Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEORIA
GERAL DO
DIREITO
À
À
LCRL 1
c
AULA 02
³O sucesso num dado momento depende da álea (sorte). O sucesso em
algum momento (mais cedo ou mais tarde) depende apenas da dedicação
e esforço. Assim, seja persistente o suficiente para não depender da sorte.
Se ela ajudar, ótimo; se não ajudar, vença assim mesmo´
1. A NORMA JURÍDICA
1.1. Noção geral de Norma Jurídica
rY receito obrigatório imposto ou reconhecido como tal pelo Estado (rof. Marcus Acquaviva).
rY 3 o padrões de conduta social impostos pelo Estado, para que seja possível a convivência dos
homens em sociedade (aulo Nader).
rY As expressões norma e regra jurídica s o sinônimas.
rY * a proposiç o normativa inserida em uma fórmula jurídica (lei, regulamento, tratado
internacional etc.), garantida pelo poder público (Direito interno) ou pelas organizações
internacionais (Direito Internacional) (aulo Dourado de Gusm o).
LCRL 2
c
a) Imperativos categóricos;
rY O Imperativo categórico próprio dos preceitos morais, obriga de maneira incondicional, pois a
conduta é sempre necessária. Exemplo: Deves honrar a teus pais;
rY NOTA:
ÑY Imperativo Categórico: Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao
mesmo tempo que se torne lei universal.
ÑY Imperativo Universal: age como se a máxima de tua aç o devesse tornar-se, por tua
vontade, lei universal da natureza.
ÑY Imperativo Prático: age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa
como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas
como um meio.
ÈY Kant E. Fundamentos da metafísica dos costumes. Rio de Janeiro: Ediouro, sd:70-
1,79.
ÈY Kant criou o termo , no seu livro Fundamentação da Metafísica dos
Costumes, escrito em 1785. Esta palavra pode ser entendida, segundo alguns
autores como uma analogia ao termo bíblico .
Y a representação de um princípio objetivo enquanto constrange a vontade,
denomina-se uma ordem da razão; e a fórmula do mando denomina-se
Imperativo(II)
b) Imperativos Hipotéticos;
rY O Imperativo Hipotético, relativo às normas jurídicas, técnicas, políticas, impõe-se de acordo
com as condições especificadas na própria norma, como meio para alcançar alguma outra coisa
que se pretende. Exemplo: 3e um pai deseja emancipar o filho deve assinar uma escritura
pública.
1.3.5 O Prof. Reis Friede esquematiza a estrutura das normas jurídicas da seguinte forma:
a) Estrutura externa (Lei ± produç o legal / costume jurídico (produç o difusa na sociedade).
b) Estrutura interna (Preceito primário ± comando / preceito secundário ± sanç o)
LCRL 3
c
b) Generalidade
rY A Norma Jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situaç o
jurídica.
rY Da generalidade da Norma Jurídica deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual
todos s o iguais perante a lei.
rY A generalidade implica dizer que a Norma Jurídica é abstrata; ela prevê e regula,
hipoteticamente, uma série infinita de casos enquadráveis num tipo abstrato.
Exemplo:
rY Matar, pena x; furtar, pena y. 3 o hipóteses previstas de um modo geral, para uma generalidade
de indivíduos.
Conseqüência da generalidade: A flexibilidade da norma jurídica.
rY Devido a generalidade e a flexibilidade da Norma Jurídica do Direito Moderno, a ordem jurídica
se transforma sem necessidade da interferência constante do legislador só por via de
interpretaç o;
rY Em virtude da generalidade, a norma é aplicável a todas as pessoas que estiverem em igual
situaç o jurídica e a todos os negócios jurídicos da mesma espécie.
c) Abstratividade
rY A Norma Jurídica é abstrata visando atingir o maior número possível de situações, regulando os
casos dentro do seu denominador comum, ou seja, como ocorrem via de regra.
rY O seu oposto seria a casuística, para alcançar os fatos como ocorrem singularmente com todas as
suas variações e matizes, além de se produzirem leis e códigos muito mais extensos, o legislador
n o lograria o seu objetivo, pois a vida social é mais rica do que a imaginaç o do homem e cria
acontecimentos novos e de forma imprevisíveis.
rY Na abstraç o, s o abstraídas as circunstâncias, os detalhes, as particularidades de ações e atos,
isto é: como eles ocorrem na vida real, para regular-lhes naquilo que lhes for essencial.
Observação:
rY Nas sociedades pouco evoluídas impera uma regulamentaç o meramente casuística, que prevê e
agrupa vários casos, sem fixar genericamente cada tipo abstrato;
rY Nas sociedades evoluídas a Norma Jurídica é abstrata, valendo, indistintamente, para todas as
relações da mesma espécie.
d) Imperatividade
rY ara garantir efetivamente a ordem social o Direito se manifesta através de normas que possuem
caráter imperativo. N o fosse assim, o Direito n o lograria estabelecer segurança, justiça.
rY O caráter imperativo da Norma Jurídica significa imposiç o de vontade e n o mero
aconselhamento.
rY Nas normas explicativas (ou complementares), a imperatividade só é bem percebida quando
associadas as Normas proibitivas;
LCRL 4
c
Exemplo:Y
Normas penais complementares ou explicativas.
3 o as que esclarecem o significado de outras normas ou limitam o âmbito de sua aplicaç o.
O art. 327, p. ex., que define funcionário público para fins penais como sendo aquele que
embora transitoriamente ou sem remuneraç o exerce cargo, emprego ou funç o pública).
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em raz o do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio:
rY A imperatividade da Norma Jurídica n o impede que ela seja transgredida, daí a coercibilidade
da Norma Jurídica.
e) Coercibilidade
rY Coercibilidade significa a possibilidade de uso da coaç o.
rY A coercibilidade possui dois elementos:
ÑY O componente psicológico ± que exerce a intimidaç o, através das penalidades prevista para
a hipótese de violaç o das Normas Jurídicas;
ÑY O componente material ± é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da
regra n o a cumpre espontaneamente.
rY As Normas Jurídicas tem necessariamente a chancela do Estado. Ela é impositiva é imposta a
sociedade (daí a express o direito positivo).
rY 3e assim n o fosse n o teria sentido e nem eficácia a Bilateralidade do Direito, que, como vimos
consiste na atribuiç o de um direito a uma parte, isto é na atribuiç o a uma pessoa da faculdade
de exigir de outra uma obrigaç o.
rY A coercibilidade é necessária, tendo em vista o Direito dirigir-se a pessoas dotadas de liberdade
que agem comandadas pela vontade. Consequentemente pode ser inobservado, tornado-se
necessário haver a possibilidade de sua execuç o forçada.
rY No Estado de Direito isto é no Estado submetido ao Direito, pode-se através de medidas
processuais como, por exemplo, pelo Mandado de 3egurança ou pelo Habeas Corpus, empregar
a coaç o jurídica contra o próprio poder público em havendo abuso de poder.
rY Tendo em vista a coercibilidade pode-se definir a Norma Jurídica como a norma suscetível de
aplicaç o coativa quando violada.
a) Vigência da norma
1) A vigência no tempo
rY Início de sua vigência.
