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Técnica para a escrita de revisões bibliográficas

Por Glauber Santiago


A maior dificuldade de muitos estudantes ao realizar trabalhos monográficos é que
não possuem pleno domínio da escrita, principalmente da escrita acadêmica. Para auxiliar
nestes casos e também para apresentar uma abordagem diferenciada para quaisquer
interessados, elaboramos a presente orientação. Trata-se de uma técnica que visa auxiliar o
estudante a organizar a pesquisa de materiais bibliográficos e redigir sua revisão bibliográfica.
O quadro a seguir apresenta a nossa proposição de técnica para a escrita de revisões
bibliográficas.
Quadro 1 - Etapas da técnica para escrita de revisões bibliográficas proposta
Etapa Ação

1 Criar questões guia

2 Montar o quadro guia

3 Preencher o quadro guia inicialmente (citações, dados e comentários)

4 Aprimorar o quadro guia (porcentagem de citações indiretas e comentários)

5 Entender sobre citações e plágio

6 Diluir questões guia

7 Completar parágrafos para questões guia

8 Verificar fluxo textual inicialmente (Impessoalidade, Tamanho da frase e do


parágrafo, Palavras, uso desgovernado do "que")

9 Amparar citações diretas

10 Verificar fluxo textual final: Quebra-molas e Leitor guiado

11 Conferir formatação e digitação


Fonte: Autoria própria
Estas são ações simples e que possibilitam a qualquer pessoa realizar um bom texto de
revisão bibliográfica, sem atropelos e ansiedades. Não se trata de uma abordagem teórica. É
algo que você pode utilizar desde já na elaboração de seus trabalhos. Basta seguir as etapas,
conforme seguem.
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Etapa 1 - Criar questões guia

Bom, quando você está escrevendo um texto existe um roteiro, uma sequência lógica
de passos na qual você apresenta ao leitor sua argumentação. Uma forma bastante eficaz de
realizar a elaboração de um texto acadêmico é estipular um roteiro com questões guia (Obs.:
Esta não é uma terminologia padrão em pesquisas científica. Apenas é uma terminologia que
estamos utilizando neste componente para explicar nossa metodologia de elaboração de
trabalhos acadêmicos).
Vamos a um exemplo. Observe-o atentamente para entender a lógica:

Tema: Educação nasal no planeta Marte: Origem e estrutura básica

Questões guia:

1. O que é educação nasal?

2. O que é Federação Interplanetária?

3. Quais são os planetas da Federação Interplanetária?

4. Como é a população de Marte?

5. Quem são os povos nativos e sua cultura?

6. Quem são os "viajantes T" e sua cultura?

7. Como se iniciou a prática nasal em Marte?

8. Como se iniciou a educação nasal em Marte?

9. Qual o papel dos viajantes T na organização da educação nasal marciana?

10. Quais os principais centros de educação nasal em Marte?

11. Qual o papel do módulo inter noite?

Observe que, sem o embasamento bibliográfico, as questões guia podem ficar sem
muito sentido para um leitor em geral, mas para quem está elaborando o projeto, elas devem
ser altamente significativas, pois representam o que será buscado na revisão bibliográfica.
Para elaborar as questões guia de seu projeto siga os seguintes passos e observe os
exemplos.
1-A primeira fase da elaboração de questões guia é esmiuçar o tema, no exemplo seria
o seguinte:

Educação nasal no planeta Marte: Origem e estrutura básica

Para isso, pense nos elementos chave:

Educação nasal
3

Planeta Marte

Origem da educação nasal (em Marte)

Estrutura da educação nasal (em Marte)

2-Depois crie questões gerais com estes elementos chave. Aqui, você irá necessitar de
conhecimentos sobre o tema, por enquanto podem ser apenas intuitivos, depois você terá
que embasar a maioria destas suas ideias em artigos ou livros. Veja a seguir como os
elementos chave do exemplo anterior são transformados em questões.

O que é Educação nasal?

Como se caracteriza a população do Planeta Marte?

Como se deu a origem da educação nasal em Marte?

Como se estrutura da educação nasal em Marte?

