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Aula 1 – Controle da Administração Pública

O que é a Administração Pública?


Quem controla a Administração Pública?
Quais as modalidades de controle existentes?

Iniciamos nossos estudos pelo controle da Administração Pública.


Veremos que é importante termos noção da divisão e subdivisão da
administração, a fim de compreendermos a atuação de cada um dos
órgãos de controle.

De fato, a existência de vários órgãos de controle, a exemplo do


Ministério Público, da Polícia Federal, da Advocacia-Geral da União e da
Controladoria-Geral da União pode gerar certa confusão na população,
ou seja, não se sabe qual, ao certo, é o campo de atuação específico dos
mencionados órgãos.

Pensando nisso, estudaremos as funções ou áreas de atuação de


alguns órgãos de controle, lembrando sempre que os órgãos podem ser
da esfera federal, estadual ou, ainda, municipal.

Antes disso, porém, é salutar que estudemos as modalidades de


controle existentes, isto é, qual momento ou qual órgão pode exercer
o controle em determinadas situação. Isso será desvendado nesta lição.

Para facilitar o estudo, esta aula está organizada da seguinte forma:

Aula 1 – Controle da Administração Pública


1� O conceito de Controle na Administração Pública
2. Espécies de Controle
3. Controles específicos
3.1. Ministério Público
3.2. Polícia Federal
3.3. Advocacia-Geral da União 
3.4. Controladoria-Geral da União
3.5. Controles da Atividade Judiciária
Síntese 
Referências bibliográficas 

Todos prontos?

Então vamos começar!


1. O conceito de Controle na Administração Pública

Antes de iniciarmos o estudo sobre o controle na Administração


Pública, teceremos breves comentários sobre o que é Administração
Pública.

O conjunto de órgãos da Imagine que uma determinada Prefeitura Municipal ofereça serviços
Administração Direta e de creche, ensino fundamental e básico, forneça merenda e transporte
entidades da Administração escolar, disponibilize ações de assistência social, como o programa de
Indireta forma a erradicação do trabalho infantil, preste serviços de saúde, obras, assistência
Administração Pública. técnica rural etc. Percebeu quantos atos administrativos são efetuados?

Recorrendo à conceituação Sabemos que, para a consecução dos atos acima mencionados,
doutrinária, temos que a o governo deve organizar, em cada órgão/entidade, uma estrutura
organizacional para coordenar pessoas e recursos quanto às atividades
Administração Pública, em e tarefas a serem realizadas. Dependendo do porte do Município e/
sentido formal (orgânico) ou Estado (unidade da federação), a estrutura organizacional pode ser
é o conjunto de órgãos bastante ampla, com várias seções, departamentos, secretarias, razão
instituídos para consecução pelas quais vários atos administrativos são delegados aos gestores chefes
dos objetivos do Governo; ou titulares desses núcleos de serviço.

Administração Pública, A Administração Pública subdivide-se em Administração Direta,


em sentido material representada pelos órgãos ligados diretamente ao Prefeito, Governador
(funcional): é o conjunto ou Presidente da República, e, em Administração Indireta, representada
das funções necessárias aos por Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações e
serviços públicos em geral; Autarquias, a exemplo das Universidades Federais.

Administração Pública, Ora, esse conjunto de órgãos (Administração Direta) e entidades


em acepção operacional, (Administração Indireta) forma a Administração Pública. Os atos
é o desempenho perene administrativos, mencionados no início deste tópico, servem para
e sistemático, legal e ilustrar o cotidiano da máquina pública.
técnico, dos serviços
próprios dos Estados por ele Dito isto, e voltando ao exemplo dos atos administrativos mencionados
assumidos em benefício da no início deste tópico, perguntamos: será que todas aquelas ações estão
coletividade. sendo bem conduzidas.? Os serviços de saúde atendem a todos de forma
qualificada? A aquisição de material de expediente, de combustíveis, de
merenda escolar atende aos preceitos da lei de licitações e contratos? As
obras estão sendo executadas e atendendo aos padrões de qualidade?

