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CADERNO DO PROFESSOR

QUEM ESTÁ FALANDO?

LITERATURA |  LÍNGUA PORTUGUESA |  SOCIOLOGIA


guia de ícones

analisar, questionar, elaborar hipóteses, comentar (questionando)

apresentar, relatar, compartilhar em voz alta

assistir, apresentar (vídeo)

comentar, explicar

dica

discutir, conversar

ler

recuperar, retomar, relembrar

registrar, criar, destacar, grifar, completar


título
Quem está falando?
O conto como meio para a reflexão sobre
a desigualdade social no Brasil

apresentação
Este Caderno do Professor tem como proposta gerar uma reflexão sobre os proble-
mas sociais e estimular a produção de contos ou minicontos, com base na leitura
de três autores brasileiros: Rubem Fonseca, Geovani Martins e Ferréz.

objetivos
••Estimular a leitura e a escrita;
••Aprofundar o conceito e a finalidade do gênero conto;
••Identificar a voz narrativa em cada conto;
••Discutir o lugar social do narrador de cada conto;
••Aguçar a perspectiva crítica em relação à questão social levantada em cada conto;
••Estimular o estudante a observar o mundo a sua volta e escolher um assunto
para a produção de um conto ou miniconto sobre a desigualdade social.

áreas do segmento e
conhecimento habilidades da BNCC
Literatura, língua portu- Ensino Médio: EM13LGG101, EM13LGG102,
guesa e sociologia. EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LP45,
EM13LP48, EM13LP49, EM13CHS502 e
EM13CHS503.

duração recursos necessários


De 4 a 6 aulas.
•• Computador com acesso à internet;
•• Projetor ou tablet.

São Paulo, 2020


desenvolvimento

1º MOMENTO

Por que criar uma história?


Neste primeiro momento, pergunte à turma por que criamos histórias. Estimule-
-os a refletir sobre essa questão. Em seguida, mostre que contar histórias é uma
prática que acompanha a humanidade desde o início dos tempos, quando as
narrativas eram passadas por meio de recurso oral ou cantado. Como exemplo,
explique que na Grécia Antiga havia a figura do aedo (em grego antigo signi-
fica “cantor”), poeta que recitava acompanhado de uma lira, um instrumento
de corda. Em muitas sociedades contemporâneas, também encontramos a
“palavra cantada” como meio de transmitir a memória coletiva de um povo.

Comente que, com a invenção da escrita, as histórias passaram a ser registradas


e os primeiros registros, os chamados cuneiformes, desenvolvidos pelos sumérios
na Mesopotâmia, datam de cerca de 4.000 a.C. A escrita causou uma revolução
tão significativa na forma de os povos se comunicarem que, a partir dela, os histo-
riadores estabeleceram o encerramento da Pré-História e o início da Antiguidade.

O contato com as histórias, sejam elas na forma oral ou escrita, nos ajudam a
entender o mundo, as sociedades e seus costumes, e a manter a memória de
um povo viva através dos tempos. Explique que a literatura é uma das maneiras
de expressar emoções e ideias, e que qualquer pessoa é capaz de criar histórias.

Apresente à turma o crítico literário e sociólogo Antonio Candido, explicando


que ele foi uma das maiores referências no estudo da literatura no Brasil. Para
Candido, a literatura exprime o ser humano e atua na sua formação. Seus es-
tudos ressaltam a necessidade universal da ficção e da fantasia. Para ajudar
na compreensão dessa ideia, exiba o vídeo O Direito à Literatura, disponível
no site da Ocupação Antonio Candido.

Ressalte o trecho em que Antonio Candido diz: “a criação ficcional nos integra,
ela passa a ser um componente da nossa visão do mundo, da nossa maneira
de ser”. Esse ponto de vista servirá para introduzir a ideia da invenção da
narrativa de ficção e despertar o interesse pela leitura.

Conclua a aula com algumas perguntas: Qual é o seu tipo de história favorito
(pode ser um livro ou um filme)? Qual é o seu personagem favorito? Você se
identifica com ele? Você gosta de contar histórias? Em quais situações? Já
escreveu alguma história?

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2º MOMENTO

As características do conto
e do miniconto
Nesta segunda aula, indague à turma sobre o que é um conto e tente colher
uma definição.

