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Thiago Dourado

Elementos de
Teoria dos Grupos
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Campus de Três Lagoas
Departamento de Ciências Exatas

Elementos de Teoria dos Grupos

Thiago Augusto S. Dourado

Três Lagoas
Estado de Mato Grosso do Sul - Brasil
Dezembro - 2009
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Campus de Três Lagoas
Departamento de Ciências Exatas

Elementos de Teoria dos Grupos

Thiago Augusto S. Dourado


Graduando em Matemática

Orientador:
Prof. Dr. Antonio Carlos Tamarozzi

Monografia apresentada ao Departamento


de Ciências Exatas da Universidade Fede-
ral de Mato Grosso do Sul, Campus de
Três Lagoas - DEX / UFMS / CPTL, como
condição parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Matemática com Habilita-
ção em Matemática Aplicada e Computa-
ção Científica.

Três Lagoas
Estado de Mato Grosso do Sul - Brasil
Dezembro - 2009
Elementos de Teoria dos Grupos

Thiago Augusto S. Dourado

Monografia apresentada ao Departamento


de Ciências Exatas da Universidade Fede-
ral de Mato Grosso do Sul, Campus de
Três Lagoas - DEX / UFMS / CPTL, como
condição parcial para a obtenção do tí-
tulo de Bacharel em Matemática com Ha-
bilitação em Matemática Aplicada e Com-
putação Científica, obtendo o conceito de
............................... atribuído pelos pro-
fessores examinadores.

Três Lagoas, 18 de dezembro de 2009.

Prof. Dr. Antonio Carlos Tamarozzi


Orientador DEX/UFMS

Profa . Dra . Eugenia Brunilda Opazo Uribe


Examinadora DEX/UFMS

Prof. Dr. Renato César da Silva


Examinador DEX/UFMS
“Talvez possa descrever melhor a minha
maneira de fazer matemática comparando-
a com a entrada numa mansão escura.
Entra-se na primeira divisão e está escuro,
completamente escuro, tropeça-se e bate-se
na mobília. Gradualmente, vai-se apren-
dendo onde está cada peça da mobília, e
passados uns seis meses encontra-se o in-
terruptor, liga-se a luz, e de repente está
tudo iluminado, pode ver-se então exata-
mente onde se estava.”

Andrew Wiles
[Autor da demonstração do Último Teorema de Fermat]
Dedicatória

Considero que esta seja uma parte indispensável, pois julgo ser meu dever ho-
menagear aqueles que influenciaram nesta etapa de minha vida que culmina
de uma forma resumida neste trabalho, por isso devo me ater por não pecar
em esquecer a força de amigos e amigas que me motivaram na realização desta
monografia, demonstrando crença em minha caminhada, paciência, inspiração,
estando em meu lado quando mais precisei e me ensinando que da vida tenho a
muito a aprender. Por estes motivos dedico este trabalho à minha mãe, Elda
Maria Silva, que embora distante minimizou o máximo desta distância de-
monstrando sempre crença em meu sucesso, sempre motivando; dedico, como
era de se esperar, também a meu pai, por me manter e não medir esforços na
busca de minha formação, contrariando muitas vezes a sua própria cultura; ao
Prof. Dr. Antonio Carlos Tamarozzi, por sua invejável paciência que por ve-
zes, por muitas vezes, contornou o meu temperamento forte e incisivo tornando
este convívio agradável e promissor, sem mencionar a profunda admiração e
respeito que tenho por ele; à Tauane Rocci de Moraes e Drielie Katiuska Bo-
tacio, pessoas que, embora não mais presentes, não poderia ser injusto em não
incluí-las nesta lista, pois estas foram companhias extremamente inspiradoras
e na maioria do tempo de uma agradabilidade incontestável neste ultimo ano,
tornando a vida mais vivida; a Thaynara Padilha por procastinadas, porém
valorosas e enriquecedoras conversas; aos amigos Leandro Ferreira de Aguiar
e Liliane Camargos por suas lutas constantes e incessantes na busca de uma
Universidade mais justa, igualitária e fraterna, sem privilégios ou sortilégios a
quem quer que seja; por fim, ao casal Claudia Ricci e Edivaldo Moraes que de
uma maneira singela e sofistica, rápida e eterna, me mostraram e me fizeram
entender conceitos e caminhos da vida que jamais serão esquecidos.

Estas foram pessoas próximas que, como já coloquei, influenciaram dire-

vii
DEDICATÓRIA

tamente nesta minha caminhada, porém devo ser um pouco mais subjetivo
agora e dedicar este meu trabalho e toda a minha possível carreira a pessoas
que talvez não estejam tão próximas assim, mas que são ligadas a mim por
seus pensamentos e ações. Dedico tudo o já mencionado a pessoas que prezam
e lutam pela liberdade. A liberdade do mundo que está em causa primeira
na liberdade interior de cada um, no âmago de nossas almas, pois “se desejas
tanto a liberdade e a felicidade, veja que ambas estão dentro de ti; pensas
que a tens e a terás; age como se fossem tuas e serão.” Nunca deveremos ter
medo de ser só, pois a liberdade, segundo Fernando Pessoa, é a possibilidade
do isolamento; se te é impossível viver só, nasceste escravo. O que mais torna
os homens escravos de si mesmos é o medo, é este a que devemos combater
e as armas que devemos usar é a vergonha, a coragem, a dignidade e o amor
próprio, de forma que só assim poderemos dizer a outros: “Posso até não con-
cordar com o você diga, mas lutarei até a morte para que tenhas o direito de
dizer.” [Como uma vez disse o libertário Voltaire.] Enfim faço essa dedicatória
aos heróis do mundo, os quais fizeram o que deveria ser feito, sem termer as
conseqüências por isso.

Thiago Dourado
Andradina, 21 de dezembro de 2009.

viii
Resumo

Desde sua criação a Teoria dos grupos tem sido fonte de diversas aplicações
dentro e fora da Matemática, em particular destacamos a Teoria dos Grupos
Finitos. A proposta deste trabalho é ilustrar uma pequena parte desta teoria,
com o objetivo final de enunciar e demonstrar os Teoremas de Sylow e o Teo-
rema Fundamental dos Grupos Abelianos Finitos. Inicialmente introduzimos
a definição de grupo e suas propriedades fundamentais, fornecendo base para
a construção de toda a teoria posterior. Na seqüência foram explorados o Te-
orema de Cayley e os Grupos de Permutações. Finalmente desenvolvemos o
conceito de -Grupo e -Grupo de Sylow para a apresentação dos Teoremas
de Sylow; encerrando com a Teoria dos grupos abelianos finitos, com a qual
foi possível classificar algumas classes de grupos.

Palavras chave: Grupos, Ações de Grupos, Teoremas de Sylow, Grupos


Abelianos Finitos, Classificação de Grupos.

ix
RESUMO

x
Sumário

Dedicatória vii

Resumo ix

Introdução 1

1 Fundamentos da Teoria dos Grupos 5


1.1 Relações de Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Definição de Grupo e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3 Subgrupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Subgrupos gerados por um subconjunto . . . . . . . . . . . . . 24
1.5 Homomorfismo e Isomorfismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.6 O Teorema de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.7 Função e Teorema de Euler. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.8 Subgrupos Normais e Grupos Quocientes . . . . . . . . . . . . 38
1.9 Grupos Cíclicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.10 Teoremas do Isomorfismo e o Teorema da Correspondência . . 46
1.11 Produto Direto de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

2 Grupos de Permutações e Ações de Grupos 61


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.2 Grupos Simples e Subgrupos Maximais . . . . . . . . . . . . . . 61
2.3 Teorema de Cayley . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.4 Classificação dos Grupos de ordem  e  , com primo . . . . 67
2.5 Grupos de Permutações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
2.6 Grupos Alternados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.7 Ações de um Grupo sobre um Conjunto . . . . . . . . . . . . . 83

xi
SUMÁRIO

3 Teoremas de Sylow e os Grupos Abelianos Finitos 87


3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.2 -Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.3 Teoremas de Sylow . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.4 Grupos Abelianos Finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

Conslusão 101

Referência Bibliográficas 101

Notações 107

Índice Remissivo 110

xii
Lista de Tabelas

1.1 Tábua da operação  do grupo de Klein . . . . . . . . . . . . . 14


1.2 Tábua do grupo  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.1 Tábua grupos de ordem menores ou iguais a 10, não incluindo


os de ordem 8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

xiii
LISTA DE TABELAS

xiv
Introdução

A Artur Cayley (1821-1895) deve-se o célebre dito: “Um grupo é definido por
meio de leis que combinam seus elementos.” E esta é provavelmente uma
das melhores e mais rápidas explicações. O conceito de grupo é seguramente
uma das idéias centrais da Matemática Moderna. Certamente existem poucos
ramos matemáticos nos quais os grupos não sejam empregados implicitamente
ou explicitamente. Teoria quântica, estrutura atômica e molecular, e cristalo-
grafia são apenas algumas áreas das ciências nas quais a idéia de grupo como
uma molécula de simetria tem sido utilizada com grande importância.

A teoria dos grupos tem sua origem no trabalho de Evariste Galois [6] so-
bre a solubilidade por radicais da equação polinomial de grau . No entanto,
alguns resultados sobre teoria dos grupos já haviam surgido em trabalhos de
outros matemáticos, entre eles se encontra Cauchy [25]; mas, o termo grupo
foi introduzido e usado sistematicamente por Galois em seus trabalho “Me-
moir on the Conditions for Solvability of Equations by Radicals” [17], no
trabalho original [6]. Além de Galois (França / 1811-1832) os matemáticos
Joseph Luis Lagrange (França / 1736-1813), Paolo Ruffini (Itália / 1765-1822)
e Niels Henrik Abel (Noruega / 1802-1829) tiveram trabalhos sobre equações
algébricas. Nestes trabalhos, os grupos consistiam de permutações de variá-
veis ou de raízes de um polinômio e, de fato, em muito do século XIX todos
os grupos eram grupos de permutações finitos. Muitas idéias fundamentais
foram introduzidas por estes matemáticos.

O conceito de grupo é claramente reconhecível no trabalho de Cayley


(Gen-Betanha / 1821-1895), mas esta idéia não ganhou real aceitação até
Walther Franz Anton von Dyck (Alemanha / 1856-1934) introduzir as apre-
sentações de grupos em seu trabalho intitulado “Gruppentheoretische Stu-
dien in Mathematische Annalen”. O estímulo para estudar grupos infinitos

1
INTRODUÇÃO

veio da geometria e topologia por influência de Felix Klein (Alemanha / 1840-


1925), tutor von Dyck, e também de Marius Sophus Lie (Noruega / 1842-1899),
Henri Poincaré (França / 1854-1912), Max Dehn (Alemanha / 1878-1952) e
Peter Ludwig Mejdell Sylow (Noruega / 1832-1918). Depois disto, a teoria
dos grupos infinitos foi estudada quase que unicamente por O. Yu. Schmidt
(Rússia / 1891-1956), até o estabelecimento da Escola Russa comandada por
Aleksander Gennadievich Kurosh (Rússia / 1908-1971).
A primeira grande fase da teoria dos grupos finitos atingiu o seu ápice
no período imediatamente antes da Primeira Guerra Mundial com os traba-
lhos Ferdinand Georg Frobenius (Alemanha / 1849-1917), William Burnside
(Inglaterra / 1852-1927) e Issai Schur (Bielorussia / 1875-1936). Depois de
1928, novas e decisivas contribuições foram feitas por Philip Hall (Inglaterra /
1904-1982), Helmut Wielandt (Alemanha / 1910-2001) e, no campo de repre-
sentações de grupos, por Richard Dagobert Brauer (Alemanha / 1901-1977).
O intenso interesse subseqüente na classificação dos grupos simples finitos é
conseqüência dos trabalhos destes estudiosos. A classificação foi completada
em 1982 com a participação de centenas de matemáticos, liderados por Daniel
Gorenstein (Estados Unidos / 1923-1992).
Atualmente, a teoria dos grupos está dividida em diversas subáreas e os
interesses são muitos. Vários problemas tem sido atacados e solucionados,
destacando o nome de muitos outros matemáticos brilhantes.
Esta monografia teve por objetivo introduzir a Teoria dos Grupos, apre-
sentando uma introdução dos conceitos e resultados elementares, mas de fun-
damental importância no desenvolvimento desta teoria; para que possivel-
mente venha a servir de material didático a outros que queiram se introduzir
a este belo, rico e grandioso estudo que é a Teoria dos Grupos.
No Capítulo 1 buscamos dar os fundamentos da teoria. De uma forma bem
completa e omitindo o mínimo de demonstrações possíveis a fim de tornar o
texto bastante independente e completo. Nos fundamentos tratamos desde de
a definição de grupo até os produtos diretos externo e interno. O destaque
deste primeiro capítulo foi a extensão do conceito de combinação linear a
qualquer operação, mostrando assim a beleza e a sutileza da abstração. O
resultados mais importante apresentados neste capítulo foram O Teorema de
Lagrange [Teorema 1.14], o Teorema do Homomorfismo [Teoremas 1.21] e os
dois Teoremas do Isomorfismo [Teoremas 1.23 e 1.24].

2
INTRODUÇÃO

No segundo Capítulo o objetivo principal é o Teorema de Cayley [Teorema


2.5] e a Equação das Classes [Equação 2-1, página 86]. Como conseqüência
do Teorema de Cayley é apresentado um estudo sobre grupos de permutações
e o conceito de ciclo. No início deste capítulo é introduzido o conceito de
grupo simples e subgrupos maximais e minimais. Talvez seja nesta parte é que
apareça a primeira novidade significativa que transcende os cursos tradicionais
de álgebra, é apresentado a classificação dos grupos de ordem  e  , com
primo; o problema de classificar os grupos é um dos principais problemas
desta teoria. Por fim apresentamos o conceito de grupos alternados e ações de
grupos, obtendo ao final a já mencionada equação das classes.
O terceiro e último capitulo é onde são apresentados os resultados mais
sofisticados desta monografia, é uma introdução ao estudo de grupos finitos
e suas representações. Neste capítulo estão inclusos os famosos Teoremas de
Sylow [Teorema 3.2 e 3.3] e o Teorema Fundamental dos Grupos Abelianos
Finitos [Teorema 3.12].
Incialmente pensei em fazer experimentos computacionais para ilustrar
alguns conceitos, visto que o curso que estou a me formar tem o nome de
Matemática Bacharelado Habilitação: Matemática Aplicada e Computação
Científica; no entanto, estes experimentos não foram possíveis, pois compu-
tadores que em outrora foram prometidos pela administração da UFMS há
quatro anos são aguardados sem que este estado fosse alterado, não foi envi-
ado um único computador sequer que pudesse servir a alunos que quisessem
usar de programação matemática. Para se estudar na UFMS nos dias de hoje
os alunos devem vencer dois obstáculos: as dificuldades naturais de um curso
universitário e o descaso de seus administradores, que com intransigência e
uma dose considerável de imoralidade governam para um única classe (a de
“professores amigos”) deixando as outras três (discentes, técnicos e “docentes
não-amigos”) a margem do desenvolvimento universitário. Enquanto a manu-
tenção do poder for o objetivo dos governantes da UFMS, e não a Ciência,
como gostaríamos, jamais teremos uma Universidade que sempre sonhamos
em ter. É uma triste e cruel realidade. [Este último parágrafo foi censurado
pela banca desta monografia.]