Quem deve responder a estas indagações? A resposta pode ser


encontrada em outro questionamento, se existe órgão que fiscaliza e
controla aqueles atos administrativos emanados da Prefeitura Municipal.?
A resposta é sim, veremos quais são esses órgãos. Aproximamo-nos,
enfim, da função controle, do controle da Administração Pública.
Di Pietro (2004) define o controle da Administração Pública como
o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos do
Poder Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a
conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos
pelo ordenamento jurídico.

Pelo princípio dos freios e contrapesos, cada Poder exerce controle


sobre os demais, mantendo o equilíbrio e a harmonia entre os três
Poderes. No caso da Administração Pública, alguns Poderes e órgãos
exercem o controle dos atos administrativos oriundos de outros Poderes
e órgãos.

A visualização desse controle pode ser representado pelo esquema


do gráfico 1, que demonstra o Poder Legislativo exercendo controle
sobre os demais Poderes, aparece o controle exercido pelo Tribunal de
Contas da União sobre toda a Administração, a atuação de controle do
Ministério Público e, a atuação interna, sobre seus próprios atos, do
Poder Executivo.

Gráfico 1: Controle da Administração Pública


2. Espécies de Controle

As modalidades de controle são definidas quanto às seguintes


espécies: a) quanto ao órgão; b) quanto ao momento em que se efetua;
c) quanto ao ambiente (posição) (interno ou externo); d) de legalidade
ou de mérito.

a) quanto ao órgão podem ser:

• controle administrativo: é o poder de fiscalização e correção


que a Administração Pública exerce sobre a própria atuação,
sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou
mediante provocação;
• controle legislativo: basicamente compreende o controle
político e o financeiro. O controle político aprecia se as decisões
administrativas atendem aos aspectos legais e de oportunidade
e conveniência diante do interesse público. O controle
financeiro é exercido com auxílio do Tribunal de Contas que
implementa fiscalizações contábeis, financeiras, orçamentárias,
patrimoniais e operacionais;
• controle judicial: dotado de garantias de imparcialidade que
permitam apreciar e invalidar os atos ilícitos perpetrados pela
Administração Pública.

b) quanto ao momento em que se efetua podem ser:

• controle prévio: quando o ato administrativo fica sujeito à


autorização ou aprovação prévia, visando impedir que seja
praticado ato ilegal ou contrário ao interesse público;
• controle concomitante: é o que acompanha a atuação
administrativa no momento em que o ato administrativo
é executado como, por exemplo, o acompanhamento do
procedimento licitatório, a execução orçamentária da despesa
etc.;
• controle posterior: tem o objetivo de rever os atos já praticados,
para corrigi-los, desfazê-los ou apenas confirmá-los. Conforme
exemplifica DI PIETRO, abrange atos como os de aprovação,
homologação, anulação, revogação, convalidação.

c) quanto à posição (interna ou externa) em que se localiza o


controle:

• controle interno: é o controle decorrente de órgão integrante


da própria estrutura em que se insere o órgão controlado.
Por exemplo, a auditoria interna de um Município realizando
auditoria numa Secretaria Municipal;
• controle externo: é o controle exercido por um dos Poderes
sobre o outro, ou a auditoria realizada por um órgão que não
é componente da estrutura da administração que está sendo
fiscalizada.

d)controle de legalidade ou controle de mérito:

• controle de legalidade: é o controle que pode ser exercido


pelos três Poderes sobre a legalidade dos atos administrativos
de acordo com as normas;
• controle de mérito: é exercido pela própria Administração
Pública verificando a oportunidade de realização do ato
administrativo.

Todos estes controles apresentados são exercidos nos meandros da


Administração Pública pelos Poderes, seus órgãos e entidades. Devemos
destacar o controle exercido pela sociedade, denominado controle social,
previsto na Constituição Federal de 1988.

O controle social é um conceito amplo e, conforme já estudado,


quanto mais transparente for a Administração Pública, maior será o grau
de controle social. O controle social será estudado em tópico específico
mais à frente. Por enquanto, fiquemos com a representação gráfica desse
tipo de controle:

Gráfico 2: Controle Social


3. Controles específicos

A Administração Pública conta, na sua estrutura, com diversos


órgãos incumbidos de exercer o controle sobre a própria Administração,
tendo a Constituição Federal de 1988 reservado atribuições específicas a
eles. Vejamos a atuação de alguns desses órgãos:

3.1. Ministério Público

Nos termos do art.128 da Constituição Federal de 1988, o Ministério


Público abrange:

I – o Ministério Público da União, que compreende:


a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

II – o Ministério Público dos Estados.