3-Depois, crie questões intermediárias para explicar cada uma destas grandes
questões. Estas questões intermediárias, mais do que nunca, necessitam de seu conhecimento
sobre o tema. Por enquanto, pode ser apenas intuitivo. Aqui você já pode acrescentar
elementos que não estão no tema mas que você acredita serem importantes para apresentar
suas ideias. Cada vez mais questões, mais fácil ficará seu trabalho futuro. Indicamos a
quantidade de 10 a 20 questões guia.
Você pode se inspirar nas questões que exemplificamos mas pode, e deve, criar outras,
conforme seu tema. Seja criativo! Imagine-se como um explorador ou um repórter
investigativo. Lembre-se do seu objetivo e de sua questão de pesquisa. Se seu objetivo e
questão de pesquisa não estão boas, aproveite para modificá-las.
Ocorreu uma explosão na Chechênia. Como investigador o que você irá fazer? Que questões irá criar
para poder responder?:

Onde é a Chechênia? Quem mora lá? O que explodiu? Como foi isso? Alguém se feriu? Quem foi o
responsável? O que ocorrerá agora com a região?

4-Depois, você verifica se suas questões estão em uma ordem lógica. Explique
verbalmente para alguém (parente ou amigo) sua lógica de questões. Veja se não tem que
criar mais alguma questão para explicar bem o tema ou se tem que mudar de ordem. Tenha
bastante discernimento ao realizar esta etapa pois irá possibilitar um fluxo de ideias bastante
claro no seu texto final da monografia. Acredite!

Etapa 2 - Montar o quadro guia

Outro grande facilitador do trabalho de redação é o quadro guia que está aqui
proposto. Vide o exemplo a seguir:

Quadro 2 - Modelo de quadro para estruturação da pesquisa bibliográfica


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Questão Citação Citação indireta Dado ou Comentário


guia direta estatística pessoal

Referências:

A ideia do quadro é você organizar suas necessidades e achados referentes à sua


revisão bibliográfica. Assim, na primeira coluna irá inserir cada uma das questões guia, já
ordenadas em uma lógica explicativa. Na segunda coluna você coloca (sempre entre aspas) os
textos que você coletou como citação direta. Coloque a referenciação correta, incluindo autor,
ano e número de página. Na terceira coluna são as citações indiretas, ou seja: paráfrases suas
de algum texto. Coloque a referenciação correta, incluindo autor, ano e número de página.
Observe que o padrão é não colocar número de página em citações indiretas, mas aqui deixe.
Para que você possa encontrar facilmente de onde tirou a ideia do autor. Na quarta coluna
coloque dados estatísticos ou informações de datas. Estas informações também devem ser
referenciadas. Por fim, na última coluna, você coloca comentários pessoais seus. Seria uma
reflexão sua sobre a questão e sobre o que as demais colunas indicaram. Cada vez mais
comentários pessoais seus mais fácil será a redação final do seu trabalho, só não exagere pois
em uma revisão bibliográfica o mais importante é o que os outros autores pensam e não o
que você pensa sobre a questão guia.
Observe que cada vez mais campos forem preenchidos mais material você terá para
elaborar seu texto final. Mas, observe também que não é necessário que todos os campos
sejam preenchidos. Na verdade isso depende da profundidade da questão guia que você
concebeu ou de sua capacidade de encontrar referências bibliográficas que se relacionem com
sua questão guia.
A seguir apresentamos um exemplo hipotético de quadro em preenchimento:

Tema: Educação nasal no planeta Marte: Origem e estrutura básica


Questão guia Citação direta Citação indireta Dado ou Comentário
estatística pessoal
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O que é educação "Educação nasal é a arte e


nasal? a ciência de educar com
música" (PACHECCO,
2050, p. 34)

"Educação nasal busca


encontrar sua meta na
face" (VITAL, 2069, p. 6)

O que é Federação A Federação foi


Interplanetária? criada para
integrar cada
comunidade
(PACHECCO, 2005,
p. 47)

Quais são os planetas "O planeta terra é o 6 planetas, 4 Eu acho que é


da Federação fundador da Federação" luas e 223 importante falar
Interplanetária? (FEDERAÇÃO estações que Plutão não
INTERGALÁTICA, 2071, p. compõe a entrou na lista
1) Federação (FI, por causa da
2071, p. 76) Rebelião de
2044.

