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Dinamica de Estruturas - 1991
Dinamica de Estruturas - 1991
Dinâmica de Estruturas
João J. R. T. Azevedo
Jorge Miguel S. F. M. Proença
1991
Dinâmica de Estruturas 2
3 - ANÁLISE SÍSMICA 67
3.1 Resposta Dinâmica a uma Aceleração de Base 67
3.2 Análise Sísmica por Espectro de Resposta 68
3.3 O Método CQC de Combinação Modal 77
3.4 A Adaptação para a Consideração de Movimentos de Base Independentes 79
3.4.1 Necessidade de Adaptação 79
3.4.2 Eq. de Mov. para Excitações Diferentes nos Vários Suportes 79
3.4.3 Os Deslocamentos Pseudo-estáticos 82
3.4.4 Resposta da Estrutura 83
BIBLIOGRAFIA 85
Dinâmica de Estruturas 3
A representação numérica dum sistema sujeito a acções com carácter dinâmico envolve
sempre certas hipóteses simplificativas com particular relevo para aquelas decorrentes do
método de discretização adoptado. De facto, apresentando os sistemas reais infinitos graus
de liberdade, é normalmente necessário proceder a hipóteses simplificativas no sentido de
os modelar como sistemas de finitos graus de liberdade. Neste âmbito é corrente distinguir
os seguintes critérios de discretização:
l l / 4 l / 4 l / 4 l / 4
em que
m l m l W m l
m1 = m2 = + m3 =
4 24 g 4
condições de apoio específicas do problema bem como a continuidade nos troços em que o
sistema real apresente continuidade de deslocamentos. Os graus de liberdade, designados
de coordenadas generalizadas, já não representam explicitamente deslocamentos mas
revestem-se aqui do significado de amplitude Zn das funções de forma seleccionadas
q(x) = ∑ Z ψ (x)
n
n n
(1 )
(iii) Método dos elementos finitos. Neste método o sistema é subdividido num nº
discreto de elementos finitos (elementos de barra, de casca, de placa, etc..) delimitados por
nós. Os graus de liberdade, neste método, são então as componentes dos deslocamentos
nodais e a determinação dos deslocamentos em pontos que não os nodais obtém-se através
de funções de forma adequadas.
q(x) = ∑ q ψ (x)
n
n n
(2 )
Refira que a resultante das forças aplicadas combina as forças internas elásticas, forças
de atrito viscoso e forças externas.
∫ δ(C-P) dt + ∫ δW
t1 t1
nc
dt = 0
( 4 )
As equações (5) são conhecidas como equações de Lagrange e têm inúmeras aplicações
em engenharia estrutural e mecânica.
Dinâmica de Estruturas 6
Se se considerar que um sistema pode ser reduzido a uma massa concentrada num
único ponto e que essa massa pode ter apenas uma componente de deslocamento, diz-se que
estamos perante um oscilador com um grau de liberdade. Na figura 1.1 mostram-se
exemplos de osciladores de um grau de liberdade.
q
q
.. .
mq+cq+kq=0 (7)
a qual, dividindo ambos os membros por m ,se reescreve
.. . 2
q + 2ζp q + p q = 0 (8)
k c c
p= ζ= =
m cc 2mp
ou, indiferentemente
- ζpt
q(t) = e (q cos(pd t - θ )) (9 b )
Observe-se da equação (10) que, dado nos sistemas estruturais reais que serão
estudados, o factor de amortecimento raramente exceder 10-15%, se pode assimilar pd a p.
_
As variáveis A e B ou q, e θ traduzem as condições iniciais que, no presente caso, são
as únicas responsáveis pelo movimento. No caso mais corrente de as condições iniciais
.
corresponderem a deslocamento q0 e velocidade inicial q, 0 no instante t=0 obtém-se
.
q0 + ζp q0
A=
pd (1 1 a)
B = q0 (1 1 b )
ou
. 2 2 2
_ (q0 + ζp q0) + pd q0
q=
pd (1 2 a)
Dinâmica de Estruturas 8
.
q0 + ζp q0
θ = arctg( )
pd q0 (1 2 b )
Na figura 1.2 mostra-se a forma geral da equação (9a ou 9b). Nela se pode ter uma
ideia do significado das constantes pd e ζ .
- ζpt
qe
- ζpt
-qe
Td
Como exemplo, suponhamos que para o terceiro modelo indicado na figura 1.1, o
peso do piso rígido é de 300 KN, para cada pilar (L=3.5 m), I=0.00213 m4 e que o módulo de
elasticidade é de 2.9 *107 KN / m2. Assim a rigidez dos dois pilares é k=2 *12 EI / L3 ou
seja k=34577 KN/m e a massa m = w / g vale 30.6 KN seg2/m. O período de vibração é
então:
30.6
Td = 2π = 0.187 s
34577
exponencial negativa na equação (9b) é unitário, a razão entre as amplitudes máximas para
os ciclos i e i+j é dada por
m ax - ζ p Td i
qi e q ζ p Td j
= = e
m ax - ζ p T d (i+j)
q i+j e q ( 1 4 )
Observemos agora o que se passa no caso de ζ=1 -amortecimento crítico-. Neste caso a
solução da equação (8) é da forma
- ζpt
q(t) = e (A t + B ) (16)
em que A e B traduzem as condições iniciais de movimento. Por observação da
equação (16) conclui-se que a resposta do sistema já não é periódica e que não há
movimento vibratório. cc representa assim o menor valor de c para o qual não existe um
movimento oscilatório.
Suponhamos agora que a estrutura é actuada por uma acção harmónica aplicada ao
nível do grau de liberdade com a forma
Q(t) = Q cos(ωt) (18)
Neste caso a equação de movimento toma a forma
.. . (19)
m q + c q + k q = Q cos(ωt)
ou, dividindo ambos os membros por m
.. . 2 Q
q + 2ζp q + p q = cos(ωt)
m (2 0 )
ou alternativamente
qp(t) = qp cos(ωt-φ) (21 b)
2ζ ω
D= Q
k (1-ω ) + (2ζω )2
2 2 (2 2 b )
com
ω= ω
p
Duma forma similar considerando a solução particular no formato da equação 21 b)
obtém-se
Q
qp = β 1
k (2 3 a)
2ζω
φ = arctg( )
2
1-ω (2 3 b )
6
β1 Função de Transferência 1
ζ=.05
5
ζ=0.1
3
ζ=0.2
2
ζ=0.3
ζ=0.4
1 ζ=0.6 ζ=0.5
ζ=0.7 ω
ζ=0.8
0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Pela análise da fig. 1.3 pode constatar-se que o factor de amplificação dinâmica toma
_ _
um valor de pico para um valor de ω, aproximadamente igual a 1 (na realidade para ω,
≈ 1-2ζ2 ). A esse fenómeno, que faz corresponder um grande factor de amplificação
dinâmica para valores da frequência de excitação ω que correspondem ao valor da
frequência própria da estrutura p, dá-se o nome de ressonância. Fica assim bem clara a
importância de correctamente determinar a frequência própria da estrutura bem como a
importância de conhecer o melhor possível o conteúdo de frequência das acções dinâmicas
que a actuam.
