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3º PROBLEMA
EPIGENETICA E FATORES DE SUPRESSÃO TUMORAL
OBJETIVOS OFICIAIS
1. Compreender a oncogênese;
2. Discutir os mecanismos de carcinogenicidade;
3. Compreender os mecanismos de genotoxidade;
4. Descrever os mecanismos de mutagenicidade
Palavras chaves: proto-oncogenese, oncogenese, supressão tumoral, p53, mutagenicidade;
ONCOGÊNESE
CARCINOGÊNESE
indiferente;
↝ Estudos demonstraram que o alcoolismo aumenta a quantidade de espécies
reativas de oxigênio (ROS), o número de micronúcleos, quebras ou perdas
cromossômicas, amplificação gênica, rearranjo cromossômico, além da
formação de diferentes conformações de DNA, que favorecem o
desenvolvimento de tumores;
Poluição:
↝ O processo de urbanização tem aumentado a exposição do homem aos
gases produzidos pelos motores dos veículos a combustão, que contêm
diversos poluentes genotóxicos, como óxidos de nitrogênio, monóxido de
carbono, óxidos de enxofre, hidrocarbonetos e seus derivados, metais
(cádmio, cromo, cobre, níquel, vanádio, zinco e chumbo);
↝ Muitos trabalhos epidemiológicos têm confirmado que o câncer de pulmão
é mais frequente em áreas urbanas, quando comparadas com áreas rurais,
e o aumento de aberrações cromossômicas em pessoas expostas a condições
de tráfego intenso;
Atividade Ocupacional:
↝ O câncer que surge em consequência da exposição a agentes
carcinogênicos no ambiente de trabalho, mesmo após a interrupção da
exposição, é denominado de câncer ocupacional;
↝ Dentre os agentes químicos causadores de câncer encontram-se:
agrotóxicos, amianto, sílica, benzeno, xileno, tolueno. Profissionais
expostos a estes agentes são, principalmente, agricultores, operários da
indústria química e construção civil, trabalhadores de laboratório,
mineradores, etc;
↝ Os trabalhadores da indústria nuclear ou próximos a equipamentos que
emitam radiação (instituições médicas ou em laboratórios) podem sofrer
danos celulares ou moleculares.;
↝ Outros trabalhadores prejudicados pelos efeitos da radiação incluem os que
executam atividades ao ar livre ou em áreas onde recebem grande reflexo
da luz solar, ou que utilizam intensa radiação de UV, como soldadores
CARCINOGÊNESE BIOLÓGICA – SAITO
As infecções crônicas devidas a agentes biológicos contribuem com aproximadamente
20% das causas de câncer mundialmente;
Existem fortes evidências biológicas e epidemiológicas de que diversos agentes
infecciosos estão associados etiologicamente ao desenvolvimento de vários tipos de
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cânceres, uma vez que são capazes de agir como promotores de tumores humanos;
Apesarde a maioria dos tumores malignos ser de origem monoclonal, quando eles se
tornam clinicamente evidentes suas células constituintes são extremamente heterogêneas;
Na progressão tumoral e geração de heterogeneidade novos subclones surgem dos
descendentes da célula originalmente transformada por múltiplas mutações. Com a
progressãp, a massa tumoral se torna enriquecida por variantes que são mais hábeis a
evadir as defesas do hospedeira e são propensas a ser mais agressivas;
AGENTES CARCINOGÊNICOS
Cada um dos genes associados ao câncer apresenta uma função específica, cuja a
desregulação contribui para a origem ou progressão da malignidade;
O câncer é uma desordem genética causada por mutações do DNA que (em sua maior
parte) são adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente;
O acúmulo de mutações dá origem a uma série de propriedades chamadas características
do câncer. Assim deve-se considerar os genes relacionados ao câncer no contexto de sete
alterações fundamentais na fisiologia celular que, juntas, determinam o fenótipo maligno,
as 7 alterações chaves são as seguintes:
Autossuficiência nos sinais de crescimento pelos quais o crescimento dos
cânceres se torna autônomo e não é regulado por indícios fisiológicos. Os tumores