ÑY Obrigatoriamente só surge com a publicaç o no DO, mas sua vigência n o se inicia no
dia da publicaç o, salvo se ela assim o determinar.
ÑY O intervalo entre a data de sua publicaç o e sua entrada em vigor chama-se vacatio
legis.
rY O prazo para entrada em vigor.
ÑY A lei pode entrar em vigor de forma progressiva, em diferentes lapsos de tempo nos
vários Estados do país.
ÑY elo prazo único, a norma entra em vigor a um só tempo em todo o país.
rY Exemplo de entrada em vigor de uma lei (CCB de 2002).
ÑY Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicaç o.
LCRL 5
c
LCRL 6
c
a) Função Distributiva
rY ela qual a norma jurídica atribui no Direito privado, direitos jurídicos (marido, pai, tutor,
curador, filho legítimo, proprietário etc.), e no Direito público, poderes competências,
obrigações e funções.
b) Função de defesa social
rY Norma penal.
c) Função repressiva
rY Norma penal.
d) Função coordenadora
rY Norma de Direito privado, de Direito Internacional e de Direito rocessual.
f) Função organizadora
rY Norma de Direito constitucional, de Direito administrativo e de Direitos das sociedades civis e
comerciais.
h) Função reparadora
rY Normas de responsabilidade civil etc.
LCRL 7
c
a) Normas de Organização: s o aquelas que, a fim de assegurar uma convivência juridicamente organizada,
visam à estrutura e funcionamento dos órg os do Estado, ou fixam e distribuem competências e atribuições,
ou disciplinam a identificaç o, modificaç o e aplicaç o de outras normas (MIGEL REALE).
Exemplos: ³A República Federativa do Brasil, formada pela uni o indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito´ (CF/88, art. 1º). ³Compete à ni o: declarar
a guerra e celebrar a paz´ (CF/88, art. 21, II). ³Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos, menores: I -
dirigir-lhes a criaç o e educaç o´ (art. 1634 do novo CCB).
Outro exemplo de norma de organizaç o é a Lei nº 3.912, de 03.07.61, que dispunha em seu art. 1º: ³As
inovações introduzidas, no artigo segundo da Lei nº 3.884, de 15 de dezembro de 1960, n o se aplicam às
locações ajustadas por contrato escrito em vigor na data da sua publicaç o com prazo determinado (que n o
contenha a cláusula de pagamento, pelo locatário, dos encargos ali referidos´. * norma de organizaç o
porque, com seu caráter interpretativo, disciplina a aplicaç o de outra norma.
b) Normas de Conduta: s o aquelas cujo objetivo imediato é disciplinar o comportamento dos indivíduos ou
grupos sociais: constituem a maioria das normas jurídicas.
Exemplos: ³Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para
descanso´ (CLT, art. 66). ³Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: ena - detenç o de três
meses a um ano´ (C, art. 129).
LCRL 8
c
b) Normas de Direito Interno: as que vigoram no território nacional, compõem o direito positivo de um
determinado país.
a) Nacionais (ou de direito comum): s o aquelas que se destinam à totalidade do Estado Federal, a todos
se aplicando, independentemente de sua localizaç o espacial no território brasileiro; vigoram, portanto, em
todo o território nacional, aplicando-se a todos os brasileiros.
Exemplo: O Código Civil, enal, de rocesso Civil, a CLT.
b) Federais: s o as emanadas da ni o e apenas aplicáveis à própria ni o e seus agentes, órg os e
instituições, n o podendo obrigar os Estados-Membros e os Municípios; aplicam-se, pois, em todo o
território brasileiro, mas somente àqueles que a ela se acham submetidos. or elas a ni o se autogoverna e
se auto administra.
Exemplo: O Estatuto dos Funcionários úblicos Civis da ni o.
a) Normas Cogentes ou de Ordem Pública: s o aquelas que ordenam ou proíbem alguma coisa de
modo absoluto, sem admitir qualquer alternativa, pois vinculam o seu destinatário a um único esquema
de conduta. Elas limitam a autonomia da vontade individual, n o levando em conta as intenções ou
desejos dos destinatários, porque defendem interesses que s o fundamentais à vida social, os chamados
interesses de ³ordem pública´.
Exemplo: O art. 1521, VI, do novo CCB, que proíbe o casamento de pessoas já casadas; é norma cogente,
pois mesmo estando os nubentes de acordo, o casamento será nulo se um deles estiver ligado a
matrimônio anterior. ³Ao cego só se permite o testamento público´ (Art. 1867 do novo CCB). ³Todo
empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da remuneraç o´
(CLT, art. 129).
LCRL 9
c
cabe ao devedor, se outra coisa n o se estipulou; se as partes, portanto, estipulam o contrário, ou seja, que
a escolha cabe ao credor, prevalece à vontade das partes contratantes.
Note-se que a obrigatoriedade absoluta de uma norma resulta, em primeiro, do seu próprio contexto,
sobretudo quando se cominam penas aos transgressores, como a de nulidade do ato que a contraria (art.
166 do novo CCB). Outras vezes, esse reconhecimento é fruto da doutrina ou da jurisprudência, como se
deu, p. ex., com o disposto no art. 413 do novo CCB que possibilita a reduç o proporcional, pelo juiz, da
multa estipulada, quando se cumprir em parte à obrigaç o. Durante certo tempo se entendeu que a norma
era ³dispositiva´, ou seja, só vigorava quando as partes n o estipulavam no contrato que a multa seria
devida sempre integralmente, no caso de mora ou inadimplemento; o juiz, nesse caso, n o poderia reduzir
a multa, porque as partes tinham assim contratado. Hoje, a norma do art. 413 do novo CCB é considerada
³cogente´ e, por isso, ainda que haja cláusula estabelecendo que a multa é sempre devida por inteiro, o
juiz poderá reduzir a pena, proporcionalmente ao restante da obrigaç o, à vista do exame das
circunstâncias de cada caso.
c) Normas ³preceptivas ou imperativas´: as que determinam que se faça alguma coisa, ou que
estabelecem um Y
Yas que negam a alguém a prática de certos atos;
Yas
que facultam fazer ou omitir algo. A bem ver, as normas cogentes podem ser tanto preceptivas como
proibitivas; e as permissivas constituem uma espécie das dispositivas.
a) Normas ³mais que perfeitas´ (³leges plus quam perfectae´): s o as cuja violaç o determina duas
conseqüências, ou seja, a nulidade do ato e a aplicaç o de uma pena, ou restriç o, ao infrator. Cercam-se
de dupla proteç o. Exemplo: ³N o podem casar as pessoas casadas´ (art. 1521, VI, do novo CCB); é uma
norma mais que perfeita porque a sua violaç o acarreta: a nulidade do casamento, segundo o art. 1548 do
novo CCB (³é nulo e de nenhum efeito o casamento contraído com infraç o de qualquer dos números I a
VII do art. 1521 do novo CCB´); e acarreta também uma pena ao infrator, por crime de bigamia (art. 235,
C: ³contrair alguém, sendo casado, novo casamento: ena - Reclus o de 2 a 6 anos´).
b) Normas ³perfeitas´ (³leges perfectae´): s o as que fulminam de nulidade o ato, mas n o implicam
qualquer sanç o de ordem pessoal. O Direito contenta-se com o restabelecimento da ordem jurídica,
considerando que a volta ao estado anterior já é por si, até certo ponto, uma pena.