O Ministério Público é órgão independente, permanente,


essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.

O Ministério Público poderá promover inquérito civil e ação civil


pública para a proteção do patrimônio público e social do meio ambiente
e de outros interesses difusos e coletivos. O Ministério Público Federal
(MPF) atua em conjunto com a Polícia Federal, exercendo, inclusive, o
controle externo da atividade policial.

As várias ações deflagradas pela Polícia Federal são oriundas de


procedimentos investigatórios autuados por Procuradores da República,
que solicitam aos juízes federais a quebra de sigilos telefônicos e
bancários, além da busca e apreensão de bens e documentos, bem como
a prisão temporária de envolvidos em irregularidades e corrupções.

A sociedade poderá representar ao Ministério Público Federal, ou


seja, levar ao Procurador da República informações quanto a qualquer
tipo de irregularidade cometida contra Administração Pública, seja por
servidores ou outras autoridades.

Quando o Tribunal de Contas da União (TCU) julga as contas


dos gestores responsáveis pela aplicação de verba federal, sendo tal
julgamento pela irregularidade, o TCU encaminha cópia da decisão para
o Ministério Público Federal, que promoverá as ações específicas para o
caso (ações cíveis, penais e/ou de improbidade administrativa).

Como exemplo, podemos citar o caso de um Prefeito Municipal


que firma convênio com a União, não executa de forma correta o
objeto proposto, e tem as contas julgadas irregulares pelo TCU. Além
das sanções aplicadas pelo Tribunal (condenação para devolução do
dinheiro recebido e multa), ele encaminha cópia do Acórdão (decisão)
para o Ministério Público Federal, a fim de que esse promova as ações
pertinentes. Geralmente, o Ministério Público apresenta ao Poder
Judiciário ações penais e ações de improbidade administrativa.

Vejamos uma nota divulgada pela Assessoria de Comunicação do


MPF:

20/01/2010 - Ex-prefeito de Nazaré do Piauí é condenado por improbidade

O ex-prefeito de Nazaré do Piauí, [nome omitido], foi condenado em


mais uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério
Público Federal no Piauí, por meio do procurador da República Carlos Wagner
Barbosa Guimarães. O ex-gestor teve os direitos políticos suspensos por quatro
anos porque não prestou contas de recursos federais repassados ao município
por meio de convênio firmando com o Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE).
Além da suspensão dos direitos políticos, a juíza Maria da Penha Fontenele
acolheu outro pedido do procurador da República condenando [nome omitido] a
ficar proibido de contratar com o Poder Público ou receber benefícios, incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
O Convênio nº 9.911/97 tinha como objetivo a construção de uma
escola municipal e aquisição de equipamentos necessários a sua instalação
e funcionamento, no valor de 39.092,00 (trinta e nove mil e noventa e dois
reais). Mas em Tomada de Contas Especial realizada pelo Tribunal de Contas
da União (TCU) as contas do respectivo convênio apresentadas pelo ex-gestor
foram julgadas irregulares. Essas irregularidades levaram a Corte de Contas
a condená-lo ao pagamento de multa e ressarcimento do débito ao erário,
documentação probatória utilizada pelo MPF para embasar a ação.
A juíza não condenou o ex-gestor a ressarcir o dano e ao pagamento de
multa, outro pedido do MPF, em razão de condenação feita pelo TCU sobre os
mesmos fatos, o que, segundo a Lei, se reveste de força executória.

Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República no Piauí
O Ministério Público dos Estados estão presentes nas várias regiões
das unidades da federação, divididas em Comarcas. Nestas Comarcas
atuam Promotores de Justiça que têm por função, também, assegurar
respeito às normas e direitos da sociedade. Os Promotores estão mais
próximos das populações municipais, podendo ser acionados por
qualquer cidadão para garantir os direitos previstos na Constituição
Federal.

