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Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras
e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.
Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.
Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não
previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da
Universidade do Minho.
Atribuição-NãoComercial-SemDerivações
CC BY-NC-ND
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
ii
Agradecimentos
Para a realização deste trabalho, foi essencial a ajuda e apoio de diversas pessoas, às quais
quero agradecer.
Em primeiro lugar, cabe-me agradecer à minha família por todas as suas formas de demonstrar
força e motivação para esta etapa tão importante do meu percurso académico.
Aos professores que me orientaram durante todo o Mestrado em Ensino de Música na
Universidade do Minho, em especial ao professor orientador Nuno Aroso pela compreensão e ajuda no
desenvolvimento deste projeto.
Aos professores cooperantes Américo Costa e Lúcia Morim por todos os ensinamentos e por
toda a compreensão demonstrada.
Aos alunos que tive o prazer de acompanhar durante este ano letivo.
Aos meus amigos por todo o apoio.
Agradeço também ao Tomás Rosa, por todo o apoio e incentivo e por nunca deixar de acreditar
nas minhas capacidades.
iii
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE
Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não
recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou
resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.
Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.
iv
O Flautim na iniciação à aprendizagem da Flauta Transversal
Resumo
v
Piccolo in the initiation of the learning of the Flute
Abstract
This report was realized within the scope of the Curriculum Internship of the Master in Music
Teaching of the University of Minho, focusing on the recruitment groups M19 (Transverse Flute) and
M32 (Ensemble Classes). The internship took place at the Calouste Gulbenkian Conservatory of Music
in Braga in 2017/2018, supervised by Professor Doctor Nuno Aroso.
The main objective of this intervention was to verify the viability of using the Piccolo in the
initiation of the learning of the Flute, based on existing didactic material for this regime and the creation
of new techniques to help students acquire musical skills more easily and in a more comfortable way.
In the observation phase, individual reports were made in each class exposing the contents
approached, the technical facilities and difficulties presented by the students, the adopted
methodologies as well as the environment and the relationship created between teacher and student,
thus contributing to a greater evolution. In a second phase, a set of pedagogical activities were
conceived to be carried out in the Supervised Teaching Practice classes, duly planned, which addressed
the main technical aspects, such as instrument handling, posture, mouth and sound, fingering and
articulation.
The instruments used for data collection consisted in observation reports and grids, interviews
with the project students and the cooperative teacher, and a questionnaire for Flute teachers from across
the country. The observed results were satisfactory, verifying a better instrument adaptation and an
increased development in learning, proving that Piccolo can be a viable alternative.
vi
Índice
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................... 1
3. Postura ......................................................................................................................................... 12
5. Dedilhação .................................................................................................................................... 18
6. Articulação .................................................................................................................................... 23
1.1. Análise da entrevista realizada ao professor cooperante de flauta transversal (M09) ....................... 56
vii
1.3. Análise do questionário realizado aos professores de flauta transversal do ensino especializado em
todo o país ................................................................................................................................................. 58
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................. 70
ANEXOS .......................................................................................................................................................... 73
Anexo II – Guião da entrevista à Professora de flauta do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian ....... 77
viii
Índice de Figuras
Figura 1: Flauta Fife ........................................................................................................................... 4
Figura 2: Cabeça curva para Flauta Transversal .................................................................................. 5
Figura 3: Especificidades dos modelos Nuvo ....................................................................................... 6
Figura 4: Modelo J-Flute ..................................................................................................................... 7
Figura 5: Modelo Student Flute ........................................................................................................... 7
Figura 6: Flautim de 4 chaves ............................................................................................................ 9
Figura 7: Flautim com sistema Boehm................................................................................................ 9
Figura 8: Flautim de metal................................................................................................................ 10
Figura 9: Flautim de plástico ............................................................................................................ 10
Figura 10. Posição da rolha, Flautim................................................................................................. 12
Figura 11. Postura corporal correta .................................................................................................. 14
Figura 12. Mau posicionamento do corpo: "básculas paralelas de ombros e quadril" (Fonseca, M.P.M,
2015) .............................................................................................................................................. 14
Figura 13. Orifício do Flautim e da Flauta Transversal ....................................................................... 16
Figura 14. Posição correta do lábio inferior ....................................................................................... 17
Figura 15. Flautas Idade Média ........................................................................................................ 19
Figura 16. 1ºchave de registo na flauta ............................................................................................. 19
Figura 17. Modelo de flauta com 8 chaves........................................................................................ 20
Figura 18. Flauta Transversal Sec. XIX .............................................................................................. 20
Figura 19. Flauta Boehm 1832......................................................................................................... 21
Figura 20. Sistema de chaves da Flauta Boehm 1832 ...................................................................... 21
Figura 21. Novo sistema de chaves, Boehm...................................................................................... 22
Figura 22. Flauta Boehm (1847) ...................................................................................................... 22
Figura 23. Posição das mãos e dedos............................................................................................... 22
Figura 24. Partes da língua e da boca............................................................................................... 23
Figura 25. Alinhamento do Flautim ................................................................................................... 39
Figura 26. Kit de Limpeza do Flautim ............................................................................................... 40
Figura 27. Partes do Flautim ............................................................................................................ 40
Figura 28. Postura corporal .............................................................................................................. 41
Figura 29. Posição correta dos lábios ............................................................................................... 42
Figura 30. Exercício de Embocadura e Sonoridade............................................................................ 42
ix
Figura 31. “A tune a day”, exercício 3, p.8 ...................................................................................... 43
Figura 32. “A tune a day”, exercício 3, p.8 ....................................................................................... 43
Figura 33. “Flauta Amiga”, Exercício 12, p.19 .................................................................................. 44
Figura 34. “Flauta Amiga”, Exercício 5, p.21 .................................................................................... 44
Figura 35. “Flauta Amiga”, Exercício 6, p.21 .................................................................................... 44
Figura 36. “Flauta Amiga”, Exercício 7, p.21 .................................................................................... 44
Figura 37. “The fife book”, p.14 ....................................................................................................... 45
Figura 38. Exercício 1, caderno diário ............................................................................................... 46
Figura 39. Exercício 2, caderno diário ............................................................................................... 46
Figura 40. “Méthod Complète the Flute”, Exercício 31, p.14 ............................................................. 47
Figura 41. “Méthod Complète the Flute”, Exercício 32, p.14 ............................................................. 47
Figura 42. “Articulation Practice Book”, Exercício 1, p.17 ................................................................. 47
Figura 43. “The flute fun book”, p.10 ............................................................................................... 49
Figura 44. “The flute fun book”, p.9 ................................................................................................. 49
Figura 45. “The flute fun book”, p.15 ............................................................................................... 50
Figura 46. “Há quantos anos leciona a disciplina de flauta transversal?” ........................................... 60
Figura 47. “Tem ou já teve alunos em regime de iniciação (6-9 anos de idade)?” .............................. 60
Figura 48. “Quais as principais dificuldades que encontra nestes alunos?”........................................ 61
Figura 49. “Costuma utilizar algum instrumento alternativo à flauta transversal com alunos de iniciação?”
........................................................................................................................................................ 62
Figura 50. “Que instrumentos alternativos utiliza?” ........................................................................... 62
Figura 51. “Reconhece alguma dificuldade para a aprendizagem do aluno nas alternativas que utiliza?”
........................................................................................................................................................ 63
Figura 52. “Considera que a utilização do flautim pode ser uma opção viável no ensino de alunos de
flauta em regime de iniciação?" ........................................................................................................ 64
Figura 53. “Já utilizou o flautim como alternativa no ensino da flauta transversal com alunos de
iniciação?” ....................................................................................................................................... 66
x
Índice de Tabelas
Tabela 1. Planificação 1 - Aluna C..................................................................................................... 50
Tabela 2. Planificação 5 - Aluna C..................................................................................................... 52
Tabela 3. Planificação 8 - Aluna A ..................................................................................................... 53
Tabela 4. Planificação 12 - Aluna B................................................................................................... 54
Tabela 5. Dificuldades sentidas nas alternativas à flauta transversal .................................................. 63
Tabela 6. Aspetos positivos e negativos no uso do flautim ................................................................. 64
Tabela 7. Experiências vivenciadas positivas ..................................................................................... 66
xi
Introdução
O presente relatório foi realizado no âmbito do Estágio Curricular do Mestrado em Ensino de
Música da Universidade do Minho, incidindo nos grupos de recrutamento M19 (Flauta Transversal) e
M32 (Classes de Conjunto). O estágio decorreu no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de
Braga no ano letivo 2017/2018, supervisionado pelo Professor Doutor Nuno Aroso.
No decorrer da elaboração do projeto de intervenção surgiu a temática “O Flautim na iniciação
à aprendizagem da Flauta Transversal”. Esta temática transporta-me para os primeiros anos de estudo
da flauta transversal, nos quais enfrentei alguns problemas no que diz respeito ao manuseamento do
instrumento, provenientes de questões ergonómicas em consequência do peso e tamanho do
instrumento.
Hoje em dia, há cada vez mais oferta por parte das escolas específicas de música a possibilidade
de se aprender um instrumento cada vez mais cedo. As instituições já apresentam regimes de frequência
que vão desde o pré-escolar (3-6 anos de idade) até a secundário e possivelmente prosseguir os estudos
para a universidade. Todavia, na aprendizagem de um instrumento tem que se ter especial atenção às
características físicas dos alunos.
A iniciação à flauta transversal entre os seis e nove anos de idade, nem sempre é fácil por isso
mesmo, o seu peso e tamanho são muitas vezes um entrave nesta fase. O acompanhamento por parte
do professor e dos pais no percurso do aluno é muito importante para que este não adote uma má
postura, provocando dores e lesões musculares acabando assim por prejudicar a sua evolução e levando-
o à desmotivação.
No entanto, os recursos didáticos apresentados no mercado para a substituição da flauta
transversal na iniciação à sua aprendizagem têm vindo a ganhar especial destaque, devido à sua
constituição e também pelo aspeto visual atrativo. Porém, os professores apesar de usarem essas
alternativas ainda não chegaram a um consenso de qual é a mais viável.
Olhando para esta problemática acho fundamental tentar encontrar uma solução viável. Assim
sendo, através deste projeto de intervenção pretendo demonstrar que o flautim pode ser uma alternativa
mais eficaz para aplicar nestas situações, visto que é um instrumento pequeno, leve e vai estar sempre
presente na carreira de um futuro flautista.
1
Com o intuito de atender às especificidades da iniciação à flauta transversal, o seguinte projeto tem como
principal objetivo perceber se o Flautim é uma alternativa pedagógica viável, fazendo uma abordagem
dos conteúdos programáticos mais relevantes nesta fase, ajudando assim os alunos a adquirirem
competências musicais mais facilmente e de uma maneira mais cómoda.
O primeiro capítulo, reflete sobre o ensino da flauta transversal na iniciação, faz uma breve
contextualização histórica do flautim e incide sobre os conteúdos trabalhados ao longo das aulas
lecionadas, como manuseamento do instrumento, postura, embocadura e sonoridade, dedilhação e
articulação.
No segundo capítulo, é feito de forma pormenorizada a contextualização do estágio, a
caracterização da instituição onde foi desenvolvida a Prática Profissional Supervisionada (Conservatório
de Música Calouste Gulbenkian de Braga), com base no seu Projeto Educativo, bem como as suas
características e estrutura escolar. Também é feita uma descrição das disciplinas de Flauta Transversal
e Música de Camara (Quarteto de Saxofones), dos professores com os quais tive o privilégio de trabalhar
e dos alunos envolvidos no projeto de intervenção.