Exemplo: ³* nulo o Negócio jurídico quando praticado por pessoa absolutamente incapaz´ (CC, art. 166,
I do novo CCB). Assim, se um menor de 16 anos contrata, assumindo encargos que afetam o seu
patrimônio, aplica-se à regra jurídica que torna nulo o seu ato, mas sem estabelecer penalidade ou sanç o
relativamente à pessoa do infrator.
c) Normas ³menos que perfeitas´ (³leges minus quam perfectae´): s o aquelas que se limitam a
aplicar uma pena ou uma conseqüência restritiva, mas n o privam o ato de sua eficácia.
Exemplo: ³N o podem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto n o fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros´ (art. 1523, I do novo CCB). A violaç o dessa
norma n o implica a nulidade do ato (o casamento), mas t o-somente a aplicaç o de uma conseqüência,
que é estabelecida nos artigos 225 e 226 do antigo Código Civil (perda do direito ao usufruto dos bens
dos filhos do cônjuge e casar obrigatoriamente no regime de separaç o de bens).
d) Normas ³imperfeitas´ (³leges imperfectae´): a sua violaç o n o acarreta nem a nulidade do ato, nem
outra penalidade.
1) Tais normas, às vezes, se justificam por razões de
YY
Y Yor exemplo, o art. 1521 do
novo CCB, que dispõe: ³N o se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez´.
Dessa forma, embora o contraente tenha se casado fora do limite de idade estipulado por lei (mulher: 16
anos; homem: 18 anos), n o será invalidado o ato, nem punido o agente, desde que tenha resultado
gravidez dessa uni o; a justificativa é dar-se garantia, principalmente, ao nascituro.
LCRL 10
c
2) 3 o consideradas também ³imperfeitas´ as normas que apenas estabelecem uma
Y
Y ou seja, as que enunciam princípios gerais, diretrizes; elas só se tornam obrigatórias
quando uma disposiç o concreta de lei as aplica.
Exemplo: ³A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à reduç o do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoç o, proteç o e recuperaç o´ (CF, art. 196). ³O Estado
garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional e apoiará e
incentivará a valorizaç o e a difus o das manifestações culturais´ (CF, art. 215).
3) Mas as normas ³imperfeitas´ dizem respeito especialmente às chamadas ³obrigações naturais´, que se
distinguem das ³obrigações civis´. Estas têm todo o amparo por parte da lei; aquelas s o baseadas em
dever moral ou de consciência, e reconhecidas pelo Direito só duma maneira indireta: n o merecem sua
proteç o por via de aç o, n o s o judicialmente exigíveis; mas s o reconhecidas através da
impossibilidade atribuída ao devedor de reaver o pagamento feito em virtude das mesmas. Assim ' as
normas que regem essas obrigações ³naturais´, s o considera das jurídicas imperfeitas, porque embora
n o imperem de maneira direta (obrigando a pagar tais obrigações naturais), implicam conseqüências
indiretas de direito (uma vez pagas, esse pagamento passa a ser justo título da obrigaç o n o se
permitindo reavê-lo).
Exemplos: m tipo de obrigaç o natural é o decorrente das dívidas de jogo: o indivíduo que perde no
jogo n o é obrigado, juridicamente, a pagar a dívida, ou seja, o credor dessa dívida n o tem ³aç o´ para
cobrá-la; a obrigatoriedade do pagamento é de ordem ético-moral. Mas se o devedor paga, n o tem como
recobrar a quantia, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito, nos termos do art.
814 do novo CCB. Outro exemplo é o artigo 882 do mesmo novo Código: ³N o se pode repetir o que se
pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigaç o natural´.
a) Normas ³genéricas´ (ou de direito geral): s o aquelas que abrangem a totalidade dos indivíduos que
se integram no país (s o as que, pelo critério de extens o espacial, denominamos de ³nacionais´),
Exemplo: O Código enal, de rocesso Civil etc.
b) Normas ³particulares´ (ou de direito especial): s o aquelas que vinculam determinadas pessoas,
como as que compõem um ³negócio jurídico´; ou as de uma lei que expressamente contenha disposições
aplicáveis somente a um campo restrito de relações jurídicas, tendo em vista a atividade, ou a situaç o do
sujeito, ou a classificaç o do objeto por ela reguladas.
Exemplo: Cláusulas de um contrato de compra e venda; Convenç o Coletiva de Trabalho; Lei Orgânica
da Magistratura etc.
LCRL 11
c
Exemplo: O Ato Institucional nº 5, de 13.12.68; à sombra do seu artigo 10, procurava combater o
terrorismo de esquerda de inspiraç o soviética ou chinesa: ³Fica suspensa a garantia de ³habeas corpus´,
nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia
popular´.
b) Norma ³dependente de complementação´: aquela que exige, para sua vigência, a criaç o de novas
normas legais que a complementam; o complemento normativo deve decorrer inequivocamente do
sentido de suas disposições.
Exemplo: várias normas constitucionais dispõem a complementaç o de uma série de assuntos por leis
ordinárias e complementares, como o artigo 7° da Constituiç o Federal que, entre os direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, enumera o ³aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei´ (inciso XXI).
!
"#$ % &' " %
() *# * & + + ,- .
."#$/ .&*0"(12$/
3
4/
c) Norma ³dependente de regulamentação´: é aquela que exige, para sua vigência, a sua
regulamentaç o pelo oder Executivo, definindo e detalhando sua aplicaç o. A ausência de
regulamentaç o obsta a execuç o da lei, na parte em que esta depender do ato regulamentador. Note-se
que para submeter à vigência de uma norma à regulamentaç o, é necessário que essa circunstância seja
expressamente mencionada, ou resulte, inequivocamente, do sentido da disposiç o. A regra geral é,
portanto, toda norma ser auto-aplicável; a dependência de regulamentaç o é a exceç o.
Exemplo: A Lei nº 8.036, de 11.05.90, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de 3erviço, uma
vez que em seu artigo 31 há referência expressa à necessidade de sua regulamentaç o pelo oder
Executivo.
LCRL 12
c
a) Norma ³substantiva ou material´: aquela que define e regula as relações jurídicas ou cria direitos e
deveres das pessoas, em suas relações de vida.