ou seja
2 2 2
ω = 1-2ζ ± 2ζ 1+ζ
ou ainda para pequenos valores de ζ
2 2
ω - 1-2ζ ± 2ζ
pelo que desprezando mais alguns termos de segunda ordem
2
ω=1-ζ ±ζ
que admite, como esperado, duas soluções
2
ω1 = 1 - ζ - ζ
2
ω2 = 1 - ζ + ζ
Poder-se-á argumentar que nem uma estrutura real pode ser representada por um
modelo de um grau de liberdade, nem as forças dinâmicas aplicadas podem ser descritas
por uma acção harmónica do tipo da descrita na equação (18). Na prática, conclui-se que os
resultados obtidos para modelos de um grau de liberdade podem ser, em certas condições,
extrapolados para modelos de vários graus de liberdade. De facto, não só qualquer acção
dinâmica fisicamente realizável pode ser decomposta numa soma de funções do tipo da
descrita na equação (18) como se pode reescrever as equações de movimento dum sistema
de vários g.l. como várias equações de 1 gl.. A aplicação exaustiva do princípio da
sobreposição dos efeitos, válido na classe de sistemas lineares à qual nos restringimos,
permite então a extensão dos estudos até aqui desenvolvidos a sistemas/acções mais
complexos.
Dinâmica de Estruturas 15
Com efeito qualquer acção periódica Q(t) com período T e com um mínimo de
regularidade que as funções fisicamente realizáveis apresentam, pode ser desenvolvida em
série de Fourier, ou seja, pode ser substituida pela soma de componentes harmónicas de
períodos múltiplos do período de referência
∫ Q(t) cos( T t) dt
2 2iπ
ai = (i=0,1,2,.., )
T ( 2 8 a )
0
∫ Q(t) sen( T t) dt
2 2iπ
bi = (i=1,2,.., )
T ( 2 8 b )
0
q(t) =
1
k
{a0 /2 + ∑ (ai β1i cos(ωit - φi) + bi β1i sen(ωit - φi)} (2 9 )
i=1
sendo β1i dado pela equação (24)
2iπ 2iπ
β 1i = β 1(ω= ) e ωi =
Tp T
e φi dado pela equação (23 b)
2iπ
φi = φ(ω= )
Tp
Dinâmica de Estruturas 16
. Q(τ)
dq = dτ
m (3 0 )
.
A resposta incremental de um sistema a uma velocidade incremental inicial dq,
aplicada no instante τ , pode ser obtida no instante t por (ver equações 9a), 11a) e 11b))
- ζ p(t-τ) Q(τ)
dq = e sen(pd(t-τ)) dτ
mpd (3 1 )
Dado que cada impulso incremental Error!dτ para 0<τ<t provoca uma resposta
incremental no instante t, a resposta à força genérica é dada, no instante t por
t
- ζ pt
∫e
e ζ pτ
q(t) = Q(τ) sen(pd(t-τ)) dτ
m pd ( 3 2 )
0
q(t) =
∫ Q(τ) h(t-τ) dτ
0 ( 3 3 )
com
- ζp(t-τ)
e
h(t-τ) = sen(pd(t-τ))
m pd (3 4 )
∫
e - ζ pτ
q(t) = e (Q0 + Qτ) sen(pd(t-τ)) dτ =
m pd
0
Q0 2
- ζ pt Q -2ζ - ζ pt 2ζ (1-ζ )
=
k
(1-e (cos(pdt) + ζ sen(pdt))) + (
k pd
+ e ( cos(pdt) -
pd pd
sen(pdt)))
(3 6 )
Dinâmica de Estruturas 18
Em muitas situações, não é possível representar uma acção através de uma expressão
analítica, e vulgarmente são conhecidos apenas alguns dos seus valores ao longo do tempo.
Q(t)
Qi
Qi+1
Qi-1
t
ti-1 ti ti+1
Tendo em conta a equação (35) que representa a forma geral do integral de Duhamel, a
equação (36) que representa a resposta de um sistema a uma força do tipo da apresentada na
figura 1.4 e a equação similar à equação (36) para a resposta em termos da velocidade,
poder-se-ia concluir que a resposta do sistema no instante ti é , no caso de um sistema não
amortecido, dada por
Dinâmica de Estruturas 19
.
qi-1 Qi-1 ∆Qi
qi = qi-1 cos(p ∆ti) + sen(p ∆ti) + (1-cos(p ∆ti)) + (p ∆ti - sen(p ∆ti))
p k pk∆ti ( 3 7 a )
. . Q ∆Qi
qi = -qi-1 p sen(p ∆ti) + qi-1 cos(p ∆ti) + i-1 p sen(p ∆ti) + (1-cos(p ∆ti))
k k ∆ti ( 3 7 b )
em que
a11 = e
- ζp ∆t
( ζ sen(pd ∆t) + cos(pd ∆t))
2
1-ζ ( 3 9 )
- ζp ∆t
e
a12 = sen(pd ∆t)
pd (4 0 )
- ζp ∆t -p
a21 = e ( sen(pd ∆t))
2
1-ζ ( 4 1 )
a22 = e
- ζp ∆t
(cos(pd ∆t) - ζ sen(pd ∆t))
2
1-ζ ( 4 2 )
1 - ζp ∆t ζ
b11 =
k
( 1-e cos(pd ∆t) + sen(pd ∆t))
2
1-ζ ( 4 3 )
2
1
b12 = (∆t - 2 ζp + e- ζ p ∆t (2 ζp cos(pd ∆t) - (1-2ζ
pd
)
sen(pd ∆t)))
k ∆t (4 4 )
1 - ζp ∆t p
b21 =
k
e ( sen(pd ∆t))
2
1-ζ ( 4 5 )
Dinâmica de Estruturas 20
1 ζ
b22 =
k ∆t
{1 - e- ζp ∆t(cos (pd ∆t) + sen (pd ∆t))}
2
1-ζ ( 4 6 )
1
∆t <
2fmax
Dinâmica de Estruturas 21
Defina-se a variável
*
q = q - qs (4 7 a)
.. * .. ..
q = q - qs (4 7 c)
Nestas condições o equilíbrio dinâmico do sistema pode ser escrito em termos da força
.. .
de inércia mq, , força de amortecimento cq, * e força de restituição kq*.
