Você está na página 1de 30

c  

 
    

TEORIA

GERAL DO

DIREITO
À 


À  


Manaus, 08 de abril de 2011

LCRL 1
c    
    

AULA 02
³O sucesso num dado momento depende da álea (sorte). O sucesso em
algum momento (mais cedo ou mais tarde) depende apenas da dedicação
e esforço. Assim, seja persistente o suficiente para não depender da sorte.
Se ela ajudar, ótimo; se não ajudar, vença assim mesmo´
1. A NORMA JURÍDICA
1.1. Noção geral de Norma Jurídica
rY receito obrigatório imposto ou reconhecido como tal pelo Estado (rof. Marcus Acquaviva).
rY 3 o padrões de conduta social impostos pelo Estado, para que seja possível a convivência dos
homens em sociedade (aulo Nader).
rY As expressões norma e regra jurídica s o sinônimas.
rY * a proposiç o normativa inserida em uma fórmula jurídica (lei, regulamento, tratado
internacional etc.), garantida pelo poder público (Direito interno) ou pelas organizações
internacionais (Direito Internacional) (aulo Dourado de Gusm o).

1.2. Objetivo principal da Norma Jurídica


rY A ordem e a paz social interna ou internacional, ou seja, busca a própria coexistência pacífica
entre os homens, de forma que o equilíbrio das relações sociais seja mantido ou restabelecido
caso seja quebrado.
rY Desta forma, tal qual o Direito, o sistema de normas tem por objeto assegurar que os
comportamentos sociais se ajustem às expectativas, socialmente, estabelecidas naquilo que é
considerado mais importante.
rY A Norma Jurídica atinge a ordenaç o social, baseando-se, para tanto, nas diretrizes
constitucionais relativos a dignidade humana, solidariedade social, erradicaç o da pobreza,
dentre outros.

1.3. Estrutura da Norma Jurídica

1.3.1 A distinção Kantiana sobre os imperativos


rY A vis o moderna da estrutura lógica das normas jurídicas tem o seu antecedente na distinç o
Kantiana sobre os imperativos, o ilustre filosofo alem o fazia a seguinte distinç o:
ÑY a) Imperativos categóricos;
ÑY b) Imperativos Hipotéticos.

1.3.2 Juízo Hipotético


rY Há autores que, sob a influência do jurista Austríaco Hans Kelsen (1881 ± 1973), afirmam que
toda Norma Jurídica se reduz a um ³juízo hipotético´, ou a uma ³proposiç o hipotética´, na qual
se prevê um fato (A) ao qual se liga uma conseqüência (B): 3e for A deve ser B.
rY Observe-se que, na teoria de Kelsen, essa conseqüência corresponde sempre a uma sanç o,
entendida apenas como pena; ele atribui precedência à norma sancionadora, a qual chamou de
³primária´, por contraste com o enunciado da prestaç o, intitulada norma ³secundária´.
rY Atenção: A norma jurídica propriamente dita seria a que estabelece a sanç o, ficando em
segundo plano, quase que eliminada por supérflua, a norma que fixa o que deve ou n o ser feito.
³Dada a n o prestaç o, deve ser a sanç o, dado o fato temporal, deve ser a prestaç o.
rY Importante:
ÑY Na primeira fase de seu pensamento, Kelsen perfilhou a tese segundo a qual a norma
jurídica, antes de ser uma ordem ou um imperativo, consubstanciaria um juízo hipotético
através do qual vinculam-se os fatos e o "dever ser" ou a conduta devida.
ÑY A partir daí, enfatizou o mestre o ato coativo como específico do jurídico, elaborando o
teorema: "Dado um fato temporal deve ser a prestaç o".

LCRL 2
c    
    

ÑY Como resultado, todas as normas jurídicas ficaram reduzidas a um só tipo: imperativo


sancionador, vale dizer, ocorrendo determinado comportamento previamente previsto, deve
ele ser punido com a pena determinada.
ÑY Exemplo deste raciocínio é o Diploma enal átrio que sem proibir, enuncia condutas
criminosas e descreve a quantidade de pena a que se sujeita aquele que praticar tal
comportamento.
ÑY Concluindo:A proposiç o jurídica, no pensamento de Kelsen, é um juízo hipotético, onde o
antecedente é o n o cumprimento de uma obrigaç o e o conseqüente é a disposiç o de que
uma sanç o deve ser aplicada.
1.3.3 Visão do Prof. Miguel Reale
rY Miguel Reale entende, que essa estrutura lógica de natureza hipotética corresponde apenas a
certas categorias de normas jurídicas, ou seja, às destinadas a disciplinar os comportamentos
sociais (normas de conduta); n o àquelas que visam à estrutura e funcionamento de órg os de
Estado ou distribuem competências e atribuições (normas de organizaç o).
rY As normas de organizaç o assumem a estrutura de um ³juízo categórico´, no qual nada é dito de
forma condicional. ³A deve ser B´. Temos, assim que as Normas Jurídicas assumem a forma de
um juízo categórico ou hipotético, segundo sejam de organizaç o ou de conduta.

1.3.4 Posição do Prof. Betioli


rY O rof. Antônio Bento Betioli, concordando com esta posiç o do rof. Miguel Reale conceitua a
Norma Jurídica da seguinte forma:
ÑY ³A Norma Jurídica é a express o de um dever ser de organizaç o ou de conduta e
organizaç o social; fixam pautas do comportamento interindividual, e por elas também o
Estado dispõe quanto à sua própria organizaç o. 3eu conteúdo s o, pois, a conduta humana
e os processos de organizaç o social´.

a) Imperativos categóricos;
rY O Imperativo categórico próprio dos preceitos morais, obriga de maneira incondicional, pois a
conduta é sempre necessária. Exemplo: Deves honrar a teus pais;

rY NOTA:
ÑY Imperativo Categórico: Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao
mesmo tempo que se torne lei universal.
ÑY Imperativo Universal: age como se a máxima de tua aç o devesse tornar-se, por tua
vontade, lei universal da natureza.
ÑY Imperativo Prático: age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa
como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas
como um meio.
ÈY Kant E. Fundamentos da metafísica dos costumes. Rio de Janeiro: Ediouro, sd:70-
1,79.
ÈY Kant criou o termo , no seu livro Fundamentação da Metafísica dos
Costumes, escrito em 1785. Esta palavra pode ser entendida, segundo alguns
autores como uma analogia ao termo bíblico .
Y ƒa representação de um princípio objetivo enquanto constrange a vontade,
denomina-se uma ordem da razão; e a fórmula do mando denomina-se
Imperativoƒ(II)

b) Imperativos Hipotéticos;
rY O Imperativo Hipotético, relativo às normas jurídicas, técnicas, políticas, impõe-se de acordo
com as condições especificadas na própria norma, como meio para alcançar alguma outra coisa
que se pretende. Exemplo: 3e um pai deseja emancipar o filho deve assinar uma escritura
pública.

1.3.5 O Prof. Reis Friede esquematiza a estrutura das normas jurídicas da seguinte forma:
a) Estrutura externa (Lei ± produç o legal / costume jurídico (produç o difusa na sociedade).
b) Estrutura interna (Preceito primário ± comando / preceito secundário ± sanç o)

LCRL 3
c    
    

1.4. Características da Norma Jurídica


a) Bilateralidade ou alteridade.
rY As Normas Jurídicas s o bilaterais, pois regulam a conduta de um ou mais sujeitos em relaç o à
conduta de outro ou de outros sujeitos.
rY A Norma Jurídica coloca frente a frente pelo menos dois sujeitos.
rY O Direito convém ao homem enquanto ser social. erdido numa ilha o náufrago n o tem direitos
nem deveres porque isolado da sociedade. Daí a express o alteridade do latim alter, outro.
rY O Direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas atribuindo poder a uma parte e
impondo dever à outra.
rY Bilateralidade significa, pois, que a norma jurídica possui dois lados:
ÑY m representado pelo direito subjetivo e;
ÑY Outro pelo dever jurídico de tal sorte que um n o pode existir sem o outro.
rY Em toda relaç o jurídica há sempre um sujeito ativo, portador do direito subjetivo e um sujeito
passivo que possui o dever jurídico.
rY A Norma Jurídica estabelece entre duas partes uma relaç o bilateral imperativo atributiva,
definida mediante a indicaç o daquilo que uma das partes se acha autorizada a pretender de
outra, e aquilo que a outra se acha obrigada a fazer para satisfazer a esta pretens o.

b) Generalidade
rY A Norma Jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situaç o
jurídica.
rY Da generalidade da Norma Jurídica deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual
todos s o iguais perante a lei.
rY A generalidade implica dizer que a Norma Jurídica é abstrata; ela prevê e regula,
hipoteticamente, uma série infinita de casos enquadráveis num tipo abstrato.
Exemplo:
rY Matar, pena x; furtar, pena y. 3 o hipóteses previstas de um modo geral, para uma generalidade
de indivíduos.
Conseqüência da generalidade: A flexibilidade da norma jurídica.
rY Devido a generalidade e a flexibilidade da Norma Jurídica do Direito Moderno, a ordem jurídica
se transforma sem necessidade da interferência constante do legislador só por via de
interpretaç o;
rY Em virtude da generalidade, a norma é aplicável a todas as pessoas que estiverem em igual
situaç o jurídica e a todos os negócios jurídicos da mesma espécie.

c) Abstratividade
rY A Norma Jurídica é abstrata visando atingir o maior número possível de situações, regulando os
casos dentro do seu denominador comum, ou seja, como ocorrem via de regra.
rY O seu oposto seria a casuística, para alcançar os fatos como ocorrem singularmente com todas as
suas variações e matizes, além de se produzirem leis e códigos muito mais extensos, o legislador
n o lograria o seu objetivo, pois a vida social é mais rica do que a imaginaç o do homem e cria
acontecimentos novos e de forma imprevisíveis.
rY Na abstraç o, s o abstraídas as circunstâncias, os detalhes, as particularidades de ações e atos,
isto é: como eles ocorrem na vida real, para regular-lhes naquilo que lhes for essencial.
Observação:
rY Nas sociedades pouco evoluídas impera uma regulamentaç o meramente casuística, que prevê e
agrupa vários casos, sem fixar genericamente cada tipo abstrato;
rY Nas sociedades evoluídas a Norma Jurídica é abstrata, valendo, indistintamente, para todas as
relações da mesma espécie.

d) Imperatividade
rY ara garantir efetivamente a ordem social o Direito se manifesta através de normas que possuem
caráter imperativo. N o fosse assim, o Direito n o lograria estabelecer segurança, justiça.
rY O caráter imperativo da Norma Jurídica significa imposiç o de vontade e n o mero
aconselhamento.
rY Nas normas explicativas (ou complementares), a imperatividade só é bem percebida quando
associadas as Normas proibitivas;

LCRL 4
c    
    

Exemplo:Y
Normas penais complementares ou explicativas.
3 o as que esclarecem o significado de outras normas ou limitam o âmbito de sua aplicaç o.
O art. 327, p. ex., que define funcionário público para fins penais como sendo aquele que
embora transitoriamente ou sem remuneraç o exerce cargo, emprego ou funç o pública).
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em raz o do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio:
rY A imperatividade da Norma Jurídica n o impede que ela seja transgredida, daí a coercibilidade
da Norma Jurídica.

e) Coercibilidade
rY Coercibilidade significa a possibilidade de uso da coaç o.
rY A coercibilidade possui dois elementos:
ÑY O componente psicológico ± que exerce a intimidaç o, através das penalidades prevista para
a hipótese de violaç o das Normas Jurídicas;
ÑY O componente material ± é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da
regra n o a cumpre espontaneamente.
rY As Normas Jurídicas tem necessariamente a chancela do Estado. Ela é impositiva é imposta a
sociedade (daí a express o direito positivo).
rY 3e assim n o fosse n o teria sentido e nem eficácia a Bilateralidade do Direito, que, como vimos
consiste na atribuiç o de um direito a uma parte, isto é na atribuiç o a uma pessoa da faculdade
de exigir de outra uma obrigaç o.
rY A coercibilidade é necessária, tendo em vista o Direito dirigir-se a pessoas dotadas de liberdade
que agem comandadas pela vontade. Consequentemente pode ser inobservado, tornado-se
necessário haver a possibilidade de sua execuç o forçada.
rY No Estado de Direito isto é no Estado submetido ao Direito, pode-se através de medidas
processuais como, por exemplo, pelo Mandado de 3egurança ou pelo Habeas Corpus, empregar
a coaç o jurídica contra o próprio poder público em havendo abuso de poder.
rY Tendo em vista a coercibilidade pode-se definir a Norma Jurídica como a norma suscetível de
aplicaç o coativa quando violada.