No terceiro capítulo, primeiramente é exposto o tema e os objetivos de investigação e intervenção do
projeto. De seguida, é apresentada a metodologia utilizada para o seu desenvolvimento, estando esta
centrada nos relatórios de observação, nos inquéritos por questionário feitos aos professores de todo o
país e nas entrevistas realizadas aos alunos. Por fim, é descrito todo o processo de intervenção e são
apresentados um exemplo de planificação para cada um dos conteúdos programáticos estabelecidos
abordados nas aulas lecionadas por mim a cada um dos alunos de flauta transversal.
O quarto capítulo, apresenta a análise e discussão de dados dos inquéritos por questionário,
bem como das entrevistas semiestruturadas realizadas às alunas e à professora da disciplina.
Por último, no quinto capítulo serão feitas as conclusões e considerações finais acerca do estágio
e do projeto de investigação nele desenvolvido.
2
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
A ausência de uma opção que elimine todos os problemas associados à prática da flauta
transversal na infância, essencialmente antes de o aluno adquirir as condições físicas necessárias,
complica o seu processo de aprendizagem.
Apesar de cada vez mais haver soluções presentes no mercado para a resolução desta
problemática, nem todas possuem as caraterísticas essenciais para a aprendizagem do instrumento.
Após dados recolhidos, foram então selecionadas as alternativas pedagógicas mais usadas pelos
docentes de flauta transversal de todo o país e serão apresentadas todas as suas vantagens e
desvantagens na sua utilização.
Em primeiro lugar, como alternativa mais recorrente é a Fife.
3
Fife é um termo inglês que na sua tradução significa pífaro . Este tipo de flauta é um instrumento
1
muito utilizado na iniciação da aprendizagem da flauta transversal por crianças a partir dos 5 anos de
idade. É uma flauta feita de um material plástico, muito leve, sendo esta muito fácil de transportar. Pesa
cerca de 67 gramas e não requer muitos cuidados com a sua manutenção. Divide-se em duas partes de
fácil encaixe, a cabeça e corpo, e possui um porta lábio parecido ao da flauta transversal. O corpo do
instrumento possui 8 orifícios e não apresenta nenhuma chave ou mecanismo, podendo o aluno
transportá-la na sua mochila sem ser necessário desmontar. Esta, tal como o Flautim, soa exatamente
uma oitava acima da Flauta Transversal. Ou seja, a sua tessitura abrange a extensão, que vai do DÓ4
até o MI6. A dedilhação de algumas notas é diferente na flauta transversal. O seu preço é muito acessível,
encontrando-se à venda na maioria das lojas de instrumentos musicais.
Segundo Sampaio (2005, p.25), a Fife “possui importantes qualidades que favorecem os
primeiros contatos da criança com instrumento:
“Devido a seu pequeno tamanho (praticamente a metade de uma Flauta Transversal) e também por
seu reduzido peso, o Pífaro apresenta maior facilidade para a criança segurar o instrumento,
proporcionando-lhe maior comodidade e equilíbrio;
Por ser de plástico, o Pífaro pode, sem problemas, cair no chão, bater em outros objetos, arranhar,
molhar etc. Disto surge um ambiente de maior soltura e naturalidade, características altamente
desejáveis na fase inicial de contato com um instrumento, sobretudo em se tratando do universo
infantil.“
A sua forma de emissão é idêntica à flauta transversal, tanto o nível de pressão de sopro como
o trabalho de controlo do fluxo da coluna de ar. A articulação também se processa da mesma forma.
Relativamente à sonoridade, o seu timbre é ligeiramente diferente da flauta transversal. Tal como
mencionado anteriormente, soa uma oitava acima ao registo da flauta, aproximando-me mais no
registo médio e agudo. O registo grave, é mais fácil de atingir do que na flauta transversal, na qual
normalmente há uma perda de volume sonoro.
1
Pífaro (s.m.) – Instrumento de sopro, nome genérico que indica flauta vertical ou transversal, de bambu ou de metal, sem chaves e geralmente com seis
orifícios; também chamado de gaita (no Nordeste), pífano e flautim. (ANDRADE, 1999. p. 398)
4
P. Y. Artaud (1995) no seu livro (p.10) levanta a seguinte questão: “[...] por que atormentar o
aluno com o dó sustenido e o dó natural grave se, seis meses mais tarde, esses problemas se
resolverão por si mesmos, com o sopro mais firme e a embocadura mais segura?”
No entanto na flauta Fife, não há uma grande preocupação com a execução das notas mais
graves. As desvantagens apresentadas por este instrumento, é o facto de possuir orifícios, pois se o
aluno não tapar devidamente o orifício o som vai ficar comprometido e em algumas notas as
dedilhações são diferentes das que acontecem na flauta transversal.
5
Recentemente foram criados uns modelos de flauta destinados para o público infantil, criados
pelo fabricante Nuvo Instrumental Lda. Este recurso ainda não tomou grandes proporções no ensino em
Portugal.
Estes modelos são construídos de plástico e tal como a flauta Fife não necessitam de um cuidado
tão minucioso de limpeza e manutenção. São laváveis, o que proporciona segurança, em relação à saúde
no uso deste instrumento com crianças. É um instrumento fácil de manusear, com uma grande
durabilidade e contêm umas sapatilhas feitas de borracha de silicone, que impede de ganhar água
excessiva, desempenhando então uma função impermeável. Os entendidos, aconselham uma reparação
anual.
Possuem uma imagem bastante apelativa para o público alvo, que são as crianças entre os
quatro e nove anos de idade. Estão disponíveis em diferentes cores (preta, azul, rosa e verde) e
apresentam dois modelos diferentes: J-Flute, possui o corpo e um bocal curvo sendo apropriada para os
alunos mais novos entre os quatro e seis anos de idades e Student Flute, contém cabeça reta e corpo,
sendo apropriada para os alunos mais velhos (sete a nove anos de idade).
6
Desta forma, segundo Nascimento (2016, p.33), “não será necessária a aquisição de um outro
instrumento após a fase de iniciação. Este fato é prático e gera viabilidade económica, fazendo com que
a flauta de resina possa ser utilizada por vários anos.”
1.2. Flautim
A autora Neves (2013), no seu trabalho de investigação procurou verificar a viabilidade do uso do
Flautim na iniciação à aprendizagem no seguimento da flauta Fife, em crianças cujas características
físicas não permitam ainda suportar uma flauta standard. Desta forma, procurou assim demonstrar as
vantagens e desvantagens da sua utilização.
Tendo sempre o foco na motivação do aluno e na preocupação com os problemas físicos que
estes possam contrair, sentiu-se estimulada a encontrar uma alternativa para ajulá-los no seu processo
de aprendizagem.
Buscando uma solução eficaz, a autora considerou o Flautim como uma possível alternativa
didática.
7
Na sua experiência profissional juntamente com o seu projeto de investigação, a autora deparou-
se com situações de alunos que não reuniam as características físicas necessárias para a aprendizagem
da flauta transversal. Esta condicionante apresentada pelos alunos não possibilitava um bom suporte do
instrumento condicionando o seu manuseamento, levando-os também a apresentar uma maior tensão
nas mãos e nos braços. Também devido ao tamanho dos dedos, alguns alunos não conseguiam alcançar
certas chaves.
Deparando-se com esta problemática, a autora recorre ao uso de duas alternativas didáticas: a
cabeça curva e a Fife. No uso da cabeça curva em substituição à cabeça reta como recurso didático, a
autora afirma que não obteve o resultado desejado. Segundo a autora, “(...) o equilíbrio da flauta
transversal é comprometido com a utilização de uma cabeça curva, condicionando o seu manuseamento,
como aumentava o esforço do pulso e mão direitos para o suportar, condicionando também os
movimentos desta mão.”
Usou a flauta Fife nas suas aulas em quatro situações diferentes, as quais três delas avalia
negativamente, afirmando que esta não é a melhor opção a ser usada pelos professores. As maiores
desvantagens apontadas a este instrumento são as dificuldades do aluno em tapar os orifícios e as
dificuldades técnicas encontradas.
Neves (2015), pôs em prática um Projeto Piloto, o qual englobava quatro alunos de escolas de ensino
oficial e não oficial:
“Este não seguiu uma metodologia muito estruturada, tendo acontecido em parte
pela existência de um problema real e concreto na minha atividade docente e pela
procura de uma solução para esse problema.” (Neves 2015, p.33)
8
O Flautim pertence à família da flauta transversal, sendo constituído por um pequeno tubo com
cerca de 33 cm de comprimento que se divide em duas partes: cabeça e corpo. Este soa uma oitava
acima do registo da flauta. A partir do seculo XIX, passa efetivamente a fazer parte da orquestra,
desempenhando grande destaque em algumas sinfonias de Ludwig van Beethoven.
Dombourian-Eby (1991), baseado na sua pesquisa afirma que em 1772 o instrumento possuía
uma chave, o qual foi utilizado em Beethoven e Rossini. No ano de 1824, foi datado nos tratados o
aparecimento dos instrumentos de seis chaves no sistema antigo. Já no ano de 1850 aparecem
evidências dos primeiros flautins feitos no Sistema Boehm, provavelmente com corpos cilíndricos. Os
flautins com corpos cônicos surgem em tratados de, provavelmente, 1870. Em 1843, Berlioz fala sobre
o flautim de múltiplas chaves no seu tratado de orquestração. Só no tratado de François-Auguste Gevaert
em 1885, é que o Flautim reconhecido com o sistema Boehm. De 1900 em diante, temos a permanência
de ambos os flautins, cónicos e cilíndricos.
Existem vários tipos de materiais usados na construção do Flautim, tais como plástico, metal,
madeira ou a junção de diferentes materiais, como cabeça de metal e corpo de madeira. A utilização
de diferentes materiais tem grande influência no som, na qualidade e custo do instrumento.
O Flautim de metal o que tem uma aparência mais semelhante à flauta transversal,
precisamente pelo de facto se ser construído de níquel ou prata. Este tipo de flautim é mais usado para
grandes conjuntos como bandas e fanfarras devido às suas características. Possui bocal também de
metal com porta-lábio e é geralmente cilíndrico como a flauta. Usufrui de uma grande durabilidade e
resistentência. Como consequência, usufrui de um som mais brilhante e penetrante do que os
restantes.
9
Figura 8: Flautim de metal
Por último, o Flautim de madeira de todos os apresentados é o que usufrui de um som mais
doce e flexível, podendo também ser tocado de uma forma mais expressiva. Estes, não possuem porta-
lábio e são os mais caros. Geralmente, são mais utilizados por profissionais em orquestras e outros
conjuntos sinfónicos, pois além de seu som mais delicado, também permite maior fusão com os outros
instrumentos do naipe das madeiras e das cordas. A madeira mais utilizada hoje é a grenadilha, uma
madeira africana muito resistente e semelhante ao ébano (que hoje não pode mais ser comercializado,
pois está em extinção). Deve-se ser especial atenção para que estes não fiquem danificados, podendo
mesmo rachar a madeira como consequência de variações de temperatura e humidade.
10
Segundo Kiehl, “um piccolo novo deve ser “amaciado” tocando-se no máximo cerca de 30
minutos por dia, durante o primeiro mês.”
“(...) Recomenda-se também a hidratação da madeira com óleos especiais pelo menos uma vez ao
ano. O óleo preenche as fibras da madeira de forma homogénea (por dentro e por fora) e impede a
penetração da água. Este procedimento deve ser feito por um especialista.” (“Conhecendo melhor o
piccolo”, p.1)
Este instrumento, apesar de pequeno requer alguma habilidade e delicadeza para a sua performance.
As maiores dificuldades encontradas é ao nível da afinação e dinâmicas, pois se o aluno não controlar a
pressão da coluna do ar, resulta num som mais duro e estridente. Para usufruir de um som delicado é
necessário ter cuidado com a emissão do ar e os lábios menos rígidos e menos tensos. Este defeito
também pode provocar uma diminuição na flexibilidade e no controlo de afinação.