.. .* *
mq+cq +kq =0 (48)
equação que pode ser reescrita como
.. * .* * ..
m q + c q + k q = -m qs (4 9 )
ou
.. * .* 2 * ..
q + 2ζp q + p q = - qs (4 9 a )
Comparando a equação (49) com a equações (6) pode constatar-se que a análise da
resposta de um sistema a uma aceleração do solo processa-se de uma forma similar à então
referida, assumindo uma força fictícia aplicada ao sistema
..
Q(t) = -m qs(t) (50)
Nesse caso bastará lembrar que a "força equivalente" ao nível do grau de liberdade é -
m a cos(ωt) pelo que
* ma a
q = - β1 cos(ωt-φ) = -β 1 2 cos(ωt-φ) (5 1 )
k p
Suponha-se agora que se pretende conhecer o deslocamento absoluto em termos da
..
aceleração de base (q, s = a cos(ωt)). Neste caso a equação de movimento pode ser escrita
.. . .
m q + c q + k q = k qs + c qs (52)
2
ω 2ζω
φ2 = arctg( )
2 2
1-ω + (2ζω) (5 5 )
q = d β 2 cos(ωt-φ2) (56)
Dinâmica de Estruturas 23
β3 = ω2
2 2 2
(1-ω ) + (2ζω) ( 5 7 )
tal que
*
q = qs β 3 cos(ωt-φ3) ( 58)
e sendo
2ζω
φ3 = arctg( )
2
1-ω (5 9 )
6
β2 ζ=.05 Função de Transferência 2
5
4
ζ=0.1
3
ζ=0.2
2 ζ=0.3
ζ=0.4
ζ=0.5
ζ=0.7
1 ζ=0.8
0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 ω 3.0
6
β3 Função de Transferência 3
ζ=.05
5
4
ζ=0.1
3
ζ=0.2
2
ζ=0.3
ζ=0.4
1 ζ=0.5 ζ=0.6
ζ=0.7 ζ=0.8
ω
0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Suponha-se que uma massa m deve ser isolada de um movimento de base através de
uma mola de rigidez k e de um amortecedor c. A relação deslocamento de base-
deslocamento de massa ou aceleração da base-aceleração da massa é traduzida pelas curvas
β2 .
_
Para melhor isolar o sistema da excitação de base, é conveniente que o valor de ω,
seja o mais elevado possível, ou seja que o valor de p seja o mais reduzido possível. Duas
formas alternativas são reconhecidas para materializar este objectivo
(i) diminuição do valor de k. Consiste em interpôr um elemento flexível entre a base e
o sistema. De aplicação limitada pelo facto de que os elementos flexíveis são
simultaneamente aqueles que menor resistência apresentam.
(i) aumento do valor de m. Consiste na interposição de um "maciço de inércia". De
extensa utilização em aplicações práticas.
Dinâmica de Estruturas 25
Simultaneamente, e como pode ser visto pela figura 1.5, o amortecimento deve ser o
_
mais reduzido possível já que na zona ω, > 2 as maiores amplificações correspondem
aos maiores valores de amortecimento.
Suponha-se que um oscilador com um grau de liberdade é actuado por uma acção
externa, seja ela uma força aplicada, um deslocamento imposto, ou movimento de solo. É
possível com base nos princípios já enunciados, determinar a resposta do sistema, quer seja
em termos de deslocamento (absoluto ou relativo), acelerações, velocidades, ou mesmo
esforços induzidos no sistema, ou ainda reacções.
Se este procedimento for repetido para uma gama suficientemente lata de frequências
e amortecimentos, o conjunto dos valores máximos de resposta representam o que é
vulgarmente conhecido por espectro de resposta. Usualmente determinam-se vários
espectros de resposta, cada um para um dado coeficiente de amortecimento, efectuando o
varrimento no domínio da frequência.
Supondo que a acção sísmica pode ser assimilável a uma sobreposição de movimentos
harmónicos, a velocidade espectral é dada em função do deslocamento espectral Sd e da
frequência do movimento p
S v = p S d = 2π f S d (6 1 )
Se a representação for feita numa escala logarítmica tendo por eixos log Sv e log f e
tendo em conta que
log Sv = C 1 + log Sd + log f (6 3 )
e
log Sv = C 2 + log Sa - log f (6 4 )
q1
q
1
q3
q2 q2
q2 q1
q3
q q4
3
q5
Para os sistemas de vários graus de liberdade, o tratamento que foi feito para os
sistemas com um grau de liberdade não pode ser aplicado. Deixa de haver apenas uma
frequência própria e passam a haver tantas frequências próprias como o número de graus de
liberdade. A sua determinação, especialmente através de métodos numéricos com
aplicabilidade em computadores serão objecto de análise.
_
em que q, e ψ(x) representam respectivamente a amplitude de vibração (eliminada
nos cálculos subsequentes) e uma função de forma que relaciona os deslocamentos das
diversas secções. Relembrando o exposto no início destes apontamentos relativamente ao
conceito de coordenadas generalizadas, esta configuração deformada tem apenas que
verificar as condições de apoio do sistema e continuidade nos troços em que o sistema a
apresente.
∫
1 2 2 2
Cmax = q p m(x) ψ (x) dx
2 ( 6 9 )
0
2
∫
0
'' 2(x) dx
EI(x) ψ
p =
l
∫ m(x) ψ (x) dx
2
0 ( 7 0 )
A equação (70) traduz a frequência própria que o sistema apresentava se vibrasse com
a configuração adoptada. Na realidade, a configuração fundamental é, dentro das infinitas
configurações deformadas em conformidade com as condições impostas inicialmente,
aquela cuja frequência, designada aqui de frequência fundamental, é a menor. Um critério
para arbítrio da configuração fundamental consiste em verificar, para além das condições
cinemáticas, as condições estáticas (em termos do andamento dos esforços) verificadas no
sistema real. De facto, distribuições de esforços incompatíveis com o sistema real traduzem a
existência de restrições artificiais que têm por efeito rigidificar o sistema ou, o que é o
mesmo, aumentar a frequência fundamental.
2 120 EI
p =
4
ml
Repetindo este procedimento para uma configuração sinusoidal
πx
ψ(x) = sen( )
l
a frequência correspondente é
4
2 π EI
p =
4
ml
Observe-se que a frequência determinada inicialmente é cerca de 23% superior à
correspondente à configuração sinusoidal. De facto, a configuração parabólica pressupõe um
diagrama de momentos constante (relembre-se que o diagrama de momentos é proporcional
à curvatura da deformada) violando, entre outras, a condição de anulamento dos momentos
nos apoios. Em contrapartida, a configuração sinusoidal, aliás a verdadeira configuração
fundamental, verifica a condição de anulamento dos momentos sobre os apoios
apresentando adicionalmente o momento máximo a meio vão. Serve este exemplo para
acentuar que a melhor aproximação à frequência/configuração fundamental é aquela que,
dentro das configurações que verificam as condições cinemáticas, melhor aproxima as
condições estáticas.
