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ARTIGO ARTICLE 1017

Síndrome de burnout e fatores associados:


um estudo epidemiológico com professores

Factors associated with burnout’s syndrome:


an epidemiological study of teachers

Mary Sandra Carlotto 1


Lílian dos Santos Palazzo 1

Abstract Introdução

1 Universidade Luterana This article presents the results of an epidemio- A estrutura social vigente, que privilegia as leis
do Brasil, Canoas, Brasil.
logical study on burnout syndrome among pri- do mercado, também se vê refletida no âmbito
Correspondência vate school teachers in Greater Metropolitan educacional, sendo a escola avaliada a partir
M. S. Carlotto Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil, testing de parâmetros de produtividade e eficiência
Universidade Luterana
possible associations with demographic, work- empresarial 1. Nesse contexto, os professores,
do Brasil.
Av. Farroupilha 8001, related, and stress-related variables. The target como trabalhadores, passaram a preocupar-se
Canoas, RS population consisted of 217 teachers, of whom não só com suas funções docentes, mas tam-
22031-200, Brasil.
190 participated (87.5%). The Maslach Burnout bém com questões baseadas no paradigma da
mscarlotto@superig.com.br
Inventory (MBI) was used to measure burnout, civilização industrial, isto é, sua estabilidade e
together with a questionnaire to record the oth- salário.
er variables. The results showed that teachers No atual modelo, muitas são as atribuições
have a low score in the three dimensions com- impostas ao professor, aparte de seu interesse
prising burnout: emotional exhaustion, deper- e, muitas vezes, de sua carga horária. Além das
sonalization, and decreased personal fulfill- classes, deve fazer trabalhos administrativos,
ment at work. Demographic variables did not planejar, reciclar-se, investigar, orientar alunos
show any association with burnout, while occu- e atender aos pais. Também deve organizar ati-
pational variables, workload, and number of vidades extra-escolares, participar de reuniões
students were associated with emotional ex- de coordenação, seminários, conselhos de clas-
haustion. Bad conduct by students, family ex- se, efetuar processos de recuperação, preen-
pectations, and limited participation in institu- chimento de relatórios periódicos e individuais
tional decisions were the stress factors associat- e, muitas vezes, cuidar do patrimônio material,
ed with burnout. recreios e locais de refeições. Entretanto, é ex-
cluído das decisões institucionais, das reestru-
Professional Burnout; Stress; Occupational Health turações curriculares, do repensar da escola,
sendo concebido como mero executor de pro-
postas e idéias elaboradas por outros. Com is-
so, estabelece-se uma tendência ao trabalho
individualista, que não permite ao professor
confrontar e transformar os aspectos estrutu-
rais de seu trabalho. Essa intensificação do fa-