apresentam a capacidade de proliferação sem estímulos externos, em geral como
consequência da ativação de oncogenes
Ausência de resposta aos sinais inibidores de crescimento – os tumores podem
não responder às moléculas que são inibidoras da proliferação de células normais
(a exemplo do que ocorre na hiperplasia), como o fator de crescimento
transformador β (TGF-β) e inibidores diretos das cinases dependentes de ciclina
(CDKI);
Evasão da apoptose – os tumores podem ser resistentes à morte celular
programada, como consequência da inativação do p53 ou de ativação de genes
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antiapoptóticos;
Potencial replicativo ilimitado – tornando as células tumorais apresentam
capacidade de proliferação sem restrições, evitando a senescência celular e a
catástrofe mitótica;
Desenvolvimento da angiogênese – as células tumorais, assim como as células
normais, não são capazes de crescer sem a formação de um suprimento vascular
para trazer nutrientes e oxigênio e remover os produtos do catabolismo. Portanto,
os tumores devem induzir a angiogênese;
Capacidade de invadir e metastatizar – as metástases tumorais são a causa da
grande maioria das mortes por câncer e dependem de processos que são intrínsecos
à célula ou são iniciados por sinais do ambiente tecidual;
Defeitos no reparo do DNA – os tumores podem falhar em reparar ao dano ao
DNA causado por carcinógenos ou causado durante a proliferação celular
desregulada, levando à instabilidade genômica e a mutações em proto-oncogenes
ou genes supressores de tumor;
√ OBS: Uma outra alteração importante para o desenvolvimento do tumor é sua capacidade
de escapar do ataque imune. E ele também pode reprogramar as vias metabólicas,
especificamente, uma alteração para a glicólise aeróbica, mesmo quando há abundante
oxigênio;
As mutações em um ou mais genes que regulam esses traços celulares são encontradas em
todos os cânceres, mas as vias genéticas exatas que originam esses atributos diferem
entre os cânceres individuais, inclusive dentro de um mesmo órgão
Os genes que promovem o crescimento celular autônomo nas células cancerosas são
chamados de oncogenes, e suas contrapartes celulares não mutadas são chamadas de
proto-oncogenes;
Os oncogenes são criados por mutações nos proto-oncogenes e se caracterizam pela
capacidade de promover o crescimento celular na ausência de sinais promotores de
crescimento normais;
Seus produtos, chamados de oncoproteínas, lembram os produtos normais dos proto-
oncogenes, com a exceção de que as oncoproteínas frequentemente são desprovidas de
importantes elementos reguladores internos e sua produção nas células transformadas
não depende de fatores de crescimento ou de outros sinais externos;
Relembrando as etapas de uma proliferação celular normal:
Ligação de um fator de crescimento ao seu receptor específico;
Ativação transitória e limitada do receptor do fator de crescimento, que, por sua
vez, ativa diversas proteínas transdutoras de sinal no folheto interno da membrana
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plasmática;
Transmissão do sinal transduzido através do citosol para o núcleo por meio dos
segundos mensageiros, ou por uma cascata de moléculas transdutoras de sinal;
Indução e ativação dos fatores nucleares reguladores que iniciam a transcrição do
DNA;
Entrada e progressão da célula no ciclo celular, resultado, finalmente, na divisão
celular
As mutações convertem proto-oncogenes em oncogenes celulares constitutivamente
ativos que estão envolvidos no desenvolvimento do tumor, pois as oncoproteínas por eles
codificadas capacitam a célula com a autossuficiência no crescimento;
Fatores de crescimento:
A maioria dos fatores de crescimento solúveis são produzidos por um tipo celular
e agem em uma célula adjacente para estimular a proliferação (ação parácrina),
assim as células normais são estimuladas à proliferação;