Cmax =
1
2
q p
2 2
∫
2
m(x) ψ (x) dx +
1 2 2
2
q p ∑ M ψ (x )
j
j
2
j
( 7 2 )
0
_
em que qg(x) e q, g representam respectivamente a deformada devida á aplicação do
carregamento gravítico e a amplitude da respectiva função de forma. Nestas circunstâncias a
energia potencial máxima pode ser entendida como o trabalho das forças gravíticas na
deformada gravítica cujo valor máximo é
l l
∫ ∫ m (x ) ψ (x ) d x
1 1
V m ax = W (x ) q g (x ) d x = g qg g
2 2
0 0 ( 7 6 )
2 g
∫ m(x) ψ (x) dx
0
∫ m(x) q (x) dx
g
0
g
p = =g
qg l l
0 0
Refira-se por fim que embora o carregamento em causa seja um carregamento gravítico
este pode ser aplicado em qualquer sentido (inclusivé no sentido vertical ascendente) e em
Dinâmica de Estruturas 35
q g1 q g2 q g3
Vmax =
1
2 ∑W q
i
i gi
(7 8 )
Cmax =
1
2 ∑ m q.
i
i
2
gi
(7 9 )
Cmax =
1
2
gp
2
∑W q
i
i
2
gi
(8 0 )
2
∑W q
i
i gi
p =g
∑W q
i
i
2
gi
( 8 1 )
Deixa-se ao cuidado do leitor demonstrar que atribuindo 1/4 da massa estrutural aos
nós 1 e 3 e a restante ao nó 2 se obtém
Dinâmica de Estruturas 37
4
76 l
qg1 = qg2 = mg
6144 EI
4
54 l
qg2 = mg
3072 EI
o que substituindo na equação (81) conduz a
2 EI
p = 64.822 (rad/s)
4
ml
valor apenas 0.04% superior ao que se obteria para o modo fundamental de vibração
resolvendo a equação característica correspondente ao modelo discretizado.
k 3 = 360 000 K N /m
q 1 = ∆ s 3 + ∆ 32 + ∆ 21
q 2 = ∆ s 3 + ∆ 32
q3 = ∆ s3
900 g
∆ s3 =
360 000
500 g
∆ 32 =
240 000
200 g
∆ 21 =
120 000
45 g
q1 =
7 200
33 g
q2 =
7 200
18 g
q3 =
7 200
De salientar, tal como o faz o R.S.A, que na aplicação deste método há que ter em conta
não só a rigidez e massa dos elementos estruturais considerados como resistentes, mas
também as dos elementos considerados não resistentes que lhes estão ligados, tal como
paredes de alvenaria e similares, os quais podem contribuir para um aumento da rigidez do
edifício, dando assim origem a valores mais elevados da frequência própria fundamental.
Como a valores mais elevados de frequência correspondem também valores mais elevados
dos coeficientes sísmicos, a não consideração da massa e da rigidez dos elementos não
estruturais, pode ser não conservativa e portanto contra a segurança.
Terem os pisos constituídos de forma que possam considerar-se como diafragmas indeformáveis
no seu plano"
Por fim a condição relativa à indeformabilidade dos pisos no seu plano destina-se a
garantir que as forças de inércia desenvolvidas durante a actuação do sismo sejam
absorvidas pelas sub-estruturas que lhe resistam (pórticos ou paredes) proporcionalmente à
rigidez dessas mesmas sub-estruturas. Assim se garante que todas as sub-estruturas são
proporcionalmente esforçadas devido à acção sísmica.
Dinâmica de Estruturas 41
Fri = ∑Kn
q
in n
(8 5 )
As equações de movimento para vibrações em regime livre, podem assim ser escritas
de uma forma matricial:
.. .
M q + C q + K q = 0 (8 6 )
.. 2 2
q ( t) = - p q c o s ( p t- φ ) = - p q ( t) (8 9 )
200 0 0
M= 0 300 0 2
0 0 400 [KN s / m]
e que são as frequências próprias da estrutura. Como se pode constatar, e tal como na
devida altura tinha sido referido, o método de Rayleigh conduziu a uma boa aproximação
do valor da 1ª frequência.
ou fazendo
1 2
= ¥
2
p ( 9 4 )
e dado que =
2
[F M - ¥ I ] q = 0 (9 5 )
Dinâmica de Estruturas 45
Uma forma possível de determinar para cada frequência o vector próprio associado, é
através da matriz adjunta da matriz característica [ -pi2 ]. A matriz adjunta é a matriz
transposta da matriz dos cofactores. A matriz dos cofactores é calculada, substituindo cada
elemento de uma matriz (aij) pelo valor do determinante da matriz que se obtém por
eliminação das linha e coluna a que pertence o elemento (linha i, coluna j), multiplicado por
(-1)(i+j).
Dinâmica de Estruturas 48
Na prática, dado que a matriz característica é simétrica, não se torna necessário fazer a
transposição da matriz dos cofactores. Também não se torna necessário calcular a matriz dos
cofactores de todos os elementos da matriz característica, mas apenas os cofactores da última
coluna desta matriz.
Como exemplo, determinem-se os vectores próprios (modos de vibração) da estrutura
da figura 2.3, para a qual já foram determinadas as frequências próprias.
A matriz característica é
[ ]
2
600 - p - 600 0
2
- 600 1800 - p - 1200
2
0 - 1200 3000 - 2p
[ 390
- 600
0
- 600
1485
- 1200
0
- 120 0
258 0
]
Calculando os cofactores dos elementos da última coluna obtém-se
[ ][] []
4
- 600 * - 1200 * ( -1 ) 720000 1.0
5
390 * - 1200 * ( -1 ) = 468000 norm alizan do 0.65
2 6
(390 * 1485 - (-600 ) ) * ( -1 ) 219150 0.30
Na figura 2.5 são apresentados os três modos de vibração. Em qualquer deles optou-se
por normalizar através da fixação de um valor unitário para o deslocamento modal
correspondente ao primeiro grau de liberdade.
Dinâmica de Estruturas 49
Uma análise dos três modos de vibração, permite detectar uma característica própria
dos modos de vibração de sistemas deste tipo. O primeiro modo tem todos os deslocamentos
modais com o mesmo sinal, o que significa que quando a estrutura vibra nessa frequência,
todos os pontos estão em movimento e com o mesmo sentido. Em relação ao segundo modo,
pode detectar-se um ponto entre o 2º e o 3º piso que não sofre qualquer deslocamento. Para o
terceiro modo podem detectar-se dois desses pontos. Tal característica é importante quando
se precisar idealizar a deformada da estrutura para um dado modo de vibração.
