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DISCIPLINA: MÓDULO DE PROCESSO CIVIL (NOVO CPC)

PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO


MATÉRIA: PROCESSO CIVIL

Indicações de bibliográficas:

Leis e artigos importantes:


 CPC/73
 NCPC

Palavras-chave:
Princípios Processuais. Contraditório. Fundamentação. Duração Razoável do Processo.
Co-participação. Ordem Cronológica de Julgamento. Mediação e Conciliação.

TEMA: MÓDULO DE PROCESSO CIVIL (NOVO CPC)

PROFESSOR: PROF. DANIEL ASSUMPÇÃO

1. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
O NCPC vem com uma proposta muito nítida de consagrar a constitucionalização do processo.

1.1 Princípio do Contraditório


Academicamente, não dá para dizer que um princípio é mais importante do que o outro. Mas o
contraditório vem incluído no próprio conceito de processo.
Processo é o procedimento animado por uma relação jurídica em contraditório (Dinamarco).
Não é todo o princípio que está incluído na conceituação moderna de processo.
O NCPC traz três novidades no conceito do contraditório.
As duas primeiras novidades são oriundas do artigo 9º do NCPC.
1) O art. 9º consagra de maneira expressa o chamado contraditório diferido ou postecipado.
Já trabalhamos com ele hoje, mas não existia nenhuma previsão legal acerca dele.
Em um contraditório tradicional, há o pedido, seguido de informação, seguido da possibilidade de
reação e depois seguido da decisão. Em um contraditório diferido ou postecipado, se manterá os
mesmos quatro elementos, mas se alterará a ordem deles. Haverá o pedido, imediatamente

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seguido da decisão, para depois haver a informação e depois a possibilidade de reação. Ex.:
decisão inaldita altera partes.
O contraditório diferido será aplicado na tutela de urgência (espécies: cautelar e antecipada), na
tutela de evidência e no mandado monitório.
 Tutela de Urgência
Não podemos descartar apenas em razão desta previsão legal que a tutela de urgência também
pode ser deferida por meio do contraditório tradicional. Não é porque o NCPC diz que cabe
contraditório diferido na tutela de urgência, que em toda tutela de urgência se terá que vir com o
contraditório diferido. Vai continuar havendo a possibilidade da tutela de urgência ocorrer no
contraditório tradicional. Mesmo na tutela de urgência, para haver o contraditório diferido deve
haver uma justificativa.
Há duas hipóteses que justificam o contraditório diferido na tutela de urgência: i. a ciência da parte
contrária permita a prática de atos que levem a ineficácia da tutela (isto ocorre especialmente na
tutela cautelar, em que o elemento surpresa é indispensável. Não adianta se ter uma busca e
apreensão e avisar que está indo se fazer uma busca e apreensão; não adianta ter uma
constrição e a pessoa saber, de forma que poderá evitá-la); ii. O tempo para a ciência da parte
contrária já é suficiente para a ineficiência da medida (situações de extrema urgência; o tempo
que se levaria para a citação da parte contrária já gera a ineficiência da medida).
 Tutela de Evidência
O NCPC prevê quatro espécies de tutela de evidência. Sendo que destas, apenas duas podem
ser concedidas através do contraditório diferido. São elas:
i. Alegações de fato fundada em prova documental e Tese jurídica firmada no julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante.
Há documentos que atestam as alegações de fato e se defende uma tese jurídica firmada em
julgamento de casos repetitivos. O julgamento de casos repetitivos se dará no NCPC de duas
formas: 1. RE e Resp Repetitivo (julgamento por amostragem); 2. Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas (criação originária no NCPC)
ii. Ação de Depósito quando há prova documental do depósito.
A ação de depósito deixou de ser um procedimento especial. Mas a única coisa que ela ainda
tinha de especial no CPC 73 é a liminar. O NCPC acabou com a ação de depósito como
procedimento especial, mas manteve a especialidade da liminar.
Obrigação reipersecutória com documento que comprova o depósito é a ação de depósito
prevista no CPC73.
 Mandado Monitório.
Peço, se decide. Aí informo e depois vem a possibilidade de reação.

