Você está na página 1de 17

Revista Contabilidade & Finanças - USP

ISSN: 1519-7077
recont@usp.br
Universidade de São Paulo
Brasil

Wernke, Rodney; Lembeck, Marluce


Análise de rentabilidade dos segmentos de mercado de empresa distribuidora de mercadorias
Revista Contabilidade & Finanças - USP, vol. 15, núm. 35, mayo-agosto, 2004, pp. 68-83
Universidade de São Paulo
São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=257119539005

Como citar este artigo


Número completo
Sistema de Informação Científica
Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
68 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE


MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

Rodney Wernke
Professor Doutor na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – SC
E-mail: rodneyw@unisul.br

Marluce Lembeck
Professora na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – SC
E-mail: marluce@unisul.br

RESUMO ABSTRACT

O artigo apresenta possíveis aplicações do con- The article presents possible applications of the
ceito de margem de contribuição para avaliação de contribution margin concept for the performance
desempenho de segmentos comerciais, voltando-se evaluation of commercial segments, more
mais especificamente para empresas que operam no specifically oriented towards goods distribution
ramo de distribuição de mercadorias. São comenta- companies. We comment on and give examples
das e exemplificadas situações em que a margem of situations in which the contribution margin can
de contribuição pode servir como ferramenta de apoio serve as a tool to support managers from the sales
aos gestores da área de vendas para averiguar a area to verify the profitability of products, product
rentabilidade de produtos, linhas de mercadorias, lines, sales regions, distribution channels, clients
territórios de venda, canais de distribuição, clientes and salespersons. Finally, we emphasize the
e vendedores. Por último enfatiza-se o aspecto da aspect of operational result projection on the basis
projeção de resultados operacionais com base na of the total contribution and its benefits.
contribuição total e seus benefícios. Keywords: Segments, Contribution margin,
Palavras-chave: Segmentos, Margem de contri- Performance evaluation.
buição, Avaliação de desempenho.
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

1. INTRODUÇÃO 2. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Os procedimentos de controlar e avaliar o de- Neste estudo são enfatizadas aplicações do con-
sempenho das operações empresariais há muito ceito de margem de contribuição, cuja compreensão
têm sido considerados como imprescindíveis à escorreita é curial. Por isso, buscou-se na literatura
manutenção da competitividade das organiza- pertinente o entendimento de alguns autores sobre
ções. Principalmente em ambientes o tema em lume.
mercadológicos aonde a competição vem se acir- Martins (2003, p. 179) considera que a margem
rando e forçando a redução das margens de lu- de contribuição por unidade “é a diferença entre o
cro, se os administradores não fundamentarem preço de venda e o custo variável de cada produto; é
suas decisões em controles internos adequados, o valor que cada unidade efetivamente traz à empre-
tornar-se-á cada vez mais difícil que as empre- sa de sobra entre a sua receita e o custo que de fato
sas suportem as intervenções dos concorrentes provocou e que pode lhe ser imputado sem erro.”
no mercado em que atuam. Atkinson et al. (2000, p. 193) mencionam que a
Para fazer frente a tais dificuldades cabe que os Margem de Contribuição unitária (em R$) é a dife-
gestores tenham à disposição relatórios de avalia- rença entre o preço unitário e o custo variável unitá-
ção de desempenho das diversas áreas da empre- rio. Em relação ao índice da margem de contribui-
sa. Especialmente na área de vendas, cuja relevân- ção, aduzem que é a margem de contribuição ex-
cia para a continuidade das operações é pressa como porcentagem das vendas.
inquestionável, cabe que sejam averiguados os com- Horngren et al. (1999, p. 61) registram que a
portamentos dos diversos segmentos nos quais a “diferença entre as receitas totais e os custos vari-
entidade atua. áveis totais é chamada de margem de contribui-
Nas empresas distribuidoras de mercadorias, ção”. Complementam dizendo que a contribuição
também conhecidas como atacadistas, que tra- marginal resume aquilo que as operações propor-
balham com uma gama diversificada de produtos cionam de ganho para a empresa por unidade
em seu mix de comercialização e que possuem comercializada.
milhares de integrantes na sua carteira de clien- Kaplan e Atkinson (1989, p. 31) salientam que a
tes, a importância de contar com informes diferença entre o preço e o custo variável por unida-
gerenciais sobre o desempenho comercial se de é conhecida como a Margem de Contribuição por
acentua. Neste tipo de empresa assume relevân- unidade, e que o resultado da multiplicação da mar-
cia a urgência na obtenção de respostas a gem de contribuição unitária pelo número de unida-
questionamentos acerca da rentabilidade de pro- des vendidas é geralmente denominado como Mar-
dutos, linhas, territórios de venda etc, no sentido gem de Contribuição total.
de direcionar decisões de cunho operacional, tá- Bornia (2002, p. 71) refere-se à margem de con-
tico e estratégico. tribuição como o montante das vendas diminuído dos
Em decorrência dessa realidade, este artigo tem custos variáveis. A margem de contribuição unitária,
como objetivo evidenciar como a margem de con- por conseqüência, é o preço de venda menos os
tribuição pode ser utilizada pelos gestores de or- custos variáveis unitários do produto, estando ligada
ganizações atacadistas na análise de rentabilida- à lucratividade e à rentabilidade do item vendido.
de dos segmentos de mercado em que tais em- Lunkes (2004, p. 121) entende que “margem de
presas operam. Para tanto, após apresentar bre- contribuição é a quantia de receita que permanece
ve revisão da literatura acerca de tal conceito, dis- depois de deduzir os custos e despesas variáveis”,
corre-se a importância de analisar o desempenho ou seja, o lucro variável por unidade comercializada.
dos diversos segmentos de mercado. Em segui- Pelos conceitos mencionados, há tênues diferen-
da, são evidenciadas algumas das possibilidades ças entre as definições encontradas na literatura.
de aplicação da margem de contribuição como Entretanto, todas convergem para o sentido de que
70 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