1.5. Validade da Norma Jurídica.


1.5.1 Validade formal ou vigência.
1.5.2 Validade social (eficácia ou efetividade).
1.5.3 Validade ética (fundamento).

1.5.1 Validade formal ou vigência


rY * a executoriedade compulsória de uma regra de Direito por haver preenchido os requisitos
essenciais a sua feitura ou elaboraç o.
rY As normas jurídicas têm vida própria, pois nascem, existem e morrem, o que corresponde ao
início, continuidade e a cessaç o de sua vigência.

a) Vigência da norma
1) A vigência no tempo
rY Início de sua vigência.
ÑY Obrigatoriamente só surge com a publicaç o no DO, mas sua vigência n o se inicia no
dia da publicaç o, salvo se ela assim o determinar.
ÑY O intervalo entre a data de sua publicaç o e sua entrada em vigor chama-se vacatio
legis.
rY O prazo para entrada em vigor.
ÑY A lei pode entrar em vigor de forma progressiva, em diferentes lapsos de tempo nos
vários Estados do país.
ÑY elo prazo único, a norma entra em vigor a um só tempo em todo o país.
rY Exemplo de entrada em vigor de uma lei (CCB de 2002).
ÑY Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicaç o.

LCRL 5
c    
    

ÑY Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código


Civil e a arte rimeira do Código Comercial, Lei no 556, de 25 de junho
de 1850.
ÑY Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códigos referidos no
artigo antecedente, consideram-se feitas às disposições correspondentes deste Código.
Brasília, 10 de janeiro de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQE CARDO3O
Aloysio Nunes Ferreira Filho
rY Cessação da vigência.
ÑY Hipóteses:
ëY A norma pode ter vigência temporária porque o elaborador fixou o tempo de sua
duraç o.
ëY A norma pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durando até que
seja modificada ou revogada (LICC, Art. 2º).
ÑY Revogaç o (tornar sem efeito). ode ser:
ëY Ab±rogaç o, supress o total da norma anterior;
ëY Derrogaç o, tornar sem efeito uma parte da lei;
ÈY Derrogaç o simples ± tornar sem efeito parte da lei.
ÈY Modificaç o ou reforma - substituir por outro texto parte da lei.
ëY Expressa quando o legislador declara a lei velha;
ëY Tácita, quando houver incompatibilidade entre a lei velha e a nova (LICC, art. 2º,
§, 2º).
ÑY Casos de revogaç o total (§, 1º, art. 2º, LICC):
ëY Quando expressamente o declare;
ëY Quando seja com ela incompatível;
ëY Quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

2) Requisitos essenciais para a vigência


1) Competência do órg o legiferante. (Competência subjetiva)
a) quanto à legitimidade do órg o.
b) quanto à competência em raz o da matéria(ratione materiae).
c) quanto à legitimidade do procedimento(due process of law)).

1.5.2 Validade social (eficácia ou efetividade)


rY A validade social vem a ser o expressivo consenso e o apoio popular a lei.
rY A eficácia se refere à aplicaç o ou execuç o da norma jurídica, ou por outras palavras é a
regra jurídica enquanto momento da conduta humana.
rY N o há Norma Jurídica sem um mínimo de eficácia, de execuç o ou aplicaç o no meio da
sociedade.
ÑY A Norma Jurídica deve ser formalmente válida e socialmente eficaz.
ÑY Os tribunais n o podem recusar a aplicaç o das normas em vigor, a n o ser quando
estiver caracterizado e comprovado que a norma invocada caiu em efetivo desuso.
ÑY * importante ressaltar que dano de monta pode ocorrer quando o juiz imbui-se do
poder de julgar contra legem, a pretexto de n o se harmonizarem com o quê lhe parece
ser uma exigência ética ou social.

1.5.3 Validade ética (fundamento)


rY Toda regra jurídica, além da eficácia e validade, deve ter um fundamento.
rY O fundamento é o valor ou fim objetivado pela regra de direito.
rY * impossível conceber-se uma regra desvinculada da finalidade que legitima sua vigência e
eficácia.
rY A quest o do fundamento ético da norma reside, de um lado, na sua conformidade com a CF
(eficácia formal) e, de outro, na sua juridicidade, ou seja, na sua adequaç o com a harmonia
da ordem jurídica, sem o que a realidade lhe nega validade.

LCRL 6
c    
    

1.6. Funções da Norma Jurídica


rY A norma jurídica desempenha várias funções, que n o devem ser confundidas com as
finalidades ideais da norma jurídica (justiça, segurança etc.), e com seus fins históricos, estes, na
dependência de interesses ou de exigências sociais etc., mas que s o funções a ela inerentes,
motivo por que, s o funções normais do Direito.

a) Função Distributiva
rY ela qual a norma jurídica atribui no Direito privado, direitos jurídicos (marido, pai, tutor,
curador, filho legítimo, proprietário etc.), e no Direito público, poderes competências,
obrigações e funções.
b) Função de defesa social
rY Norma penal.

c) Função repressiva
rY Norma penal.

d) Função coordenadora
rY Norma de Direito privado, de Direito Internacional e de Direito rocessual.

e) Função de garantia e tutela de direitos e de situações


rY Norma de Direito processual e algumas de Direito privado.

f) Função organizadora
rY Norma de Direito constitucional, de Direito administrativo e de Direitos das sociedades civis e
comerciais.

g) Função arrecadadora de meios


rY Direito financeiro e fiscal

h) Função reparadora
rY Normas de responsabilidade civil etc.

LCRL 7
c    
    

1.7 Classificação das Normas Jurídicas


As Normas Jurídicas quanto à (o):
Conteúdo Normas de organizaç o
Normas de conduta
Extens o Normas de Direito Externo
espacial Normas de Direito Interno
Vontade das Normas cogentes ou de Dir. úblicas.
partes Normas Dispositivas ou supletivas
Normas mais que perfeitas
3anç o Normas perfeitas
Normas menos que perfeita
Normas imperfeitas
Normas Genéricas
Extens o Normas articulares
pessoal Normas individuais
Normas excepcionais
Normas auto aplicáveis
Aplicabilidade Normas dependentes de complementaç o
Normas dependentes de regulam.
Natureza das Normas 3ubstancial ou material
disposições Normas Adjetiva ou formal
Normas Codificadas
3istematizaç o Normas Consolidadas
Normas Extravagantes ou esparsas
Normas Legais
Fontes Consuetudinárias ou costumeira
Jurisdicionais ou jurisprudenciais
Normas Negociais

1.7 CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA


Os autores variam na apresentaç o das formas de classificaç o das normas jurídicas, há mesmo certa
ambigüidade e vacilaç o na terminologia. O fato é que a classificaç o pode ser feita segundo vários critérios.

1.7.1 Quanto ao conteúdo


O conteúdo da norma jurídica, como já visto, é a conduta humana e os processos de organizaç o social. Daí a
existência de dois tipos primordiais da mesma: de organizaç o e de conduta.

a) Normas de Organização: s o aquelas que, a fim de assegurar uma convivência juridicamente organizada,
visam à estrutura e funcionamento dos órg os do Estado, ou fixam e distribuem competências e atribuições,
ou disciplinam a identificaç o, modificaç o e aplicaç o de outras normas (MIGEL REALE).

Exemplos: ³A República Federativa do Brasil, formada pela uni o indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito´ (CF/88, art. 1º). ³Compete à ni o: declarar
a guerra e celebrar a paz´ (CF/88, art. 21, II). ³Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos, menores: I -
dirigir-lhes a criaç o e educaç o´ (art. 1634 do novo CCB).

Outro exemplo de norma de organizaç o é a Lei nº 3.912, de 03.07.61, que dispunha em seu art. 1º: ³As
inovações introduzidas, no artigo segundo da Lei nº 3.884, de 15 de dezembro de 1960, n o se aplicam às
locações ajustadas por contrato escrito em vigor na data da sua publicaç o com prazo determinado (que n o
contenha a cláusula de pagamento, pelo locatário, dos encargos ali referidos´. * norma de organizaç o
porque, com seu caráter interpretativo, disciplina a aplicaç o de outra norma.

b) Normas de Conduta: s o aquelas cujo objetivo imediato é disciplinar o comportamento dos indivíduos ou
grupos sociais: constituem a maioria das normas jurídicas.

Exemplos: ³Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para
descanso´ (CLT, art. 66). ³Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: ena - detenç o de três
meses a um ano´ (C, art. 129).

LCRL 8
c    
    

1.7.2 Quanto à extensão espacial


a) Normas de Direito Externo: s o as que compõem, ordem jurídica vigente em territórios distintos do
nacional.

b) Normas de Direito Interno: as que vigoram no território nacional, compõem o direito positivo de um
determinado país.

1.7.3 Quanto às normas do Direito Interno Brasileiro


rY 3egundo o âmbito territorial que lhes é próprio, elas de distinguem em:

a) Nacionais (ou de direito comum): s o aquelas que se destinam à totalidade do Estado Federal, a todos
se aplicando, independentemente de sua localizaç o espacial no território brasileiro; vigoram, portanto, em
todo o território nacional, aplicando-se a todos os brasileiros.
Exemplo: O Código Civil, enal, de rocesso Civil, a CLT.

b) Federais: s o as emanadas da ni o e apenas aplicáveis à própria ni o e seus agentes, órg os e
instituições, n o podendo obrigar os Estados-Membros e os Municípios; aplicam-se, pois, em todo o
território brasileiro, mas somente àqueles que a ela se acham submetidos. or elas a ni o se autogoverna e
se auto administra.
Exemplo: O Estatuto dos Funcionários úblicos Civis da ni o.

c) Estaduais e Municipais: s o as editadas pelos órg os competentes dos Estados-Membros ou dos


Municípios e destinam-se a vigorar apenas em parte do território brasileiro, ou seja, nos respectivos Estados
e Municípios (s o normas de direito local).
Exemplo: A Constituiç o dos Estados, leis estaduais, a Lei Orgânica que rege os Municípios, leis
municipais.

1.7.4 Quanto à vontade das partes


3e todas as normas jurídicas s o imperativas, contudo a imperatividade n o se manifesta com a mesma
intensidade, o que implica a possibilidade ou n o de uma certa aç o livre do obrigado perante aquilo que lhe
determina um preceito legal.

a) Normas Cogentes ou de Ordem Pública: s o aquelas que ordenam ou proíbem alguma coisa de
modo absoluto, sem admitir qualquer alternativa, pois vinculam o seu destinatário a um único esquema
de conduta. Elas limitam a autonomia da vontade individual, n o levando em conta as intenções ou
desejos dos destinatários, porque defendem interesses que s o fundamentais à vida social, os chamados
interesses de ³ordem pública´.