3
INTRODUÇÃO

4
Capítulo 1

Fundamentos da Teoria dos Gru-


pos

1.1 Relações de Equivalência


Devido a importância deste tema e o quanto será usado no decorrer do texto
resolvemos incluir esta seção com o intuito de introdução e com a finalidade
de tornar o texto auto-suficiente, não deixando a cargo de bibliografias concei-
tos deveras importante no caminhar do texto, salvaguardando conceitos bem
elementares.
Suponhamos que em um conjunto  esteja definida uma relação entre

elementos de  . Neste caso, para 
 escrevemos que  se  estiver

relacionado com , e  se  não estiver relacionado com . Por exemplo,
se  é o conjunto das retas de um plano, a ortogonalidade define um relação

entre entre pares de elementos do conjunto  ; assim como o paralelismo

define uma outra relação no mesmo conjunto  .

Consideremos então um conjunto  e uma relação definida em  , dire-

mos que é uma relação de equivalência em  se as seguintes propriedades
são satisfeitas para quaisquer  
 .


(1)  ;


(2)   ;


 
(3)   


As propriedades acima são nomeadas, respectivamente, reflexiva, simétrica e


transitiva.

5
1.1. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA

Observemos que  (relação de ortogonalidade) não é reflexiva e tampouco


transitiva. Já se considerarmos duas retas coincidentes como paralelas teremos
então uma relação de equivalência em um conjunto das retas do plano.

Quando uma relação e um conjunto  for de equivalência e  estiver

relacionado com segundo , vamos em geral usar a notação “  
 ” ou “  
 ” em vez de  .

Exemplo 1.1 Consideremos uma aplicação      e vamos definir uma


relação de equivalência no domínio  de  , do seguinte modo:


    se       

A relação acima definida é claramente uma relação de equivalência no


domínio  da aplicação  . [Vamos mostrar mais adiante que qualquer relação
de equivalência em um dado conjunto  é proveniente de uma certa aplicação
como a do Exemplo 1.1.]
Seja 
 uma relação de equivalência em um conjunto  e seja 
 .
Chamamos então de classe de equivalência  do elemento  em relação a 

ao conjunto
#
  !
 " !    

Teorema 1.1 O conjunto das classes de equivalência constitui uma par-


tição, isto é, a classe de equivalência possui as seguintes propriedades:

(1)   $    ;

(2)  
  %  &;

(3) '   .
()*

Demonstração.

(1) Se   então   +!
 , !   -  +.
 , .  -  e como
,  , 
, ,


  / segue imediatamente
, que   ,
Por outro lado, se !
 temos que ! 
  e como, por hipótese,  

inferimos, pela propriedade (3) da definição de relação de equivalência,
que ! 
 . Logo se !
 então !
, ou seja,  0 . Da mesma forma,
se .
então . 
 e como 
  obtemos da transitividade que . 
 , e
portanto 0 . Daí, como  0 e 0  concluímos que   .

6
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

(2) Suponhamos que  


e que  % 
& de forma a existir !
 % ;
mas se !
 e !
teríamos que !   e !
 o que implicaria por
transitividade que  
 , donde teríamos, com base no item (1), que
  - reductio ad absurdum! Portanto, se  
temos que  %  &.

(3) Como  0  inferimos que '*  0  . Por outro lado, se 



()
temos que  
 , donde temos que 
, ou ainda, 
()
'* , isto é,
 0 '* . Portanto '*    .
() ()
Q.E.D.

Uma relação de equivalência, que merece consideração especial, é a relação


de congruência módulo , em que  é um inteiro arbitrariamente dado. Esta
relação é denotada (analogamente) por “   ”, e é definida como
1 ” ou “ 


Z     $  "  2  

É imediato a verificação de que a relação acima definida é uma relação de


equivalência, basta para isto verificar que
3
4
4 
4
4 1
4
4
4
4
4 
5 1   1
  para quaisquer  
Z 
4  4
4 
4
4 1
4
4  
4
4
4 4 1
6  1 

Agora vamos calcular a classe de equivalência  módulo o inteiro . Se


!
 segue que ! 
1 , donde temos que  " ! 2 , isto é, ! 2   7, 7
Z,
mas isto é o mesmo que !   8 7, daí segue que
#
   8 7 " 7
Z 
#
Observe que se   9 temos que a    e que 
: nada mais do que
relação de igualdade em Z, e nesse caso existe um número infinito de classes
#
   em Z. [Mais adiante provaremos que se  ; 9 a relação  1 nos fornece
exatamente  classes distintas, 9 <      2 <. Por exemplo, se   = a relação
 nos fornece exatamente as classes 9 <e  que são os números que deixam,
respectivamente, restos 9, < e  na divisão por =.]
Vamos agora introduzir a noção de conjunto quociente.

7
1.1. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA

Seja 
 uma relação de equivalência em um conjunto  , então o conjunto
quociente de  pela relação de equivalência   , denotado por >   é o
conjunto de todas as classes de equivalência relativas a relação 
 , isto é,
#
> 
   " 
 

Na relação 
1 ,  ; 9, em Z temos
@
Z> 
1  ?9 <      2 < 

Consideremos uma aplicação A    > 


 definida por A   , para
todo 
 - A é chamada projeção canônica. Então, a relação 
 é proveniente
da aplicação A como no Exemplo 1.1.
De fato, para 
 tem-se


 $   $ A   A   

Q.E.D.

Agora, consideremos o conjunto Z, definido pelos múltiplos inteiros de


, isto é,
#
Z  7 " 7
Z 

De forma que a relação 


1 pode também ser definida por


Z  
1 $  2
Z

e neste caso usaremos tanto a notação  quanto a notação  8 Z para re-


presentar a classe de equivalência de  em relação 
1 . Usaremos também a
notação Z BZ para simbolizar o conjunto quociente de Z pela relação 
1.
# @
Teorema 1.2 Se 
N C 9 então Z BZ  ?9 <      2 < é um conjunto
contendo exatamente  classes de equivalência.

Demonstração. Primeiramente provaremos que se 9 D  E E  então


 . Ora, isto de fato ocorre, pois se fosse igual a  teríamos 
1 , que
é o mesmo que 9 E 2   7, para algum 7
Z; assim, como 9 D  E
E  temos que 2  não pode ser múltiplo de , ou seja,   . Logo,
@
?9 <      2 < 0 Z BZ é um conjunto com exatamente  elementos.
@
Agora para provarmos a igualdade Z BZ  ?9 <      2 < no que resta
@
basta provar que Z BZ 0 ?9 <      2 < , isto é, se 
Z BZ devemos

8
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

@
provar então que 
?9 <      2 < . Consideremos então um inteiro posi-
tivo 7 suficientemente grande de tal forma que !   8 7 seja não negativo.
Ora, sendo !  1  segue !  , donde temos que é bastante provarmos que
@
!
?9 <      2 < com ! F 9. Com base no algoritmo da divisão de Eucli-
des temos que existem G H
Z tais que !  G 8 H, onde 9 D H E ; assim,
como ! 2 H  G temos ! 
1 H e portanto   !  H, com 9 D H E . Q.E.D.

Sobre Z BZ ( F ) definimos as duas seguintes operações:


I
1  Z BZ J Z BZ  Z BZ
   8
e K
1  Z BZ J Z BZ  Z BZ
   
nomeadas respectivamente por soma e produto em Z BZ.
Já foi observado que a classe de equivalência  admite outras representa-
ções ! (com  2 !  7, para algum 7
Z); similarmente a classe de equi-
valência possui várias representações.
K Necessário se faz então a verificação
I
de que as definições de 1 e 1 são bem definidas no sentido do resultado inde-
pender da escolha dos representantes das classes de equivalência; de maneira
mais precisa, é necessário verificar as implicações
 
 1!4  1!4

  8  ! 8. e    !.
4 4
 1. 1.
E verificar as implicações acima é o mesmo que verificar respectivamente as
implicações
 
1!4
  1!4
 
 8 
1 ! 8. e   
1 !.
 . 4
  . 4

1 1
uma vez que  
1 $   . Mas,
 
1 4
!  )Z  2 !  7P 

 . 4 LMNLO
 2 .  7 
1
  2 ! 8  2 .  7P 8 7 
  8  2 ! 8 .  7P 8 7 
  8 
1 ! 8.

9
1.1. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA

e
 
1!4
  )Z  2 !  7P 

4 2 .  7 
1 .  LMNLO


  7P 8 ! 

 7 8 . 
   7P 8 ! 7 8 .

   !. 8 !7 8 .7P 8 7P7
  2 !.  Q!7 8 .7P
RS8 7P7T 
)Z
  
1 !.
Q.E.D.

Consideremos ainda um conjunto não-vazio  . Uma operação binária


em  , ou simplesmente uma operação em  , denominada também de lei de
composição interna em  , é uma aplicação
U   J   

que para cada par de inteiros  


 J  é denotada por
U    U 

Operações, no entanto, são geralmente denotadas por símbolos, tais como


8 V W   M  X Y, etc.
São exemplos de operações:

(1) A adição e a multiplicação usuais em Z, cujos símbolos são respecti-


vamente 8 e V, e cada par de inteiros Z e  os compostos (como são
chamados) são denotados respectivamente por

Z 8  e Z V 

No caso da multiplicação usa-se escrever também Z, quando isto não


gera ambigüidades.

(2) A operação de potenciação inteira dada pela aplicação Y  R J Z  R


definida por 31
4
4
4   ; 9
4
5
Y     Y   <   9
4
4
4
6<B1   E 9
4

10
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

1 1 1[P
onde  é definido recursivamente por (sendo    V)    V .

(3) Agora definiremos uma operação em Z, simbolizada por W, por

 W   8 2  V 

onde 8 e V são as operações de adição e multiplicação usuais em Z.


^
Assim,  W =   8 = 2  V =  2<\ 9 W 2=  9 2 = 2 ]9 V 2=  2=

1.2 Definição de Grupo e Exemplos


Uma estrutura algébrica é uma  8 <-ordenada  WP     W1  de um con-
junto não-vazio  e  operações em  , WP     W1 , com  F <. Uma estrutura
algébrica com uma única operação  W é chamada grupóide; se a operação
deste grupóide for associativa então esta estrutura recebe o nome de semi-
grupo; se além disso, esta operação possui o elemento neutro então a estrutura
passa a ser nomeada de monóide. Um grupo por sua vez, é um monóide em
que todo elemento é inversível. Noutros termos, um grupo é definido como
segue.

_
Definição 1.1 Um grupo é uma estrutura algébrica   W, contendo uma
única operação W, que possui as seguintes propriedades:

(G1) A operação é associativa, isto é, `P W ` W `   `P W ` W`, para quais-
_
quer `P ` `
.
_ _
(G2) Existe a
, tal que a W `  `, para todo `
(neutro a esquerda).
_ _
(G3) Para cada `
, existe `b
tal que `b W `  a (inverso a esquerda).
_
Se além dessa propriedades, em um grupo   W verifica-se a propriedade:
_
(G4) `P W `  ` W `P c `P `

_
Então dizemos, neste caso, que o grupo   W é um grupo abeliano [em honra
do matemático norueguês Niels Henrik Abel - (1802-1829)].

Observação 1.1 (1) O número de elementos de um grupo é chamado de


ordem do grupo.

11
1.2. DEFINIÇÃO DE GRUPO E EXEMPLOS

_ _
(2) A fim de simplificar notações, muitas vezes usaremos em vez de   W,
para representar um grupo. Usaremos também `P`, em vez de `P W `,
_
para representar o resultado de `P operado com `. A operação de
será sempre explicitada no contexto; e escreveremos a notação aditiva
`P 8`  `P W` apenas para grupos abelianos, e neste caso a identidade
será representada por 9.

(3) Na definição de grupo não foi requerido que o elemento neutro e o inverso
sejam únicos, no entanto vamos provar a seguir que de fatos o são, com
efeito, únicos.

_ _
Lema 1.1 Seja um grupo e seja `
. Então ``  ` implica que `  a.

_ _
Demonstração. Como `
temos que existe `b
tal que `b`  a, donde
temos `b ``  `b`  a. Por outro lado, `b ``  `b` `  a`  `. Portanto
`  a. Q.E.D.

_
Teorema 1.3 Em um grupo existe um único elemento neutro; ademais
_
se a é o elemento neutro de então a`  `a  `. Da mesma forma, existe
_
um único inverso para cada elemento de ; ademais, analogamente, `b` 
``b  a.

Demonstração. Primeiramente mostramos que `b`  a implica ``b  a. De


fato, suponha que `b`  a então ``b ``b  ` `b` `b  `a`b  ``b , ou seja,
``b ``b  ``b , donde temos, com base no Lema 1.1, que ``b  a. Agora, de
`b`  a, temos `b`  ``b  a, donde inferimos, ` `b`  ` ``b  `, que é o
_
mesmo que ``b `  ` ``b  `, ou seja, a`  `a  `, para qualquer `
.
_
Suponha agora que aP e a sejam elementos neutros de , então, de aP  aP
_
temos que aaP  aP, uma vez que a é elemento neutro de ; da mesma forma,
_
como aP também é elemento neutro de concluímos que a  aP. Por fim,
vamos mostrar a unicidade do inverso. Suponha que `b e `bb sejam inversos de
_
`
, então `bba  `bb ``b  `bb` `b  a`b  `b . Portanto `bb  `b. Q.E.D.