O conto é uma narrativa curta e, portanto, exige menos tempo de leitura para sua
compreensão. É uma criação ficcional que apresenta uma ideia central, com poucos
personagens e com tempo e espaço reduzido. O grande diferencial é saber captar
o leitor criando uma história com poucas palavras, capaz de gerar uma tensão
que levará a um desfecho inesperado. O miniconto tem a mesma estrutura, mas
de forma ainda mais concisa.

Apresente os contos a serem trabalhados: O Outro, de Rubem Fonseca e Espiral,


de Geovani Martins, e o miniconto O Grande Assalto, do escritor Ferréz. Pergunte
se conhecem esses autores e explique que Rubem Fonseca é considerado o mestre
do conto brasileiro, e que Geovani Martins e Ferréz são de outra geração e realida-
de sociocultural. Complemente com a leitura do verbete sobre literatura marginal.

3º MOMENTO

Conhecendo o escritor
Rubem Fonseca
Apresente o verbete sobre Rubem Fonseca. A leitura pode ser individual ou
em grupos e você pode imprimir e distribuir cópias do verbete para a turma.
Destaque o seguinte trecho:

Rubem Fonseca – Trecho do Verbete

Um dos mestres do conto no país, seu estilo coloquial, direto e seco retrata a
violência urbana sem rodeios, compondo o que Antonio Candido (1918-2017)
chama de “realismo feroz”. [...]

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Em 1963, estreia com o livro de contos Os Prisioneiros e, em 1965, lança
A Coleira do Cão. Nessa primeira fase de sua produção há um lirismo decor-
rente do choque entre a realidade objetiva, esvaziada pelos conflitos sociais e
pelas relações interpessoais desumanizadas. [...]

A violência é patente nos contos-título de Feliz Ano Novo (1975) e O Cobrador


(1979), considerados suas obras-primas. No primeiro caso, apresenta-se a in-
vasão de uma quadrilha a uma festa de réveillon de classe alta: entediado e
drogado, o bando sai às ruas para cometer crimes que culminam no fuzilamento
de dois homens. Já no segundo, o narrador-protagonista encontra na violência
a maneira de reparar sua condição marginalizada e de se vingar da sociedade:
“Está todo mundo me devendo!”.

Nos retratos de episódios violentos ou em tramas de extensas complicações,


há sempre os marginalizados e uma burguesia corrupta. Entre uns e outra,
emergem forças como a bestialidade dos criminosos, a hipocrisia social e os
abusos cometidos pelas classes dominantes.

Complemente com a leitura da reportagem Cinco obras fundamentais para


mergulhar na literatura de Rubem Fonseca, em que a professora Natália Trafani
Sanches explica que “o contista não tem o tempo a seu favor, seus personagens
precisam de poucas descrições, seu conflito precisa ser rico em ações e o final
precisa surpreender”.

Para a próxima aula, solicite a leitura do conto O Outro, de Rubem Fonseca, e


Espiral, de Geovani Martins.

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4º MOMENTO

Conhecendo o escritor
Geovani Martins
Inicie retomando o que foi aprendido na aula anterior. Leia o verbete de
Geovani Martins, destacando o trecho a seguir:

Geovani Martins – Trecho do Verbete

Geovani Martins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991). Escritor, contista e cro-
nista. Em sua escrita, a perspectiva da juventude da periferia urbana do Rio de
Janeiro assume a centralidade das narrativas. Em crônicas e contos de ficção
com apelo autobiográfico, Martins mescla a linguagem coloquial e a norma
culta com fluidez, abrangendo o léxico de diversas favelas da capital fluminense,
com suas gírias e expressões próprias. Seu estilo é apresentado como “novo
realismo”[...], com a preponderância da trama e do enredo.

Martins trabalha em ofícios diversos antes de se tornar escritor profissional.


As experiências como homem-placa, atendente de lanchonete, vendedor de
barraca de praia e garçom de bufê infantil conferem ao autor um lugar de fala
para narrar a vida na favela do ponto de vista de seus moradores. Muitas dessas
vivências adentram o universo ficcional de Martins na forma de personagens
com profissões análogas.

O gosto pelas narrativas tem início por influência das histórias contadas pela
avó. Martins abandona a escola antes de finalizar o ensino fundamental, mas
compensa a falta de estudo formal com uma formação autodidata.