2. Manusear o instrumento
As primeiras noções básicas que o aluno deve adquirir no contacto com a flauta é o seu
manuseamento. Fatores como a montagem, constituição, alinhamento e manutenção são muito
importantes para a durabilidade e para a execução do instrumento, por isso devem ser incutidos aos
alunos desde o início.
Através da análise de vários livros sobre o assunto, verifica-se que a má manutenção do flautim pode
influenciar questões técnicas do instrumento. Verificar a posição da rolha, da abertura das chaves e o
alinhamento do bocal, é crucial para evitar problemas ao nível da emissão de som e da sua afinação.
Por exemplo, a má colocação da rolha influencia diretamente a afinação do instrumento. Se estiver
mais cima do bocal a afinação fica baixa, no inverso, com a rolha mais abaixo do bocal, a afinação fica
mais alta.
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Figura 10. Posição da rolha, Flautim
Outro fator que influencia a sua afinação é o alinhamento. Se a orifício do bocal estiver mais para
dentro do que o normal, a afinação baixa e o som fica mais pequeno sem margem para alcançar
diferentes dinâmicas. Se estiver demasiado virado para fora, o som fica muito ventoso e sem ressonância.
Relativamente às chaves, se estas alcançarem uma abertura maior do que a normal vai
prejudicar a emissão da nota correspondente. A este fenómeno, os flautistas chamam de “folgas” nas
chaves. Assim, ao longo do tempo para mecanicamente não hajam falhas, o instrumento necessita de
uma manutenção profissional regular.
Na sua maioria, os flautins são feitos de madeira. Portanto, deve-se ter um cuidado redobrado
pois a madeira é mais sensível às diferenças de temperatura e humidade do que o metal, podendo
originar fissuras ou danos graves no instrumento. Deve-se também hidratar a cortiça existente no corpo
do flautim que encaixa na cabeça.
3. Postura
Nos dias de hoje, as crianças são obrigadas a carregar regularmente mochilas com muito peso,
devido à quantidade de livros e material que têm que levar para as aulas, prejudicando assim a sua
postura. Outro fator prejudicial é o tempo que passam sentados nas aulas. A necessidade de
consciencializa-los para adotar uma boa postura durante todo o seu percurso escolar é imprescindível.
Normalmente, as crianças que iniciam a aprendizagem da flauta transversal contraem alguns maus
hábitos muitas vezes por causa do peso e tamanho do instrumento. De modo a auxiliar este processo,
grande parte dos métodos mais importantes de flauta abordam esta matéria mostrando as formas mais
adequadas para se ter uma boa postura.
12
Johann Joachim Quantz, compositor e flautista alemão, foi dos primeiros autores a manifestar
preocupação com questões técnicas relacionadas à postura na execução da flauta. O autor detalhou
assuntos como posição do corpo, sustentação do instrumento, respiração e embocadura no seu tratado
“Essay of a Method for Playing The Transverse Flute (1752)”.
A cabeça deve-se sustentar sempre ereta, e de maneira natural, assim a respiração não será
prejudicada. Você deve sustentar seus braços um pouco afastados de seu corpo, o esquerdo um
pouco mais que o direito, e não pressioná-los contra o corpo, afim de que sua cabeça não fique em
uma posição obliqua em relação ao seu corpo; isso poderia, além de causar uma má postura, impedir
sua respiração, uma vez que sua garganta se contrairia e a respiração não aconteceria tão facilmente
como deveria ser. Você deve sempre sustentar a flauta com firmeza contra sua boca, a alternância
desta pressão pode afetar a afinação.”2
(QUANTZ, 1752, p.37).
A posição de segurar a flauta é antinatural pois além de sustentar os braços para cima, há uma
maior tendência para apoiar grande parte do peso no lado direito, ou então apoiar o queixo no ombro
esquerdo ou o cotovelo direito no tronco e também criam uma tensão no pescoço ao incliná-lo para
frente. Todas estas falhas provocam tensões musculares, causando desconforto e dores que acabam
por influenciar a performance do aluno na execução do instrumento e no rendimento do tempo de estudo.
Para obter uma boa postura, a flauta/flautim deve ser posicionada/o numa linha paralela na
direção dos lábios, criando assim uma posição mais natural.
“A posição deve ser confortável e o corpo numa posição natural. Uma atitude rígida deve ser
assimilada, é fatigante, prejudicial ao desempenho e distrai o ouvinte. os cotovelos devem ser
mantidos afastados do corpo para evitar a compressão dos pulmões, mas, no entanto, não devem ser
mantidos muito elevados. desde o início é necessário assumir o hábito de olhar ao espelho enquanto
estiver a tocar. isso evitará uma postura defeituosa.”3
(Taffanel & Gaubert, Complete Flute Method vol.1, p.15)
2
Citação original: “The head must always stand upright, and naturally so breathing will not be impaired. You should hold your arms a little apart from your
body, your left a little more than your right, and not press them against your body, so that your head is not in an oblique position in relation to your body;
This could, in addition to causing poor posture, prevent your breathing, as your throat would contract and your breathing would not happen as easily as it
should have been. You should always hold the flute firmly against your mouth, alternating this pressure can affect the pitch”.
3 “The position must be comfortable and the body in a natural position. A stiff attitude must be guarded against; it is fatiguing, harmful to
the performance and distracts the listener. The elbows should be held away from the body to avoid compressing the lungs, but, however,
not held too high. From the start it is necessary to assume the habit of looking in a mirror while playing. This will avoid a faulty posture.”
13
Segundo Fonseca, et al., para se obter uma boa postura corporal, os glúteos e as escápulas
devem estar corretamente alinhados (Fig.), caso contrário já está a contrair alguma tensão. Esta é a
posição correta que se deve adotar no dia-a-dia para evitar tensões desnecessárias e sentir conforto no
corpo. O bom apoio dos pés também é fundamental para o equilíbrio corporal. Assim, o peso do corpo
deverá ser distribuído de igual forma nos dois pés ou de forma a oscilar o peso do corpo entre um pé e
outro.
Citando o autor anterior, “Visto de frente, o flautista tende a desalinhar todas as linhas
horizontais: linhas das pupilas, entre os dois tragus, entre os dois mamilos, além das cinturas escapular
e pélvica.”
Figura 12. Mau posicionamento do corpo: "básculas paralelas de ombros e quadril" (Fonseca, M.P.M, 2015)
14
Desta forma, é fundamental o papel do professor para corrigir estes erros e orientar o aluno a
obter uma postural corporal mais natural, para que este se sinta melhor a tocar. O aluno deve ter uma
consciência corporal desde cedo, sendo que a prática de algum desporto ou exercícios de alongamentos,
juntamente com o devido descanso, irão certamente fortalecer a sua performance e resistência.
4. Embocadura e Sonoridade
O som é o meio de comunicação na música e é através deste fenómeno que o artista comunica
com o público. Desta forma expressa a sua intenção musical, intenção da frase melódica e todo o
conteúdo do discurso musical que o compositor pretende transmitir através das notas musicais escritas.
O timbre é o elemento essencial para o instrumentista criar o ambiente e as diferentes sensações
e sentimentos no seu público, juntamente com as diferentes dinâmicas sonoras para dar tensão musical.
Contudo, a qualidade sonora está sempre dependente do controlo da coluna do ar do instrumentista, o
chamado apoio diafragmático.
Na flauta transversal, tal como acontece nos outros instrumentos de sopros, a sonoridade não
será afetada apenas pela emissão do ar, é também necessário alcançar uma boa embocadura para ter
um bom controlo sonoro.
Uma boa embocadura devemos ter em conta vários fatores como, língua, maxilares e a
colocação correta dos lábios no instrumento, aliando-se à produção constante de ar. Todos eles devem
estar relaxados mantendo o aspeto natural do rosto e assim obter-se-á uma maior flexibilidade nos lábios
para produzir grandes saltos e mudanças de registo, bem como para corrigir afinações e provocar
diferentes timbres. No entanto, o relaxamento não deve interferir no trabalho dos músculos essenciais
para formar uma boa abertura nos lábios para o ar atravessar.
4
The embouchure is the shape and position of our lips when we play a wind instrument. To make a sound we need to make an opening in the centre of
our lips for the air to come out”.
15
Na iniciação à aprendizagem da flauta, há uma maior dificuldade em manter a velocidade do ar
de forma constante e uma maior precisão nos lábios para que o som seja homogéneo. Se este processo
não estiver bem solidificado, o aluno ao tocar acaba por criar oscilações sonoras levando-o a atingir
diferentes oitavas nas notas pretendidas, harmónicos das notas ou a criar tensões desnecessárias nos
lábios resultando num som defeituoso.
Taffanel & Gaubert no seu método defende que “as características físicas mais favoráveis para obter
controlo sobre a embocadura são:
a) Lábios nem muito finos nem muito grossos;
b) dentes direitos;
c) Mandíbula inferior não proeminente;
d) Parte superior do queixo levemente côncava.”5
Segundo Morris e Wye, contrariamente ao procedimento da flauta, para se obter uma boa
embocadura no flautim é necessário obter-se uma abertura dos lábios mais pequena, fazendo um pouco
5
“The physical attributes most favourable to gain control over the embouchure are:
a) Lips neither too thin nor nor too thick.
b) Even teeth.
c) A lower jaw that is not prominent.
d) Upper part of the chin slightly concave.” 5
16
mais de pressão, pois a velocidade do ar necessita ser mais rápida. Na maioria das vezes, o lugar do
flautim deverá ser ligeiramente acima do ponto de contato da flauta.
“O primeiro aspeto a ser tratado é a tensão muscular que nos permite usar certa pressão para expirar
o ar. Tocar o flautim demanda de um fluxo de ar mais rápido que a flauta. A velocidade de ar
apropriada será conseguida somente utilizando-se uma maior pressão.” (p.4) 6
Devido aos diferentes tamanhos do orifício do bocal, a porção do bocal que deverá ser coberto
não é totalmente específica. Diferentes autores afirmam que para as notas mais graves deverá cobrir-se
1/3 do bocal e para as notas mais agudas, um pouco mais da metade do bocal.
Ainda Nicola Mazzanti, em seu Mazzanti Method, (p. 3 e 4) assegura que no estudo do
instrumento, não há a necessidade de apertar demasiado a embocadura pois, dessa maneira, o espaço
da cavidade oral ficará reduzido. Ainda segundo Mazzanti, não há um ponto de contato fixo do flautim
na embocadura, pois o tamanho dos lábios influencia consideravelmente, assim como não há um ponto
exato de contato na flauta.
Patrícia Morris e o flautista Trevor Wye no método Practice Book for the Piccolo, aproximam as
características da flauta e do flautim na intenção de facilitar a sua aprendizagem.
6
“The first thing to be addressed is the muscular tension that enables us to use a certain pressure to expel the air. The piccolo calls for a faster airflow than
the flute. The proper air speed will be achieved only by using a stronger pressure.”
17
Segundo o flautista e professor Marcel Moyse:
“Não é um problema que possa ser tratado teoricamente; mas, após anos de trabalho e reflexão, e
tomando como base minha experiência pessoal, eu tive convicção que um som bonito, fora de
qualquer ideal que façamos sobre isso, não depende exclusivamente de disposições físicas naturais.
Trabalho metódico, conduzido com inteligência, pode trazer importantes mudanças aos lábios (...)7
(Marcel Moyse, De La Sonorité - Art et Technique, 1934, p. 2)
Como esta fase em que os alunos se encontram é muito inicial, não há a necessidade de
aprofundar o estudo das especificidades técnicas do flautim. O foco principal incide no uso do flautim de
forma a facilitar a aprendizagem dos alunos, tendo em conta o seu tamanho e peso e todas as suas
semelhanças com a flauta transversal.
