado).