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Nutrição,

crescimento e controlo dos


microrganismos. Fatores
quimicos e fisicos
Nutrição microbiana
◼ Todos os organismos vivos
obtém
do ambiente.

◼ Os nutrientes são necessários


como materiais de construção
das células e como fonte de
energia necessária ao trabalho
celular.

◼ Os nutrientes são
metabolisados (transformados
em substâncias de menor
dimensão) em moléculas mais
.
Nutrição microbiana
Nem todos os nutrientes são requeridos nas mesmas proporções:
macronutrientes – necessários em grandes quantidades,
micronutrientes – requeridos em pequenas quantidades, por vezes,
em quantidades vestigiais.

Macronutrientes (90% peso seco celular):


Carbono, Hidrogénio, Oxigénio, Azoto,
Fósforo, Potássio, Enxofre, Magnésio, Cálcio,
Ferro
Micronutrientes (9% peso seco celular):
Zinco, Cobre, Manganésio, Cobalto, Níquel

Factores de Crescimento:
Vitaminas e Hormonas
Macronutrientes
❖ Carbono e Azoto

- Em termos de peso seco, uma célula é constituída por cerca de 50%


de carbono.

-Todos os organismos necessitam de carbono, embora sejam


extremamente diversificados relativamente ao tipo e número de
compostos orgânicos que podem utilizar.

-O elemento mais abundante a seguir ao carbono é o azoto. Em termos


de peso seco, uma célula bacteriana típica é constituída por cerca de
12% de azoto, que é um elemento importante na constituição das
proteínas, ácidos nucleicos, e outros constituintes celulares.
Grande parte do azoto disponível na natureza encontra-se
sob a forma inorgânica, como amónia (NH3), nitrato (NO3-),
ou azoto (N2).

O gás azoto (N2) só pode ser utilizado como fonte de azoto por
determinadas bactérias, as bactérias fixadoras de azoto.

Outros Macronutrientes: P, S, K, Mg, Ca


Fósforo (P) – surge na natureza quer sob a forma de fosfato orgânico
como inorgânico e é requerido pela célula para a síntese de ácidos
nucleicos e fosfolípidos.

Enxofre (S) – As exigências nutricionais em termos do elemento enxofre


prendem-se com o seu papel na composição estrutural dos aminoácidos
cisteína e metionina bem como na composição de vitaminas, tais como
a tiamina e biotina. A maioria do enxofre celular tem origem em fontes
inorgânicas, quer como sulfato (SO42-) ou sulfito (HS-).
Potássio (K) – Algumas enzimas, incluindo aquelas envolvidas na
síntese proteica, requerem este elemento.
Magnésio (Mg) – Estabiliza estruturas como os ribossomas, as
membranas celulares, os ácidos nucleicos e é requerido para a actividade
de muitas enzimas.
Ferro (Fe)- Desempenha um papel de relevo na respiração celular,
sendo um dos componentes do citocromo e de proteínas envolvidas no
transporte de electrões.

Cálcio (Ca) – Ajuda a estabilizar a parede celular bacteriana e


desempenha um papel preponderante na estabilidade dos
endosporos ao calor.
Micronutrientes
São requeridos em pequenas quantidades mas são tão críticos para o
funcionamento celular como os macronutrientes. Os micronutrientes
são metais, muitos dos quais desempenham um papel estrutural
importante em várias enzimas.
Factores de Crescimento
Factores de crescimento são compostos orgânicos que, tal como os

micronutrientes, são necessários em quantidades muito reduzidas e

apenas por algumas células. Os factores de crescimento incluem

vitaminas, aminoácidos, purinas e pirimidinas.

Apesar de alguns microrganismos possuírem a capacidade de

sintetizar todos estes compostos, outros existem que requerem um ou

mais compostos pré-formados a partir do meio ambiente.