O resultado acima nos permite definir a identidade de um grupo e o


_
inverso de cada elemento. O inverso de um elemento ` de um grupo será
[P
denotado por ` .
_
Se é um grupo, então são válidas as seguintes igualdades:

12
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

[Pe [P _
(1) d`  ` c`
.
[P [P [P _
(2) `P`  ` ` P  c `P `
.

Em que (assim como nos reais) definimos por recursividade a potenciação de


`: sendo `   `` temos
3 1[P
4
4``  se ;<
4
4
4
4
4
1 5 ` se <
` 
4
4a se 9
4
4
4
4f [Pgh
4
6 ` Z  2  se  E 9

Antes de demonstrarmos a validade das igualdades (1) e (2) acima, enuncia-


remos e demonstraremos a seguinte propriedade.
_
Para qualquer elemento ` do grupo é válido que
3 1 h
5 `   ` 1h
 para quaisquer  Z
Z 
6 ` 1 ` h  ` 1ih

Demonstração. Fixemos arbitrariamente 


Z e aplicamos a indução sobre
Z
N. Vemos que para Z  9 o resultado é claramente verdadeiro, pois
1 : : 1j: 1 : 1 1 1i:
`   a  `  ` e ` ` ` a` ` 

Agora, supomos a validade dos resultados para 9 <     Z 2 < e vamos prová-
los para Z. Invocando a definição de potenciação dos elementos de um grupo,
obtemos
Hipótese de
1 h 1 h[P k
1 Indução l 1 1mh[Pn 1 1h[1
`   ` `   ` ` ` `
Hipótese de
k Indução l 1i1h[1 1mPih[Pn 1h
 ` ` ` 

assim como,
Hipótese de
1 h 1 f h[Pg 1 h[P k Indução l 1iP h[P
` `  ` ``  ` ` `  ` `
Hipótese de
k Indução l 1iPih[P 1ih
 ` ` 
[P
Por fim, para Z E 9 fazemos o  ` e !  2Z. Portanto, para quaisquer
_ 1 h 1h 1 h 1ih
 Z
Z e `
temos que `   ` e ` ` ` . Q.E.D.

13
1.2. DEFINIÇÃO DE GRUPO E EXEMPLOS

Agora mostraremos a validade das igualdades (1) e (2).


Com efeito, (1) segue de imediato do que acabamos de demonstrar, pois
f [Pg [P m[Pnm[Pn P
` `  `  `

Para provarmos a igualdade (2) observamos o seguinte:


f [P [Pg f [P [Pg f [Pg [P
`P` ` ` P  `P k` ` ` P l  `P k `` ` P l 
f [P g [P
`P a ` P  `P` P  a
[P [P
ou seja, ` ` P é o inverso de `P`, e como o inverso é único concluímos que
[P [P [P
`P`  ` ` P . Q.E.D.

Exemplo 1.2 (Grupos) (1) Z  8 é um grupo abeliano infinito.

(2) Se  F < é um número inteiro então o conjunto Z BZ é um grupo


I
abeliano finito com a operação 1 , contendo exatamente  elementos.

(3) Q  8, R  8 e C  8 são grupos (aditivos) abelianos.


#
(4) O conjunto finito p  a   juntamente com a operação  definida
pela Tabela 1.1 forma um grupo finito abeliano de ordem q, conhecido
como Grupo de Klein [em honra do matemático alemão Felix Klein,
(1849-1925)]. Note que, neste grupo, o composto     a, para todo

p.

Tabela 1.1: Tábua da operação  do grupo de Klein

 r s t u
r r s t u
s s r u t
t t u r s
u u t s r

# # #
(5) Q C 9  V, R C 9  V, C C 9  V são grupos (multiplicativos) abeli-
anos.
@ K
(6) Se é um número primo, então Z B Z C ?9 com a operação v é um
grupo abeliano.

14
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

@
De fato, se 
Z B Z C ?9 então
y y
K K Definição de z{| K Definição de z{|
 v w v x   v  V    V  V 
y
}j é associativa Definição de z K
{|
em Z
 ~ 
 V  V  V  v
y
Definição de z K K
{|
  x \
w v v

bem como,
K
 v <   V <  

@
Agora vamos mostrar que todo 
Z B Z C ?9 possui inverso. Com
efeito, se é um número primo então     < e, neste caso, o
Teorema de Bezout nos garante que existem H !
Z tais que
v€: K
I
H 8 !  <  H 8 !  <  H v !  <  H  <   v H  <

ou seja, H é o inverso de .
@
Por fim, para 
Z B Z C ?9 temos

K }Comutatividade K
em Z
 ~
 v     v 

K @ K
ou seja, v é comutativa. E portanto wZ B Z C ?9  v x é um grupo
abeliano. Q.E.D.

(7) O conjunto das matrizes inversíveis  J, com entradas em R e a ope-


ração usual de multiplicação de matrizes forma um grupo, conhecido

como grupo linear geral sobre R, denotado por  R . [O conjunto

 C  também é um grupo linear geral com entrada em C.]
_ _ 1 _
(8) Seja   R  J R , de forma que, definido em a operação
‚ ƒ ‚ƒ
    W         8   
_
se verifica que   W é um grupo.

15
1.2. DEFINIÇÃO DE GRUPO E EXEMPLOS

_
(9) Seja é o mesmo conjunto definido no exemplo anterior, se definimos
_ ‚ ƒ ‚ƒ ‚ _
em a operação     Y         8    então  Y é um
„ ‚ [P ‚[P ‚[P e
grupo, com identidade  1  9 e      d 2  .

(10) Seja o conjunto  


& e seja …  o conjunto das partes de  . O
grupóide …   M  em que † é a diferença simétrica, definida por

P M   P ‡  C P %  

em que P  0  , é um grupo, com elemento neutro sendo o conjunto


&; e o inverso de cada elemento de  é dado por ele mesmo, isto é, para
[P
cada ˆ mP‰ˆ ‰Š*n 0  temos que ˆ  ˆ .

(11) Seja  um conjunto não vazio e

#
*       "  é bijetiva 

então * é um grupo com a operação de composição de aplicações X,


chamado grupo de permutações em  , e seus elementos são chamados
permutações. No caso em que  é um conjunto finito o grupo * é
#
denotado, neste caso, por Š* . Por exemplo, se   P      1 ,
com  F <, neste caso particular, o grupo de permutações é denotado
por 1 e passa a ser chamado de grupo de permutações de  elementos
ou grupo simétrico de grau . Para cada aplicação 
1, isto é, para
#1 #1
cada bijeção   ‹ ‹ €P  ‹ ‹ €P, denotamos esta tal permutação 
por Ž
P  V V V 1
 Œ 
 P   V V V  1 

O número de permutações de  elementos, ou seja, o número de elemen-


tos de 1 é precisamente  (o fatorial de ), definido por
3
5 < se   9
  
6  V  2 < se  F <

[Para  F ,    V  2 < V    V  V <.]

(12) Tábua do grupo . Para simplificar as notações, em lugar de três


elementos genéricos P,  e , tomaremos os números <,  e =, e assim

16
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

#
olharemos o grupo  como sendo o grupo das permutações de <  = .
‘ 
  =  ’, sendo  constituídos das seguintes seis permutações:

Ž Ž Ž
„“ <  =  <  =  <  = 
 
Œ  P  
Œ    
Π
<  =  < = =  <
Ž Ž Ž
 <  = 
  Œ  <  = 
”  Œ  <  = 
•  Œ
< =   = < = < 

A tábua do grupo , isto é, a tábua da operação de composição de


aplicações em , é dada pela Tabela 1.2. Para calcular a permuta-

Tabela 1.2: Tábua do grupo –—


˜ ™ š› šœ š šž šŸ
™ ™ š› šœ š šž šŸ
š› š› ™ šŸ šž š šœ
šœ šœ šž ™ šŸ š› š
š š šŸ šž ™ šœ š›
šž šž š š› šœ šŸ ™
šŸ šŸ šœ š š› ™ šž

ção composta de duas permutações de , pode-se proceder como nos


exemplos abaixo:

Ž Ž
<  = <  =
P X   
Œ X 
Œ 
 < = < = 
Ž
 <  = 
 Œ
  
P  < P   P  =
Ž
 <  = 
 Œ
P < P  P =
Ž
 <  =   ” \
 Œ
 = <

17
1.3. SUBGRUPOS

Ž Ž
<  =  <  = 
” X •  
Œ X Œ
 = < = < 
Ž
 <  = 
 Œ
  <     • =
” • ” • ”
Ž
 <  = 
 Œ
” = ” < ” 
Ž
 <  =   a
 Œ
<  =

Para inverter uma permutação, basta permutar suas linhas e reordenar


as colunas segundo a reordenação dos elementos da primeira linha, por
exemplo, ainda  acima definido:
Ž [P Ž Ž
[P <  =  = < <  =   • 
”  
Œ   Œ  
Œ
 = < <  = = < 

bem como
Ž [P Ž Ž
[P <  = < =  <  =    
  
Œ   Œ  
Œ
< =  <  = < = 

1.3 Subgrupos
Quando se estuda uma estrutura algébrica é de grande importância conside-
rar os subconjuntos que herdam a mesma estrutura, pois em muitos casos a
estrutura original se determina em termos de suas subestruturas. Em nosso
caso, estamos interessados em considerar aqueles subconjuntos não vazios do
_
grupo que possuem as mesmas propriedades que este, quando a operação
se restringe a estes subconjuntos. Estes subconjuntos recebem um nome, são
chamados de subgrupos.
_ _
Definição 1.2 Se é um grupo e   é um subconjunto não vazio de , então
_ _
se diz que   é um subgrupo de (denotamos   ¡¢ 0 ) quando a operação de
_
restringida a   faz deste um grupo.

Observação 1.2 (1) O elemento neutro a£ de   é necessariamente igual


_ _
ao elemento neutro a¤ de . De fato, tomando 
  0 , temos

18
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

[P
que a£ V   ; multiplicando ambos os membros da equação por  à
direita, obtemos a£ V a¤  a¤, que é o mesmo que a£  a¤.

(2) Dado o
  , o inverso de o em   é necessariamente igual ao inverso de
_
o em . De fato, se 7 é o inverso de o em   , então o7  7o  a£ , logo
_ _
o7  7o  a¤, pois a£  , e portanto 7 é o inverso de o em .

_ _
Teorema 1.4 Seja um grupo e   0 ,   
&, então as seguintes
condições são equivalentes.
_
(1) `  ¡¢
0 .

(2) (a) c 
  
  ,
[P
(b) c 
  
  .
[P
(3) c 
  
 .

Demonstração.
_
<   Se   ¡¢
0 então os ítens (2)a e (2)b são imediatos, seguem da defi-
nição de subgrupo.
[ [
  = Para 
  segue de (2)b que P
  , e se  P
  segue do
[P
item (2)a que 
  .
[
& temos que existe 
  , donde temos que a   P

=  < Como   


  ; isto demonstra que   possui o elemento neutro e que para cada

  existe o inverso de . Agora só falta demonstrar que   é fechado
_
para operação definida no grupo , uma vez que se oP o o
  
_
oP o o
 oP oo   oPo o, ou seja, é válida a propriedade
[P
associativa em   . Desta forma, sejam 
  , pelo já provado

[ [
  , chamando P de inferimos, como 
  , que  P  
  .

Q.E.D.

Observação 1.3 Na prática, para verificar que um subconjunto   é um sub-


_
grupo de , será mais convenientes verificar que as propriedades (2)a e (2)b do
Teorema 1.4 são contempladas; e se necessário, quando não se mostrar claro,
deve-se verificar também   
&.

19
1.3. SUBGRUPOS

_ #
Teorema 1.5 Seja um grupo e  ¥ ¥)¦ uma família de subgrupos de
_
, então
_
   §  ¥ ¡¢
0 
¥¨¦

Demonstração. Temos, primeiramente, que   


&, pois a
  , donde
podemos inferir de imediato, com base no item (3) do Teorema 1.4, que   
© _
¦  ¥ ¡¢
0 .
¥¨
Q.E.D.

_
Observação 1.4 A união de subgrupos de em geral não é necessariamente
_
um subgrupo de . Por exemplo, seja o grupo Z  8 e sejam

# #
 P   " 
Z i e    ª " 
Z [ 

então  P ‡   ¡¢
0
Z  8, pois 
 P operado com ª
  resulta em «

>
 P ‡  . Mais adiante, no Lema 1.8, página 44, veremos que se os subgrupos
são cíclicos então a união é um subgrupo.

_
Teorema 1.6 Seja um grupo. Então
_
 P ¡¢
0 4
 _
_   P ‡   ¡¢
0 $  P 0   ou   0  P
  ¡¢
0 4

Demonstração.
_ [
0 e 
 P e
  de modo que  P
 P ‡ , isto é,
“ ” Seja  P ‡  ¡¢
[ [ [ [ [P [
 P
 P ou  P
 . Se  P
 P então d Pe   P
 P,
[P e [P
donde temos que  d
 P, pois 
 P e 
 P, mas isto
[Pe [
é o mesmo que d  ; logo se  P
 P então
 P. De
[P [Pe
forma análoga, se 
  então d
 , que é o mesmo que
[P e [P
 d  ; assim, se 
  então 
  Portanto, o fato de
[
 P
 P ‡   implicar que 
  ou
 P, nos faz concluir que
 P 0   ou   0  P.
_
“ ¬” Se  P 0   então  P ‡      ¡¢
0 ; de forma análoga, se   0  P
_
então   ‡  P   P ¡¢
0 . Q.E.D.

20
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

Exemplos de Subgrupos
_ # _ _
Exemplo 1.3 Se é um grupo, então a e são subgrupos de .

Exemplo 1.4 Z  8 é um subgrupo de Z  8. De maneira mais geral,  é


um inteiro qualquer, Z  8 é um subgrupo de Z  8.
_ _
Exemplo 1.5 Seja   R  o grupo linear geral de ordem  (Exemplo
1.2-(7), página 15) e seja
3 
5 ˆ‹
_ , 
Z  < D ­® D  
  
, 
6 , ¯°   ±< 
,
,
_ ,
Então   ¡¢0 .