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zer docente lhe ocasiona conflitos, pois, ao ter tuir-se como sujeito através de seu trabalho e
que arcar com essa sobrecarga, vê reduzido seu que o mesmo não se realiza de forma indivi-
tempo disponível para estudos individuais ou dual, mas sim se materializa num espaço so-
em grupo, participação de cursos ou outros re- cial; e que a atividade produtiva é um elemen-
cursos que possam contribuir para a sua quali- to constitutivo da saúde mental individual e
ficação, favorecer seu desenvolvimento e sua coletiva, este estudo teve como objetivo avaliar
realização profissional 2,3,4. a síndrome de burnout em professores de es-
Frente a essas questões, fica evidente que, colas particulares de uma cidade da região me-
tanto na natureza do trabalho do professor co- tropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
mo no contexto em que exerce suas funções, Brasil, verificando possíveis associações com
existem diversos estressores que, se persisten- variáveis demográficas, laborais e fatores de
tes, podem levar à síndrome de burnout. Essa estresse percebidos no trabalho. Baseou-se nas
síndrome é considerada por Harrison 5 como seguintes hipóteses: H1 – variáveis demográfi-
um tipo de estresse de caráter duradouro vin- cas se associam à síndrome de burnout; H2 –
culado às situações de trabalho, sendo resul- variáveis laborais se associam à síndrome de
tante da constante e repetitiva pressão emocio- burnout; H3 – fatores de estresse se associam
nal associada ao intenso envolvimento com à síndrome de burnout.
pessoas por longos períodos de tempo.
A definição mais aceita sobre a síndrome de
burnout fundamenta-se na perspectiva social- Método
psicológica de Maslach & Jackson 6. Essa consi-
dera burnout como uma reação à tensão emo- No local onde foi realizada a investigação, fun-
cional crônica por lidar excessivamente com cionam 35 escolas municipais, 19 estaduais e
pessoas. É um construto formado por três di- seis particulares que possuem ensino Médio e
mensões relacionadas, mas independentes: (a) Fundamental. Assim, a população do estudo
exaustão emocional: caracterizada por falta de foi de 217 indivíduos, que perfazem a totalida-
energia e entusiasmo, por sensação de esgota- de dos professores, em exercício, de todas as
mento de recursos ao qual pode somar-se o seis escolas particulares de uma cidade da re-
sentimento de frustração e tensão nos traba- gião metropolitana de Porto Alegre. Essas são
lhadores, por perceberem que já não têm con- instituições de ensino de médio porte, que pos-
dições de despender mais energia para o aten- suem ensino Médio e Fundamental (obrigató-
dimento de seu cliente ou demais pessoas, co- rios). As escolas se equivalem, pois o número
mo faziam antes; (b) despersonalização: carac- de professores em cada uma varia entre 40 a
terizada pelo desenvolvimento de uma insen- 58, e o de alunos, entre 650 a 800, e todas são
sibilidade emocional, que faz com que o pro- vinculadas a instituições religiosas. Foram ex-
fissional trate os clientes, colegas e a organiza- cluídos os que exerciam somente atividades
ção de maneira desumanizada; (c) diminuição administrativas. O número total de participan-
da realização pessoal no trabalho: caracteriza- tes correspondeu a 190 sujeitos, isto é, 87,5%
da por uma tendência do trabalhador a auto- da população.
avaliar-se de forma negativa, tornando-se infe- Para o levantamento dos dados, utilizou-se
liz e insatisfeito com seu desenvolvimento pro- um instrumento auto-aplicado composto de
fissional, com conseqüente declínio no seu quatro blocos de questões: (1) dados demográ-
sentimento de competência e êxito, bem como ficos: sexo, idade, estado civil e filhos; (2) pro-
de sua capacidade de interagir com os demais. fissionais: titulação, nível de ensino, turno de
Burnout em professores afeta o ambiente trabalho, tempo de experiência profissional,
educacional e interfere na obtenção dos objeti- tempo de experiência na escola, carga horária
vos pedagógicos, levando esses profissionais a semanal, número de alunos que atende diaria-
um processo de alienação, desumanização e mente e se trabalha exclusivamente na institui-
apatia, ocasionando problemas de saúde, absen- ção; (3) variáveis psicossociais – fatores de es-
teísmo e intenção de abandonar a profissão 7,8. tresse percebidos pelos professores: mau com-
Ainda que esse assunto tenha sido foco de inves- portamento de alunos, sobrecarga de ativida-
tigação em vários países, no Brasil, encontramos des, elevado número de alunos por classe, ne-
poucos estudos que abordam a síndrome de cessidade de atualização profissional, execu-
burnout em professores 9,10,11, principalmente ção de atividades burocráticas, multiplicidade
quanto a sua associação com fatores de estresse. de papéis a desempenhar, expectativas dos fa-
Assim, considerando que burnout é um fe- miliares, falta de recursos materiais para o tra-
nômeno psicossocial relacionado diretamente balho, elevado número de disciplinas, relacio-
à situação laboral; que o homem busca consti- namento pais-professores, falta de apoio de

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coordenação e colegas, e pouca participação A aplicação ocorreu nos meses de setembro