Transporte de nutrientes
Tipos de transporte:
⚫ Difusão simples
⚫ Difusão facilitada
⚫ Transporte activo

As bactérias vivem em soluções diluídas de


nutrientes → a evolução seleccionou
especialmente os mecanismos de transporte
activo
https://planetabiologia.com/transporte-ativo-tipos-exemplos-resumo/
Cultura de microrganismos
Os meios de cultura devem permitir o pleno desenvolvimento
microbiano através da associação equilibrada de agentes químicos
(nutrientes, pH, etc.) e físicos (temperatura, viscosidade, atmosfera,
etc) que permitem o cultivo de microrganismos fora de seu “habitat”
natural.

Diferentes microrganismos podem apresentar exigências


nutricionais distintas.

Estado Físico Composição


Química
• Líquido
• Definidos
• Sólido
• Complexos
• Semi-sólido
Objectivos
funcionais
• Selectivos
• Diferenciais
Classificação dos meios de cultura
quanto à composição química

Meios de Cultura Meios de Cultura


Definidos Complexos
Preparados por adição
São quimicamente
de quantidades precisas
indefinidos e de
de substâncias
composição variável. Os
inorgânicas ou orgânicas
meios complexos
a água destilada.
contém na sua
Consequentemente, a
composição extracto de
composição química
levedura, extracto de
exacta de um meio
carne, peptona, farinha
definido é conhecida.
de soja,etc.
Classificação dos meios quanto aos
objectivos funcionais

Meios “Não
selectivos”: são Meios “Selectivos”: Meios “Diferenciais” :
formulados para se são formulados para podem crescer vários tipos
observar o suprimir o de microrganismos mas,
crescimento da maior crescimento dos devido ao diferente
variedade de microrganismos que aspecto que tomam nesse
microrganismos não interessam ao fim meio, estes podem
possível. Utilizam-se em vista, permitindo o distinguir-se
quando desejamos crescimento dos macroscopicamente.
realizar contagens de microrganismos que
TODOS os desejamos estudar.
organismos presentes
numa amostra.
Classificação dos meios de
cultura quanto ao estado físico

Meios Líquidos:
Meios semi-sólidos: Meios sólidos: As células
quando se pretende
têm uma consistência estão imobilizadas, permitindo
recuperar uma cultura
pouco firme, pois o seu crescimento e
danificada ou
contém uma pequena originando massas isoladas
quantidades
quantidade de agente denominadas colónias. A
apreciáveis de
solidificante (0,3 a composição é idêntica ao meio
biomassa.
0,5% de agar). São líquido exceptuando a
usados, por exemplo, presença de um agente
para permitir observar solidificante, em geral o agar,
a motilidade de normalmente presente em
microrganismos cerca de 1,5%.
móveis.
Cultura de Microrganismos em
Laboratório
O meio de cultura uma vez preparado e esterilizado pode ser
inoculado (isto é, os organismos podem ser adicionados) e
incubado em condições que suportem o crescimento
microbiano.

Se inocularmos apenas 1 estirpe o crescimento será de uma


cultura pura - cultura que contém apenas um único tipo de
microrganismo.

Para obter ou manter uma cultura pura é essencial que


outros organismos não entrem em contacto com o meio. Tais
organismos indesejados são denominados contaminantes.
Exemplos de colónias bacterianas. Colónias são massas
visíveis de células formadas a partir de subsequentes
divisões de uma ou várias células. O tamanho, forma, textura
e cor de uma colónia bacteriana é característica do
organismo que lhe dá origem. Dependendo do seu tamanho e
da disposição de células na colónia, esta pode ter um número
variável de células.
➢ Técnicas de Assépsia
Porque os microrganismos estão dispersos pelo meio
ambiente, é necessário esterilizar o meio de cultura antes
da sua utilização. Uma vez esterilizado o meio de cultura,
este pode receber um inóculo de uma cultura pura e dar
início ao processo de crescimento. Este procedimento
requer técnicas de assépsia.