Tal como atrás foi referido, as equações de movimento em regime livre podem ser
escritas sob a forma
2
K q n = pn M q n (9 7 )
T 2 T
v m
K v n
= pm v m
M v n (1 0 1 )
Como se pode ver o lado esquerdo das duas equações é igual, pelo que a diferença das
duas equações conduz a
T
( p 2n 2
- pm) v m M v n = 0 (1 0 2 )
T
v m
M v n
= 0 (1 0 3 )
para (m≠n) o que traduz a ortogonalidade dos modos de vibração com respeito à
matriz de massa.
Dinâmica de Estruturas 51
( 2
1
-
1
2
)v T
m
K vn = 0
pn pm ( 1 0 4 )
o que traduz também a ortogonalidade dos modos de vibração com respeito à matriz
de rigidez.
Refira-se ainda que como consequência, se pode afirmar que os modos de vibração são
ortogonais em relação a qualquer matriz que seja uma combinação linear da matriz de massa
e de rigidez.
T
V K V = K G (1 0 6 )
antes de e obtém-se
T -1 .. T -1
V M V V q + V K V V q = 0 (1 0 8 )
sendo
-1
qG = V q ou q = V qG (1 1 0 )
.. -1 .. .. ..
qG = V q ou q = V q G (1 1 1 )
Como foi oportunamente referido, a matriz modal pode ser determinada a menos das
amplitudes modais ou seja, cada modo de vibração pode ser determinado a menos de uma
Dinâmica de Estruturas 53
constante. Uma das formas utilizadas para representar a matriz modal é admitir amplitudes
unitárias para um dos graus de liberdade. Existem contudo vantagens ao nível da
formulação posterior em adoptar como critério o de normalizar os modos de vibração
relativamente à matriz de massas, isto é:
T
φ i
M φ i
= 1 ( 1 1 2 )
Deixa-se ao cuidado do leitor a demonstração, a partir das eqs 100 e 112, das matrizes
de massa e rigidez generalizadas de acordo com este critério de normalização.
T
MG = Φ M Φ = I (1 1 4 a)
T
K G
= Φ K Φ = [ p2 ] (1 1 5 )
.. T . T
Φ Τ M Φ q G+ Φ C Φ q G+ Φ K Φ q G= 0 (1 1 8 )
ou seja
.. .
MG qG + CG qG + K G
qG = 0 (1 1 9 )
.. . 2
qiG + 2ζipi qiG + pi qiG = 0 (1 2 1 )
Φ =
[ 0.05251
0.04496
0.01488
0.03406
-0.02727
-0.03781
0.01585
-0.03052
0.03629
]
A matriz -1 necessária para transformar as coordenadas iniciais em coordenadas
generalizadas pode ser obtida, dado já se tratar de matriz modal normalizada em relação à
matriz de massas, a partir da seguinte propriedade evidente quando comparada a eq. 114
com a equação que relaciona uma dada matriz com a sua inversa:
-1 Τ
Φ = Φ M (1 1 4 b )
ou seja
Φ =
-1
[ 10.502
6.812
3.17
13.488
-8.181
-9.156
]
5.952
-15.124
14.516
. -1 . T .
q G0 = Φ q 0 = Φ M q 0 (124)
q0 =
tem-se
[] 1.000
0.000
0.000
qG0=
[] 10.502
6.812
3.17
e ainda
. .
q G0 = q 0 = 0
q 2 G (t) = 6 .8 1 2 c o s(3 1 .1 t)
q 3 G (t) = 3 .1 7 c o s(4 6 .1 t)
Para obter os resultados nas coordenadas iniciais não há mais do que aplicar a
transformação inversa.
Dinâmica de Estruturas 56
equação que tirando partido do critério de normalização referido pode ser reescrita
.. .
qG + [ 2ζp ] q G + [ p 2 ] q G = Q G(t) (1 2 7 )
Quando o sistema é sujeito a uma excitação harmónica com frequência ω, isto é sujeito
a um vector de forças aplicadas (t) do tipo:
Q (t) = Q co s (ω t) (1 2 8 )
_
com β1i e ϕi dados pelas eqs.23 b e 24 (para p=pi e ζ=ζi) e Q, iG dado por
N
Q iG = ∑Φ
j=1
ji
Qj
( 1 3 0 )
∑
QjG
q i(t) = Φ ij β 1j cos(ωt+ϕ j)
2
j=1 pj ( 1 3 1 )
Q G(t) = Φ Q (t) =
T
[] 0.05251
0.03406
0.01585
q(t) =
[ ]
14..432 +13.114cos(14.5t)+1.199cos(31.1t)+0.118cos(46.1t)
10.041 +11.299cos(14.5t)-0.860cos(31.1t)-0.228cos(46.1t)
2.655 +3.716cos(14.5t)-1.331cos(31.1t)+0.2707cos(46.1t)
x 10e-6
Dinâmica de Estruturas 60
Com efeito, tal como se referiu previamente, a resposta a uma aceleração de solo é
idêntica à resposta do sistema a forças aplicadas ao nível dos vários graus de liberdade e
iguais ao produto do valor da aceleração de base correspondente ao grau de liberdade em
questão, pela massa respectiva.
Assim se um sistema está sujeito a uma aceleração, por exemplo segundo a direcção x,
a análise da resposta pode ser efectuada, supondo aplicadas a todos os graus de liberdade
segundo a direcção x forças equivalentes ao valor da aceleração de solo vezes a massa
correspondente a esse mesmo grau de liberdade.
Tal é equivalente a fazer actuar sobre o sistema um vector de forças definido como
..
Q (t) = - M 1 x q sx (t) (1 3 2 )
em que representa uma matriz constituída por três colunas em que cada coluna é
preenchida por elementos nulos excepto nas posições correspondentes a graus de liberdade
de translação segundo a direcção a que se reporta, isto é:
1 = { 1 x 1 y 1 z} (1 3 4 )
Dinâmica de Estruturas 61
Este método fundamenta-se na equação (95) que, reescrita para o modo genérico n,
conduz a:
1
D φn = φn
2
pn ( 1 3 5 )
2
∑∑v
i j
(k)
j
(k-1)
Mji v i
p1 =
∑∑v i j
(k)
j
M v
ji i
(k)
( 1 3 7 )
Dinâmica de Estruturas 62
Observe-se que a expressão 137 resulta do facto de se tratar dum processo iterativo. De
facto, como é demonstrado seguidamente, no limite (k→ ∞) a estimativa de ordem k do 1º
modo coincide com este e verifica-se a seguinte igualdade:
(k) (k-1) 1 (k-1)
v =Dv = v
2
p1 ( 1 3 8 )
pelo que a média ponderada destes quocientes preconizada na expressão 137 conduz à
melhor aproximação para cálculo da frequência fundamental.
