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ISSN 1984-9354
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
NO VAREJO: UM ESTUDO EM REDES
DE SUPERMERCADOS
Resumo
A preocupação com o meio ambiente tem gerado muita discussão
atualmente, devido à degradação ambiental que o planeta vem
sofrendo nos últimos anos. Com o aumento das indústrias, aumentaram
também os índices de poluição que agride a naturezaa e prejudica a
qualidade de vida da sociedade. As organizações estão começando a
colaborar para que minimizem os impactos ambientais. O presente
trabalho procurou demonstrar a importância do desenvolvimento
sustentável e a necessidade da inserção do mesmo no setor varejista.
Partindo dessas considerações este estudo teve como objetivo
identificar se o varejo supermercadista adota práticas de
desenvolvimento sustentável em seu processo de comercialização. Para
isso, foi realizada uma pesquisa de campo, envolvendo entrevista
pessoal com os gerentes de seis redes de supermercados do município
de Passos, e uma pesquisa de observação nas lojas, para identificar se
existem práticas de desenvolvimento sustentável no processo de
comercialização. Para avaliação dos dados foi utilizada abordagem
qualitativa. O resultado da pesquisa mostrou que os gerentes
acreditam que as empresas que aderem ao desenvolvimento sustentável
ganham vantagem competitiva, mas são realizadas poucas práticas de
sustentabilidade no processo de comercialização no setor
supermercadista, pois a população ainda não está muito
conscientizada quanto a essa questão, sendo necessário iniciar um
processo de educação ambiental nas escolas, com crianças e
adolescentes, que são o futuro do planeta.
1. INTRODUÇÃO
possibilitou um aumento da população, que passou a ocupar mais espaço no ambiente natural
intensificando a sua destruição.
De acordo com Philippi Jr. e Pelicioni (2005), a descoberta do fogo, a prática da
agricultura, a domesticação dos animais, o transporte pelas águas, a Revolução Industrial e a
era da informática, foram períodos que marcaram a história da civilização, com alterações nos
padrões de consumo e produção, resultando no processo acelerado de urbanização, aumento
dos índices de poluição e modificações ambientais.
Segundo Moura (2004), o homem sempre gerou resíduos sem se preocupar, já que os
recursos naturais eram abundantes. A preocupação passou a existir quando um grave
problema ocorreu em Londres, onde grande parte das indústrias usava carvão para a produção
de energia, que em sua queima sem tratamento, emitia grande quantidade de enxofre e
material particulado na atmosfera, ocasionando o fenômeno denominado smog: uma inversão
térmica que impediu a entrada da luz do sol, causando problemas respiratórios e mais de 100
mortes devido à poluição.
A partir desse episódio, surgiu, na década de 1970, o conceito de “desenvolvimento
sustentável”, que admite o uso de recursos naturais no presente, desde que não comprometa o
uso desses mesmos recursos por gerações futuras (MOURA, 2004).
Segundo Moura (2004), na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento, que aconteceu em 1992 no Rio de Janeiro, a Eco-92, ficou evidenciada
uma mudança generalizada de maior preocupação com o meio ambiente e o desenvolvimento
sustentável. As empresas passaram a se preocupar com a racionalização do uso de energia e
de matérias-primas, empenhando-se na promoção de reciclagem e reutilização de materiais.
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O tema responsabilidade social, de acordo com Smith (1994) citado por Serpa e
Fourneau (2007), há algumas décadas é alvo de inúmeros debates no meio acadêmico e
empresarial. Observa-se uma transformação no próprio conceito: de uma concepção antes
baseada na caridade e no altruísmo, para uma associação entre responsabilidade social e
estratégia empresarial; para as empresas, atuar como organização transformadora da
sociedade passou a ser considerada uma importante fonte de vantagem competitiva.
Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), a sociedade exige das organizações
um posicionamento mais adequado e responsável em relação ao desenvolvimento sustentável,
que vem se destacando na qualidade de vida da população. Nos anos 1980, os gastos com
proteção ambiental começaram a ser vistos como investimento para o futuro e como vantagem
competitiva. A atitude passa de defensiva e reativa, para ativa e criativa.