As células neoplásicas adquirem a habilidade de sintetizar os mesmos fatores de
crescimento a que são responsivas, gerando uma alça autócrina;
Ex: muitos glioblastomas secretam o fator de crescimento derivado de plaquetas
(PDGF) e expressam o receptor de PDGF , enquanto muitos sarcomas produzem
tanto o fator de crescimento-α (TGF-α) quanto o seu receptor;
Em todas as possibilidades, a proliferação provocada por fatores de crescimento
contribui para o fenótipo maligno por meio do aumento do risco de mutações
espontâneas ou induzidas nas populações celulares em proliferação, mas por si só
não é suficiente para uma transformação neoplásica;
Receptores dos fatores de crescimento:
Foram encontrados diversos oncogenes que codificam os receptores de fator de
crescimento;
Uma importante classe de receptores de fator de crescimento são as proteínas
transmembrana com um domínio de ligação externa e um domínio citoplasmático
do tipo tirosina-cinase;
Nas formas normais desses receptores, a cinase se torna transitoriamente
ativada pela ligação do fator de crescimento específico, seguida rapidamente
pela dimerização do receptor e pela fosforilação pela tirosina de diversos
substratos que fazem parte da cascata de sinalização;
As versões oncogênicas desses receptores estão associadas a dimerização e
ativação constitucionais, sem a ligação com o fator do crescimento. Assim, os
receptores mutantes liberam sinais mitogênicos contínuos para a célula, mesmo
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GDP;
↝ A RAS mutada fica aprisionada em sua forma ativada de ligação ao GTP
e a célula é forçada a ficar em um estado continuamente ativado de
proliferação;
↝ As consequências das mutações na proteína RAS seriam imitadas por
mutações com perda de função nos GAPs com falha na simulação de
hidrólise da GTP, assim reprimindo as proteínas RAS normaos;
↝ Além da RAS, outros membros da cascata de sinalização do RAS
(RAS/RAF/MAP-cinase) também podem estar alterados nas células
tumorais, resultando em um fenótipo semelhante
Alterações nas Tirosina-cinase não Receptoras
Mutações que revelam uma atividade oncogênica latente ocorrem em diversas
tirosina-cinases sem associação com receptores, que funcionam normalmente nas
vias de transdução de sinal que regulam o crescimento celular;
Em alguns casos, as mutações adquirem a forma de translocações
cromossômicas ou rearranjos que criam genes de fusão que codificam
constitutivamente tirosina-cinases ativas:
↝ Um importante exemplo desse mecanismo oncogênico envolve a tirosina-
cinase c-ABL;
↝ Na LMC e em algumas leucemias linfoblásticas agudas, o gene ABL é
translocado de seu sítio normal no cromossomo 9, para o cromossomo 22,
onde ele se fusiona com o gene BCR;
↝ O gene quimérico resultante codifica uma tirosina-cinase BCR-ABL
oncogênica, constitutivamente ativa;
↝ O tratamento da LMC foi revolucionado pelo desenvolvimento do mesilato
de imatinib, uma droga “designer” com baixa toxicidade e alta eficácia
terapêutica que inibe a cinase BCR-ABL;
Em outros casos, as tirosina-cinases não receptoras são ativadas através de
mutações pontuais que anulam a função de domínios reguladores negativos que
normalmente mantêm a atividade de enzima em cheque:
↝ Por exemplo, diversas desordens mieloproliferativas, particularmente a
policetemia vera e a mielofibrose primária, estão altamente associadas à
ativação de mutações pontuais na tirosina-cinase JAK2;
↝ A cinase JAK2 aberrante, por sua vez, ativa fatores de transcrição da
família STAT, que promove a proliferação independente dos fatores de
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divisão celular
Há uma pequena sobreposição nos genes-alvo do MYC em diferentes tipos de
câncer, evitando a identificação de um programa de carcinogênese regular do
MYC;
Foi sugerido recentemente que o MYC interage com os componentes da
maquinaria de replicação do DNA e possui um papel na seleção da fonte de