Exemplo: as relativas ao Direito Civil, enal, Comercial.
b)Norma ³adjetiva ou formal´: define os procedimentos a serem cumpridos para se efetivar as relações
jurídicas ou fazer valer os direitos ameaçados ou violados; é de natureza apenas instrumental.
Exemplo: as que se referem ao Código de rocesso Civil, de rocesso enal.
a) Normas ³codificadas´: aquelas que constituem um corpo orgânico sobre certo ramo do Direito, como
o CCB.
b) Normas ³consolidadas´: quando formam uma reuni o sistematizada de todas as leis existentes e
relativas a uma matéria; a consolidaç o distingue-se da ³codificaç o´ porque sua principal funç o é a de
reunir as leis existentes e n o a de criar leis novas, como num código.
Exemplo: A Consolidaç o das Leis de Trabalho.
Bibliografia utilizada:
$Y REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 22ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 1995.
$Y ROQE, 3ebasti o. Introduç o ao Estudo do Direito.cone Editora.3 o aulo. 1996;
$Y G3MÃO, aulo Dourado. Introduç o ao Estudo do Direito. 28ª. ed. 3 o aulo: Forense, 2000.
$Y NADER, aulo. Introduç o ao Estudo do Direito. 10ª ed. 3 o aulo : Forense, 1994.
$Y HERKENHOFF, Jo o Baptista. Introduç o ao Direito. Thex Editora: 2006.
$Y MONTORO, André Franco. Introduç o ao Estudo do Direito. 23ª. ed. 3 o aulo: Ed Revista dos Tribunais, 1995.
$Y OLIVEIRA, J.M. Leoni Lopes de. Introduç o ao Direito. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Ed Lumen Juris, 2006.
$Y DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introduç o µa Ciência do Direito. 15ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 2003.
$Y BENTO, Antonio Bento. Introduç o ao Direito. 8ª. ed. 3 o aulo: Letras e Letras, 2002.
LCRL 13
c
MOMENTOS DE REFLEXÃO
A Lição do Jardineiro
m dia, o executivo de uma grande empresa contratou, pelo telefone, um jardineiro
autônomo para fazer a manutenç o do seu jardim.
Chegando em casa, o executivo viu que estava contratando um garoto de apenas 15
ou 16 anos de idade. Contudo, como já estava contratado, ele pediu para que o garoto
executasse o serviço.
Quando terminou, o garoto solicitou ao dono da casa permiss o para utilizar o
telefone e o executivo n o pôde deixar de ouvir a conversa.
O garoto ligou para uma mulher e perguntou: ³A senhora está precisando de um
jardineiro?´
³N o. Eu já tenho um´, foi a resposta.
³Mas, além de aparar a grama, frisou o garoto, eu também tiro o lixo.´
³Nada demais, retrucou a senhora, do outro lado da linha. O meu jardineiro também
faz isso.´
O garoto insistiu: ³eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço.´
³O meu jardineiro também, tornou a falar a senhora.´
³Eu faço a programaç o de atendimento, o mais rápido possível.´
³Bom, o meu jardineiro também me atende prontamente. Nunca me deixa esperando.
Nunca se atrasa.´
Numa última tentativa, o menino arriscou: ³o meu preço é um dos melhores.´
³N o´, disse firme a voz ao telefone. ³Muito obrigada! O preço do meu jardineiro
também é muito bom.´
Desligado o telefone, o executivo disse ao jardineiro: ³Meu rapaz, você perdeu um
cliente.´
³Claro que n o´, respondeu rápido. ³Eu sou o jardineiro dela. Fiz isto apenas para
medir o quanto ela estava satisfeita comigo.´
.............
Em se falando do jardim das afeições, quantos de nós teríamos a coragem de fazer a
pesquisa deste jardineiro?
E, se fizéssemos, qual seria o resultado? 3erá que alcançaríamos o grau de satisfaç o
da cliente do pequeno jardineiro?
3erá que temos, sempre em tempo oportuno e preciso, aparado as arestas dos
azedumes e dos pequenos mal-entendidos?
Estamos permitindo que se acumule o lixo das mágoas e da indiferença nos canteiros
onde deveriam se concentrar as flores da afeiç o mais pura?
Temos lubrificado, diariamente, as ferramentas da gentileza, da simpatia entre os
nossos amores, atendendo as suas necessidades e carências, com presteza?
E, por fim, qual tem sido o nosso preço? Temos usado chantagem ou, como o
jardineiro sábio, cuidamos das mudinhas das afeições com carinho e as deixamos florescer,
sem sufocá-las?
O amor floresce nos pequenos detalhes. Como gotas de chuva que umedecem o solo
ou como o sol abundante que se faz generoso, distribuindo seu calor.
A gentileza, a simpatia, o respeito s o detalhes de suma importância para que a
florescência do amor seja plena e frutifique em felicidade.
LCRL 14
c
ANEXO I
CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA
I - APRESENTAÇÃO
Busca o presente estudo, como o título está a indicar, estabelecer, a priori, um paralelismo entre as mais diversas
opiniões doutrinárias sobre as características da norma jurídica.
Caracterizar a norma jurídica é chegar em sua essência, em seu ser. O estudo inter disciplinar desenvolvido no
Curso de Mestrado aguçou-nos a curiosidade em verificar a composiç o da express o formal do Direito. 3im, porque, a
bem da verdade, a norma n o é Direito, contudo possa conter Direito. Antecedendo à sua express o formal, que é a
norma, vem o Direito.
O Direito é um produto cultural, possui sentido, significaç o, e se exterioriza em palavras, signos ou símbolos, os
quais precisam de ser interpretados, a fim de que se lhes determine o alcance e o sentido.
A norma jurídica, por sua vez, é norma de Direito, do qual constitui, no dizer de Miguel Reale, elemento nuclear.
Deste modo, diante das muitas possibilidades de conduta oferecidas ao homem, a norma define, seleciona, as desejáveis,
apontando a relevância para a manutenç o e progresso da vida em sociedade. Destarte, ao assim agir, a norma incorpora,
com os fatos que prevê, os valores que a estes s o atribuídos, adquirindo a dimens o específica trivalente do direito e
tornando-se o seu elemento nuclear.
Neste trabalho, de maneira simplista, iniciamos mostrando o Direito e a adaptaç o social. A adaptaç o da conduta
no sentido querido pela comunidade, muitas vezes, é imposta obrigatoriamente, até sob sanç o.
Colocamos em tela, também, o fenômeno jurídico, concluindo que o fato que n o esteja regulado pela norma
jurídica e, por conseqüência, n o lhe tenha sido atribuída natureza jurídica, n o pode ser tido como gerador de direitos e
deveres, ou de qualquer outro efeito jurídico, por mínimo que seja.