Como é a população
de Marte?

Quem são os povos


nativos e sua cultura?

Quem são os
"viajantes T" e sua
cultura?

Como se iniciou a
prática nasal em
Marte?
6

Como se iniciou a
educação nasal em
Marte?

Qual o papel dos


viajantes T na
organização da
educação nasal
marciana?

Quais os principais
centros de educação
nasal em Marte?

Qual o papel do
módulo inter noite?

Referências:
PACHECCO, Manoel. Vivendo aqui!: Uma questão de posse. X-oiioo: Mptagoogle, 2050. 876 p.
VITAL, Mauro. Fostes um dois. São Carlos: CotaM, 2069. 9987 p.
FEDERAÇÃO INTERGALÁTICA. Anuário da Federação. MotXY: FI Press, 2071. 364 p.

Você leu com atenção o exemplo acima?


Pois bem. Resolvemos indicar um tema que pudesse ser útil para o entendimento do
que faremos na unidade e que, porém, não pudesse ser simplesmente copiado por nenhum
estudante. Por isso falamos sobre Marte.

Etapa 3 - Preencher o quadro guia inicialmente (citações, dados e comentários)

Agora que você entendeu o quadro, realize seu trabalho de busca de referências
bibliográficas. É moroso, mas não existe outra forma. Faz parte da atividade do pesquisador.
Tente encontrar referências que embasem as respostas de todas as questões guia. Mas se não
encontrar algo, não tem problema. O segredo é não ficar parado e travado. Se algo ficar
pendente, no futuro resolva.

Etapa 4 - Aprimorar o quadro guia (porcentagem de citações indiretas e


comentários)

Geralmente, ao se elaborar o quadro, o aluno tende a utilizar mais citações diretas.


Isso, em si não é um problema. Porém, quando um texto possui citações diretas em demasia,
pode aparentar desleixo. Além disso, o excesso de citações diretas pode atrapalhar o fluxo de
leitura do texto, pelo leitor. Resumindo: deixe as citações diretas para coisas mais importantes
e, no geral, utilize indiretas. A vantagem do uso de citações indiretas é que elas deixam o texto
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mais com a cara do autor e geralmente facilitam a leitura do leitor. Pense nisso ao escolher
qual citação irá transformar em indireta.
Assim, indicamos que, nesta etapa você garanta que, ao menos, 50% da citações de
seu quadro sejam indiretas. Então, agora você irá escolher a metade das citações diretas e
transformar em citações indiretas. Você irá parafrasear o texto. Ou seja, escrever a mesma
coisa com as suas palavras. Por exemplo:

"Altura é a medida mais distante entre a cabeça e a planta do pé" (SOCORRO, 1998, p. 389)

Para Socorro (1998, p. 389) a altura nos animais é entendida como a distância entre a planta do pé e o
topo da cabeça.

Observe que a primeira frase é uma citação direta e está entre aspas. Já a segunda
frase, é uma paráfrase da primeira, é uma citação indireta. Observe que não está mais com
aspas. Ou seja, o texto é meu e não de Socorro. Observe que mesmo não sendo um texto de
Socorro eu tenho que manter a referência incluindo ao sobrenome e o ano, já que a ideia não
é minha e sim de Socorro. Pela norma padrão não é para se manter o número da página na
citação indireta, mas, nós iremos manter o número da página mesmo na citação indireta aqui
neste quadro.
Lembre-se que sempre você deve conferir se as questões guia do seu quadro estão
adequadas e na ordem. Mude sempre que desejar aprimorar algo!

