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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


ENGENHARIA ELÉTRICA

ANTONIO ALMEIDA DE SOUSA NETO


JOÃO VITOR GEREVINI KASPER

ANÁLISE DO CIRCUITO RLC NO DOMÍNIO DO TEMPO E DA


FREQUÊNCIA PARA RESPOSTA AO IMPULSO E DE ESTADO
NULO.

MEDIANEIRA
2016
1. INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste em exercitar os conhecimentos a respeito da análise


de circuitos elétricos no domínio do tempo e da frequência. A análise será executada
em um circuito RLC, com uma entrada de tensão de natureza exponencial e a saída
será a corrente no resistor.
Estuda-se circuitos RLC com o intuito de analisar seu comportamento
transitório e permanente, assim podendo aplicá-los em alguns ramos de engenharia
elétrica, tais como: circuitos de comunicação e controle, circuitos de suavização e
filtros. Exemplo de circuito de controle: sistema de ignição de automóveis.
Inicialmente, encontramos a resposta intrínseca do sistema (resposta ao
impulso),em seguida, verificamos o comportamento do sistema para a entrada
aplicada(resposta de estado nulo), em ambos domínios.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS

Figura 1. Circuito RLC

11 5 8
Sabendo que na figura 1 𝑍1 = H , 𝑍2 = Ω e 𝑍3 = 100 F , iniciamos
10 √8

nossa análise da relação existente entre a entrada e a saída aplicando LKC ao nó


essencial do circuito e modelamos a partir das relações de tensão e corrente, como
segue abaixo:

𝑖𝐿 = 𝑖𝐶 + 𝑖𝑅 (2.1)
1 𝑡 𝑑𝑖𝑅
∫ (𝑉
𝐿 −∞ 𝐹
− 𝑅𝑖𝑅 (𝑡))𝑑𝑡 = 𝑖𝑅 + 𝐶𝑅 𝑑𝑡
(2.2)
Diferenciando a Equação (2.2), temos
1 𝑑𝑖𝑅 𝑑 2 𝑖𝑅
(𝑉𝐹 − 𝑅𝑖𝑅 (𝑡)) = + 𝑅𝐶 (2.3)
𝐿 𝑑𝑡 𝑑𝑡 2

e rearranjando os termos,
𝑑 2 𝑖𝑅 𝑑𝑖𝑅 𝑅𝑖𝑅 𝑉𝐹
𝑅𝐶 + + = (÷ 𝑅𝐶) (2.4)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2 𝐿
𝑑 2 𝑖𝑅 1 𝑑𝑖𝑅 𝑅𝑖𝑅 𝐹𝑉
+ 𝑅𝐶 + = 𝑅𝐿𝐶 (2.5)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝐿𝐶
1 1 𝑉
(𝐷2 + 𝑅𝐶 𝐷 + 𝐿𝐶) 𝑖𝑅 = 𝑅𝐿𝐶
𝐹
(2.6)

portanto
𝑄(𝐷)𝑖𝑅 = 𝑃(𝐷)𝑉𝐹 (2.7).
A forma padrão de escrever a Equação (2.5) em termos de ξ e Wn é a
seguinte
𝑑 2 𝑖𝑅 𝑑𝑖𝑅 𝑉
+ 2𝜉𝑊𝑛 + 𝑊𝑛 2 𝑖𝑅 = 𝑅𝐿𝐶
𝐹
(2.8)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

da Equação (2.5) temos:


1 1
𝑊𝑛 2 = 𝐿𝐶 => 𝑊𝑛 = = 3,371 (2.9)
√𝐿𝐶

1 √𝐿𝐶
2𝜉𝑊𝑛 = 𝑅𝐶 => 𝜉 = 2𝑅𝐶 = 1,049 (2.10)

sendo ξ > 1, classificamos o sistema como superamortecido.