São nos Municípios que as políticas públicas, ou programas de


governo, ou as ações governamentais são executadas. Por exemplo, a
prestação dos serviços de saúde, a merenda escolar, o transporte escolar
etc., são todos executados nos Municípios. Caso estas ações encontrem-
se deficitárias, apresentando algum problema, comunique ao Procurador
de Justiça que atua na sua Comarca para que ele possa verificar o que está
acontecendo de errado e possivelmente constituir ação de improbidade
administrativa contra o gestor faltoso.

Lembrete:
Como vivemos em um país federal, conforme discorrido no início
deste curso, devemos lembrar que é competência do Ministério Público
Federal zelar pelas ações executadas por meio de recursos públicos
federais. Já nas ações implementadas pelo Estado e/ou Município, a
Competência para agir é do Ministério Público Estadual.

Gráfico 3: Competência pela fiscalização de recursos exercida pelo


Ministério Público

3.2. Polícia Federal

Nos termos da Constituição Federal de 1988, a Polícia Federal


destina-se a apurar infrações contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços de interesses da União ou de suas entidades
autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme.
A Polícia Federal exerce, com exclusividade, as funções de polícia
judiciária da União, ou seja, “é um órgão da segurança do Estado que tem
como principal função apurar as infrações penais e a sua autoria por meio
da investigação policial, procedimento administrativo com característica
inquisitiva, que serve, em regra, de base à pretensão punitiva do Estado
formulada pelo Ministério Público, titular da ação penal1”.

Conforme mencionado anteriormente, a Polícia Federal é acionada


pelo Ministério Público Federal para executar ações de investigação,
bem como execução de mandados de busca e apreensão nas operações
contra atos de corrupção.

Vejamos uma nota sobre a atuação da Polícia Federal:

MPF, Polícia Federal e CGU realizam operação conjunta


em Eldorado do Sul (RS)

Quinta-feira, 07 de Outubro de 2010 12:40

Suspeita é de direcionamento de licitações e crimes contra a administração


pública no município

A Polícia Federal, acompanhada pelo Ministério Público Federal e pela


Controladoria-Geral da União, realizou na manhã desta quinta-feira a Operação
Muisca. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão de documentos
e materiais que podem comprovar suposto direcionamento de licitações e crimes
contra a administração pública no município gaúcho de Eldorado do Sul. As
suspeitas recaem principalmente sobre as áreas de saúde e transporte.
As investigações se iniciaram em março de 2009 na Procuradoria
Regional da República da 4ª Região, unidade do MPF, a partir de representação
oferecida por um cidadão. Foram realizadas diligências, buscas em bancos de
dados oficiais e, em julho de 2010, Polícia Federal e CGU passaram a auxiliar
no trabalho. Ao todo, foram reunidos 22 volumes de documentos.
Os mandados cumpridos nesta quinta foram expedidos pelo Tribunal
Regional Federal da 4ª Região a pedido do Ministério Público Federal. O nome
da operação é alusivo à tribo onde surgiu a lenda do Eldorado. Participaram da
operação 40 policiais federais, além de servidores da CGU e do MPF.

Assessoria de Comunicação
Procuradoria Regional da República na 4ª Região

1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Judici%C3%A1ria
3.3. Advocacia-Geral da União

A Advocacia-Geral da União (AGU) é a instituição que representa


a União judicial e extrajudicialmente. Em outros termos, a AGU, por
meio da procuradoria da união, promove ações que visam a proteger
a União, a exemplo de ações de ressarcimento de dinheiro público
desviado de forma criminosa.

Ressalte-se que, quando o Tribunal de Contas da União profere


uma decisão, esta se torna título executivo extrajudicial, ou seja, é um
título que confere a obrigação de pagar pelo devedor. Quando o devedor
não efetua o pagamento, quem executa o título perante o Poder Judiciário
é a Advocacia-Geral da União. A AGU promove uma pesquisa dos bens
do responsável pelo pagamento, com a finalidade de que esses bens
garantam a dívida devida.