As técnicas de assépsia consistem num conjunto de


procedimentos utilizados para evitar a contaminação
durante a manipulação de culturas e de meios de cultura
estéreis.
Transferência Asséptica. (a) A ansa é esterilizada por
incineração ao rubro (b) O tubo é aberto (c) O bocal do
tubo é passado pela chama. (d) A amostra é removida
através da ansa esterilizada. (e) Após remoção da
amostra, o bocal do tubo entra novamente em
contacto com a chama e a amostra é transferida para
meio estéril. (f) O tubo é fechado. A ansa é novamente
incinerada antes de ser colocada no seu local habitual.
➢ Método de estrias ou do riscado em placa para
Obtenção de Culturas Puras
Crescimento confluente
no início do riscado

Colónias isoladas no
fim do riscado

Método do riscado para a obtenção de culturas puras. (a) A ansa é previamente


esterilizada por incineração e uma amostra de inóculo é removida do tubo. (b) O
riscado é feito sobre a superfície do meio sólido, espalhando o microrganismo.
Seguem-se vários riscados em ângulos diferentes, sendo a ansa incinerada entre
cada um deles. (c) Aparência da placa após incubação.
Crescimento Microbiano

◼ O termo refere-se não só ao


aumento do crescimento celular
(alongamento celular) mas em
linguagem corrente ao aumento
no número de micróbios.

◼ O resultado do crescimento
microbiano é a colónia =
agregado de células filhas com
origem numa única célula.

◼ O tempo necessário para um ciclo


de crescimento, ou seja, para
haver aumento no número de
micróbios (crescimento) é
designado por TEMPO DE
DUPLICAÇÃO ou de GERAÇÃO.
Tempo de geração
Na maioria dos procariotas, o crescimento (celular) ou alongamento celular de
uma célula individual prossegue até que esta se divida em duas novas células -
fissão binária.

O tempo requerido para


um ciclo de crescimento
completo (ciclo celular)
numa bactéria é DNA
altamente variável e
está dependente de Replicação do DNA
uma série de factores, Processo geral para a
Alongamento celular
fissão binária de um
quer nutricionais como
Uma Geração

Formação do Septo
genéticos. Sob as procariota em forma de
condições nutricionais bastonete.
mais adequadas a
bactéria Escherichia coli Formação de paredes
pode completar um celulares distintas.

ciclo em apenas 12,5


minutos Separação celular
Tempo de geração em condições óptimas
(37ºC) Tempo
de geração
(min)

Bacillus mycoides (causa de infecção origem alimentar )


28

Escherichia coli 12,5

Staphylococcus aureus (causa infecções)


27-30

Mycobacterium tuberculosis (agente da tuberculose)


792 – 932

Treponema pallidium (agente da sífilis) 1,980


Crescimento populacional

Velocidade de crescimento - alteração no número de células ou massa celular por


unidade de tempo.

Tempo de geração (tg): tempo requerido para a formação de duas células a partir
de uma.

Tempo (h) Número Total Tempo (h) Número Total


de Células de Células
➢ Crescimento Exponencial
0 1 4 256

0.5 2 4.5 512


Dados referentes a uma população que
duplica em cada 30 minutos. Este 1 4 5 1024
padrão de crescimento populacional no
1.5 8 5.5 20.48
qual o número de células duplica em
cada período de tempo é denominado 2 16 6 4096
crescimento exponencial.
2.5 32 ------ ------

3 64 ------ -----

3.5 128 10 1048576


3
➢Crescimento Exponencial Logaritmica
ou logarítmico Aritmética

células (escala
aritmética)
Número de
Dados representados em escala aritmética
(ordenada da esquerda) e em escala
logarítmica (ordenada da direita).

Tempo (h)

Uma característica do crescimento exponencial reside no facto de o aumento no


número de células ser inicialmente lento e crescer significativamente com o tempo.