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Obs.: a liminar possessória é uma tutela de evidência no CPC 73 e continua sendo uma tutela de
evidência no NCPC. Não exige tempo como inimigo, não exige a urgência. Misteriosamente, ela
não é tratada no rol das tutelas de evidência. Mas é óbvio que a liminar possessória também pode
ser concedida através do contraditório, tendo em vista uma interpretação histórica e extensiva do
dispositivo.

2) O juiz não proferirá a decisão CONTRA A PARTE sem que esta seja previamente ouvida.
Na verdade, o caput do dispositivo não foi técnico. O juiz não vai proferir decisão contra parte
sem antes intimada e com a possibilidade de reação.
CONTRA A PARTE. O legislador deixou um recado implícito: se o juiz for decidir a favor da parte,
não se precia intimá-la e ouví-la. A necessidade da oitiva é quando a decisão será proferida
contrariamente a parte.
O dispositivo consagrou como regra a dispensa do chamado contraditório inútil. No CPC de 73 há
isto apenas em algumas passagens pontuais. Ou seja, se vou decidir ao seu favor, não preciso
intimar e esperar a sua reação. O contraditório é um meio e não um fim. O contraditório serve
para que a parte tenha a possibilidade de convencer o juiz. Se a parte é beneficiada pela decisão
mesmo sem ser ouvido, o contraditório, neste caso, seria inútil. Se o contraditório é o que me leva
ao benefício e eu obtenho o benefício no caso concreto, é claro que o contraditório, no caso, seria
inútil.
Ver art. 285-A, CPC/73 – julgamento liminar de improcedencia. O juiz vai julgar improcedente o
pedido do autor antes de citar o réu. Qual o resultado mais favorável possível para o réu? É a
improcedencia do pedido do autor. O réu obteve a melhor situação possível que teria mesmo sem
ter o contraditório.
Ver art. 527, I, CPC/73. O Relator do AI monocraticamente e de forma liminar nega seguimento ao
recurso.

A terceira novidade com relação ao contraditório vem consagrada no artigo 10 do NCPC.


3) Contraditório com relação as matérias conhecíveis de ofício.
Estas matérias conhecíveis de ofício são as de ordem pública (material – ex,: a
inconstitucionalidade de uma norma - ou processual – ex.: condições da ação, pressupostos
processuais) ou aquelas matérias em que haja expressa previsão legal para que o juiz possa
conhecer de ofício (ex.: prescrição é reconhecível de ofício. O STJ entende que é matéria de
ordem pública. O CC prevê a possibilidade de renúncia a prescrição, o que impossibilita a sua
caracterização como matéria de ordem pública, segundo Daniel Assumpção).

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As matérias conhecíveis de ofício dependem para serem decididas de intimação das partes. E
nesta exigência, de maneira indiscutível consagra o contraditório nestas matérias, consagra uma
opinião doutrinária absolutamente unanime.
O NCPC contraria o Poder Judiciário. Estas matérias conhecíveis de ofício são conhecidas de
ofício sem a intimação prévia das partes. O juiz extingue o processo por uma carência de ação
sem comunicar ninguém antes sobre a falta da condição da ação. O PJ entende que conhecer de
ofício é conhecer da matéria sem ouvir das partes. Mas conhecer de oficio não é isto.
O legislador finalmente conseguiu consagrar a seguinte ideia. Como as matérias chegam ao
processo? De duas maneiras. Ou elas são levadas pelas partes ou elas são levadas pelo juiz. No
momento em que o juiz leva uma matéria para o processo, pronto: qualquer decisão dele sobre
esta matéria será uma decisão de ofício. Decisão de ofício é aquela em que o próprio juiz leva a
matéria ao processo e decide com base nela. O juiz leva a matéria ao processo, ouve as partes e
decide: a decisão é de ofício.
O que o PJ faz hoje é violar flagrantemente as partes. Decidir matéria de ofício sem ouvir as
partes sem dúvidas supreenderá as partes. Para uma das partes será uma surpresa boa; para a
outra, ruim. Mas de qualquer forma será uma decisão surpresa. E o contraditório existe para evitar
decisões surpresas.