Há diversos exercícios de iniciação à aprendizagem apresentados por diferentes autores, tais
como Taffanel & Gaubert, Trevor Wye, Tomás Ferriz, Liz Goodwin, os quais podemos adaptar no flautim
para trabalhar a sonoridade e embocadura. Ao analisar estas propostas conclui-se que todas elas são
constituídas à base de notas longas e em diferentes ritmos. Portanto, se os alunos praticarem
regularmente estes exercícios no instrumento, vão adquirir mais controlo ao toca-lo.
5. Dedilhação
Dedilhação, são as posições que os dedos devem adotar para obter as diferentes notas através
do sistema mecânico do instrumento.
A flauta transversal é constituída por um mecanismo de chaves para posicionar os dedos e desta
forma se consiga tocar as diferentes notas musicais. Este sistema de chaves sofreu grandes alterações
desde a sua fase inicial primitiva até à flauta moderna, dividindo-se então em duas fases: a “alemã” e a
flauta moderna, a partir de Theobald Boehm.
As primeiras flautas eram construídas em forma de tubos únicos de madeira e continham
orifícios que eram fechados com os dedos para produzir diferentes notas.
7
“Cette question ne peut être traitée théoriquement; mais apès des anées de travail et de réflexion, me basant sur mon expérience personelle, j’ai acquis la
conviction que le “joli son”, em dehors de l’idéal que l’ on peut s’em faire, n’est pas exclusivement fonction de naturelles dispositions physiques.”
18
Figura 15. Flautas Idade Média
Já no período Barroco, a evolução da música estava a ter grandes avanços a nível instrumental,
desta forma houve a necessidade de melhorias e avanços nos instrumentos de madeira. As
características exigidas pelo novo estilo, como uma tessitura mais ampla e um contraste dinâmico mais
distinto, exigiram uma maior flexibilidade dos instrumentos para expressar esse estilo em sua totalidade.
Nesta altura a flauta transversal ganhou visibilidade face à sua sonoridade mais brilhante e às
maiores possibilidades de sua tessitura. No entanto, ainda havia muito o que ser modificado até que a
flauta transversal alcançasse tais exigências de expressividade. Jean Hotteterre, foi principal responsável
que efetuou modificações significativas na flauta, com a adição da primeira chave na flauta, por volta de
1660.
Mesmo tendo grandes problemas de afinação, devido ao sistema que possuía, a flauta desfrutava
de grande popularidade entre os compositores.
A flauta foi o primeiro instrumento do naipe das madeiras da orquestra a ter implementado um
sistema de chaves para possibilitar o cromatismo. Essa extensão da tessitura da flauta teve reflexos
imediatos na composição musical, além da maior facilidade técnica, proporcionadas quatro e seis
chaves.
19
Figura 17. Modelo de flauta com 8 chaves
O primeiro avanço substancial na flauta no século XIX, em termos mecânicos, deu-se em 1806,
com a patente registrada por Claude Laurent, de Paris. A inovação mais notável era o desenvolvimento
de adornos mecânicos necessários devido ao uso do vidro como material de construção do tubo,
auxiliados pelos encaixes de prata, os soquetes para juntar as partes e a dimensão das molas mais
resistentes. Anteriormente as chaves eram afixadas nos instrumentos por meio de um eixo, cujo suporte
era um tubo de madeira esculpido no próprio corpo do instrumento, até serem substituídos pelos tubos
fabricados em prata e que eram rosqueados no tubo de vidro.
A maior preocupação era com a extensão da tessitura da flauta. Com a realização de melhorias
na flauta foi possível alcançar notas mais agudas, o mesmo acontecia com o registo mais grave.
Com o aparecimento de Theobald Boehm (1794-1881), a flauta sofreu grandes ajustes, pois
este foi o primeiro a aplicar conceitos científicos na sua construção.
A primeira mudança deu-se na posição dos orifícios em locais acusticamente corretos, a segunda
foi a implementação de um sistema de chaves com juntas-duplas, que permitiam fechar dois orifícios
simultaneamente e mais tarde, o uso de anéis de metal, que não tinham função acústica, mas
proporcionavam o controle de diferentes chaves simultaneamente, sem a necessidade de deslocar.
20
Figura 19. Flauta Boehm 1832
A flauta de 1847, construída em prata, tinha um corpo cilíndrico, com diâmetro de 19 milímetros.
O orifício para a cabeça do instrumento, tinha diâmetro de 17 milímetros na altura da rolha, e
gradualmente aumentava até chegar à altura do corpo. Alguns ajustes foram feitos para adequar o
diâmetro dos orifícios ao novo diâmetro e formato do tubo e, após determinar as proporções exatas entre
estes diâmetros, Boehm registrou-os em um diagrama geométrico, cuja leitura proporcionava a dimensão
exata para qualquer flauta, não importando em que base de afinação fosse construída.
21
Figura 21. Novo sistema de chaves, Boehm
Tendo então a flauta um mecanismo de chaves, as mãos do aluno devem ser colocadas de
forma arredondada em cima das respetivas chaves, sendo que o polegar da mão direita deverá
posicionar-se por baixo do dedo indicador. Estes, têm a função de apoiar a flauta juntamente com a
falange do dedo indicador esquerdo.
Tal como o posicionamento do corpo, os membros superiores devem estar sem qualquer tensão
para não criar desconforto ao tocar. Os dedos devem estar perto das chaves para usufruir de uma técnica
mais rápida e cómoda, caso contrário, se estiverem afastados e se existir tensão, o aluno para além de
sentir dor ao fim de um tempo não vai conseguir ter uma técnica fluída.
Segundo Taffanel & Gaubert (1958, p. 15), não se deve afastar os dedos mais de um centímetro
das chaves.
22
6. Articulação
Para articular, o aluno deve movimentar a língua de modo a que ela toca exatamente na linha
entre a dentição e o palato sendo que a parte da língua que origina a articulação é a ponta. Se a língua
toca mais para trás desse ponto, a articulação não vai ser tão precisa, assim se for usada corretamente
a articulação vai soar da forma pretendida.
Na maioria das vezes, os alunos quando iniciam esta técnica demonstram algumas dificuldades
na perceção do processo, resultando em vários erros. A falta de compreensão do movimento da língua
dentro da boca, levam-nos a articular com o golpe da língua entre os lábios e o mau posicionamento da
ponta da língua atrás dos dentes inferiores, articulando com o centro da língua, são os erros mais
comuns.
23
As ideias sobre a iniciação à articulação são dispersas. Há autores que defendem que esta
técnica deve ser desenvolvida de imediato apenas com a cabeça da flauta, e contrariamente, outros
autores defendem que deve ser desenvolvida apenas quando a sonoridade estiver consistente.
Como exemplo, P.Y. Artaud (1995. p. 9) afirma que “a prática de golpe simples pode iniciar-se
já a partir do som produzido apenas pelo bocal”.
Goodwin, no seu livro “The fife book” (1998), apresenta detalhadamente todo o processo a
desenvolver para praticar a articulação através dos golpes de língua, também só com a utilização da
cabeça da flauta.
Já Taffanel e Gaubert, no seu Mètothe Complète the Flûte (1923), primeiramente incide apenas
sobre a aprendizagem detalhada da emissão do som, propondo uma longa lista de exercícios para que
os alunos se familiarizem corretamente com a emissão do som. Só recorre ao uso da articulação com
golpes de língua após todo esse processo.
“Para obter um ataque brusco e forte, o sopro deve ser claramente direcionado para o orifício do bisel
da embocadura; primeiro, o sopro é impedido de sair até o final da boca, tomando apoio da
extremidade da língua contra a parte atrás dos dentes superiores. Em segundo, a quantidade de ar
comprimido é libertada, levando rapidamente de volta a língua à sua posição normal.”
(Taffanel & Gaubert, Mètothe Complète the Flûte, p.14) 9
8
. Citação original: “1. Say the phrase “Treacle toffe, tip of tongue”. 2. Feel where your tongue goes in your mouth when you make the “tee” sound. Also
try “too”. 3. Make a “tee” or “too” sound on this own. 4. Now make the “tee” or “too” action without making the sound. 5. Blow onto the palm of your
hand. Then Blow again making “tee” or “too” action. When we play we need to make this action before most notes. THE TONGUE STARTS THE NOTE. 6.
Try starting some notes.”
9
Citação original: To obtain a good, loud beginning the breath must be clearly directed and boldy towards the outer edge of the embouchure, firstly the
breath is prevented from coming out by the end of longue, which is placed like stop against the back the top teath.secondly the quantity of air thus
compressed is freed by taking the longue back quickly to its normal position.
24
Quando compreendida e desenvolvida, podemos diferenciar a articulação com diferentes
ataques: simples, duplo e triplo. A este processo dá-se o nome de stacatto.
Quanto à frase musical, o ataque da língua não deve ser feito sempre da mesma forma, pois
devemos adaptar às características do estilo e da época da obra a executar.
Portanto, para articular no flautim o aluno só terá que implementar as mesmas técnicas utilizadas na
flauta, fazendo o mínimo de movimento e mantendo a articulação muito leve.
Segundo Morris e Wye (1998, p.47):
“Exercícios de articulação são exercícios de sonoridade e uma boa articulação é inútil se o som não
tem qualidade. Quando usar a língua, o iniciante muitas vezes movimenta a língua inteira. Isso pode
ser visto no espelho, onde há um grande movimento da garganta. Um dos objetivos dos exercícios, é
transferir a ação para a frente da língua somente. Isso leva tempo.”10
1. Contexto de estágio
O Projeto de Intervenção Pedagógica foi aplicado com alunos de iniciação da classe de flauta
transversal.
10
Citação original: “Articulation exercises are sound exercises, and good articulation is useless if the sound is of poor quality. When using the language, the
beginner often moves the entire language. This can be seen in the mirror where there is a great throat movement. One of the goals of the exercises is to
transfer the action to the front of the tongue only. This takes time."
25
1. Caracterização da instituição de estágio
Com cada vez mais procura e devido ao grande nível artístico, a fundadora do conservatório viu-
se novamente obrigada a pedir auxílio à Fundação Calouste Gulbenkian. Foi então construído o atual
edifício, a 31 de março de 1971. Nesta altura, por vontade do corpo administrativo, acrescentou-se as
Artes Plásticas no domínio artístico. O Ministério da Educação e Universidades, só em abril de 1982, cria
esta Escola de Música com o nome de Calouste Gulbenkian e define-a como “um estabelecimento
especializado no ensino da música e outras disciplinas afins, ministrando ainda, em regime integrado,
os ensinos primário, preparatório e secundário”, independente do liceu, conferindo-lhe autonomia
administrativa e criando uma direção, no regime de Comissão Instaladora.
Em 1986, para além da mudança na designação da escola (Escola C+S), há também uma
mudança corpo docente das disciplinas de formação geral, pois foi criado o quadro de efetivos que veio
estabilizar o projeto educativo da escola.
Com o objetivo de instalar uma escola Especializada de Música, GETAP reestrutura novos planos
curriculares para o 1º, 5º e 7º anos de escolaridade, com reforço da componente artística,
regulamentado pela Portaria n.º 1196/93, de 13 de novembro. Para quem pretendia prosseguir os
estudos no ensino especializado da música, esta carga horária veio favorecer o seu crescimento musical.
É 2011, que se define: Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian.
A Portaria n.º 225/2012, de 30 de Julho, cria o Curso Básico de Dança, o Curso Básico de
Música e o Curso Básico de Canto Gregoriano do 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e aprova os respetivos
planos de estudo, estabelecendo ainda o regime relativo à organização, funcionamento, avaliação e
26
certificação dos cursos referidos, bem como o regime de organização das iniciações em Dança e em
Música no 1.º Ciclo do Ensino Básico.