A seguir, conceituamos a norma jurídica, tomando as propostas de Imannuel Kant, Hans Kelsen, aulo Nader,
Maria Helena Diniz, aulo Dourado de Gusm o e Arnaldo de Vasconcelos. Concluímos que a norma jurídica é uma
relaç o de justiça.
Estudamos, depois, os elementos essenciais da norma jurídica e a existente divergência doutrinária. ara uns, a
norma jurídica apresenta como caracteres a bilateralidade, a generalidade, a abstratividade, a imperatividade e a
coercibilidade. ara outros, as propriedades da norma jurídica s o: a bilateralidade, a disjunç o e a sanç o. Ficamos com
esta corrente.
Dentro desse panorama, concluímos, sempre afirmando, porém, que o presente trabalho n o se presta a esgotar o
assunto. N o, longe disso! O nosso objetivo foi o de estudar, ou melhor, começar a estudar a norma jurídica, sem a
profundidade merecida, entretanto, indo à sua essência, discorrendo sobre suas propriedades, seus caracteres, sobre as
características da norma jurídica. Foi o que nos fizemos.
II - INTRODUÇÃO
1. O Direito e a adaptação social.
A vida humana em sociedade, a vida do homem diante de outro homem ou dos outros homens, em face dos entre
choques de interesses que, inevitavelmente, ocorrem, precisa de ser ordenada pela comunidade, a fim de que essa
convivência seja a mais harmônica possível. O ser humano, naturalmente inadaptado ao ambiente em que vive, tanto
social quanto culturalmente, sente a necessidade de adquirir aptidões para sobreviver dentro da sociedade. Essa aquisiç o
de aptidões traz como conseqüência a sua adaptaç o ao meio social, o que se revela através dos comportamentos que o
indivíduo integra em si ao longo de sua existência, alguns adquiridos espontaneamente, instintivamente, outros moldados
conscientemente, muitas vezes até contra a sua própria vontade, pelos ensinamentos que a comunidade lhe concede ou
lhe impõe. A sociedade, nesse mister, utiliza-se de processos de adaptaç o social por intermédio dos quais procura
modelar o comportamento humano, ajustando-o aos seus objetivos.
Desde o Direito, a etiqueta, os diversos processos de adaptaç o social, tais como a religi o, a educaç o, a moral, a
economia, a política, a ciência, as artes, a moda, conduzem o comportamento humano visando as relações sociais,
consideradas estas as relações inter-humanas em suas mais distintas e múltiplas expressões, se desenvolvem de acordo
com os valores que inspiram a comunidade a que se referem. 3e considerarmos que a assembléia é que fez o homem e
n o o homem a assembléia quer dizer, o diálogo nasceu do encontro, e n o o encontro da necessidade de diálogo, é
preciso pensar que a vida comunitária n o constitui carência essencial do ser humano, donde poder, ele, viver
independentemente dela, ou apesar dela, e até contra ela.
or isso, a adaptaç o da conduta no sentido querido pela comunidade, muitas vezes, é imposta obrigatoriamente,
até sob, até sob sanç o. Há evidentemente, nesse sentido um cunho axiológico, porque, de um modo ou de outro, revela
os valores que s o os da comunidade em determinado momento histórico.
LCRL 15
c
No caso do Direito, essa valoraç o dos fatos da vida se revela e se consubstancia em normas que procuram dar
ordenamento à conduta, em sua interferência intersubjetiva, inclusive atribuindo efeitos, no campo do relacionamento
inter-humano, a simples eventos da natureza, enquanto se refiram aos seres humanos.
Assim, a vida é uma sucess o de fatos. Desde o nascimento até a morte, com todos os atos que integram a vida,
desde a estrela cadente que risca o céu ao vai e vem da onda do mar, tudo o que nos cerca, física ou psiquicamente, s o
fatos. O mundo mesmo, em que vemos acontecerem os fatos é a soma de todos os fatos que ocorreram e o campo em que
os futuros se v o dar.
* evidente, entretanto, que nem todos os fatos, mesmo conduta, têm para a vida humana o mesmo valor, a mesma
importância. Há fatos, inclusive puros eventos da natureza, que possuem para os homens, em suas relações
intersubjetivas, significado fundamental, enquanto outros, ou por lhes fugirem ao controle, ou por n o lhes acarretarem
vantagens, ou, ainda, por n o lhes provocarem o interesse, s o tidos como irrelevantes. Quando, no entanto, o fato
interfere, direta ou indiretamente, no relacionamento inter-humano, afetando, de algum modo, o equilíbrio de posições do
homem diante dos outros homens, a comunidade jurídica, sobre ele, edita norma que passa a regulá-lo, imputando-lhe
efeitos que repercutem no plano da convivência social. arece claro, daí, que a norma jurídica atua sobre fatos que
compõe o mundo atribuindo-lhes consequências específicas (efeitos jurídicos) em relaç o aos homens, que constituem
um plus quanto à natureza do fato em si. A norma jurídica, deste modo, adjetiva os fatos do mundo, conferindo-lhes uma
característica que os torna espécie distinta dentre os demais fatos.
Deste modo, há de se concluir, seguindo a doutrina do rof. Arnaldo Vasconcelos, o Direito disciplina condutas,
sendo, pois, no ensinamento de Carlos Cossio conduta em interferência intersubjetiva. O Direito, destarte, é comando
normativo, cujas partes se juntam na formaç o de um todo harmônico, inter-relacionando-se em suas funções.
Assim, a norma jurídica é uma norma de conduta, no sentido de que seu objetivo direto ou indireto é guiar o
comportamento dos pessoas, das comunidades, dos governantes e funcionários no âmbito do Estado e do mesmo Estado
na ordem internacional. Ela é prescrebente, pois prescreve como se deve conduzir a conduta de cada um.
or fim, na Teoria Geral do Direito, o estudo da norma jurídica é relevante, visto que se refere à substância
própria do direito objetivo. E nessa substância, nos propomos a estudar os caracteres ou características.
2. O fenômeno jurídico.
artindo da constataç o de que há fatos, relevantes, a que a norma jurídica imputa efeitos no plano do
relacionamento inter humano e fatos que, considerados irrelevantes, permanecem sem normatizaç o, podemos distinguir
dentro do conjunto que é o mundo - o mundo fático - um subconjunto - o mundo jurídico - formado, apenas, pelos fatos
jurídicos. 3e ponderarmos que os efeitos jurídicos s o imputações feitas pelos homens a certos fatos da vida através das
normas jurídicas, teremos de admitir que a distinç o, no mundo, entre o que é jurídico e o que n o entra no mundo
jurídico, se reveste de fundamental importância ao trato científico do Direito. ontes de Miranda, assim nos ensina: ¨or
falta de atenç o aos dois mundos muitos erros se cometem e, o que é mais grave, se priva a inteligência humana de
entender, intuir e dominar o Direito.¨
Na verdade, o fato que n o esteja regulado pela norma jurídica e, por consequência, n o lhe tenha sido atribuída
natureza jurídica, n o pode ser tido como gerador de direitos e de deveres, ou de qualquer outro efeito jurídico, por
mínimo que seja. As meras relações de cortesia, por exemplo, n o criam situações jurídicas, como a de A poder exigir
que seu vizinho B o cumprimente toda manh , sob pena de ser constrangido a fazê-lo ou punido se n o o fizer. Esse
mesmo fato do cumprimento, entendo, em outras situações, pode acarretar resultados jurídicos, como por exemplo, é o
que acontece entre os militares, em que pode ser punido o subordinado que n o prestar continência ao seu superior,
porque há norma jurídica que assim estabelece.
arece, assim, evidente a diferença substancial entre o fático, enquanto apenas fático e o jurídico, porque somente
esse pode ter algum efeito jurídico relativamente aos seres humanos. O mundo jurídico, está claro, se vale dos fatos da
vida e, mais que isto, é constituído por eles próprios; resulta da atuaç o ou incidência da norma jurídica sobre os fatos
juridicizando-os.