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Oriente a turma a pensar nas semelhanças e diferenças entre o conto O Outro,
de Rubem Fonseca, e Espiral, de Geovani Martins. Para iniciar essa análise,
sugerimos as seguintes perguntas:

1. Quem conta as histórias, ou seja, qual é a voz narrativa de cada uma delas?
Em ambos os casos, quem conta a história é um narrador em primeira pessoa.
Explique que a narração em primeira pessoa tem a força de se aproximar do
leitor, que sente a história como se estivesse acontecendo com ele. E essa
eficácia acontece nos dois contos.
2. Onde se passam as histórias?
Em ambos os contos, a trama se passa na rua. A rua é o espaço do aconte-
cimento, ou seja, o espaço público onde as diferenças são vividas, onde as
classes se confrontam.
3. Podemos afirmar que os finais são surpreendentes?
Sim, porque, em ambos os casos, no final deparamos com a possibilidade da
morte como única solução para encerrar a perseguição.
4. Qual a principal ideia que cada autor conseguiu passar para o leitor?
Os dois contos abordam o medo do outro, visto de perspectivas diferentes.

A turma poderá identificar que o narrador de cada conto pertence a diferen-


tes classes sociais. No conto de Rubem Fonseca, o protagonista tem medo
de um mendigo, indivíduo à margem da sociedade, sentindo-se perseguido
diariamente por ele. No conto de Geovani Martins, ao contrário, o protago-
nista pertence a uma classe social desprestigiada e percebe que sua simples
presença provoca medo nas pessoas com quem cruza na rua.

Pergunte à turma o que eles entendem sobre desigualdade social, estimulando


a reflexão, permitindo que se manifestem livremente. Em seguida, revele que o
Brasil é um dos países com maior índice de desigualdade social e econômica do
mundo, e que, entre as principais causas, estão: a falta de acesso à educação
de qualidade; baixos salários; e dificuldade de acesso a serviços como saúde
e saneamento básico.

O conto de Geovani Martins reproduz bem esse problema. Discuta com a turma
os trechos que o autor revela a classe social do personagem, como no primeiro
parágrafo, quando diz que, andando de uniforme escolar pelas ruas da Gávea,
bairro chique da zona sul do Rio de Janeiro, o protagonista passa em frente
a um colégio particular. Em outro momento, o narrador conta que uma velha,
para não topar com ele, atravessa a rua segurando sua bolsa.

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No segundo parágrafo, identificamos que ele mora em uma favela da zona sul
do Rio de Janeiro, e que, na mesma rua, na descida do morro, há condomínios
de luxo, onde adolescentes fazem aulas particulares de tênis.

Em seguida, analise essa questão no conto de Rubem Fonseca. Pergunte à


turma como está caracterizada a classe social dos personagens e peça que
encontrem evidências, como o fato de o protagonista trabalhar num escritório,
chegar de carro, saltar na porta do prédio e andar dez a quinze passos etc.

Questione sobre a finalização de ambos os contos. Qual é o entendimento


da turma?

Termine a aula informando que no próximo momento retornarão ao estudo


do gênero conto, mais especificamente o miniconto, e voltarão à questão das
diferenças sociais.

5º MOMENTO

Conhecendo o escritor Ferréz


Para aprofundar o estudo do conto e miniconto, divida a turma em grupos e
peça que leiam o miniconto O Grande Assalto, de Ferréz (anexo) e seu verbete
na Enciclopédia Itaú Cultural, destacando o trecho a seguir:

Ferréz – Trecho do Verbete

Reginaldo Ferreira da Silva (São Paulo, São Paulo, 1975). Romancista, contista
e poeta. A relação entre periferia e literatura está no centro de seu trabalho,
seja em livros que narram o cotidiano dos moradores de regiões distantes do
centro de São Paulo, seja em sua atuação como organizador de eventos e
promotor de novos escritores.

Após exercer diversas ocupações durante a adolescência, como vendedor am-


bulante de vassouras, balconista e chapeiro de redes de fast-food, inicia sua
trajetória na literatura, com o livro de poemas Fortaleza da Desilusão (1997),
influenciado pela poesia concreta.

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Após as leituras, estimule a análise do miniconto, fazendo algumas perguntas:

1. Quem narra a história?


Neste caso, na terceira pessoa, o sujeito é indeterminado.
2. Qual mensagem o autor quer passar?
Como no conto de Geovani Martins, o miniconto de Ferréz apresenta uma situa-
ção de discriminação social. O personagem central é um mendigo, malvestido
e descalço, e todos a sua volta estão na expectativa de que ele vai cometer
algum ato ilícito. Outros exemplos são a presença do jovem com drogas que
não é identificado pelos policiais e a reação brutal do policial admirado pelos
passageiros do ônibus.