➢ Parâmetros do Crescimento
O aumento no número de células que ocorre no crescimento exponencial de uma
cultura bacteriana é uma progressão geométrica de constante de proporcionalidade
igual a 2.
➢ Ciclo de Crescimento de uma cultura

Curva de crescimento típica para uma cultura batch (isto é, em sistema descontínuo e
fechado) de uma população bacteriana.
Fase Lag – Quando uma população microbiana é inoculada num meio
fresco, o crescimento, habitualmente, não se inicia de imediato mas
apenas após um período de tempo denominado fase lag. Este intervalo de
tempo pode ser de maior ou menor extensão dependendo do historial da
cultura bem como das condições AMBIENTAIS (de crescimento).

Fase Exponencial – É consequência do facto de cada célula dividir-se


para originar duas células e assim sucessivamente. As células nesta fase
encontram-se no seu estado mais activo em termos metabólicos e,
consequentemente, células recolhidas a meio da fase exponencial são
frequentemente requeridas para estudos enzimáticos bem como de outros
componentes celulares. A velocidade do crescimento exponencial é
influenciada por condições ambientais (temperatura, composição do meio
de cultura), assim como por características genéticas do próprio
organismo.
Fase Estacionária – O crescimento exponencial não pode prosseguir
indefinidamente. O crescimento populacional pode ser limitado por um dos
seguintes factores: (1) um nutriente essencial no meio de cultura é
esgotado ou (2) algum produto fruto do metabolismo microbiano pode
atingir níveis inibitórios para o crescimento. Neste ponto a população
atingiu a fase estacionária. Nesta fase não existe aumento ou decréscimo
no número de células.

Fase de Morte – Em alguns casos a morte é acompanhada por lise


celular. A figura referente ao ciclo de crescimento indica que a fase de
morte é também exponencial; contudo, na maioria dos casos, a velocidade
de morte celular é muito mais lenta do que a do crescimento exponencial.

Nota: As diferentes fases do ciclo de crescimento de uma cultura,


referidas anteriormente, obviamente não se aplicam a células
individuais mas apenas a populações de células!!!
Medições Directas do Crescimento Microbiano:
Contagem de Células Totais e de Células Viáveis
O crescimento populacional é avaliado monitorizando alterações no número de
células ou no peso de alguns componentes da massa celular (por exemplo,
proteínas) ou no peso seco total da própria célula.

➢ Contagem Total de Células – câmara de contagem


➢ Contagem de Células Viáveis

➢ Fontes de Erros nas Contagens em Placa


O número de colónias obtidas numa contagem depende não apenas do tamanho
do inóculo mas também do meio de cultura, do operador e das condições
de incubação, nomeadamente tempo e temperatura de incubação.

Com o intuito de obter resultados mais rigorosos, deve inocular-se em duplicado.

A contagem de células viáveis é expressa em unidades formadoras de colónias


(UFC).
Medições Indirectas do Crescimento Microbiano:
Método Espectrofotométrico (e Turbidimétrico)

Uma suspensão celular apresenta um aspecto turvo porque as células


absorvem luz (radiação). Quanto maior o número de células presentes,
maior é a absorção na amostra (menor a intensidade da radiação
imergente) e, consequentemente, mais turva é a amostra.

A turvação pode ser avaliada recorrendo a um espectrofotómetro ou a


um fotómetro - aparelhos que fazem incidir uma luz através da
suspensão celular e que detectam a intensidade da radiação imergente.
Comprimentos de onda vulgarmente utilizados para medições
espectrofotométricas de suspensões bacterianas incluem 540 nm
(verde), 600 nm (laranja) ou 660 nm (vermelho).

Quer o espectrofotómetro como o fotómetro medem apenas a luz não


absorvida, e as leituras são registadas em unidades Klett (para o
fotómetro) ou densidade óptica (para o espectrofotómetro).

Lu z
Luz incidente, I0Amostra imergente, I
Filtro ou Célula Registador
contendo
Prisma fotoeléctrica
células -espectrofotómetro – densidade
(mede a luz
imergente, I) óptica (DO) = log (I0/I) =A.
- fotómetro – unidades Klett =
DO/0,002
Efeitos Ambientais no Crescimento Microbiano

A actividade dos microrganismos é consideravelmente afectada pelas

condições físicas, químicas e biológicas do meio ambiente.