conotação, esse conceito pode ser empregado na técnicas estatísticas, como a análise de regressão,
avaliação de segmentos de mercado, conforme co- muitas vezes tal divisão torna-se arbitrária.
mentado nas próximas seções. Santos (1995, p. 45) registra que, quando a em-
presa possuir ativo permanente elevado, como é o
2.1. Limitações Associadas à Margem de caso das empresas que utilizam tecnologia
Contribuição operacional avançada, o uso do custeamento dire-
to “poderá não ser tão útil em termos de análise se
Apesar dos diversos benefícios informativos a não houver uma preocupação com relação à ab-
serem evidenciados posteriormente, quanto ao em- sorção dos custos fixos, principalmente no que tan-
prego da Margem de Contribuição na lide gerencial, ge às depreciações”.
é salutar que os administradores estejam cientes das
limitações que a mesma apresenta. 3. ANÁLISE DE DESEMPENHO DE
Neste sentido, para Padoveze (1994, p. 236) o SEGMENTOS DE MERCADO
conceito de margem de contribuição, utilizado no cus-
teio direto, subestima os custos fixos, que são liga- A análise de desempenho deve ser executada
dos à capacidade de produção e de planejamento de pelos gestores de vendas e de marketing a fim de
longo prazo, podendo trazer problemas de continui- determinar o lucro gerado pelos segmentos de mer-
dade para a empresa. Além disso, a exclusão dos cado, conforme Warren et al. (2001, p. 146). Tais
“custos fixos indiretos para valoração dos estoques autores entendem que um segmento de mercado
causa sua subavaliação, fere os princípios contábeis é uma parte da empresa que pode ser atribuída a
e altera o resultado do período”. Martins (2003, p. 202) um gerente responsável pelo lucro e mencionam
também comenta que o custeio variável (ou direto), como exemplos os territórios de vendas, os pro-
“fere os Princípios Contábeis, principalmente o Regi- dutos, os vendedores, os canais de distribuição e
me de Competência e a Confrontação”. os tipos de clientes.
Sardinha (1995, p. 81) aduz que existem restri- No mesmo sentido, Beulke e Bertó (2001, p. 23)
ções quanto à utilização da Margem de Contribui- asseveram que a partir do conhecimento do de-
ção no aspecto de fixar preços dos produtos. Refe- sempenho de cada produto, mercadoria, serviço
rido autor defende que “para sobreviver a longo pra- ou segmento, “torna-se possível o conhecimento
zo, a empresa deve conseguir uma receita que cu- do desempenho de clientes específicos e de ne-
bra os custos variáveis e os custos fixos, e um lu- gociações específicas. Tal fato constitui,
cro que satisfaça os investidores”. Portanto, funda- indubitavelmente, um instrumento de vantagem
mentar decisões somente com base na margem de competitiva na atual conjuntura de negócios, ca-
contribuição pode ser inadequado à continuidade racterizada pela alta dinamicidade”.
da organização. Ainda, menciona que o uso ape- Enfatizando a relevância de se analisar a rentabi-
nas dos custos variáveis para a decisão de preço lidade dos segmentos de mercado, Peleias (2002, p.
de pedidos especiais “pode trazer problemas com 26) afirma que “avaliação de resultados é a aferição
consumidores tradicionais e/ou com esse mesmo das decisões tomadas pelos gestores sobre even-
cliente no futuro”. Os consumidores tradicionais tos e transações que ocorrem na empresa, evidenci-
podem se sentir enganados por estarem pagando ando no que os esforços foram aplicados e o que se
preço maior, enquanto que o cliente que comprou o obteve”. Para tanto, assevera que devem ser consi-
produto por preço mais barato pode exigir o mesmo derados todas as receitas e custos variáveis relati-
tratamento futuramente. vos aos eventos e transações, e suas implicações
Bruni e Famá (2003, p. 213) citam como desvan- no resultado econômico. Além disso, tais informa-
tagem do uso da margem de contribuição, através do ções devem ser desdobradas por produto, cliente,
custeio variável, “a existência de custos mistos (cus- região, entre outras possibilidades, evidenciando a
tos com uma parcela fixa e outra variável), já que nem eficácia nas decisões tomadas, através das margens
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

Leone (2000, p. 354) aduz que, ao optar por de contribuição para analisar os diversos segmen-
avaliar o desempenho de suas operações, a ge- tos que o gestor da área de vendas pode desejar
rência deverá definir de que modo deseja subdi- controlar ou avaliar periodicamente.
vidi-las. Ressalta que a subdivisão pode ser por
função (pesquisa de mercado, propaganda, cré- 3.1. Rentabilidade de Produtos
dito, venda, armazenagem, transporte,
faturamento, cobrança, serviço de produtos), por Uma das formas mais tradicionais de aplicação
produto (grandes linhas ou famílias de produtos), do conceito de margem de contribuição é na análi-
por territórios (zonas de vendas e regiões), por se de rentabilidade dos preços de venda das mer-
tipos de clientes (governo, indústrias, consumi- cadorias comercializadas.
dores, crianças, estudantes), por canal de distri- Neste sentido, Santos (1995, p. 37) enumera
buição (atacadistas, varejistas, consumidores di- diversas vantagens do conhecimento da margem
retos, lojas próprias, lojas de terceiros) e por ta- de contribuição. Especificamente em relação à
manho de pedido (pedidos de grandes volumes, aplicabilidade deste conceito na análise de ren-
pedidos médios e pequenos pedidos). tabilidade de produtos, tal autor comenta que: (a)
Determinados os segmentos a serem avaliados os índices de margem de contribuição ajudam a
conforme as peculiaridades da empresa, resta uti- administração a decidir que produtos devem me-
lizar ferramentas gerenciais que proporcionem tal recer maior incentivo ou esforços da equipe de
análise. Dentre as opções disponíveis encontra- vendas; (b) as margens de contribuição são es-
se a margem de contribuição. Neste sentido, senciais para auxiliar os administradores a deci-
Warren et al. (2001, p. 146) enfatizam que o cus- direm se um segmento produtivo deve ser aban-
teio variável, através da margem de contribuição, donado ou não. Se o produto recupera mais que
“pode propiciar informações significativas para a seus custos variáveis, está dando uma contribui-
tomada de decisões em relação aos diversos seg- ção aos lucros gerais; (c) as margens de contri-
mentos da empresa”. buição podem ser usadas para avaliar alternati-
Corroborando a capacidade da margem de con- vas que se criam com respeito a reduções de pre-
tribuição em subsidiar os administradores no que ços, descontos especiais, campanhas publicitári-
tange à obtenção de informações para gerenciar as especiais e uso de prêmios para aumentar o
os diversos segmentos, Müller e Kriger (2002, p. volume de vendas. Quanto maior for o índice de
30) registram que margem de contribuição, melhor é a oportunida-
O estudo da margem de contribuição de de promover vendas; (d) quando se chega à
para cada nota fiscal, cliente, representan- conclusão quanto aos lucros desejados, pode-se
te comercial e região permite uma série de avaliar prontamente seu realismo pelo cálculo do
avaliações que podem servir a decisões número de unidades a serem vendidas para se
gerenciais e comerciais da empresa. Para conseguir os lucros desejados. O cálculo é facil-
alguns produtos, esta margem de contribui- mente feito, dividindo-se os custos fixos mais o
ção é negativa devido a definições estraté- lucro desejado pela margem de contribuição uni-
gicas comerciais da empresa, tais como: tária; (e) os preços máximos são estabelecidos
ofertas especiais, competição agressiva, pela demanda do consumidor; os preços mínimos,
lançamento de produtos. A margem de con- a curto prazo, pelos custos variáveis de produzir
tribuição mínima de cada produto, para co- e vender. Os par tidár ios da abordagem
brir somente as deduções e os custos vari- contributiva afirmam que a apuração de custos
áveis diretos de frete, cobrança, financeiro com destaque para a Margem de Contribuição
e comissões, pode ser calculada por região, ajuda os gerentes a entenderem a relação entre
facilitando a segmentação do mercado e a custos, volume e lucro, levando a decisões mais
escolha de produtos a serem trabalhados. sábias sobre preços.
72 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

autores da área de custos e contabilidade concomitantemente);


