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HISTÓRIA

3º Ano – Ensino Médio

História

Capítulo I Historia Contemporânea: Conflitos Mundiais


Capítulo II Republica Brasileira: Do Populismo à Ditadura
Capítulo III Brasil: Abertura política e o sistema político

Obs.: A cada termino de capítulo, resolver os exercícios propostos no caderno de


atividades
HISTÓRIA

CAPÍTULO I – HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA: CONFLITOS MUNDIAIS

A primeira Guerra Mundial (1914-1918)


No final do século XIX, o mundo se sujeitava à supremacia econômica capitalista de algumas potências
européias, sobretudo a Inglaterra. Surgiam, entretanto, indícios do deslocamento desse centro dinâmico, pois
alemães e norte-americanos sobrepunham-se aos ingleses na produção de ferro e aço. Nos Estados Unidos as
indústrias química, elétrica e automobilística se desenvolviam consideravelmente, e na Alemanha a indústria bélica
prosperava com o programa naval de 1900, que visava conquistar um Império Colonial.
Também devemos lembrar que quando a França foi derrotada em 1870, na batalha de Sedan, perdendo para
a Alemanha as ricas províncias da Alsácia- Lorena reiniciou-se o despertar de um forte espírito nacionalista, de
revanche, que abriu a possibilidade de uma nova guerra européia.
Ao mesmo tempo, a rivalidade inglesa com relação à Alemanha, corporificou-se gradativamente e teve suas
raízes no crescimento industrial alemão, que colocava em risco a tradicional supremacia capitalista inglesa, e nas
pressões alemãs de redivisão colonial. Grande parte dos orçamentos europeus destinava-se à corrida armamentista,
o que transformou o Velho Continente num verdadeiro campo militar, tronando esse período conhecido como Paz
Armada.

A formação de alianças
Em 1882, o Segundo Reich firmou a Tríplice Aliança, unindo-se ao Império Austro-Húngaro e à Itália, esta
em atrito com a França devido à anexação da Tunísia, na África.
Em 1907, a Rússia se aliou à França e à Inglaterra, formando a Tríplice Entente. Passavam, assim, a existir
na Europa dois blocos antagônicos, a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, que coesos e fortes, fomentaram a
tensão que levou os países europeus aos preparativos armamentistas.

A Questão Balcânica
A Questão Balcânica colocou em campos opostos os países da Tríplice Entente e da Tríplice Aliança. A
disputa pelos Balcãs – região entre os mares Negro e Adriático – iniciou-se no final do século XIX, com o
desmembramento do Império Turco-Otomano, eu se encontrava em rápida desagregação. A intervenção
imperialista internacional na região e as lutas nacionalistas dos diversos povos que faziam parte do Império
originou algumas crises locais e internacionais.
A Rússia defendia o pan-eslavismo, pretendendo libertar e unificar os eslavos balcânicos, livrando-os do
Império Turco.
A Sérvia, hoje parte da luguslávia, encabeçou o movimento pan-eslavista balcânico, buscando a
independência desses países do domínio turco e idealizando a construção da grande Sérvia.
A região estava bastante tensa, quando, em 1914, o herdeiro do trono austro-húngaro, viajou a Sarajevo,
capital da Bósnia, tentando amenizar os ânimos. Mas através de um atentado, ele e sua esposa foram mortos, sendo
esse fato o estopim da guerra.

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O Desenrolar da Guerra
A primeira Guerra Mundial apresentou duas grandes fases: em 1914, houve a guerra de movimento e de
1915 em diante a guerra de trincheiras. A primeira fase estava relacionada à estratégia alemã que previa a guerra
em duas frentes, concentrando todo o esforço bélico primeiramente no Ocidente e depois no Oriente, sem dividir-
se. Começara com uma rápida ofensiva esmagadora contra a França, derrotando-a em seguida, o grosso das
operações militares seria realizado na frente oriental, contra a Rússia, acreditando-se em uma vitoria em poucos
meses.
Outras potências entraram no conflito, posicionando-se ao lado da Entente: Japão, Itália, Romênia e
Grécia. Ao lado dos impérios centrais colocaram-se a Turquia e a Bulgária. As contínuas derrotas russas aceleraram
a queda da autocracia Czarista, culminando com a Revolução de 1917, que implantou o regime socialista e retirou a
Rússia da guerra.
A entrada dos estados unidos na guerra ao lado dos países da Entente foi fundamental, pois com seu imenso
potencial industrial e humano reforçou o bloco dos aliados. A abundante oferta de novas armas – tanques, navios e
aviões de guerra – levou os alemães a sucessivas derrotas.
Assim graças à superioridade econômica e militar dos aliados, as potencias centrais foram sendo derrotadas
e, em novembro de 1918, o próprio Kaiser renunciava, refugiando-se na Holanda. O novo governo social –
democrata da Alemanha assinou o Armistício de Compiegne, finalizando a Primeira Guerra Mundial.
Terminada as operações militares, os vitoriosos reuniram-se em Janeiro de 1919, no Palácio de Versalhes,
para decisões do pós-guerra. A Paz de Versalhes foi presidida pelo presidente Wilson, dos Estados Unidos, Lloyd
George, da Inglaterra e Clemenceau. Da França. Os tratados de paz impostos aos derrotados, especialmente o de
Versalhes, semearam o espírito de revanche de descontentamento que iria desembocar, vinte anos mais tarde, na
Segunda Guerra Mundial.