De fato, usando o Teorema 1.4 podemos assegurar provando que se  


 
[P _
então 
  então provamos que   ¡¢ 0 . Ora, se 
  e 
 

então 
  , pois se   ² ˆ‹ mˆ ‹ € P 1 n então ² ˆ‹ mˆ ‹ € P 1 n  ˆ ‹ ,
€P
° ° ° ¯°   L ±<
e mais, como ¯  V ¯    ¯ N  N³³³N  inferimos que N N³³³N L.
[P L
Agora só nos basta mostrar que para todo 
  , 
  . Com efeito,
¯°
se 
  então   ±< o que implica que  possui inversa, e mais
° [ Pe ° [ P [ · ° ·
¯ d  ¯   µ<; sabemos  P  ¶ B¯   ± ¶ ,
· ˆi‹ iP ¯°
onde ¶   ¸ˆ‹ , tal que, para cada par ¹® , ¸ˆ‹  2< ˆ‹ ,
em que a matriz ˆ‹ é formada a partir de  retirando-se a ­-ésima linha e
[P [P
a ® -ésima coluna; logo as entradas de  são inteiras. Portanto 
  e
_
assim   ¡¢ 0 . Q.E.D.

_
Exemplo 1.6 Se é um grupo qualquer, então o subconjunto
º _ _ _#
  
" `  ` c `

_ _
é um subgrupo de , que recebe o nome especial de centro do grupo .
_ º _ _
Observe que é um grupo abeliano se, e somente se,    .

Exemplo 1.7 O conjunto   R , denotado desta forma em honra do ma-

temático norueguês Sophus Lie, é definido pelos elementos  de  R 
¯° _
tais que   < é um subgrupo  R , chamado Grupo Linear Es-
pecial com entradas em R. [Este conceito é estendido de maneira análoga ao
conjunto C.]

21
1.3. SUBGRUPOS

Exemplo 1.8 (Determinação de todos os subgrupos de Z  8) Já sa-


bemos que Z  8m1)N n ¡¢
0 Z  8. Vamos mostrar agora que estes são os
únicos subgrupos de Z.
#
Com efeito, seja   um subgrupo qualquer de Z. Se    9 então   
# »¼ #
9Z. Suporemos agora que    9 . Definindo    !
  " ! ; 9 te-
remos 
  , e como   é um subgrupo temos que Z 0   . Reciprocamente,
seja .
  ; pelo algoritmo de Euclides, existem G H
Z tais que .  G 8 H,
com 9 D H E ; como . e  pertencem a   temos que H também pertence a
  , mas
»¼ #
 !
  " ! ;9 4
4
4
4

H
   H  9
4
4
4
4
9 DH E 

e portanto .  G, ou seja, .


Z. Desta forma    Z. Q.E.D.

Exemplo 1.9 (Grupo de Heisenberg) O conjunto de todas as matrizes da


forma ½ Ž
< ¾ À
Á
Œ Â
Á Â
¾  ¿ À  Á 9 < ¿ Â ¾  ¿ À
R ou C 
 
9 9 <
com a operação usual de multiplicação de matrizes é um grupo, chamado
grupo de Heisenberg, [em honra do físico alemão Werner Karl Heisenberg,
1901-1976] e tal grupo é denotado por ý ¯»Ä R  ou ï»Ä C .
Ȁ Ȁ
Para provarmos que ï R  é um grupo basta observar que ï ½R  é um
 ° ^
subgrupo
½ de  = R , uma vez que ¯ ] ¾  ¿ À  <, para quaisquer escala-
res ¾, ¿ e À; e ainda, para quaisquer ¾  ¿ À 
Ȁ
¾b ½
¿b Àb
ï ½R , tem-se ½
Ȁ
¾  ¿ À V d¾b ¿b Àb e 
½ d¾ 8 ¾b ¿ 8 ¿b À 8 Àb 8 ¾¿b e
ï R  \
Ȁ
½
por fim, para todo ¾  ¿ À
½
ï R  existe
[P Ȁ
¾  ¿ À  2¾  2¿ ¾¿ 2 À
ï R  

½ Q.E.D.

Para cada matriz ¾  ¿ À existe uma matriz associada a esta, denotada

22
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

por Å ¾  ¿ À e definida por


Ž
9 ¾ À Â
Á
Œ
Á Â
Á 9 9 ¿ Â\
 ½ 
9 9 9
½
que por hora sua única relação com ¾  ¿ À é dada por
¥ Æ Ç È[ÉÊ 
¾  ¿ À  a  
NN O
sendo que a exponencial de uma matriz Ë1Ì1 é definida por
„ Ï < h
aÍ  1 8 Î Ë 
h€P Z
[Aqui não apresentamos a demonstração que a série
½ acima converge para a
exponencial da matriz, nem tampouco que ela converge; não demonstraremos
também a veracidade da relação entre as matrizes ¾  ¿ À e Å ¾  ¿ À. Tais
demonstrações podem ser encontradas em [12].]
1
Exemplo 1.10 (Subgrupos Uniparamétricos) Seja o conjunto R com a
operação de adição definida por
1
  ˆ P‰ˆ ‰1
R  ˆ ˆ
ˆ 1    8   8 P‰ˆ ‰1 
ˆ
  P‰ ‰1
R
1
É de fácil verificação que o conjunto R com a operação de adição acima
definida é um grupo abeliano.
1
O conjunto definido pelos vetores de R que na 7-ésima coordenada possui
o elemento .
R, e em todas as outras o elemento zero, forma um subgrupo
1
de R . Isto é,
3 Ž 
5  1
9     9 } ,
   Œ .  9     9 , .
R ¡¢ 0R 
6 -ésima , 
coordenada~ ,
L ,
L ,
De fato, denotando os elementos de   por Ð ., isto é,
Ž
L
Ð .  Œ 9     9 .  9     9 
} -ésima
coordenada~
teremos L
Ž Ž
Ð . V Ð !  
Œ9     9 } .  9     9 8 
Œ9     9 } !  9     9
-ésima -ésima
coordenada~ coordenada~
L Ž L
 
Œ9     9 } . 8 !  9     9  Ð . 8 ! 
-ésima
coordenada~
L
23
1.4. SUBGRUPOS GERADOS POR UM SUBCONJUNTO

ou seja, Ð .  Ð !


   Ð . V Ð !
  . O inverso de Ð . é claramente
dado por Ð 2., pois ÐL. V Ð 2.  Ð . 2 L.  Ð 9  9. Q.E.D.

Subgrupos desta forma recebem um nome especial, são chamados de sub-


grupos uniparamétricos. Este conceito é formalizado pela seguinte definição.

_ _
Definição 1.3 Sejam um grupo e   um subgrupo de . Se   é conjunto
definido por
#
   Ð . " .
R 

e Ð é tal que
Ð 9  9
Ð . V Ð !  Ð . 8 !  . !
R 
_
então   é um subgrupo uniparamétrico de .

1
Observação 1.5 (1) O grupo R  8 possui  subgrupos uniparamétricos,
que são, à saber,  ˆ mP‰ˆ ‰1n, em que
3 Ž 
5 
,
 ˆ  Œ9     9 } ˆ .  9     9 , .
R  ­  <     
6 -ésima , 
coordenada~ ,
,
,
(2) O grupo de Heisenberg possui três subgrupos uniparamétricos, que po-
dem ser facilmente definidos.

1.4 Subgrupos gerados por um subconjunto


Fazendo uso do Teorema 1.6 pode-se construir muitos subconjuntos de gru-
pos que não são subgrupos. Isto possui uma certa analogia com os espaços
vetoriais. Com efeito, no caso dos espaços vetoriais, pode-se estar interessado
em construir subespaços com certas propriedades. Por exemplo, pode ser de
interesse que um certo subconjunto esteja contido em um subespaço particu-
lar, sob esta condição construímos o subespaço desejado. Se um subespaço
deve conter um determinado conjunto , então este subespaço se constituí
de todas as possíveis combinações lineares dos elementos de . A questão
que surge agora, de forma natural, é sobre a possibilidade de uma amplia-
ção das idéias de subespaço para subgrupo? E mais, se esta possibilidade
existir, como interpretar as “combinações lineares” em um subgrupo? Se o

24
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

#Ñ _
subconjunto for   !ˆ ˆ€P, a idéia é definir um Ñ subgrupo gerado por
Ò ÈÓ
como conjunto de todos os elementos da forma ˆ !ˆ , variando H nos intei-
€P
ros positivos, !ˆ mP‰ˆ ‰Ñ n
 e os expoentes Àˆ nos inteiros. Observe que esta
é um generalização do conceito de combinação linear. O teorema a seguir
formalizará estas idéias.

_ _
Teorema 1.7 Seja um grupo e  um subconjunto não vazio de , então
o conjunto Ô 3 
4
4 ˆ 4
4
4
4Ö 1, !
 4
4
5 , ÈÓ 
, ˆ m ˆ 1n
Õ  !ˆ
, À P‰ ‰  ±<
Ô 4
4 ,
ˆ€P 4
4
4 , 4
4
6 , 
N C 9# 4
,
,
_ ,
é tal que Õ ¡¢ Ô
0 . E mais, este é o menor subgrupo que contém , isto
é,
Õ  §  
×Ø£
£ ؤ
Ô ¡¢

1 ÈÓ
Ò
Demonstração. Sejam 
Õ. Temos que   ˆ ˆ , ˆ
 e
€P
h ÇÓ
Ô Ò
Àˆ mP‰ˆ ‰1n  ±<; da mesma forma,  ˆ ˆ , com ˆ
 e ¿ˆ mP‰ˆ ‰hn  ±<.
€P
ÛÜ1 hÝ ÈÓ ÇÓ Ô ÈÓ ÇÓ
Ò
Portanto,   ÙÚ ˆ ˆ ˆ
Õ, onde ˆ  a, se ­ ;  e ˆ  a, se
€PN
Ò1 [ÈÓ
[
­ ; Z; bem como  P  ˆ ˆ
Õ. Agora vamos mostrar que este é o
€P
Ô
menor subgrupo que contém . Com efeito, é imediato que

§   0 Õ  ( W)
×Ø£
Ô £ ؤ
¡¢
Ô
pois Õ é um dos elementos sobre os quais se forma a intersecção. A se-
gunda inclusão se obtém observando que os elementos de Õ são produtos
Ô
dos elementos de  e  0   . Logo

Õ 0 §   ( WW)
×Ø£
£ ؤ
¡¢

Portanto, de ( W) e ( WW) obtemos a igualdade desejada. Q.E.D.

25
1.4. SUBGRUPOS GERADOS POR UM SUBCONJUNTO
Ô Ô
#
Ô
Notação. Quando o conjunto é finito, digamos   !P !     !Ñ utiliza-
Ñ
remos a notação !P !     !Ñ Õ, bem como a notação !ˆ Ո€P, para designar
# Ô
!P !     !Ñ Õ.
Ô
_ [P
Ô
Exemplo 1.11 Dado `
vamos descrever `Õ. Para   < temos ` e `
[Pe
como elementos de `Õ; quando    temos ` , d` e a como elementos
Ô
de `Õ; de maneira geral, obtemos
f [Pg f [Pg [P 
`Õ  +    `  `  `  a ` `   `    - 
Ô
[Ñ [PeÑ
Podemos escrever ` para denotar o elemento d` ; assim, com estas no-
Ô @
tações, temos que `Õ  ? `Þ .
Z .
,
,
Definição 1.4 (1) O subgrupo Õ é o subgrupo gerado por .
Ô
_ _
(2) Um grupo é finitamente gerado se contém um subconjunto finito
_
 tal que  Õ.
_
(3) Se  é um conjunto unitário (como no Exemplo 1.11) se diz que é um
Ô
grupo cíclico.
_ ‘
(4) Seja `
, a ordem de `, denotada por ß `, é definida como `Õ.
Ô
Lema 1.2
3 3
5c à
_ 4 à Õ  áaà à      à Ñ[Pâ
5

6ß à   H 41
6 h
à  à  se   Z 9 D  Z E H 
h 1
Demonstração. Se à  à , para Z 
 e 9 D Z  E H, então, podemos
h[1
supor sem perda de generalidade Z ; . De forma que à  a, com
9Ô E Z 2  E H, o que contradiz a hipótese da minimalidade de H. Logo
Ñ[ _
aà à      à P são elementos distintos de . Agora, para provarmos que
Ñ[P @
à Õ  ?aà à      à , devemos mostrar que para todo !
Z existe ã
Z,
com 9 D ã E H, tal que à ä  àå . Ora, se dividirmos segundo a divisão
euclidiana ! por H, podemos garantir que existem Gã
Z tais que !  GH 8 ã,
Ñi Ñ
com 9 D ã E H, e portanto à ä  àæ å  à æ V àå  aæÔ V àå  àå  Q.E.D.

_
Teorema 1.8 Seja à um elemento do grupo e à Õ o subgrupo gerado
por à . Então as seguintes afirmações são equivalentes:

26
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

(1) ß à  E ç.
#
(2) Existe .
N C 9 tal que àÞ  a¤.
Ô Ô
Demonstração.
h #
<   Como à Õ  à " Z
Z e por hipótese o grupo à Õ é finito,
v
então existem  G
Z, 
G tais que à  àæ ; supondo ; G teremos
v[
que à æ  a, e portanto existe um inteiro . ; 9 tal que àÞ  a.
»¼ @
  < Consideraremos H   ?. F < àÞ  a , e devemos mostrar
,
,
que H  ß à  E ç. Ora, do Lema 1.2 inferimos que ß à   H E ç.

Q.E.D.

1.5 Homomorfismo e Isomorfismo


Recorramos novamente ao estudo dos espaços vetoriais, e lembremos que
quando se quer representar a soma direta de dois espaços com certas proprieda-
des as transformações lineares são de grande importância, sendo a razão desta
importância o fato de que as transformações lineares preservam as opera-ções
nos espaços considerados. Para as estruturas algébricas existe uma analogia,
são aplicações de grande importância que preservam as estruturas.

_ _ _
Definição 1.5 Sejam  P W e     dois grupos e uma aplicação   P 
_
.
_
(1) Se   W        , para quaisquer 
P, então  é chamada
de homomorfismo.

(2) Se  é um homomorfismo e é injetivo então  é chamada de monomor-


fismo.

(3) Se  é sobrejetiva e é um homomorfismo então  é dita ser um epimor-


fismo.