FACTORES que afectam o desenvolvimento :

1. Temperatura ( Factor extrínseco)


2. pH (Factor intrínseco)
3. Disponibilidade em água (humidade relativa (Factor
extrínseco) e aw (Factor intrínseco))

4. Potencial Oxi-Red (O2) (Factor intrínseco) e gases


atmosféricos (Factor extrínseco)
5. Conteúdo nutrientes (Factor intrínseco)
6. Presença de antimicrobianos (ex: poluição) ( Factor
extrínseco)
7. Presença e actividade de outros microrganismos ( Factor
extrínseco)
(ex1: competição por nutrientes, etc)
(ex2: produção de antibióticos, bacteriocinas, ácidos orgânicos,
H2O2, etc)
FACTOR Temperatura

A temperatura é um dos factores ambientais mais importantes no


crescimento e sobrevivência dos microrganismos.

➢ Temperaturas Cardeais
A temperatura pode afectar os organismos vivos de duas formas
distintas: (1) à medida que a temperatura sobe, as reacções
químicas e enzimáticas prosseguem a uma velocidade superior e o
crescimento torna-se mais rápido (2) acima de uma determinada
temperatura, algumas proteínas podem ser irreversivelmente
danificadas.

Para todos os organismos existe uma temperatura mínima abaixo


da qual não ocorre crescimento, uma temperatura óptima à qual o
crescimento é mais rápido e uma temperatura máxima acima da
qual o crescimento não é sustentável.
A temperatura óptima encontra-se sempre mais próxima da
temperatura máxima do que da mínima.

Estas três temperaturas, denominadas temperaturas cardeais, são geralmente


características de cada tipo de organismo mas não são completamente fixas, uma vez
que podem sofrer ligeiras alterações como consequência de outros factores
ambientais, em particular, pela composição do meio de crescimento.

Reacções enzimáticas
ocorrem à máxima
velocidade possível
Reacções enzimáticas

Velocidade de
Efeito da temperatura na velocidade

Crescimento
ocorrem a velocidades Óptima
de crescimento e as consequências, a crescentes

nível molecular, para a célula. As três


temperaturas cardeais variam entre os
Mínima
organismos. Máxima

Temperatura

Gelificação da membrana: os Desnaturação das proteínas;


processos de transporte são tão colapso da membrana
lentos que não suportam o citoplasmática, lise térmica
crescimento
Classes de Organismos e Temperaturas de Crescimento
É possível distinguir quatro grupos de microrganismos relativamente
à sua temperatura óptima: psicrotrófico, capaz de se
✓ psicrófilos, preferência pelo frio desenvolver no frio

✓ mesófilos, preferência por temperatura intermédia (temperatura óptima média)

✓ termófilos, preferência por temperatura elevada (temperatura óptima elevada)


✓ hipertermófilos, com temperatura óptima muito elevada

Termófilo
Hipertermófilo Hipertermófilo
Mesófilo

Psicrófilo

Relação da temperatura com a velocidade de crescimento de um


típico psicrófilo, um típico mesófilo, um típico termófilo e dois
diferentes hipertermófilos.
➢ Crescimento Microbiano a Baixas Temperaturas

• Ambientes Frios
Oceano – Temperatura média  5ºC

Profundezas do oceano – Temperatura entre 1 a 3ºC

Vastas áreas do Árctico e Antárctico estão permanentemente congeladas ou


sofrem descongelação durante escassas semanas no Verão

• Microrganismos Psicrófilos e Psicrotróficos (psicrotolerantes)


Um psicrófilo pode ser definido como um organismo com uma temperatura
óptima de crescimento entre 12 e 15ºC, uma temperatura máxima de crescimento
entre 15 e 20ºC e uma temperatura mínima de crescimento entre -5 e +5ºC (ex:
algumas Aeromonas)

Organismos que crescem entre -5 e +5ºC, mas possuem uma temperatura óptima
entre 25 e 30ºC e uma temperatura máxima de crescimento entre 30 e 35ºC, são
denominados psicrotróficos ou psicrotolerantes. (ex: Pseudomonas)
Os microrganismos psicrófilos são encontrados em ambientes
permanentemente frios, tal como as regiões polares, ou em sedimentos
marinhos das regiões polares, mas também são isolados da pele do
pescado de águas frias.