2
ou, individualizando a fracção com p, 1
v
(1 )
=
1
p1
2 { c1 φ 1 + c2 (
p1
p2
)
2
φ 2 + . . + cn (
p1
pn
)
2
φ n + . . + cN(
p1
pN
)
2
φN
} ( 1 4 3 )
v
(k )
=
1
2k
p1
{ c1 φ 1 + c2 (
p1
p2
)
2k
φ 2 + . . + cn (
p1
pn
)
2k
φ n + . . + cN(
p1
pN
)
2k
φN
} ( 1 4 4 )
Dinâmica de Estruturas 63
o que tendo em conta a ordem relativa das frequências próprias serve como
demonstração ao pretendido.
v
´(0 )
= v
(0 )
- φ1 φ1 M v
T (0 )
= { I - φ1 φ1 M
T
} v
(0 )
(1 4 7 )
não apresenta componente do 1º modo pelo que o posterior processamento pelo ciclo
de Stodola conduz a aproximações progressivamente afinadas do 2º modo. Observe-se que
este procedimento é extensível à determinação dos modos superiores. Com efeito admitindo
o conhecimento as estimativas dos primeiros (n-1) modos é possível através da seguinte
expressão:
´(0 ) (0 ) T (0 ) T (0 ) T (0 )
v = v - φ 1
φ 1
M v -φ 2
φ 2
M v -. . - φ n -1 φ n -1
M v (1 4 8 )
ou equivalentemente
v
´(0 )
= { T T
I - φ 1 φ 1 M - φ 2 φ 2 M - . . - φ n -1 φ n -1 M
T
} v
(0 )
(1 4 9 )
Sn = { T T
I - φ 1 φ 1 M - φ 2 φ 2 M - . . - φ n -1 φ n -1 M
T
} = S n -1 - φ n -1 φ n -1 M
T
(1 5 0 )
Como exemplo de aplicação, o método de Stodola será utilizado para calcular as duas
primeiras frequências próprias da estrutura previamente apresentada.
F =
1
720000 [ ]
11
5
2
5
5
2
2
2
2
[ m /KN ]
D1 = F M = 1
720000 [ 2200 1500 800
1000 1500 800
400 600 800 ] 0.00503 0.00480 0.00476 0.00475 0.00474 (k)
0.00336 0.00314 0.00309 0.00308 0.00308 v
0.00161 0.00147 0.00144 0.00143 0.00143
p1 = 14.52 rad/s k=1 k=2 k=3 k=4 k=5
T
φ1 = ( 0.05251, 0.03406, 0.01585 )
T
S2 = S1 - φ1 φ1 M 1.000 1.000 1.000 1.000 (k)
-1.000 -0.605 -0.606 -0.606 v
-1.000 -0.682 -0.680 -0.679
D2 = F M S2 =
[ - 30.7 43.3 8.71
- 23.4 6.54 63.5]
44 -46.1 -46.8
x 10
-5
q5 q2 q6 q3
i j
q1 q4
[ ]
210 0 0 0 0 0
0 156 54 0 22l -13l
ml 0 54 156 0 13l -22l
420 0 0 0 210 0 0
0 22l 13l 0 4l 2 -3l 2
0 -13l -22l 0 -3l 2 4l 2 ( 1 5 2 )
q2 q3
q1 2m
m m l
2l
Fig. 2.8 - Pórtico de aplicação de matriz de massa consistente
M=
ml
420 [2100
0
0
0
0
0 ]
0
0
0
M=
ml
420 [1992
22l
22l
22l
]
22l
68l 2 -48l 2
-48l 2 68l 2
Dinâmica de Estruturas 68
3 - Análise sísmica
Quando, em vez de actuada por forças ao nível de cada grau de liberdade, a estrutura
é actuada por movimentos na base, situação verificada durante a actuação de sismos, as
equações que caracterizam a resposta dinâmica tomam uma forma diferente das descritas
nas eqs. 6 e 86.
Nessas condições o equilíbrio dinâmico pode ser escrito da seguinte forma em sistemas
de 1 grau de liberdade:
..* .* * ..
m q + c q + k q = - m q s ( t) = F i ( t) (4 8 rep )
Vemos assim que a análise de uma estrutura sujeita a uma aceleração de base e q,¨ s é
equivalente à análise dessa mesma estrutura, sujeita a uma força de inércia Fi(t) igual ao
produto da sua massa pela aceleração do solo. Para um oscilador de vários graus de
liberdade, a equação acima toma uma forma matricial em que o segundo membro é o
produto da matriz de massa por um vector com todos os termos iguais à aceleração do solo
(ver eq. 133).
Se a aceleração do solo puder ter uma representação similar à da equação (18), ou seja
Fi(t)=Ficos(ωt), conclui-se que tudo o que foi dito para resposta em regime forçado (secção
1.2) pode ser extrapolado para resposta dinâmica a acções sísmicas.
Dado que uma acção sísmica pode ser idealizada como a sobreposição de harmónicas,
com diferentes amplitudes para as diferentes frequências, a análise torna-se possível com os
conhecimentos anteriormente apresentados. A solução da equação de movimento pode ser
obtida quer recorrendo a técnicas de resolução numérica da eq.125, quer através de técnicas
de análise modal. O primeiro tipo de análise não será objecto de referência e o segundo foi
descrito nas secções 2.4.4 e 2.4.5. Abordaremos agora, pela sua facilidade de aplicação a
análise por espectros de resposta.
Dinâmica de Estruturas 69
pelo que se constata que o factor de participação modal é uma entidade independente
da acção que solicita a estrutura. Este factor, que apresenta na eq.154 um efeito amplificador
da aceleração do solo, depende essencialmente do conteúdo e coerência dos movimentos
segundo x da iésima configuração modal.
(m ax) (m ax)
q iz = q iGz φ i = P iz S z(p i) φ i (1 5 7 c)
T
P iz = φ i M 1 z (1 5 9 )
(m ax) 2 2 2
qi = ( q (m
ix
ax)
) + ( q (m
iy
ax)
) + ( q (m
iz
ax)
) (1 6 0 )
ou alternativamente
(m ax) (m ax) (m ax) (m ax)
qi = q ix + q iy + q iz (1 6 1 )
O cálculo da resposta modal máxima a partir da soma dos valores absolutos das
componentes nas três direcções ortogonais, não estando de acordo com o previsto como
admissível no R.S.A, é no entanto extremamente semelhante ao ali preconizado. Com efeito,
o R.S.A. permite que o cálculo da resposta máxima possa ser efectuado através duma
Dinâmica de Estruturas 71
combinação quadrática das respostas nas três direcções (eq. 160). De salientar que o facto de
se efectuar uma soma dos valores absolutos das componentes nas três direcções ortogonais,
representa em relação às condições previstas no regulamento, uma análise ligeiramente mais
conservativa. Dado que na maioria dos casos há uma preponderância nítida de uma das
componentes, os dois métodos acabam no entanto por conduzir a resultados similares.