(4) Se  é um monomorfismo e um epimorfismo então  é um isomorfismo;


noutras palavras,  é um isomorfismo se  é um homomorfismo e é
bijetiva.

27
1.5. HOMOMORFISMO E ISOMORFISMO

_ _ _
(5) Se   P   é um isomorfismo então dizemos que P é isomorfo a
_ _ _ _ _
, e denotamos isto por P è
é  ou, simplesmente por P è . [A
justificativa desta notação encontra-se no Teorema 1.9 a seguir.]

_ _
Observação 1.6 (1) Um homomorfismo de em também é chamado de
_ _ _
endomorfismo de ; bem como um isomorfismo de em é também
_
chamado de automorfismo de .

(2) Quando se tem sentido, a composição de um homomorfismo, é nova-


mente um homomorfismo.
_ _ _ _
De fato, sejam os grupos  P W,     e   Y. Então, se   P 
_ _ _ _ _
 e o     são homomorfismos, segue que o X   P   é um
homomorfismo, pois

o X    W   o   W   o      
 o   Y o     o X    Y o X     

Q.E.D.

Teorema 1.9 “Ser isomorfo” define uma relação de equivalência na classe


de todos os grupos, cuja classe de equivalência está formada precisamente
pelos grupos que são isomorfos.

_ _ _
Demonstração. Sejam os grupos  P W,     e   Y. Então:
_ _
(1) Pè
é P. De fato, basta para isso tomarmos  igual a aplicação identi-
dade, pois nestas condições,

_
  W    W    W     c 
P

_ _ _
(2) Se Pè
é , então para quaisquer 
P temos que   W  
[
     . Aplicando  P nesta última igualdade:
[P [P [P [P
           W    W     W     

_ _
Logo, è P.
 éê
M
28
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

_ _ 
4 

é   Definição 1.5-(5)   W          c
_P 
4
(3) _ _ 4  _ 
è ë   4 o    o  Y o    c
 
o X    W   o   W   o        o   Y o    
_ _ _ _ _ _
o X   Y o X    . Portanto, se P è é e è ë è .
então P ëìé

Q.E.D.

Em matemática, um dos problemas fundamentais é o de poder classificar


os diferentes objetos que são estudados. Esta classificação é no sentido de
agrupar todos os objetos que tenham as mesmas propriedades. Por exemplo,
em álgebra linear se tem uma classificação para os espaços vetoriais finita-
mente gerados, em termos de suas dimensões. Isto se precisa dizendo que os
espaços vetoriais finitamente gerados são isomorfos se, e somente se, tem a
mesma dimensão. No tocante a grupos, a classificação é um problema muito
mais sofisticado. Os grupos que são “classificáveis” de maneira similar aos
espaços vetoriais finitamente gerados são os grupos cíclicos - no caso, substi-
tuindo a dimensão por cardinalidade. Neste sentido, cabe mencionar que um
dos problemas fundamentais em teoria dos grupos é o de classificá-los, sob
isomorfismos.

_
Definição 1.6 Seja      um homomorfismo.

(1) O núcleo de  , denotado por íî  , é definido por


_ #
íî   `
"  `  a£ 

(2) A imagem de  , denotada por ï  , é definida por


_#
ï   o
  "  `  o para algum `


_
Teorema 1.10 Sejam os grupos   W e     e o homomorfismo  de
_ _
em   . Então íî  ¡¢
0 e ï  ¡¢
0  .

Demonstração. íî  
&, pois para a¤ temos que  a¤   a¤ W a¤ 
 a¤   a¤, ou seja,  a¤   a¤   a¤, donde concluímos com bas
no Lema 1.2 do Teorema 1.3 (página 12,  a¤  a£ . Conseqüentemente
ï   &. Desta forma, para 
íî  , temos   W         
[ [
a£  a£  a£  isto é,  W
íî  ; bem como  P
íî  , pois  d Pe 

29
1.6. O TEOREMA DE LAGRANGE

^[P [P _
]   a£  a£ . Portanto, íî  ¡¢
0 . Agora, consideremos  ²
ï  ,
_
de tal forma que    e ²    , para determinados 
. Assim,
[ ^[P [
 ²           W 
ï  e ainda, P  ]    d Pe 
 ÀÈ)¤
ï  . Logo ï  ¡¢
0   , o que prova o teorema. Q.E.D.

1.6 O Teorema de Lagrange


Mostramos anteriormente que a união de subgrupos nem sempre é um sub-
grupo. Esta propriedade é análoga para o caso dos subespaços vetoriais, a
união de subespaços vetoriais nem sempre é um subespaço. No entanto, existe
uma outra maneira de combinar subespaços vetoriais que sempre resulta ser
um subespaço vetorial - se define para estes subespaços uma soma dos mesmos.
O nosso objetivo agora é o de estender este conceito para subgrupos.
_
Como em um grupo existe somente uma operação, é natural inferir
que esta deva ser usada para se definir a “soma de subgrupos”, ou produto,
dependendo de como se denote a operação. Com isto em mente temos a
_
seguinte situação. Seja um grupo, definimos o produto de dois subconjuntos
_ #
não vazios  e ð de por ð  !. " !
 e .
ð . Então é natural que
_ _ _
indaguemos: se  ¡¢0 e ð ¡¢
0 será ð também um subgrupo de ? Se for o
_ [P
caso de ð ser subgrupo de , então 
ð sempre que 
ð . Ora,
“ “
se 
ð então podemos escrever   ¾¿ e  À , com ¾  ¿
 e À
ð ,
[P “ [P “[P [P
de forma que   ¾¿ À   ¾¿ À não necessariamente pertence a
ð , pois para que este pertença a ð os elementos de  e ð devem comutar.
Analisando o que fizemos até aqui vemos que não respondemos a questão
por completo, mas sim de forma parcial. E para o caso dos grupos não abeli-
_
anos, em que situação ð ¡¢
0 ? Para respondermos a esta questão é interes-
sante algumas condições sobre tais grupos, por exemplo, a cardinalidade. Exis-
tem grupos não abelianos de pequena ordem? É facilmente observável que os
grupos com somente dois elementos são abelianos, posto que este grupo conta
da identidade e de um outro elemento, o qual o inverso deve ser seu próprio
_ #
inverso; se um grupo possui três elementos, por exemplo  a  , então
 e são inversos um do outro, dos quais a comutatividade se obtém de forma
_ #
imediata; se um grupo possui quatro elementos, digamos  a   , en-
_
tão ao tomarmos um par de elementos de , por exemplo  e , vemos que

30
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

#


>  , pois se assim fosse  ou seria a identidade, desta forma obtemos


que:   a ou   , e em qual dos casos se verifica que  e , donde
_ _
concluímos que se " "  q então é abeliano. E o que ocorre para o caso
de o grupo possui cinco elementos? Para este caso uma análise nos moldes
das anteriores fica muito mais complicada, devido as diferentes possibilidades
que ocorrem no tomar dois elementos e multiplica-los. Uma idéia interessante
Ô
é considerar Ô  do grupo, diferente da identidade, e o subgrupo
um elemento
gerado por este elemento, o qual deve ter no mínimo dois elementos. Suponha
_ _
que Õ  . Fazendo Õ    e considerando ¾
C   e os subconjuntos
# _
  e   ¾  o¾ " o
  de , observamos que   %   ¾  &, pois se assim
[P
não fosse, se existisse ²  o¾
  %   ¾ então teríamos o ²  ¾
  , o que
_ _
é impossível, visto que ¾
C   . Dito isso, o conjunto   ‡   ¾ 0 é tal que
"  ‡   ¾ "   "  ". Como este número deve ser menor ou igual a cinco, deve
# _
ocorrer que "  "  , ou seja,    a  ; assim se existe ¿
C   ‡   ¾
Ô
então chegamos a uma contradição, uma vez que   ,   ¾ e  ¿ são dois a dois
_
disjuntos e a união destes produz seis elementos e " "  ª. Esta contradição
_
nos faz concluir que  Õ. Em suma, o que foi mostrado aqui se resume
dizendo que o grupo com cinco elementos é cíclico, e portanto abeliano. Todo
o feito até agora fez demonstrar o seguinte resultado.

Lema 1.3 (Cayley) Os grupos de ordem menor ou igual a cinco são abe-
lianos.

O conjunto   ¾ utilizado na demonstração do Lema de Cayley é especial-


mente nomeado, o que motiva a seguinte definição.

_ _ #
Definição 1.7 Se   ¡¢ 0 e `
, então ao produto  `  o` " o
 
_
se nomeia classe lateral à direita de   em representada por `. De forma
_
análoga se define a classe lateral à esquerda de   em representada por `.

Consideremos novamente o grupo de permutações  (Exemplo 1.2-(11),


página 16), em que
3 Ž Ž Ž 
4
4 <  =  <  =  <  = 4
4
4
4   4
4
4 Œ  !
Œ  
Π4
4
4
5 <  =  < = =  < 
  Ž Ž Ž 
4
4 <  =  <  =  <  =  44
4
4  4
4
4
4 Œ  Œ  
Π4
4
6 < =   = < = <  

31
1.6. O TEOREMA DE LAGRANGE

onde a notação Ž
 <  = 
Œ ¾ ¿ À

representa a aplicação definida por  <  ¾,    ¿ e  =  À. Observe-


mos que
3 Ž Ž 3 Ž Ž
5 <  = <  =  5 <  = <  = 
 Œ   Œ
  
e ð  Œ  Œ
 
6  < =  < =  6  < = =  < 

são ambos subgrupos de ; pois


Ž Ž Ž
 <  =  <  =   <  = 
Œ Œ Œ
 < =  < = <  =

bem como Ž Ž Ž
 <  =  <  =   <  = 
Œ Œ Œ
=  < =  < <  =

Notemos ainda que o produto


3 Ž Ž Ž Ž
5 <  = <  = <  = <  = 
ð  Œ   Œ
  Œ
  Œ
  0  
¡¢
6 <  =  < = =  < = <  

pois para que este fosse subgrupo de  o elemento


Ž Ž Ž
 <  =  <  =   <  = 
Œ Œ Œ
=  <  < =  = <

deveria pertencer a ð , o que não é o caso. Em suma, encontramos um


grupo  e dois subgrupos cujo produto não é um subgrupo. Anteriormente
observamos que se os elementos de  comutam com os elementos de ð , então
ð é um subgrupo. Notemos ainda que se os elementos de  e ð comutam
então os conjuntos ð e ð  são iguais. Será esta a condição necessária? A
resposta proporciona o seguinte teorema.

Teorema 1.11
_
 ¡¢
0 4
 _
_  ð ¡¢
0 $ ð  ð 
ð ¡¢
0 4

32
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

_
Demonstração. Suponhamos que ð ¡¢ 0 então considerando !.
ð ,
[P [P [P [P
obtemos que !.
ð . Ora, se !.  . !
ð , isto é, ð 0 ð . Da
_
mesma forma se mostra que ð  0 ð . Portanto se ð ¡¢
0 então ð  ð .
Suporemos agora que ð  ð  e consideraremos ñ ò
ð . Então
ñ  !P.P e ò  !., para determinados !P !
 e .P.
ð . Desta forma,
[ [P [P [P [P [P [P [P
ñò P  !P.P !.  !P.P. !  !P.P! .  Q!P! RS T Q.P.RS T  !.
ð .

)× )ó
_ ä Þ
Portanto se ð  ð  temos que ð ¡¢0 . Q.E.D.

_
Corolário 1.1 Seja um grupo abeliano e o natural  E ç, então
1
_ Ö _
ˆ m ˆ 1
  P‰ ‰ ¡¢n 0   ˆ 0 
ˆ€P ¡¢

Demonstração. Para    temos a veracidade do resultado, pois se oPo

_ _
 P , inferimos que oPo  ooP
  P, uma vez que oP o
e é
abeliano; assim  P  0   P. Da mesma forma obtemos que   P 0  P ,
e portanto  P     P. Agora, supondo a validade do resultado para  2 <
1[
ÒP
vamos prová-lo para . Chamando ˆ  ˆ  , e considerando !o1
 1
€P
_
obtemos !o1  o1 !
 1 , uma vez que  ¡¢0 e conseqüentemente ! 
1[
ÒP ˆ ë £ n _
1 _ 1 1
ˆ€P o m Ó) Ó
, bem como o
. Logo   0   , e da mesma forma
1
Ò _
se obtém que  1  0  1. Portanto ˆ  ˆ ¡¢
0 . Q.E.D.
€P

_
Observação 1.7 (1)   ¡¢
0   `    $ `
 
De fato, se  `    então para a`
 ` inferimos que a`
  , que é o
mesmo que `
  . Por outro lado, se `
  então segue imediatamente
da definição de  `, que  `    . Q.E.D.

(2) O produto de subconjuntos de um grupo é associativo.


_
De fato, o sejam ôP ô ô subconjuntos não vazios de , então se
ÀPÀ À
ôPô ô, como ÀPÀ À  ÀP ÀÀ , uma vez que ÀP À À

_
, segue que ÀP ÀÀ 
ôPô ô, mas ÀP ÀÀ 
ôP ôô ; donde
concluímos que ôPô ô 0 ôP ôô . A prova de que ôP ôô  0
ôPô ô, é inteiramente análoga. Portanto, ôPô ô  ôP ôô .
Q.E.D.

33
1.6. O TEOREMA DE LAGRANGE

_ _
mŠõ n 0     $  ¡¢
(3) &  0 .
Î
Com efeito, para quaisquer !.
 temos de imediato que !.
,
pois   . E mais, se !
 então devido a finidade de  temos
# 1 h
que existem  Z
N C 9 , com  E Z, tais que !  ! , e como
1 h _ _
! !  !
chegamos que estes possuem inversos em , de tal forma
h[1 h[1[P
que podemos escrever !  <, que é o mesmo que ! V !  <,
h[1[P
ou seja, o inverso de ! é o elemento ! , que por sua vez pertence a
h[1[P _
, já que !  Q! V RS V !T . Logo,  ¡¢
0 . A recíproca é imediata.
h[1[P vezes
Q.E.D.

_ [
Teorema 1.12   ¡¢
0       $  P
  .

[P [
Demonstração. Se      então       P    , e a conclu-
[P
são segue imediatamente da Observação 1.7-(1). Por outro lado, se 
 
[P
então novamente da Observação 1.7-(1) segue que      , donde temos
     . Q.E.D.