gerencial de que “todo processo de análise e de- - projeção de efeitos no resultado do período
cisão enfocando rentabilidade analítica dos pro- com a eliminação ou redução de mercadori-
dutos deve estar fundamentado a partir de infor- as comercializadas;
mações baseadas no método de custeio variável, - fornece subsídios para escolha, no caso de
com a utilização do conceito de margem de con- estratégias de vendas (por exemplo: “Ven-
tribuição (...).” Além disso, Guerreiro e Angelo da Casada”) podendo associar-se uma mer-
(1999, p. 35) apresentam um modelo para deci- cadoria com margem de contribuição unitá-
são de preços e rentabilidade no qual demons- ria maior que o custo de compra do produto
tram que o processo de planejamento de preços ofertado como brinde na compra de quanti-
e análise de rentabilidade pode ser conseguido dade superior àquela que normalmente se-
com o uso da margem de contribuição, sem a ne- ria adquirida pelo cliente;
cessidade da utilização de procedimentos de ra- - facilita a definição das mercadorias que se-
teios de custos fixos aos produtos. rão colocadas em oferta, ou que terão seus
Para Warren et al. (2001, p. 149), em decor- preços alterados (majoração ou descontos);
rência de que alguns produtos são mais lucrati- - aceitação ou rejeição de venda em quanti-
vos que outros em função de diferenças de pre- dade superior que a normal, porém com pre-
ço, custo de fabricação, apoio promocional ou ço inferior ao de lista. A margem de contri-
apoio de vendedores, a administração deve buição estabelece o preço mínimo a aceitar
“centrar seus esforços de vendas nos produtos ou o desconto máximo a conceder.
que gerarão a máxima margem de contribuição - respostas às questões “qual influência na
total”. Defendem também que a demonstração de rentabilidade se houver: (i) aumento ou des-
resultados que mostra a margem de contribuição conto no custo das mercadorias pelos for-
por produto deveria ser sempre usada pelos ge- necedores; (ii) concessão de descontos ou
rentes para orientar ações em relação às vendas aumento nos preços de vendas das merca-
de produtos e aos esforços promocionais a se- dorias; (iii) diminuição ou aumento do volu-
rem realizados. Citam, como exemplo, o caso do me físico de mercadorias vendidas;
Explorer (veículo utilitário esportivo da Ford), - crítica e/ou análise da tabela de preços vi-
que é um dos modelos mais lucrativos daquela gente, quando à adequação dos preços pra-
montadora. A Ford usa essa infor mação ticados, quer individualmente, quer por linha
para motivar maiores níveis de produção e ou grupo de produtos.
canalizar esforços de divulgação para tal tipo de
automóvel. Para exemplificar as possibilidades de análise
Após propor um relatório específico para con- citadas, por questão de limite de espaço optou-
trolar a margem de contribuição de mercadorias, se por utilizar uma lista de apenas 15 (quinze)
Wernke (2001, p. 139) salienta que dentre as in- produtos comercializados por distribuidora de
formações que podem ser extraídas do modelo mercadorias, subdivididos em três linhas codifi-
sugerido destacam-se: cadas de “M” (Medicamentos), “P” (Perfumaria) e
“H” (Hospitalar). Tais produtos são considerados
- determinar quais as mercadorias são as mais os principais das linhas escolhidas e, como cons-
rentáveis (tanto em unidades monetárias, ta da tabela 1, para cada item foram calculadas a
quanto em percentual de rentabilidade); respectiva margem de contribuição unitária em
- identificar mercadorias que contribuem in- valor (R$) e em percentual (%), além da margem
significantemente (pequeno valor ou de contribuição total em reais (obtida pela multi-
percentual), ou com margem de contribui- plicação da contribuição unitária pelo volume ven-
ção negativa (que geralmente são toleradas dido no mês), além do percentual que corresponde
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

Tabela 1 – Margem de contribuição dos produtos

PRODUTOS/FATORES MC unit R$ MC unit % MC total R$ % MC Total

M-72146-Viagr 2,74 3,82% 6.323,37 5,69%


M-161458-Microv 0,33 10,59% 13.672,72 12,29%
M-20377-Dorfl 2,07 4,07% 5.208,97 4,68%
M-6519-Aspir 0,87 1,91% 2.211,41 1,99%
M-775-Dian 1,10 10,12% 9.387,23 8,44%
P-84949-Nan 0,83 8,57% 7.166,28 6,44%
P-34782-FR Bigfr 0,47 4,36% 3.416,92 3,07%
P-6080-CargaM3 0,17 2,82% 2.132,04 1,92%
P-89949-Cen.Br 3,15 28,05% 18.315,54 16,47%
P-88294-C.Br.Ól. 1,90 22,05% 14.042,38 12,63%
H-13215-Tien 5,22 8,24% 11.176,88 10,05%
H-37934-Kefl 12,03 9,04% 4.535,08 4,08%
H-140622-Cefl 18,93 15,44% 5.016,90 4,51%
H-158803-Novam 39,41 16,67% 4.375,03 3,93%
H-127200-Alb 9,87 17,45% 4.235,47 3,81%
Total do Período 111.216,22 100,00%

Fonte: Dados internos da empresa

Com base na tabela 1, o gestor da área de ven- Trabalhando os dados da tabela 2, o gestor da
das pode chegar a conclusões quanto ao desempe- área de vendas pode segregar os produtos em fai-
nho dos produtos, quer individualmente, quer em fun- xas de rentabilidade e identificar a freqüência de itens
ção do volume comercializado no período e a con- que se situam em determinado estrato de margem
seqüente margem de contribuição total gerada pe- de contribuição percentual por unidade, quer no mix
los mesmos. total ou nas linhas de produtos.
Na hipótese da análise da margem de contribui- Para facilitar a análise e interpretação do cenário su-
ção unitária podem ser estabelecidos relatórios por gere-se a elaboração de gráficos, como exemplificado
ordem decrescente de rentabilidade, em valores no gráfico 1, revelando a distribuição relativa dos produ-
monetários (R$) ou, conforme consta da tabela 2, tos em termos de percentual de contribuição por unida-
em percentuais. de. Ao examinar tal gráfico, percebe-se que 33,33% do
Tabela 2 – Margem de mix de produtos comercializados pela empresa em lume
Contribuição Unitária Percentual proporcionam lucratividade individual inferior a 5%. Já os
produtos que têm margem de contribuição superior a 5%
Produtos MC Unit % e abaixo de 20% representam 53,34% da gama de itens
P-89949-Cen.Br 28,05% ofertados, enquanto apenas 13,33% das mercadorias têm
P-88294-C.Br.Ól. 22,05% contribuição unitária percentual que supera 20%.
H-127200-Alb 17,45%
35,00%
H-158803-Novam 16,67%
H-140622-Cefl 15,44% 30,00%

M-161458-Microv 10,59%
25,00%
M-775-Dian 10,12%
H-37934-Kefl 9,04% 20,00%
% do Mix de Produtos
P-84949-Nan 8,57%
15,00%
H-13215-Tien 8,24%
P-34782-FR Bigfr 4,36% 10,00%

M-20377-Dorfl 4,07% 5,00%


M-72146-Viagr 3,82%
0,00%
P-6080-CargaM3 2,82% 0 a 5% 5,1% a 10% 10,1% a 15% 15,1% a 20% 20,1% a 25% 25,1% a 30%
MC Unitária Percentual
M-6519-Aspir 1,91%
Gráfico 1 – Distribuição dos Produtos por
74 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

Outro ponto que merece ser avaliado é quanto à desempenho dos produtos de forma unitária é
existência de linhas com produtos com margens de analisar a rentabilidade dos mesmos em função
contribuição unitária percentual significativamente da margem de contribuição total proporcionada
diferentes. No caso da linha de produtos “P”, confor- no período. Isto porque, em última instância, o
me os dados consignados na tabela 1, os itens des- que interessa é a capacidade que o item possui
te grupo apresentam um produto com 2,82% e outro de gerar recursos para o caixa da empresa (e,
com 28,05% de contribuição unitária percentual. obviamente, quanto maior for o montante oriundo
Cabe ao gestor da área de vendas avaliar a das vendas, melhor).
pertinência ou não de manter tal diferença. A tabela 3 expressa a rentabilidade total do mix
Mais importante até do que investigar o comercializado no mês em estudo.