O Período entre Guerras


Apesar de vitoriosos na Primeira Guerra Mundial, as democracias liberais não puderam evitar a crise
generalizada diante da desorganização econômica européia, das ameaças dos comunistas, motivados pela
Revolução russa de 19127 e da insatisfação de alguns países com os acordos de paz.
A Alemanha e a Itália viviam uma situação de desemprego e inflação galopante, greves, total
distanciamento entre o povo e os representantes parlamentares. Diante disso, cresceu uma forte oposição aos
governos liberais vigentes. As parcelas descontentes da população fundaram partidos nacionalistas. Com o objetivo
de eliminar as fontes de conturbação social e proporcionar o pleno desenvolvimento capitalista.
Cresceram também nesse período as pregações em favor do restabelecimento de um Executivo forte, a
quem a população deveria se subordinar totalmente para alcançar a ordem e a prosperidade geral. Essa postura
totalitária pretendia eliminar tanto as tendências individuais das doutrinas liberais como o coletivismo pregado
pelos marxistas.

A Crise do Capitalismo
No período entre guerras, as grandes potências procuraram reestruturar suas economias. Nesse sentido
adotaram tarifas protecionistas e cada nação buscou diversificar sua produção interna, tentando se autoabastacer

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nos setores agrícola e industrial. O volume de comercio internacional sofreu uma brusca queda, colocando em
evidencia a fragilidade do sistema capitalista ainda marcadamente baseado na livre concorrência.
Ao contrario do que ocorria na Europa, esta foi uma época de ouro para os Estados Unidos, principalmente
a década de 20. Os norte-americanos saíram lucrando com a primeira Guerra, pois durante esse conflito tornaram-
se os maiores fornecedores de armas e alimentos para praticamente todo o continente europeu. Embora
participassem da guerra, seu território não serviu de palco de luta. Portanto, quando o conflito chegou ao fim, a
América do Norte se apresentava com uma celerada produção industrial, os cofres abarrotados de dinheiro obtidos
com as exportações e a invejável situação credora da maioria das grandes nações.
Contudo, a fase de recessão mundial que ocorreu imediatamente após o fim do conflito foi pouco a pouco
minando a economia norte-americana. Essa crise foi se agravando, atingido seu ponto critico em 1929, com a
quebra da Bolsa de nova York.
Diante desse quadro social e econômico, dois regimes fortes e totalitários vão surgir na Alemanha e na
Itália – o Nazismo e o Fascismo, mas também em outros países as idéias fascistas vão chegar até o poder, como em
Portugal, Espanha, Áustria, Bulgária, Polônia e Hungria, entre outros. Na Ásia, o militarismo japonês foi
considerado por alguns historiadores como uma variante do fascismo.

Características do Nazifascismo
Em todas as regiões as características principais do nazifascismo foram quase as mesmas:
Totalitarismo: Os interesses do indivíduo estão totalmente subordinados ao do Estado. “Nada deve haver
acima do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. (Mussolini).
Nacionalismo: A nação representa a forma suprema de desenvolvimento e organização das sociedades. Os
interesses entre nações encontram-se em conflitos permanentes. “Tudo, absolutamente tudo, deve contribuir para
reforçar as bases raciais que asseguram o desenvolvimento da nação”. (Hitler)
Militarismo: A expansão é uma necessidade inerente à vida das nações e seu instrumento é a guerra, que
fortalece os indivíduos e regenera o povo. “Mesmo neste momento, tenho a sublime esperança de que um dia
chegará a hora em que essas tropas desordenadas se transformarão em batalhões e os regimentos em divisões...”
(Hitler).
Expansionismo: Para os alemães, a agressão aos outros países era justificada pela teoria do “espaço vital”,
necessário ao desenvolvimento do povo alemão, e orientada em direção à União Soviética.
Anticomunismo: A aniquilação física dos comunistas internamente e a destruição da União Soviética eram
consideradas fundamentais para o desenvolvimento nazi-fascista. “Defender os produtores significa combater os
parasitas. Os parasitas do sangue, em primeiro lugar os socialistas, e os parasitas do trabalho, que podem ser
burgueses ou socialistas...” (Mussolini).
Racismo: Diretriz desenvolvida na Alemanha apregoava que a raça ariana, representada pelos alemães,
estava destinada a dominar as raças inferiores (judeus, negros, eslavos, etc). “Aqueles que governavam devem
saber que tem o direito de governar porque perteceram a uma raça superior” (Hitler).
Poucos dias antes da rendição final, Mussolini e Hitler morreram em circunstancias dramáticas. Mussolini
foi preso com sua mulher, sendo ambos fuzilados e pendurados numa praça de Milão. Hitler suicidou-se com um
tiro de pistola e sua esposa, Eva Braun, se envenenou.
No Oriente, a luta ainda demorou mais de dois meses. Os Estados Unidos cercaram o Japão e ocuparam
algumas cidades, tendo por fim lançado duas bombas atômicas em Hiroxima e Nagasáqui, pondo fim a luta.
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Balanço da Guerra
Essa guerra teve um saldo de 45 milhões de mortes, 35 milhões de feridos e 3 milhões de desaparecidos. A
União Soviética teve 20 milhões de mortos, a Polônia 6 milhões, a Alemanha 5,5 milhões, o Japão 1,5 milhões e 5
milhões de judeus morreram, grande parte nos campos de concentração nazistas.

ATENÇÃO: Agora coloque em prática os seus conhecimentos. Siga para seu caderno de
atividades e responda os exercícios referente ao Capítulo I – História Contemporânea: Conflitos Mundiais.