A análise da estabilidade assintótica, requer o conhecimento das raízes
características do sistema, sendo o polinômio característico a equação abaixo:
𝜆2 + 2𝜉𝑊𝑛 𝜆 + 𝑊𝑛 2 = 0 (2.11)
temos que as raízes características (λ1 e λ2) são dadas por:
𝜆1 = −𝜉𝑊𝑛 + 𝑊𝑛 √𝜉 2 − 1 (2.12)

𝜆2 = −𝜉𝑊𝑛 − 𝑊𝑛 √𝜉 2 − 1 (2.13)
substituindo os valores de ξ e Wn em λ1 e λ2, tem-se:
𝜆1 = −2,4695
𝜆2 = −4,6015
Estando as raízes características localizadas no semi-plano esquerdo,
classificamos o sistema como assintóticamente estável.
Pelo Método Simplificado de Casamento de Impulso, podemos encontrar h(t)
do sistema. Logo:
ℎ(𝑡) = [𝑃(𝐷)𝑖𝑅𝑛 (𝑡)] 𝜇(𝑡) (2.14)
Onde:
𝑖𝑅𝑛 (𝑡) = 𝐾1 𝑒 𝜆1 𝑡 + 𝐾2 𝑒 𝜆2 𝑡 (2.15)
sujeita às condições iniciais:
𝑑𝑖𝑅𝑛 (0)
𝑖𝑅𝑛 (0) = 0 𝑒 =1
𝑑𝑡
Aplicando as condições iniciais acima, obtemos o seguinte sistema de
equações:
𝐾1 + 𝐾2 = 0 (2.16)
𝐾1 𝜆1 + 𝐾2 𝜆2 = 1 (2.17)
solucionando o sistema, obtemos:
1 1
𝐾1 = 𝜆 𝑒 𝐾2 = 𝜆 (2.18)
1 −𝜆2 2 −𝜆1

Portanto:
𝑒 𝜆1 𝑡 𝑒 𝜆2 𝑡
𝑖𝑅𝑛 (𝑡) = 𝜆 +𝜆 (2.19)
1 −𝜆2 2 −𝜆1

logo,
1
ℎ(𝑡) = 𝑅𝐿𝐶(𝜆 (𝑒 𝜆1𝑡 − 𝑒 𝜆2 𝑡 ) (2.20).
1 −𝜆2 )

Substituindo os valores de R, L, C, λ1 e λ2, na Equação (2.20) tem-se:


ℎ(𝑡) = 3,015(𝑒 −2,4695𝑡 − 𝑒 −4,6015𝑡 ) (2.21)
Para encontrar a resposta de estado nulo iRZS(t), convolucionamos h(t) com a
8⁄ 𝑡
entrada 𝑉𝐹 = −4𝑒 − 3 .

𝑖𝑅𝑍𝑆 (𝑡) = ℎ(𝑡) ∗ 𝑉𝐹 (𝑡) (2.22)


𝑡 (𝑒 𝜆1 𝜏 −𝑒 𝜆2 𝜏 ) 8⁄ (𝑡−𝜏)
𝑖𝑅𝑍𝑆 (𝑡) = ∫0 𝑅𝐿𝐶 (𝜆 4 𝑒− 3 𝑑𝜏 (2.23)
1 −𝜆2 )
8
4𝑒 − ⁄3𝑡 𝑡 8 8⁄ )𝜏
𝑖𝑅𝑍𝑆 (𝑡) = 𝑅𝐿𝐶 (𝜆 −𝜆 )
∫0 [𝑒 (𝜆1 + ⁄3)𝜏 − 𝑒 (𝜆2 + 3 ] 𝑑𝜏 (2.24)
1 2
8 8 8
4𝑒 − ⁄3𝑡 𝑒 (𝜆1 + ⁄3)𝑡 𝑒 (𝜆2 + ⁄3)𝑡 𝜆1 −𝜆2
𝑖𝑅𝑍𝑆 (𝑡) = 𝑅𝐿𝐶 (𝜆 [ − + (𝜆 8 ] (2.25).
1 −𝜆2 ) 𝜆1 +8⁄3 𝜆2 +8⁄3 8
1 + ⁄3)(𝜆2 + ⁄3)