No início a preocupação era unicamente em controlar a poluição. Não se pensava em
reduzir os elementos adversos, apenas tratá-los antes de lançá-los ao ambiente. Mas segundo
Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009), com a perspectiva de inovação, o foco muda para a
prevenção dos efeitos de produção, eficiência no uso dos recursos, economia de insumos e
minimização de desperdícios, para integrar os interesses ambientais e os econômicos.
A transparência dos negócios, a sustentabilidade, os stakeholders e o crescimento, para
Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009), são características fundamentais para a reputação das
organizações e reconhecimento junto à sociedade. No ambiente dos negócios, a discussão
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ISO 14000 define os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental, a avaliação de desempenho ambiental, a
rotulagem ambiental e a análise de ciclo de vida. Fonte: HARRINGTON, H. James e KNIGHT, Alan. A
Implementação da ISO 14000 – Como atualizar o Sistema de Gestão Ambiental com Eficácia. São Paulo:
Atlas, 2001.
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Uma pesquisa realizada pela Market Analysis Brasil em associação com a empresa
canadense Globescan, por iniciativa do Instituto Akatu e do Instituto Ethos, com 800
consumidores, entre 16 e 69 anos de idade, nas cidades de São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Brasília, que
teve por objetivo conhecer a percepção dos consumidores quanto à RSE, aponta os
seguintes dados:
77% dos entrevistados declaram ter muito interesse em saber como as
empresas tentam ser socialmente responsáveis;
75% da população concorda que “como consumidor, posso interferir na
maneira como uma empresa atua de forma responsável”;
30% buscaram informações sobre a RSE;
12% premiaram empresas comprando seus produtos ou falando bem delas a
outras pessoas, devido às suas ações de RSE;
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A degradação ambiental causada pela produção e pelo consumo dos recursos naturais
se tornou evidente aos olhos do consumidor. A qualidade de vida do ser humano tem sido
afetada pelo grande consumo de produtos industrializados produzidos através de recursos
naturais que têm condicionado um ambiente impróprio para se habitar, diz Giglio (2005).
A relação do ser humano com seu meio ambiente apresenta imediatamente a questão
de como ele constrói as condições de vida, as quais são reflexos das opções
econômicas adotadas. Cabe salientar aqui que a qualidade de vida do homem é uma
consequência direta da qualidade ambiental. Ambas são interdependentes e
relacionam-se diretamente com a questão econômica (SEIFFERT, 2006, p. 17).
Para Brandão (2010), o consumidor quer comprar sempre, hoje e no futuro, e na hora
da compra ele prefere produtos cuja produção terá menor impacto no meio ambiente e feita
por uma companhia que utiliza práticas de responsabilidade social.
O consumidor “verde”, tendo como base a ecoeficiência, torna-se cada vez mais
exigente e desponta com uma nova visão ambiental empresarial. Dentro da racionalidade
ecológica escolhe o produto, observa preço e qualidade ecologicamente corretos e se o
produto não é prejudicial ao meio ambiente em nenhuma etapa de seu ciclo de vida. Pode-se
considerar a verdadeira mola propulsora das tecnologias limpas (BRANDALISE, 2008).
Ao adotar uma postura de interesse nas causas sociais, os consumidores se sentem
atraídos pelas ofertas realizadas pelas empresas. Oliveira e Gouvêa (2010) acreditam que a
efetivação da Responsabilidade Social Empresarial - RSE - no comportamento do consumidor
proporciona vantagem competitiva às empresas.
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Entretanto, uma pesquisa realizada na cidade de São Paulo mostra uma postura
contraditória dos brasileiros com relação a questões ambientais. Para Marinho (2010) o
problema tende a persistir, uma vez que não se abrem mão do conforto e da conveniência para
defender o meio ambiente, como no resultado de que 85% dos habitantes de São Paulo
costumam usar as sacolas plásticas do varejo, consideradas mais práticas que levar sacolas
reutilizáveis. Segundo essa mesma pesquisa, na hora de escovar os dentes ou fazer a barba os
paulistanos são mestres em desperdiçar água. A maioria diz que fica 5 minutos com a torneira
aberta e só muda de hábitos quando sente estar afetando seu próprio bolso.