1.2 Motivação das Decisões Judiciais


Refere-se a fundamentação das decisões judicias.
Art. 489, NCPC. As associações de classe da magistratura pediram o veto deste dispositivo à PR.
Mas o artigo foi mantido, não foi objeto de veto. Em seu parágrafo primeiro, este artigo especifica
o que é fundamentar uma decisão.
Hoje, as decisões precisam ser motivadas, mas não existe um roteiro do que é fundamentar uma
decisão.
Não se sabe o que é mais triste: ter que positivar em lei o que é motivar para os magistrados; ou
ter associações de magistrados querendo o veto do dispositivo.
O parágrafo primeiro parte de uma lógica negativa, dizendo o que não será considerada
fundamentação.
i. Limitar a indicação, reprodução ou paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou questão decidida.
Parece algo absolutamente óbvio, mas que muitas vezes não é observado pelos magistrados. O
juiz precisa fazer a correlação entre o ato normativo e a situação julgada. Não adianta o juiz trazer
o ato e dizer como ele será decidido.

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ii. Emprego pelo juízo de conceitos jurídicos indeterminados, sem a explicação do motivo
concreto de sua incidência no caso.
Conceito jurídico indeterminado. O NCPC está cheio deles, para o bem e para o mal. Experiência
do CC/02, que também veio cheio de conceitos jurídico indeterminados. O conceito jurídico
indeterminado é aquele que cabe ao juiz preencher no caso concreto. O legislador imagina que o
juiz no caso concreto seja o juiz mais habilitado para preencher o conceito jurídico indeterminado.
O que o legislador faz aqui é dar um poder considerável ao juiz: com todo o poder vem a
responsabilidade. A partir do momento que o legislador confia no juiz, o juiz deve responder ao
legislador de forma a justificar, exteriorizar o raciocínio utilizado para o preenchimento daquele
conceito jurídico indeterminado, para a sua concretização.
Não adianta o juiz dizer apenas que não há periculum in mora: o juiz deverá explicar porquê não
há periculum in mora. O juiz não pode indeferir a tutela de urgencia apenas dizendo que não há
probabilidade do direito existir, mas precisa dizer o porquê que não há probabilidade do direito
existir. Isto é o que se chama hoje de pseudo-fundamentação. Não adianta aplicar o conceito
jurídico indeterminado sem explicar as razões de sua aplicação, sem explicar as razões do
preenchimento.
iii. Não é considerada fundamentação a simples invocação de motivos que se prestariam a
justificar qualquer outra decisão.
A simples invocação de motivos que se prestariam a justicar qualquer outra decisão não é
fundamentar. Não temos uma fundametação da decisão neste caso.
Aquelas decisões que são modelos de decisão, para casos repetitivos, não há como se querer
que esta realidade mude. Para as causas repetitivas, se trabalha com modelo. Este inciso não
está proibindo o modelo, não pode se querer que se decida diferente o que é a mesma questão.
Este dispositivo específico parece ter sido dirigido as tutelas provisórias, em especial em tutela de
urgência. Tem muito juiz que faz um modelão para conceder ou não conceder a tutela de
urgência. Mas se percebe nitidamente que aquela decisão dele pode fundamentar todo e qualquer
pedido de tutela de urgência.
iv. Deixar de enfrentar todos os argumetnos deduzidos no processo capazes de em tese
infirmar/influenciar a conclusão do julgador.
Tudo indica que este inciso vai mudar o sistema de fundametação que nós temos aqui no Brasil.
Pura inovação legislativa.
Há dois sistemas de fundamentação: i. suficiente; ii. Exauriente/completa. Num sistema de
fundamentação suficiente, o juiz precisa enfrentar as causas de pedir do autor e os fundamentos
de defesa do réu. Já na fundamentação exauriente, o juiz precisa enfrentar todos os argumentos
que o autor faz em sua causa de pedir e que o réu faz em seus fundamentos de defesa. É natural