Tabela 3 – Comparativo da Margem de Contribuição Total em R$

Produtos MC Total R$ % do Total % Acumulado

P-89949-Cen.Br 18.315,54 16,47% 16,47%


P-88294-C.Br.Ól. 14.042,38 12,63% 29,09%
M-161458-Microv 13.672,72 12,29% 41,39%
H-13215-Tien 11.176,88 10,05% 51,44%
M-775-Dian 9.387,23 8,44% 59,88%
P-84949-Nan 7.166,28 6,44% 66,32%
M-72146-Viagr 6.323,37 5,69% 72,01%
M-20377-Dorfl 5.208,97 4,68% 76,69%
H-140622-Cefl 5.016,90 4,51% 81,20%
H-37934-Kefl 4.535,08 4,08% 85,28%
H-158803-Novam 4.375,03 3,93% 89,21%
H-127200-Alb 4.235,47 3,81% 93,02%
P-34782-FR Bigfr 3.416,92 3,07% 96,09%
M-6519-Aspir 2.211,41 1,99% 98,08%
P-6080-CargaM3 2.132,04 1,92% 100,00%

Fonte: Dados internos da empresa

Pela ordem decrescente de desempenho evidencia- 3.2. Desempenho de Linhas de Mercadorias


da na tabela 3, constata-se que apenas os cinco primei-
ros produtos geram 59,88% de toda a margem de contri- Determinada a contribuição unitária do mix de
buição conseguida pelo mix comercializado no período. produtos comercializados, pode o administrador ex-
Contudo, é conveniente salientar que analisar pandir a análise de desempenho para as linhas ou
a rentabilidade individual dos produtos (quer pela grupos de mercadorias.
contribuição unitária em reais ou pela contribui- Wernke (2001, p. 140) registra que utilizando o
ção unitária percentual) pode contribuir para que conceito de Margem de Contribuição para mensurar
o gestor identifique possíveis alternativas para o desempenho das linhas de mercadorias o gestor
otimizar o desempenho dos itens com menor mar- de vendas teria disponíveis informações como:
gem de contribuição total em reais. O exame de- - determinação das linhas mais rentáveis e, por
tido de tais fatores pode indicar que alterações conseqüência, as linhas com menor retorno. A
(majorações ou descontos nos preços de venda) rentabilidade por linha pode ser obtida tanto mo-
sejam necessárias no sentido de facultar uma netariamente quanto em percentuais do total
melhoria da rentabilidade total de determinada li- do período;
nha de artigos comercializados, ou dos produtos, - definição de linhas a eliminar ou reduzir ou
individualmente. ampliar (em termos de amplitude, número de
Além da análise de cada produto, o gestor da área artigos, variedade de tipos etc);
de vendas pode avaliar o desempenho das linhas de - padronizados os percentuais de Margem de
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

mercadorias, têm-se melhores condições de fi- dades de períodos anteriores pode-se estimar
xar preços promocionais ou descontos máximos o faturamento para períodos vindouros (mês,
a conceder, na venda de itens daquela linha; trimestre, semestre, etc) proveniente desta li-
- possibilita demonstrar os resultados auferidos nha de mercadorias.
por linhas de mercadorias de forma inteligível A título de exegese, retomando os dados menci-
a todos os vendedores/representantes ou onados na tabela 1 e adicionando o faturamento
gestores, visando cobrar o envolvimento em mensal total de cada linha, tem-se um relatório de
vendas ou incentivo ao desempenho; análise de desempenho das linhas de mercadorias,
- fundamentados na média de vendas em uni- conforme consta da tabela 4.

Tabela 4 – Comparativo entre linhas de mercadorias

LINHAS/FATORES MC Linha R$ % MC Total Fat. Linha R$ % Fat.Total

MEDICAMENTOS 36.803,69 33,09% 631.171,21 49,84%


PERFUMARIA 45.073,16 40,53% 366.604,99 28,95%
HOSPITALAR 29.339,37 26,38% 268.729,45 21,22%
TOTAL DO PERÍODO 111.216,22 100,00% 1.266.505,65 100,00%

Fonte: Dados internos da empresa

Pelo exame detido da tabela 4 constata-se que vendas para os mesmos. Se conseguir um au-
a ordem de desempenho em termos de Margem mento de 10% no valor de faturamento, passaria
de Contribuição total é, em primeiro, a linha Per- a ter vendas totais de R$ 694.288,33. Como a
fumaria (participando com 40,53%), seguida da margem de contribuição média desta linha
Linha Medicamentos (com 33,09%) e por último é de 5,83% [R$ 36.803,69/R$ 631.171,21x100] e
a Linha Hospitalar, com 26,38% da contribuição assumindo que a mesma se mantivesse, o
total do período. acréscimo na margem de contribuição em termos
Entretanto, no critério “Faturamento total” a li- de valor seria de R$ 3.673,31. Tal valor seria oriun-
nha que teve maior volume monetário de vendas do da nova Margem de Contribuição Total da Li-
foi a de Medicamentos, com 49,84%. O segundo nha (R$ 694.288,33x5,83%= R$ 40.477,00) me-
lugar neste quesito ficou com a linha Perfumaria nos a Margem de Contribuição Total da Linha an-
(com 28,95%) e na última posição a linha Hospi- teriormente obtida (R$ 36.803,69).
talar, com apenas 21,22% do faturamento total do Porém, se as iniciativas promocionais fossem
mês analisado. direcionadas para aumentar o faturamento do gru-
Entre os dois critérios citados o gestor de ven- po de produtos com maior margem de contribui-
das deve priorizar o de Margem de Contribuição ção total (Perfumaria, com R$ 45.073,16), o re-
total, pois o que realmente interessa à empresa é sultado seria mais positivo. Ou seja, como
a capacidade de geração de caixa das linhas de esta linha tem margem de contribuição média
produtos. Ilustrando tal raciocínio, supondo-se a de 12,29% [R$ 45.073,16/366.604,99x100],
situação exposta na tabela 4 e que a empresa um aumento de 10% no faturamento, passando
resolvesse priorizar os produtos de maior para R$ 403.265,48, resultaria num acréscimo
faturamento (Linha de Medicamentos, com da margem de contribuição total da linha
R$ 631.171,21) canalizando seus esforços de de R$ 4.488,16.
76 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

Esse valor adicionado advém da nova Margem riam aumentar R$ 63.117,12 para aumentar a mar-
de Contr ibuição Total da Linha (12,29% de gem de contribuição total desta linha em
R$ 403.265,48= R$ 49.561,32), menos a contri- R$ 3.673,31, na linha Perfumaria um acréscimo no
buição total anteriormente conseguida faturamento total de R$ 36.660,04 resultaria em
(R$ 45.073,16). Assim, enquanto na linha de mai- um aumento da Margem de contribuição total de
or faturamento (Medicamentos) as receitas deve- R$ 4.488,16, conforme demonstrado na tabela 5.