em decisões institucionais; (4) Maslach Bur- e outubro de 2000. Foi realizada em um único
nout Inventory – MBI 12: para avaliar a síndro- encontro por escola, ou seja, no dia de reunião
me de burnout. bimestral de professores, a fim de evitar possí-
Esse último avalia como o sujeito vivencia veis perdas de respondentes. Foi colocado para
seu trabalho, de acordo com três dimensões es- o grupo tratar-se de uma investigação acadê-
tabelecidas pelo Modelo de Maslach: (a) exaus- mica de iniciativa da autora principal, tendo
tão emocional – nove itens (sinto-me emocio- como objetivo avaliar o estresse ocupacional
nalmente decepcionado com meu trabalho; do professor. Foi esclarecido aos professores
quando termino minha jornada de trabalho, tratar-se de uma pesquisa sem quaisquer efei-
sinto-me esgotado; quando me levanto pela tos avaliativos individuais e/ou institucionais e
manhã e enfrento outra jornada de trabalho, que as respostas seriam anônimas e confiden-
sinto-me fatigado; sinto que trabalhar todo o ciais. Após o preenchimento do instrumento,
dia com pessoas me cansa; sinto que meu tra- esse era depositado pelo professor em uma ur-
balho está me desgastando; sinto-me frustrado na, garantindo o anonimato e a confidenciali-
com meu trabalho; sinto que estou trabalhan- dade dos dados obtidos. Foi realizada análise
do demais; sinto que trabalhar em contato di- descritiva, a fim de apresentar os índices mé-
reto com as pessoas me estressa; sinto como se dios alcançados em cada uma das dimensões
estivesse no limite de minhas possibilidades); da variável dependente burnout e as freqüên-
(b) despersonalização – cinco itens (sinto que cias das variáveis independentes demográfi-
estou tratando algumas pessoas de meu traba- cas, profissionais e fatores de estresse percebi-
lho como se fossem objetos impessoais; sinto dos. Por último, realizamos análises bivariadas
que me tornei mais duro com as pessoas desde com a variável dependente burnout e com as
que comecei esse trabalho; preocupo-me se es- demais variáveis independentes, por meio de
se trabalho está me enrijecendo emocional- correlação de Pearson, prova t de Student e
mente; sinto que realmente não me importa o ANOVA.
que ocorra com as pessoas as quais tenho que
atender profissionalmente; parece-me que os
receptores de meu trabalho culpam-me por al- Resultados
guns de seus problemas); e (c) diminuição da
realização pessoal no trabalho – oito itens (sin- Os professores, em sua maioria, são do sexo fe-
to que posso entender facilmente as pessoas minino (78,9%), casados (64,9%) e possuem fi-
que tenho que atender; sinto que trato com mui- lhos (58,4%). A faixa etária de maior concentra-
ta eficiência os problemas das pessoas as quais ção é de 31 a 40 anos (39,7%), sendo que a mé-
tenho que atender; sinto que estou exercendo dia de idade é de 36,8 anos. Distribuem-se de
influência positiva na vida das pessoas que te- forma equilibrada nos dois níveis de ensino,
nho que atender; sinto-me vigoroso em meu Fundamental (37,1%) e Médio (26,9%), sendo
trabalho; sinto que posso criar um clima agra- que 36% desenvolvem suas atividades em am-
dável em meu trabalho; sinto-me estimulado bos os níveis. A maioria trabalha mais de vinte
depois de haver trabalhado diretamente com horas semanais (51%) e contata diariamente
quem tenho que atender; creio que consigo com até cem alunos (66,9%). A quase totalida-
coisas valiosas nesse trabalho; no meu traba- de dos professores desenvolve atividades do-
lho, eu manejo os problemas emocionais com centes em horário extraclasse (96,2%), e mui-
muita calma). Totaliza, portanto, 22 itens que tos também exercem outras atividades profis-
indicam a freqüência das respostas, numa es- sionais (59%). Os professores possuem, em mé-
cala de pontuação que varia de 1 a 7. Neste es- dia, 13 anos de experiência profissional (DP =
tudo, adotamos o sistema de pontuação de 1 a 8,88), sendo dez anos sua experiência na insti-
5, sendo 1 para “nunca”, 2 para “algumas vezes tuição atual (DP = 8,05).
ao ano”, 3 para “algumas vezes ao mês”, 4 para Quanto aos índices de burnout, verificou-se
indicar “algumas vezes na semana” e 5 para que a exaustão emocional foi a dimensão que
“diariamente” 13,14. A variável burnout é esti- atingiu maior índice médio (2,30), seguida pela
mada através do cálculo da média das pontua- dimensão da diminuição da realização pessoal
ções obtidas em cada dimensão, o que dará o no trabalho (1,63), sendo que a de menor índi-
índice alcançado em cada uma delas. O MBI ce foi a despersonalização (1,49) (Figura 1).
possui validez fatorial e consistência interna de Quando foi analisada a relação entre as di-
suas escalas satisfatórias 15. A validez conver- mensões de burnout e as variáveis demográfi-
gente e a divergente são igualmente aceitáveis cas, não foi encontrada associação significativa
e não apresentam problemas especiais 9. (p < 0,05). O mesmo ocorreu entre as dimen-

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Figura 1 Discussão

Índices médios das subescalas de Burnout. Segundo o modelo teórico de Maslach 16, a sín-
drome de burnout é um processo em que a
exaustão emocional é a dimensão precursora
5
da síndrome, sendo seguida por despersonali-
zação e, por fim, pelo sentimento de diminui-
4 ção da realização pessoal no trabalho. Assim,
os resultados obtidos no presente estudo apon-
tam para a possibilidade desse processo en-
3
contrar-se em curso na população estudada.
Entretanto, pode estar sendo contido pelo sen-
2 timento de realização profissional no trabalho,
tendo em vista que essa foi a dimensão de
maior pontuação média (3,51).
1
Os altos escores obtidos na dimensão da di-
Escores