_ _ _ ^
Definição 1.8 Seja   ¡¢0 , o índice de   em , denotado por ]    , é
_
definido como sendo a cardinalidade das classes laterais à direita de   em .
Em símbolos: Ž
_ ^ ‘ ö
]     Œ  `  
÷)¤
_
Teorema 1.13 O índice de   em também é a cardinalidade do con-
_
junto das classes laterais à esquerda de   em , isto é,
Ž Ž
_ ^ ‘ ö ‘
]     Œ    ö Œ    
()¤ ø)¤

Demonstração. Para demonstrar este resultado consideremos a aplicação U


definida por

U  classes laterais à direita #  classes laterais à esquerda


#
[P
  ù   
Teorema 1.12û [
e provemos que U é uma bijeção. De fato,      ú   P
 
Observação 1.7-(1)û [P [P [P
ú                U    U     ou seja,

34
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

U é injetiva. A sobrejetividade segue de imediato da definição de U, pois


U d  [Pe    . Q.E.D.

_ _
Lema 1.4   ¡¢
0  '  ` é uma partição de .
÷)¤
_
Demonstração. Vemos claramente que '  `  , de forma que só nos
÷)¤
resta provar que se   
  então   %    &; mas provar isto é o mesmo
que provar que se   %  
& então      . Desta forma, se
  % 
então  oP  o , com oP o
  , e assim oP  o , donde temos que
[ [P
 P  oP o e, com base no Teorema 1.12 concluímos que      . Q.E.D.

_
Lema 1.5 Para qualquer `
tem-se " ` "  "  ".

Demonstração. A aplicação definida por

    
o ù o

é claramente uma bijeção. Q.E.D.

Teorema 1.14 (Teorema de Lagrange)


_ _ _ ^
0 mŠõ n  " "  ]    "  " 
  ¡¢
Î
Demonstração. Da Definição 1.8 e do Lema 1.4 temos que
¤ü£û
_ úö
  `ˆ 
ˆ€P
÷Ó)¤

e que esta união é disjunta. Portanto,


¤ü£û ¤ü£ û
_ úÏ Lema 1.5 û ú Ï _ ^
" " " `ˆ " ú  "  "  Q"  " 8 VRV V 8 "  "  ]    "  " 
ˆ€ ˆ€P S T
÷Ó)P¤ ¤ü£û vezes
ú
Q.E.D.

Observação 1.8 A recíproca do Teorema de Lagrange não é verdadeira, como


veremos mais adiante no Teorema 2.16, página 83.

35
1.6. O TEOREMA DE LAGRANGE
Ô
_ _
Corolário 1.2 Seja um grupo tal que " "  , com sendo um número
_ _ Ô _ #
primo. Então é cíclico, isto é,  `Õ, para algum `
C a .
Ô Ô
_ #
Demonstração. Seja `
C a eÔ consideremos `Õ o subgrupo gerado por
_ _
`. Do Teorema de Lagrange temos " `Õ" divide " " e portanto " `Õ"  " ", pois
_ _
" " é um número primo. Logo  `Õ. Q.E.D.

_ _ _ _ ^
Corolário 1.3   ¡¢
0  p ¡¢
0 são tais que p 0   0 então ]  p 
_ ^ ^
]    V ]   p .

Demonstração. Do Teorema de Lagrange temos


_ _ ^ 
" "  ]    "  " 4 4
4
4
_ _ ^  _ ^ _ ^
" "  ]  p "p " 4  ]    "  "  ]  p "p "
^ 4
4
4
"  "  ]   p "p " 
_ ^ ^ _ ^
 ]    ]   p "p "  ]  p "p "
ýþ ýê
_ ^ _ ^ ^
 M ]  p  ]    V ]  p 

Q.E.D.

_ Šõ n
Corolário 1.4 Seja à um elemento do grupo m . Então a ordem de
_ ý¤ ý Ô
à divide a ordem de e à a Î

‘
Ô ß à  
Demonstração. Por definição à Õ, aplicando Teorema de La-
grange obtemos
_ _ ^ _
" "  Q] R à Õ V ß à   ß à  " " " 
S T
)Z
Desta forma,
Lema 1.2
ý¤ ý m nj f m n g kpágina 26l
à  àÿ ä  àÿ ä  aä  a

Q.E.D.

Corolário 1.5 (Pequeno Teorema de Fermat) Seja um número


primo. Então:
v[P
c
Z C Z    <  

36
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

@ @
Demonstração. Seja 
Z C Z; então 
vZZ C ?9 . Agora, como vZZ C ?9
v[P
é um grupo cuja ordem é  2 < podemos concluir que   <, ou seja,
v[P
  <  . Q.E.D.

1.7 Função e Teorema de Euler.



K
Definição 1.9 Considere o conjunto Z BZ  com a operação 1 , que é cons-
tituído de todos os elementos de Z BZ que possuem alguma classe de equiva-
lência inversa em Z BZ, isto é,
 K K
wZ BZ   1 x  + < D  D  2 < ,   < para algum
Z - 
, 1
,
 ,
A função  N  N, conhecida como função de Euler, é definida pela
cardinalidade do conjunto acima definido, isto é,
 ‘  K
  wZ BZ   1 x  para cada 
N 

K

Lema 1.6 (1) O conjunto wZ BZ   1 x acima definido é igual ao con-
junto
#
< D  D  2 < "     < 
K

(2) wZ BZ   1 x é um grupo com  elementos.

Demonstração.

(1) Se     < então temos da teoria dos números [ [3], Teorema 12,
página 17] que existem H !
Z tais que H 8 !  <, donde temos
I
H 8 !  <, que é o mesmo que H 1 !  <, e como K 9  ! inferimos
que H  <. Portanto existe H
Z tal que  1 H  < e assim 


K 
K
wZ BZ   x.
1 K Por outro lado, se 
wZ BZ   1 x segue que existe
“
.
Z tal que  1 .  <, donde temos que . 2  <, e se    
segue novamente da teoria dos números [ [16], Teorema 66, página 54]
“
que a equação só possui solução em . se e somente se " <, e portanto,
“ “
como ; 9, concluímos que  <.

(2) Segue de imediato das K propriedades das classes de equivalência e da



definição de wZ BZ   1 x.

37
1.8. SUBGRUPOS NORMAIS E GRUPOS QUOCIENTES

Q.E.D.

Teorema 1.15 (Euler) Sejam  e  dois inteiros relativamente primos.


m1n
 <  , onde é a função de Euler.

Então 

f m1n g
Demonstração. Como  e  são relativamente primos temos que    

K
<, e conseqüente     <, de forma que 
wZ BZ   1 x. As-
m1n 
sim, do Corolário
K 1.4 [página 36] temos   <, uma vez que  
‘  m(n
wZ BZ   1 x. Portanto   <  . Q.E.D.

1.8 Subgrupos Normais e Grupos Quocien-


tes
O conceito de subgrupo normal é um dos mais importantes em teoria dos gru-
pos e em teoria de Galois; este conceito foi introduzido por aquele que dá nome
a teoria, ao estudar a estrutura do que definiu posteriormente como grupo de
uma equação algébrica. Neste capítulo mostraremos como a partir de um
grupo e um subgrupo normal se pode construir um terceiro grupo, chamado
grupo quociente, o qual é útil no obter propriedades do grupo original.

_ _
Definição 1.10 (1) Seja um grupo e  um subgrupo de , dizemos
[P _
então que  é um subgrupo normal se `  `   , para todo `
,
_
e nesse caso escrevemos  
[P
(2) Os subgrupos de `  ` são chamados de subgrupos conjugados de  ,
÷
e são denotados por  .

_ [P _
Observação 1.9 Se   ¡¢
0 então ` `  "  ", para todo `
.
, ,
, ,
De fato, para que a observação seja verdadeira basta que exista uma bije-
[P
ção entre ` ` e   ; uma tal aplicação é dada por
[P
     ` `
[P
o ù `o`

38
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

[P [P [P [P
uma vez que, se  oP   o  `oP`  `o`  `oP` `  `o` ` 
[ [ [ [
`oP  `o  ` P`oP  ` P`o  oP  o, e ainda, se `o` P
` ` P temos
[P
de imediato da definição da aplicação que existe o
  tal que  o  `o` .
Q.E.D.

_
0
Teorema 1.16 Se  ¡¢ então as seguintes condições são equivalentes:
_
(1)   .
[P _
(2) `  ` 0  c`
.
_
(3) `    ` c`
.

Demonstração.
_ [P
<   Como   temos `  `  , donde segue diretamente que
[
` ` P 0 .
[
  = Por hipótese `  ` P 0  , para todo `
 , desta condição obtemos
[
`  0  `; e tomando ` P no lugar de ` se conclui  ` 0 `  , de forma
a obtermos assim a igualdade.
_
=  < Como `    ` segue diretamente da definição que  .

Q.E.D.

# _
Exemplo 1.12 (Subgrupos normais) (1) a e são subgrupos normais
_
de .
º _ _ º _ _
(2)    . De maneira mais geral, se   ¡¢
0   então    .

º _ _
Demonstração. Se   ¡¢ 0   então para qualquer 
é válido que
[
o  o, para todo o
  , ou seja, o P  o; e portanto, como o
_
varia em   concluímos que      , para todo 
  , isto é,    .
Q.E.D. Ô

[P [P @ _
(3) O conjunto   ?   
 é tal que Õ  .
,
,
39
1.8. SUBGRUPOS NORMAIS E GRUPOS QUOCIENTES
Ô
[P
Demonstração. Primeiramente observamos que se ñ
 então ñ

; conseqüentemente,
1 se  é um elemento de Õ, então  pode ser escrito
Ò ˆ _
na forma   ˆ ñ , com ñˆ mP‰ˆ ‰1 n
. Agora, vemos que se `

€
Ô P 1
Ò 1
Ò
[P [P [P
então `  `  ` wˆ ñˆ x `  ˆ `ñˆ ` , de forma que para mostrar
€P €P
[P [P
que `  `
Õ, basta mostrar que `ñ`
 sempre que ñ
. Seja
[P [P
então ñ    um elemento de , assim
[P f [P [Pg [P
`ñ`  `   `
f [Pg f [Pg f [P [Pg f [P [Pg
 `` ` ` ` ` ` `
f [Pg f [Pg f [Pg [P f [Pg[P
 `` ` ` `` ` `

[Pe [ _
pois d``  d` ` Pe
. Q.E.D.

_ ^ _
(4) Se ]     , então    .

Demonstração. Para mostrarmos a validade deste resultado, devemos


_
mostrar que     , para todo 
. Se 
  então        
e o resultado está provado. Por outro lado, se 

>   temos
3
5     
6    
_ ^
Como ]     , existem exatamente duas classes laterais à esquerda,
que são   e   . Agora, invocando o Teorema 1.1 [página 6] podemos
afirmar que uma relação de equivalência num espaço decompõe o espaço
na união disjunta de suas classes laterais de equivalência, de forma que
_ _ _
   C  . Da mesma forma,    C  . Portanto    C    .
Q.E.D.

O próximo resultado, de grande importância, mostra como construir um


grupo, chamado grupo quociente.

_
Teorema 1.17 (Grupo Quociente) Seja um grupo e  um subgrupo
_
normal de . Então os conjuntos das classes laterais a esquerda e a
_
direita de  em , denotados respectivamente por  e  são tais que  
, e ainda, estes conjuntos formam um grupo com a operação induzida

40
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

_
da operação de , o qual é denominado grupo quociente e denotado por
_ ¤
B ou por

Demonstração. A primeira parte do teorema segue imediatamente do Te-


orema 1.16-(3) [página 39], uma vez que toda classe a esquerda é uma classe
à direita com mesmo representante. Desta forma, é suficiente mostrar que
_ _
B   é um grupo. Assim, fazendo B   e considerando   e 
_
elementos de B temos,

m
n1.10
Definição
¤ f [P g
k l
     
f [P g
    
   
Observação 1.7-(1)
k página 33 l
 N   

_
ou seja, a operação induzida de (no caso, o produto de classes laterais
_
direitas) é fechada em B ; e mais, esta operação está bem definida, haja
vista que se  :   P e  :   P então, procedendo como acima se
_
conclui, que  : :   P P. Por fim, em B está definida a operação
_ _ _
B J B  B
    ù     

que satisfaz:

(1) Associativa.
[P e [
De fato,            d    d P e 
               .

(2) Existência da identidade.


_ _
Seja a a identidade de , de tal forma que  a  
B , e ainda,
  a   a   , para toda classe  .

(3) Existência do inverso.


_ _
Sabemos que se  
B temos que 
, e assim teremos que
[ _ [ _ [ [
 P
, donde temos   P
B , de modo que   P      P 
a  .

41
1.9. GRUPOS CÍCLICOS

_
Portanto, de (1), de (2) e de (3) concluímos que B , com a operação induzida
_
de , é um grupo. Q.E.D.

Corolário 1.6 _ _
_ Šõ n " "
 m  , , 
, , " "
Î , ,
, ,
Demonstração. Do Teorema de Lagrange [Teorema 1.14, página 35] temos
_ _ ^ _ ^ ý¤ ý
que " "  ]   " ", ou seja, ]    ý ý; sabemos ainda, da Definição 1.8
_ ^ ¤ _ ^ ¤ ý¤ ý
[página 34], que ]    ,'÷)¤  ` ,  , ,. Portanto, ]    , ,  ý ý.
, , , , , ,
Q.E.D. , , , , , ,

1.9 Grupos Cíclicos


No estudo e classificação dos grupos, os mais elementares a serem conside-
rados são aqueles gerados por um elemento, os denominados grupos cíclicos
[Definição 1.4-(3), página 26]. O entender das propriedades e estruturas destes
grupos é de grande importância no desenvolvimento da teoria, pois como pro-
varemos mais tarde, no Teorema 3.11 [página 98], todo grupo abeliano finito
se decompõe como o produto direto de grupos cíclicos.
_ _
Teorema 1.18 Se e   são dois grupos cíclicos, então è
  se, e
_
somente se, " "  "  ".

Demonstração.

( ) É imediato da definição de isomorfismo - uma vez que um isomorfismo


Ô Ô
U  _    é uma bijeção de _ em   .