Traga para a turma novamente a discussão sobre a desigualdade social. Mostre


que tanto Ferréz como Geovani Martins são escritores que retratam as dificul-
dades vividas por aqueles que sofrem discriminação.

Relembre que no primeiro momento foi discutida a narrativa de ficção e ex-


plique a capacidade que a literatura tem de nos fazer viver mundos diferentes
dos nossos. Pergunte se, ao lerem as histórias, os estudantes se sentiram no
“lugar do outro”.

Prepare a turma para a próxima aula, em que serão motivados a criar um conto
ou miniconto abordando a desigualdade social.

6º MOMENTO

Criação de um conto ou miniconto


sobre desigualdade social
Nesta aula, oriente a turma na produção de contos e minicontos. Para exercitar
o imaginário, sugira que escolham um fato, que pode ser algo do seu cotidiano,
ou algo que os impactou. Relembre os pontos importantes para a realização
de um conto, como: descrever um fato, criar um mecanismo que mantenha a
curiosidade do leitor, estudar cuidadosamente o uso das palavras para con-
seguir narrar com brevidade, conduzindo o texto para um final impactante.

Escolha quatro contos produzidos pelos estudantes e peça que leiam em voz
alta, a fim de desenvolverem a expressão oral. Ao final, conversem sobre a
escolha dos temas e as dificuldades na produção dos textos.

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reflexão final

F
aça a turma refletir sobre a importância do aprendizado da escrita como
um meio de expor seus pensamentos e ideias. Lembre que todos podem
aprender a contar uma história, basta que estimulem o imaginário e
construam uma narrativa.

Para enriquecer o debate, você pode apresentar alguns vídeos sobre a for-
mação de escritor “A Formação do Escritor: Leituras e Vivências” - Fernando
Bonassi e Ferréz - Jogo de Ideias - Parte 1/2 e Luiz Ruffato – Paiol Literário,
disponível no site da Ocupação Antonio Candido.

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referências

ANTONIO Candido. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Bra-


sileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/pessoa378/antonio-candido>. Acesso em: ago. 2020.
Verbete da Enciclopédia.

BANDEIRA, Milena Buarque Lopes. Cinco obras fundamentais para mergulhar


na literatura de Rubem Fonseca. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível
em: <https://www.itaucultural.org.br/secoes/entrevista/cinco-obras-rubem-
-fonseca>. Acesso em: set. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Edu-


cação é a Base. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.
mec.gov.br/images/historico/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518.pdf>.
Acesso em: set. 2020.

DIAS, Ângela Maria. “As cenas da crueldade: ficção brasileira contemporânea e


experiência urbana”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Brasília:
UnB. n. 26, jul./dez. 2005.

FELIZ Ano Novo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São
Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.
br/obra69183/feliz-ano-novo>. Acesso em: set. 2020. Verbete da Enciclopédia.

FERRÉZ. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo:
Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
pessoa280342/ferrez>. Acesso em: ago. 2020. Verbete da Enciclopédia.

FERRÉZ. O Grande Assalto (conto). Blog oficial do artista. 22 out. 2004.


Disponível em: <http://blog.ferrezescritor.com.br/2004/10/o-grande-assalto-
-conto_22.html>. Acesso em: set. 2020.

FIGUEIREDO, Vera Lúcia Follain de. Os Crimes do texto: Rubem Fonseca e a


ficção contemporânea. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

FONSECA, Rubem. Feliz Ano Novo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

FONSECA, Rubem. O cobrador. 4. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2010.

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FONTES, Lilian. Dicas e truques para escrever uma história. E-book Amazon.
2020. Disponível em: <https://www.amazon.com.br/Dicas-truques-para-
-escrever-hist%C3%B3ria-ebook/dp/B08155T4DJ>. Acesso em: set. 2020.

GEOVANI Martins. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.


São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.
org.br/pessoa641330/geovani-martins>. Acesso em: set. 2020. Verbete
da Enciclopédia.

GOTLIB, Nadia Batella. Teoria do Conto. São Paulo: Ática, 2006.

