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dica
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apresentação
Este Caderno do Professor tem como proposta gerar uma reflexão sobre os proble-
mas sociais e estimular a produção de contos ou minicontos, com base na leitura
de três autores brasileiros: Rubem Fonseca, Geovani Martins e Ferréz.
objetivos
••Estimular a leitura e a escrita;
••Aprofundar o conceito e a finalidade do gênero conto;
••Identificar a voz narrativa em cada conto;
••Discutir o lugar social do narrador de cada conto;
••Aguçar a perspectiva crítica em relação à questão social levantada em cada conto;
••Estimular o estudante a observar o mundo a sua volta e escolher um assunto
para a produção de um conto ou miniconto sobre a desigualdade social.
áreas do segmento e
conhecimento habilidades da BNCC
Literatura, língua portu- Ensino Médio: EM13LGG101, EM13LGG102,
guesa e sociologia. EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LP45,
EM13LP48, EM13LP49, EM13CHS502 e
EM13CHS503.
1º MOMENTO
O contato com as histórias, sejam elas na forma oral ou escrita, nos ajudam a
entender o mundo, as sociedades e seus costumes, e a manter a memória de
um povo viva através dos tempos. Explique que a literatura é uma das maneiras
de expressar emoções e ideias, e que qualquer pessoa é capaz de criar histórias.
Ressalte o trecho em que Antonio Candido diz: “a criação ficcional nos integra,
ela passa a ser um componente da nossa visão do mundo, da nossa maneira
de ser”. Esse ponto de vista servirá para introduzir a ideia da invenção da
narrativa de ficção e despertar o interesse pela leitura.
Conclua a aula com algumas perguntas: Qual é o seu tipo de história favorito
(pode ser um livro ou um filme)? Qual é o seu personagem favorito? Você se
identifica com ele? Você gosta de contar histórias? Em quais situações? Já
escreveu alguma história?
6 CADERNO DO PROFESSOR
2º MOMENTO
As características do conto
e do miniconto
Nesta segunda aula, indague à turma sobre o que é um conto e tente colher
uma definição.
O conto é uma narrativa curta e, portanto, exige menos tempo de leitura para sua
compreensão. É uma criação ficcional que apresenta uma ideia central, com poucos
personagens e com tempo e espaço reduzido. O grande diferencial é saber captar
o leitor criando uma história com poucas palavras, capaz de gerar uma tensão
que levará a um desfecho inesperado. O miniconto tem a mesma estrutura, mas
de forma ainda mais concisa.
3º MOMENTO
Conhecendo o escritor
Rubem Fonseca
Apresente o verbete sobre Rubem Fonseca. A leitura pode ser individual ou
em grupos e você pode imprimir e distribuir cópias do verbete para a turma.
Destaque o seguinte trecho:
Um dos mestres do conto no país, seu estilo coloquial, direto e seco retrata a
violência urbana sem rodeios, compondo o que Antonio Candido (1918-2017)
chama de “realismo feroz”. [...]
8 CADERNO DO PROFESSOR
4º MOMENTO
Conhecendo o escritor
Geovani Martins
Inicie retomando o que foi aprendido na aula anterior. Leia o verbete de
Geovani Martins, destacando o trecho a seguir:
Geovani Martins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991). Escritor, contista e cro-
nista. Em sua escrita, a perspectiva da juventude da periferia urbana do Rio de
Janeiro assume a centralidade das narrativas. Em crônicas e contos de ficção
com apelo autobiográfico, Martins mescla a linguagem coloquial e a norma
culta com fluidez, abrangendo o léxico de diversas favelas da capital fluminense,
com suas gírias e expressões próprias. Seu estilo é apresentado como “novo
realismo”[...], com a preponderância da trama e do enredo.
O gosto pelas narrativas tem início por influência das histórias contadas pela
avó. Martins abandona a escola antes de finalizar o ensino fundamental, mas
compensa a falta de estudo formal com uma formação autodidata.
1. Quem conta as histórias, ou seja, qual é a voz narrativa de cada uma delas?
Em ambos os casos, quem conta a história é um narrador em primeira pessoa.
Explique que a narração em primeira pessoa tem a força de se aproximar do
leitor, que sente a história como se estivesse acontecendo com ele. E essa
eficácia acontece nos dois contos.
2. Onde se passam as histórias?
Em ambos os contos, a trama se passa na rua. A rua é o espaço do aconte-
cimento, ou seja, o espaço público onde as diferenças são vividas, onde as
classes se confrontam.
3. Podemos afirmar que os finais são surpreendentes?
Sim, porque, em ambos os casos, no final deparamos com a possibilidade da
morte como única solução para encerrar a perseguição.
4. Qual a principal ideia que cada autor conseguiu passar para o leitor?
Os dois contos abordam o medo do outro, visto de perspectivas diferentes.