_
( ¬) Sejam  `Õ e    oÕ. Podemos definir a aplicação U por:
U _   
ˆ ˆ
` ù o
De tal forma que podemos verificar facilmente ser U um homomorfismo:
f f f f
U ` ˆ `‹ g  U ` ˆi‹ g  oˆi‹  oˆ o‹  U ` ˆ g U `‹ g 

Provaremos ainda que U é um monomorfismo e epimorfismo [Definição


1.5, ítens (2) e (3), respectivamente, página 27], e então estará provado
que U é um isomorfismo.

42
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

(1) A aplicação U é um monomorfismo.


f ˆg f ‹g ˆ ‹
De fato, sabemos que se U `  U ` então o  o . Se ß o 
ˆ ‹
ç então a equação o  o implica que ­  ® ; por outro lado, se
ˆ ‹
ß o E ç então da equação o  o obtemos ß o " ­ 2 ® , e
como 9 D ­® E ß `  ß o concluímos que ­ 2 ®  9, ou seja,
­  ®.
(2) A verificação de U é um epimorfismo é imediata, uma vez que para
‹ ‹
qualquer elemento de   , digamos o , tomamos ` de tal forma que
f
U `‹ g  o‹ .

Q.E.D.

Escólio 1.1 O Teorema 1.18 caracteriza os grupos cíclicos em termos de sua


cardinalidade, e como conseqüência deste teorema temos os seguintes resulta-
dos.

Corolário 1.7 Qualquer grupo cíclico infinito é isomorfo aos inteiros.

_ _
Demonstração. De fato, se é um grupo cíclico infinito então " "  ç 
_
"Z ", e do Teorema 1.18 podemos concluir que è Z. Q.E.D.

Corolário 1.8 Se  é um número natural, então existe um único grupo


cíclico de ordem , a menos de isomorfismo.

_ _
Demonstração. Se é um grupo cíclico de ordem  então " "  "Z BZ ".
_
Desta forma, pelo Teorema 1.18 concluímos que è Z BZ. Q.E.D.

_ _
Teorema 1.19 Se um grupo cíclico então os subgrupos de também
_
são cíclicos, bem como os quocientes de .

Demonstração. Faremos a demonstração deste lema em duas partes.


_
(1) Se   ¡¢
0 então   é cíclico.
Ô
# #
Se    a não há que se provar, suporemos então que    a .
_ _
Consideramos que  `Õ, e como   ¡¢ 0 temos que existe um inteiro
h
Z F < tal que `
  . Tomamos então  como o menor inteiro positivo

43
1.9. GRUPOS CÍCLICOS Ô
Ô
1 1
para o qual `
  . Provaremos agora que    ` Õ. Claramente temos
1
que ` Õ 0   . Consideremos agora o
  , como o também pertence
_
a , temos que o  `ä, para algum inteiro !. Dividindo, segundo a
divisão euclideana, ! por  inferimos que existem inteiros G e H, tais
1 iÑ
que !  G 8 H, onde 9 D H E , de tal forma que o  `ä  ` æ 
1 Ñ Ñ
Ô equação concluímos
` æ` , ou seja, desta última Ô que `
  . Ô Como
»¼ h #
   ` " Z
Z i e 9 D H E  obtemos que H  9, isto é,
1 1 1
`ä  `G e assim o  `ä
` Õ. Portanto   0 ` Õ. Logo    ` Õ.
Ô
_
(2) O grupo B é cíclico.
_ _
Novamente suporemos que  `Õ. Sabemos que se  Ô
então
_ 1 _

B , ou seja, ` 
B para algum inteiro . Portanto,
_ 1
procedendo como no item anterior concluímos que B  `  Õ.

Q.E.D.

_ Ñ _
Lema 1.7 Seja um grupo cíclico finito, e seja ` , com 9 D H E " ", um
_
elemento de . Então
_
Ñ " "
ß `    _ 
H " "
ý¤ ý ý¤ ý
Demonstração. Se H  9 o resultado é imediato, pois mÑ ý¤ ýn  ý¤ ý  < 
:
ß a  ß d` e. Suporemos então que H ; 9, e neste casoÙpodemos N supor que
 _ _  _
H  V H " " e " "  Z V H " " ¢, com  e Z inteiros positivos. Note-
Ñ h f 1j mÑ ¤ ýn g   ¢ 
ý 1 ý¤ ý
mos ainda que `   `    `   a , donde podemos
Ñ Ù ý¤ ý Ñj m÷  n
ýN ýn
concluir que ß `  D Z  mÑ ¤ ; por outro lado, como ` ÿ  a, então
_ Ñ ^ Ñ ^
Ù Z " ] V ß `  , e como Z e  são primos entre
" " " ]H V ß `  , donde temos N
Ñ Ñ
si, inferimos que Z " ß `  de forma a termos Z D ß ` . Portanto, como
Ñ ý¤ ý ý¤ ý Ñ Ñ ý¤ ý
ß `  D mÑ ý¤ ýn e mÑ ý¤ ýn D ß ` , concluímos que ß `   mÑ ý¤ ýn .
Ù Ù Ù
N N N Q.E.D.

Na Observação 1.4 [página 20] vimos que a união de subgrupos em geral


não é um subgrupo. Entretanto se estes subgrupos são cíclicos então a união
será um subgrupo, que também é cíclico.

Lema 1.8 A união de dois grupos cíclicos é um grupo cíclico.

44
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

_ _ _
Demonstração. Sejam P e  grupos Ô Ô vamos provar que
cíclicos, 
_ _ _ _
P ‡  é um grupo cíclico. De P e  serem grupos cíclicos temos que
_ _ _ _ _
existem à
P e Å
 tais que, à Õ  P e ÅÕ  . Assim, se `

_ _
então `
P ou `
, de forma que
m n m¥n
ÿÖ ÈÓ ÿÖ Ó
` à ˆ ou `  ň  para Àˆ  ±< 7ˆ  ±<
ˆ€P ˆ€P L

ou seja,
ÛÜ m n m¥nÝ 3
ÿÖ ÿ ÈÓ Ó 5 Àˆ  9 ß à  D ­ D ¶ ß à   ß Å#
`  ÙÚ N à ˆ ň  com
ˆ€P L 67ˆ  9 ß Å D ­ D ¶ ß à   ß Å#

ou ainda,
3
4
4
4 Zˆ  < se Àˆ  7ˆ
4
4
ÛÜ m n m¥nÝ 4
4Zˆ  2< se Àˆ 
ÿÖ ÿ ˆ ˆ hÓ 5 7ˆ
` ÙÚ à Å   com 
ˆ€PN 4à ˆ ň hÓ  ň Ó  se Àˆ

4
4
4
4
4 L
6à ˆ ň hÓ  à ˆÈÓ
4
 se Àˆ

  ##
  ß à   ß à  8 <     ¶ ß à   ß Å 
##
  ß Å  ß Å 8 <     ¶ ß à   ß Å 
ÛÜ m n m¥nÝ
_ ÿÒ ÿ hÓ _
Portanto é gerado por `  ÙÚ ˆ à ˆ ň  . A verificação de é um
€PN
grupo é elementar. Q.E.D.

_ _
Teorema 1.20 Seja um grupo finito, então é cíclico se, e somente
_ _ _
se, para todo divisor 7 de " " existe um único subgrupo cíclico de
_
com " "  7. L
L
Demonstração.

( ¬) Segue diretamente do Lema 1.8, visto acima.


Ô
_
( ) De acordo com o Teorema 1.19 temos que os subgrupos são cíclicos.
_ f ý ý g
Seja  `Õ e então vemos que ß ` ¤  7, pois segundo o Lema
1.7 temos que L
¢ _ _ _
" " " " " "
ßw `   x fý ý
  ¤ _ g  P  _ _  P _  7
" " " "  " " " "
L L L
45
1.10. TEOREMAS DO ISOMORFISMO E O TEOREMA DA CORRESPONDÊNCIA
Ô
_
Seja   ¡¢
0 de tal forma que "  "  7, como   é cíclico podemos afirmar
que    oÕ, para  ¢algum o. Para concluirmos a prova é suficiente
_ h
mostrar que o
`    . Desta forma, como o
, temos que o  ` ,
h
para algum Z. De "  "  7 obtemos que o  `  a, e isto implica que
_ _ L fý¤ ý g
L
" " " Z7, ou seja, existe G, tal que Z7  G V " ". Portanto, Z  G,
e assim L
h ¢e ¢ æ  ¢
 ` d

o` æ  w`   x
`     

Q.E.D.

1.10 Teoremas do Isomorfismo e o Teorema


da Correspondência
No texto que precede tentamos deixar claro, ainda que de forma tácita, a
importância em classificar os grupos e seus isomorfismos. Neste sentido é im-
portante estudar as propriedades do homomorfismo de um grupo em outro,
pois um caso especial de homomorfismo é aquele que leva à condição de iso-
morfismo - veremos mais adiante que condição é esta. Um primeiro intento de
grande utilidade é iniciar considerando uma aplicação de um grupo em outro
e então buscar verificar se esta aplicação é um isomorfismo. Para ilustrar esta
idéia consideramos a seguinte situação. Seja o conjunto
3 Ž 
_ 5 <  
  Œ  ,, 
Z \
6 9 < , 
,
,
,
_
o qual pode-se verificar sem maiores complicações que com o produto usual
das matrizes é um grupo. A nossa busca agora é a definir um homomorfismo
_ _
de em Z. Nosso primeira tarefa é relacionar um elemento de um inteiro
para definirmos uma aplicação. Nesse sentido podemos propor uma aplicação
U que a cada inteiro  associe o elemento

Ž
 <  \
Œ
9 <

46
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

uma tal aplicação pode ser definida por:

U Z  _
Ž
 <  
 ù Œ
9 <

Um cálculo simples mostra que a soma de inteiros é transformado no produto


de matrizes, isto é:
Ž Ž
U P 8    < P  <  
Œ Œ
9 < 9 <

De fato, pois
Ž Ž Ž
U P 8    < P 8   Œ  < 9 8 Œ  9 P 8  
Œ
9 < 9 < 9 <
Ž Ž Ž
 < 9 8 Œ  9 P 8 Œ  9  
 Œ
9 < 9 9 9 9
Ž Ž Ž Ž
 < P 8 Œ  9   Œ  < P Œ  <  
 Œ
9 < 9 9 9 < 9 <

Posto isto, é fácil verificar que U é bijetora, ou seja, U é um isomorfismo. Neste


exemplo resultou um isomorfismo entre grupos propostos, entretanto há situa-
ções na qual não se terá uma forma imediata de estabelecer um homomorfismo
_
entre grupos considerados. Em suma, suponha que tenhamos dois grupos
_
e   e um homomorfismo      , nosso objetivo é analisar os seguintes:
_
(I) Se  é injetiva,   contém um subgrupo isomorfo a que será, a saber,
a imagem de  .
_
(II) Se  é injetiva, então è
é  .

(III) Se  não é injetiva, então seu núcleo é diferente da identidade. De tal


forma que para qualquer 
íî  temos:
f [Pg f [Pg f [Pg f [Pg
 ``   `    `   ` a£  `   `  `  a£ 

_
O item (III) mostra que íî  é normal em . Por fim, analisaremos se
¤
existe uma relação entre ï  e  é .

47
1.10. TEOREMAS DO ISOMORFISMO E O TEOREMA DA CORRESPONDÊNCIA

_
Teorema 1.21 (Teorema do Homomorfismo) Se      é um ho-
momorfismo, então
_
_
íî    e è ï 
íî 
_
Demonstração. Já foi mostrado em (III) que íî  é normal em . Consi-
deremos agora a aplicação  definida por
¤é
    ï 
íî    ù  
Vemos claramente que  está bem definida, haja vista que se íî    
[ [
íî   então  P
íî  e portanto  d Pe  a£ , o que implica que
     . A normalidade do núcleo de  implica que  é um homomor-
fismo, pois
^ ^
 ]íî    íî    ]íî       

^ ^
   V      ]íî    V  ]íî   

Claramente se vê que a aplicação  é sobrejetora; e ainda,


# #
íî   íî   "    a£  íî   " 
íî   íî   a \
¤
assim íî   +a !"¢ # -, ou seja,  é injetiva. Portanto,  é è 
$ ï .
Q.E.D.

_ _ _
Teorema 1.22 Seja um grupo, se   ¡¢ 0 então    se, e somente se,
   íî  , para algum homomorfismo  .

Demonstração. Se    íî  , para algum homomorfismo, então segue de


_ _ _
(III) que    . Por outro lado, se    , consideremos B  e definimos a
_ _
aplicação A   B  por A    . Fazendo uso da normalidade de  
_
em temos:
f [Pg
A                    
f [P g
           A  A  

ou seja, A é um homomorfismo; e ainda,


_ ¢ â _ #
íî A  á
,    a %  
"        
,
,
Portanto, A é um homomorfismo com núcleo   . Q.E.D.

48
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

Escólio 1.2 O Teorema 1.22 mostra que os subgrupos normais de um grupo


_
estão determinados por homomorfismos de em algum outro grupo qualquer.
A aplicação A recebe o nome de projeção canônica.

Teorema 1.23 (Primeiro Teorema do Isomorfismo)

_
4
  ¡¢
0     p
_
 p %    e è _ 
4 p % 
p

Demonstração. Posto que p %   0   , isto é, a normalidade de p implica


[P
que ` p %   ` 0 p %   0   , para todo `
  . Logo, p %      .
Claramente temos que p  p  . Seja a aplicação U definida por

U     £þ
þ
 ù p

Usando a normalidade de p podemos ver que U é um homomorfismo:

U    ^ [P e
p    p ]p    p dp 
[
 p dp Pe  p p  U  U   

Por outro lado, temos

â
íî U  á
  , p  a %&
&
, #
 
  ", p  p
#
 
  " 
p    % p
£þ
Desta forma, como íî U    % p e ï U  þ concluímos, usando o
£ £þ
Teorema do Homomorfismo, que £ 'þ è þ . Q.E.D.