Em junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro se tornou a capital mundial do meio
ambiente ao longo de 11 dias. Na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, cientistas, ativistas ambientais e chefes de estado buscaram apontar o
caminho e estabelecer compromissos de governos e empresas para as próximas décadas,
conciliando os anseios de uma classe média global emergente e a necessidade de frear o ritmo
com que os 7 bilhões de humanos consomem os recursos do planeta.
Segundo Régis (2012), as expectativas para a Rio+20 foram muitas, mas vieram
seguidas de frustrações com as duas décadas em que houve menos avanços na área ambiental
do que pretendiam os organizadores do evento Eco-92. Cientistas e autoridades no centro das
discussões da Rio+20 alertaram que mudanças muito mais profundas serão necessárias se o
homem pretende, de fato, manter o planeta habitável para gerações futuras.
A tendência é que as grandes redes de supermercados apostem cada vez mais em lojas
“verdes”. Apesar de sua construção exigir um custo maior, o montante de investimento vem
caindo, segundo Vialli (2010). Nessas lojas “verdes” são utilizadas técnicas de construção
ecológica, com sistemas de economia de energia, captação de água da chuva e telhados que
aproveitam a luz natural. Ali são vendidos produtos orgânicos com certificações
socioambientais e são disponibilizados centros de coleta seletiva, criando um valor de
satisfação aos olhos do consumidor ecologicamente responsável.
[...] redes como o Carrefour oferecem produtos que vêm de fazendas onde é possível
rastrear a produção. “Hoje, 12% dos produtos perecíveis podem ser rastreados, o que
significa que a carne, por exemplo, não vem de fazendas onde houve desmatamento
ilegal” (PIANEZ, 2010, citado por VIALLI, 2010).
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O comércio varejista é um setor que trabalha muito próximo aos consumidores, e estes
estão muito presentes no cotidiano dessas empresas, assim a visibilidade de ações que as
valorizam é um importante ingrediente para o sucesso. A rede Pão de Açúcar tem investido
2
LEED – Leadership in Energy and Environmental Design – Liderança em Energia e Design Ambiental, é o
selo verde com maior reconhecimento internacional no setor de construção civil. Fonte: SPITZCOVSKY,
Débora. Certificação LEED: tudo sobre o principal selo de construção sustentável no Brasil. Planeta
Sustentável. São Paulo: 2012. Disponível em:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/certificacao-leed-o-que-e-como-funciona-o-que-
representa-construcao-sustentavel-675353.shtml. Acesso em: 17/05/2012.
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tão maciçamente em sustentabilidade que, de acordo com a pesquisa “As empresas mais
sustentáveis segundo a mídia” realizada pela Revista Imprensa (EMPRESAS..., 2011), a rede
foi a primeira colocada dentre as que mais estiveram presentes no noticiário durante o ano de
2010, de maneira positiva em razão de práticas e ações sustentáveis, seguida pelo Wal-Mart,
primeiro colocado no ano anterior.
Para fortalecer a imagem perante a sociedade as empresas vêm adotando ações
sustentáveis como a redução de desperdícios e perdas, a venda de produtos ambientalmente
corretos e também têm adaptado suas lojas com o intuito de reduzir os impactos ao meio
ambiente.
Segundo Bernardo (2010), um projeto criado pela empresa Fields vem tentando
solucionar o problema das sacolas plásticas, que no Brasil são consumidas num número de 12
bilhões anualmente. Utilizando um sistema de tecnologia reversa, o “Sistema Transvoll”
consiste em substituir as sacolas de supermercado por um carrinho que permite encaixar
diversas caixas dobráveis, confeccionadas de pet reciclado ou outras embalagens de materiais
recicláveis, possibilitando ao cliente levar suas caixas para casa e reutilizá-las em suas
próximas compras.