Etapa 5 - Entender sobre citações e plágio

Quando se está lidando com trabalhos acadêmicos é fundamental se ter um cuidado


redobrado para não incorrer em plágio. Para ficar mais didático irei dar um exemplo extremo.
Se você for pego em um aeroporto com a mala cheia de drogas não conseguirá convencer a
polícia que foi sem querer e não sabia. Se em seu texto contiver um treco de outro autor, da
mesmo forma estará incorrendo em crime, neste caso, de plágio. Além disso você pode sofrer
punições acadêmicas e profissionais.
Então, por favor, assista ao seguinte vídeo explicativo que elaborei para este propósito.

https://www.youtube.com/watch?v=h-lpyXEqgbs&feature=youtu.be

Depois, confira as orientações sobre as citações nas páginas de 190 a 241 do seguinte
livro:

PRODANOV. Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho Científico:
Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2013,
277 p.

Este entendimento é fundamental para o prosseguimento das atividades. Seja atento


que tudo dará certo!
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Se desejar realize a leitura do seguinte texto que se trata de uma comunicação que o
CNPq realizou sobre algumas questões fundamentais sobre as pesquisas científicas. Ética e
Integridade na Prática Científica e Relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq:
http://www.cnpq.br/documents/10157/a8927840-2b8f-43b9-8962-5a2ccfa74dda

Etapa 6 - Diluir questões guia

Após trabalhar bastante tempo no seu quadro ele já deve estar pronto para ser
utilizado como base para a elaboração do seu texto. Então, crie um outro arquivo em seu
editor de texto e comece a elaborar o texto. Inicie copiando as questões guia, como se fossem
capítulos. Depois você irá apagá-las.
Então, a próxima tarefa é diluir suas questões guia no meio do seu texto. Por exemplo:

1. O que é altura?

A ideia de altura é comentada por diversos autores, principalmente os canadenses. Aqui no Brasil,
Socorro (1998) enfatiza que altura...

Como vimos no exemplo, a questão guia ficou meio que embutida (subentendida no
início do texto). Ou seja, depois que você apagar as questões guia, seu texto, mesmo assim,
deve ficar claro para o leitor. Cuide para que isso ocorra.
Por hora, apenas elabore o texto diluindo a questão guia, não a apague. É que é bom
poder saber qual era a questão para facilitar a verificação. Mas depois todas elas serão
apagadas por você.

Etapa 7 - Completar parágrafos para questões guia

Agora, complete um ou mais parágrafos para cada questão guia. Utilize as citações
diretas e indiretas, ou dados que você tiver além de suas próprias argumentações. Por
exemplo:

Questão guia 1. O que é altura?

A ideia de altura é comentada por diversos autores, principalmente os canadenses. Aqui no Brasil,
Socorro enfatiza que a altura no reino animal é entendida como a distância entre a planta do pé e o topo da
cabeça (SOCORRO, 1998, p. 389). Neste sentido, o conceito de altura está ligado às extremidades. No presente
projeto, não se está trabalhando com Biologia, mas no caso da Educação nasal a altura também se relaciona com
a distância, mas no caso é a distância entre os músculos da face.

Como você pôde observar no exemplo, o parágrafo iniciou com a questão guia diluída
e depois utilizou uma citação indireta e depois passou por uma argumentação pessoal do
autor. Só tenha cuidado para você não misturar demais a ponto do leitor não saber qual ideia
é sua e qual ideia é do autor que você citou. Para evitar este problema é melhor separar os
parágrafos, por exemplo:
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A ideia de altura é comentada por diversos autores, principalmente os canadenses. Aqui no Brasil,
Socorro enfatiza que a altura no reino animal é entendida como a distância entre a planta do pé e o topo da
cabeça (SOCORRO, 1998, p. 389). Neste sentido, o conceito de altura está ligado às extremidades.

No presente projeto, não se está trabalhando com Biologia, mas no caso da Educação nasal a altura
também se relaciona com a distância, mas no caso é a distância entre as notas envolvidas em um intervalo.

Agora se vê claramente que a citação de Socorro é apenas o parágrafo de cima e que


o parágrafo de baixo é do autor do projeto de pesquisa.
Este acima foi um exemplo com citação indireta, se fosse com citação direta seria algo
assim:

Segundo um autor da área da Biologia "altura é a medida mais distante entre a cabeça e a planta do pé"
(SOCORRO, 1998, p. 389). Neste sentido, o conceito de altura está ligado às extremidades.