O conto de Geovani Martins reproduz bem esse problema. Discuta com a turma
os trechos que o autor revela a classe social do personagem, como no primeiro
parágrafo, quando diz que, andando de uniforme escolar pelas ruas da Gávea,
bairro chique da zona sul do Rio de Janeiro, o protagonista passa em frente
a um colégio particular. Em outro momento, o narrador conta que uma velha,
para não topar com ele, atravessa a rua segurando sua bolsa.
10 CADERNO DO PROFESSOR
No segundo parágrafo, identificamos que ele mora em uma favela da zona sul
do Rio de Janeiro, e que, na mesma rua, na descida do morro, há condomínios
de luxo, onde adolescentes fazem aulas particulares de tênis.
5º MOMENTO
Reginaldo Ferreira da Silva (São Paulo, São Paulo, 1975). Romancista, contista
e poeta. A relação entre periferia e literatura está no centro de seu trabalho,
seja em livros que narram o cotidiano dos moradores de regiões distantes do
centro de São Paulo, seja em sua atuação como organizador de eventos e
promotor de novos escritores.
Prepare a turma para a próxima aula, em que serão motivados a criar um conto
ou miniconto abordando a desigualdade social.
6º MOMENTO
Escolha quatro contos produzidos pelos estudantes e peça que leiam em voz
alta, a fim de desenvolverem a expressão oral. Ao final, conversem sobre a
escolha dos temas e as dificuldades na produção dos textos.
12 CADERNO DO PROFESSOR
reflexão final
F
aça a turma refletir sobre a importância do aprendizado da escrita como
um meio de expor seus pensamentos e ideias. Lembre que todos podem
aprender a contar uma história, basta que estimulem o imaginário e
construam uma narrativa.
Para enriquecer o debate, você pode apresentar alguns vídeos sobre a for-
mação de escritor “A Formação do Escritor: Leituras e Vivências” - Fernando
Bonassi e Ferréz - Jogo de Ideias - Parte 1/2 e Luiz Ruffato – Paiol Literário,
disponível no site da Ocupação Antonio Candido.
FELIZ Ano Novo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São
Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.
br/obra69183/feliz-ano-novo>. Acesso em: set. 2020. Verbete da Enciclopédia.
FERRÉZ. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo:
Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
pessoa280342/ferrez>. Acesso em: ago. 2020. Verbete da Enciclopédia.
FONSECA, Rubem. Feliz Ano Novo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.
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FONTES, Lilian. Dicas e truques para escrever uma história. E-book Amazon.
2020. Disponível em: <https://www.amazon.com.br/Dicas-truques-para-
-escrever-hist%C3%B3ria-ebook/dp/B08155T4DJ>. Acesso em: set. 2020.
ITAÚ CULTURAL. Luiz Ruffato – Paiol Literário. 5 jun. 2020. São Paulo: Itaú
Cultural, 2020. Disponível em: <https://www.itaucultural.org.br/secoes/po-
dcasts/luiz-ruffato-paiol-literario>. Acesso em: set. 2020.
MARTINS, Geovani. O Sol na cabeça. São Paulo: Companhia das Letras. 2018.
O Grande Assalto
Uma senhora sentada no banco do ônibus que para na avenida para pegar
passageiros comenta com a moça sentada ao seu lado que tem um mendigo
todo sujo parado em frente a uma loja de automóveis.
Um senhor passa por um homem todo sujo, segura a carteira e começa a andar
apressado. Logo que nota a viatura estacionada mais à frente, se sente seguro,
amenizando os passos.
Um jovem tenta desviar de trás do ônibus parado, os policias que ele vê logo à
frente lhe trazem desconforto, pois seu carro está repleto de drogas que serão
comercializadas na faculdade onde estuda.
Uma moça alertada pela senhora ao seu lado no ônibus, chama a atenção de
vários passageiros para o homem que, segundo ela, é um mendigo, e diz alto
que ele acabou de roubar algo na concessionária.
Um jovem com o carro cheio de drogas para vender na sua faculdade nota
o homem correndo com duas bolas e dá ré no carro ao ver os policiais vindo
em sua direção.
Um policial alcança o homem mal vestido e bate com o cabo do revólver em
sua cabeça várias vezes; o homem tido como mendigo pelos passageiros de
um ônibus em frente cai e as bolas rolam pelo asfalto.
Um motorista que dirige na mesma linha há oito anos tenta ficar com o ônibus
parado para ver os policiais darem chutes e socos em um homem malvestido
que está caído na calçada, mas o trânsito está livre e ele avança passando por
cima e estourando duas bolas promocionais.
Ferréz
O Grande Assalto (conto).
In: FERREZ. Blog oficial do artista, 22 out. 2004.
núcleo enciclopédia
Gerência
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Coordenação
Glaucy Tudda
Produção e Pesquisa
Beatriz Pastore (estagiária)
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Revisão
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Redação
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O conteúdo desta publicação foi lido e comentado por professoras
e professores atuantes em diferentes etapas de escolarização.
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