Substituindo os valores dos parâmetros na Equação (2.25) temos:


8⁄ 𝑡
𝑖𝑅𝑍𝑆 (𝑡) = 61,169𝑒 −2,4695𝑡 + 6,2333𝑒 −4,6015𝑡 − 67,4023𝑒 − 3 (2.26)
Toda a análise realizada até esse ponto foi realizada no domínio do tempo,
podemos realizar esta mesma análise no domínio da frequência, encontrando a
resposta ao impulso e a resposta de estado nulo, aplicando a Transformada de
Laplace na Equação (2.5) e posteriormente encontrando sua inversa.
Inicialmente encontraremos a h(t),resposta ao impulso, aplicando um impulso
na entrada do sistema na Equação (2.5) e em seguida aplicamos Laplace, fazendo
as condições iniciais nulas.
𝐷 1 𝑉
L {(𝐷2 + 𝑅𝐶 + 𝐿𝐶) 𝑖𝑅 } = 𝑅𝐿𝐶
𝐹
= L{𝛿(𝑡)} (2.27)
𝑠 1 1
𝐼𝑅 (𝑠) [𝑠 2 + 𝑅𝐶 + 𝐿𝐶] = 𝑅𝐿𝐶 (2.28)
1
𝐼𝑅 (𝑠) = 𝑠 1 (2.29)
𝑅𝐿𝐶 [𝑠2 + + ]
𝑅𝐶 𝐿𝐶

1 1
𝐼𝑅 (𝑡) = L-1{ 𝑠 1 } (2.30)
𝑅𝐿𝐶 𝑠2 + +
𝑅𝐶 𝐿𝐶

Neste momento encontraremos a transformada inversa de 𝐼𝑅 (𝑠) por meio de


expansão em frações parciais da Equação (2.29), então primeiramente calcularemos
os polos da Equação (2.29).
1 1
∆= 𝑅2𝐶 2 − 4 (2.30)
𝐿𝐶
8 11 5
Substituindo os valores de 𝐶 = 100, 𝐿 = 10 e 𝑅 = , encontra-se os polos:
√8

500 50
∆= 50 − =
11 11

−1 −1
+√∆ −√∆
𝑅𝐶 𝑅𝐶
𝑝1 = = −2,4695 𝑒 𝑝2 = = −4,6015 (2.31)
2 2

então, expandimos em frações parciais,


1 𝐴 1 𝐵
𝑖𝑅 (𝑡) = 𝑅𝐿𝐶 L-1 {𝑠+𝑝 } + 𝑅𝐿𝐶 L-1 {𝑠+𝑝 } (2.32)
1 2

comparando a Equação (2.32) com a (2.30), temos que:


1
𝐴(𝑠 + 𝑝2 ) + 𝐵(𝑠 + 𝑝1 ) = 𝑅𝐿𝐶 (2.31).

Se s = -p1, A = 3,01512. Se s = -p2, B = -3,01512.


Como a resposta de ir(t) corresponde a entrada impulso, chamamos essa
resposta de h(t), reposta ao impulso.
ℎ(𝑡) = 3,01512[𝑒 −2,4695𝑡 − 𝑒 −4,6015𝑡 ] (2.32).
Para encontrarmos a resposta de estado nulo da entrada exponencial no
domínio da frequência, basta aplicamos a Transformada de Laplace na Equação
(2.5) fazendo as condições iniciais nulas
−8⁄ 𝑡
𝑑 2 𝑖𝑅 1 𝑑𝑖𝑅 𝑅 𝑖 4𝑒 3
+ 𝑅𝐶 + 𝐿𝐶 = (x L) (2.33)
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝑅𝐿𝐶
1 1 4
𝑠 2 𝐼𝑅 (𝑠) + 𝑅𝐶 𝐼𝑅 (𝑠) + 𝐿𝐶 𝐼𝑅 (𝑠) = 𝑅𝐿𝐶 (𝑠+8⁄ (2.34)
3)
𝑠 1 4
𝐼𝑅 (𝑠) [𝑠 2 + 𝑅𝐶 + 𝐿𝐶] = 𝑅𝐿𝐶 (𝑠+8⁄ (2.35)
3)
4
𝐼𝑅 (𝑠) = 8 𝑠 1 (2.36)
𝑅𝐿𝐶 (𝑠+ ⁄3) (𝑠2 + + )
𝑅𝐶 𝐿𝐶