É através da Portaria n.º 243-A/2012, de 13 de agosto, que se aprovam os planos de estudos
em regime integrado e supletivo e regulamentam-se o Curso Secundário de Música (com as vertentes
em Instrumento, Formação Musical e Composição), o Curso Secundário de Canto e o Curso Secundário
de Canto Gregoriano.
Para a formação do aluno, a instituição rege-se por planos curriculares próprios, estruturados
em três diferentes tipos de regime de ensino: Integrado, Articulado e Supletivo.
Para integrar o Conservatório é exigida a realização de provas de aptidão e de conhecimentos
musicais, de modo a seriar os candidatos que revelem maior aptidão musical ao nível de execução
instrumental e dos conhecimentos teóricos.
Como estagiária, ao longo do ano pude observar que o Conservatório independentemente dos
diferentes níveis de ensino, proporciona aos alunos várias atividades, desde audições, concertos de
orquestra, de coro, de música de câmara, recitais, concurso interno. Todas estas atividades são abertas
a toda a comunidade escolar e por vezes são fora do recinto escolar, através de parcerias que o
conservatório tem com outras instituições, tais como:
• Universidade do Minho, com assento no Conselho Geral;
• Universidade de Aveiro;
• Instituto Piaget;
• Comissão Organizadora da Quaresma e Solenidades da Semana Santa;
• Câmara Municipal de Braga, com assento no Conselho Geral;
• Junta de Freguesia de S. Vítor, com assento no Conselho Geral;
• Theatro Circo;
• Câmara Municipal de Barcelos;
• Fundação Bracara Augusta, com assento no Conselho Geral;
• Casa do Professor;
• Projeto Homem;
• UCC - Unidade de Cuidados de Comunidade Assucena Lopes Teixeira (Projetos Equipa de Saúde
Escolar);
• Agrupamento de Escolas de Real, alicerçando o seu contrato de autonomia;
• DST Group, com assento no Conselho Geral;
• CPCJ Braga- Comissão de Proteção de crianças e jovens.
27
(Projeto Educativo 2014-2018, 2018, p.16-17)
A nível de espaço, dispõe vários tipos de salas de aula, todas elas equipadas com piano e
computador. Oferece ainda dois auditórios, uma sala dedicada exclusivamente à percussão, uma sala
de orquestra e biblioteca. Para que os alunos possam fazer as refeições dentro da escola, também
disponibiliza um refeitório com cozinha, um bufete e uma sala de convívio.
Em articulação com a Associação de Pais e sob sua responsabilidade, o conservatório dispõe
também de ATL. Foi cedida uma sala ampla, na qual os alunos do 1º ciclo podem frequentar enquanto
estão nas instalações, mesmo em tempo não letivo, devidamente acompanhados a tempo inteiro pelas
seis auxiliares destacadas.
Para os alunos que não possuem instrumento próprio ou para as aulas de grupo de grandes
formações, a escola disponibiliza instrumentos. No entanto, para que o aluno possa usufruir do
instrumento é necessário fazer a sua requisição e um seguro. Estes instrumentos só podem ser usados
para fins de aprendizagem escolar e de estudo individual.
O Conservatório de Música Calouste Gulbenkian é uma grande referência do ensino artístico
musical.
O Conservatório de Música Calouste Gulbenkian além de músicos pretende formar cidadãos através da
interação entre a música e o quotidiano. Durante todo o percurso académico têm como objetivo
desenvolvimento das competências da criação artística e performativa, o sentido estético, o sentido de
autonomia e iniciativa dos seus alunos para potenciar assim o sucesso escolar na formação geral e
artística.
28
• Uma educação que fomenta a colaboração ativa de todos os elementos que constituem a
comunidade educativa nas suas relações internas e externas;
• Uma formação que promove o sucesso musical dos jovens e uma carreira nesta área, mas que
não lhes fecha a possibilidade de outros percursos curriculares;
• Uma escola que promove e valoriza fortemente a qualidade, a organização, a eficácia e o rigor
como formas de favorecer o sucesso educativo.
• Uma dinâmica muito própria e diferente de todas as Instituições pertencentes ao Distrito que
ajudam a afirmar o Conservatório como sendo um veículo transmissor de atividades culturais
sucessivas, em vários espaços da cidade, contribuindo fortemente para a formação de um
público cada vez mais exigente e informado, assim como para dinamização cultural da cidade e
da região.
(Projeto Educativo 2014-2018, 2018, p.9)
29
• Diretor de instalações e responsável pelo CIBE (Cadastro e Inventário dos Bens do
Estado);
• Responsável pelos instrumentos musicais;
• Responsável pelas instalações e equipamentos desportivos;
• Responsável pelo estúdio de gravação.
- Outros cargos ou funções:
• Equipa das audições escolares;
30
acompanhamento de piano, para que estes estudem frequentemente com acompanhamento sem ser
em tempo de aula.
Sendo ele um professor com muita experiência em lecionar, foi muito enriquecedor experimentar
a partilha e discussão de ideias para a minha evolução enquanto docente. Sempre me deixou à vontade
para expôr as minhas ideias ou dúvidas e foi sempre muito aberto a falar sobre os alunos, não só em
contexto escolar, mas também social e familiar, o que proporcionou um conhecimento mais profundo
dos alunos.
A Professora Lúcia Morim, é também Professora de flauta transversal nesta instituição. Visto que
é a docente que possuiu mais alunos de iniciação de 1º ano, depois de exposta a situação e de
apresentado o projeto de intervenção, esta consentiu a observação das suas aulas e a implementação
do projeto com as suas alunas.
Demonstrou desde o início interesse pela temática abordada, apesar do flautim ser um método
de aprendizagem na iniciação diferente do habitual e nunca antes usado nas suas aulas. Foi sempre
flexível com o meu trabalho, nunca demonstrou desagrado e partilhava ideias de modo a ajudar todo o
processo. Como recursos na aprendizagem da flauta neste regime de iniciação, habitualmente usa a
flauta Fife e a cabeça curva para adaptar no modelo da flauta standard.
É uma Professora muito amável com as crianças, demonstrando sempre muita paciência e
calma para interagir nas aulas. Brinca com os alunos, criando um ambiente descontraído para que estes
se sintam motivados para aprender. Simplifica o mais possível o material de aula, não seguindo nenhum
livro específico. Desde início manteve-me sempre informada de todas as questões relacionadas com os
alunos, tanto a nível pessoal como académico, e assim consegui conquistar mais afinidade com as
alunas.
Para o 1º ano de iniciação, usa um método muito particular que passa por escrever pequenos
fragmentos de notas nos cadernos dos alunos.
31
Aluna A (1ºano) – A aluna tem seis anos, frequenta o 1º ano de escolaridade, nível de iniciação ao
instrumento. Toca com a flauta Fife (alternativa à flauta standard), por opção da Professora, devido à sua
estrutura física pequena e magra.
É interessada e empenhada nas tarefas propostas, querendo sempre fazer mais e melhor. É
uma aluna simpática e divertida, mas distrai-se com alguma facilidade. No decorrer da aula, tem que
parar uma vez ou outra pois sente-se cansada e pede para descansar.
Quando apliquei o flautim, revelou um grande à vontade e sentiu-se muito motivada para tocar,
adaptando-se facilmente à embocadura. A nível técnico sentiu alguns problemas originados pelo sistema
de chaves nas primeiras aulas, pois a Fife só possui orifícios e o flautim já contém chaves que precisam
de usar força para carregar.
Aluna B (1ºano) - A aluna tem seis anos, frequenta o 1º ano de escolaridade, nível de iniciação ao
instrumento. Toca com a flauta Fife (alternativa à flauta standard), por opção da Professora, devido à sua
estrutura física pequena.
É uma aluna que demonstra interesse nas aulas de flauta, mas revela alguma falta de estudo.
Tem dificuldades ao nível da leitura das notas e da pulsação, parando constantemente nos exercícios.
Estes problemas também surgem porque é muito distraída.
Quanto à personalidade, é uma menina simpática, amável e divertida, mas também é muito
esquecida.
Quando apliquei o flautim nas aulas, revelou interesse e motivação com o novo instrumento,
adaptando-se facilmente à embocadura. Tecnicamente sentiu alguns problemas originados pelo sistema
de chaves, pois a Fife só possui orifícios e o flautim já contém chaves que precisam de usar força para
carregar.
Aluna C (2ºano) - A aluna tem sete anos, frequenta o 2º ano de escolaridade, nível de iniciação ao
instrumento. Toca com a flauta Fife (alternativa à flauta standard), por opção da Professora.
Apesar de se encontrar no 2º ano, este é o seu primeiro ano na música. Revela algumas
dificuldades a nível sonoro, devido à emissão do ar, mas manifesta interesse em aprender.
É uma aluna tímida, com uma atitude um pouco reservada, mas com o decorrer das aulas vai
ganhando à vontade.
Com a intervenção do flautim, mostrou-se receosa, mas adaptou-se sem grandes problemas ao
instrumento. Na embocadura não sentiu muita diferença, mas tecnicamente surgiram alguns problemas
32
originados pelo sistema de chaves, pois a Fife só possui orifícios e o flautim já contém chaves que
precisam de usar força para carregar.
A aula de Música de Câmara consistia num quarteto de saxofones e tinha como intervenientes
alunos que frequentavam o curso secundário. O grupo era constituído por quatro instrumentos da família
do saxofone, sendo eles o saxofone soprano, saxofone alto, saxofone tenor e saxofone barítono.
Relativamente ao programa da disciplina o Professor não segue nenhum modelo em concreto,
pois prefere escolher o repertório a trabalhar de acordo com a formação do grupo, o nível e competências
musicais que os alunos apresentam e por fim as dificuldades a serem trabalhadas.
No geral o quarteto apresenta algumas dificuldades no trabalho de grupo. A origem do principal
problema do grupo está na fusão das diferentes aptidões musicais que distingue cada aluno, gerando
assim uma falta de desequilíbrio sonoro, de afinação e de timbres. Algumas dificuldades individuais
técnicas, também contribuem para acentuar a ausência de coerência do mesmo. Por isso, um trabalho
mais pormenorizado e metódico é fundamental para combater as lacunas técnicas e desenvolver o lado
musical. O quarteto apresentava falhas consecutivas, devido à falta de concentração e à falta de estudo
individual por parte de cada aluno.
O ambiente social do grupo era bastante positivo, pois os colegas tinham todos uma boa relação,
no entanto o professor sente a necessidade de intervir mais vezes do que desejaria para pôr fim à
conversa entre eles, pois prejudicam o bom funcionamento da aula.
Este quarteto, normalmente apresenta-se em audições e noutras atividades propostas pela
escola.
Aluna D (12ºano) – A aluna tem dezassete anos e frequenta o 12º ano de escolaridade, correspondendo
ao 8º grau de ensino artístico. É portador de instrumento fornecido pela escola.
No quarteto desempenha a função de saxofone soprano. Esta, assume constantemente a
posição de liderança, dando indicações de entradas, andamentos, finais, pois possui a melodia principal
constantemente. É uma aluna com muito talento, simpática e tem uma atitude reservada.
33
Tem algumas dificuldades de afinação e na qualidade do timbre, pois só começou a tocar saxofone
soprano este ano e precisa de algum tempo para se adaptar ao instrumento. No entanto, apesar das
dificuldades já se aprecia grandes melhorias.
Como solista desenvolve um bom trabalho, sendo uma aluna que se destaca em concursos, mas
no que respeita ao trabalho de grupo, é notório uma grande falta de estudo das obras. Também deveria
demonstrar mais atitude de líder.
Aluna F (12ºano) – A aluna tem dezassete anos e frequenta o 12º ano de escolaridade, correspondendo
ao 8º grau de ensino artístico. É portadora de instrumento próprio. No grupo, desempenha a função de
Saxofone Alto.