No presente projeto, não se está trabalhando com Biologia, mas no caso da Educação nasal a altura
também se relaciona com a distância, mas no caso é a distância entre as notas envolvidas em um intervalo.

Só lembrando que se citação direta tiver mais de 3 linhas você deve considerá-la uma
citação direta longa. Então, você diminui o tamanho da fonte (fonte 10) e deixa o parágrafo
deslocado 4 centímetros para a esquerda. Observe que a ABNT manda tirar as aspas da citação
longa. Eu também concordo com isso, mas, por enquanto deixe as aspas na citação longa.
Entendido? Vai que, sem querer, você muda a formatação do texto e comete um plágio de
bobeira. Ficou claro?

Etapa 8 - Verificar fluxo textual inicialmente (Impessoalidade, Tamanho da


frase e do parágrafo, Palavras, uso desgovernado do "que")

Agora que seu texto está sendo construído, sempre fique atento a diversos aspectos.
Iremos tratar de alguns deles nesta etapa. Vamos lá?
Para elaborar um texto de revisão bibliográfica utilize a forma impessoal. Por exemplo:
Use:

Considera-se importante o leite materno.

E não:

Consideramos importante o leite materno.

E nem:

Considero importante o leite materno.

Ou seja: Seu texto não pode usar a primeira pessoa ("eu" ou "nós") e nem a segunda
pessoal do singular ("vós", ou "vocês"). Por outro, lado seu texto pode usar a segunda pessoa
("ele" ou "eles") no caso de uma citação.
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De resto, deixe sempre no impessoal, mesmo ("Recomenda-se o leite materno" ou "O


leite materno é recomendado").
Para saber mais, leia a página 68 da seguinte referência: SILVA, E. L. da; MENEZES, E.
M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed. Florianópolis: UFSC, 2005. 138
p.
Observe também as seguintes advertências :

● Evite frases muito grandes ou muito curtas.


● Evite parágrafos muito grandes ou muito pequenos.
● Evite palavras repetidas na mesma frase ou em frases próximas.
● Evite o uso desgovernado do "que".

Para mais dicas, leia o trecho a partir do segundo parágrafo da página 78 até o final da
página 79 do seguinte livro: CASELI, Helena. Metodologia Científica. São Carlos. Secretaria
Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos. 2011. 112 p.

Etapa 9 - Amparar citações diretas

Algo extremamente desagradável é ler um texto acadêmico com citações diretas que
surgem do nada e que não remetem a nada. Um erro clássico é finalizar um trecho com uma
citação direta. Para o autor da peripécia parece que “fechou com chave de ouro” mas para o
leitor pode parecer algo totalmente desproposital. Para evitar problemas como este, sempre
ampare as citações diretas no seu texto. Principalmente citações diretas no final de um trecho
chave. Pense assim:
Você deve ter percebido que existe uma certa lógica ou sequência de questões guia
sobre um assunto chave, não é?
Por exemplo: Em um projeto chamado Últimos incêndio na Mata Atlântica poderíamos
ter algumas questões guia sobre incêndio, depois algumas sobre florestas, depois algumas
questões sobre a Mata Atlântica e depois questões sobre a fauna e a flora deste bioma.
Pois bem, a ideia é a seguinte: Nunca termine um assunto chave com uma citação
direta. Ou seja: No final de cada assunto chave escreva algo com suas palavras. Isso evitará
que você caia em diversas armadilhas relacionadas a não guiar o leitor. Ou seja, o leitor deve
ser guiado e terminar um assunto chave com uma citação direta dificulta isso.
O que é para você fazer?

a) Veja suas questões guia e confira quais são a últimas questões de cada assunto chave.
Lembre-se que é você que deve pensar qual é um assunto que você considera chave.

b) Confira se existe alguma citação direta sozinha no final de um assunto chave. Em caso
positivo, realize o passo a seguir.
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c) Sempre é para você escrever algo seu no final de um trecho e não deixar a citação direta
sozinha. Isso é importante para garantir que você esteja guiando o leitor. Neste parágrafo
adicional que, por ventura você tiver que escrever, você terá as seguintes possibilidades:

Possibilidade 1: Explique a importância da citação direta anterior

Possibilidade 2: Explique qual será o próximo assunto a ser tratado.