∑ ( q (mi ax))
(m ax) 2
q =
i ( 1 6 2 )
A análise é efectuada modo a modo, após o que se efectua uma combinação das
respostas modais. Depois da determinação das frequências fj (Hz) e modos de vibração vij
torna-se necessário calcular para cada modo de vibração j, a massa efectiva ou generalizada
desse modo Mj e o "factor de contribuição" (não confundir com factor de participação) desse
modo para a resposta ao sismo Pj .
Mj = ∑mv i
2
i ij
(1 6 3 )
Pj = ∑mv
i
i ij
(1 6 4 )
Uma vez calculados estes valores, os deslocamentos qij e as forças modais Fij máximas
(deslocamentos e forças máximas para o grau de liberdade i, para a resposta no modo de
vibração j) podem ser calculados
Pj S aj
q ij = v ij
M j 4 π 2f 2
j ( 1 6 5 )
Pj
F ij = m i v ij S aj
Mj
( 1 6 6 )
Dinâmica de Estruturas 73
A partir dos valores dos deslocamentos e forças ao nível dos diversos graus de
liberdade, é possível determinar os deslocamentos e esforços em qualquer ponto da
estrutura. Designaremos qualquer uma dessas quantidades por rj, seja esforço ou
deslocamento, em que o índice j significa que se trata da resposta no modo de vibração j.
Adoptando a já referida regra de combinação quadrática das respostas modais a resposta
máxima global é então:
r= ∑r
j
2
j
(1 6 7 )
P S
M
De salientar em relação ao quadro de cálculo da fig. 3.1 , que todos os valores qij e Fij
são calculados tendo em atenção os respectivos sinais.
Faça-se uma análise dos resultados em termos das forças obtidas. Para a resposta no
primeiro modo de vibração (j=1) obtiveram-se os seguintes valores
F 1 = 823 K N
F 2 = 803 K N
F 3 = 494 K N
Fh = ∑ F = 2120 KN
i
i
2 2 2
F1 = 823 + (-403) + 73 = 919 K N
2 2 2
F2 = 803 + 368 + (-278) = 926 K N
2 2 2
F3 = 494 + 548 + 354 = 818 K N
2 2 2
Fh = 2120 + 513 + 149 = 2186 K N
De salientar que o valor de Fh não é igual à soma das forças aos vários níveis (∑Fi). Tal
deve-se ao facto de cada um dos valores das forças aos diversos níveis ser o valor máximo
esperado para essas forças, enquanto que o valor máximo da força ao nível do solo, não tem
necessariamente de ser a soma dos máximos, dado que esses máximos podem não ocorrer
simultaneamente.
Tal facto significa que ao fazer uma análise por espectro de resposta, a resposta para
cada modo de vibração tem de ser calculada separadamente, seja ela um deslocamento, um
esforço normal ou um momento flector numa dada barra, e só depois dessa quantidade ser
calculada para todos os modos de vibração é que a combinação pode ser efectuada.
Chame-se também a atenção para o facto de que, por vezes, não se torna necessário
calcular a resposta para todos os modos de vibração. Com efeito, se se tivesse desprezado a
contribuição do terceiro modo, estar-se-ia a cometer um erro por defeito de apenas 0.2% para
o valor da força Fh. Esse erro seria de 3% se se tivesse desprezado a influência dos 2º e 3º
modos. Por aqui se pode ver que os modos que correspondem a frequências mais altas, têm
geralmente uma contribuição menor para o valor global da resposta.
Para tal concluir basta atentar que a contribuição imputável a cada modo para a
resposta final resulta dos seguintes dois efeitos: factor de participação modal e deslocamento
espectral. Os factores de participação associados aos modos inferiores são, regra geral,
bastante maiores que os restantes. Este facto deve-se à maior coerência apresentada pelas
configurações modais mais baixas (com todas as parcelas envolvidas no cálculo do factor de
participação aditivas). Relativamente ao efeito do deslocamento espectral é imediado
concluir que nos espectros preconizados pelo R.S.A. se observa uma atenuação do
deslocamento particularmente significativa a partir de valores na vizinhança de 1 Hz.
Repare-se apenas que no cálculo de grandezas estáticas (forças, etc..) pretende-se não o
deslocamento mas sim a aceleração espectral, grandeza sensivelmente constante a partir dos
1-2 Hz. Nestas situações apenas se faz sentir o efeito do factor de participação modal pelo
que a contribuição dos modos superiores já não é tão desprezável quanto o verificado no
cálculo de grandezas cinemáticas.
Dinâmica de Estruturas 76
Este tipo de considerações não deve contudo ser cegamente generalizado pois casos há
em que certas especificidades próprias de determinadas estruturas se sobrepõem aos efeitos
analizados originando contribuições significativas dos modos superiores. Citam-se a título
de exemplo as estruturas muito flexíveis (pontes, edifícios altos, ..etc) em que, devido às
baixas frequências dos modos fundamentais, os maiores deslocamentos espectrais estão
associados a modos que não os de frequências mais baixas.
De acordo com o R.S.A. teríamos como alternativa calcular a frequência própria pela
fórmula simplificada
12
f=
n
ou ainda pelo método de Rayleigh.
Pela primeira via obter-se-ia 4Hz, a que corresponderia, para terreno tipo II, um
coeficiente sísmico de 0.40. Pela segunda via admita-se que se obteria a frequência correcta
de 2.31 Hz, a que corresponde um coeficiente sísmico de 0.304. A razão para esta
disparidade deverá residir no facto de que o exemplo seleccionado não representa
convenientemente as características de rigidez/massa dos edifícios reais para os quais foi
ajustada a expressão de cálculo aproximada de frequências próprias preconizada no R.S.A..
0.304*3h*200*9.8*(9.8*(100+150+200))
F1 = = 1005 KN
9.8*(100*3h+150*2h+200*h)
0.304*3h*300*9.8*(9.8*(100+150+200))
F2 = = 1005 KN
9.8*(100*3h+150*2h+200*h)
0.304*1h*400*9.8*(9.8*(100+150+200))
F3 = = 670 KN
9.8*(100*3h+150*2h+200*h)
Dinâmica de Estruturas 77
As comparações aqui efectuadas não podem obviamente ser extrapoladas para todas
as situações. Poderá inclusive dar-se o caso de uma análise por meio de espectro de resposta
conduzir em certos pontos da estrutura a valores mais elevados. Esta comparação foi feita,
apenas com a intenção de sensibilizar para o facto de que genericamente é vantajoso
proceder a uma análise mais elaborada, dado que de um modo geral conduzirá a esforços
menos elevados do que aqueles que se obtêm por uma análise simplificada, em que,
obviamente, há um preço a pagar pela incerteza associada com as simplificações efectuadas.
