Você está na página 1de 6

1

FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL II

Prof.ª Dr.ª Rita Melissa Lepre

melissa.lepre@unesp.br

MATERIAL DE REVISÃO

1. MODELOS PEDAGÓGICOS E MODELOS EPISTEMOLÓGICOS

Toda ação pedagógica está embasada em alguma concepção de


criança, de desenvolvimento, de aprendizagem, de escola, de mundo...
Ainda que o professor possa não ter clareza de qual a concepção que
está na base de sua prática pedagógica, ela existe e influencia,
fortemente, as suas escolhas, planejamento, ações e formas de
avaliação de seu trabalho.

Os modelos epistemológicos são as diferentes formas de se


entender os processos de construção do conhecimento, com foco nos
processos de desenvolvimento e aprendizagem. Becker (2002),
apresenta três modelos epistemológicos: a) O inatismo (Apriorismo); b)
O Ambientalismo (Empirismo) e c) O Interacionismo (Construtivismo).

Esses três modelos epistemológicos geram três modelos


pedagógicos que são formas de se entender e executar o processo
pedagógico. Becker (2002) apresenta três modelos pedagógicos: a)
Pedagogia Não-Diretiva; b) Pedagogia Diretiva e c) Pedagogia
Relacional.

No Quadro 01, demonstramos um resumo das principais


características dos modelos pedagógicos e epistemológicos, a
representação da relação Sujeito-Objeto e Professor-Aluno e algumas
frases de professores que revelam suas concepções epistemológicas e
pedagógicas.
2

Frases de
Modelo Modelo Pedagógico Representação professores que
Epistemológico revelam a
concepção

Inatismo (Apriorismo) Pedagogia Não-Diretiva “Ela ainda não está


pronta para aprender
Sujeito passivo Esperar a prontidão do esse conteúdo.
Herança Genética aluno
Vamos esperar o
Maturação Professor é apenas um
Dons/Prontidão “animador” momento dela”.
Padrões fixos de Esperar que, no tempo Sujeito Objeto
desenvolvimento certo, a criança terá os “Infelizmente, não
“insights” Professor Aluno tem o dom para os
números”.

Ambientalismo Pedagogia Diretiva “Vou passar uma


(Empirismo) lista de exercícios. O
Reforços e Punições aluno só aprende por
Sujeito passivo Professor é o centro do
repetição.”
“Folha em branco” processo educativo
Pressões do meio Educação “bancária”
Criança “moldável” Foco no conteúdo “Eu ensino, eles
Sujeito Objeto aprendem. As
crianças precisam me
Professor Aluno obedecer!”

Interacionismo Pedagogia Relacional “O trabalho com


(Construtivismo) grupos heterogêneos
Construção coletiva do auxilia as crianças a
Sujeito ativo conhecimento trocarem experiências
Interações entre o Trabalhos em equipes
sujeito e o meio Professor mediador e construírem
Construção ativa do Relações entre os conhecimentos.”
conhecimento processos de
desenvolvimento e Sujeito Objeto “As crianças são
aprendizagem seres ativos e sujeitos
Professor Aluno
de sua
aprendizagem.”
Quadro 01 - Texto-base: BECKER, F. Modelos pedagógicos e Modelos Epistemológicos – Semana 01.
Imagens: Pixabay.com
3

2 – A LEGISLAÇÃO QUE EMBASA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Muitos são os documentos oficiais e Leis que embasam a


Educação Infantil. Alguns deles são muito importantes e merecem uma atenção
mais específica. São eles:

- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – (LDB 9394, 1996);

- As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI,


2010);

- A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017).

Quando estudamos Legislação é imprescindível que


entendamos o espírito da Lei, ou seja, seus princípios básicos. Se
compreendermos a que se destina o documento será mais fácil internalizar
artigos e parágrafos importantes.

Na semana 03 - Proposta pedagógica: definição, elaboração,


implementação e avaliação, o material-base “Elaborando uma proposta
pedagógica”, estão disponibilizadas a LDB, as DCNEI e a BNCC.