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que a causa de pedir e os fundamentos de defesa sejam fundados em uma série de argumentos
para convencer o juiz.
Hoje, à luz do CPC 73, aplicamos o sistema suficiente de fundamentação. O NCPC mudou o
sistema: a fundamentação deve ser exauriente.
“capazes de firmar em tese o convencimento do juiz”: exclui-se os argumentos impertinentes e
irrelevantes.
v.
vi.
Os incisos v. e vi. Vão tratar da eficácia vinculante. Ideia de que se terá uma eficácia vinculante
muito maior do que se tem hoje. Eficácia vinculante hoje: controle concentrado e súmula
vinculante. A eficácia vinculante no NCPC é muito maior.
Inciso v. determina que quando o juiz aplicar a eficácia vinculante, o juiz terá que i. identificar os
fundamentos determinantes do julgado vinculante, da súmula vinculante; ii. deverá demonstrar
que os fundamentos determinantes do julgado vinculante se ajustam ao caso concreto.
Inciso vi. Determina que o juiz que deixar de seguir a eficácia vinculante deverá demonstrar: i. a
distinção do caso em julgamento (DISTINGUISHING) ou; ii. a superação do entendimento
(OVERRULING).
DISTINGUISHING: deve-se demonstrar que o caso em julgamento tem alguma singularidade que
o exclui da eficácia vinculante.
OVERRULING: o juiz vai mostrar que aquele entendimento está superado ou por legislação
extravagante posterior/superveniente ou em uma própria mudança no tribunal de onde vem a
eficácia vinculante.
Obs.: súmula de matéria constitucional do STF todas viram vinculantes; súmula de matéria
infraconstitucional do STJ todas viram vinculantes. Imagina ainda quantas destas súmulas já
foram superadas.
Apenas discordar do efeito vinculante e não justificar, haverá vício de nulidade.

1.3 Princípio da Duração Razoável do Processo


Art. 5º, LXXVIII, CRFB (EC nº 45).
Art. 4º, NCPC: as partes tem direito a uma duração razoável para uma solução integral do mérito,
incluída a atividade executiva/satisfativa.
Solução integral de mérito: tutela de conhecimento.
A duração razoável do processo também deve abarcar a tutela executiva: fase de execução.
Consagra-se um princípio ideal do NCPC. O NCPC vai trabalhar muito bem com a celeridade e
diminuir a duração razoável do processo.

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Qual a consequencia do descumprimento deste princípio? O que ocorre? Ação de perdas e danos
perante o PJ. O próprio PJ iria reconhecer que prestou um serviço incompleto, ineficaz e
condenaria o Estado a pagar a indenização.
Nos países europeus, já tem essa ideia. E os Estados europeus são condenados rotineiramente a
indenizar pela demora no processo. O Tribunal Europeu que julga e não o próprio judiciário do
país. O TEDH possui tabelas com os valores de indenização dos dias de atraso.

1.4 Princípio da Cooperação


O princípio da cooperação já vem sendo trabalhado pela doutrina, mas não é expresso. O
princípio da cooperação agora já está consagrado no nosso NCPC.
Art. 6º, NCPC: todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha a
solução do processo com efetividade e em tempo razoável.
Co-participação: dar mais poderes as partes, partilhar responsabilidades, no andamento do
processo. O autor e o réu também tem responsabilidade com relação a qualidade da prestação
juridiscional final. Ideia de que o autor e o réu juntos realizam o saneamento do processo. Há um
poder maior das partes de atuar em conjunto e, às vezes até se sobrepondo, aos poderes do juiz.
Grande parte do doutrina entende que não se deve pensar no princípio da cooperação de maneira
romântica. Autor não ajuda réu e vice-versa. As partes possuem interesses contrapostos. Ideia de
que haverá uma ajuda mútua entre autor e réu é um romantismo que não se consagra, que não
se efetiva. Não é isto que na verdade se entende de maneira adequada pelo princípio da
cooperação: partipação maior das partes no andamento e na tutela em si. Ideia do saneamento
compartilhado, por exemplo. Juizes e partes devem caminhar em conjunto para a solução do
processo.
Cooperação é cooperar com os destinos do processo, com a qualidade final da prestação
jurisdicional.

2. ORDEM CRONOLÓGICA DE JULGAMENTO


Art. 12, NCPC.
Ideia básica de se criar, a partir do momento em que os autos são conclusos, uma ordem
cronológica para julgamento. Na verdade, vai gerar duas listas diferentes: i. lista dos processos
que tem preferência legal (ex.: ações que envolvam o idoso); ii. lista dos demais processos.
Vantagens: i. evitar a escolha dos processos a serem julgados (os processos simples
costumavam ser julgados sempre antes dos mais dificultosos, que ficavam sempre em segundo
plano); ii. programação estimada das partes do momento do julgamento.