ITAÚ CULTURAL. “A Formação do Escritor: Leituras e Vivências” - Fernando


Bonassi e Ferréz - Jogo de Ideias - Parte 1/2. São Paulo: Itaú Cultural, 2012.
Disponível em: <https://www.itaucultural.org.br/a-formacao-do-escritor-lei-
turas-e-vivencias-jogo-de-ideias-parte-12>. Acesso em: set. 2020.

ITAÚ CULTURAL. Luiz Ruffato – Paiol Literário. 5 jun. 2020. São Paulo: Itaú
Cultural, 2020. Disponível em: <https://www.itaucultural.org.br/secoes/po-
dcasts/luiz-ruffato-paiol-literario>. Acesso em: set. 2020.

LITERATURA e Sociedade: Estudos da Teoria e História Literária. In: ENCICLO-


PÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2020.
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra70774/literatura-
-e-sociedade-estudos-da-teoria-e-historia-literaria>. Acesso em: ago. 2020.
Verbete da Enciclopédia.

LITERATURA marginal. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura


Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/termo14336/literatura-marginal>. Acesso em: set. 2020.
Verbete da Enciclopédia.

MARTINS, Geovani. O Sol na cabeça. São Paulo: Companhia das Letras. 2018.

OCUPAÇÃO Antonio Candido. O direito à literatura. São Paulo: Itaú Cultural,


2016. Disponível em: <https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/antonio-
-candido/antonio/#share]>. Acesso em: set. 2020.

RUBEM Fonseca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.


São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/pessoa5217/rubem-fonseca>. Acesso em: set. 2020.
Verbete da Enciclopédia.

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ANEXO

O Grande Assalto

Avenida Santo Amaro. Às 13 h.

Um homem mal vestido para em frente a uma concessionária de automóveis


fechada e nota as bolas promocionais amarradas à porta.

Um policial desce da viatura, olha para todos os lados e observa um suspeito


parado em frente a uma concessionária. O suspeito está mal vestido e descalço.

Uma senhora sentada no banco do ônibus que para na avenida para pegar
passageiros comenta com a moça sentada ao seu lado que tem um mendigo
todo sujo parado em frente a uma loja de automóveis.

Um senhor passa por um homem todo sujo, segura a carteira e começa a andar
apressado. Logo que nota a viatura estacionada mais à frente, se sente seguro,
amenizando os passos.

Um jovem tenta desviar de trás do ônibus parado, os policias que ele vê logo à
frente lhe trazem desconforto, pois seu carro está repleto de drogas que serão
comercializadas na faculdade onde estuda.

O homem malvestido resolve agir, dá três passos à frente, levanta as mãos e


agarra duas bolas promocionais; faz a conta rapidamente e se sente realizado,
quando pensa que ao vender as bolas comprará algo para beber.

Uma moça alertada pela senhora ao seu lado no ônibus, chama a atenção de
vários passageiros para o homem que, segundo ela, é um mendigo, e diz alto
que ele acabou de roubar algo na concessionária.

Um jovem com o carro cheio de drogas para vender na sua faculdade nota
o homem correndo com duas bolas e dá ré no carro ao ver os policiais vindo
em sua direção.
Um policial alcança o homem mal vestido e bate com o cabo do revólver em
sua cabeça várias vezes; o homem tido como mendigo pelos passageiros de
um ônibus em frente cai e as bolas rolam pelo asfalto.

Um motorista que dirige na mesma linha há oito anos tenta ficar com o ônibus
parado para ver os policiais darem chutes e socos em um homem malvestido
que está caído na calçada, mas o trânsito está livre e ele avança passando por
cima e estourando duas bolas promocionais.

Ferréz
O Grande Assalto (conto).
In: FERREZ. Blog oficial do artista, 22 out. 2004.
núcleo enciclopédia
Gerência
Tânia Rodrigues

Coordenação
Glaucy Tudda

Produção e Pesquisa
Beatriz Pastore (estagiária)
Elaine Lino
Karine Arruda

Revisão
Vânia Valente

Redação
Lilian Fontes (terceirizada)
O conteúdo desta publicação foi lido e comentado por professoras
e professores atuantes em diferentes etapas de escolarização.

núcleo comunicação
Gerência
Ana de Fátima Sousa

Coordenação
Carlos Costa

Direção de Arte
Arthur Costa

Projeto Gráfico
Serifaria

Design
Girafa Não Fala

Produção Editorial
Victória Pimentel

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