É uma aluna bastante comunicativa e bem-disposta, mas no que respeita a tocar, esta demonstra
uma atitude insegura e pouco presente. Apesar de estar habituada a tocar este instrumento, apresenta
algumas lacunas associadas também ao trabalho da aula individual. Não demonstra grande estudo
individual nas obras trabalhadas em música de câmara.
Aluno G (11º ano) - O aluno tem dezasseis anos e frequenta o 11º ano de escolaridade, correspondendo
ao 7º grau de ensino artístico. É portador de instrumento emprestado pela escola. O instrumento que
interpreta no quarteto é o Saxofone tenor.
É o aluno mais novo do grupo, é muito silencioso e pouco comunicativo, também devido ao facto
de não passar tanto tempo com os outros colegas.
Não tem um papel muito ativo no grupo, limita-se apenas a tocar.
Aluno H (12ºano) – O aluno tem dezassete anos e frequenta o 12º ano de escolaridade, correspondendo
ao 8º grau de ensino artístico. É portador de instrumento emprestado pela escola.
É um aluno com capacidades e mostra empenho. Mostra uma atitude bastante ativa no grupo,
desempenhando bem o seu papel e com carácter. Contudo, penso que inconscientemente transmite
uma imagem um pouco convencida, estando sempre a “brincar”
com os erros dos outros. Deve concentrar-se mais para não destabilizar os colegas e rentabilizar mais o
trabalho desenvolvido.
Apesar destas controversas, demonstra grande à vontade a tocar, dando uma base harmónica
estável e confortável ao restante grupo.
34
CAPÍTULO III – INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
1. Tema e objetivos
Neste sentido, de modo a obter uma resposta à questão de investigação deste projeto enuncio
os objetivos de investigação:
• Identificar os problemas na iniciação da aprendizagem da flauta;
• Conhecer as vantagens e desvantagens do uso do flautim no início da aprendizagem do
instrumento;
• Perceber se os alunos se sentem motivados ou desmotivados com o uso do flautim como
alternativa à flauta transversal
• Perceber qual a opinião dos alunos e professores sobre a prática do uso do flautim
• Verificar se com o uso do flautim o processo ensino/aprendizagem é mais eficaz;
Para a fase de intervenção pedagógica, após reflexão de todos os dados obtidos na fase de
observação, debruço-me sobre os seguintes objetivos:
• Explorar o programa do Conservatório de Música do Conservatório Calouste Gulbenkian de
Braga, mais concretamente no nível de Iniciação.
• Apoiar os alunos de forma a ultrapassar as dificuldades técnicas, pessoais e do instrumento, no
ensino diário.
• Ajudar o aluno a concretizar os seus ideais.
• Desenvolver atividades com a finalidade de aprofundar a aprendizagem do instrumento
• Incidir nos aspetos técnicos do flautim nas planificações das aulas
• Realizar questionários a professores e alunos sobre o uso do flautim na iniciação à aprendizagem
da flauta transversal
• Perceber através desses questionários quais os problemas e soluções encontradas na iniciação
• Analisar os resultados obtidos
Em suma, o interesse por esta temática surge também da minha experiência enquanto aluna na
iniciação à flauta transversal pois fui confrontada com dificuldades ergonómicas que me impossibilitaram
de adquirir competências musicais de uma forma mais cómoda. Pretendeu-se desta forma entender se
36
o flautim é uma solução viável devido às suas características e contribuir assim para a melhoria das
práticas nesta área.
2. Metodologia de investigação
Tendo por base o tema escolhido, a proposta metodológica para este projeto de intervenção é a
Investigação-Ação.
A metodologia investigação-ação é uma metodologia baseada na pesquisa, mas que tem um
cariz essencialmente prático, sendo a sua principal característica resolver problemas reais (Coutinho et
al., 2009, p. 362).
No decorrer da investigação-ação foram selecionados diferentes instrumentos de recolhas de
dados para serem analisados posteriormente para que as aulas correspondentes à parte interventiva se
revelassem mais proveitosas.
Assim, durante a fase de observação foram elaborados relatórios individuais de cada aula,
expondo os conteúdos programáticos abordados, as dificuldades ou facilidades técnicas apresentadas
pelos alunos e também pude perceber o tipo de trabalho desenvolvido, as metodologias adotadas, o
ambiente e a relação criada entre professor e aluno, contribuindo assim para obter uma maior evolução.
Para uma investigação ainda mais detalhada, utilizei dois tipos de grelhas: Ned Flanders (Anexo
, p.) , para uma análise de interações que o professor estabelece com o aluno e Ryans (Anexo , p.) que
incide no comportamento do aluno.
Além destes relatórios, todos os diálogos com o professor da disciplina mostraram-se bastantes
importantes para aprofundar ainda mais o percurso do aluno não só a nível académico, mas também a
nível pessoal, desde as suas qualidades e limitações, bem como o trabalho desenvolvido em casa e o
ambiente em que está inserido.
Tendo em conta os objetivos traçados para esta investigação, foi também necessário criar um
inquérito por questionário que teve como principal propósito perceber a opinião dos professores de flauta
transversal relativamente ao uso do flautim na iniciação à aprendizagem do instrumento bem como as
alternativas à flauta mais usadas. O inquérito é anónimo e incluía perguntas de resposta aberta nas quais
o inquirido expunha as suas ideias e opiniões sobre o assunto e perguntas de resposta fechada. Nestas,
apesar do investigador apresentar várias opções, o inquirido selecionava uma única resposta.
37
Foram também realizadas quatro entrevistas, sendo uma delas direcionada à professora da
disciplina e as restantes às alunas envolvidas no projeto de intervenção. Tendo como objetivo a recolha
das perceções e opiniões à intervenção pedagógica bem como às atividades desenvolvidas, estas foram
previamente elaboradas e posteriormente analisadas para obtenção de dados de forma a ajudar a
argumentar o projeto. No entanto, no decorrer das mesmas suscitaram algumas perguntas e respostas
extra que não constavam anteriormente.
As entrevistas às alunas foram feitas em contexto de aula, já à professora da disciplina, foi
concebida num momento extra-aula.
38
Manusear o Instrumento
Numa primeira abordagem com as alunas na iniciação à aprendizagem do flautim, foi explicado
de forma detalhada todos os cuidados que deveriam ter com o novo instrumento.
Foi também mencionado que o flautim contrariamente à flauta, é constituído apenas por duas partes:
cabeça e corpo (Fig.). Já a flauta divide-se em três partes sendo elas a cabeça, corpo e pé.
De seguida foi explicado que independentemente do instrumento (flauta ou flautim), deve-se ter
muita atenção ao alinhamento desde a posição do bocal à relação com as chaves. Ou seja, o orifício
deve estar em linha reta com as chaves para que resulte numa boa sonoridade e numa postura das
mãos relaxadas, sem tensões musculares.
Nesta atividade, as alunas montaram o instrumento com a ajuda da professora e com o passar
do tempo assimilaram o processo naturalmente ganhando assim a sua autonomia.
Postura
No segundo exercício, a professora pediu para as alunas agarrem o flautim com a posição correta
das mãos, mas sem se preocuparem com a digitação. Com os braços para baixo sem qualquer tensão,
a professora pediu para os levantar, abrindo o peito e levando o flautim até à boca, fazendo com que
este ficasse numa linha paralela aos lábios. Os braços deveriam estar ligeiramente afastados do tronco.
40
Figura 28. Postura corporal
Este processo foi repetido várias vezes para que os alunos ganhassem consciência da posição
do corpo numa forma natural. A professora aconselhou a tocarem sempre em frente a um espelho para
terem atenção à postura.
Embocadura e sonoridade
41
Figura 29. Posição correta dos lábios
Para dar seguimento a esta atividade, foi criado um pequeno exercício que consistia numa
canção tradicional para crianças intitulada de “A canção dos meninos”.
Neste exercício, enquanto a professora tocava a melodia as alunas cantavam e nas onomatopeias “uh
uh” usavam apenas a cabeça do flautim, tapando o orifício com a mão direita, originando assim um som
mais grave para imitar o som do comboio.
42
O Comboio dos meninos, vai partir, vai, vai,
Quem se atrasa fica em casa e de lá não sai (bis)
Após a obtenção de som, foi distribuído algum material didático diferentes livros de iniciação à
flauta transversal de autores como Trevor Wye e Tomás Ferri, com a finalidade de aperfeiçoar a
embocadura e a sonoridade.
Esta atividade dividia-se em dois processos:
1º) Tocar normalmente os exercícios;
2º) Tapar o orifício com a mão direita de forma a obter um som mais grave.
43
Figura 33. “Flauta Amiga”, Exercício 12, p.19
Os exercícios seguintes (Fig.) devem ser executados por duas alunas. Nas aulas em conjunto, as
alunas A e B iam alternando a parte correspondente a cada uma, de modo a praticar sempre as duas
partes. Já com a aluna C, os exercícios eram executados com a professora.
44
Dedilhação
A atividade de digitação iniciou-se com uma breve explicação por parte da professora sobre a
posição correta das mãos que os alunos deveriam adotar.
De forma a sentirem a mecânica do flautim, foi então pedido às alunas para apertar e largar as
chaves num movimento lento, repetindo este processo várias vezes, mantendo sempre o contacto visual
com o instrumento.
Após este trabalho de assimilação dos dedos com as chaves do flautim, foi proposto às alunas
um jogo de imitação de ritmos, sendo que o professor percutia através da mecânica do flautim uma
pequena frase rítmica e as alunas imitavam. (Fig.14)
Com estes exercícios era pretendido apelar o sentido tátil do aluno com o instrumento.
Após realizar os exercícios rítmicos, foram usados os exercícios escritos no caderno pela
professora da disciplina para que as alunas iniciassem o processo de digitação com as notas aprendidas
anteriormente através da flauta Fife. Estes exercícios já continham notas musicais e a dedilhação dessas
notas é igual nos dois instrumentos, só modifica o facto de o flautim possuir um sistema de chaves.
45
Figura 38. Exercício 1, caderno diário
46
Articulação
Para esta aula pretendeu-se introduzir o conceito de articulação dando a conhecer às alunas a
articulação simples. A professora explicou que contrariamente ao que estavam habituadas a fazer
(articular apenas com um golpe de ar), na articulação simples é necessário usar ataques com língua.
Para clarificar todo o processo, foram elaborados diferentes exercícios a realizar sem o flautim:
Após a assimilação do ataque com língua, foi proposto à aluna articular diretamente no flautim.
1. Articular 1 semibreve com a nota Si3 (repetir 3 vezes);
2. Articular 2 mínimas com a mesma nota (repetir 4 vezes);
3. Articular 4 semínimas com a nota Lá3 (repetir 2 vezes);
4. Executar lentamente os exercícios fornecidos pela professora (Fig.)
47
Na utilização da articulação simples todas as alunas demonstraram dificuldades, pois não
estavam a conseguir compreender o facto de atacar com a língua sem produzir som. Os erros mais
comuns foram: entoar a sílaba “TE” enquanto toca, colocar a ponta da língua fora dos lábios ou enrolar
a língua para baixo, colocando a ponta contra os dentes inferiores e articulando com o meio, dificultando
assim a passagem do ar. Este exercício requer muita prática, e apesar de as alunas terem conseguido
realizá-lo e acharem o processo divertido, inicialmente a qualidade sonora ficou um pouco comprometida,
ou seja, o som ficou com algum ruído. Ao longo das aulas, foram apresentando melhorias, mas não
muito significativas porque não criaram hábitos de estudo mais regulares em casa. No entanto, a aluna
A foi a que apresentou melhores resultados.