replicação. Assim a superexpressão do MYC pode levar à ativação de mais fontes
do que o necessário para a divisão celular normal, ou superar os pontos de
checagem envolvidos na replicação, provocando danos genômicos e acúmulo de
mutações;
O MYC representa um dos poucos fatores de transcrição que podem agir em
consonância para reprogramar as células somáticas em células-tronco
multipotentes. O MYC também pode aumentar a autorrenovação, bloquear a
diferenciação, ou ambos;
A proteína MYC pode ativar ou reprimir a transcrição dos outros genes:
↝ Aqueles ativados por MYC incluem os vários genes promotores de
crescimento, incluindo as quinases dependentes de ciclinas (CDKs),
cujos produtos impulsionam as células para dentro do ciclo celular;
↝ Os genes reprimidos por MYC incluem os inibidores de CDK (CDK1s);
↝ Assim, desregulações de MYC promovem a tumorigênese por meio de
aumento da expressão dos genes que promovem a progressão através do
ciclo celular e reprimem genes que tornam lenta ou impedem a progressão
através do ciclo celular;
MYC também é um regulador-chave do metabolismo intermediário, fazendo a
regulação crescente dos genes que promovem a glicólise aeróbica (o chamado
efeito de Warburg, descrito posteriormente) e maior utilização de glutamina, duas
alterações metabólicas características das células cancerosas;
Ciclinas e Quinases Dependentes de Ciclina
A progressão ordenada das células através das várias fases do ciclo celular é
orquestrada por cinases dependentes de ciclina (CDK), que são ativadas através da
ligação às ciclinas, assim chamadas em decorrência da natureza cíclica de sua
produção e degradação
Os complexos ciclina-CDK fosforilam proteínas-alvo cruciais que conduzem a
célula através do ciclo celular. Quando tal tarefa é finalizada, os níveis de ciclina
diminuem rapidamente;
Incidentes que afetam a expressão da ciclina D ou da CDK4 parecem ser um evento
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DNA são defeituosos. Os indivíduos nascidos com tais defeitos hereditários nas proteínas
de reparo do DNA estão com risco grandemente aumentado de desenvolver câncer;
Além disso, defeitos nos mecanismos de reparo estão presentes nos cânceres humanos
esporádicos. Os genes de reparo do DNA, por si mesmos, não são oncogênicos, mas suas
anormalidades permitem mutações em outros genes durante o processo de divisão celular
normal;
A instabilidade genômica ocorre quando ambas as cópias dos genes de reparo de DNA são
perdidas;
CONSOLIDANDO A CARCINOGÊNESE
O surgimento de tumores malignos requer a perda mutacional de muitos genes, inclusive
os que regulam a apoptose e a senescência
Um exemplo clássico de aquisição incremental do fenótipo maligno é documentado pelo
estudo dos carcinomas de cólon. Acredita-se que muitos desses cânceres evoluam através
de uma série de estágios morfologicamente identificáveis:
A hiperplasia epitelial colônica seguida pela formação de adenomas que crescem
progressivamente e, em última instância, sofrem transformação maligna;
Primeiro ocorre a inativação do gene supressor de tumor APC;
Seguida da inativação do RAS,;
Por último, a perda de um gene supressor de tumor no 18q e perda do p53;
Se não houver a perda de p53, a célula involui para senescência;
A perda da p53 nos adenomas evita a senescência induzida por oncogene,
permitindo que as células adenomatosas continuem a proliferar, gerando um
carcinoma
Enquanto múltiplas mutações, incluindo o ganho de oncogenes e a perda de genes
supressores de tumor, são requeridas para a carcinogênese, a exata sequência temporal de
mutações pode ser diferente em cada órgão e tipo tumoral;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N; el al.. Robbins: Bases Patológicas das Doenças. 8 ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SAITO, R. F. Et al. Fundamento de Oncologia Molecular. São Paulo: Editora atheneu, 2015