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Isabela Pessanha Cardoso Paulagama

FRIZZO, Fábio. Uma história do pensamento histórico do século XIX. Curitiba:


InterSaberes, 2019.

Frizzo descreve nossas memórias coletivas como o que nos define. Ao ter acesso à
nossas memórias passamos a saber quem somos, de onde viemos e como vamos agir
socialmente. (p. 30)

Estas memórias, comumente herança de antepassados, são apresentadas de geração para


geração oralmente, já que a escrita nem sempre foi o método mais acessível para certas
sociedades. (p. 31)

As tradições orais, acrescenta o autor, eram elaboradas para transmitir o que era
essencial e valioso para dada sociedade. Poderiam ter forma de poesia, contos ou
fábulas, sempre com o principal objetivo de instruir e manter viva a memória coletiva
de uma sociedade. (p. 31)

Segundo o autor, esta transmissão de memórias históricas e sociais era frequentemente


usada, de forma genealógica, para justificar centralizações de poder. Frizzo utiliza
relatos historiográficos de monarcas como sendo os primeiros já registrados, nos quais
eram abordados a detenção de poder e o nepotismo. (p. 32)

Frizzo conceitua visão de mundo como a racionalização de uma linha do tempo


unilinear, que interliga e categoriza passado, presente e futuro. (p. 34)

O autor ressalta que, em um mundo com tantos ideais distintos, múltiplas visões de
mundo estão em constante luta por dominância. Essa luta pela hegemonia resultaria em
uma única visão do mundo ditando uma versão fragmentada, incompleta da realidade.
(p. 34)

Frizzo afirma que a história como modalidade é de origem europeia e, por isso, há
influência eurocêntrica na historiografia mundial até os dias atuais. Com essa
centralização da visão de mundo eurocentrista, continentes como a África são
constantemente apagados em sua história e importância. (p. 35)

Acrescenta-se que a historiografia brasileira tem uma posição diferente e crítica em


relação ao eurocentrismo, acreditando na desmistificação do exacerbado papel
designado ao continente Europeu em relação a História, assim estabelecendo uma visão
de mundo justa e global. (p. 36)

A partir do século XIX, se tornou cargo dos historiadores e historiadoras a coleta,


categorização e construção de relatos do passado. Esta construção de memória social
por parte dos historiadores foi legitimizada pelo uso de fontes primárias, documentos da
época estudada que davam um rumo para essa solidificação da memória coletiva. (p. 36-
37)

Frizzo afirma que o uso de fontes primárias é essencial para o estudo histórico. Essas
fontes primárias seriam como peças de um quebra-cabeça, soltas e sem sistematização,
fragmentos de uma sociedade. (p. 38)

O que auxiliaria os historiadores e historiadoras no processo de encaixar estas peças


corretamente, de forma linear, seria a teoria. A teoria é a forma de supor, de construir
possibilidades para o que dada sociedade pode ter vivido, e o principal caminho para
orientar os historiadores nessa jornada de contextualizar as peças que têm em mãos por
meio de conhecimentos passados, de outras sociedades já estudadas. (p. 38-39)

O método, conceituado no texto como a série de decisões tomadas por um historiador


para atingir o objetivo do conhecimento adequado, é a forma que essa pesquisa seria
realizada, o jeito mais eficiente de construir essas memórias. (p. 40-41)

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