CAPITULO II – REPÚBLICA BRASILEIRA: DO POPULISMO À


DITADURA

A Revolução de 1930 e a fase de Getulio Vargas (1930-1945)


A revolução de 1930, foi o acontecimento que pôs fim a primeira fase da republicana, também chamada de
república Velha.
A República Velha foi dominada pelas grandes oligarquias, especialmente de São Paulo e Minas Gerias o
que fez surgir um movimento contestatório, chamado Tenentista, que vai culminar com a Revolução de 30.
Nas eleições de 1930, o presidente Washington Luis indicou Julio Prestes para sucede-lo, contrariando
Minas Gerias que já tinha indicado Antonio Carlos ribeiro de Andrada. Esse fato leva ao fim a união entre São
Paulo e Minas Gerais. Por outro lado, a oposição patrocinada pelo Rio Grande do Sul, Minas Gerias e Paraíba,
lança a candidatura de Getulio Vargas para Presidente.
A campanha foi violenta e através do voto aberto, Julio Prestes ganhou as eleições, fato esse, não aceito
pela oposição que iniciou a Revolução em 3 de outubro de 1930.
Essa foi rápida espalhando-se por quase todo o país e no dia 24 de outubro, o então Presidente Washington
Luis foi deposto. Alguns dias depois, Getulio Vargas chega ao Rio de Janeiro sendo empossado Presidente
provisório do país.
Em nova fase da política vai ser chamada de Populismo, ou seja, uma política de impacto sobre o povo, que
passava a apoiar os governantes.

Governo de Getulio Vargas (1930-1945)


Getulio Vargas governa durante quinze anos seguidos e para melhor entendermos, vamos dividir essa fase
em três momentos:

Governo Provisório (1930-1934)


Getúlio assume prometendo eleições e uma nova Constituição, porem não cumpre de imediato, fazendo
com que surja um movimento revolucionário em São Paulo – Revolução Constitucionalista – em 1932. Porem o
movimento não teve o paio de outros estados como São Paulo esperava, sendo sufocado pelo Governo Federal.
A repressão de Vargas aos lideres paulistas, findando o movimento de 1932, surpreendeu por sua brandura,
limitando-se a algumas prisões, deportações e cassação de mandatos, sendo que em Julho de 1934 foi aprovada

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uma anistia geral. Na verdade, Vargas buscava uma composição com os paulistas derrotados, pois era impossível
ignorar a elite paulista.
Em 1933 foram realizadas eleições para a Assembléia Constituinte, que iria promulgar a nova Constituição.
Essa Constituição trazia entre outras as seguintes medidas:
 Manutenção dos princípios básicos da Carta anterior, mantendo o sistema federativo;
 Separação dos poderes, com independência do executivo, legislativo e judiciário, além, de eleições
diretas para os membros dos dois primeiros;
 Criação do tribunal do Trabalho e Legislação trabalhista, incluindo o direito à liberdade de
organização sindical;
 Possibilidade de nacionalização das empresas estrangeiras e do monopólio estatal sobre
determinadas indústrias.
Foi ainda alterado o sistema de voto, permitindo que a mulher pudesse votar, além de diminuir a idade
mínima para 18 anos e tornar o voto secreto.
No dia seguinte à promulgação da nova Carta, Getúlio Vargas foi eleito presidente nacional do Brasil pelo
voto indireto.

As Medidas Trabalhistas do Governo Vargas


O governo de Getúlio Vargas, especialmente com a elaboração da Constituição de 1934, trouxe vários
benefícios aos trabalhadores, que até então não tinham seus direitos regulamentados e consequentemente
respeitados. Entre eles podemos destacar:
 Jornada de oito horas de trabalho;
 Repouso semanal obrigatório;
 Férias remuneradas;
 Indenização por dispensa sem justa causa;
 Salário mínimo;
 Regulamentação do trabalho da mulher e do menor.
Foi ainda criado a Justiça do trabalho, talvez antevendo que esses direitos não seriam respeitados em
grande parte e, portanto, indicando onde o trabalhador poderia reclamar.
Esse conjunto de medidas e outras mais vão permitir que mais tarde fosse promulgada a CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho), que passa a reger as relações entre trabalhadores e patrões.

Governo Constitucional (1934-1937)


No início dessa nova fase política, Vargas demonstrava a intenção de fazer o país voltar à normalidade,
com a entrada em vigor da Constituição e uma clara definição do poder executivo. O presidente eleito
indiretamente pelo Congresso Nacional para um mandato de quatro anos, sem direito a reeleição, continuava a se
aproveitar da crise de hegemonia existente no país.
Refletindo a situação internacional vão surgir grupos políticos fortes e radicais de oposição ao seu governo.
E, 1932, nasce a Ação Integralista Brasileira, dando início ao fascismo no Brasil. Seus membros
repudiavam a democracia liberal, propondo em seu lugar um governo autoritário, chefiando por um líder
“inspirado” monazifascismo. Rejeitavam também deforma veemente o comunismo.
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O integralismo tinha um forte apelo nacionalista e seu principal líder, o intelectual Plínio Salgado, criou o
“verde - amarelismo”, movimento cultural de cunho nacionalista.
A rejeição ao fascismo, as desconfianças em relação ao futuro da democracia liberal sob Vargas e a intensa
mobilização popular característica do Brasil da década de 30 levaram à criação de um movimento político de
formas radicalmente opostas ao integralismo. Tratava-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma frente
ampla de oposição ao fascismo e ao autoritarismo.
Da ANL participavam indivíduos de todas as categorias sociais convicções políticas e filosóficas, tendo
Luis Carlos Prestes e os comunistas à frente. Foi criada em março de 1935 e até Julho do mesmo ao conseguiu
atrair cerca de 400mil membros, encaminhando-se rapidamente para um movimento política de massas como
jamais visto na historia do país.
Foi uma fase de grande agitação política, ocorrendo inclusive a Intentona Comunista, movimento que em
1935, faz Getúlio mandar prender os deputados do partido comunista, colocando o mesmo na ilegalidade e
aproveitar da situação para dar um golpe, instalando uma ditadura no país, sob o pretexto de uma ameaça de
tomada do poder pelos Comunistas “Plano Cohen”, Vargas deu Golpe do Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945)