Tabela 5 – Comparativo entre linhas

Linha Medicamentos (% do total) Perfumaria (% do total) Totais

Aumento no faturamento R$ 63.117,12 (63,25%) R$ 36.660,04 (36,75%) R$ 99.777,16 100%


Aumento na MC Total R$ 3.673,31 (45,00%) R$ 4.488,16 (55,00%) R$ 8.161,47 100%

Fonte: Dados internos da empresa

É pertinente ressaltar que, para efeito de ilus- sempenho dos territórios de venda nos quais uma
trar o raciocínio defendido, assumiu-se que o empresa atua, Warren et al. (2001. p. 147) mencio-
percentual médio de margem de contribuição das nam que
duas linhas seria mantido (5,83% para a linha Me- uma demonstração de resultados que mos-
dicamentos e 12,29% para a linha Perfumaria), tre a margem de contribuição por território de
mesmo com o aumento projetado de 10% no vendas é sempre útil aos gerentes na avalia-
faturamento para ambas. Porém, o gestor de ven- ção do desempenho passado e no
das deve atentar que na realidade tal comporta- direcionamento de esforços de venda futuros.
mento somente existiria se a participação A análise da lucratividade de vendas por ter-
percentual dos produtos nas vendas totais das ritório pode levar a administração a reduzir
duas linhas permanecesse igual. Como tais linhas custos nos territórios de vendas com
têm produtos com margens de contribuição unitá- lucratividade baixa ou a aumentar o esforço
rias bastante distintas (no caso da linha Medica- de vendas nos territórios de maior
mentos varia de 1,91% a 10,59% e na linha Perfu- lucratividade. Por exemplo, a Coca-Cola
maria oscila entre 2,82% e 28,05%, conforme evi- Company obtém mais de 75% do lucro
denciado na tabela 1), se houver um aumento nas corporativo total fora dos Estados Unidos.
vendas dos itens com maior margem de contribui- Essa informação motivou a gerência da Coca-
ção unitária percentual, a margem de contribuição Cola a continuar expandindo as operações e
média das linhas será automaticamente alterada. os esforços de venda em todo o mundo.
A próxima seção enfoca a aplicabilidade da mar-
gem de contribuição na avaliação dos resultados Referidos autores defendem (op. cit. , p. 148) tam-
auferidos pelos territórios de venda. bém que “a margem de contribuição para cada terri-
tório consiste nas vendas menos os custos variáveis
3.3. Comparativo entre Territórios de Venda associados com as vendas dos produtos em cada
território”. Aprimorando a avaliação de desempenho
A confrontação dos resultados periódicos dos pode ser calculado o índice de margem de contribui-
territórios de venda também pode ser efetuada ção (margem de contribuição dividida pelas vendas)
através do conceito de margem de contribuição, por território, que faculta um melhor direcionamento
propiciando informações relevantes para a ges- das operações às áreas mais lucrativas.
tão da área comercial. Para facilitar a compreensão, utiliza-se como
Atestando a importância de se comparar o de- exemplo os dados expostos na tabela 6.
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

Tabela 6 – Comparativo de desempenho dos territórios de venda

Produtos/Territórios Territ. SC Territ. RS Total do Período


MC Total % Total MC Total % Total MC Total % Total

M-72146-Viagr 1.580,84 1,42% 4.742,52 4,26% 6.323,37 5,69%


M-161458-Microv 4.101,82 3,69% 9.570,90 8,61% 13.672,72 12,29%
M-20377-Dorfl 3.125,38 2,81% 2.083,59 1,87% 5.208,97 4,68%
M-6519-Aspir 486,51 0,44% 1.724,90 1,55% 2.211,41 1,99%
M-775-Dian 4.083,44 3,67% 5.303,78 4,77% 9.387,23 8,44%
P-84949-Nan 716,63 0,64% 6.449,65 5,80% 7.166,28 6,44%
P-34782-FR Bigfr 3.246,07 2,92% 170,85 0,15% 3.416,92 3,07%
P-6080-CargaM3 639,61 0,58% 1.492,42 1,34% 2.132,04 1,92%
P-89949-Cen.Br 3.846,26 3,46% 14.469,28 13,01% 18.315,54 16,47%
P-88294-C.Br.Ól. 6.740,34 6,06% 7.302,04 6,57% 14.042,38 12,63%
H-13215-Tien 6.706,13 6,03% 4.470,75 4,02% 11.176,88 10,05%
H-37934-Kefl 2.448,95 2,20% 2.086,14 1,88% 4.535,08 4,08%
H-140622-Cefl 602,03 0,54% 4.414,87 3,97% 5.016,90 4,51%
H-158803-Novam 1.400,01 1,26% 2.975,02 2,67% 4.375,03 3,93%
H-127200-Alb 2.244,80 2,02% 1.990,67 1,79% 4.235,47 3,81%
TOTAIS 41.968,83 37,74% 69.247,40 62,26% 111.216,22 100,00%

Fonte: Dados internos da empresa

Sabendo-se que o faturamento total do período (Produto Interno Bruto), tendo por base o ano an-
tenha sido de R$ 456.168,04 para o estado de San- terior (ou dado mais recente disponível), o que
ta Catarina e de R$ 820.337,61 para o Rio Grande permite avaliar o potencial de crescimento em cada
de Sul, o índice de margem de contribuição para estado da federação. Citam que “o potencial de
cada território de venda pode ser facilmente de- crescimento precisa ser analisado com a relação
terminado. No caso do segmento catarinense, a faturamento e PIB, e a margem de contribuição,
margem de contribuição percentual foi de 9,20% identificando os estados com potencial de cresci-
(R$ 41.968,83/R$ 456.168,04x100). Para o terri- mento e permitindo direcionar o esforço de cresci-
tório gaúcho, o índice foi de 7,59%, obtido pela di- mento da empresa”. Apresentam, como ilustração
visão da margem de contribuição total do território a tal raciocínio, a situação em que determinado
(R$ 62.247,40) pelo faturamento total do período estado da federação (território de venda) tenha
(R$ 820.337,61) no mercado gaúcho. uma relação “faturamento/PIB” de 0,19 e índice de
A diferença de desempenho dos lucros pode ser margem de contribuição total (11,12%) maior que
explicada pela diferença no mix de vendas entre a média de outros estados (9,08%). Müller e Kriger
os dois mercados. O mix de vendas, algumas ve- (op.cit., p.31) concluem que com essa performance
zes chamado de mix de produtos, é definido como o estado teria um maior potencial de crescimento
a distribuição relativa das vendas entre os vários das vendas, além de ser um mercado que propor-
produtos vendidos. Partindo-se das informações ciona percentuais de rentabilidade superiores aos
disponíveis, conclui-se que o território catarinense demais territórios abrangidos pela empresa.
tem maior proporção relativa de vendas dos pro- No próximo tópico comenta-se acerca da análise
dutos com maior margem de contribuição do que do desempenho dos canais de distribuição.
o verificado no território gaúcho.
Uma outra possibilidade de análise de desem- 3.4. Resultado por Canal de Distribuição
penho de territórios de venda consiste, segundo
Müller e Kriger (2002, p. 31), em obter informa- Dias apud Angelo e Silveira (1997, p. 35) co-
ções sobre o potencial de crescimento da venda, menta que num momento de aumento de concor-
permitindo um enfoque estratégico sobre a distri- rência mercadológica, “as estratégias de distribui-
78 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

refere a canais de distribuição, estes têm aspecto- 3.5. Lucratividade de Clientes