Dessarte, o fenômeno jurídico se desenvolve num plano lógico, na ordem do dever-ser, e n o no campo da
causalidade natural; o ser fato jurídico e o produzir efeitos jurídicos s o situações que se passam no mundo de nossos
pensamentos, e n o impõem transformações na ordem do ser.
LCRL 16
c
Kelsen retomou essa distinç o, considerando a norma jurídica um juízo hipotético por dependerem as suas
consequências da ocorrência de uma condiç o: se ocorrer tal fato deve ser aplicada uma sanç o. Daí Kelsen ter dito que a
estrutura da norma jurídica é a seguinte: em determinadas circunstâncias, determinado sujeito deve observar determinada
conduta; se n o a observar, outro sujeito, órg o do Estado, deve aplicar ao infrator uma sanç o.
aulo Nader diz que ao dispor sobre fatos e consagrar valores, as normas jurídicas s o o ponto culminante do
processo de elaboraç o do Direito e o ponto de partida operacional da dogmática jurídica, cuja funç o é a de sistematizar
e descrever a ordem jurídica vigente. Afirma o ilustrado doutrinador que conhecer o direito é conhecer as normas
jurídicas em seu encadeamento lógico e sistemático. Aduz, ainda, que as normas jurídicas est o para o Direito de um
povo, assim como as células para um organismo vivo, raciocina.
ara atingir o conceito de norma jurídica, segundo ensina Maria Helena Diniz, é necessário chegar a essência,
graças a uma intuiç o intelectual pura, ou seja, purificada de elementos empíricos. Em seu trabalho a autora afirma que
uma vez apreendida, com evidência intuitiva, a essência da norma jurídica, é possível formular o conceito universal.
Continua a professora dizendo que como só a inteligência tem a aptid o de perceber em cada essência as notas concretas
de que essa essência se pode compor, emprega-se a intuiç o racional, que consiste em olhar para uma representaç o
qualquer, prescindindo de suas particularidades, de seu caráter psicológico, sociológico, etc., para atingir aquilo que tem
de essencial ou de geral, aduz. Conclui a renomada professora paulista que o conceito de norma jurídica é um objeto ideal
que contém notas universais e necessárias, isto é, encontradas, forçosamente, em qualquer norma de direito.
Norma jurídica, leciona didaticamente aulo Dourado de Gusm o, é a proposiç o normativa inserida em uma
ordem jurídica, garantida pelo poder público ou pelas organizações internacionais. Coloca o citado mestre que tal
proposiç o pode disciplinar condutas ou atos, como pode n o as ter por objeto, coercitivas e providas de sanç o. Visam,
consoante o autor, a garantir a ordem e a paz social e internacional.
Analisando as afirmações supra, concordando com umas e com outras n o, chegamos a conclus o que o conteúdo
da norma jurídica é uma relaç o de justiça. 3im, uma simples relaç o de justiça, pois, indubitavelmente, se a norma n o
circunda tal relaç o n o é jurídica. Ao estudar o conceito da norma jurídica, o prof. Arnaldo Vasconcelos infere ser a
vocaç o especial da norma jurídica a realizaç o do direito, afirmando que se há direito a partir de uma norma que o
preveja. O campo de incidência das normas jurídicas, continua o mestre, constitui o mundo do Direito, havendo,
entretanto, sempre normas para todas as hipóteses possíveis. Conclui o autor: se n o se encontram explícitas no
ordenamento, com certeza nele est o implícitas. Concordamos.
LCRL 17
c
LCRL 18
c
primeiro exerce a intimidaç o, através das penalidades previstas para a hipótese de violaç o das normas jurídicas e o
elemento material é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra n o a cumpre espontaneamente.
Defende o citado professor, desta forma, a coatividade como caracter da norma, posiç o esta com muitos adeptos dentro
da nossa doutrina. Analisando a quest o por outro ângulo, vale a pena indagar: é o direito um instrumento de press o? E
ainda: pode-se ameaçar com a própria lei? Ora, em seu longo evoluir o direito pode ter sido, há muito tempo atrás,
instrumento de press o. Entretanto, de há muito, também, sabe-se que, em estado de igualdade e liberdade, com a lei
escrita e o direito como instrumento de julgamento, n o há, pois, como usá-lo para o constrangimento e para o medo.
aul Amselek, ao estudar o assunto, enfatiza: Le droit nést pas un instrument de pression; il est un instrument de
jugement auquel on donne une certaine signification, une certaine vacation.
Escrevendo sobre as características da norma jurídica, Arnaldo Vasconcelos arremata: 3e a observância voluntária
da norma afasta a coaç o, tornando-a prescindível e, por isso, insuficiente para discrimina-la, n o dispensaria, contudo, o
momento hipotético da coatividade. ermaneceria esta, fosse ou n o fosse a norma acatada.* verdade. Assim, a
coatividade, entendemos, também n o serve como elemento caracterizador da norma jurídica.
Ao se compulsar o presente trabalho, sem o menor esforço, nota-se que foram afastadas como características e
colocadas como pesudocaracterísticas da norma jurídica a generalidade, a abstratividade, a imperatividade e a
coatividade. Deste modo, pode surgir a primeira grande indagaç o: qual o conceito de característica? Bem, o termo
caráter, sabemos, significa sinal ou figura que é empregada na escrita e característica, substantivado do adjetivo, é aquilo
que distingue. Arnaldo Vasconcelos, citando Ferrater Mota, diz que: significa marca o nota que señala un ser y que eelo
l0 caracteriza frente a todos los outros. ortanto, é de se ver bem claro que para a identificaç o das características de uma
coisa é necessário conhecer a prior sua essência.