A 10 de Novembro de 1937, Getúlio Vargas ordenou o fechamento do Congresso, extinção dos partidos
políticos, suspensão da campanha presidencial e da Constituição de 1934. Estava instalada a ditadura no país.
Foi outorgada de imediato uma nova Carta Constitucional, inspirada em princípios fascistas da Itália e da
Polônia, sendo por isso, apelidada de Poloca. Eis alguns de seus princípios:
 Centralização política, com o fortalecimento do poder do presidente;
 Extinção do Legislativo, cujas funções passariam a ser exercidas pelo executivo;
 Indicação de “interventores” (governadores) dos estados pelo Presidente.
O Estado foi muito fortalecido, sendo criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que tinha
como objetivos fazer propaganda dos atos do governo e de impor rígida censura à imprensa.
No setor econômico, também houve uma planificação total nos moldes soviéticos.
Essa fase corresponde também ao período da Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil lutou ao lado dos
Aliados combatendo os governos totalitários. O final da guerra e a vitoria dos aliados apressou a saída de Vargas do
poder.
Temendo uma guinada à esquerda por parte de Vargas, o exército, em Outubro de 1945, através de seus
comandantes Góis Monteiro e Dutra, acabou por desencadear um golpe, derrubando o Presidente e garantindo a
realização de eleições sem a participação de Vargas. Estava encerrado o período do Estado Novo.

Fase da redemocratização no país (1946-1964)


Com a deposição de Getúlio Vargas e a realização de eleições, o país volta a uma normalidade
democrática, que mesmo enfrentando problemas, conseguiu manter as regras determinadas pela Constituição de
1946, que só seria outra vez violentada pelo golpe militar de 1964.
Vamos resumir rapidamente os presidentes desse período e algumas das suas realizações.

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Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)


Essas eleições marcaram o fim do Estado Novo Brasil, colocando um dos elementos responsáveis pela
deposição de Vargas no poder.
O governo de Dutra foi relativamente tranquilo no aspecto político com a promulgação inclusive de uma
nova Constituição em 1946, que traria volta aquilo que havia sido tirado quando do Estado Novo.
Houve ainda em seu governo maior aproximação com os Estados Unidos e o liberalismo econômico,
passando o país a receber um grande volume de importação norte-americanas.
Foi elaborado o Plano Salte, cujo objetivo era de melhorar alguns setores da vida nacional como saúde,
alimentação, transporte e energia. O plano resultou em fracasso por falta de apoio e de recursos financeiros.

Getulio Vargas (1951 – 1954)


A posse em 1951, agora através de eleições diretas, significou a ascensão de um Presidente comprometido
com o nacionalismo.
Seu governo sofreu desde o inicio forte oposição, tanto de militares como de políticos, como Carlos
Lacerda.
Em 1953, uma onda de greves alarmou as forças conservadoras e, quando o ministro João Goulart passou a
defender um reajuste de 100% para o salário mínimo, os militares exigiram sua demissão.
Ainda em 1953, após ampla campanha popular em defesa do petróleo, foi criada a Petrobrás, empresa
estatal que passaria a ter o monopólio de prospecção e refino do petróleo no Brasil.
Muitos incidentes ocorreram como o atentado contra Carlos Lacerda, até que pressionado, vendo
desaparecer todo o apoio político de que dispunha e a iminência de um golpe, Getulio Vargas suicidou-se com um
tiro no coração nas primeiras horas da manha de 24 de Agosto de 1954.

Café Filho (1954 – 1955)


Café Filho, vice de Getúlio, assume com a sua morte, sendo seu governo marcado por uma retomada dos
principais econômicos que haviam sido abandonadas por Vargas.
A situação ficou ainda mais tensa quando Café Filho afastou-se por doença, assumindo Carlos Luz,
presidente da Câmera e um dos envolvidos no possível golpe. O Ministro da guerra, Teixeira Lott, afasta Carlos
Luz do poder, assumindo o Presidente do Senado, Nereu Ramos, que passou o governo ao novo eleito, conseguindo
dessa maneira manterá normalidade democrática.
Durante seu governo tivemos eleições, onde Juscelino foi o vitorioso e também uma tentativa de golpe para
impedir sua posse.
Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956 – 1961)
Seu governo costuma ser lembrado como aquele que aliou tranquilamente política e desenvolvimento
econômico. De fato, se comparado a outras épocas, os anos JK, como ficou conhecido o período de governo de
Juscelino, apresentou essas características.
Houve uma intensa participação do estado na economia, trabalhando em intimo contato com o capital
estrangeiro. A coordenação global de desenvolvimento era feita a partir do Plano de Metas, que definia os
principais objetivos a serem atingidos, agrupados em cinco setores: energia, transporte, indústria, educação e

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alimentação. Ainda nesse contexto, existia uma meta símbolo, que não foi propriamente incluída no plano, mas
concentrou recursos e energia do governo: a construção de Brasília.
Nesse período, a indústria teve grande desenvolvimento, sendo introduzida a indústria automobilística.
Houve também um crescimento da inflação e da divida externa que passou de 2 bilhões de dólares em fins
de 1955, para 2,7 bilhões em fins de 1960.