Vejamos uma notícia sobre a atuação da Advocacia-Geral da


União:

Notícia
Combate à corrupção

Evento divulga ações para recuperar dinheiro público desviado na


Paraíba
Data da publicação: 10/12/2009

Na Semana Internacional de Combate à Corrupção, a Advocacia-Geral


da União participou das atividades programadas pelo Fórum de Combate à
Corrupção na Paraíba. Na última quarta-feira, 22 órgãos públicos, dentre eles
a Procuradoria da União na Paraíba (PU/PB), enviaram representantes até a
praça central da cidade de João Pessoa onde foi realizada a “Feira contra a
Corrupção”.
Na ocasião a PU/PB apresentou balanço com resultados da atuação pelo
ressarcimento de dinheiro público desviado em atitudes criminosas. Durante
o ano, 55 ações foram ajuizadas no estado na tentativa de recuperar aos cofres
públicos um valor que supera R$ 10 milhões. A maioria desses processos
foram abertos contra ex-prefeitos, ex-presidentes de fundações e até contra
membros de comissões de licitação.
Já as execuções baseadas em decisões do TCU originaram 34 ações de
ressarcimento que totalizam o valor de R$ 5,9 milhões. As fiscalizações feitas
pela Controladoria-Geral da União (CGU) no estado embasaram 20 ações de
improbidade administrativa, número três vezes maior que em 2008. Os valores
atingem a marca de R$ 3.9 milhões.
Para o Procurador-Chefe da PU/PB, Dário Dutra Sátiro Fernandes, além
de divulgar a atuação da Advocacia-Geral, o evento estreitou as relações do
órgão com a sociedade. “A participação da Procuradoria da União no Fórum é
de fundamental importância para a divulgação do papel da AGU no combate
à corrupção, aproximando-a da sociedade, demonstrando a sua atuação pró-
ativa na recuperação das verbas públicas malversadas e consolidando a sua
imagem de advocacia de estado”, disse.

A PU/PB é uma unidade da Procuradoria-Geral da União (PGU), órgão


da AGU.

3.4. Controladoria-Geral da União

A Controladoria-Geral da União (CGU) é o órgão de controle


interno do Poder Executivo federal. Sua área de atuação engloba a
maioria dos órgãos e entidades públicas. A CGU também é composta
da Corregedoria-Geral da União, cuja função é investigar, por meio
de Sindicâncias e Processos Administrativos Disciplinares, as faltas
cometidas, no exercício da função pelos servidores públicos federais.
A CGU também engloba a Ouvidoria-Geral da União, que recebe e
trata as informações encaminhadas a ela sobre irregularidades e demais
denúncias de competência de atuação da CGU.

A Controladoria-Geral da União possui em sua estrutura


organizacional a Secretaria Federal de Controle Interno (SFC), cuja
missão consiste em zelar pela boa e regular aplicação dos recursos
públicos. As ações de controle implementadas pela CGU consistem
em fiscalizações e auditorias. Fiscalizações são ações de controle mais Tomada de Contas Especial
rápidas sobre determinados atos e fatos administrativos, enquanto as (TCE) é um processo
auditorias consistem em trabalhos mais extensos e aprofundados sobre instaurado pelo órgão ou
determinadas áreas da gestão pública. entidade concedente de
recursos públicos, cuja
A CGU, desde 2003, implementou o Programa de Fiscalização finalidade consiste em
a Partir de Sorteio Público, que consiste em verificar a aplicação identificar o responsável
de recursos públicos federais nas bases municipais e estaduais. Ao que causou dano ao
encontrar falhas e irregularidades, a Controladoria-Geral da União patrimônio público, bem
recomenda ao órgão ou entidade federal repassador dos recursos que como definir o valor
implemente os meios necessários para ajustar a aplicação dos recursos desse dano, para fins de
federais, seja por meio de ajustes ou de instauração de processos de cobrança. O processo de
Tomada de Contas Especial com vistas à recomposição do prejuízo TCE é julgado no Tribunal
causado ao erário federal. de Contas da União.

Também consta da estrutura organizacional da Controladoria-Geral


da União, a Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas
(SPCI), criada em 24 de janeiro de 2006. Com a criação da SPCI, passou a
existir uma área específica capaz de centralizar todas as ações de inteligência
e prevenção da corrupção. Esse novo modelo dotou a Controladoria dos
instrumentos e da capacidade de utilizar técnicas inovadoras na prevenção
da corrupção. Além de promover a centralização e o fomento das ações
preventivas, a nova estrutura tornou viável a organização de uma unidade de
inteligência, colocando o Brasil em sintonia com os países que se encontram
na vanguarda da prevenção à corrupção.