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Desvantagens: i. inviabiliza a estratégia de funcionamento do cartório (gestão processual); ii. viola
a isonomia com o tratamento igual de processos desiguais (violação do princípio da isonomia
real/material); coloca-se na fila um processo simples depois de um muito complexo, o que trava o
julgamento dos processos mais simples.
Os processos que já se encontram na lista deverão ser divulgados por lista no cartório e por rede
mundial de computadores. Não se exige a intimação das partes.
Se um novo pedido é feito no processo que já está na lista, não será retirado o processo da
ordem, salvo se for necessário a realização de diligências ou ainda, se for necessário, a
conversão do julgamento para a instrução do processo.
Quando o novo pedido for decidido, o processo retorna para a decisão na mesma ordem que se
encontrava na fila.
Hipóteses “fura-fila”: são processos que em tese entrariam na fila junto com todos os outros, mas
são julgados com preferência. Hipóteses: i. anulação de sentença ou de acórdão, salvo se
precisar cumprir diligência ou reabrir instrução (o processo já esteve na fila, foi sentenciado,
apelou-se e a sentença foi anulada); ii. reexame pelo tribunal de 2º grau quando se tiver
julgamento de RE ou Resp repetitivo com julgamento contrário ao do segundo grau (retratação no
segundo grau).

Exceções:
1- Exceções exclusivas do primeiro grau.
Sentenças que não seguem a ordem de julgamento:
i. Sentenças proferidas em audiência.
ii. Sentenças homologatórias
iii. Sentenças liminares: indeferimento da petição inicial; julgamento liminar de improcedência
(são os julgamentos realizados antes da citação do réu).

2- Exceções específicas dos Tribunais


i. Decisão monocrática do Relator
ii. Agravo interno (do julgamento monocrático cabe agravo interno; e o agravo interno contra
esta decisão monocrática também não entra na lista)

3- Exceções aplicáveis em qualquer grau jurisdicional.


i. Processos julgados em bloco para a aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de
casos repetitivos.

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ii. Decisão terminativa (juiz proferir uma decisão terminativa não precisa seguir a ordem; a
ordem observa o julgamento de mérito – o juiz antes de mandar para a lista deve
analisar se é caso se sentença ou acórdão terminativo; óbvio que ir para a lista não é
garantia que o mérito será julgado, o juiz pode proferir uma sentença terminativa
também mesmo nos processos que entrem na lista).
iii. Embargos de declaração
iv. Processos criminais
v. Preferências legais – as preferencias legais não são isentas de ordem, tendo elas uma
ordem própria. Apesar da lei prever como exceção, Daniel Assumpção entende que
haverá uma ordem específica para as preferências legais, sendo que o próprio caput do
art. 12 assim determina
vi. Metas do CNJ.
vii. Situações de urgência no julgamento, reconhecida por decisão fundamentada.

3. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
A conciliação e a mediação passam a ocupar uma posição de extremo destaque. Valorização das
formas consensuais de solução dos conflitos.
Art. 2º, §2º, NCPC: o Estado promoverá sempre que possível a solução consensual dos conflitos.
Não se refere apenas ao Estado Poder Judiciário, mas ao Estado latu sensu. O art. 3º do NCPC
prevê que os juizes, os advogados, os defensores públicos e os membros do MP devem estimular
as solução consensual, inclusive no curso do processo.
Mudança de mentalidade. A mentalidade contenciosa deveria ser aposentada e devemos passar
a termos uma mentalidade consensual.
Os arts. 2º e 3º, NCPC ficam na ideia de que conciliar é legal. Mas, na verdade, não adianta
apenas o NCPC fazer previsões principiologicas acerca da conciliação e da mediação. Estamos
em uma era de grande entusiasmo, relevancia, das formas consensuais de solução dos conflitos.
Resolução 125, CNJ. Previsão legal, estruturação da mediação e da conciliação.
O NCPC passou a destinar uma sessão inteira, cujo título é “dos conciliadores e dos mediadores”
para tratar do tema (arts. 165-175, NCPC). Tratam não apenas dos conciliadores e dos
mediadores, mas da conciliação e da mediação em si.
- O NCPC prevê a criação de centros judiciários de solução consensual de conflitos. Caberá aos
Tribunais criarem estes centros judiciários de solução consensual. Estes centros vão cadastrar os
conciliadores e os mediadores. Estes conciliadores e mediadores devem ser i. aprovados em
curso de capacitação, com parâmetro curricular estabelecido pelo CNJ; ii. aprovados em
concursos públicos ou iii. provenientes de convênios com empresas privadas. Ideia fundamental é

