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As penas e as medidas de segurança integram as consequências jurídicas do crime -

chamamos a atenção para isto porque no código penal há outros institutos relativamente
aos quais nos podemos indagar se integram ou não as consequências jurídicas do crime.
Quanto às penas e as medidas de segurança não há dúvidas. Já no que toca à
indemnização de penas e danos, arbitrada em processo penal, esta não é uma
consequência jurídica do crime.
Nos termos do artigo 129º e 130º CP a indemnização é regulada pela lei civil – então,
quando alguém é condenado pela prática de um crime numa pena e numa indemnização,
simultaneamente, esta última não é uma consequência jurídica do crime (não é matéria
penal): não perde a sua natureza civilística apesar de ser arbitrada em processo penal e não
cível.
No ordenamento jurídico português, antes de 1982, havia uma figura (a reparação)
equivalente à indemnização, mas que tinha natureza penal. A partir desse ano, deixou de
existir como consequência do crime, ficando nós com a indemnização civil.
Temos ainda institutos, como a queixa e a acusação partículas (segundo semestre) e a
prescrição do procedimento criminal, da pena e das medidas de segurança, entre outros,
que não abordamos – são matérias relativamente às quais se discute a sua natureza jurídica.
Isto é, apesar de estarem previstas no CP, discute-se se têm natureza adjetiva processual
civil, penal ou mista.
Num conceito amplo de consequência jurídica do crime, podemos incluir matéria sobre
o registo criminal. Sempre que alguém é condenado por um crime, essa condenação vai
para o registo criminal da pessoa.
Trata-se, portanto, de uma matéria atinente às consequências jurídicas do crime devido
a um vasto leque de razões: como vamos estudar, é relevante saber o passado criminal dos
arguidos (a reincidência - um reincidente é punido mais severamente); a pena
relativamente indeterminada também precisa de ter em conta o registo criminal do agente;
novamente, para determinar a medida concreta da pena, o juiz pega na moldura penal e
atenta a alguns fatores (nomeadamente o comportamento anterior à prática do crime, no
qual está também a pratica de crimes anteriores pelo agente).
Ainda que diferente, importa considerarmos a matéria da base de dados de perfis de
ADN quando olhamos para as consequências jurídicas do crime. Desde 2008, a todas as
pessoas que são condenadas numa pena de determinada gravidade é-lhes retirado material
biológico para que se construa um perfil genético com finalidades de identificação civil e
criminal.
Polémica, mas não dispensável, é a matéria do registo dos “pedófilos” (não usamos o
termo “pedofilia/pedófilo” em Direito, pois são conceitos médicos e não jurídicos: não há
nenhum crime de pedofilia, ninguém é condenado por pedofilia, o crime que consagramos
é o crime de abuso sexual de crianças, crimes estes que podem ser cometidos por pedófilos

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