Alguns dos psicrófilos mais exaustivamente estudados são algas que se


desenvolvem em massas densas no interior ou abaixo do gelo nas
regiões polares.

Os microrganismos psicrotróficos estão mais amplamente distribuídos


que os psicrófilos e podem ser isolados a partir de amostras de solo e
água em climas temperados, assim como em carne, leite, vegetais e
frutos armazenados no frigorífico a 4ºC.
• Congelação

A água pura congela a 0ºC e a água do mar a –2,5ºC, mas a congelação


não é contínua e existem bolsas microscópicas de água a estas
temperaturas e ainda inferiores.

Apesar de a congelação não suportar o crescimento microbiano, não


causa, necessariamente, a morte microbiana.

Líquidos miscíveis com a água como o glicerol e o dimetilsulfóxido


(DMSO), quando adicionados a uma concentração final de cerca de 10% à
suspensão celular, penetram as células e protegem-as contra a
severidade da desidratação e previnem a formação de cristais de gelo.

Com efeito, a adição de tais agentes, denominados crioprotectores é uma


medida comum para conservar as culturas microbianas a temperaturas
consideravelmente baixas (normalmente entre –70 e –196ºC). Estas
suspensões celulares podem permanecer viáveis por longos períodos de
tempo.
➢ Crescimento Microbiano a Temperaturas
Intermédias

Mesófilos – Temperatura mínima: entre 5 e 15ºC, óptima entre 30 e 40ºC


e temperatura máxima entre 40 e 47ºC.

Se existir abuso na temperatura de armazenamento do pescado


(temperaturas acima de +10 ºC) os mesófilos podem desenvolver-se
passando a ser o grupo de microrganismos mais preocupante pois inclui
os patogénicos para o Homem.
➢ Crescimento Microbiano a Temperaturas
Elevadas

Termófilos – Temperatura mínima: entre 40 e 45ºC, óptima entre 55 e


75ºC e temperatura máxima entre 60 e 90ºC.

Hipertermófilos–organismos cuja temp. óptima de crescimento é  75ºC.

Os ambientes com temperaturas extremas mais elevadas encontrados


na natureza estão associados a fenómenos vulcânicos.

Termófilos originam
algumas das cores
intensas da Grand
Prismatic Spring, no
Yellowstone National
Park
• Hipertermófilos e Nascentes Termais

Nas nascentes (ou fontes) termais em ebulição encontram-se uma


variedade de procariotas hipertermófilos pertencentes aos domínios
Eubacteria e Archaea.

Estudos desenvolvidos indicaram que a velocidade de crescimento de


organismos vivos nestes ambientes é muito rápida, com tempos de
geração de cerca de 1h.

Alguns destes hipertermófilos exibem temperaturas óptimas de


crescimento superiores a 100ºC.
• Termófilos

Muitos termófilos (temperatura óptima de crescimento entre 55 e 75ºC)


estão presentes em nascentes termais bem como em outros ambientes
com temperaturas elevadas.

Em geral, os organismos procariotas são capazes de crescer a


temperaturas mais elevadas do que os eucariotas.