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qualificar os conciliadores e mediadores. Os conciliadores e mediadores não precisam ser
formados em direito, não precisam ser formados em advocacia – somente precisam ter curso
superior; interdisciplinariedade, agrega-se pessoas de outras áreas do conhecimento em que se
pode agregar ideias fundamentais para estes mecanismos.
- Passa-se a ter uma audiência de conciliação e de mediação que é praticamente obrigatória.
Somente não se terá esta audiência se ambas as partes recusarem a realização da conciliação ou
ainda quando se tiver um direito que não se admita a autocomposição. Na maioria absoluta dos
processos, se terá esta audiência e quem irá realizar esta audiência será o centro judiciário de
solução consensual de conflitos.
Vantagens: i. qualificação (o juiz está inserido na lógica da cultura da decisão, não sendo um bom
conciliador geralmente; a qualificação direcionada é algo importante para a conciliação e a
mediação); ii. impossibilidade de acusação de pré-julgamento (quando se faz esta audiência
perante o juiz da causa, este pode ser acusado de pré-julgamento; o conciliador e o mediador não
tem como pré-julgar, pois eles não julgarão o conflito); iii. incetiva a revelação de dados (princípio
da confidencialidade; as partes ficam preocupadas em revelar muito na frente do juiz, pois se a
conciliação ou mediação não for possível, o juiz terá recebido e se influenciado com tudo o que foi
dito).
- Problema da estrutura. Se não se construir uma estrutura condizente com o grau de trabalho
que se tem, a boa ideia de tornará um caos. Temos um ano para fazer esta estruturação (antes
do NCPC entrar em vigor).
- Conciliação e Mediação: formas de resolução de conflitos diferentes.
O NCPC trata da diferença de quem faz a conciliação e a mediação.
Conciliação
- solução do conflito baseada em vontade das partes
- ideia de sucumbencia recíproca (acordo de vontade entre as partes)

Mediação
- solução do conflito baseada na vontade das partes
- não há sucumbência de nenhuma das partes envolvidas no conflito.
A mediação não atua no conflito, mas sobre as causas do conflito. No momento em que se deixa
o conflito de lado e vai buscar quais são as causa daquele conflito, é possível que se acabe
resolvendo o conflito sem a necessidade do sacrifício do interesse de nenhuma das partes
envolvidas no conflito.
A mediação demora. Um problema médio leva em médio sete sessões de três horas.

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Esta distinção entre conciliação e mediação vem da doutrina, não estando estabelecida no CPC
73 nem no NCPC.

O NCPC, art. 165, §2º: conciliador.


Características do conciliador:
i. Deve ser sujeito que atua preferencialmente nos casos em que não houver havido vínculo
anterior entre as partes. Destina-se ao conciliador preferencialmente os casos em que a
relação entre as partes nasceu do conflito. A relação que envolve as partes é o conflito
– provavelmente não existia relação anterior ao conflito entre as partes e provavelmente
não existirá relação posterior entre elas.
ii. O conciliador pode sugerir soluções para o litígio.

Art. 165, §3º, NCPC: mediador


Características do mediador:
i. O mediador irá atuar preferencialmente nos casos em que tiver havido vínculo anterior
entre as partes. Se as partes têm um vínculo anterior ao conflito, elas possuem uma
relação pessoal e este vínculo provavelmente irá perdurar. Ex.: vínculo entre familiares,
vínculo entre vizinhos, vínculo contínuo de comerciantes. O vínculo vai continuar,
perdurar depois do conflito. A mediação surge para mediar, para melhorar, para
continuar com a relação existente posteriormente.
ii. O mediador não propõe soluções, ela auxilia as partes na compreensão das questões e
interesses em conflito, para que elas mesmas indentifiquem a solução. Neste caso, fica
derradeiramente constatado como a mediação é melhor do que a conciliação. As partes
saem da mediação de que elas foram capazes de achar a solução, ninguém sugeriu a
solução. As partes se sentem capazes, realizadas pela capacidade de resolverem o
problema sem sacrificar o interesse de ninguém. O mediador é mais ardiloso no sentido
de conduzir as partes até que a solução se revele entre elas.

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