Jânio da Silva Quadros (1961)


Jânio Quadros foi um político da carreira extremamente rápida. Eleito vereador de São Paulo em 1947,
deputado estadual em 1950, prefeito em 1953, governador do estado em 1954, derrotando o poderoso Ademar de
Barros, e deputado federal em 1958. Sem jamais se comprometer com nenhum partido e poucas vezes cumprido o
mandato até o final, Jânio despontava em 1960 como um candidato imbatível à Presidência da República e, não
causando surpresas, acabou sendo eleito.
Os seis milhões de votos que recebeu cercavam a sua administração de grande expectativa, que logo se
transformou em decepção quando da formação do governo, nomeando um ministério com figuras inexpressivas,
temeroso de que algum ministro tivesse uma imagem mais forte que a sua.
Enquanto isso, a situação econômica do pais se complicava, com a divida externa começando a escapar do
controle, a inflação subindo e a economia não mais crescendo no ritmo acelerado da época de Juscelino.
Ao mesmo tempo, Jânio chocava-se com o Congresso: o seu não comprometimento com nenhum partido
político agora se fazia sentir. Sua política externa tentando se aproximar do bloco socialista também recebeu forte
reação, culminando com a condecoração do líder da Revolução Cubana Chê Guevara, que recebeu a ordem do
Cruzeiro do Sul, a mais importante medalha nacional.
Em 25 de Agosto de 1961, Jânio renunciou, sem maiores explicações, enviando a carta de renuncia ao
Congresso, falando de “forças ocultas” e “forças terríveis” que se levantaram contra ele.
Os ministros militares lançaram um manifesto à nação, no qual insistiram na “inconveniência” da posse de
Jango, tido como agitador e comprometido com interesses comunistas.
As forças armadas, entretanto, estavam divididas. Muitos oficiais defendiam o respeito a legalidade e
portanto, a posse de Jango. Dentre esses destacavam –se o ainda prestigiado general Lott, que logo tornou pública
sua posição.
Com o país dividido e quase a beira de uma guerra civil, o Congresso acabou encontrando uma solução: a
implantação do parlamentarismo. Assim, a 2 de Setembro de 1961, foi aprovada uma emenda constitucional que
instituía o sistema no Brasil. Em 1963, houve um plebiscito que pôs fim ao parlamentarismo e trouxe de volta o
presidencialismo.
Jango nomeou um ministério de notáveis, no qual se destacou San Tiago Dantas na Fazenda e Celso
Furtado, ministro extraordinário para a Reforma Administrativa. Juntos, lançou o plano Trienal, uma tentativa de,
ao mesmo tempo combater a inflação e lançar as bases para a retomada de crescimento econômico em níveis
semelhante aqueles obtidos na época de Juscelino.
Porém, apesar de todo esse esforço, o seu governo foi muito conturbado, pois suas medidas populistas não
eram aceitas por parte significativa dos militares.

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Na noite de 31 de Março de 1964, em meio a muitas incertezas no corpo de oficiais, o general Olympio de
Mourão Filho, sublevou a guarnição de Juiz de Fora e iniciou a marcha para o rio de janeiro, onde se encontrava o
Presidente e onde, supostamente, existia um forte contingente militar em seu apoio. Começava o golpe.
A deposição de João Goulart teve como causa direta as reformas de base, cujas metas incluíam uma
reforma agrária para o país.

Os Governos Militares
Ao assumir o governo, os militares procuram reprimir as oposições formadas por políticos, intelectuais,
padres progressistas, estudantes e lideres sindicais. A repressão foi conseguida com a concentração de poderes na
mão dos chefes militares. Para isso eles utilizaram os chamados atos institucionais, que alteravam a Constituição,
tornando legais as medidas ditatoriais.
Promulgados ao longo dos governos dos generais, Humberto de Alencar Castelo Branco (1964 – 1967) e
Artur da Costa e Silva (1967 – 1969), os atos institucionais criaram uma ordem jurídica e política inteiramente
nova. Um deles chegou a extinguir os partidos tradicionais e a estabelecer o sistema bipartidário. (no caso o Al 2).
Na pratica, os atos institucionais acabaram com o Estado de direito e as instituições democráticas do país.
Logo após o 15 de Abril, criou-se uma Junta Militar que assumiu o controle dos país. Era composta pelos
Ministros General Artur da Costa e Silva (Guerra), Almirante Augusto Radmaker (Marinha) e Brigadeiro Francisco
Correia de Melo (Aeronáutica). Em 9 de Abril foi decretado o Aro Institucional nº 1, que marcava eleições
presidenciais para Outubro de 1965 e concedia à junta poderes excepcionais, como o de cassar mandatos
parlamentares.
Dois dias depois, o Congresso elegeu presidente o Marechal Castelo Branco, chefe do Estado Maior do
Exercito e coordenador do golpe contra Jango. Vieram novas medidas:
 Revogação da nacionalização de petróleo;
 Revogação da desapropriação de terras;
 Cassação e suspensão de direitos políticos de 378 pessoas, entre elas: três ex-presidentes, Juscelino,
Jânio e Jango; seis governadores; 55 membros do Congresso Nacional;
 Demissão de 10 mil funcionários públicos;
 Instauração de 5 mil inquéritos contra 40 mil pessoas;
 Rompimento de relações diplomáticas com Cuba.
Os presidentes que sucederam a Castelo Branco tiveram a mesma linha, ate mais dura em relação aos
opositores. Os presidentes desse período foram:
 Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1964 – 1967)
 General Artur da Costa e Silva (1967 – 7969)
 General Emílio Garrastazu Mediei (1969 – 1974)
 General Ernesto Geisel (1974 - 1979)
 General João Babtista Figueiredo (1979 – 1985).
Com isso a intervenção nos sindicatos e a extinção dos partidos políticos, os estudantes assumiram
importante papel na luta contra o regime militar. Em Março de 1968, um estudante secundarista, Edson Luis de
Lima e Souto, foi morto durante manifestação no Rio de Janeiro. Seu funeral transformou-se em ato publico contra
o regime, mobilizando, no mês de Junho, cerca de 100mil manifestantes, entre mães, estudantes, intelectuais,
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políticos e artistas. A passeata dos 100 mil, como ficou conhecida, foi importante marco na retomada da oposição
ao regime militar.