A LEI Nº 12.796, de 04 de abril de 2013, altera a Lei no 9.394,


de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para dispor sobrea formação dos profissionais da educação.

Para lembrar:

"Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade." (Lei 12.796/2013)
4

3 – A IMPORTÂNCIA DO CUIDAR, EDUCAR E BRINCAR NA EDUCAÇÃO


INFANTIL

A EDUCAÇÃO INFANTIL APOIA-SE NA TRÍADE CUIDAR-EDUCAR-


BRINCAR. Esses componentes são indissociáveis e necessitam estar
presentes em todas as ações pedagógicas desenvolvidas na Educação
Infantil.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) definem


que as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação
Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira.

A brincadeira livre e dirigida é ação fundamental para o desenvolvimento


integral da criança. A mediação do professor é necessária, uma vez que
enriquece e potencializa as interações.

É importante que o professor conheça o desenvolvimento infantil e os


brinquedos e brincadeiras mais indicados para as faixas etárias, lembrando que
as atividades e objetos indicados são sugestões e não padronizações.

Por exemplo, na atividade da Semana 5, Quem brinca seus males espanta, são
demonstradas atividades e materiais a serem utilizados com crianças de
diferentes idades. Essas sugestões não têm o objetivo de determinar padrões
de desenvolvimento e/ou normatizações em relação aos brinquedos e
brincadeiras: o planejamento na Educação Infantil é dinâmico e multifacetado.
Dessa forma, mais do que a idade das crianças, que também é um indicador
importante, devem ser considerados o contexto, a proposta pedagógica e a
relação professor-aluno na escolha e disponibilização de brinquedos e outros
materiais.
5

“Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante


porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e
valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações
prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por
meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os
movimentos, de solucionar problemas e criar. Ao brincar, a criança
experimenta o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da
natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de
variadas linguagens. Mas é no plano da imaginação que o brincar se
destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância se
relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como
ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver”.

(KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil – Semana


02)

Todos os outros elementos necessários à práxis pedagógica na Educação


Infantil – elaborar a proposta pedagógica, planejar, organizar os espaços e
tempos e avaliar – devem estar relacionados à tríade cuidar-educar-brincar.

“O brincar é atividade fundamental para crianças pequenas, é brincando


que elas descobrem o mundo, se comunicam e se inserem em um
contexto social. Brincar é um direito da criança, além de ser de suma
importância para seu desenvolvimento, e, por isso as escolas de ensino
infantil devem dar a devida atenção a essa atividade.

Se o brincar é social, a criança não brinca sozinha, ela tem um brinquedo,


um ambiente, uma história, um colega, um professor que media essa
relação e que faz do brincar algo criativo e estimulante, ou seja, a forma
como o brincar é mediado pelo contexto da escola é importante para que
seja de qualidade e realmente ofereça a oportunidade de diferentes
aprendizagens para a criança.

Entendendo isso, as instituições de educação infantil que respeitam os


direitos e as necessidades das crianças não podem deixar de incluir o
brincar em seu currículo, com planejamento, materiais adequados,
espaço próprio e incentivo por parte da direção e da professora.”

(NAVARRO, Mariana Stoeterau. O brincar na educação infantil. EDUCERE.


Paraná: PUC, 2009)
6

DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC,


2017)

• Conviver: com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos,


utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o
respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. (p.36)

• Brincar: cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e


tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e
diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua
imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais,
sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. (p.36)

• Participar: ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento


da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da
realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das
brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes
linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. (p.36)

• Explorar: movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras,


emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da
natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em
suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. (p.36)

• Expressar: como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,


emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões,
questionamentos, por meio de diferentes linguagens. (p.36)

• Conhecer-se: e construir sua identidade pessoal, social e cultural,


constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento,
nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens
vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
(p.36)

Você também pode gostar