chave na estratégia de marketing de uma organi-
zação comercial, visto que representam a manei- A administração de vendas de uma empresa dis-
ra escolhida para fazer chegar o produto aos di- tribuidora de mercadorias, em muitas ocasiões, tem
versos segmentos de mercado. necessidade de conhecer quais de seus clientes são
Uma das formas de avaliar o desempenho em rentáveis e também os que proporcionam resulta-
termos de resultados alcançados consiste em averi- dos deficitários.
guar quais canais de distribuição são os mais lucra- Neste sentido, Fleury et al. (2000, p. 69) comen-
tivos, por intermédio da margem de contribuição to- tam que a análise de rentabilidade dos clientes abre
tal alcançada pelos mesmos. Com base nos dados possibilidades de cunho estratégico, no sentido de
constantes da tabela 7, dessume-se que a forma de que permite:
distribuição de melhor desempenho foi o canal “Far- a) melhorar o atendimento aos clientes altamen-
mácias”, com 51,53% da margem de contribuição te rentáveis: procedimentos como promoções,
total conseguida no período, seguido de “Supermer- brindes, verbas publicitárias, dentre outros,
cados” (22,09%), “Hospitais públicos” (15,83%) e por poderiam ser direcionados a estes clientes,
último “Hospitais privados” (10,55%). propiciando aumento de faturamento, bem
como a fidelização destes;
Tabela 7 – Desempenho dos b) conhecer o custo dos serviços disponibilizados
Canais de Distribuição ao cliente e tentar cobrar pelo mesmo;
c) ofertar descontos promocionais nas operações
Margem Contr. com clientes aos quais é possível servir com
Canal de distribuição Total R$ % do total
custos menores;
Farmácias 57.313,79 51,53% d) tentar atrair clientes que proporcionam gran-
Supermercados 24.563,06 22,09%
des lucros aos concorrentes.
Hospitais públicos 17.603,62 15,83%
Hospitais privados 11.735,75 10,55% Os mencionados benefícios podem ser usufru-
Total 111.216,22 100,00% ídos a partir do conhecimento da margem de con-
Fonte: Dados internos da empresa tribuição do mix de mercadorias adquiridos pela
clientela, individualmente. Em relação a isso, Müller
A mesma análise pode ser subdividida por territó- e Kriger (2002, p. 31) citam que uma das formas
rios, visando demonstrar o desempenho dos diver- de análise que pode ser efetuada consiste no cru-
sos canais de distribuição nas áreas geográficas zamento da informação de cliente e produto, o que
abrangidas pela empresa. permite avaliar a conveniência ou não de manter
Além disso, há uma outra questão que merece clientes cuja margem de contribuição seja negati-
ser discutida: o uso de margens diferenciadas para va. Ou seja, os clientes que concentram suas com-
cada canal de distribuição. Ou seja, o mesmo produ- pras em produtos ruins em termos de geração de
to pode ser vendido por preços distintos, dependen- margem de contribuição, “são sérios candidatos a
do do canal pelo qual o mesmo é comercializado. sair da carteira. Obviamente o caminho não é ex-
Neste sentido, Naiditch (2003, p. 70) cita o caso de clusão e sim de tentativa de mudança na forma de
indústria cerâmica que anteriormente aplicava uma relacionamento com este perfil de cliente. Em últi-
mesma margem de lucro para todos os produtos. mo caso, não se atende”.
Recentemente tal empresa estabeleceu políticas de Tais autores comentam também que, estando o
preço para cada canal de distribuição e assim a mar- representante comercial ciente da informação do
gem de produtos de maior giro e menor valor agre- valor da margem de contribuição do cliente à medi-
gado é menor que a dos produtos de maior valor da que esteja confeccionando o pedido (o que pode
agregado. Com isso, itens iguais vendidos em ca- ser conseguido com relatório específico ou
nais diferentes podem ter preços distintos. disponibilizado on-line em notebooks, por exemplo),
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

concedido (reduzindo os custos financeiros ineren- A próxima seção aborda a questão relacionada
tes); pelo oferecimento de produtos com maior mar- com os gastos necessários para atendimento dos
gem de contribuição, mas de menor giro de estoque; clientes, geralmente não abrangidos pela margem
pelo aumento do volume da compra diminuindo o de contribuição.
efeito de custos fixos; pela cobrança de despesa de
frete, dentre outros procedimentos a serem tentados, 3.5.1. O Problema dos Gastos de
conforme as circunstâncias de cada negociação em Atendimento aos Clientes
andamento ou cliente sendo atendido.
Cooper e Slagmulder (2003, p. 36) comentam que O uso da margem de contribuição na análise de
após identificados os clientes rentáveis, aos gestores rentabilidade dos clientes pode ser aprimorado com
da área de vendas cabem três tipos de iniciativas: a alocação dos custos e despesas ligados ao aten-
- tentar identificar os grupos de clientes de alta dimento da clientela.
rentabilidade e começar a aumentar sua satis- Isso porque, utilizando exclusivamente a margem
fação por meio de mais serviços; de contribuição, os dispêndios de recursos com aten-
- reduzir os preços de venda para os clientes dimento aos clientes são considerados como despe-
que geram lucros altos e que possam, eventu- sas do exercício e, portanto, lançados na demons-
almente, perder para um concorrente; tração de resultados. Por outro lado, se os mesmos
- identificar novas formas de atender os clientes fossem alocados à clientela através de percentual
para garantir que, embora os custos sejam bai- único para todos, acabaria por beneficiar alguns cli-
xos, a satisfação seja alta. entes (pela alocação de valores menores que aque-
Os referidos autores comentam ainda que, no les que efetivamente lhes deveriam ser atribuídos),
caso de clientes não-rentáveis, também existem em detrimento de outros que receberiam uma par-
três tipos de medida que os executivos podem to- cela maior do que aquela que lhes caberia. Dessa
mar: (i) podem empenhar-se em fornecer os ser- forma, um cliente que demande muitos recursos pode
viços que os clientes precisam de maneira mais parecer tão atraente quanto outro que praticamente
eficaz; (ii) podem aumentar os preços para cobrir não utiliza a estrutura operacional ou de apoio da
o custo dos recursos consumidos; (iii) podem re- empresa vendedora. Destarte, tais procedimentos
duzir os esforços de venda. No limite, isso signi- acabariam distorcendo o valor a ser considerado para
fica recusar a atender clientes não-rentáveis. O atendimento aos clientes, evidenciando de forma er-
objetivo global é aumentar positivamente a pro- rônea que essa atividade nada custa para a empre-
porção entre clientes rentáveis e não-rentáveis. sa (na hipótese de tratá-los como despesa do exer-
Concluem argumentando que, ao conhecer a ren- cício) ou que todos os clientes custam o mesmo
tabilidade da clientela, percentual do valor da venda realizada.
os vendedores têm condições de reforçar o Convém salientar que quando esses gastos são
posicionamento estratégico da companhia, insignificantes, os dois tratamentos têm poucas im-
atraindo e retendo clientes de alta rentabilida- plicações. Entretanto, quando assumem valores re-
de, mesmo correndo o risco de perder os de levantes no contexto das operações, ou quando as
baixa rentabilidade. Mas é preciso cuidado e margens de lucro são diminutas, seu tratamento ina-
não confiar excessivamente nas informações dequado pode induzir a um enfraquecimento estra-
sobre rentabilidade, porque nem sempre elas tégico, de vez que não se determinou com precisão
captam o “quadro geral”. É comum, por exem- a rentabilidade gerada pelos clientes. Com isso, os
plo, que um novo cliente não seja rentável nos vendedores não conseguem gerenciar sua carteira
primeiros meses. A rentabilidade só estará de clientes de forma escorreita, no sentido de otimizar
estabelecida depois que o relacionamento se o desempenho da mesma.
consolidar e o volume de transações estiver Cooper e Slagmulder (2003, p. 35) pugnam que
totalmente definido. Não seria adequado des- sem a
80 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

clientes com base quase exclusivamente na 3.6. Lucratividade de Vendedores


maneira como são recompensados. Em ge-
ral, isso significa volume vendido (se eles são Warren et al. (2001, p. 149) asseveram que
avaliados com base na receita gerada) ou a concomitantemente à análise de lucratividade
relação entre o preço de venda do produto e dos territórios de venda e das linhas de produ-
os custos do produto (se eles são avaliados tos, cabe aos executivos da área de vendas ava-
com base na rentabilidade do produto). liar o desempenho dos vendedores, almejando
determinar a lucratividade dos mesmos. Argúem
Os referidos autores argumentam também que que o “relatório para uso gerencial na avaliação
para se ter uma visão mais adequada da rentabilida- do desempenho de vendas de cada vendedor
de gerada pelos clientes, os custos e despesas de poderia incluir vendas totais, custo variável dos
atendimento devem ser atribuídos à clientela utilizan- produtos vendidos, despesas variáveis de ven-
do os princípios do Custeio Baseado em Atividades das, margem de contribuição e índice de mar-
(Activity-based costing – ABC). gem de contribuição”.
A seção seguinte discorre acerca a avaliação Para justificar a adoção desse procedimento,
da lucratividade dos profissionais que atuam como pode-se utilizar a análise fundamentada na tabela 8,
vendedores. elaborada para um território de vendas.