Exemplo: O art. 1521, VI, do novo CCB, que proíbe o casamento de pessoas já casadas; é norma cogente,
pois mesmo estando os nubentes de acordo, o casamento será nulo se um deles estiver ligado a
matrimônio anterior. ³Ao cego só se permite o testamento público´ (Art. 1867 do novo CCB). ³Todo
empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneraç o´
(CLT, art. 129).

b) Normas Dispositivas ou Supletivas: s o as que, n o ordenando ou proibindo de modo absoluto, se


limitam a dispor com uma parcela de liberdade; de fato, elas estabelecem uma alternativa de conduta:
deixam aos destinatários a faculdade de dispor de maneira diversa, mas se n o o fizerem, sujeitar-se- o
ao que a norma determina. Assim, a norma permite que os seus destinatários disciplinem a relaç o social;
na ausência duma manifestaç o de vontade, ela a supre, devendo ser aplicado o disposto na regra. Alguns
autores dizem que as normas dispositivas s o as que podem ser revogadas pela vontade das partes;
contudo, n o se trata de ³revogaç o´, pois as partes n o revogam nenhuma lei pelo fato de disporem de
forma diversa.
Exemplo: O art. 327 do novo CCB determina que ³efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor,
salvo se as partes convencionarem diversamente´; nada impede, pois, que os contratantes estipulem de
maneira diferente; n o o fazendo, vigora a norma. O art. 252 do novo CCB diz que, nas obrigações
alternativas (as que têm por objeto duas ou mais prestações, das quais uma só será efetuada), a escolha

LCRL 9
c    
    

cabe ao devedor, se outra coisa n o se estipulou; se as partes, portanto, estipulam o contrário, ou seja, que
a escolha cabe ao credor, prevalece à vontade das partes contratantes.

Note-se que a obrigatoriedade absoluta de uma norma resulta, em primeiro, do seu próprio contexto,
sobretudo quando se cominam penas aos transgressores, como a de nulidade do ato que a contraria (art.
166 do novo CCB). Outras vezes, esse reconhecimento é fruto da doutrina ou da jurisprudência, como se
deu, p. ex., com o disposto no art. 413 do novo CCB que possibilita a reduç o proporcional, pelo juiz, da
multa estipulada, quando se cumprir em parte à obrigaç o. Durante certo tempo se entendeu que a norma
era ³dispositiva´, ou seja, só vigorava quando as partes n o estipulavam no contrato que a multa seria
devida sempre integralmente, no caso de mora ou inadimplemento; o juiz, nesse caso, n o poderia reduzir
a multa, porque as partes tinham assim contratado. Hoje, a norma do art. 413 do novo CCB é considerada
³cogente´ e, por isso, ainda que haja cláusula estabelecendo que a multa é sempre devida por inteiro, o
juiz poderá reduzir a pena, proporcionalmente ao restante da obrigaç o, à vista do exame das
circunstâncias de cada caso.

c) Normas ³preceptivas ou imperativas´: as que determinam que se faça alguma coisa, ou que
estabelecem um   Y  
 Yas que negam a alguém a prática de certos atos;  
 Yas
que facultam fazer ou omitir algo. A bem ver, as normas cogentes podem ser tanto preceptivas como
proibitivas; e as permissivas constituem uma espécie das dispositivas.

1.7.5 Quanto à sanção


3ob esse enfoque há um tipo de classificaç o de normas que, segundo alguns tratadistas, remonta ao
Direito Romano, e, segundo outros, nos vem dos expositores medievais do Direito Romano.

a) Normas ³mais que perfeitas´ (³leges plus quam perfectae´): s o as cuja violaç o determina duas
conseqüências, ou seja, a nulidade do ato e a aplicaç o de uma pena, ou restriç o, ao infrator. Cercam-se
de dupla proteç o. Exemplo: ³N o podem casar as pessoas casadas´ (art. 1521, VI, do novo CCB); é uma
norma mais que perfeita porque a sua violaç o acarreta: a nulidade do casamento, segundo o art. 1548 do
novo CCB (³é nulo e de nenhum efeito o casamento contraído com infraç o de qualquer dos números I a
VII do art. 1521 do novo CCB´); e acarreta também uma pena ao infrator, por crime de bigamia (art. 235,
C: ³contrair alguém, sendo casado, novo casamento: ena - Reclus o de 2 a 6 anos´).

b) Normas ³perfeitas´ (³leges perfectae´): s o as que fulminam de nulidade o ato, mas n o implicam
qualquer sanç o de ordem pessoal. O Direito contenta-se com o restabelecimento da ordem jurídica,
considerando que a volta ao estado anterior já é por si, até certo ponto, uma pena.
Exemplo: ³* nulo o Negócio jurídico quando praticado por pessoa absolutamente incapaz´ (CC, art. 166,
I do novo CCB). Assim, se um menor de 16 anos contrata, assumindo encargos que afetam o seu
patrimônio, aplica-se à regra jurídica que torna nulo o seu ato, mas sem estabelecer penalidade ou sanç o
relativamente à pessoa do infrator.

c) Normas ³menos que perfeitas´ (³leges minus quam perfectae´): s o aquelas que se limitam a
aplicar uma pena ou uma conseqüência restritiva, mas n o privam o ato de sua eficácia.

Exemplo: ³N o podem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto n o fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros´ (art. 1523, I do novo CCB). A violaç o dessa
norma n o implica a nulidade do ato (o casamento), mas t o-somente a aplicaç o de uma conseqüência,
que é estabelecida nos artigos 225 e 226 do antigo Código Civil (perda do direito ao usufruto dos bens
dos filhos do cônjuge e casar obrigatoriamente no regime de separaç o de bens).

d) Normas ³imperfeitas´ (³leges imperfectae´): a sua violaç o n o acarreta nem a nulidade do ato, nem
outra penalidade.

1) Tais normas, às vezes, se justificam por razões de  YY Y Yor exemplo, o art. 1521 do
novo CCB, que dispõe: ³N o se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez´.
Dessa forma, embora o contraente tenha se casado fora do limite de idade estipulado por lei (mulher: 16
anos; homem: 18 anos), n o será invalidado o ato, nem punido o agente, desde que tenha resultado
gravidez dessa uni o; a justificativa é dar-se garantia, principalmente, ao nascituro.

LCRL 10
c    
    

2) 3 o consideradas também ³imperfeitas´ as normas que apenas estabelecem uma   Y
 Y ou seja, as que enunciam princípios gerais, diretrizes; elas só se tornam obrigatórias
quando uma disposiç o concreta de lei as aplica.

Exemplo: ³A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à reduç o do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoç o, proteç o e recuperaç o´ (CF, art. 196). ³O Estado
garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional e apoiará e
incentivará a valorizaç o e a difus o das manifestações culturais´ (CF, art. 215).

3) Mas as normas ³imperfeitas´ dizem respeito especialmente às chamadas ³obrigações naturais´, que se
distinguem das ³obrigações civis´. Estas têm todo o amparo por parte da lei; aquelas s o baseadas em
dever moral ou de consciência, e reconhecidas pelo Direito só duma maneira indireta: n o merecem sua
proteç o por via de aç o, n o s o judicialmente exigíveis; mas s o reconhecidas através da
impossibilidade atribuída ao devedor de reaver o pagamento feito em virtude das mesmas. Assim ' as
normas que regem essas obrigações ³naturais´, s o considera das jurídicas imperfeitas, porque embora
n o imperem de maneira direta (obrigando a pagar tais obrigações naturais), implicam conseqüências
indiretas de direito (uma vez pagas, esse pagamento passa a ser justo título da obrigaç o n o se
permitindo reavê-lo).

Em suma, dois s o os efeitos da obrigaç o natural, na liç o de 3LVIO VENO3A:

a) inexiste aç o para compelir o devedor a efetuar o seu cumprimento;


b) efetuado este, n o se pode pedir a restituiç o da prestaç o e a prestaç o efetuada vale como verdadeiro
cumprimento da obrigaç o.

Exemplos: m tipo de obrigaç o natural é o decorrente das dívidas de jogo: o indivíduo que perde no
jogo n o é obrigado, juridicamente, a pagar a dívida, ou seja, o credor dessa dívida n o tem ³aç o´ para
cobrá-la; a obrigatoriedade do pagamento é de ordem ético-moral. Mas se o devedor paga, n o tem como
recobrar a quantia, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito, nos termos do art.
814 do novo CCB. Outro exemplo é o artigo 882 do mesmo novo Código: ³N o se pode repetir o que se
pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigaç o natural´.

1.7.6 Quanto à extensão pessoal


As normas jurídicas n o têm sempre a característica da ³generalidade´; atualmente admite-se
também a existência de normas particulares e individualizadas, assim como a existência de leis
desprovidas da nota de generalidade. Temos, assim, a seguinte gradaç o:

a) Normas ³genéricas´ (ou de direito geral): s o aquelas que abrangem a totalidade dos indivíduos que
se integram no país (s o as que, pelo critério de extens o espacial, denominamos de ³nacionais´),
Exemplo: O Código enal, de rocesso Civil etc.

b) Normas ³particulares´ (ou de direito especial): s o aquelas que vinculam determinadas pessoas,
como as que compõem um ³negócio jurídico´; ou as de uma lei que expressamente contenha disposições
aplicáveis somente a um campo restrito de relações jurídicas, tendo em vista a atividade, ou a situaç o do
sujeito, ou a classificaç o do objeto por ela reguladas.
Exemplo: Cláusulas de um contrato de compra e venda; Convenç o Coletiva de Trabalho; Lei Orgânica
da Magistratura etc.

c) Normas ³individualizadas´: s o as que se dirigem a indivíduos singularmente considerados. 3egundo


KEL3EN, as normas individuais s o as determinantes da conduta de um indivíduo em uma situaç o e,
portanto, s o válidas apenas para um caso particular e podem ser obedecidas e aplicadas somente uma
vez. Exemplo: uma sentença judicial.

LCRL 11
c    
    

d) Normas ³excepcionais´ (ou de direito singular): s o aquelas que estabelecem tratamento


excepcional para determinados casos, situações ou pessoas, diverso do estabelecido pelo direito geral, ou
seja, quebrando a sistemática da ordem jurídica vigente. Contudo é de se observar que, se s o criadas
para atender a situações excepcionais, podem também servir ao arbítrio do poder para a perseguiç o
política, sem os limites prescritos pelo direito geral ou especial.

Exemplo: O Ato Institucional nº 5, de 13.12.68; à sombra do seu artigo 10, procurava combater o
terrorismo de esquerda de inspiraç o soviética ou chinesa: ³Fica suspensa a garantia de ³habeas corpus´,
nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia
popular´.

1.7.7 Quanto à aplicabilidade


a) Norma ³auto-aplicável´: aquela que n o depende de complementaç o por meio de outra norma, ou
de regulamentaç o pelo oder Executivo; é a norma imediatamente aplicável, independentemente de
qualquer ato legislativo ou regulamentar.

b) Norma ³dependente de complementação´: aquela que exige, para sua vigência, a criaç o de novas
normas legais que a complementam; o complemento normativo deve decorrer inequivocamente do
sentido de suas disposições.
Exemplo: várias normas constitucionais dispõem a complementaç o de uma série de assuntos por leis
ordinárias e complementares, como o artigo 7° da Constituiç o Federal que, entre os direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, enumera o ³aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei´ (inciso XXI).
        !  
"#$ %  &' " %
()  *# *  & +     + ,- . 
 
."#$/ .&*0"(12$/
3
4/

c) Norma ³dependente de regulamentação´: é aquela que exige, para sua vigência, a sua
regulamentaç o pelo oder Executivo, definindo e detalhando sua aplicaç o. A ausência de
regulamentaç o obsta a execuç o da lei, na parte em que esta depender do ato regulamentador. Note-se
que para submeter à vigência de uma norma à regulamentaç o, é necessário que essa circunstância seja
expressamente mencionada, ou resulte, inequivocamente, do sentido da disposiç o. A regra geral é,
portanto, toda norma ser auto-aplicável; a dependência de regulamentaç o é a exceç o.

Exemplo: A Lei nº 8.036, de 11.05.90, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de 3erviço, uma
vez que em seu artigo 31 há referência expressa à necessidade de sua regulamentaç o pelo oder
Executivo.

Exemplo de uma lei regulamentar curiosa do Distrito Federal:


Os deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal, preocupados com as barbeiragens dos
motoristas novatos, aprovaram uma lei que os obriga a afixar em seus automóveis um adesivo com a
inscriç o: ³recém-habilitado´.
Trata-se da Lei nº 1.651, de 15 de setembro de 1997.
O projeto foi vetado pelo ent o governador, Cristóvam Buarque, mas o veto foi derrubado. or esta
raz o, a lei foi sancionada pela presidente da Câmara Legislativa, Lúcia Carvalho.
Eis a íntegra do ato normativo:
Art. 1º Fica instituída a obrigatoriedade do uso de adesivo informativo com os dizeres ³recém-habilitado´
no vidro traseiro ou, na inexistência deste, no vidro dianteiro de automóvel conduzido exclusivamente
por motorista recém-habilitado.
Art. 2º O prazo mínimo da exigência do art. 1º é de trezentos e sessenta dias a contar da data de
expediç o da Carteira Nacional de Habilitaç o.
Art. 3º Cabe ao Departamento de Trânsito, no período de noventa dias, estudar e definir o tamanho e a
forma do adesivo informativo de que trata esta Lei.
Art. 4º O motorista recém-habilitado receberá o adesivo de que dispõe o art. 1º da presente Lei, quando
do recebimento de sua Carteira Nacional de Habilitaç o.

LCRL 12
c    
    

Art. 5º O oder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias.


Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaç o.
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.

1.7.8 Quanto à natureza das disposições

a) Norma ³substantiva ou material´: aquela que define e regula as relações jurídicas ou cria direitos e
deveres das pessoas, em suas relações de vida.
Exemplo: as relativas ao Direito Civil, enal, Comercial.

b)Norma ³adjetiva ou formal´: define os procedimentos a serem cumpridos para se efetivar as relações
jurídicas ou fazer valer os direitos ameaçados ou violados; é de natureza apenas instrumental.
Exemplo: as que se referem ao Código de rocesso Civil, de rocesso enal.

1.7.9 Quanto à sistematização

a) Normas ³codificadas´: aquelas que constituem um corpo orgânico sobre certo ramo do Direito, como
o CCB.

b) Normas ³consolidadas´: quando formam uma reuni o sistematizada de todas as leis existentes e
relativas a uma matéria; a consolidaç o distingue-se da ³codificaç o´ porque sua principal funç o é a de
reunir as leis existentes e n o a de criar leis novas, como num código.
Exemplo: A Consolidaç o das Leis de Trabalho.

c) Normas ³extravagantes´ ou ³esparsas´: na terminologia canônica, diziam-se extravagantes as


Constituições ontifícias, posteriores as Clementinas, incluídas no mesmo Direito. Daí dizer-se hoje
³extravagantes´ todas as leis que n o est o incorporadas às codificações ou consolidações: s o leis que
vagam fora; s o as editadas isoladamente, para tratar de temas específicos.
Exemplo: A Lei do Fundo de Garantia do Tempo de 3erviço, a lei do inquilinato etc.

1.7.10 Quanto às fontes


3egundo os meios e processos pelos quais o Direito se manifesta, temos:

a) Normas ³legais´: as que resultam do processo legislativo.

b) Normas ³consuetudinárias ou costumeiras´: as que resultam dos usos e costumes jurídicos.

c) Normas ³jurisdicionais ou jurisprudenciais´: as que resultam do processo jurisdicional.

d) Normas ³negociais´: as que s o produto da autonomia da vontade.

Bibliografia utilizada:
$Y REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 22ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 1995.
$Y ROQE, 3ebasti o. Introduç o ao Estudo do Direito.cone Editora.3 o aulo. 1996;
$Y G3MÃO, aulo Dourado. Introduç o ao Estudo do Direito. 28ª. ed. 3 o aulo: Forense, 2000.
$Y NADER, aulo. Introduç o ao Estudo do Direito. 10ª ed. 3 o aulo : Forense, 1994.
$Y HERKENHOFF, Jo o Baptista. Introduç o ao Direito. Thex Editora: 2006.
$Y MONTORO, André Franco. Introduç o ao Estudo do Direito. 23ª. ed. 3 o aulo: Ed Revista dos Tribunais, 1995.
$Y OLIVEIRA, J.M. Leoni Lopes de. Introduç o ao Direito. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Ed Lumen Juris, 2006.
$Y DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introduç o µa Ciência do Direito. 15ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 2003.
$Y BENTO, Antonio Bento. Introduç o ao Direito. 8ª. ed. 3 o aulo: Letras e Letras, 2002.

LCRL 13
c    
    

MOMENTOS DE REFLEXÃO

A Lição do Jardineiro
m dia, o executivo de uma grande empresa contratou, pelo telefone, um jardineiro
autônomo para fazer a manutenç o do seu jardim.
Chegando em casa, o executivo viu que estava contratando um garoto de apenas 15
ou 16 anos de idade. Contudo, como já estava contratado, ele pediu para que o garoto
executasse o serviço.
Quando terminou, o garoto solicitou ao dono da casa permiss o para utilizar o
telefone e o executivo n o pôde deixar de ouvir a conversa.
O garoto ligou para uma mulher e perguntou: ³A senhora está precisando de um
jardineiro?´
³N o. Eu já tenho um´, foi a resposta.
³Mas, além de aparar a grama, frisou o garoto, eu também tiro o lixo.´
³Nada demais, retrucou a senhora, do outro lado da linha. O meu jardineiro também
faz isso.´
O garoto insistiu: ³eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço.´
³O meu jardineiro também, tornou a falar a senhora.´
³Eu faço a programaç o de atendimento, o mais rápido possível.´
³Bom, o meu jardineiro também me atende prontamente. Nunca me deixa esperando.
Nunca se atrasa.´
Numa última tentativa, o menino arriscou: ³o meu preço é um dos melhores.´
³N o´, disse firme a voz ao telefone. ³Muito obrigada! O preço do meu jardineiro
também é muito bom.´
Desligado o telefone, o executivo disse ao jardineiro: ³Meu rapaz, você perdeu um
cliente.´
³Claro que n o´, respondeu rápido. ³Eu sou o jardineiro dela. Fiz isto apenas para
medir o quanto ela estava satisfeita comigo.´
.............
Em se falando do jardim das afeições, quantos de nós teríamos a coragem de fazer a
pesquisa deste jardineiro?
E, se fizéssemos, qual seria o resultado? 3erá que alcançaríamos o grau de satisfaç o
da cliente do pequeno jardineiro?
3erá que temos, sempre em tempo oportuno e preciso, aparado as arestas dos
azedumes e dos pequenos mal-entendidos?
Estamos permitindo que se acumule o lixo das mágoas e da indiferença nos canteiros
onde deveriam se concentrar as flores da afeiç o mais pura?
Temos lubrificado, diariamente, as ferramentas da gentileza, da simpatia entre os
nossos amores, atendendo as suas necessidades e carências, com presteza?
E, por fim, qual tem sido o nosso preço? Temos usado chantagem ou, como o
jardineiro sábio, cuidamos das mudinhas das afeições com carinho e as deixamos florescer,
sem sufocá-las?
O amor floresce nos pequenos detalhes. Como gotas de chuva que umedecem o solo
ou como o sol abundante que se faz generoso, distribuindo seu calor.
A gentileza, a simpatia, o respeito s o detalhes de suma importância para que a
florescência do amor seja plena e frutifique em felicidade.

LCRL 14
c    
    

ANEXO I
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA

I - APRESENTAÇÃO
Busca o presente estudo, como o título está a indicar, estabelecer, a priori, um paralelismo entre as mais diversas
opiniões doutrinárias sobre as características da norma jurídica.
Caracterizar a norma jurídica é chegar em sua essência, em seu ser. O estudo inter disciplinar desenvolvido no
Curso de Mestrado aguçou-nos a curiosidade em verificar a composiç o da express o formal do Direito. 3im, porque, a
bem da verdade, a norma n o é Direito, contudo possa conter Direito. Antecedendo à sua express o formal, que é a
norma, vem o Direito.
O Direito é um produto cultural, possui sentido, significaç o, e se exterioriza em palavras, signos ou símbolos, os
quais precisam de ser interpretados, a fim de que se lhes determine o alcance e o sentido.
A norma jurídica, por sua vez, é norma de Direito, do qual constitui, no dizer de Miguel Reale, elemento nuclear.
Deste modo, diante das muitas possibilidades de conduta oferecidas ao homem, a norma define, seleciona, as desejáveis,
apontando a relevância para a manutenç o e progresso da vida em sociedade. Destarte, ao assim agir, a norma incorpora,
com os fatos que prevê, os valores que a estes s o atribuídos, adquirindo a dimens o específica trivalente do direito e
tornando-se o seu elemento nuclear.
Neste trabalho, de maneira simplista, iniciamos mostrando o Direito e a adaptaç o social. A adaptaç o da conduta
no sentido querido pela comunidade, muitas vezes, é imposta obrigatoriamente, até sob sanç o.
Colocamos em tela, também, o fenômeno jurídico, concluindo que o fato que n o esteja regulado pela norma
jurídica e, por conseqüência, n o lhe tenha sido atribuída natureza jurídica, n o pode ser tido como gerador de direitos e
deveres, ou de qualquer outro efeito jurídico, por mínimo que seja.
A seguir, conceituamos a norma jurídica, tomando as propostas de Imannuel Kant, Hans Kelsen, aulo Nader,
Maria Helena Diniz, aulo Dourado de Gusm o e Arnaldo de Vasconcelos. Concluímos que a norma jurídica é uma
relaç o de justiça.
Estudamos, depois, os elementos essenciais da norma jurídica e a existente divergência doutrinária. ara uns, a
norma jurídica apresenta como caracteres a bilateralidade, a generalidade, a abstratividade, a imperatividade e a
coercibilidade. ara outros, as propriedades da norma jurídica s o: a bilateralidade, a disjunç o e a sanç o. Ficamos com
esta corrente.
Dentro desse panorama, concluímos, sempre afirmando, porém, que o presente trabalho n o se presta a esgotar o
assunto. N o, longe disso! O nosso objetivo foi o de estudar, ou melhor, começar a estudar a norma jurídica, sem a
profundidade merecida, entretanto, indo à sua essência, discorrendo sobre suas propriedades, seus caracteres, sobre as
características da norma jurídica. Foi o que nos fizemos.

II - INTRODUÇÃO
1. O Direito e a adaptação social.
A vida humana em sociedade, a vida do homem diante de outro homem ou dos outros homens, em face dos entre
choques de interesses que, inevitavelmente, ocorrem, precisa de ser ordenada pela comunidade, a fim de que essa
convivência seja a mais harmônica possível. O ser humano, naturalmente inadaptado ao ambiente em que vive, tanto
social quanto culturalmente, sente a necessidade de adquirir aptidões para sobreviver dentro da sociedade. Essa aquisiç o
de aptidões traz como conseqüência a sua adaptaç o ao meio social, o que se revela através dos comportamentos que o
indivíduo integra em si ao longo de sua existência, alguns adquiridos espontaneamente, instintivamente, outros moldados
conscientemente, muitas vezes até contra a sua própria vontade, pelos ensinamentos que a comunidade lhe concede ou
lhe impõe. A sociedade, nesse mister, utiliza-se de processos de adaptaç o social por intermédio dos quais procura
modelar o comportamento humano, ajustando-o aos seus objetivos.
Desde o Direito, a etiqueta, os diversos processos de adaptaç o social, tais como a religi o, a educaç o, a moral, a
economia, a política, a ciência, as artes, a moda, conduzem o comportamento humano visando as relações sociais,
consideradas estas as relações inter-humanas em suas mais distintas e múltiplas expressões, se desenvolvem de acordo
com os valores que inspiram a comunidade a que se referem. 3e considerarmos que a assembléia é que fez o homem e
n o o homem a assembléia quer dizer, o diálogo nasceu do encontro, e n o o encontro da necessidade de diálogo, é
preciso pensar que a vida comunitária n o constitui carência essencial do ser humano, donde poder, ele, viver
independentemente dela, ou apesar dela, e até contra ela.
or isso, a adaptaç o da conduta no sentido querido pela comunidade, muitas vezes, é imposta obrigatoriamente,
até sob, até sob sanç o. Há evidentemente, nesse sentido um cunho axiológico, porque, de um modo ou de outro, revela
os valores que s o os da comunidade em determinado momento histórico.

LCRL 15
c    
    

No caso do Direito, essa valoraç o dos fatos da vida se revela e se consubstancia em normas que procuram dar
ordenamento à conduta, em sua interferência intersubjetiva, inclusive atribuindo efeitos, no campo do relacionamento
inter-humano, a simples eventos da natureza, enquanto se refiram aos seres humanos.
Assim, a vida é uma sucess o de fatos. Desde o nascimento até a morte, com todos os atos que integram a vida,
desde a estrela cadente que risca o céu ao vai e vem da onda do mar, tudo o que nos cerca, física ou psiquicamente, s o
fatos. O mundo mesmo, em que vemos acontecerem os fatos é a soma de todos os fatos que ocorreram e o campo em que
os futuros se v o dar.
* evidente, entretanto, que nem todos os fatos, mesmo conduta, têm para a vida humana o mesmo valor, a mesma
importância. Há fatos, inclusive puros eventos da natureza, que possuem para os homens, em suas relações
intersubjetivas, significado fundamental, enquanto outros, ou por lhes fugirem ao controle, ou por n o lhes acarretarem
vantagens, ou, ainda, por n o lhes provocarem o interesse, s o tidos como irrelevantes. Quando, no entanto, o fato
interfere, direta ou indiretamente, no relacionamento inter-humano, afetando, de algum modo, o equilíbrio de posições do
homem diante dos outros homens, a comunidade jurídica, sobre ele, edita norma que passa a regulá-lo, imputando-lhe
efeitos que repercutem no plano da convivência social. arece claro, daí, que a norma jurídica atua sobre fatos que
compõe o mundo atribuindo-lhes consequências específicas (efeitos jurídicos) em relaç o aos homens, que constituem
um plus quanto à natureza do fato em si. A norma jurídica, deste modo, adjetiva os fatos do mundo, conferindo-lhes uma
característica que os torna espécie distinta dentre os demais fatos.
Deste modo, há de se concluir, seguindo a doutrina do rof. Arnaldo Vasconcelos, o Direito disciplina condutas,
sendo, pois, no ensinamento de Carlos Cossio conduta em interferência intersubjetiva. O Direito, destarte, é comando
normativo, cujas partes se juntam na formaç o de um todo harmônico, inter-relacionando-se em suas funções.
Assim, a norma jurídica é uma norma de conduta, no sentido de que seu objetivo direto ou indireto é guiar o
comportamento dos pessoas, das comunidades, dos governantes e funcionários no âmbito do Estado e do mesmo Estado
na ordem internacional. Ela é prescrebente, pois prescreve como se deve conduzir a conduta de cada um.
or fim, na Teoria Geral do Direito, o estudo da norma jurídica é relevante, visto que se refere à substância
própria do direito objetivo. E nessa substância, nos propomos a estudar os caracteres ou características.

2. O fenômeno jurídico.
artindo da constataç o de que há fatos, relevantes, a que a norma jurídica imputa efeitos no plano do
relacionamento inter humano e fatos que, considerados irrelevantes, permanecem sem normatizaç o, podemos distinguir
dentro do conjunto que é o mundo - o mundo fático - um subconjunto - o mundo jurídico - formado, apenas, pelos fatos
jurídicos. 3e ponderarmos que os efeitos jurídicos s o imputações feitas pelos homens a certos fatos da vida através das
normas jurídicas, teremos de admitir que a distinç o, no mundo, entre o que é jurídico e o que n o entra no mundo
jurídico, se reveste de fundamental importância ao trato científico do Direito. ontes de Miranda, assim nos ensina: ¨or
falta de atenç o aos dois mundos muitos erros se cometem e, o que é mais grave, se priva a inteligência humana de
entender, intuir e dominar o Direito.¨
Na verdade, o fato que n o esteja regulado pela norma jurídica e, por consequência, n o lhe tenha sido atribuída
natureza jurídica, n o pode ser tido como gerador de direitos e de deveres, ou de qualquer outro efeito jurídico, por
mínimo que seja. As meras relações de cortesia, por exemplo, n o criam situações jurídicas, como a de A poder exigir
que seu vizinho B o cumprimente toda manh , sob pena de ser constrangido a fazê-lo ou punido se n o o fizer. Esse
mesmo fato do cumprimento, entendo, em outras situações, pode acarretar resultados jurídicos, como por exemplo, é o
que acontece entre os militares, em que pode ser punido o subordinado que n o prestar continência ao seu superior,
porque há norma jurídica que assim estabelece.
arece, assim, evidente a diferença substancial entre o fático, enquanto apenas fático e o jurídico, porque somente
esse pode ter algum efeito jurídico relativamente aos seres humanos. O mundo jurídico, está claro, se vale dos fatos da
vida e, mais que isto, é constituído por eles próprios; resulta da atuaç o ou incidência da norma jurídica sobre os fatos
juridicizando-os.
Dessarte, o fenômeno jurídico se desenvolve num plano lógico, na ordem do dever-ser, e n o no campo da
causalidade natural; o ser fato jurídico e o produzir efeitos jurídicos s o situações que se passam no mundo de nossos
pensamentos, e n o impõem transformações na ordem do ser.

III - NORMA JURÍDICA:


2. Conceito de norma jurídica.
Kant considera ser a norma jurídica um juízo hipotético. No Kantismo vamos encontrar a origem da distinç o de
imperativo categórico do hipotético. O primeiro impõe dever sem qualquer condiç o (norma moral), enquanto o
hipotético é condicional. O categórico ordena por ser necessário, enquanto no hipotético a conduta imposta é meio para
uma finalidade. Assim, o imperativo hipotético estabelece condiç o para a produç o de determinado efeito.

LCRL 16
c    
    

Kelsen retomou essa distinç o, considerando a norma jurídica um juízo hipotético por dependerem as suas
consequências da ocorrência de uma condiç o: se ocorrer tal fato deve ser aplicada uma sanç o. Daí Kelsen ter dito que a
estrutura da norma jurídica é a seguinte: em determinadas circunstâncias, determinado sujeito deve observar determinada
conduta; se n o a observar, outro sujeito, órg o do Estado, deve aplicar ao infrator uma sanç o.
aulo Nader diz que ao dispor sobre fatos e consagrar valores, as normas jurídicas s o o ponto culminante do
processo de elaboraç o do Direito e o ponto de partida operacional da dogmática jurídica, cuja funç o é a de sistematizar
e descrever a ordem jurídica vigente. Afirma o ilustrado doutrinador que conhecer o direito é conhecer as normas
jurídicas em seu encadeamento lógico e sistemático. Aduz, ainda, que as normas jurídicas est o para o Direito de um
povo, assim como as células para um organismo vivo, raciocina.
ara atingir o conceito de norma jurídica, segundo ensina Maria Helena Diniz, é necessário chegar a essência,
graças a uma intuiç o intelectual pura, ou seja, purificada de elementos empíricos. Em seu trabalho a autora afirma que
uma vez apreendida, com evidência intuitiva, a essência da norma jurídica, é possível formular o conceito universal.
Continua a professora dizendo que como só a inteligência tem a aptid o de perceber em cada essência as notas concretas
de que essa essência se pode compor, emprega-se a intuiç o racional, que consiste em olhar para uma representaç o
qualquer, prescindindo de suas particularidades, de seu caráter psicológico, sociológico, etc., para atingir aquilo que tem
de essencial ou de geral, aduz. Conclui a renomada professora paulista que o conceito de norma jurídica é um objeto ideal
que contém notas universais e necessárias, isto é, encontradas, forçosamente, em qualquer norma de direito.
Norma jurídica, leciona didaticamente aulo Dourado de Gusm o, é a proposiç o normativa inserida em uma
ordem jurídica, garantida pelo poder público ou pelas organizações internacionais. Coloca o citado mestre que tal
proposiç o pode disciplinar condutas ou atos, como pode n o as ter por objeto, coercitivas e providas de sanç o. Visam,
consoante o autor, a garantir a ordem e a paz social e internacional.
Analisando as afirmações supra, concordando com umas e com outras n o, chegamos a conclus o que o conteúdo
da norma jurídica é uma relaç o de justiça. 3im, uma simples relaç o de justiça, pois, indubitavelmente, se a norma n o
circunda tal relaç o n o é jurídica. Ao estudar o conceito da norma jurídica, o prof. Arnaldo Vasconcelos infere ser a
vocaç o especial da norma jurídica a realizaç o do direito, afirmando que se há direito a partir de uma norma que o
preveja. O campo de incidência das normas jurídicas, continua o mestre, constitui o mundo do Direito, havendo,
entretanto, sempre normas para todas as hipóteses possíveis. Conclui o autor: se n o se encontram explícitas no
ordenamento, com certeza nele est o implícitas. Concordamos.

IV- ELEMENTOS ESSENCIAIS DA NORMA JURÍDICA


3. Divergência doutrinária.
3e formos valorar, na pesquisa dos caracteres das normas jurídicas, todas as categorias de regras existentes,
necessariamente chegaremos à mesma conclus o de Miguel Reale: o que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, de
qualquer espécie, é o fato de ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organizaç o ou de conduta,
que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória. Alguns autores, ao considerar as categorias mais gerais das
normas jurídicas, ensinam que estas apresentam alguns caracteres que s o os seguintes: bilateralidade, generalidade,
abstratividade, imperatividade e coercibilidade.
3egundo esses autores, na bilateralidade o Direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, atribuindo
poder a uma parte e impondo dever à outra. ara eles, bilateralidade significa que a norma jurídica possui dois lados: um
representado pelo direito subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que um n o pode existir sem o outro. Em toda
relaç o jurídica, ensinam, há sempre um sujeito portador do direito subjetivo e um sujeito passivo, que possui o dever
jurídico.
ara essa corrente doutrinária, o princípio da generalidade revela que a norma jurídica é preceito de ordem geral,
que obriga a todos que se acham em igual situaç o jurídica.
Ainda defendem que pela abstratividade o objetivo é atingir o maior número possível de situações, regulando os
casos dentro do seu denominador comum, ou seja, como ocorrem via de regra, acreditam.
Aduzem que na sua miss o de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, o Direito deve representar o mínimo
de exigências, de determinações necessárias. Alegam que para garantir efetivamente a ordem social, o direito se
manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. A defesa desse princípio caracterizador da norma jurídica é
que se n o fosse assim, o Direito n o lograria estabelecer segurança, nem justiça.
Finalmente, sustentam que coercibilidade quer dizer possibilidade de uso da coaç o. Esta possui dois elementos:
psicológico e material. O primeiro exerce a intimidaç o, através das penalidades previstas para a hipótese de violaç o da
norma jurídica. O elemento material é a força propriamente dita, que é acionada quanto o destinatário da regra n o a
cumpre espontaneamente.