Peça
48
Figura 43. “The flute fun book”, p.10
49
Figura 45. “The flute fun book”, p.15
Na última aula do processo de intervenção, foi pedido às alunas para demonstrarem as aptidões
adquiridas ao longo dos meses sem qualquer ajuda ou opinião, desde a montagem do instrumento, à
postura correta do corpo e das mãos, à execução da obra usando a articulação e por fim a higienização
do instrumento. Estas demonstraram boas qualidades, mantendo sempre um ambiente divertido e
descontraído. É de salientar que ao longo das aulas, as alunas revelavam menos cansaço físico devido
ao peso do instrumento.
Planificações
Planificação 1
Objetivo da aula: Conhecer o Flautim: características, som, materiais usados na sua construção e embocadura.
Manusear o instrumento: constituição, montagem, alinhamento e manutenção
Posição do corpo.
Organização
Objetivo Metodológica/
Parte da Aula Conteúdo Critérios de Êxito Minutagem
específico Descrição do
Exercício
Planificação 5
Aluna: Aluna
Local: Conservatório de Música Calouste Gulbenkian Data: 17/04/2018
C
Aula nº: 4 Conceitos fundamentais a desenvolver: Embocadura e sonoridade
Exercícios Técnicos, Repertório (Instrumento): “A canção
dos meninos” Duração: 25’ Hora: 10h55-11h20
Exercícios escrito no caderno.
Função Didática: Introdução
Objetivo da aula: Emitir som com qualidade.
Adquirir uma embocadura correta
Organização
Objetivo Metodológica/
Parte da Aula Conteúdo Critérios de Êxito Minutagem
específico Descrição do
Exercício
52
Consolidação Montagem do Diálogo com a A aluna demonstra
instrumento. aluna para mais entusiamo com
relembrar os o flautim.
Inicial 3’
conteúdos
abordados na
aula passada.
Planificação 8
Data:
Local: Conservatório de Música Calouste Gulbenkian Aluna: Aluna A
08/05/2018
Aula nº: 11 Conceitos fundamentais a desenvolver: Embocadura e sonoridade. Digitação.
Organização
Objetivo Metodológica/
Parte da Aula Conteúdo Critérios de Êxito Minutagem
específico Descrição do
Exercício
53
Aquecimento e A professora toca A aluna executa
Embocadura e aquisição de uma a melodia da todo o exercício
sonoridade embocadura canção enquanto com muita alegria e
correta e uma boa a aluna canta e sem dúvidas.
Inicial 5’
sonoridade. executa o som do
comboio através
da cabeça do
flautim.
Planificação 12
Local: Conservatório de Música Calouste Gulbenkian Data: 15/05/2018 Aluna: Aluna B
54
Organização
Parte da Objetivo Metodológica/
Conteúdo Critérios de Êxito Minutagem
Aula específico Descrição do
Exercício
55
CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E RECOLHA DE DADOS
Após todo o processo de observação e implementação do projeto, foi pertinente elaborar uma
pequena entrevista incidindo em questões fulcrais e assim perceber em concreto a opinião da professora
cooperante envolvida e de que forma este projeto foi vantajoso para as alunas.
É de salientar que no decorrer de todo este processo a Professora foi dando um parecer bastante
positivo sobre os conteúdos implementados nas aulas, à abordagem feita com as alunas e a maneira
como estas respondiam. Relativamente aos Encarregados de Educação, a professora também
mencionou que além do interesse demonstrado pela temática, também se revelaram bastantes
satisfeitos com a motivação dos seus educandos.
Ao analisar a entrevista, é visível que a professora apesar de já ter bastantes anos de experiência
a lecionar a disciplina (28 anos) e de habitualmente ter alunos de regime de iniciação, nunca usou o
flautim nestas idades, porque além de não ter uma opinião formada sobre este assunto, não ponderou
o uso tão precoce deste instrumento nas suas aulas. Contudo, após observação do trabalho
implementado muda o seu discurso afirmando ainda que houve uma rápida adaptação ao instrumento
por parte dos alunos.
Em correlação com a questão anterior, a pergunta seguinte foca-se no desempenho dos alunos
envolvidos no estudo, e esta revela que “(...)os alunos adaptaram-se muito bem a este tipo de situação
e, segundo as palavras deles, gostaram muito” (Entrevista 1, P.4), fazendo também uma análise muito
positiva do flautim em relação às restantes alternativas apresentadas (Fife, cabeça curva, Nuvo).
56
Confrontada com a questão “Após observação das aulas e das provas de avaliação dos alunos
de iniciação, acha viável a utilização do flautim como ferramenta de aprendizagem da flauta? Porquê?”,
a professora afirma ser uma opção a ter em conta e fundamenta através da análise que fez das
observações das aulas, “Penso que é viável este tipo de iniciativas. Porque desde que começou com
esta experiência, os alunos (no começo foi estranho para eles) criaram o gosto e conseguiram grandes
mudanças e evolução” (Entrevista1, P6).
Como balanço final, conclui-se então que o estágio teve uma avaliação positiva por parte de
todos os intervenientes.
A entrevista foi pensada de modo a que as alunas participantes no Projeto de Intervenção dessem o seu
parecer sobre a experiência desenvolvida com o uso do flautim de uma forma simplificada e com uma
linguagem recorrente.
Tem como objetivos principais:
• Avaliar o uso do flautim;
• Perceber as dificuldades encontradas;
• Importância do impacto do flautim na aquisição de competências.
57
Segundo a aluna A, “o som é mais bonito e tem chaves como a flauta”. Já a aluna C, considera que “é
mais fácil de soprar e não tem buracos” (P7, R.7)
Þ Peso
Questionadas sobre o peso do flautim, a aula B caracteriza-o como “leve” e a aluna A afirma que
“ao início achava mais pesado, mas agora não” (P9, R9). Em contrapartida a aluna C apresenta um
sentimento diferente pois acha o flautim “um bocadinho pesado” (P7, R.7), principalmente para o braço
esquerdo.
Þ Sistema de chaves
Relativamente ao sistema de chaves, o facto de nunca ter havido um contacto com as chaves
da flauta pois a flauta fife contém orifícios em vez de chaves, as alunas apresentaram algumas
dificuldades neste processo inicial da aprendizagem do instrumento.
A aluna A revela que “Antes não fazia força e algumas notas não saíam, mas agora não! É só
mexer os dedos e as notas saem” (P.11, R.11). As alunas B e C ainda sentem alguma dificuldade pelo
facto de ter que pressionar as chaves, “Não, mas ás vezes esqueço-me de fazer força e a nota não sai”
(alunas B e C).
58
o intuito das duas últimas questões é perceber a opinião e a posição que estes professores têm com a
solução apresentada para otimizar a aprendizagem da flauta através da utilização do flautim.
Este questionário foi enviado para cerca de 30 Professores de flauta do país, de diferentes
Academias e Conservatórios Oficiais de Música, através da rede social “Facebook, obtendo-se um total
de 18 respostas.
Após análise do gráfico, pode-se observar que a maioria dos professores inquiridos (44,4%) têm
mais de 10 anos de experiência a lecionar. Já 33,3% dos professores apontam para 1 a 5 anos de
experiência e 22,2% lecionam entre 6 e 10 anos.
59
Figura 46. “Há quantos anos leciona a disciplina de flauta transversal?”
Independentemente dos anos de carreira profissional que cada um destes professores possui,
todos eles afirmam ter experiência em lecionar alunos de regime de iniciação entre os 6 e 9 anos de
idade.
Figura 47. “Tem ou já teve alunos em regime de iniciação (6-9 anos de idade)?”
No que concerne à questão 3, foram sugeridas através de numa pequena lista algumas dificuldades
mais comuns na aprendizagem da flauta transversal, com a intenção de perceber qual é que ocorre mais
frequentemente nos alunos. Grande parte dos inquiridos assinalaram mais do que uma resposta.
60
Com um total de 12 respostas, verifica-se através do seguinte gráfico que a dificuldade mais sentida nos
alunos é ao nível do equilíbrio e suporte por consequência do peso do instrumento. Apesar desta
dificuldade ser a mais significativa, problemas ao nível da postura corporal (10 respostas) e do alcance
de todas as chaves da mão direita (9 respostas) também apresentam valores muito próximos, indicando
assim a existência de várias lacunas em simultâneo.
Além das sugestões apresentadas, os inquiridos nº 10, 11 e 17, também mencionam que há “Alguma
imaturidade física para a prática do instrumento” (Inquirido nº10), “Os alunos têm dificuldade na
emissão do som devido à falta de sustento na coluna de ar” (Inquirido nº11) e “Procurar concentração
no estudo e trabalho”(Inquirido nº17).
É importante que os professores tomem consciência que é fundamental encontrar alternativas à flauta
transversal, focadas no problema que cada aluno apresenta individualmente.
Apenas 2 inquiridos responderam que não usam qualquer tipo de alternativa apresentada no mercado,
sendo que os restantes já têm esse cuidado e fazem uso de algumas.
61
Figura 49. “Costuma utilizar algum instrumento alternativo à flauta transversal com alunos de iniciação?”
Em conformidade com a questão anterior, o gráfico seguinte apresenta as alternativas à flauta transversal
mais usadas pelos docentes.
Verifica-se então que as opções mais recorrentes neste processo, são a flauta fife e a utilização da cabeça
curva na flauta standard. No entanto, esta segunda opção é a mais adotada pois apresenta uma maior
percentagem de respostas. É de referir que grande parte dos inquiridos selecionaram mais do que uma
opção devido à versatilidade dos alunos.
62
Apesar de 6 dos inquiridos não apontarem qualquer tipo de dificuldade presente nas alternativas à flauta
transversal acima sugeridas, os restantes 12 mencionaram algumas lacunas que podem gerar.
Figura 51. “Reconhece alguma dificuldade para a aprendizagem do aluno nas alternativas que utiliza?”
Quanto à flauta Fife, os professores apontam o facto de esta possuir orifícios prejudicando assim os
alunos que têm dedos pequenos, pois não conseguem fechar corretamente os buracos. Já a cabeça
curva, prejudica o equilíbrio da flauta.
63
Questionados sobre a viabilidade do flautim como instrumento de iniciação à aprendizagem da flauta
transversal, grande parte dos inquiridos afirma que é uma boa possibilidade.
Para fundamentar a sua opinião apontam o tamanho e o peso como fatores positivos a este possível
recurso, bem como o facto de possuir chaves e ser o instrumento mais próximo da flauta.
Em contrapartida e apesar de serem uma minoria, há também quem aponte alguns aspetos mais
negativos, como por exemplo o custo do instrumento.
28%
Sim. Porquê?
Não. Porquê?
72%
Figura 52. “Considera que a utilização do flautim pode ser uma opção viável no ensino de alunos de flauta em regime de
iniciação?"
Em conformidade com a questão anterior, a seguinte tabela contém todas os aspetos positivos e
negativos mencionados pelos inquiridos.
Devido ao tamanho e peso reduzido A nível de tamanho e peso pode ser um fator
a favor, no entanto, quanto ao registo
demasiado agudo pode dificultar a
aprendizagem.
64
Familiar com o instrumento Não de todo! Por experiência própria, tanto
em alunos entre está faixa etária como até
para os mais velhos torna-se um problema
difícil de resolver porque ganham más
posturas de embocadura, problemas de
postura e até mesmo de ouvido não
conseguindo distinguir as diferentes oitavas
dos dois instrumentos.
Principalmente pelo tamanho e por os dedos
estarem mais juntos
Já recorri a esta possibilidade, com sucesso.
Principalmente, no caso de alunos com uma
rápida progressão, não acompanhada de
crescimento físico. Nesses casos, a flauta
com cabeça curva parece ser demasiado
grande e a "fife" não vai de encontro ao tipo
de trabalho pretendido.