Tabela 8 – Margem de contribuição por vendedor – Território de Vendas: Santa Catarina

Fatores Total Território Vendedor A Vendedor B Vendedor C

Vendas totais R$ 456.168,04 150.512,20 152.341,10 153.314,74


Margem de contrib. total R$ 41.968,83 18.522,31 12.554,42 10.892,10
Margem de contrib. percentual 9,20% 12,31% 8,24% 7,10%

Fonte: Dados internos da empresa

No caso da tabela 8, os valores de vendas e das A seguir comenta-se a respeito da comissão de


margens de contribuição total dos três vendedores vendedores e como utilizar a margem de contribui-
coincidem com total de vendas e margem de contri- ção para incentivar vendas.
buição do território em exame. Esse relatório propi-
cia ao supervisor da área geográfica uma análise 3.6.1. Comissionamento de Vendedores
mais acurada do desempenho do território. O de-
monstrativo indica que o vendedor “C” mesmo tendo Principalmente para empresas do setor ataca-
vendido a maior parcela das vendas totais do territó- dista e varejista, que trabalham com margens de
rio (R$ 153.314,74), produziu a menor margem de contribuições pequenas e diferentes conforme os
contribuição percentual (7,10%). Por sua vez, o ven- produtos ou linhas de mercadorias, aliada à ca-
dedor “A” conseguiu um percentual de margem de racterística de grande giro de estoque, assume re-
contribuição de 9,20%, apesar de ter vendido me- levância uma boa política de remuneração para os
nos que os demais vendedores. Tal divergência pode profissionais de vendas.
ser imputada ao fato de que o vendedor “A” vendeu Essa política de remuneração de comissões so-
mais produtos que têm maior índice de margem de bre as vendas visa essencialmente imprimir melhor
contribuição que os comercializados pelos vendedo- dinamismo à área comercial, tendo com isto reflexos
res “B” e “C”. O responsável pelo território poderia positivos com ganhos logísticos em termos de esto-
usar esse demonstrativo para estimular os vende- ques, armazenamento, finanças etc. Nesta direção,
dores “B” e “C” a se esforçarem para tentar a Coronado (2001, p. 262) registra que
comercialização de produtos de maior margem, en- há empresas que atuam no ramo atacadista
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

de 2% sobre o preço de venda, resultará em por ocasião de promoções de qualquer produto,


perda, pois os vendedores se acomodarão e bastando-se aumentar o índice de comissão sobre
só venderão os produtos de maior giro, ou seja, a margem de contribuição.
de maior aceitação no mercado, não se im- Atestando a viabilidade do comissionamento
portando com os demais produtos que com- com base na margem de contribuição Naiditch
põem o mix, localizados no fundo do arma- (2003, p. 71) comenta que determinado fabrican-
zém e, por conseguinte, apresentam uma te de cerâmica fixava metas de vendas com base
margem de lucro melhor, possibilitando na em volumes vendidos. Entretanto, a partir de
média atingir a margem de contribuição dese- 2002, as cotas de comercialização passaram a
jada pela empresa. Esse critério ocasiona para ser baseadas em rentabilidade. Com tal procedi-
a empresa os seguintes danos: mento, no lugar das metas por volume, as comis-
a) mercadorias paradas no estoque sem giro; sões dos vendedores passaram a ser calculadas
b) ocupação de espaço de armazenagem; sobre a margem de contribuição.
c) custo financeiro de estoque parado; A próxima seção comenta o aspecto de projetar
d) rápida falta do estoque de produtos resultados utilizando o conceito de margem de con-
promocionais “chaves”, sem provocar a saí- tribuição total.
da dos demais, conforme composição do mix;
e) gastos com promoção de vendas de cer- 3.7. Projeção de Resultados
tos produtos sem giro, sem motivo para
tal decisão. Dentre as possibilidades de uso da margem
O referido autor considera que compete ao gestor de contribuição na seara das empresas distribui-
da área de vendas agir para otimizar o desempenho doras de mercadorias está a projeção do resulta-
dos vendedores e sugere remunerar o vendedor com do mensal. A respeito disso, Coronado (2001, p.
base na margem de contribuição. Para tanto, propõe 213) comenta que nestas organizações, principal-
que ao elaborar a tabela de preços seja adicionada a mente pelas grandes quantidades de itens dife-
informação relativa ao custo de reposição à vista do rentes comercializados e também em razão da
produto ao lado do preço de venda proposto. Com essa elevada rapidez com que os eventos se sucedem,
medida, evidenciar-se-á ao corpo de vendedores a “o custeio variável [margem de contribuição] é de
margem de contribuição do produto em valor unitário grande valia nas tomadas de decisões gerenciais,
e em percentual e, por conseguinte, o índice de co- visto que determina a margem de contribuição uni-
missão a que terá direito caso transacione o produto. tária de cada produto e pode ser fixado o volume
Coronado (op. cit., p. 262) entende que assim “o de atividades necessário para absorver os cus-
vendedor, de posse dessa lista de preço, saberá tos fixos da empresa.”
que produto deve vender para render-lhe maior co- Ou seja, fundamentado na margem de contri-
missão. Embora o índice seja aplicado como base, buição dos produtos, o gestor de vendas pode si-
o preço do produto terá uma correlação com a mar- mular o impacto no resultado do período conside-
gem de contribuição de cada produto ou família.” rando alterações nas variáveis (i) preço de merca-
Propõe, então, que sejam aplicados “índices variá- do, (ii) volume comercializado e (iii) giro de esto-
veis de acordo com os produtos e famílias sobre os que. Com tal procedimento poderá determinar a
preços de venda, mas sempre gerados por meio da margem de contribuição desejada por linha ou gru-
margem de contribuição, que também pode ser ma- po de produtos, cujo somatório seja suficiente para
nipulada pelo gestor de vendas, de acordo com os superar os custos e despesas fixos diretamente
objetivos da empresa.” Essa forma de remunera- relacionados aos produtos, os custos e despesas
ção, segundo tal autor, tem a capacidade de trans- identificados às áreas, como também os custos de
formar o vendedor em um homem de negócios, in- oportunidade do negócio e os custos financeiros
duzindo-o preocupar-se com os produtos de menor do estoque. Desta forma, segundo Coronado
82 Rodney Wernke • Marluce Lembeck