minuição da realização pessoal no trabalho po-


0 dem ser analisados de acordo com aspectos
Exaustão emocional Despersonalização Diminuição da realização Dimensões culturais da organização. Segundo Garay 17, a
pessoal no trabalho
cultura organizacional é o conjunto de com-
preensões, interpretações ou perspectivas com-
partilhadas pelos indivíduos. Funcionam como
um mecanismo de controle que busca restau-
rar as perdas psicológicas, repondo um quadro
de valores, crenças e pressupostos orientado-
sões de burnout e características profissionais res de um comportamento coletivo convenien-
dos professores como titulação, nível de ensi- te aos objetivos organizacionais. As institui-
no, turno e quantidade de turnos em que exer- ções particulares de caráter religioso, como as
cem suas atividades. Somente foi encontrada que foram estudadas, possuem uma cultura
associação entre a exaustão emocional e o nú- caritativa e assistencial. Percebem o trabalho
mero de alunos e a carga horária docente, indi- docente também como uma “prática de bem
cando que quanto maior o número de alunos ao próximo”, que obtém, como prêmio, a “ex-
(r = 0,195) e o número de horas trabalhadas (r = periência de gratificação pessoal” 10, perpe-
0,157) por um professor, maior tende a ser o tuando alguns resquícios dos valores entranha-
seu escore dessa dimensão. dos na construção sócio-histórica da profissão
Com relação aos fatores de estresse perce- docente, ou seja, a de profissão vocacional, que
bidos pelo professor em relação ao trabalho, exige abnegação e doação. Dessa forma, induz
verificou-se que apenas o fator expectativas fa- o profissional à repressão dos questionamen-
miliares em relação ao trabalho do professor tos sobre até que ponto o trabalho tem sido fa-
apresentou associação com a dimensão exaus- tor de realização e satisfação. Essa situação po-
tão emocional. Assim, perceber expectativas de estar relacionada ao que Spink 18 denomina
familiares como um fator de estresse aumenta de ideologia gerencial, que, através de proces-
o sentimento de exaustão emocional no do- sos de doutrinação, estimula os funcionários a
cente (Tabela 1). se censurarem e a evitar os assuntos tabus.
Já a dimensão de despersonalização eviden- Nesse sentido, Woods 19 alerta que professores
ciou associação com expectativas familiares, com fortes sentimentos vocacionais são mais
mau comportamento dos alunos e falta de par- vulneráveis ao burnout, pois, ao não verem sua
ticipação nas decisões institucionais. A percep- atividade como um trabalho, mas sim como
ção de que esses são fatores de estresse ocasio- uma vocação, tendem a envolver-se de forma
na um aumento do distanciamento afetivo (Ta- excessiva com o mesmo, tendo como resultado
bela 2). a sobrecarga laboral.
O fator mau comportamento dos alunos É importante destacar que outras situações
mostrou associar-se com a dimensão diminui- também podem estar influenciando esse resul-
ção da realização pessoal no trabalho. Assim, tado. Uma delas diz respeito às características
perceber o comportamento inadequado de alu- demográficas e profissionais da população. Os
nos como fator de estresse faz com que os pro- professores, embora jovens, possuem experiên-
fessores apresentem maior sentimento de falta cia profissional e atuam na escola há bastante
de realização profissional (Tabela 3). tempo. Professores com mais experiência pro-

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SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES 1021

Tabela 1

Relação entre a dimensão de exaustão emocional e fatores de estresse percebidos no trabalho.


Professores de escolas privadas, Sul do Brasil, 2000.

Fatores de estresse Fator presente Fator ausente p


n Média Desvio n Média Desvio
padrão padrão

Elevado número de alunos por classe 89 2,30 0,63 101 2,30 0,62 0,964
Elevado número de disciplinas 23 2,24 0,61 167 2,31 0,63 0,596
Execução de atividades burocráticas 64 2,29 0,60 126 2,31 0,64 0,853
Expectativas familiares 44 2,47 0,57 146 2,25 0,64 0,039*
Mau comportamento de alunos 106 2,36 0,62 84 2,23 0,63 0,186
Falta de recursos materiais para o trabalho 28 2,30 0,63 162 2,30 0,63 0,998
Multiplicidade de papéis a desempenhar 63 2,31 0,58 127 2,30 0,65 0,870
Relacionamento pais-professores 21 2,52 0,47 169 2,27 0,64 0,085
Pouca participação em decisões institucionais 18 2,25 0,47 172 2,31 0,64 0,730
Sobrecarga de atividades 103 2,38 0,59 87 2,21 0,65 0,077
Falta de apoio de coordenação e colegas 20 2,19 0,65 170 2,32 0,62 0,398
Necessidade de atualização profissional 77 2,24 0,52 113 2,34 0,69 0,271

* p < 0,05.