O renomado jus filósofo argentino Carlos Cossio concebeu a estrutura das regras jurídicas como um juízo
disjuntivo, que reúne também duas normas: endonorma e perinorma. Esta concepç o pode ser assim esquematizada: dado
A, deve ser , ou dado ñ, deve ser 3. A endonorma corresponde ao Juízo que impõe uma prestaç o (p) ao sujeito que se
encontra em determinada situaç o (a) e equipara-se norma primária de Kelsen. Cossio n o concordou com o reduzido
significado atribuído por Kelsen anteriormente à norma secundária, que prescrevia a conduta obrigatória, lícita. Dessarte,
enquanto que a norma primária e a secundária se justa põem, a endonorma e a perinorma est o unidas pela conjunç o ou.
Após essa rápida explicaç o, vamos encontrar apenas três características nesse juízo: a bilateralidade, a disjunç o
e a sanç o. * norma jurídica a que for bilateral, disjuntiva e sancionável. Vamos examiná-las:
a) bilateralidade.
Como já foi visto, o Direito é relaç o e esta relaç o é jurídica. Nasce, pois, esta relaç o do incidência da norma
sobre o fato. * da natureza, portanto, do próprio Direito esta referência a dois lados: bis lateralis.De sua essência, ent o,
extraímos a propriedade de ser bilateral. Arnaldo Vasconcelos discorre que a bilateralidade n o importa em mera
correlaç o entre o direito e a obrigaç o. Direitos e obrigações s o termos recíprocos, de mútua implicaç o. Deste modo,
vê-se que ao direito do credor, de receber o preço, corresponde a obrigaç o do devedor de entrega-lo. Entretanto, se o
credor negar-se a receber o preço, ao Direito do devedor, de ter quitaç o, passará a corresponder a obrigaç o do credor de
concedê-la. or isso fala-se na inexistência de sujeitos ativo e passivo e sim em simples sujeitos da relaç o jurídica em
atuaç o bilateral.
b) Disjunção.
ma das características que distingue a norma jurídica é a disjunç o através da qual seu enunciado se conforma.
ara Cóssio, a norma jurídica há de ser disjuntiva para referir à possibilidade das duas situações: prestaç o e sanç o.
Trata-se de norma única e n o de duas normas, pois tanto a prestaç o como a sanç o têm caráter essencial na relaç o
jurídica e na estrutura da norma que a pensa. Assim, com base na Disjuntividade é possível fazer representar tanto o
ilícito como o lícito, pois toda conduta jurídica tem que ser forçosamente lícita ou ilícita e só com a estrutura disjuntiva é
possível conceitualizarr ambas as possibilidades. ara melhor entendimento, vejamos: em um contrato de compra e
venda, uma parte, dando à coisa a outra, esta deve efetuar o pagamento (dado FT deve ser , em que FT corresponde à
entrega da coisa e ao pagamento). Temos aí a endonorma, mas como o homem é livre, podendo n o observar a
endonorma, poderá ocorrer, ent o, uma situaç o contrária a endonorma. Nesse caso, se, dada a coisa, o devedor n o
efetua o pagamento, deverá ser aplicada uma sanç o pelo Órg o social (dado n o deve ser 3, em que dado ñ
corresponde à conduta do devedor que n o efetua o pagamento e deve ser 3 à conduta do Órg o social que deve aplicar
a sanç o, pois, sendo também livre, pode n o aplicá-la, prevaricando.
c) Sanção.
O Direito exercitado no plano da aç o é subordinado, incontestavelmente, à eventualidade de ter de concretizar-se
mediante a interferência de uma força exterior, que é o poder social institucionalizado. A sanç o, assim, é a garantia
jurídica dessa concretizaç o, prevista na norma como um dever ser resultante da n o prestaç o. Entendemos, desse modo,
LCRL 19
c
que a sanç o é mera conseqüência, simples resultado de uma posiç o perante o direito. Cumprida a norma n o há
possibilidade de sanç o. or outro lado, havendo previs o legal, ou seja, prévia fixaç o, n o sendo cumprida a norma,
dever o ocorrer uma sanç o penal ou punitiva e uma sanç o premial ou recompensatória. Dessarte, sanç o integra o
conceito de Direito e tem lugar na estrutura da norma jurídica.
V - CONCLUSÃO
Ex positis, concluímos:
I- O Direito, na sua funç o de tornar a convivência inter-humana a mais harmônica possível, trata os fatos da vida
segundo critérios axiológicos, valorando-os e classificando-os em fatos relevantes e irrelevantes. Em decorrência da
relevância reconhecida ao fato, o Direito, através das suas normas, o erige a uma categoria especial, imputando-lhe
consequências em relaç o à conduta em sua interferência subjetiva;
II - Assim, a norma jurídica é uma norma de conduta, no sentido de que seu objetivo direito ou indireto é guiar o
comportamento das pessoas das comunidades, dos governantes e funcionários no âmbito do Estado e do mesmo Estado
na ordem internacional;
III - O conteúdo da norma jurídica é uma relaç o de justiça, sendo a vocaç o especial da norma jurídica a
realizaç o do Direito;
IV - Existe divergência doutrinária quanto a defesa dos elementos essenciais da norma jurídica. ara uns, as
propriedades da norma jurídica envolve a bilateralidade, a generalidade, abstratividade, imperatividade e a coercibilidade.
Entendemos, seguindo corrente diversa, que sendo Direito gênero, por essência, pelo que foi mostrado, vamos encontrar,
apenas três características: a bilateralidade, a disjuntividade e a sanç o.
Destarte, concluímos que a norma que n o dispuser da bilateralidade, n o for disjuntiva e n o tiver sanç o n o é
norma jurídica.
VI - BIBLIOGRAFIA
1) BOBBIO, Noberto - Teoria do ordenamento jurídico - Editora niversidade de Brasília, 4ª ed., 1994.
2) DINIZ, Maria Helena - Compêndio de introduç o à ciência do direito - 6ª ed., Atual - 3 o aulo: 3araiva,
1994.
3) G3MÃO, aulo Dourado de - Introduç o ao estudo do direito - 9ª ed. rev. - Rio de Janeiro: Forense, 1982.
4) KANT, Emmanuel - Crítica da raz o pura - Edições e ublicações Brasil Editora 3.A.
5) NADER, aulo - Introduç o ao estudo do direito - Rio de Janeiro: Forense, 1992.
6) VA3CONCELO3, Arnaldo - Teoria geral do direito - Teoria da Norma Jurídica - Malheiros Editores Ltda, 2ª
ed., 3 o aulo, 1993.
Autor - ALO ROBERTO DANTA3 DE 3OZA LEÃO
romotor de Justiça no RN e rofessor dos cursos de direito da FRN e NIEC
Artigo Jurídico publicado na Teia Jurídica
LCRL 20
c
AULA 03
³Depois de muito meditar, cheguei à conclusão de que
um ser humano que estabeleceu um propósito deve
cumpri-lo, e que nada pode resistir a um desejo, a uma
vontade, mesmo quando para sua realização seja
necessário uma existência inteira´
42
1. A SANÇÃO JURÍDICA
1.1 Conceito
rY ara o rof. Miguel Reale, a sanç o é todo e qualquer processo de garantia daquilo que se
determina em uma regra.