Um protocolo de intenções que prevê a colaboração mútua no desenvolvimento de
ações conjuntas em campanhas de educação ambiental foi assinado entre a Associação
Paulista de Supermercados - APAS - e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, na abertura
do 24º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados, que teve
como tema a “sustentabilidade em nome do consumidor”. Segundo Duarte (2008), a questão
ambiental necessita de engajamento e de consumidores conscientes, por meio de mutirões
ambientais, divulgação interna e externa, distribuição de materiais e apresentação de
propostas relacionadas aos temas das campanhas de mobilização social, assim será possível o
cumprimento das intenções propostas.
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa é classificada como descritiva, que segundo Vergara (2009, p. 42):
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Quanto aos meios, o estudo foi realizado através de pesquisa de campo, envolvendo
entrevista pessoal com gerentes de supermercados e pesquisa de observação em lojas
supermercadistas, com o intuito de identificar, nas seções dos supermercados analisados, a
presença de produtos sustentáveis e indícios de prática de sustentabilidade ambiental.
Para avaliação da pesquisa de campo e da pesquisa de observação, utilizou-se
abordagem qualitativa, que segundo Minayo (2007), é um método que se aplica ao estudo das
relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, resultado do
entendimento que as pessoas fazem da maneira como vivem, constroem, sentem e pensam.
A pesquisa foi realizada no município de Passos, localizado no sudoeste mineiro nas
margens da rodovia MG 050, de fácil acesso aos grandes centros industriais e estradas rurais
na região. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) Passos
conta com uma população estimada de 106.290 mil habitantes.
Os supermercados foram escolhidos como campo de estudo por sua forte presença no
cotidiano dos consumidores, a principal fonte de dezenas de categorias de produtos. Segundo
listagem fornecida pela Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Passos,
existiam no município em setembro de 2011, 126 estabelecimentos do tipo supermercado ou
mercearia.
A amostra usada na pesquisa foi do tipo não probabilística por tipicidade, que de
acordo com Vergara (2009, p. 47) é “[...] constituída pela seleção de elementos que o
pesquisador considere representativos da população-alvo, o que requer profundo
conhecimento dessa população”. Definiu-se para este estudo, portanto, analisar redes de
supermercados, aqui classificadas como empresas supermercadistas que possuem duas ou
mais lojas, sejam todas elas localizadas em Passos ou pertencentes a uma rede maior com
atuação na região ou no Estado. Na listagem de 126 estabelecimentos fornecida pela
Secretaria de Indústria e Comércio, identificaram-se seis empresas dentro desse critério, que
nesse estudo são denominadas como Rede A, Rede B, Rede C, Rede D, Rede E e Rede F.
Quanto aos sujeitos estudados, a pesquisa teve como público-alvo gerentes das redes
de supermercados selecionadas. Havendo mais de um gerente por rede, a abordagem foi ao
gerente geral da empresa ou ao gerente da loja mais antiga de cada rede, consistindo, portanto,
em seis gerentes pesquisados, denominados como GA, GB, GC, GD, GE e GF.
A entrevista com os gerentes foi do tipo individual, mediante um roteiro de entrevista
embasado em informações já descritas no referencial teórico, em estrutura semiaberta, ou seja,
que apresenta perguntas ou tópicos ordenados, mas que permite também inclusões, exclusões,
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Para a GB, há uma tendência que as empresas se adaptem para colaborar com o meio
ambiente, pois a sustentabilidade é um grande diferencial para a sua imagem, que é muito
valorizada pelos clientes, e suas ações colaboram com o aumento das vendas, ganhando
vantagem competitiva.
A rede de supermercado C possui em suas diretrizes de negócio ações pontuais,
projetos de conscientização juntamente com a Polícia Ambiental. No ano de 2010, com o
apoio da Coca-Cola, a empresa realizou palestras em escolas, com foco na reciclagem, com o
objetivo de conscientizar as crianças e os jovens quanto à importância da preservação. Essas
ações realizadas pela empresa têm pouca divulgação nos pontos de venda, pois acreditam que
sustentabilidade é uma questão de educação.
A empresa C procura adquirir equipamentos que vão agredir menos o meio ambiente e
que estejam vinculados a retorno econômico. Na cobertura das lojas, por exemplo, foram
utilizadas telhas fabricadas dentro de padrões ambientalmente corretos, o que é uma
tendência.