Tabela 2

Relação entre a dimensão de despersonalização e fatores de estresse percebidos no trabalho.


Professores de escolas privadas, Sul do Brasil, 2000.

Fatores de estresse Fator presente Fator ausente p


n Média Desvio n Média Desvio
padrão padrão

Elevado número de alunos por classe 89 1,51 0,50 101 1,47 0,38 0,522
Elevado número de disciplinas 23 1,38 0,47 167 1,51 0,44 0,220
Execução de atividades burocráticas 64 1,50 0,43 126 1,48 0,45 0,779
Expectativas familiares 44 1,61 0,49 146 1,46 0,42 0,043*
Mau comportamento de alunos 106 1,55 0,47 84 1,42 0,39 0,042*
Falta de recursos materiais para o trabalho 28 1,49 0,50 162 1,49 0,43 0,969
Multiplicidade de papéis a desempenhar 63 1,46 0,41 127 1,51 0,45 0,463
Relacionamento pais-professores 21 1,57 0,45 169 1,48 0,44 0,387
Pouca participação em decisões institucionais 18 1,69 0,47 172 1,47 0,43 0,047*
Sobrecarga de atividades 103 1,48 0,44 87 1,50 0,44 0,735
Falta de apoio de coordenação e colegas 20 1,63 0,39 170 1,47 0,44 0,134
Necessidade de atualização profissional 77 1,50 0,46 113 1,49 0,43 0,886

* p < 0,05.

fissional apresentam menores níveis de bur- cionais manifestam menores escores de burnout,
nout 20. Os professores não evidenciam a per- de acordo com estudo realizado por Vallen 21.
cepção dos fatores de estresse que envolvem Torna-se importante analisar o resultado
questões institucionais e relacionais, como par- quanto à dimensão despersonalização, pois es-
ticipação em políticas e falta de suporte de co- sa é elemento essencial da síndrome de bur-
ordenação e colegas. Trabalhadores que apre- nout, enquanto exaustão emocional e diminui-
sentam adequado suporte gerencial, participa- ção da realização pessoal no trabalho podem
ção nas decisões de grupo e nas metas organiza- estar associadas a outros tipos de síndromes 22.

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Tabela 3

Relação entre a dimensão da diminuição da realização pessoal no trabalho e fatores de estresse percebidos no trabalho.
Professores de escolas privadas, Sul do Brasil, 2000.

Fatores de estresse Fator presente Fator ausente p


n Média Desvio n Média Desvio
padrão padrão

Elevado número de alunos por classe 89 1,63 0,51 101 1,64 0,48 0,807
Elevado número de disciplinas 23 1,63 0,49 167 1,64 0,50 0,917
Execução de atividades burocráticas 64 1,62 0,42 126 1,65 0,53 0,694
Expectativas familiares 44 1,68 0,48 146 1,62 0,50 0,530
Mau comportamento de alunos 106 1,70 0,52 84 1,55 0,45 0,043*
Falta de recursos materiais para o trabalho 28 1,72 0,52 162 1,62 0,49 0,312
Multiplicidade de papéis a desempenhar 63 1,64 0,49 127 1,63 0,50 0,940
Relacionamento pais-professores 21 1,71 0,39 169 1,63 0,50 0,472
Pouca participação em decisões institucionais 18 1,60 0,33 172 1,64 0,51 0,781
Sobrecarga de atividades 103 1,65 0,47 87 1,62 0,52 0,680
Falta de apoio de coordenação e colegas 20 1,71 0,49 170 1,63 0,49 0,467
Necessidade de atualização profissional 77 1,67 0,50 113 1,61 0,49 0,373

* p < 0,05.