Os organismos não fototróficos são capazes de crescer a temperaturas


mais elevadas do que as formas fototróficas.
➢ Factor pH

Cada organismo apresenta um intervalo de valores de pH dentro do


qual o crescimento é possível. Frequentemente, possui um valor de pH
óptimo para o seu desenvolvimento.
Os organismos que se desenvolvem melhor a baixos valores de pH são
denominados acidófilos.
Algumas bactérias são acidófilas obrigatórias, incapazes de crescer
a valores de pH próximos da neutralidade.
O factor mais crítico para um acidófilo obrigatório é a estabilidade da sua
membrana citoplasmática. Quando o pH aumenta para a neutralidade, a
membrana citoplasmática de bactérias fortemente acidófilas dissolve-se e
as células lisam, o que sugere que são requeridas elevadas concentrações
de iões hidrogénio para a estabilidade da membrana.
Exemplos de acidófilos
Archaea
Sulfolobales, ordem
Thermoplasmatales, ordem
Acidianus brierleyi, A. infernus, bactérias Archaea
termoacidófilas
e anaeróbias facultativas
Metallosphaera sedula, termoacidófilas

Bacteria
Acidobacterium, filo
Acidithiobacillales, ordem das Proteobacteria ex: A.
ferrooxidans,
A. thiooxidans
Thiobacillus prosperus, T. acidophilus, T. organovorus, T.
cuprinus
Acetobacter aceti, bactéria que produz ácido acético através da
oxidação do etanol.
Alguns extremófilos possuem valores de pH óptimo muito elevados (por
vezes, pH = 10); são denominados alcalófilos (ex: Bacillus alcalophilus)

Os microrganismos alcalófilos são por vezes encontrados em solos ricos


em carbonato.

Alguns alcalófilos encontram aplicações a nível industrial porque produzem


enzimas hidrolíticas, tais como proteases e lipases, activas a valores
alcalinos de pH e são utilizadas como suplemento em detergentes
domésticos.

Acidófilos = pH óptimo 1-5,5;


Neutrófilos = pH óptimo 5,5 a 8;
Alcalófilos = pH óptimo 8,5 a 11,5; alcalófilos extremos = pH óptimo ≥10
• O pH intracelular

O valor de pH óptimo para o crescimento refere-se ao pH do ambiente


extracelular apenas; o pH intracelular deve permanecer próximo da
neutralidade para evitar a destruição de macromoléculas no interior das
células.

• Soluções Tampão

Numa cultura batch (ou em descontínuo) o pH pode variar durante o


crescimento como resultado de reacções metabólicas que consomem ou
produzem substâncias ácidas ou básicas. Assim, soluções químicas
denominadas tampões são frequentemente adicionadas ao meio de
cultura microbiano para manter o pH relativamente constante.
Para intervalos de pH próximos da neutralidade (pH 6-7.5), o fosfato,
normalmente fornecido na forma de KH2PO4, é um excelente tampão.
➢ Factor actividade da água (aw)

A disponibilidade de água é normalmente expressa em termos físicos pela


actividade da água.
A actividade da água, abreviadamente aw, é a razão entre a pressão de vapor do
ar em equilíbrio com uma substância ou solução e a pressão de vapor da água
pura (mede a DISPONIBILIDADE DA ÁGUA).

Assim, o valor de aw varia entre 0 e 1. A actividade da água em solos agrícolas


está normalmente compreendida entre 0.90 e 1.

A água difunde-se de uma região com mais água (ou seja, menor
concentração de solutos) para uma região com menos água (elevada
concentração de solutos) num processo denominado Osmose.

Na maioria dos casos, o citoplasma de uma célula possui maior concentração de


solutos do que o meio ambiente, então a água tende a difundir-se para o interior
da célula. Contudo, quando a célula se encontra num ambiente com baixa
actividade da água, existe uma tendência para esta fluir para fora da célula,
causando DESIDRATAÇÃO (caso da SECAGEM e da CONGELAÇÃO).
Na natureza o efeito osmótico é de interesse considerável principalmente em
ambientes com elevadas concentrações de sais. A água do mar contém 3% de
cloreto de sódio (NaCl) além de pequenas quantidades de outros minerais e
elementos.

Halotolerantes Halófilos Halófilos


Extremos

Velocidade de crescimento
Efeito da concentração de ião sódio no
crescimento de microrganismos com diferente
tolerância ao sal. Para halófilos extremos a
concentração óptima de NaCl ronda os 15 a
30% dependendo do organismo.