O Al 5
Para conter as manifestações de oposição, o General Costa e Silva decretou em Dezembro de 1968, o Ato
Institucional nº 5, o Al – 5. O ato dava poderes ao presidente de fechar o Congresso, Assembléia Legislativa e
Câmaras Municipais, cassar mandatos de parlamentares, suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer
pessoa, demitir funcionários públicos, decretar estado de sitio. O ato suspendia também as garantias do poder
judiciário e o habeas – corpus nos casos de crime contra a segurança nacional.
O Al – 5 causou profunda revolta na população e serviu para intensificar a oposição armada ao regime
militar. Com esse ato, a ditadura entrou em sua fase mais cruel, com perseguições, prisões, torturas e mortes de
opositores.
A Luta Armada
O endurecimento de Junta Militar e o sucesso da operação de seqüestro do embaixador norte americano
Charles Elbrick, em 1969, estimularam outras ações armadas por parte dos grupos de extrema esquerda. Só em
1970 as organizações armadas sequestraram três diplomatas estrangeiros, trocando a vida deles pela libertação de
dezenas de presos políticos.
O Crescimento Econômico
No final da década de 1960, os bancos norte americanos, europeus e japoneses dispunham de muito
dinheiro que passaram a emprestar a juros relativamente baixos ao Brasil e outros países em desenvolvimento. O
petróleo e outros produtos, como trigo e fertilizantes, que no Brasil importava em grandes quantidades, também
estavam baratos. Ao mesmo tempo o governo concedeu facilidade às empresas exportadoras, como incentivos
fiscais, e sucessiva desvalorização da moeda em relação ao dólar. Com isso, o Brasil passou a exportar grande
variedade de produtos. Essa fase de prosperidade chegou ao fim de 1973, com a crise do petróleo.

Diretas – já
Nos últimos meses de 1983, teve inicio em todo o país urnas campanha pelas eleições diretas para
presidentes. Conhecido como Diretas-já, o movimento chegou ao auge em Abril de 1984, quando seria votada a
emenda Dante de Oliveira, que pretendia restabelecer as eleições diretas para presidente. A população foi à ruas
vestida de amarelo, a cor de campanha. Durante os meses que antecederam a votação, ocorreram manifestações
gigantescas. As maiores ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo, com participação de mais de 1 milhão de
pessoas.
Em clima de terror, por causa das medidas de emergência tomadas pelo governo em Brasília, os governistas
derrotaram a emenda, a 25 de Abril de 1984. A emenda apesar de obter a maioria dos votos dos deputados, não
conseguiu os 2/3 necessários para sua aprovação.

O Fim da Ditadura
Derrotada a campanha das diretas, a escolha do novo presidente se deu à moda da ditadura, de forma
indireta, pelo Colégio Eleitoral.

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Reunido o Colégio Eleitoral, a maioria dos votos foi para Tancredo Neves, que derrotou Paulo Maluf,
candidato do PDS. Desse modo, encerravam-se os dias ditadura militar. Devolvido o poder às mãos dos civis, tinha
uma era de liberdade democráticas.

ATENÇÃO: Agora coloque em prática os seus conhecimentos. Siga para seu caderno de
atividades e responda os exercícios referente ao Capítulo II – República Brasileira: Do populismo à Ditadura.

CAPITULO III – BRASIL: ABERTURA POLÍTICA E O SISTEMA


POLÍTICO

A abertura política
No final da década de 1970, a oposição ao regime militar cresce ainda mais e prova disso foi a
surpreendente votação do candidato do MDB à presidência da República, Euler Bentes, que conseguiu
266 votos contra os 355 conseguidos pelo General Figueiredo, que seria o último dos presidentes
militares.
No último dia do ano de 1978, foi extinto o Al – 5, numa demonstração embora muito tímida de
um inicio de abertura política.
O ano de 1979, foi sacudido por centenas de greves em todo o país, especialmente no ABC
paulista, onde os metalúrgicos possuíam a melhor organização sindical do Brasil. Mas, alem dos
metalúrgicos, tivemos greves de professores, garis, empregados da construção civil, motoristas de ônibus,
prontuários, bancários, etc.
Em 1979, Figueiredo decretou a Anistia Geral aos condenados por crimes políticos e aos acusados
da pratica de tortura. A anistia restabelecia os direitos políticos dos exilados, permitindo sua volta ao país.
Ainda em 1979, o governo decretou uma reforma partidária que resultou na extinção da Arena e
do MDB e no retorno ao pluripartidarismo. Essa medida visava enfraquecer o MDB, que fortalecido,
levava vantagem sobre a Arena, principalmente nos centros urbanos.
Através dessa reforma surgiram novos partidos como PDS (antiga Arena), PMDB (antigo MDB),
PTB, PDT, PT e outros partidos menores.
Em 1980, Figueiredo decretou o restabelecimento das eleições diretas para governantes de estado.
O auge da oposição ao regime foi demonstrado durante a campanha das Diretas-já, assunto.
Mesmo continuando as eleições a serem realizadas de forma indireta, tivemos vitoria do candidato
Tancredo Neves, que na ocasião representava todos os segmentos de oposição ao que restava do período
militar.
Tancredo Neves representava a esperança de muitos, mas acometido de grave enfermidade veio a
falecer em 21 de Abril de 1985, permitindo que o seu vice, José Sarney, assumisse com plenos poderes.