Chama a atenção o fato de que grande parte mográficas, sexo, idade, estado civil e ter filhos,
dos professores nega sentimentos de distancia- a ausência de diferenças estatisticamente sig-
mento de seus alunos, uma vez que o mau nificativas confirma estudos já realizados com
comportamento do aluno foi o elemento mais relação às variáveis sexo e estado civil 6,20,24. Já
assinalado por eles como fator de estresse per- no que diz respeito às variáveis idade e ter fi-
cebido no trabalho. Segundo Farber 13, algu- lhos, os resultados obtidos vão de encontro aos
mas pessoas podem não ter condições de reco- demonstrados em outras investigações, que re-
nhecer, verdadeiramente, o que está ocorrendo ferem que trabalhadores mais jovens apresen-
com elas próprias, o que dificultaria a identifi- tam maiores níveis de burnout, e indivíduos
cação de questões relacionadas a essa dimen- com filhos, os menores níveis 11,25,26.
são. Além disso, esse resultado pode estar asso- De um modo geral, esses resultados confir-
ciado ao conteúdo das perguntas formuladas, mam os achados na literatura, os quais não
pois, segundo Benevides-Pereira 23, algumas identificam as variáveis demográficas como as
questões do inventário podem causar um certo que possuem maior poder preditivo e de asso-
impacto, uma vez que entram em desacordo ciação com burnout 27,28,29,30, corroborando a
com a postura esperada de um bom profissio- concepção mais atual de que “(...) Burnout não
nal. Assim, pode ter sido difícil para o profes- é um problema do indivíduo, mas do ambiente
sor revelar certas atitudes suas no trabalho, tais social no qual o indivíduo trabalha” 27 (p. 18).
como não tratar seus alunos com afetividade, Dessa forma, não confirmamos a primeira hi-
uma vez que essa é uma importante expectati- pótese do estudo (H1) de que existiria associa-
va de pais, administração escolar e sociedade ção entre a síndrome de burnout e variáveis
em geral, fazendo parte do perfil idealizado do demográficas.
professor. Deve-se considerar, também, que Na comparação entre burnout, variáveis
socialmente é aceitável sentir-se exausto em profissionais e psicossociais como o estresse
função do trabalho e, em muitos casos, isso faz percebido no trabalho, verificamos que o nú-
com que o profissional seja mais valorizado, mero de alunos atendidos diariamente asso-
sendo inclusive reforçado pelo corpo diretivo, ciou-se positiva e significativamente com a
que passa a ver esses trabalhadores como de- exaustão emocional, resultado também encon-
dicados e comprometidos com as metas e ob- trado por outros autores 10,31. Cordes & Doug-
jetivos institucionais, estratégia essa bastante herty 32 referem que a uma elevação no núme-
utilizada pelas organizações na busca de mais ro de clientes corresponde um aumento de de-
produtividade. mandas, tornando o trabalhador mais vulnerá-
Na comparação entre os índices obtidos nas vel ao burnout. Esse resultado confirma o que
três dimensões de burnout e as variáveis de- tem sido entendido como uma das principais

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SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES 1023