ÑY Apresentam-se tantas formas de garantias quantas s o as espécies dos distintos preceitos
(morais, religiosos, de trato social, jurídicas).
ÑY A sanç o, portanto, é gênero de que sanç o jurídica é espécie, pois existem as sanções
morais, religiosas, de trato social etc.
1.2 Finalidade
rY A sanç o jurídica visa neutralizar, desfazer, anular ou reparar o mal causado, bem como punir o
transgressor.
b) Coerção
rY E o efeito psicológico da sanç o e que tem funç o preventiva. Age sobre o destinatário como um
aviso se ele n o cumprir a Norma Jurídica poderá sofrer os efeitos concretos da sanç o.
ÑY Note-se que a coerç o e uma influência psicológica admoestadora em relaç o à sanç o, mas
também em relaç o à coaç o.
c) Coação
rY A coaç o e o último estágio de aplicaç o da sanç o, é a sua aplicaç o forçada contra a vontade
do agente que descumprir a norma.
Exemplo 1
rY O Inquilino é despejado de fato por ordem do oder Judiciário, o homicida é preso e vai cumprir
pena na penitenciária, o devedor tem seus bens penhorados e vendidos em hasta pública para que
o produto da venda sirva para pagar sua dívida etc.
Exemplo 2
LCRL 21
c
b)Y Imparcialidade
rY As pessoas bem determinadas que as aplicam, s o eqüidistantes das várias partes em conflito.
c)Y Proporcionalidade
rY a sanç o é proporcional a norma violada.
$Y a regra de ouro do Direito Civil é: a reparaç o de um dano nunca pode ser superior ao valor do
dano.
LCRL 22
c
LCRL 23
c
3º) Conclusão
rY 3e num país s o múltiplos os entes que possuem ordem jurídica própria, só o Estado
representa o ordenamento jurídico soberano e universal, ao qual todos recorrem em ultima
instância para dirimir os conflitos recíprocos.
LCRL 24
c
b) sanções morais
rY Geralmente s o cumpridas por motivaç o espontânea. Mas quando n o cumpridas,
provocam conseqüências, que valem como sanç o.
ÑY Como sanç o de foro íntimo, temos o remorso, o arrependimento etc. Depende da
formaç o de cada um.
ÑY Como sanç o externa temos a crítica, a condenaç o, a marginalizaç o, a opini o
pública que se forma contra.
ÑY A sanç o moral é incerta, imprevisível e com grande força de press o.
ÑY A sanç o das normas de trato social também é difusa.
c) sanções satíricas
rY Constituem a conseqüência, a reprovaç o de certos procedimentos que acarretam o ridículo
para o agente, por exemplo, a vaia, o riso, a pilhéria.
d) sanções jurídicas
rY 3 o as sanções organizadas de forma predeterminadas.
a) Vingança social
rY Quando o indivíduo era ofendido, a ofensa se estendia imediatamente ao cl , que reagia
contra o outro grupo social, numa forma de responsabilidade coletiva, Todo o cl era
obrigado a vingar o sangue derramado.
b) Vingança privada
rY O ofendido contra o ofensor, o que representa um progresso, porquanto personaliza a
responsabilidade.
d) Monopólio do Estado
rY O Estado coloca-se em lugar dos indivíduos, chamando a si a distribuiç o da justiça, o que
assinala um momento decisivo na história da humanidade.
ÑY Neste estágio, o Estado n o admite o emprego da força particular, a n o ser nos casos
específicos em lei.
ÑY * desta forma que se evitam arbitrariedades e tornam-se possíveis à ordem e
segurança social.
LCRL 25
c
c) Administrativas
rY Multas, apreens o de mercadorias, interdiç o de estabelecimento, penas disciplinares aos
servidores públicos.
d) Processuais
rY Condenaç o de custas e honorários do advogado da parte contrária, a revelia, a preclus o
dos prazos.
b) Restitutiva
rY Estabelecem o status quo anterior, como é o caso, no Direito civil, das perdas e danos
(reparaç o do dano), restabelecendo pela indenizaç o o patrimônio lesado no estado anterior
ao dano, da restituiç o da coisa furtada ou da indevidamente apropriada, da recuperaç o da
posse.
rY No Direito rocessual, o pagamento de custas e de honorários de advogado.
rY No Direito Fiscal, o confisco de bens etc.
c) compensatória
rY Visa a compensar um dano ou perda, como a indenizaç o por danos morais, que visa
compensar o abalo sofrido.
d) Preventiva
rY No Direito enal (medida de segurança), que visa a evitar a repetiç o de crimes, privando o
delinqüente perigoso de sua liberdade, para reeducá-lo em estabelecimentos penais ou
privando-o do exercício de uma profiss o (como por exemplo, a de motorista).
e) Adveniente ou extintiva
rY Extinguem relações jurídicas e direitos pela ocorrência de prescriç o ou de decadência.
rY A preclus o, que impede, por força da coisa julgada, que a quest o decidida por decis o
final, irrecorrível, seja renovada em outra aç o.
f) Premial
rY O Direito n o precisa nem deve ser exclusivamente coativo, pode ser também persuasivo.
8Yossui uma funç o promocional, no sentido de incentivar, premiar e assegurar a execuç o
espontânea de suas regras.
LCRL 26
c
8Y3 o exemplos: o desconto ao contribuinte que paga o tributo antes da data do vencimento;
ou a previs o, na celebraç o de um negócio jurídico, de vantagens na hipótese de
adimplemento da obrigaç o em tais ou quais circunstâncias.
Bibliografia utilizada:
$Y REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 22ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 1995.
$Y ROQE, 3ebasti o. Introduç o ao Estudo do Direito.cone Editora.3 o aulo. 1996;
$Y G3MÃO, aulo Dourado. Introduç o ao Estudo do Direito. 28ª. ed. 3 o aulo: Forense, 2000.
$Y NADER, aulo. Introduç o ao Estudo do Direito. 10ª ed. 3 o aulo : Forense, 1994.
$Y HERKENHOFF, Jo o Baptista. Introduç o ao Direito. Thex Editora: 2006.
$Y MONTORO, André Franco. Introduç o ao Estudo do Direito. 23ª. ed. 3 o aulo: Ed Revista dos Tribunais, 1995.
$Y OLIVEIRA, J.M. Leoni Lopes de. Introduç o ao Direito. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Ed Lumen Juris, 2006.
$Y DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introduç o µa Ciência do Direito. 15ª. ed. 3 o aulo: 3araiva, 2003.
$Y BENTO, Antonio Bento. Introduç o ao Direito. 8ª. ed. 3 o aulo: Letras e Letras, 2002.
MOMENTOS DE REFLEXÃO
×
!"
# $%& ' & (
)
LCRL 27
c
( (
% A$ (
% ' ) + ) * !
; %%
)
LCRL 28
c
LCRL 29
c
2(
)
% %
( )
LCRL 30