preços testar, num sistema cruzado, diversas situ- variação na quantidade de unidades vendidas
ações dentro da linha ou grupo de produtos, redu- ou (2) uma variação no preço de venda unitá-
zindo o preço e a margem de contribuição de cer- rio ou no custo variável unitário.
tos produtos, como atrativo promocional aos cli- Tais autores (op. cit., p. 151) comentam também
entes e aumentando o preço e a margem de ou- que o efeito desses dois fatores sobre as vendas ou
tras mercadorias. “Nesse sistema de simulação, o custos variáveis pode ser determinado pelo “fator
gestor reconhece o quanto o cliente está disposto quantidade” e pelo “fator preço unitário ou fator cus-
a pagar pelos produtos e, ao mesmo tempo, apro- to unitário”. No caso do “fator quantidade”, este afeta
veita para oferecer outros produtos por meio de em razão da diferença no número de unidades ven-
trade-marketing com maior margem de contribui- didas, supondo constantes o preço de venda e o custo
ção, que compensa a redução nos demais”. variável unitários. Ou seja, o “fator quantidade” con-
Sintetizando, busca-se determinar o ponto de siste na diferença entre as quantidades vendidas,
equilíbrio das operações comerciais da entidade. Ou efetivas e planejadas, multiplicada pelo preço de ven-
seja, identificar que volume de vendas seria o sufici- da unitário ou pelo custo variável unitário.
ente para gerar margem de contribuição total que Quanto ao “fator preço unitário ou fator custo unitá-
supere os custos e despesas fixos do período e pro- rio”, este reflete-se no efeito da diferença no preço de
porcione a remuneração desejada do investimento venda unitário ou custo unitário sobre o número de
realizado. Com isso, conforme Coronado (2001, p. unidades vendidas. O “fator preço ou fator custo unitá-
263), poderiam ser tomadas atitudes mais agressi- rio” é a diferença entre o preço ou custo unitário real e
vas em termos de aumentar o market-share (partici- o planejado, multiplicado pela quantidade vendida real.
pação de mercado), pois a elevação do giro de esto- A análise das diferenças entre a contribuição
que conseguido com a redução de margens de con- total planejada e a efetivamente conseguida con-
tribuição provavelmente implicará positivamente “no tribui para que os administradores da área de ven-
aumento da participação no mercado, representan- das avaliem o desempenho pretérito e planejem
do maior competitividade e garantia de fidelidade da operações futuras. Assim, segundo Warren et al.
clientela, como também redução do custo financeiro (2001, p. 151), poderiam, por exemplo, averiguar
de manutenção do estoque”. Além disso, cabe aos como impactou a redução de $ 0,50 no preço de
gestores tentarem otimizar a contribuição total modi- venda unitário sobre o número de unidades vendi-
ficando técnicas de armazenagem, estocagem, mo- das e sobre o total das vendas no ano. Essa infor-
vimentação interna e externa, comunicação entre mação poderia ser usada para decidir acerca da
fornecedores-atacadistas-clientes, sistema de ECR viabilidade da diminuição de preços futuramente.
(Efficient Consumer Response ou Resposta Eficien-
te ao Consumidor), dentre outras possibilidades. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda no que tange ao uso do conceito de mar-
gem de contribuição para ajudar os gerentes no pla- As constantes oscilações que ocorrem nos vári-
nejamento e controle de operações, é salutar que os segmentos de mercado precisam ser devidamen-
sejam estudadas as diferenças entre as margens de te monitoradas de forma periódica, independente-
contribuição planejada e efetiva, objetivando apurar mente do ramo de atuação da companhia. Especifi-
as causas dessas discrepâncias. camente no caso das distribuidoras de mercadorias
Warren et al. (2001, p. 150) assinalam que, sen- isso se reflete diretamente no resultado alcançado,
do a margem de contribuição resultante da dedução de vez que as campanhas promocionais que os di-
dos custos variáveis das vendas, versos concorrentes implementam, mensalmente ou
a diferença entre as margens de contribuição, em períodos menores, implicam em alteração na
planejada e real, pode ser causada por (1) participação de mercado. Para ter melhores condi-
aumento ou diminuição no montante das ven- ções de concorrer, uma avaliação contínua do de-
das ou (2) aumento ou diminuição no montan- sempenho das vendas dos díspares segmentos em
ANÁLISE DE RENTABILIDADE DOS SEGMENTOS DE MERCADO DE EMPRESA DISTRIBUIDORA DE MERCADORIAS

Conforme dessume-se deste estudo, a margem conceito de margem de contribuição pode proporci-
de contribuição pode ser considerada uma eficiente onar várias informações importantes para os admi-
ferramenta para analisar de forma tecnicamente con- nistradores das empresas atacadistas. Adicionalmen-
sistente o resultado proporcionado pelos produtos, te, o emprego da mesma metodologia para empre-
linhas, territórios, vendedores etc. Mesmo com as sas de outros ramos também pode ser realizado,
limitações que lhe são peculiares, especialmente no principalmente para entidades varejistas (como lo-
que tange ao tratamento dos gastos relacionados jas, supermercados, farmácias etc), com as devidas
com o atendimento da clientela, conclui-se que o adaptações, observando-se as limitações inerentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGELO, C. F.; SILVEIRA, J. A. G. Varejo competitivo. São Paulo: KAPLAN, R. S.; ATKINSON, A. A. Advanced management
Atlas, 1997. accounting. New Jersey: Prentice-Hall, 1989.

ATKINSON, A. A.; BANKER, R. D.; KAPLAN, R. S.; S. M. YOUNG. LEONE, G. S. G. Custos: planejamento, implantação e controle.
Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. São Paulo: Atlas, 2000.

BEULKE, R.; BERTÓ, D. J. Estrutura e análise de custos. São LUNKES, R. J. Manual de contabilidade hoteleira. São Paulo:
Paulo: Saraiva, 2001. Atlas, 2004.

BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em em- MARTINS, E. Contabilidade de custos . 9 a. ed. São Paulo:
presas modernas. Porto Alegre: Bookman, 2002. Atlas, 2003.

BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de MÜLLER, C. J.; KRIGER, J. S. Gestão de custos em empre-
preços : com aplicações na calculadora HP12C e Excel. São sas de distribuição. Curitiba: Revista FAE, v.5., n.3, p.23-29,
Paulo: Atlas, 2003. set./dez. 2002.

COOPER, R.; SLAGMULDER, R. Redução de custos com inteli- NAIDITCH, S. Reforma no balcão. São Paulo: Revista Exame,
gência. São Paulo: HSM Management, n.40, p.32-38, set.-out. 2003. ed. 804, p.70-72, 29/out. 2003.

CORONADO, O. Controladoria no atacado e varejo: logística PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sis-
integrada e modelo de gestão sob a óptica da Gestão Econômi- tema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 1994.
ca. São Paulo: Atlas, 2001.
PELEIAS, I. R. Controladoria: gestão eficaz utilizando padrões.
FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. Logística em- São Paulo: Saraiva, 2002.
presarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
SANTOS, J. J. Formação de preços e do lucro : custos mar-
GUERREIRO, R. Sistema de custeio baseado em atividades: ginais para formação de preços referenciais. São Paulo:
análise de um paradoxo. Brasília: Revista Brasileira de Contabi- Atlas, 1995.
lidade, n.138, nov./dez. 2002.
SARDINHA, J. C. Formação de preço: a arte do negócio. São
GUERREIRO, R.; ANGELO, C. F. Modelo de decisão de preços Paulo: Makron Books, 1995.
e rentabilidade sob a base conceitual de gestão econômica
WARREN, C. S.; REEVE, J. M.; FESS, P. E. Contabilidade
(GECON). São Paulo: Revista de Contabilidade do CRC-SP, p.34-
gerencial. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
42, junho, 1999.
WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. São
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Cost accounting:
Paulo: Atlas, 2001.
a managerial emphasis. New Jersey: Prentice Hall, 1999.

NOTA:
Endereço dos autores:
RODNEY WERNKE
MARLUCE LEMBECK
UNISUL
Av. José Acácio Moreira, 787

Você também pode gostar