variáveis associadas à síndrome, ou seja, a re- em geral, nas últimas duas décadas, como a dos
lação profissional-cliente. A carga horária tam- professores. São extremamente cobrados em
bém indica ser um elemento associado à exaus- seus fracassos e raramente reconhecidos por
tão emocional. A crescente expansão do ensi- seu sucesso 13. Frente ao exposto, não surpreen-
no privado tem gerado um aumento do núme- de o fato de que os professores estudados te-
ro de alunos atendendo ao paradigma da em- nham associado esse fator à exaustão emocio-
presa-escola (mais clientes, maior lucrativida- nal e ao mecanismo defensivo de despersonali-
de) bem como às expectativas do cliente finan- zação frente à sua clientela, neste caso, os pais.
ceiro: os pais dos alunos. Assim, para atender Perceber o mau comportamento dos alu-
mais alunos e mais atividades, o professor tem nos e a falta de participação nas decisões insti-
sido impelido a aumentar sua carga horária la- tucionais como fatores de estresse, também,
boral, o que pode resultar no aumento do sen- apresentou relação com despersonalização, sen-
timento de esgotamento emocional. Esse re- do semelhante ao encontrado em outros estu-
sultado confirma os encontrados na literatura, dos com professores suíços e americanos 37,38.
principalmente em estudos realizados com tra- A relação professor-aluno se apresenta como o
balhadores americanos de uma empresa públi- componente fundamental da atividade docen-
ca, com trabalhadores sociais canadenses, com te e é nessa relação que emerge a essência da
professores universitários brasileiros e com função. Assim, pode ser fonte de prazer quan-
médicos e enfermeiros brasileiros 23,33,34,35. do essa relação se estabelece de forma adequa-
Considerando que burnout é a etapa final da e satisfatória, ou pode funcionar como ele-
das progressivas tentativas de lidar com os fa- mento de tensão e estresse quando ocorre o
tores de estresse no trabalho 26, torna-se im- contrário. Os alunos, segundo Nacarato et al. 3,
portante discutirmos a associação dos fatores trazem para a sala de aula suas vivências e ten-
de estresse mais comuns na atividade docente tam exercer seu direito de livre expressão, não
com as dimensões da síndrome. se importando com o conteúdo e a forma de
Assim, os fatores de estresse associados às fazê-lo. A falta de limites dos alunos ocasiona
dimensões de burnout foram: expectativas fa- situações de falta de respeito aos direitos e di-
miliares com relação ao trabalho docente, mau ferenças com relação aos outros personagens
comportamento de alunos e falta de participa- do ambiente escolar, e o professor é um deles.
ção nas decisões institucionais. Os sentimen- Muitas vezes, parece haver uma inversão com-
tos de esgotamento emocional e de distancia- pleta do poder, em que os alunos passam a
mento relacionam-se com a percepção docen- controlar as mais diversas situações em sala de
te de que as expectativas dos familiares atuam aula. Tudo isso sem mecanismos que possam
como fator de estresse. Esse resultado corrobo- arbitrar, com justiça e imparcialidade, as rela-
ra os achados de outra pesquisa com professo- ções de convívio social, dificultando o trabalho
res canadenses 24, e podemos entender esse re- pedagógico do professor e lhe exigindo um
sultado a partir da análise que Esteve 2 faz so- grande dispêndio de energia. O mau compor-
bre o papel do professor frente às modificações tamento dificulta a tarefa docente, na medida
dos agentes tradicionais de socialização, neste em que os professores não conseguem respon-
caso, a família. Para o autor 2, a modificação da der positivamente aos objetivos de seu traba-
dinâmica familiar e o aumento do trabalho fe- lho, que são o de transmitir saberes, atitudes,
minino impulsionaram os pais a que delegas- valores e cultura 39. A falta de reciprocidade na
sem parte de sua função educativa à escola e relação com alunos tem sido apontada como
ao professor. Farber 13 complementa, referindo um importante elemento, pois a relação profis-
que a relação do professor com familiares se sional-cliente é a variável que mais se associa
mostra, muitas vezes, problemática e estres- ao burnout 40,41,42. Esse resultado é reforçado
sante, seja ela pela falta de envolvimento des- pela ocorrência de associação desse fator de
ses últimos no processo educacional, acredi- estresse também com a dimensão de diminui-
tando que a escola e o professor são os únicos ção da realização pessoal no trabalho.
responsáveis pela educação dos filhos, ou pelo A escola, segundo Carvalho 9, vem assumin-
excesso, acreditando ser o professor incompe- do cada vez mais características e modelos de
tente e inexperiente e, muitas vezes, causador gestão empresarial, não podendo ser conside-
dos problemas apresentados pelo aluno. Cher- rada, hoje, apenas uma pequena empresa, de-
niss 36 diz que muitos pais acreditam que os vido à sua complexidade, organização, número
professores estão mais preocupados com seu de funcionários e clientes atendidos. Assim, os
contracheque e com suas férias do que com a resultados obtidos parecem dar sustentação ao
educação. Nenhuma categoria tem sido tão se- modelo sociológico de burnout proposto por
veramente avaliada e cobrada pela população Woods 19, que entende o estresse e a síndrome