Não halófilos
Exemplo: Escherichia coli NaCl
➢ Solutos Compatíveis

Como crescem os organismos em condições de baixa aw?

Quando um organismo cresce num meio com uma baixa actividade da


água , pode obter água do seu meio circundante apenas por aumento
da sua concentração interna de soluto.

Um aumento na concentração interna de soluto pode ser conseguida


quer por entrada de iões inorgânicos para a célula a partir do meio
exterior quer através da síntese ou concentração de solutos orgânicos.

Os solutos utilizados no interior da célula para ajuste da actividade


citoplasmática da água não podem ser inibitórios para os processos
bioquímicos da célula: tais compostos são denominados solutos
compatíveis (exemplos: açúcares, álcoois, aminoácidos).
➢Factor potencial de Oxid-Red e o Crescimento
Microbiano
Os microrganismos diferem na necessidade em determinado potencial de oxid-
red (Eh). O Eh é medido em mV.
A relação dos microrganismos com o potencial Oxid-Red (Eh)
mV
-421 Metanogénicos
2H+ + 2e- H2

Condições
Favorecimento de redutoras
anaeróbios

=Concentrações de 0
oxidante e redutor

Favorecimento de
aeróbios Condições
oxidantes

Bactérias aeróbias
1/2O2+ 2H+ + 2e- H2O + 816
e alguns fungos
Conhecendo o Eh do meio conhecemos o tipo de microflora existente no mesmo.

A relação dos microrganismos com o oxigénio

Grupo Relação com o Tipo de Exemplo


oxigénio metabolismo
Aeróbios
estritos Requerida Respiração Micrococcus luteus
aeróbia
facultativos Não requerida Respiração Escherichia coli
(desenvolvem-se aeróbia e
melhor à superfície) anaeróbia,
fermentação
Microaerofílicos Requerem mas a Respiração Spirillum volutans
níveis inferiores aos aeróbia
da atmosfera
Anaeróbios
Aerotolerantes Não requerem mas Fermentação Streptococcus
crescem na sua pyogenes
presença
estritos Prejudicial ou letal Fermentação ou Methanobacterium
respiração formicicum
anaeróbia
A anaerobiose estrita ocorre em três grupos de
microrganismos:

✓uma ampla variedade de procariotas (exemplo: Clostridium –


bactéria gram positiva formadora de esporos)

✓alguns fungos

✓alguns protozoários

O oxigénio é fracamente solúvel em água  agitar para promover a sua


incorporação no meio de cultura ou borbulhar ar estéril no meio através
de um filtro.

Para culturas anaeróbias, o problema é excluir o oxigénio. Recipientes


preenchidos com meio até ao topo e vedados com rolhas são um
método adequado para microrganismos não muito sensíveis a pequenas
porções de O2.
É também possível adicionar um redutor que se combina com o oxigénio
e o reduz a água.

Um dos aparelhos mais simples para remover todos os vestígios de O2 é


a câmara de anaerobiose. O ar no interior da câmara é substituído por
uma mistura de H2 e CO2. O H2 reage com o O2 no interior da câmara
sobre a superfície de um catalisador para originar H2O.
(a) O oxigénio penetra apenas a uma pequena
distância no tubo, pelo que os microrganismos
aeróbios estritos desenvolvem-se apenas à
superfície. (b) Os anaeróbios sendo sensíveis
ao oxigénio crescem apenas afastados da
superfície. (c) Os aeróbios facultativos são
capazes de crescer quer na presença como
ausência de oxigénio pelo que se desenvolvem
em toda a extensão do tubo. No entanto, o
crescimento ocorre em melhores condições na
proximidade da superfície. (d) Microaerófilos
crescem mais afastados da zona onde a
concentração de oxigénio é maior. (e)
Anaeróbios aerotolerantes crescem em toda a
extensão do tubo. No entanto o crescimento
não é melhor à superfície do tubo uma vez
que estes microrganismos apenas fermentam.

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