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HISTÓRIA

O consenso sobre o processo democrático foi uma das válvulas mestras que impulsionaram Sarney
a enviar ao Congresso, em maio de 1985, uma série de medidas democratizantes, transformadas em leis.
Dentre elas destacamos:
 Restabelecimento das eleições diretas para presidente e vice;
 Restauração das eleições diretas para prefeitos das capitais, das áreas consideradas de
segurança nacional e das estâncias hidrominerais;
 Liberalização das atividades sindicais;
 Direito de voto aos analfabetos;
 Liberdade de organização de novos partidos e legalização dos partidos que viviam na
clandestinidade, como PCB e PC do B.
Tivemos no governo Sarney a promulgação de uma nova Constituição em 1988, que trouxe, em si,
significativas mudanças sociais e políticas.
Ela assegura o regime democrático, garante as conquistas das classes trabalhadoras rurais e
urbanas, reafirma certos direitos do cidadão, dá sustentação jurídica ao Estado de direito, garante as
liberdades individuais, etc.
No aspecto econômico, a população esperava mudanças significativas que viessem a atender as
expectativas da grande massa pobre do país.
Assim, quando o Plano Cruzado, foi lançado trazendo novidades para a classe trabalhadora,
especialmente o congelamento de preços, houve uma febre consumista como nunca se tinha visto antes.
Todos corriam para comprar na falsa ilusão que isso seria uma realidade permanente.
No plano político, esse plano trouxe ao presidente dividendos muitos altos, pois na eleição de
1986, o PMDB, base partidária do governo, foi o grande vitorioso, pois conseguiu eleger 260 deputados
federais e 22 dos 23 governadores.
A medida econômica do governo Sarney de maior repercussão internacional oi a suspensão
unilateral e por prazo indefinido dos pagamentos dos juros sobre a parte da dívida externa.
A euforia durou pouco, pois a inflação começou a crescer e faltavam produtos nos mercados e em
outros locais.
Tentando corrigir os erros foram criados novos planos, como Bresser e Verão, porém nenhum
deles conseguiu reverter a situação difícil que o pais passava.
Os desmandos e os desacertos da política econômica do governo Sarney, colocaram o país no
fundo do poço.
O último ano de seu governo foi, em os sentidos desastrosos. O clima era de fim de festa. A porta
do cofre público foi aberta em beneficio de político inescrupulosos, que barganhavam apoio ao presidente
em troca de favores políticos e ou financeiros, o que contribuía para aumentar o desgaste da imagem dos
políticos junto à opinião pública.

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HISTÓRIA

Governo Collor e Itamar


No final do governo Sarney, foram realizadas as primeiras eleições diretas para presidente, desde
1960, e a esquerda surgia com considerável potencial de vitoria. Para as forças conservadoras
continuarem atuantes no governo, as chances reais de uma vitoria de Luis Inácio Lula da Silva, do PT, ou
Leonel Brizola do PDT, em 1989, eram uma ameaça a ser contida a qualquer preço.
Saíram também candidatos, Ulysses Guimarães, Paulo Maluf e cerca de 15 outros candidatos, sem
nenhuma expressão política.
Nesse contexto, surgiu a candidatura de Fernando Collor de Mello. Contava com o apoio de
considerais setores conservadores, assustados com a possibilidade de um governo de esquerda e diante da
ausência de um candidato que pudesse proteger sues interesses.
As semelhanças entre os estilos de Jânio Quadros e Fernando Collor são significativas. Ambos
reconheceram o poder da imprensa, principalmente o poder da imagem, e souberam moldar as suas
imagens exatamente de acordo com as expectativas populares. Com Collor não existiam projetos, apenas
slogans por exemplo, se intitulava o “Caçador de Marajás” e que iria governar para os “ descamisados” e
“ pés descalços”. Durante todo o período que antecedeu o primeiro turno das eleições, Collor evitou o
debate, recusando-se ao enfrentamento público com os demais candidatos.
Collor que contou com o apoio da maior parte da imprensa, especialmente da Rede Globo, que fez
campanha explicita em seu favor, foi o vencedor, derrotando Lula, no 2º turno. Iniciava-se a chamada Era
Collor.
Governo Collor de Mello (1990 - 1992)
Uma das palavras mais utilizadas por Collor desde a campanha eleitoral era “moderno”. Prometia
modernizar o Brasil, e sua própria figura jovem, bem como a de alguns ministros, forneciam um suporte a
esse tipo de discurso.
No dia seguinte à posse, o presidente anunciou o Plano Collor, com o objetivo de acabar com a
inflação. Era um plano ousado, com medidas de grande impacto. A mais polemica foi o bloqueio por 18
meses das contas correntes e poupanças, a partir de 50 mil cruzados novos. As medidas provocaram
profunda diminuição da atividade econômica, sobretudo industrial. A recessão aumentou o desemprego e
os salários perderam parte de seu valor. No primeiro semestre de 1992, a inflação voltou a subir, girando
em torno de 23% ao mês.
Fora Collor
No inicio de 1992, graves denuncias de corrupção envolvendo importantes funcionários do
governo começaram a ser noticiadas na imprensa. A situação ficou mais grave ainda quando o irmão do
presidente, Pedro Collor, acusou Paulo Cesar farias, o PC, tesoureiro da campanha Collor de estar
exigindo vultosas contribuições de empresários em troca de favores do governo com a conivência do
próprio presidente.