LCRL 17
c    
    

4. Características da norma jurídica.


Estudando a norma jurídica por outro ângulo, entendemos que é possível extrair da essência do Direito a idéia de
proporç o. Já se foi dito que o direito é disciplinador de condutas e é conduta em interferência intersubjetiva. Desta
forma, o Direito leva as pessoas a se ligarem, comprometendo-se entre si, no magistério de Arnaldo de Vasconcelos.
Assim, essa ligaç o é coordenaç o e n o subordinaç o. O Direito, ainda em essência, é gênero. Destarte, por si só, n o
implica positividade. Há de ser positivo ou natural.
Em seu modo de ser, o direito recebe configuraç o normativa. A norma é modelo, a forma de fazer o direito.
Assim, o modo do direito positivar-se é através da norma jurídica. 3abemos, porém, que positivaç on o pode ser
entendida com a mera reduç o do preceito em simples norma escrita, exteriorizada explicitamente. Também faz parte
desse gênero as normas implícitas, que est o no subentendimento, existindo, aí, positividade.
Entendemos, ainda, que da exigência da certeza, supedâneo da ordem e da justiça nas relações sociais, surgiu a
positivaç o. ositivar significa, portanto, estarem as normas jurídicas disponíveis. Assim, facilmente conclui-se, que
estando n o disponível n o significa n o existirem. * a lógica pura.
Desse modo, chegamos à conclus o que: direito e norma jurídica s o conceitos diversos; direito é gênero, por
essência, e por tal especifica norma posta e norma n o posta. Dessa disponibilidade chegamos a positivaç o. A outra, por
entendimento lógico, em caráter de espécie, é o direito natural. Ainda em conclus o, no brocado latino hominis ad
hominem proportio, n o há imperatividade na norma pois a citada e entendida proporç o envolve coordenaç o e
imperatividade faz pensar em subordinaç o.
ara o prof. Arnaldo de Vasconcelos, em sua citada obra, identificar as características de uma coisa n o mais
significa que distinguir, segundo sua existência e finalidade, os sinais de sua individualizaç o.
3abemos que norma, ao existir, e a partir de sua disponibilidade, que é a positivaç o, como já foi visto, aparece na
forma e modo de um juízo disjuntivo, ou seja, é anunciado que deve acontecer a prestaç o ou, na falta desta, a sanç o.
Dessarte, desse modo de existir, aparecem as características ou propriedade da norma jurídica.
De antem o, com a venia merecida, refutamos as muitas características já citadas: generalidade, abstratividade,
imperatividade, coatividade e a permanência, por entender que os autores que defendem tais caracteres desconhecem ou
desprezam aquele esquema.
Nos ensinamentos de Arnaldo de Vasconcelos tais caracteres n o se prestam, como elementos a caracterizar o
juízo normativo jurídico.
3egundo ele, diz-se que a norma é geral, porque seu preceito se dirige indiscriminadamente a todos. Essa
característica seria apta, n o só a contemplar a multiplicidade e variedade de situações sociais e a abranger as diversas
classes de normas jurídicas, como também a distinguir de modo eficaz a norma jurídica da norma moral. orém, desse
modo n o acontece na realidade. Ao considerar a generalidade em termos de situações particulares está a revelar,
indubitavelmente, o contrário do que se afirmou: as normas s o, de fato, especiais e individuais. Conclui o professor
Cearense, e com ele concordamos, que a especialidade, e n o a generalidade, é a condiç o que se impõe a norma jurídica
em face da realidade atual, ou seja, o surgimento da sociedade urbana e industrial se contrapondo à sociedade rural e
agrária do tempo do Código de Napole o. De qualquer maneira, n o é característica porque nada diz a respeito de sua
essencialidade.
Além de geral, a norma jurídica deveria ser abstrata. Essa afirmaç o cai por terra ao se contra por a nova
roupagem e novo entendimento do direito. aulino Jacques, em Da norma Jurídica, citado por Arnaldo Vasconcelos,
teoriza que, em face da tendência para a legislaç o concreta, objetiva e específica, há de se convir que a abstraç o da
norma jurídica n o mais sustenta o absolutismo de outrora. Em lapidar conclus o, o mestre Cearense arremata: os
conceitos liberais de liberdade e de igualdade, por n o se compadecerem com a nova ordem de coisas, ter o de ser
retificados. A liberdade já n o poderá ser concebida, de modo negativo, como limite entre o meu e o seu, mas há de ser
formulada em virtude de nós, positivamente, portanto. E a nova igualdade passará a consistir em tratar desigualmente os
desiguais. Ent o, n o se há de falar, por nenhum motivo, em abstratividade da lei.
Carlos Cossio produziu a mais pertinente crítica do imperativismo. reocupado com a neutralidade em face da
axiologia, ao querer construir uma ciência jurídica positiva, afirma que a simples análise fenomenológica da
imperatividade é de molde a afastá-la da teoria do Direito. E é fácil de entender tal raciocínio. Imperatividade é comando.
* emanaç o de ordem. Ordenar envolve obediência ou desobediência, tendo-se, assim, descaracterizado o sentido
original da ciência jurídica, em face da perda da neutralidade. O prof. Arnaldo Vasconcelos, de modo claro, raciocina que
a norma n o contém, em nenhuma hipótese, qualquer espécie de mandato, concluindo pela inexistência de relaç o entre
legislador e súditos. E exemplifica: como conceber, se n o fora assim, às gerações futuras ou aos nascituros, uma ordem
dirigida. E pergunta: Os que ignoram a existência e o sentido da ordem, como poderiam obedecê-la? Em conclus o, no
magistério de Carlos Cossio, assim entendemos: a própria estrutura da norma jurídica destrói sem dúvida a idéia de que
ela é uma ordem de mando, um mandamento.
aulo Nader , de forma inapropriada, revela que coercibilidade quer dizer possibilidade de uso da coaç o.
rossegue ele, afirmando que a coaç o possui dois elementos: psicológico e material. No entendimento do autor, o

LCRL 18
c    
    

primeiro exerce a intimidaç o, através das penalidades previstas para a hipótese de violaç o das normas jurídicas e o
elemento material é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra n o a cumpre espontaneamente.
Defende o citado professor, desta forma, a coatividade como caracter da norma, posiç o esta com muitos adeptos dentro
da nossa doutrina. Analisando a quest o por outro ângulo, vale a pena indagar: é o direito um instrumento de press o? E
ainda: pode-se ameaçar com a própria lei? Ora, em seu longo evoluir o direito pode ter sido, há muito tempo atrás,
instrumento de press o. Entretanto, de há muito, também, sabe-se que, em estado de igualdade e liberdade, com a lei
escrita e o direito como instrumento de julgamento, n o há, pois, como usá-lo para o constrangimento e para o medo.
aul Amselek, ao estudar o assunto, enfatiza: Le droit nést pas un instrument de pression; il est un instrument de
jugement auquel on donne une certaine signification, une certaine vacation.
Escrevendo sobre as características da norma jurídica, Arnaldo Vasconcelos arremata: 3e a observância voluntária
da norma afasta a coaç o, tornando-a prescindível e, por isso, insuficiente para discrimina-la, n o dispensaria, contudo, o
momento hipotético da coatividade. ermaneceria esta, fosse ou n o fosse a norma acatada.* verdade. Assim, a
coatividade, entendemos, também n o serve como elemento caracterizador da norma jurídica.
Ao se compulsar o presente trabalho, sem o menor esforço, nota-se que foram afastadas como características e
colocadas como pesudocaracterísticas da norma jurídica a generalidade, a abstratividade, a imperatividade e a
coatividade. Deste modo, pode surgir a primeira grande indagaç o: qual o conceito de característica? Bem, o termo
caráter, sabemos, significa sinal ou figura que é empregada na escrita e característica, substantivado do adjetivo, é aquilo
que distingue. Arnaldo Vasconcelos, citando Ferrater Mota, diz que: significa marca o nota que señala un ser y que eelo
l0 caracteriza frente a todos los outros. ortanto, é de se ver bem claro que para a identificaç o das características de uma
coisa é necessário conhecer a prior sua essência.
O renomado jus filósofo argentino Carlos Cossio concebeu a estrutura das regras jurídicas como um juízo
disjuntivo, que reúne também duas normas: endonorma e perinorma. Esta concepç o pode ser assim esquematizada: dado
A, deve ser , ou dado ñ, deve ser 3. A endonorma corresponde ao Juízo que impõe uma prestaç o (p) ao sujeito que se
encontra em determinada situaç o (a) e equipara-se norma primária de Kelsen. Cossio n o concordou com o reduzido
significado atribuído por Kelsen anteriormente à norma secundária, que prescrevia a conduta obrigatória, lícita. Dessarte,
enquanto que a norma primária e a secundária se justa põem, a endonorma e a perinorma est o unidas pela conjunç o ou.
Após essa rápida explicaç o, vamos encontrar apenas três características nesse juízo: a bilateralidade, a disjunç o
e a sanç o. * norma jurídica a que for bilateral, disjuntiva e sancionável. Vamos examiná-las:

a) bilateralidade.
Como já foi visto, o Direito é relaç o e esta relaç o é jurídica. Nasce, pois, esta relaç o do incidência da norma
sobre o fato. * da natureza, portanto, do próprio Direito esta referência a dois lados: bis lateralis.De sua essência, ent o,
extraímos a propriedade de ser bilateral. Arnaldo Vasconcelos discorre que a bilateralidade n o importa em mera
correlaç o entre o direito e a obrigaç o. Direitos e obrigações s o termos recíprocos, de mútua implicaç o. Deste modo,
vê-se que ao direito do credor, de receber o preço, corresponde a obrigaç o do devedor de entrega-lo. Entretanto, se o
credor negar-se a receber o preço, ao Direito do devedor, de ter quitaç o, passará a corresponder a obrigaç o do credor de
concedê-la. or isso fala-se na inexistência de sujeitos ativo e passivo e sim em simples sujeitos da relaç o jurídica em
atuaç o bilateral.

b) Disjunção.
ma das características que distingue a norma jurídica é a disjunç o através da qual seu enunciado se conforma.
ara Cóssio, a norma jurídica há de ser disjuntiva para referir à possibilidade das duas situações: prestaç o e sanç o.
Trata-se de norma única e n o de duas normas, pois tanto a prestaç o como a sanç o têm caráter essencial na relaç o
jurídica e na estrutura da norma que a pensa. Assim, com base na Disjuntividade é possível fazer representar tanto o
ilícito como o lícito, pois toda conduta jurídica tem que ser forçosamente lícita ou ilícita e só com a estrutura disjuntiva é
possível conceitualizarr ambas as possibilidades. ara melhor entendimento, vejamos: em um contrato de compra e
venda, uma parte, dando à coisa a outra, esta deve efetuar o pagamento (dado FT deve ser , em que FT corresponde à
entrega da coisa e  ao pagamento). Temos aí a endonorma, mas como o homem é livre, podendo n o observar a
endonorma, poderá ocorrer, ent o, uma situaç o contrária a endonorma. Nesse caso, se, dada a coisa, o devedor n o
efetua o pagamento, deverá ser aplicada uma sanç o pelo Órg o social (dado n o  deve ser 3, em que dado ñ
corresponde à conduta do devedor que n o efetua o pagamento e deve ser 3 à conduta do Órg o social que deve aplicar
a sanç o, pois, sendo também livre, pode n o aplicá-la, prevaricando.

c) Sanção.
O Direito exercitado no plano da aç o é subordinado, incontestavelmente, à eventualidade de ter de concretizar-se
mediante a interferência de uma força exterior, que é o poder social institucionalizado. A sanç o, assim, é a garantia
jurídica dessa concretizaç o, prevista na norma como um dever ser resultante da n o prestaç o. Entendemos, desse modo,

LCRL 19
c    
    

que a sanç o é mera conseqüência, simples resultado de uma posiç o perante o direito. Cumprida a norma n o há
possibilidade de sanç o. or outro lado, havendo previs o legal, ou seja, prévia fixaç o, n o sendo cumprida a norma,
dever o ocorrer uma sanç o penal ou punitiva e uma sanç o premial ou recompensatória. Dessarte, sanç o integra o
conceito de Direito e tem lugar na estrutura da norma jurídica.