As lojas da rede C possuem somente lixeiras para coleta de pilhas e baterias, como
também pôde ser notado na pesquisa de observação, e as mesmas não são utilizadas
corretamente, sendo que os clientes costumam jogar lixos diversos dentro delas. Segundo o
gerente da rede de supermercado C:
As lojas não possuem lixeiras para coleta seletiva porque é uma questão cultural e a
sociedade ainda não possui consciência de separar corretamente o lixo, o poder
público, responsável pela coleta do lixo, não o recolhe separadamente e as entidades
que fazem esse tipo de coleta estão pouco estruturadas (GC).
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procedência e optam por comprar estes tipos de produtos, que são mais saudáveis. Os
produtos comuns são mais vendidos, pois os orgânicos são mais caros.
A rede de supermercado D divulga sua preocupação com a sustentabilidade na mídia,
incentiva os clientes a comprar sacolas retornáveis e oferece caixas de papelão para
transportar as compras. No começo da campanha a venda de sacolas retornáveis foi grande,
mas não houve a reutilização das mesmas. As caixas de papelão também não têm muita
aceitação, os clientes preferem mesmo as sacolas plásticas. A empresa fez uma campanha de
dois dias sem sacolas plásticas, os clientes reclamaram, mas tiveram que utilizar as caixas de
papelão e até mesmo as sacolas retornáveis.
Na construção física da loja C não foi utilizado nenhum recurso ecológico, o que já
tem acontecido nas grandes redes de supermercados, como mostra o referencial teórico. O
supermercado possui somente lixeiras comuns, como foi observado no setor de hortifruti,
degustação e na entrada da loja, que não são utilizadas corretamente pelos clientes.
O supermercado D já chegou a colocar um setor somente de produtos orgânicos, mas
não teve muita aceitação, fazendo com que os produtos perdessem a validade. Hoje existem
poucos produtos orgânicos disponíveis na loja, que se encontram no setor de hortifruti e em
alguns outros setores, como também pode ser observado na tabela 2.
A loja D vende produtos de marca própria com selo verde, mas segundo o gerente
poucos consumidores analisam a procedência dos produtos. Conforme a revisão bibliográfica,
algumas empresas colocam os selos verdes em seus produtos que os certificam como
produzidos dentro de padrões sustentáveis e esses produtos nem sempre têm preço superior
aos convencionais. Mas para o GD eles são mais caros e por isso são menos vendidos. Na
opinião do GD, os clientes valorizam muito a imagem de uma empresa, sendo assim, os
supermercados que colaboram com o meio ambiente ganham vantagem competitiva.
A rede de supermercado E informa sua preocupação com a sustentabilidade em
folhetos e orienta a sociedade quanto ao uso das sacolas retornáveis, que segundo o GE, são
vendidas ou doadas, dependendo do valor da compra. Também são fornecidas caixas de
papelão, mas na opinião do GE o resultado não é positivo, pois os consumidores preferem as
sacolas plásticas para usar em casa como sacos de lixo. Ao realizar a pesquisa de observação
não foram identificados folhetos para divulgação e nem sacolas ecológicas.
Na construção da loja D não foi utilizado nenhum recurso ecológico e o supermercado
não possui lixeiras para coleta seletiva, nem lixeiras convencionais e coletores de pilhas e
baterias, o que também pode ser analisado na Tabela 1.
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Entre os produtos vendidos na loja, de acordo com o GE, há alguns que agridem
menos o meio ambiente, como a Coca-cola de 600 ml, cujo petróleo usado na fabricação do
plástico da embalagem é substituído por etanol. Segundo ele também há produtos orgânicos
no setor de hortifruti, o que não foi identificado na Tabela 2, mas os produtos sustentáveis não
são procurados, porque são mais caros e os clientes se preocupam somente com o preço.
A rede de supermercado F, segundo o gerente, vende sem margens de lucro sacolas
retornáveis, é realizada uma divulgação interna, mas poucos clientes aderem à ideia, e como
mostra a Tabela 1, não estavam expostas na loja as sacolas retornáveis. O supermercado
possui filtros na chaminé da padaria, para que a fumaça agrida menos o meio ambiente.