Possibilidade 3: Faça uma ponte entre o assunto anterior e o próximo assunto.

Possibilidade 4: Qualquer combinação das possibilidades anteriores.

Etapa 10 - Verificar fluxo textual final: Quebra-molas e Leitor guiado

Lembre-se que sempre um texto pode ser melhorado. A cada vez que você reescreve
algo, você consegue explicar melhor o que deseja. Muita vezes o estudante não apresenta um
bom texto simplesmente pois não se dispôs a reescrever alguns, ou vários, parágrafos. O
trabalho textual é algo que sempre pode ser aprimorado com a dedicação. Libere tempo para
isso! Mas, pelo momento, faça o seguinte:
Leia todo o seu texto (ignorando as questões guia, que serão apagadas no futuro, não
agora!). Responda, sinceramente, a estas questões. Se for o caso pergunte para um parente
ou amigo.
1. O texto ficou fluente?
2. O leitor se sente andando em uma boa pista ou em uma rua cheia de quebra-
molas?
3. O leitor é guiado?
4. De um parágrafo para o outro de seu texto está claro para o leitor o que você
está falando?
Um exemplo de texto com um “quebra-molas”:

...por isso a Educação nasal é muito importante.

O autofalante pode ser muito prejudicial à saúde.

Observe que, como leitor, você sentiu uma verdadeira “paulada”. Estávamos bem
lendo sobre uma coisa e aparece outra que não tem nada de relação.
Veja agora o exemplo de como poderíamos arrumar este texto tirando o quebra-
molas.

... por isso a educação nasal é muito importante. Paralelamente a esta ideia, o presente projeto mostra como
diferentes dispositivos tecnológicos relacionam-se com questões nasais. Como é o caso do autofalante. Na
verdade o autofalante pode ser muito prejudicial à saúde.
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Considerando estas coisas, se necessário, arrume seu texto acrescentando pontes e


explicações para o leitor. Ou seja, guie o leitor. Relembre, de vez em quando, a cada assunto
chave, por exemplo, o que você quer dizer com tudo isso.
Um elemento que sempre deve ser considerado é que o leitor não é obrigado a
memorizar tudo o que está lendo. Assim, de vez em quando considere retomar para o leitor
do que se trata o texto todo. Por exemplo: Se sua monografia fala sobre os frigobares em
aviões bimotor, a cada final de capítulo, ou a cada 10 páginas, por exemplo, lembre o leitor
sobre isso. Seja discreto para não parecer repetitivo. Utilize sua criatividade para relembrar o
leitor inteligente e não parecer que você o acha ignorante e nem que você quem o é! Isso é
comunicação com o leitor.
Depois que seu texto estiver bom, apague todas as questões guia para o texto ficar
limpo.

Etapa 11 - Conferir formatação e digitação

Após terminar seu trabalho muitas vezes existem erros como a utilização de dois
espaços seguidos no lugar de um. Como é difícil de ver a olho nú, entre no seu editor de texto
e entrando no comando de substituição, procure por dos espaços e substitua por um espaço.
Confira ainda se estão em itálico nomes de títulos de obras, empresas ou palavras
estrangeiras. Muitas vezes é mais uma questão de padronizar dentro do trabalho. Confira
também as iniciais maiúsculas em nomes de áreas etc.
Retire as aspas das citações longas. (Cuidado para não virar plágio!)
Sempre deixe um espaço após o p. nas referenciações. Por exemplo (SANTIAGO, 2019,
p. 4).
Sempre atualize as referência bibliográficas e deixe-as na formação correta.
Releia o texto com paciência. Experimente ler em outras telas e locais para mudar o
ponto de vista.
Sucesso!
Prof. Glauber Santiago

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