Relativamente à questão 8 “Já utilizou o flautim como alternativa no ensino da flauta transversal com
alunos de iniciação?”, apesar de anteriormente a maioria considerar o flautim viável, os resultados
demonstram que na grande generalidade os professores nunca aplicaram esta alternativa na sua carreira
como docente.
65
Figura 53. “Já utilizou o flautim como alternativa no ensino da flauta transversal com alunos de iniciação?”
Já os professores que recorreram ao uso do flautim, alguns avaliam a experiência positivamente, tais
como os inquiridos 3, 10 e 18. Estes, afirmam que foi uma experiência positiva justificando a sua
resposta com experiências vivenciadas com os seus alunos.
Apenas o inquirido 15 apontou o uso do flautim como uma experiência negativa, não pelos aspetos
musicais, mas sim pelo preço do instrumento. Afirma que é uma opção cara justificando que as flautas
adaptadas estão mais em conta.
66
1.4. Conclusão dos resultados dos questionários realizados
Após a análise de todos os dados recolhidos, verifica-se que existem opiniões divergentes sobre
o processo de aprendizagem na iniciação à flauta transversal, em crianças entre os 6 e 9 anos de idade.
Percebendo que questões físicas das crianças, como o peso, altura, tamanho dos membros superiores
interferem na aprendizagem, maior parte dos docentes recorrem às alternativas apresentadas no
mercado para colmatar esta problemática. Percebeu-se que as mais recorrentes são a flauta Fife e a
cabeça curva para aplicar no corpo da flauta transversal standard.
Conscientes que estas opções não são totalmente vantajosas, pois os alunos continuam a
apresentar algumas dificuldades, os professores ponderam o uso do flautim. As dificuldades são ao nível
do peso e equilíbrio no caso da flauta transversal com cabeça curva, pois causam dores nos braços e
instabilidade na embocadura e dificuldade em conseguir fechar totalmente os orifícios no caso da flauta
Fife, por questões relacionadas com o tamanho e largura dos dedos dos alunos.
Com todas estas lacunas dos instrumentos apresentados e focando o trabalho na otimização da
aprendizagem da flauta transversal, a sugestão do flautim despertou interesse nos professores inquiridos
e desta forma a partilha das experiências e das opiniões, demonstram que o flautim não é uma hipótese
a descartar pois apresenta vantagens aliciantes para a sua viabilidade.
Grande parte da falta de recorrência ao uso do flautim deve-se à carência de literatura sobre o
assunto, à dificuldade na aquisição do instrumento devido ao preço, pois se não prosseguirem os estudos
até ao nível superior, não há necessidade de adquirir o instrumento ou pelo simples facto de não terem
uma opinião formada sobre o assunto.
67
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em análise de todo o processo desenvolvido ao longo do ano letivo face ás dificuldades dos
alunos, podemos verificar que se obteve bons resultados. As alunas adaptaram-se bem ao flautim,
demonstrando muito interesse e dedicação no decorrer das aulas.
Confirmou-se assim que com o uso do flautim nas aulas, os benefícios pressupostos na fase de
construção do projeto comprovaram-se e surtiram bons resultados, contribuindo para um melhor
desenvolvimento na aprendizagem dos alunos. No entanto, é de salientar que neste regime de ensino os
alunos são muito novos e não criam hábitos de estudo em casa, sendo que maior parte das vezes o
início da aula serve para relembrar o que foi ensinado na aula anterior.
A professora gere as aulas de uma forma muito descontraída, sem pressionar as alunas e sem
se reger por um programa curricular. Confesso que inicialmente senti-me um pouco perdida, pois não
sabia de que forma poderia abordar alguns conteúdos, como a articulação, respiração, dedilhação, sem
nenhum material pedagógico para implementar. À medida que ia estruturando a fase interventiva, nunca
deixei de partilhar e debater as ideias que iam surgindo com a professora cooperante. Esta deixou-me
sempre à vontade para utilizar o material didático que achasse pertinente para o decorrer das aulas,
mostrando-se sempre muito recetiva e interessada nas atividades desenvolvidas, sem nunca colocar
qualquer restrição.
Ao aperceber-me que na fase em que as alunas se encontravam, apesar de gostarem muito de
música, tudo para elas era motivo de brincadeira. Assim, tentei encontrar soluções pedagógicas
interativas através de jogos e brincadeiras de maneira a captar a atenção delas e desta forma abordar o
que achava relevante para desenvolver as suas capacidades musicais. É importante perceber se o aluno
se sente motivado e envolvido na sua aprendizagem do instrumento para que esta seja mais eficaz e lhe
dê prazer.
Ainda no decorrer da fase de observação, reparei que as alunas ao tocar com a flauta Fife
demonstravam alguma dificuldade em tapar corretamente os orifícios. Este obstáculo era um mal comum
e as alunas acabavam por desistir facilmente de tocar o exercício alegando que o som não saía
corretamente, que assim não conseguiam tocar. Também pude observar noutra aluna que não fez parte
do projeto, pois era mais velha, que ao tocar com a cabeça curva adaptada no modelo da flauta standard
ficava rapidamente cansada do braço esquerdo e perdia facilmente o equilíbrio do instrumento.
Além dos obstáculos apresentados por estes instrumentos, era notório que as alunas não
reuniam condições físicas necessárias para tocar diretamente na flauta transversal, pois esta é
68
demasiado grande e pesada e como consequência resultava numa má postura. Apoiavam o queixo no
ombro, os braços estavam em grande tensão e esforço e os dedos não conseguiam alcançar
corretamente as chaves. Tendo esta problemática muito presente na minha realidade, a necessidade de
encontrar uma solução mais adequada era fundamental, portanto decidi adotar o uso do Flautim nas
aulas, visto que este tem muitos aspetos comuns à flauta.
As alunas não demonstraram dificuldades na adaptação ao Flautim, tendo conseguido emitir
som muito rapidamente, executando de imediato os exercícios propostos pela professora. Desta forma,
quando comparado com o início do ano letivo, quando estas ainda tocavam com a Fife, a evolução das
alunas foi bastante notória, tanto a ao nível das capacidades musicais como ao nível do interesse. No
geral, revelaram uma melhor sonoridade e uma técnica mais imediata. Além disso, as suas formas de
estar mudaram manifestando uma atitude mais paciente e positiva, expressando muito mais interesse e
motivação nas atividades propostas, querendo sempre tocar mais. A prova disto revelava-se quando a
campainha tocava para o fim da aula e as alunas diziam “Já está a tocar?”, “Já acabou a aula?”. Foi
bastante satisfatório ter este feedback tão genuíno por parte das alunas.
Num momento de retrospeção, concluo que o ano de estágio profissional foi uma caminhada na
qual houve muita aprendizagem e partilha, o qual teve um balanço bastante positivo.
As fases de observação e intervenção e toda a pesquisa bibliográfica feita, traduziram-se, sem
dúvida, numa ferramenta útil nesta procura contínua, não só devido à aquisição de novas perspetivas
para ensinar, mas também devido ao facto de, ao observar, rever-me no papel de docente e refletir sobre
a forma como atuo em sala de aula e o impacto que causo no aluno. Contribuiu também para o meu
desempenho profissional ao longo da minha carreira e para uma melhoria das minhas práticas
pedagógicas no ensino da flauta transversal.
69
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Sampaio, A. N. (2005). A iniciação infantil à flauta transversal a partir do pífaro: repertorio, aspetos
técnicos e recursos didáticos. Dissertação de Mestrado em Música, Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, Brasil.
Taets, T., & Lins, M. (2012). Iniciação à Flauta Doce: Uma prática de ensino significativa. Didáticas e
Práticas de ensino. Campinas: Universidade Estadual de Campinas.
Taffanel C.-P. & Gaubert. P. (1958). Méthode complète de flûte. Paris: Alphonse Leduc.
Woltzenlogel, C. (1982). Método ilustrado de flauta transversal. São Paulo: Irmãos Vitale.
72
ANEXOS
Anexo I – Guião do Inquérito aos Professores
Transversal
Esta investigação insere-se no âmbito do projeto de intervenção do Mestrado em Ensino de Música
da Universidade do Minho. Com este projeto pretende-se compreender de que forma a
aprendizagem da flauta transversal na iniciação musical pode ser otimizada através da utilização
do flautim. A investigação em curso pretende encontrar soluções para os principais obstáculos da
aprendizagem da flauta transversal na infância, que se prendem com o peso, o tamanho e a
própria relação do instrumento com a constituição fisionómica das crianças. Assim sendo, este
estudo tem como objetivo procurar respostas que permitam melhorar as condições na
aprendizagem da flauta transversal ao nível da iniciação.
Os dados recolhidos com este questionário serão mantidos no anonimato e utilizados somente
para a investigação em curso.
Para responder às questões deverá selecionar as hipóteses propostas. As questões de resposta
extensa devem ser redigidas nos locais assinalados.
1–5
6 – 10
Mais de 10
Sim
Não
73
3. Quais as principais dificuldades que encontra nestes alunos?
Os alunos não conseguem alcançar sem esforço todas as chaves da mão direita.
Outra:
Sim
Não
Flauta Fife
Flautas Nuvo
Outra:
74
6. Reconhece alguma dificuldade para a aprendizagem do aluno nas alternativas que
utiliza?
Não.
Sim. Qual?
7. Considera que a utilização do flautim pode ser uma opção viável no ensino de
alunos de flauta em regime de iniciação?
Sim. Porquê?
Não. Porquê?
8.Já utilizou o flautim como alternativa no ensino da flauta transversal com alunos de
iniciação?
Sim. Que avaliação fez dessa experiência?
Não.
75
Anexo II – Guião das entrevistas realizadas às alunas de Flauta Transversal
P – Gostaste da Fife?
P – O flautim é mais fácil ou é mais difícil do que aquilo que estavas à espera antes de começares a
aprender a tocar flautim?
76
Anexo II – Guião da entrevista à Professora de flauta do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian
4. Tendo em conta a sua experiência a lecionar a disciplina de flauta a alunos de iniciação, o que
achou do desempenho dos alunos envolvidos no estudo, que iniciaram a aprendizagem da
flauta através do flautim?
77
5. Como avalia o flautim em relação às outras alternativas apresentadas (Fife, cabeça curva,
Nuvo)?
6. Após observação das aulas e das provas de avaliação dos alunos de iniciação, acha viável a
utilização do flautim como ferramenta de aprendizagem da flauta? Porquê?
7. Já tinha uma opinião formada sobre o flautim como ferramenta de trabalho na iniciação, antes
do presente estudo empírico no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga?
78
Anexo III – Transcrição das entrevistas às alunas de Flauta Transversal
ALUNA A
79
ALUNA B
80
ALUNA C
81
P – Estudas mais agora com o flautim ou antes com a Fife?
R – Com o flautim.
P - Gostas mais do flautim?
R – Sim.
4. Tendo em conta a sua experiência a lecionar a disciplina de flauta a alunos de iniciação, o que
achou do desempenho dos alunos envolvidos no estudo, que iniciaram a aprendizagem da
flauta através do flautim?
Vi que os alunos se adaptaram muito bem a este tipo de situação e, segundo as palavras
deles, gostaram muito.
5. Como avalia o flautim em relação às outras alternativas apresentadas (Fife, cabeça curva,
Nuvo)?
Faço uma análise muito positiva.
6. Após observação das aulas e das provas de avaliação dos alunos de iniciação, acha viável a
utilização do flautim como ferramenta de aprendizagem da flauta? Porquê?
82
Penso que é viável este tipo de iniciativas. Porque desde que se começou com esta
experiência, os alunos (no começo foi estranho para eles) criaram o gosto e conseguiram
grandes mudanças e evolução.
7. Já tinha uma opinião formada sobre o flautim como ferramenta de trabalho na iniciação, antes
do presente estudo empírico no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga?
Não tinha uma opinião formada.
83