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de burnout em professores a partir de fatores tas sociedades, os resultados deste estudo tor-
localizados em níveis micro, meso e macrosso- nam-se passíveis de comparações.
cias. Para o autor, os fatores microssociais se- Além disso, os dados obtidos configuram
riam aqueles situados dentro da atividade pro- um importante objeto de reflexão aos que tra-
fissional (comprometimento, papéis desenvol- balham em saúde coletiva, já que essa entende
vidos, relacionamentos profissionais), neste que o conhecimento não se dá pelo simples
estudo, representados pelos fatores de intera- contato com a realidade e sim pela compreen-
ção, como a relação estabelecida com os alu- são de suas regras e pelo comprometimento
nos e as provenientes da relação com os pais com as forças capazes de transformá-la 43. O
na forma de expectativas com relação ao seu que ocorre com professores não pode ser des-
trabalho. Os fatores intermediários (políticas vinculado dos vários aspectos sociais ligados
institucionais, aspectos éticos da escola, as- ao trabalho em geral e que têm contribuído pa-
pectos culturais do professor e dos alunos), no ra elevar a carga de morbidade em trabalhado-
estudo, representados pela participação nas res. Dentre esses, destaca-se a crescente inten-
políticas institucionais, e os macrossocias se- sidade das relações humanas no âmbito labo-
riam todas as forças derivadas das tendências ral, a pressão procedente das novas caracterís-
globais e políticas governamentais, podendo ticas econômicas próprias da globalização, a
ser entendidos como o novo paradigma esta- crescente competitividade, assim como a evi-
belecido a partir da concepção de escola como dência de um incremento da violência psicoló-
empresa enquanto prestadora de serviços. gica nos ambientes de trabalho. Esses têm as-
Assim, considerando os resultados obtidos, sumido papel significativo como fatores de ris-
em que as dimensões dessa síndrome apresen- co psicossociais na saúde laboral no século XXI
taram associação com determinadas variáveis e têm levado diversos organismos internacio-
profissionais e determinados fatores de estres- nais (Organização Internacional do Trabalho –
se percebidos no trabalho, foram confirmadas OIT, Organização Mundial da Saúde – OMS) a
parcialmente a segunda (H2) e terceira (H3) hi- chamar a atenção para o problema e a impul-
póteses do estudo. Ainda, os dados levantados sionar grupos de trabalho e estudos que permi-
sugerem como possíveis fatores de risco de tam um conhecimento mais detalhado da si-
burnout: índice de exaustão emocional com tuação e das estratégias de prevenção e inter-
tendência a médio, elevado número de alunos venção 44.
e carga horária e percepção; como fatores de Assim, pensa-se que a prevenção e a erradi-
estresse no trabalho: a pouca participação nas cação do burnout em professores não são uma
decisões, o mau comportamento de alunos e as tarefa solitária desses, mas devem contemplar
expectativas que os familiares têm sobre o tra- ações conjuntas entre professores, alunos, ins-
balho docente. tituições de ensino e sociedade. Sugerem-se
Finalizando, é importante ressaltar que, ain- atividades que estabeleçam um contexto mais
da que o estudo tenha obtido dados importan- favorável ao exercício da profissão docente atra-
tes sobre o problema, deve-se considerar as li- vés de programas voltados às equipes diretivas
mitações do mesmo principalmente em rela- e pedagógicas das escolas, a fim de que possam
ção à validez externa, uma vez que os professo- propiciar um espaço institucional de discussão
res estudados pertencem a escolas particula- e reflexão entre equipes e professores. Também,
res, exercendo suas atividades em um contexto atividades direcionadas aos docentes, alertan-
diferente daquele em que se inserem as escolas do-os sobre os possíveis fatores de estresse re-
públicas. No entanto, boa parcela das pesqui- lacionados ao trabalho e a possibilidade de de-
sas encontradas na literatura internacional não senvolvimento desse tipo de estresse ocupa-
especifica se as escolas são privadas ou não. cional de caráter crônico (burnout).
Acreditamos que isso ocorra devido a que, em As intervenções devem visar à busca de al-
outros países, não há essa dicotomia escola ternativas para possíveis modificações, não só
pública/privada de forma tão acentuada como na esfera microssocial do trabalho e das rela-
no modelo educacional vigente em países em ções interpessoais, mas também na ampla ga-
desenvolvimento, como o Brasil. Entretanto, ma de fatores macroorganizacionais que deter-
considerando que as escolas privadas nacio- minam aspectos constituintes da cultura orga-
nais possuem um padrão organizacional e de nizacional e social na qual o professor exerce
condições de trabalho semelhantes ao de mui- sua atividade profissional.

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SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES 1025

Resumo Colaboradores

O estudo apresenta os resultados obtidos em uma in- M. S. Carlotto realizou a pesquisa bibliográfica, cole-
vestigação sobre a síndrome de burnout em professo- tou e revisou os dados da pesquisa, realizou as tabu-
res de escolas particulares de uma cidade da região lações e análises, redigiu a versão preliminar do tra-
metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Bra- balho e participou da edição e revisão da versão final
sil. Trata-se de um estudo epidemiológico que buscou do artigo. L. S. Palazzo participou nas análises e na
identificar o nível da síndrome de burnout, verifican- edição e revisão final do artigo.
do possíveis associações com variáveis demográficas,
laborais e fatores de estresse percebidos no trabalho. A
população do estudo estava composta por 217 profes-
sores, dos quais, participaram 190 sujeitos (87,5%).
Como instrumento de pesquisa, utilizou-se o MBI pa-
ra medir burnout, associado a um questionário para o
levantamento das demais variáveis. Os resultados ob-
tidos revelaram que professores apresentam nível bai-
xo nas três dimensões que compõem burnout: exaus-
tão emocional, despersonalização e diminuição da
realização pessoal no trabalho. Variáveis demográfi-
cas não apresentaram relação com as dimensões de
burnout, sendo que, das variáveis profissionais, a car-
ga horária e a quantidade de alunos atendidos foram
as que mostraram associação com a dimensão de
exaustão emocional. Mau comportamento dos alunos,
expectativas familiares e pouca participação nas deci-
sões institucionais foram os fatores de estresse que
apresentaram associação com as dimensões de burnout.

Estafa Profissional; Estresse; Saúde Ocupacional

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Recebido em 28/Mar/2005
Versão final reapresentada em 16/Set/2005
Aprovado em 14/Out/2005

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(5):1017-1026, mai, 2006

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