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HISTÓRIA

O Congresso Nacional constituiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as
acusações. As investigações desvendaram o chamado esquema PC, um vasto sistema de corrupção que
arrecadava milhões de dólares.
As conclusões da CPI causaram forte indignação popular. Foram organizadas grandes
manifestações populares para obter o impeachment (impedimento) do presidente, entre elas, se destacam
os “Caras Pintadas” grupo da maioria jovens estudantes que saíram às ruas exigindo o afastamento do
presidente. A câmera autorizou a abertura das investigações e Collor foi afastado do cargo. Sentindo-se
perdido, ele renunciou, mas Senado continuou seus trabalhos, condenando-o e suspendendo por oito anos
os seus direitos políticos. No mesmo dia o Congresso deu posse ao vice-presidente, Itamar Franco, como
presidente da república.
Com Fernando Collor teve inicio a política de privatização de estatais no país. Em seu governo foi
privatizada a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Governo Itamar Franco


Sua imagem pacata, tranqüila, quando não positivamente sonolenta, representava um contraste
forte com os extremos de Collor. Assim, o repudio a Collor em pouco tempo transformou-se em simpatia
a Itamar. Formou-se quase uma coalizão de todos os partidos políticos em torno do novo presidente, com
destaque para o PSDB, cujos membros passaram a ter grande influência no governo.
A economia voltou a crescer, atingindo em 1994, uma taxa de 5%, o melhor resultado desde o
inicio dos anos 80, excetuando-se 1986, o ano do Plano Cruzado.
Em Fevereiro de 1994, foi lançado o plano Real, em mais uma tentativa de combater a inflação. O
plano colocado em pratica por uma equipe ligada ao PSDB, tendo a frente o ministro da Fazenda
Fernando Henrique Cardoso, criava o Real, a nova moeda. Seria uma moeda forte e para isso contava
com o fim da indexação, ou seja, o fim do repasse automático da inflação de um mês para os salários,
prestações, alugueis e contratos em geral do mês seguinte.
Esse plano foi responsável pela popularidade que o ministro Fernando Henrique Cardoso alcançou
e aproveitou da mesma para disputar a presidência da república.

Governo de Fernando Henrique Cardoso


Baseado sua campanha no êxito do plano Real, Fernando Henrique Cardoso, venceu as eleições no
primeiro turno, 54% dos votos validos, contra 27% dados a Lula. O novo Presidente assumiu em 1º de
Janeiro de 1995, para cumprir um mandato de quatro anos.
Alem da defesa do Real, o aspecto mais importante do programa de governo de Fernando
Henrique Cardoso era uma série de reformas constitucionais, consideras básicas para garantir a
estabilidade econômica do país:
 Reforma econômica – fim do monopólio estatal e privatização dessas empresas;

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HISTÓRIA

 Reforma da previdência – fim da aposentadoria por tempo de serviço, das aposentadorias


especiais, como professores, entre outras;
 Reforma tributaria - redefinição dos impostos, com sua redistribuição entre União, Estados
e municípios;
 Reforma administrativa – como principal mediada teríamos o fim da estabilidade dos
funcionários públicos.
Tivemos durante todo esse período uma inflação muito baixa. A manutenção dos preços era obtida
pela ampla abertura do mercado a produtos estrangeiros. Esse grande volume de importações fez com que
a balança comercial apresentasse déficits bastante elevados.
Para estimular a vinda de investimentos estrangeiros, o governo estabeleceu altas taxas de juros, o
que prejudicou a produção, causando recessão e desemprego, que chegaria a 20% nos primeiros meses de
199. Alem disso, aumentaram a divida e o déficit público.
A saída do governo foi recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que garantiu
empréstimo de cerca de 40 bilhões de dólares, mas exigiu que o Brasil diminuísse os gastos públicos e
fizesse uma juste final para aumentar a arrecadação.
A reeleição de Fernando Henrique - através de uma emenda aprovada pelo Congresso, em 1997,
pela primeira vez, o Brasil poderia reeleger um presidente. Essa medida provocou manifestações de
protesto dos partidos de oposição e de outros setores da sociedade, que pediam a instalação de uma
Comissão de Inquérito para investigar as denuncias de que Deputados teriam votado a favor da reeleição
mediante o pagamento em dinheiro.
Em meio a esse quadro de crise, ocorreram as eleições de Outubro de 1998. Apresentando-se
como o único líder capas de defender a estabilidade do real, Fernando Henrique conseguiu reeleger-se,
derrotando novamente Lula. Isso foi possível porque boa parte da ação do governo nos últimos anos do
seu mandato foi dedicada a obter do Congresso uma emenda que autorizasse a reeleição de cargos
executivos (presidente, governadores e prefeito).
As oposições conseguiram eleger governantes em seis estados (rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Mato Grosso do Sul, Alagoas, Acre e Amapá). Em Minas, foi eleito Itamar Franco, que apesar de
pertencer ao PMDB, passou a fazer oposição ao governo.
Após a posse do presidente para o seu segundo mandato, a crise financeira eclodiu com toda
intensidade. Diante da saída de bilhões de dólares do país, o governo liberou o cambio e permitiu que o
valor do dólar subisse em relação ao real.
Seu governo segue a orientação neoliberal, que nas décadas de 80 e 90, teve grande aceitação no
leste europeu. Mas no Brasil, a situação ainda é de incerteza, com um alto índice de desemprego e um
poder aquisitivo dos mais baixos.

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HISTÓRIA

ATENÇÃO: Agora coloque em prática os seus conhecimentos. Siga para seu caderno
de atividades e responda os exercícios referente ao Capítulo III - Brasil: Abertura política e o sistema
político.

BIBLIOGRAFIA
COTRIM Gilberto, História Global, Brasil e Geral, volume único, Editora Saraiva. 5ª Ed. 1999.
AZEVEDO Gislane Campos, SERIACOPI Reinaldo, História Editora Ática volume único.
PAZZINATO Alceu L., SENISE Maria Helena V., História Moderna e Contemporânea, Editora Ática
volume único.

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