𝐴 𝐵 𝐶
𝐼𝑅 (𝑠) = [L-1{𝑠−𝑝 } + L-1{𝑠−𝑝 } + L-1{𝑠+8⁄ }] (2.37)
1 2 3
8 √5 11
Sendo p1 = -2,4695, p2 = -4,6015, 𝐶 = 100, 𝑅 − e 𝐿 = 10. Se s = p1, s = p2 e s
8

= −8⁄3, teremos sucessivamente:


4 𝐴 𝐵 𝐶
𝐼𝑅 (𝑠) = 𝑅𝐿𝐶 (𝑠+8⁄ = (𝑠−𝑝 ) + (𝑠−𝑝 ) + (𝑠+8⁄ (2.38)
3) (𝑠−𝑝1 ) (𝑠−𝑝2 ) 1 2 3)

4
𝐴= = 61,169
𝑅𝐿𝐶 (𝑝1 + 8⁄3) (𝑝1 − 𝑝2 )

4
𝐵= = 6,2333
𝑅𝐿𝐶 (𝑝2 + 8⁄3) (𝑝2 − 𝑝1 )

4
𝐶= = 67,4023
𝑅𝐿𝐶 (−8⁄3 − 𝑝1 ) (−8⁄3 − 𝑝2 )

Substituindo as constantes e aplicando a transformada inversa de Laplace


encontramos a resposta de estado nulo irzs(t).

8⁄ 𝑡
𝑖𝑅𝑍𝑆 (𝑡) = 61,169𝑒 −2,4695𝑡 + 6,2333𝑒 −4,6015𝑡 − 67,4023𝑒 − 3 (2.39)

2.2 ANÁLISE DE RESULTADOS

De acordo com as teorias apresentadas em sala de aula, observou-se que


podemos solucionar circuitos elétricos, tanto no domínio do tempo quanto na
frequência, sendo este último mais apropriado quando no processo de convolução
envolver funções complexas. Este resultado foi confirmado quando encontramos a
mesma resposta para o sinal de saída, corrente no resistor, utilizando ambos os
métodos.

Com o auxílio de métodos computacionais foi possível plotar: a posição das


raízes características, para alguns valores de resistência, as respostas do sistema à
entrada impulso e a uma entrada exponencial. Os gráficos são mostrados abaixo:
5
Figura 2. Para 𝑅 = , utilizado no sistema analisado.
√8

Figura 3. Alterando parâmetro para R = 2.


Convém mencionar que com a pequena alteração feita no valor da
resistência a localização das raízes alterou radicalmente, inclusive alterando o
sistema para um caso de subamortecimento.

Figura 3. Resposta ao impulso h(t),resposta de estado nulo Irzs(t) e entrada


exponencial Vf(t), sobreposta.

Figura 4. Zoom da resposta h(t)


3. CONCLUSÃO

Após a inspeção das respostas do sistema e a análise do gráfico de h(t),


Irzs(t), resposta de estado nulo, e a entrada, confirmamos que o sistema é estável já
que as duas raízes características situavam-se no semiplano esquerdo. Na
avaliação do sistema no domínio do tempo, observou-se que o fator de
amortecimento ξ é maior que um, com isso o sistema é dito ser superamortecido.

O comportamento da saída do sistema no regime transitório atinge o pico em


aproximadamente 0,7 segundos, após este período, a corrente no resistor decresce
seu valor até tender o regime permanente.

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