V - CONCLUSÃO
Ex positis, concluímos:
I- O Direito, na sua funç o de tornar a convivência inter-humana a mais harmônica possível, trata os fatos da vida
segundo critérios axiológicos, valorando-os e classificando-os em fatos relevantes e irrelevantes. Em decorrência da
relevância reconhecida ao fato, o Direito, através das suas normas, o erige a uma categoria especial, imputando-lhe
consequências em relaç o à conduta em sua interferência subjetiva;
II - Assim, a norma jurídica é uma norma de conduta, no sentido de que seu objetivo direito ou indireto é guiar o
comportamento das pessoas das comunidades, dos governantes e funcionários no âmbito do Estado e do mesmo Estado
na ordem internacional;
III - O conteúdo da norma jurídica é uma relaç o de justiça, sendo a vocaç o especial da norma jurídica a
realizaç o do Direito;
IV - Existe divergência doutrinária quanto a defesa dos elementos essenciais da norma jurídica. ara uns, as
propriedades da norma jurídica envolve a bilateralidade, a generalidade, abstratividade, imperatividade e a coercibilidade.
Entendemos, seguindo corrente diversa, que sendo Direito gênero, por essência, pelo que foi mostrado, vamos encontrar,
apenas três características: a bilateralidade, a disjuntividade e a sanç o.
Destarte, concluímos que a norma que n o dispuser da bilateralidade, n o for disjuntiva e n o tiver sanç o n o é
norma jurídica.
VI - BIBLIOGRAFIA
1) BOBBIO, Noberto - Teoria do ordenamento jurídico - Editora niversidade de Brasília, 4ª ed., 1994.
2) DINIZ, Maria Helena - Compêndio de introduç o à ciência do direito - 6ª ed., Atual - 3 o aulo: 3araiva,
1994.
3) G3MÃO, aulo Dourado de - Introduç o ao estudo do direito - 9ª ed. rev. - Rio de Janeiro: Forense, 1982.
4) KANT, Emmanuel - Crítica da raz o pura - Edições e ublicações Brasil Editora 3.A.
5) NADER, aulo - Introduç o ao estudo do direito - Rio de Janeiro: Forense, 1992.
6) VA3CONCELO3, Arnaldo - Teoria geral do direito - Teoria da Norma Jurídica - Malheiros Editores Ltda, 2ª
ed., 3 o aulo, 1993.
Autor - ALO ROBERTO DANTA3 DE 3OZA LEÃO
romotor de Justiça no RN e rofessor dos cursos de direito da FRN e NIEC
Artigo Jurídico publicado na Teia Jurídica

LCRL 20
c    
    

AULA 03
³Depois de muito meditar, cheguei à conclusão de que
um ser humano que estabeleceu um propósito deve
cumpri-lo, e que nada pode resistir a um desejo, a uma
vontade, mesmo quando para sua realização seja
necessário uma existência inteira´

42
1. A SANÇÃO JURÍDICA

1.1 Conceito
rY ara o rof. Miguel Reale, a sanç o é todo e qualquer processo de garantia daquilo que se
determina em uma regra.
ÑY Apresentam-se tantas formas de garantias quantas s o as espécies dos distintos preceitos
(morais, religiosos, de trato social, jurídicas).
ÑY A sanç o, portanto, é gênero de que sanç o jurídica é espécie, pois existem as sanções
morais, religiosas, de trato social etc.

1.2 Finalidade
rY A sanç o jurídica visa neutralizar, desfazer, anular ou reparar o mal causado, bem como punir o
transgressor.

1.3 Distinção entre a sanção, a coerção e a coação.


a) Sanção
rY A sanç o faz parte da estrutura da Norma jurídica, imputando outra aç o ou comportamento em
forma de pena, punindo aquele que descumpre o comando primário da Norma Jurídica.
rY O destinatário n o precisa necessariamente ser forçado a cumprir a determinaç o da sanç o pode
exemplo, espontaneamente acata-lo pagando a multa, desocupando o imóvel etc.
ÑY A coerç o e a coaç o s o, na verdade, elementos intrínsecos da sanç o que atuam em
momentos distintos.

b) Coerção
rY E o efeito psicológico da sanç o e que tem funç o preventiva. Age sobre o destinatário como um
aviso se ele n o cumprir a Norma Jurídica poderá sofrer os efeitos concretos da sanç o.
ÑY Note-se que a coerç o e uma influência psicológica admoestadora em relaç o à sanç o, mas
também em relaç o à coaç o.

c) Coação
rY A coaç o e o último estágio de aplicaç o da sanç o, é a sua aplicaç o forçada contra a vontade
do agente que descumprir a norma.

Exemplo 1
rY O Inquilino é despejado de fato por ordem do oder Judiciário, o homicida é preso e vai cumprir
pena na penitenciária, o devedor tem seus bens penhorados e vendidos em hasta pública para que
o produto da venda sirva para pagar sua dívida etc.

Exemplo 2

LCRL 21
c    
    

rY No caso da n o cumprimento de um contrato a sanç o mais freqüente é a multa contratual, se a


parte culpada se recusar a paga-la pode ser obrigada a fazê-lo por via judicial que pode chegar a
penhora de seus bens: é a coaç o.

1.4 Característica da sanção jurídica


a) A sua predeterminação e organização.
rY Tudo no Direito obedece a esse princípio da sanç o organizada de forma predeterminada, que
vem a ser a institucionalizaç o pelo Estado
rY A existência do oder judiciário, como um dos três poderes fundamentais do Estado, dá-se um
raz o da predeterminaç o da 3anç o Jurídica.
rY Em raz o do exposto acima, é que um homem lesado em seus direitos sabe de antem o que pode
recorrer à justiça, a fim de que as relações sejam objetivamente apreciadas e o equilíbrio
restabelecido.
rY Todas as leis, portanto, tem uma sanç o, motivo pelo qual o CCB de 1916 em artigo que n o é
reproduzido no atual CCB dispunha: Art. 75 dispõe que ³a todo direito corresponde uma aç o
que o assegura´.
$Y Existe, portanto a certeza que a transgress o de uma norma jurídica corresponde a uma
sanç o.
$Y Todo o progresso da cultura humana, que anda pari passu com o da vida jurídica, obedece a
esta lei fundamental, verificando-se uma passagem gradual na soluç o dos conflitos do plano
da força bruta para o plano da força jurídica.

b)Y Imparcialidade
rY As pessoas bem determinadas que as aplicam, s o eqüidistantes das várias partes em conflito.

c)Y Proporcionalidade
rY a sanç o é proporcional a norma violada.
$Y a regra de ouro do Direito Civil é: a reparaç o de um dano nunca pode ser superior ao valor do
dano.

1.5 Princípios da sanção jurídica

a)Y Princípio da personalização da pena (art. 5º, XLV da CF/88)


rY A pena n o pode passar da pessoa do delinqüente. 3omente o autor da infraç o penal deve ser
responsabilizado.
$Y A pena n o deve ser estendida aos familiares e aos herdeiros do autor do crime. Morto o
condenado, declara-se extinta a punibilidade do crime.

b)Y Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI da CF/88).


rY As penas devem ser previstas, impostas e executadas de acordo com as condições pessoais de
cada réu.

1.6 Vedações na aplicação da sanção jurídica


Proibição de determinadas penas (inciso XLVII).
rY Fundamentos:A Constituiç o proíbe a adoç o de diversas modalidades de penas, esta proibiç o
está baseada nos art. 1º, III, da CF/88, está disposto que um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana. Em seguida, o art. 5º, III, veda a prática de
tortura, já que, afinal, o delinqüente n o deixa de pertencer ao gênero humano.Têm-se aqui,
ent o, as bases que repudiam as penas manchadas pela crueldade, pelo sofrimento desnecessário:
$Y A seguir, as modalidades de penas que s o proibidas no Brasil:
1°)Y de morte, salvo em caso de guerra declarada:
$Y As hipóteses de aplicaç o da pena de morte em caso de guerra declarada est o
previstas no CM.
2°)Y de caráter perpétuo:
$Y ara impedir o cumprimento de prisões perpétuas, o Código enal, em seu art. 75,
estabelece o limite máximo de trinta anos para o cumprimento das penas privativas
de liberdade.

LCRL 22
c    
    

3°)Y de trabalhos forçados .


$Y Considera-se pena de trabalhos forçados aquela em que o condenado é obrigado
coativamente ao labor, sem remuneraç o e sem as devidas condições de segurança
e higiene.
$Y Desta forma, esta deve ser entendida como aquela que proíbe a obrigaç o do
condenado a um trabalho exaustivo, humilhante e que traga prejuízo à sua saúde
física ou mental.
$Y Obs.: N o deve tal espécie de pena ser confundida com os dispositivos da Lei de
Execuç o enal, quais sejam os artigos 28, 31 e 39, V, que prevêem a
obrigatoriedade do trabalho do preso, com finalidade educativa e produtiva.
4°)Y de banimento
$Y A pena de banimento consistia na expuls o do brasileiro do território nacional. Foi
expressamente abolida pela Constituiç o de 1891 (art. 7º, § 2º), tendo sido
reintroduzida pelo regime militar na Carta Constitucional brasileira de 1967 pelo
Ato Institucional n. 14, após o seqüestro do embaixador americano.
$Y Já a pena de banimento consiste, nas palavras de Greco (2006, p. 91), uma medida
de política criminal que consistia na expuls o do território nacional de quem
atentasse contra a ordem política interna ou a forma de governo estabelecida sua
vedaç o visa, pois, preservar o direito à nacionalidade e à permanência no território
nacional, ao teor do que prevê o artigo 5º, XV da Constituiç o Federal que prevê
que é livre a locomoç o no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
$Y A pena de banimento corresponde à retirada forçada de um nacional de seu país,
em virtude da prática de determinado fato no território nacional. [13] Ou seja, é a
extinç o da possibilidade de um cidad o conviver entre os seus e em sua terra
natal.
$Y Deve-se estar atento à diferença que existe entre o banimento e a extradiç o, a
deportaç o e a expuls o . Estas três últimas medidas recaem sobre estrangeiros,
enquanto que o primeiro sobre nacionais.
$Y No entanto, uma ressalva há de ser feita: o inciso LI do art. 5º da CF/88 dispõe que
brasileiro naturalizo poderá ser extraditado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalizaç o, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins;.
5°)Y cruéis.
$Y 3 o consideradas penas cruéis as que provocam intenso sofrimento, expressamente
vedadas pela Constituiç o. Como exemplos podemos apontar as penas de galés,
açoites e a imposiç o de sofrimentos físicos.
$Y odem assim ser consideradas todas as penas que submetem o condenado a
tratamento desumano ou degradante ou a sofrimento excessivo, como, por
exemplo, mutilações, castraç o, tortura, humilhaç o, maus-tratos, ou ainda, aquelas
que impossibilitem a sua reinserç o social, a exemplo do isolamento por período
excessivo, na qual se inclui o regime disciplinar diferenciado.

1.7 O Estado como ordenação objetiva e unitária da sanção


a) Monopólio do Estado
rYO Estado é a organizaç o da Naç o em uma unidade de poder, a fim de que a aplicaç o das
sanções se verifique segundo uma proporç o objetiva e transpessoal.
$Y ara este fim, o Estado detém o monopólio da coaç o no que se refere à
distribuiç o da justiça.

b) A presença dos entes internacionais na aplicação da sanção.


rYEm nossos dias, o Estado continua sendo a entidade detentora por excelência da sanç o
organizada e garantida, embora n o faltem outros entes, na órbita internacional, que aplicam
sanções com maior ou menor êxito, como é o caso da ON.

LCRL 23
c    
    

1.8 As ordenações jurídicas não estatais


rYO que distingue a Norma Jurídica em relaç o às outras normas é a sanç o e a sua possibilidade
de exigência (execuç o forçada), quer pelo Estado através de seus órg os, quer pelo particular
interessado que buscará sua satisfaç o através dos órg os do Estado em especial o poder
judiciário.

a) Pluralidades de ordens jurídicas positivas


rY O Estado é detentor da coaç o em última instância. Mas, na realidade, existe Direito também
em outros grupos, em outras instituições, que n o o Estado (Igreja, O Direito canônico),
organizações esportivas.
rY Estes grupos organizados possuem um sistema organizado de coaç o.

b) Distinção entre as ordenações jurídicas estatais e não estatais


1°) Sanção estatal
rY O Estado caracteriza-se por ser a instituiç o, cuja sanç o possui caráter de universalidade e
detentor da sanç o em última instância (Betioli, 86).
8YNinguém pode fugir da coaç o do Estado.
8YO Estado circunda-nos de tal maneira que até mesmo quando saímos do território nacional,
continuamos sujeitos a uma série de regras que s o do Direito Brasileiro.