No mix de itens vendidos há produtos com embalagens recicláveis como refrigerantes,
produtos à base de reciclagem que se encontram no setor de papelaria e produtos orgânicos no
setor de hortifruti e na seção de produtos naturais, como sementes, soja, linhaça e gérmen de
trigo. Os produtos orgânicos são muito procurados por consumidores que se preocupam com a
saúde, eles costumam analisar também a procedência dos mesmos, segundo o gerente.
Produtos comuns por terem um preço mais acessível são mais vendidos.
O GF acredita que por se tratar de um supermercado de bairro afastado, a empresa
aderir ou não ao desenvolvimento sustentável não influencia na hora da compra. Verifica-se
que há procura por produtos orgânicos na rede de supermercado F.
A presente pesquisa mostra que nenhuma das seis redes de supermercados possui
seções específicas para produtos ecológicos e que em todas elas os produtos sustentáveis têm
preço superior aos convencionais.
Apenas as redes B e D possuem sinalização visual sobre sustentabilidade, apesar de
todos os gerentes acreditarem que uma empresa que divulga suas ações sustentáveis possui
vantagem competitiva sobre as outras. Não foram identificadas em nenhuma das redes lixeiras
para coleta seletiva, embora nas redes A, B e C tenham sido identificados coletores de pilhas e
baterias conforme mostra a tabela 1.
Na construção física das lojas das seis Redes de Supermercados pesquisadas no
município de Passos não foi utilizado nenhum recurso ecológico, a maioria delas possui
construção antiga, algumas fizeram pequenas adaptações para agredir menos o meio ambiente
e outras possuem planejamento.
Foi observado que existem produtos ecológicos nas seções de alimentos, bebidas,
higiene pessoal e produtos de limpeza em todas as seis Redes de Supermercados, pois a
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maioria dos fornecedores já está adaptando seus produtos devido ao grande apelo existente em
relação à preservação do meio ambiente.
Em pesquisa realizada por Figueiredo e Silva (2007), sobre a influência do marketing
social em uma rede de supermercado no município de Passos, foi constatado que o
desenvolvimento socioambiental era um assunto pouco difundido perante a população e que a
maioria das pessoas detinha pouco ou nenhum conhecimento sobre o assunto. Percebe-se que
quase não houve mudanças, apesar de grandes conferências como a Rio+20, que mobiliza o
mundo todo para uma conscientização ambiental.
Alguns dos gerentes entrevistados mencionaram que para se alcançar resultados
positivos com práticas sustentáveis dentro da loja, é necessário iniciar uma boa educação
ambiental nas escolas que é a formação de base para os cidadãos, incorporando dimensões
sociais, políticas, econômicas, culturais, ecológicas e éticas, para ampliar a noção de dever
quanto ao futuro do planeta, assim as redes de supermercados poderão cada vez mais
aumentar a comercialização de produtos ecologicamente corretos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O agravamento dos impactos sobre a natureza vem trazendo nas últimas décadas
discussões acerca de um desenvolvimento sustentável, que minimize os desastres ambientais e
ao mesmo tempo torne as empresas mais competitivas no mercado, por meio do compromisso
da empresa com o meio ambiente e com a sociedade.
As empresas que desejam ter uma boa imagem diante dos consumidores devem
promover ações em prol do meio ambiente, comprando de fornecedores comprometidos,
oferecendo produtos ambientalmente corretos e incentivando os clientes a terem atitudes
conscientemente sustentáveis. Essas ações passam a fazer parte do planejamento, garantindo
maior retorno financeiro.
Apesar de muitas evidências, ainda é pequeno o número de pessoas que adotam
atitudes conscientes, mesmo já existindo muita divulgação quanto à sustentabilidade. A
conscientização ambiental deve começar nas escolas, com a realização de trabalhos
pedagógicos para formar cidadãos que serão os responsáveis pelo futuro do planeta.
Diante desse cenário, o presente trabalho procurou abordar a percepção dos gerentes
de seis Redes de Supermercados do município de Passos (MG) quanto ao desenvolvimento
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REFERÊNCIAS
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