Ainda de salientar que, os valores de F1, F2 e F3 que se apresentaram, não devem ser
utilizados para cálculo de esforços. Eles correspondem apenas aos valores máximos das
forças ao nível de cada piso, os quais não é lógico supor que actuem simultaneamente. Para
determinação dos esforços, devem pois calcular-se os esforços correspondentes a cada modo,
e apenas depois efectuar a combinação final.
Dinâmica de Estruturas 78
De acordo com tal princípio a resposta total r(max), quer em termos de deslocamentos
quer em termos de forças, pode ser obtida por
∑ (r(max)
2
(max)
r = j
)
(1 6 8 )
j
qk = ∑∑
i j
q ki µ ij q kj
( 1 6 9 )
pj
com r=
pi
Para r=1 (pi=pj), µij=1 e para r=0 (frequências não relacionadas), µij=0, situação em
que os resultados obtidos pelo método de CQC coincidem com os obtidos pelo método de
SRSS.
De salientar que os termos cruzados das equações (169) podem tomar valores positivos
ou negativos consoante correspondam a respostas modais com o mesmo sinal ou sinais
opostos.
com
c
q
q = b
q ( 1 7 4 )
s
q = q + q* (175)
s
sendo os deslocamentos pseudo-estáticos (deslocamentos correspondentes à
deformada da estrutura resultante de deslocamentos estáticos impostos a nível dos apoios)
e * os deslocamentos relativos solo-estrutura.
Por outro lado, e dado não existirem forças aplicadas à estrutura mas tão somente
deslocamentos impostos na sua base, o vector de forças c pode também ser decomposto
num sistema de forças aplicado ao nível dos graus de liberdade acima da base ,
Dinâmica de Estruturas 81
necessariamente nulo, e num sistema de forças existente ao nível da base, b, o qual é igual
às reacções totais provocadas nos apoios pela acção sísmica ( ) diminuidas de um sistema
de forças auto-equilibrado que corresponde às reacções provocadas por movimentos
relativos impostos entre os vários apoios.
Q =
c
[] [ Q
Qb
=
R
T s
o
- ( K b ) q - K bb q b
] ( 1 7 6 )
[] [ ] q
qb
=
q + q*
qb
( 1 7 7 )
[ M
(M ) b T
M
M ][ ] [
bb
q
..b
q
+
(
C
C
b T
)
C
C ][ ] [
bb
q
0
+
K
(K ) b T
K
K ][ ] [ ]
bb
q
0
=
0
Q
b
( 1 7 8 )
resulta
..s ..* b .. b . * *
M q + M q + M q + C q + K q = 0 (1 7 9 a)
T. . s b T..* .. b T .* T
( M b) q + (M ) q + M
bb
q + ( C b) q + ( K b) *
q =
T
=
b
R - (K ) qs - K bb q b
(1 7 9 b )
s b b
K q + K q = 0 (1 8 1 )
ou
Dinâmica de Estruturas 82
K qs = - ∑g q
i
i
b
i
(1 8 2 )
Considere-se
-1
bi= K gi (1 8 3 )
Nesse caso
-1
K K qs = - ∑K i
-1 b
gi q i
(1 8 4 )
ou ainda
qs = - ∑b q i
i
b
i
(1 8 5 )
Nestas circunstâncias
s
q =- ∑b q i
i
b
i
(1 8 6 )
.. * .* *
Mq +C q +K q =- ∑ M b ..q
i
b
i i
b .. b
-M q
(1 8 7 )
No caso de não haver massas concentradas ao nível da fundação a eq. 187 reduz-se a
∑
..* .* * .. b
M q + C q + K q = - M bi q i
(1 8 8 )
i
..* . * * .. b
M q + C q + K q = - M 1 q (1 8 9 )
Por outro lado, e feitas as devidas simplificações, a equação 179b pode ser usada para
determinar as reacções ao nível do solo.
Numa análise sísmica por espectro de resposta com movimentos independentes dos
vários apoios, tais deslocamentos podem ser fornecidos como dados. Torna-se pois
necessário proceder separadamente, para cada um dos movimentos de base, a uma análise
estática prévia, para determinar os deslocamentos "pseudo-estáticos" correspondentes.
Depois de definida a acção sísmica na base de cada apoio, sob a forma de espectros de
resposta diferenciados, procede-se a uma análise da resposta dinâmica de acordo com o
exposto nas secções 3.4.2 e 3.4.3.
Para um determinado apoio, a resposta total máxima é obtida pela soma das respostas
devidas aos movimentos correspondentes a cada um dos graus de liberdade de base do
respectivo apoio, segundo uma fórmula igual à da eq. 160 ou 161 e 162
máxima total pode ser obtida fazendo uma combinação quadrática das respostas dinâmicas
devidas aos movimentos de cada um dos apoios.
Seguidamente, procede-se, também com base nos valores obtidos pela análise pseudo-
estática, à determinação dos deslocamentos e esforços estáticos correspondentes a um
deslocamento de base de cada apoio. Considera-se para tanto o valor de pico de
deslocamento do solo para a acção sísmica em questão. Assim para cada um dos
movimentos de base (qbj), calculam-se os esforços e deslocamentos introduzidos na
estrutura, para um deslocamento estático igual ao valor de pico de deslocamento, imposto
no respectivo grau de liberdade de base. Tal como se fez para a componente dinâmica da
resposta global, faz-se uma combinação quadrática das parcelas estáticas das respostas para
cada movimento de base.
Finalmente, pode também optar-se por uma combinação quadrática das parcelas
"dinâmica" e "estática" da resposta. Assim, a resposta total é, no seguimento das equações 18,
e escrita para um valor de resposta generalizado (deslocamento ou força) :
∑ (∑ ∑ ∑
b 2
2
qk = q km µ m n q kn ) j + ( T kj q )
j
j m n j ( 1 9 1 )
BIBLIOGRAFIA
1- DYNAMICS OF STRUCTURES
Ray W. Clough e Joseph Penzien
McGraw-Hill- Internacional Student Edition - 1975
4- DYNAMICS OF STRUCTURES
W. C. Hurty e M. F. Rubinstein
Prentice-Hall, Inc. - 1970
5- DINÂMICA DE ESTRUTURAS
R. Teixeira Duarte
Curso de Mestrado em Engª. de Estruturas - IST - 1983
6- DINÂMICA DE ESTRUTURAS
Artur Ravara
Laboratório Nacional de Engenharia Civil - 1969