Muitas são as indagações de seguinte teor: 1) a CGU faz as mesmas


atividades do TCU? 2) qual a diferença entre o trabalho do TCU e da
CGU? 3) não há sobreposição de esforços entre TCU e CGU?

Esclareçamos, então, tais indagações:

1. A Controladoria-Geral da União é um órgão de controle


interno do Poder Executivo Federal e produz auditorias e
fiscalizações. O Tribunal de Contas da União, auxiliar do
Congresso Nacional no exercíco do controle externo, também
realiza fiscalização, mas essa é apenas umas das funções do
TCU, que engloba função consultiva, informativa, judicante,
sancionadora, corretiva, normativa e de ouvidoria (conforme
veremos no tópico específico sobre o Tribunal de Contas da
União).

2. O trabalho da CGU está afeto ao Poder Executivo Federal,


enquanto o TCU realiza ações de controle tanto no Poder Executivo
quanto nos Poderes Legislativo e Judiciário. A diferença consiste
basicamente em que o TCU, por julgar contas dos administradores
e responsáveis, autua diversos processos de controle externo,
seguindo um rito processual que engloba os princípios da
legalidade, da ampla defesa e do contraditório. Por conta disso, o
TCU realiza determinações e aplica sanções, conforme as funções
típicas do TCU explanadas na resposta anterior.

3. O TCU e a CGU se comunicam constantemente para evitar


a sobreposição de esforços sobre determinadas ações da
Administração Pública. Pode até ocorrer uma fiscalização do
mesmo objeto, porém tais ações de controle terão enfoque
diferenciado. A implementação da Rede de Controle da Gestão
Pública, que será estudada em tópico específico mais adiante,
propicia um canal de comunicação, planejamento e ação que
neutraliza a sobreposição de esforços.
3.5. Controles da Atividade Judiciária

A Constituição Federal de 1988, a partir da Emenda Constitucional


nº 45/2004, instituiu dois órgãos que cuidam do controle da atividade
judiciária. São eles: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho
Nacional do Ministério Público (CNMP).

Ao CNJ, presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal,


compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além
de outras atribuições previstas na própria Carta Magna (art. 103-B).

Ao CNMP, presidido pelo Procurador-Geral da República,


compete o controle da atuação administrativa e financeira do
Ministério Público e do cumprimento funcional de seus membros,
cujas atribuições estão previstas no texto da Constituição Federal (art.
130-A).
Síntese

Nesta aula estudamos o controle exercido sobre a Administração


Pública. Partindo da noção de estado federal, subdividido no Brasil em
União, Estados e Municípios, compreendemos o que é administração
direta e indireta.

A partir dessa subdivisão, estudamos espécies de atuação do


controle. Chegamos, então, a compreender a atuação de alguns órgãos
que exercem o controle sobre a Administração Pública

Convidamos os participantes a resolverem os exercícios de fixação


da aula 1 da Unidade 2.
Referências bibliográficas

BRASIL. Constituição Federal Brasileira. Disponível em <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm> Acesso
em 12 de novembro de 2010.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17 ed. São


Paulo: Atlas, 2004.

LIMA, Luiz Henrique. Controle Externo: teoria, jurisprudência e mais


de 400 questões. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 26ª ed.


Malheiros Editores. São Paulo, 2001.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo:


Atlas, 2010.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25 ed.


São Paulo: Malheiros, 2005.
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Ismael Soares Miguel
Paulo Prudêncio Soares Brandão Filho
Vivian Campelo Fernandes
DIAGRAMAÇÃO
Vanessa Vieira

Brasil. Tribunal de Contas da União.


Controles na Administração Pública - 2.ed. / Tribunal de Contas da União;
Conteudista: Renato Santos Chaves. – Brasília : TCU, Instituto Serzedello
Corrêa, 2012.
17 p. : il., color.

Conteúdo: Unidade 2: Controles. Aula 1: Controle da administração


pública.

1. Controle, estudo e ensino, Brasil. 2. Administração pública, controle.


I. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Ministro Ruben Rosa

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