2°) Sanção grupalista


rY ara escaparmos à coaç o grupalista, podemos abandonar o grupo, mas ninguém pode
abandonar o Estado, pois o Estado é a instituiç o que n o se abdica.
rY Os indivíduos que deixam o território nacional carregam consigo o Direito Brasileiro, que vai
proteger a sua vida, assim como exercer influência sobre sua pessoa e seus bens.
8YO Estado nos acompanha até mesmo após a morte, porquanto determina a maneira pela qual
os nossos bens devem ser divididos entre os herdeiros, preserva nosso nome de agravos e
injúrias etc.
8YEm nenhuma das entidades internas ou internacionais, com competência para aplicar
sanções a fim de garantir as suas normas, encontramos a universalidade da norma jurídica.

3º) Conclusão
rY 3e num país s o múltiplos os entes que possuem ordem jurídica própria, só o Estado
representa o ordenamento jurídico soberano e universal, ao qual todos recorrem em ultima
instância para dirimir os conflitos recíprocos.

1.9 Normas jurídicas desprovidas de sanção


rY A norma jurídica em essência é uma ordem ± um ³dever-ser´ - que conta com a coerç o, que o
instrumento de press o ± psicológico - para que a ordem seja cumprida, sob pena de aplicaç o da
puniç o concretamente ± coaç o.
rY Em funç o disso, duas questões se colocam: existir o Normas Jurídicas desprovidas de sanç o?
E, se assim, como é que isso se explica, já que a sanç o parece fundamental para que a Norma
Jurídica seja respeitada e cumprida?
ÑY A doutrina reconhece a existência de Normas Jurídicas sem sanç o. 3 o normas que
cumprem uma funç o ³n o estritamente normativa´, consideradas meramente
formais, cuja finalidade é orientar ou dificultar certos atos; s o por exemplo, normas
que fixam critérios de classificaç o, como o CCB faz ao estabelecer as classificações
legais das coisas ou o CDC (Art. 2º, caput e 3º caput ao definir pessoa física ou
jurídica aquela que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.).
rY Como pode ocorrer a Norma Jurídica sem a presença da sanç o?
a)YO sistema jurídico tem como elementos Normas jurídicas providas ou desprovidas de sanç o.
Ou, em outros termos, os elementos do sistema jurídico s o normativos e n o-normativos e
todos se relacionam entre si.
b)YO fato de uma Norma Jurídica n o ser acompanhada imediatamente da sanç o que lhe
assegura o cumprimento, n o significa por si só que ela especificamente seja desprovida de
sanç o.

LCRL 24
c    
    

ÑY A sanç o pode estar em outra norma. Exemplo: O CDC ± proibiç o da publicidade


enganosa. O art. 37 define o que seja publicidade enganosa e proíbe a sua prática, as
sanções pelo descumprimento do art. 37 está nos art. 67, 68, 60 etc.

1.10 Espécies de sanções


rY Apresentam-se tantas formas de sanções quantos s o as espécies dos distintos preceitos éticos,
religiosos, morais, de trato social e jurídicas.
a) sanções religiosas
rY 3 o as retribuições a serem dadas numa vida ultraterrena, segundo o valor ético da
existência e conduta de cada um; o remorso também é para o crente uma forma de sanç o
religiosa, a qual geralmente é prefixada.

b) sanções morais
rY Geralmente s o cumpridas por motivaç o espontânea. Mas quando n o cumpridas,
provocam conseqüências, que valem como sanç o.
ÑY Como sanç o de foro íntimo, temos o remorso, o arrependimento etc. Depende da
formaç o de cada um.
ÑY Como sanç o externa temos a crítica, a condenaç o, a marginalizaç o, a opini o
pública que se forma contra.
ÑY A sanç o moral é incerta, imprevisível e com grande força de press o.
ÑY A sanç o das normas de trato social também é difusa.

c) sanções satíricas
rY Constituem a conseqüência, a reprovaç o de certos procedimentos que acarretam o ridículo
para o agente, por exemplo, a vaia, o riso, a pilhéria.

d) sanções jurídicas
rY 3 o as sanções organizadas de forma predeterminadas.

1.11 Evolução da aplicação da sanção


rY Na passagem da sanç o ³difusa´ para a sanç o ³predeterminada e organizada´, podemos ver a
passagem paulatina do mundo ético em geral para o mundo jurídico.
ÑY Esta passagem marcou a soluç o dos conflitos do plano da força bruta para o plano
da força jurídica, caracterizada pelo poder público detendo a distribuiç o de justiça.

a) Vingança social
rY Quando o indivíduo era ofendido, a ofensa se estendia imediatamente ao cl , que reagia
contra o outro grupo social, numa forma de responsabilidade coletiva, Todo o cl era
obrigado a vingar o sangue derramado.

b) Vingança privada
rY O ofendido contra o ofensor, o que representa um progresso, porquanto personaliza a
responsabilidade.

c) Força submetida às regras


rY As contendas passam a ser resolvidas ainda pela força, mas já contidas em certos limites.
ÑY * o período dos duelos, do tali o (limitando a reaç o à ofensa a um mal idêntico ao
praticado: sangue por sangue, olho por olho, dente por dente).

d) Monopólio do Estado
rY O Estado coloca-se em lugar dos indivíduos, chamando a si a distribuiç o da justiça, o que
assinala um momento decisivo na história da humanidade.
ÑY Neste estágio, o Estado n o admite o emprego da força particular, a n o ser nos casos
específicos em lei.
ÑY * desta forma que se evitam arbitrariedades e tornam-se possíveis à ordem e
segurança social.

LCRL 25
c    
    

1.12 Classificação das sanções jurídicas


1.12.1 Quanto ao ramo do Direito a que pertencem
a) Civis
rY A nulidade de atos irregulares, a condenaç o pecuniária, a prescriç o e a decadência por
decurso de prazo.
b) Penais
rY A pena de morte, que é excepcional (art. 84, XIX, combinado com o art. 5º, XLVII, a da
CF/88) em caso de guerra.
rY Reclus o, detenç o e multa, que s o penas principais.
rY A perda da funç o pública.
rY A interdiç o do direito e a publicaç o da sentença, que s o penas acessórias.

c) Administrativas
rY Multas, apreens o de mercadorias, interdiç o de estabelecimento, penas disciplinares aos
servidores públicos.

d) Processuais
rY Condenaç o de custas e honorários do advogado da parte contrária, a revelia, a preclus o
dos prazos.

1.12.2 Quanto à natureza


a) Repressiva
rY Destaca-se a sanç o penal (pena capital, privativa de liberdade, multa).
rY No Direito civil, a pris o civil (por ex: pelo n o pagamento de pens o alimentícia), a perda
do poder familiar etc.
rY No Direito Internacional: a guerra, represália, boicote etc.
rY No Direito Administrativo: advertência, suspens o e demiss o do servidor público.
rY No Direito fiscal: multa, pris o etc.

b) Restitutiva
rY Estabelecem o status quo anterior, como é o caso, no Direito civil, das perdas e danos
(reparaç o do dano), restabelecendo pela indenizaç o o patrimônio lesado no estado anterior
ao dano, da restituiç o da coisa furtada ou da indevidamente apropriada, da recuperaç o da
posse.
rY No Direito rocessual, o pagamento de custas e de honorários de advogado.
rY No Direito Fiscal, o confisco de bens etc.

c) compensatória
rY Visa a compensar um dano ou perda, como a indenizaç o por danos morais, que visa
compensar o abalo sofrido.

d) Preventiva
rY No Direito enal (medida de segurança), que visa a evitar a repetiç o de crimes, privando o
delinqüente perigoso de sua liberdade, para reeducá-lo em estabelecimentos penais ou
privando-o do exercício de uma profiss o (como por exemplo, a de motorista).

e) Adveniente ou extintiva
rY Extinguem relações jurídicas e direitos pela ocorrência de prescriç o ou de decadência.
rY A preclus o, que impede, por força da coisa julgada, que a quest o decidida por decis o
final, irrecorrível, seja renovada em outra aç o.

f) Premial
rY O Direito n o precisa nem deve ser exclusivamente coativo, pode ser também persuasivo.
8Yossui uma funç o promocional, no sentido de incentivar, premiar e assegurar a execuç o
espontânea de suas regras.

LCRL 26
c    
    

8Y3 o exemplos: o desconto ao contribuinte que paga o tributo antes da data do vencimento;
ou a previs o, na celebraç o de um negócio jurídico, de vantagens na hipótese de
adimplemento da obrigaç o em tais ou quais circunstâncias.

Bibliografia utilizada:
$Y REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 22ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 1995.
$Y ROQE, 3ebasti o. Introduç o ao Estudo do Direito.cone Editora.3 o aulo. 1996;
$Y G3MÃO, aulo Dourado. Introduç o ao Estudo do Direito. 28ª. ed. 3 o aulo: Forense, 2000.
$Y NADER, aulo. Introduç o ao Estudo do Direito. 10ª ed. 3 o aulo : Forense, 1994.
$Y HERKENHOFF, Jo o Baptista. Introduç o ao Direito. Thex Editora: 2006.
$Y MONTORO, André Franco. Introduç o ao Estudo do Direito. 23ª. ed. 3 o aulo: Ed Revista dos Tribunais, 1995.
$Y OLIVEIRA, J.M. Leoni Lopes de. Introduç o ao Direito. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Ed Lumen Juris, 2006.
$Y DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introduç o µa Ciência do Direito. 15ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 2003.
$Y BENTO, Antonio Bento. Introduç o ao Direito. 8ª. ed. 3 o aulo: Letras e Letras, 2002.

MOMENTOS DE REFLEXÃO
×  
  
        
     !" 
# $% & '    &  ( 
   )

*            


     (       
    #  )

+    #  ( % 


   '   ' $     %  
   )

, -  %    


   ./   01  ) +      %
  %   (           
  ) 2    %          
        ' 
 ' ) 3     %4   × 
 )

5    & 678 )*  


"  $  9          "  

LCRL 27
c    
    

    (   5       


    '    :'   ;( )

                %


'    '        #    
 *<     =% =)

>        %  $     


  #    -%
    )< & !9 %)

3     ( ' )

,* %   %      ?% 


 %      4   2  @ 
-  $  ),3  
   '   %     

  ? $
   ' $     ? $         
%      -4)

       (       (   
%     A$        ( 
% ' ) +      ) *  !
;    %%   )

 A  $  -    ' 


 '  ) 2         
'       %   ) 3 %   %   
                 !
9        ' $    '     
   )

,*  87B         


  4 ' 2 )

,C  %    ' $    


     (        

LCRL 28
c    
    

         


4 $ D   5        2 ) ,+
 &         &  
      (       
   4)

2    -    ! ;  )


9  &      
    ) E   )     
 %    )E %    )

F             (


          ' % 
 (  )

- ' $   $      %


-        ) 2      (  
'    ')2%
      ) 2   '   
(  ')

,2     '  % %    


  %           
') C(        %   
   '   ! ×    9C))) ="' <  
 = %   !4 $× )

> (  ' $    


     ) "   %  % 
   '     )

           


% A )>  %     '$%
  .7 &  16)

,+  &    ''(   


   4 '< DG )

LCRL 29
c    
    

E    %?$' $


%    %    
(    $           
    %      $# %   
  % A    )

+  #    )=* $%  


          ' $ 
!=)    ( ) @    
%       )

@-%           


 ) "        % %    
(     $= ' =)

,+   (     %   -  


' $!>' 
 )+  #  

        ) =2 ( %   '   '  
   ' %  (  =  '  
         ) <    
  4
 × )

2( 
               
  )     %     %
(  )

LCRL 30

Você também pode gostar