Teorema 1.24 (Segundo Teorema do Isomorfismo)

_ 
4
  4
4
4 _ _ _
_    Bp
p   e è 
4
4 p p  Bp  
4
4
p 0  

49
1.10. TEOREMAS DO ISOMORFISMO E O TEOREMA DA CORRESPONDÊNCIA

Demonstração. Seja p  p , então como p 0   temos      , haja


vista que
para algum )þ û
p  p ú    7
)þØ£Lû
ú      7    
L
De tal forma que podemos definir aplicação
U  _Bp  _B 

p ù  

a qual vê-se claramente ser um epimorfismo. E ainda,

p
íî U $      $ 
  $ p
 Bp 

ou seja, íî U   Bp. Portanto, aplicado o Teorema do Homomorfismo


_ ¤þ £ ¤
inferimos que  Bp  Bp e £ þ è
. Q.E.D.

Teorema da Correspondência. Quando se tem um subgrupo normal  


# _ _
a de um grupo finito , o quociente B resulta ter cardinalidade menor
_
do que a da . Neste sentido, o grupo quociente é “menor” e possivelmente
seja mais fácil estudá-lo. O desejável é que do conhecimento das propriedades
_ _
de B se possa obter as propriedades de . Se isto for possível então deve
_ _
haver uma relação entre os subgrupos de B e os subgrupos de , mas se for
assim a quais subgrupos esta relação estará definida, e que relação é esta? O
teorema seguinte vai de encontro com a questão plantada, estabelecendo uma
_
correspondência bijetiva entre os subgrupos de que contém  e os subgrupos
_
normais de B ; afirmando ainda que esta relação preserva normalidade e
índice.
_ _
Teorema 1.25 (Teorema da Correspondência) Seja um grupo, 7 
_ _
e A   Bp a projeção canônica. Então A define uma correspondência
_ _
bijetiva entre os subgrupos de que contém p e o subgrupos de Bp.
Se o subgrupo correspondente a  e b, então:

(1) b  Bp  A .


^ ^
(2) ð 0  se, e somente se, ð b 0 b e, neste caso, ]ð    ]ð b  b .

(3) ð   se, e somente se, ð b  b e, neste caso, Bð  bBð b.

50
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

_ _
Demonstração. É claramente visto que se p 0  0 , então Bp 0 Bp .
_ SG SG SG
Consideremos então  e ð subgrupos de que contém p , tais que Bp 
ð Bp, e provaremos que   ð . De fato, por simetria é suficiente mostrar que
 0 ð . Seja 
, então p  p para algum
ð , e assim, usando o
[P
Teorema 1.12 [página 34] obtemos que 
p 0 ð e como
ð temos
que 
ð , donde concluímos que a correspondência é injetiva. Tomemos
_ [P _
agora b 0 Bp e   A b. Vê-se diretamente que  0 ; e ainda,
[
A   A dA P be  b, pois pela definição de  temos que A  0 b e
SG SG

como A [projeção canônica] é uma aplicação sobrejetiva, inferimos que dado


.
b existe !
 tal que A !  ., e portanto b 0 A . Mostramos assim
o item (1) e que A define uma correspondência bijetiva.

(2) É bastante claro que A preserva as inclusões, pois se p 0 ð 0  então


como já observado ð Bp 0 Bp , isto é, A ð  0 A . Resta-nos provar
^ ^
então que se p 0 ð 0  então ]  ð  ]b  ð b , que é equivalentemente
a mostrar que existe uma correspondência bijetiva entre as classes ð b!b
#
e as classes ð !. Desta forma, dado ð !
ð ! " !
 , A ð !  ð b!b.
Esta correspondência entre as classes está bem definida, pois ð !P  ð !,
[P [P
então !P!
ð , e portanto !bP !b 
ð b. O argumento apresentado
anteriormente também prova que A é injetiva no conjunto das classes;
por outro lado se verifica diretamente que esta aplicação é sobrejetiva, e
portanto bijetiva.
[P
(3) Se ð  , então !ð !  ð para todo !
, donde obtemos
f [Pg f [Pg f [Pg
A ð   A !ð !  A ! A ð  A !  A ! ð b A !  ð b

Assim, dado qualquer 


b,  será da forma   A !, para algum
!
, e portanto
[P [P f [Pg
ð b   A ! ð b A !  A !ð !  A ð   ð b 

provando assim que ð b  b. Reciprocamente, se ð b  b, devemos mostrar


[P
que !ð ! 0 ð , para todo !
. Dado .
ð temos
f [Pg f [Pg [P
A !.!  A ! A . A !
A ! ð bA !  ð b
[P [P [P
e portanto, !.!
ð  A ð b, isto é, !ð ! 0 ð . Por último, como
_ _
p  temos que p é normal em qualquer subgrupo de , deste fato e

51
1.11. PRODUTO DIRETO DE GRUPOS

aplicando o Segundo Teorema do Isomorfismo podemos concluir que


b Bp 
 è 
ðb ð Bp ð
Q.E.D.

Escólio 1.3 O teorema acima afirma que os subgrupos que estão contidos
em p desaparecem no quociente; e os que não estão, aplicando o Primeiro
£þ £
Teorema do Isomorfismo, originam subgrupos da forma þ è £ 'þ , que pode
ser interpretado como a translação de   módulo p . O seguinte diagrama
ilustra a situação do teorema:

_
 ???
 ??
?
 _
? Bp
  ?? 
 ??
? 
 
p? A   Bp
?? 
?? 
@
? 
?<  pBp

1.11 Produto Direto de Grupos


Um dos problemas fundamentais em álgebra, é o de poder “decompor” os ob-
jetos de estudos em termos de elementos mais simples de se entender. Por
exemplo, aos estudarmos os números inteiros vemos que estes podem ser re-
presentados como o produto de números primos [Teorema Fundamental da
Aritmética]; quando estudamos matrizes não-singulares vemos que estas po-
dem ser representadas como o produto de matrizes elementares; se, por sua
vez, o objeto a ser estudado é um Espaço Vetorial de dimensão finita junto
com o operador ð , então estes podem ser representados como a soma direta
de subespaços ð -invariantes com propriedades adicionais [Teorema da Decom-
posição Primária]. No estudo da Teoria dos Grupos um problema de grande
importância é o da “decomposição”de um grupo como “produto” de subgrupos.
Este resultado ser um problema de grande dificuldade, no entanto, introdu-
zindo algumas hipóteses [abeliano e finito] chegamos a resultando satisfatório,
Teorema 3.12 [página 99]. O processo de fatorar resulta ser muito difícil do
que o de multiplicar. Passemos então a definir o produto de grupos.

52
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

Lema 1.9 Consideremos  e ð grupos e o conjunto (   Jð o produto


cartesiano e definimos em ( uma operação por:

!P.P V !.  !P!.P. 

Então o conjunto (, nestas condições, é um grupo.

Demonstração. Aplicando a definição da operação de ( à definição de grupo


obtemos facilmente o resultado desejado. Q.E.D.

Definição 1.11 Sejam , ð e ( como no Lema 1.9, então neste caso o grupo
( é chamado produto direto externo de  e ð , e escrevemos (   ) ð .

Lema 1.10 Se ( é o produto direto externo de  e ð então ( contém


dois subgrupos  e  isomorfos a  e ð , respectivamente, os quais são
# #
explicitados como    ) a e   a ) ð e estes subgrupos possuem
#
as propriedades:     (;  %   a* e (   ) .

Demonstração. Vemos facilmente que


U     ð  
e +
! ù ! a . ù a.

são isomorfismos de  em  e de ð em , respectivamente. De fato, se

U !P 
U !  !P a 
! a  !P 
!

ou seja, a aplicação U está bem definida; vemos também que esta é um homo-
morfismo, pois

U !P!  !P! a  !P a V ! a  U !P V U ! \

e ainda, se U !P  U ! temos que !P a  ! a, e assim !P  !, de
forma que U é uma aplicação injetiva; por fim, para todo ! a
 existe
!
 tal que U !  ! a, e portanto a aplicação U é um isomorfismo de 
em . O processo é análogo para a aplicação . Provemos agora que     (.
[P + [P
Seja 
` ` , para algum `
(, então   `P ` ! a `P ` , para de-
f [P [P g
terminados !
 e `P `
(, de tal forma que   `P ` ! a ` P  ` 
f [P [P g f [P [P g f [P [P g f [P g
`P! `a ` P  `  `P!` P  `a`  `P!` P  ``  `P!` P  a , e

53
1.11. PRODUTO DIRETO DE GRUPOS

[P
como (   ) ð podemos concluir que !b  `P!` P
, neste caso, pode-
[P
mos inferir também que   !b a
 e portanto ` ` 0 ; a recíproca é
claramente verdadeira, bastando tomar `  a* . A prova de   ( é análoga.
Tomemos agora ,
 % , então

,  ! a  a.  ,  a a  a*


( 

Por fim, seja  


(, e sabemos que     aVa , ou seja, ( 0 );
vemos também que  )  está claramente incluso em (. Q.E.D.

Definição 1.12 Quando um grupo ( contém subgrupos de tal forma que as


condições do Lema 1.10 se cumprem, então neste caso se diz que ( é o produto
direto interno de  e , e também escrevemos (   ) ð .

Escólio 1.4 Embora de notações iguais a diferença entre o produto direto


externo e o produto direto interno reside no fato de que no primeiro caso os
grupos  e ð são quaisquer, não estando necessariamente incluso em (; já no
segundo caso, os grupos  e  são subgrupos normais de (, de forma que a
decomposição se dá com “elementos” internos a (. A notação adotada se faz
por simbolizar o produto direto entre grupos, externos e internos, a diferença
se necessário será especificada pelo contexto.

Lema 1.11 O produto direto externo de grupos é “comutativo” e “associ-


ativo”, mais precisamente:

(1)  ) ð è ð ) ;

(2)  ) ð  ) - è  ) ð ) -.

Demonstração.

(1) Considere a aplicação U definida por:

U   )ð  ð )
!. ù . ! 

cuja verificação de ser isomorfismo é clara.

54
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

(2) Da mesma forma definimos a aplicação por:


+

  ) ð  ) -   ) ð ) -
+
!.  G ù ! . G 

cuja verificação de ser isomorfismo também é elementar.

Q.E.D.

_ _
Teorema 1.26 Seja uma coleção de grupos P     1, então o produto
_ _
P ) V V V ) 1 é único salvo isomorfismo. [Isto é, o produto é independente
da ordem e forma de associar os fatores.]

Demonstração. Segue diretamente do Lema 1.11 Q.E.D.

_ _
Teorema 1.27 Sejam e   grupos, então )  é abeliano se, e somente
_
se, e   o são.

_ _
Demonstração. Se )   é abeliano então para quaisquer `P `
e
oP o
  temos

`P oP V ` o  ` o V `P oP  `P` oPo  ``P ooP
3
5 `P`  ``P

6oPo  ooP
_
 e   são abelianos.
_ _
Por outro lado, se e   são abelianos então para quaisquer `P `
e
oP o
  temos

`P`  ``P 
 `P` oPo  ``P ooP
oPo  ooP 
_
 )   é abeliano.

Q.E.D.

Teorema 1.28 Sejam Z e  inteiros primos entre si. Então


Z Z Z
è J 
ZZ ZZ Z

55
1.11. PRODUTO DIRETO DE GRUPOS

Demonstração. Consideremos a aplicação U definida por

U  h1
Z
 hZZ J 1ZZ
Z
 ù  8 ZZ   8 Z  

Vemos primeiramente que esta aplicação está bem definida, pois se P  


 Z então
 
Z " Z "  2 P  P    Z 

 " Z "  2 P  P     
 P 8 ZZ  P 8 Z    8 ZZ   8 Z 

Também podemos observar que U é um homomorfismo, pois

U P  U P  P 8 ZZ  P 8 Z 

 P 8 ZZ   8 ZZ   P 8 Z   8 Z 


 P 8 ZZ  P 8 Z   8 ZZ   8 Z   U P U  

Provemos agora que U é uma aplicação injetiva. De fato, se U P  U 


então P    Z e P    , como Z e  são primos entre si
podemos inferir1 de Z "  2 P, e portanto P    Z, ou
seja, P  . Portanto, como U é um monomorfismo e os grupos Z BZZ
e Z BZZ  J Z BZ  possuem ordem finita, podemos concluir que U é um
isomorfismo e conseqüêntemente Z BZZ  è Z BZZ  J Z BZ . Q.E.D.

Corolário 1.9 (Teorema chinês do resto)


h
Ö ÈÓ Z Z Z
 ˆ  è È È. 
JVVV J h
ˆ€P Z PZ Z
M
Òh ÈÓ
onde ˆ ˆ é fatoração de  em primos.
€P

1
Se / e 0 são inteiros tais que / 1 2 e 0 1 2 e se / e 0 são primos entre si, então 3/04 1 2.
De fato, se 567 3/8 04 9 : então existem ;8 < = Z tais que ;/ > <0 9 :, donde temos,
; 3/24 > < 3024 9 2. Assim como / 1 2 e 0 1 2 temos que 3/04 1 3/24 e 3/04 1 3024, ou
? ? ? ?
seja, ; 3/0 3 44 > < 3/0 3 44 9 2, para inteiros e determinados, então, desta ultima
M
equação podemos concluirO que 3/04 1 2. M O Q.E.D.

56
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS

Demonstração. Para Z   o resultado está demonstrado, pois como


  È  È   < o resultado é o exposto no Teorema 1.28. Agora supomos
P 
M O
que o resultado é verdadeiro para Z 2 <, isto é,
Z Z Z
h[ è È J V V V J È. ê 
Ò P ˆÈÓ P Z h[ PZ
ˆ€P Z M M
h[
Ò P ˆÈÓ È.
Assim, como  w ˆ  h x  < obtemos
€P
Z Z Z Teorema 1.28û Z Z Z
 Òh ÈÓ  h[ P ú è È J V V V J È. ê È. 
J h
Z È . Ò ÈÓ P Z h[ P Z
ˆ h ˆ Z
ˆ€P Z ˆ€P Z M M
Q.E.D.

Teorema 1.29 
4
4
   (
4
4

( )  ( è  J 
4
4
#44
%  a 

Demonstração. Seja a aplicação U definida por


U   J  (

Åà  ù Åà 
Observemos que esta aplicação satisfaz a condição (   ) . Notemos agora
#
que para todo `
( sabemos que `  Åà e a condição de  %   a implica
que estes Åà são únicos, uma vez que se `  ÅPàP  Åà então
[P [P [P
ÅPàP  Åà  Qà P RÅPàP
S T  à P Åà  ÅP  Åà P à
)@ @
* û
ú [P [P [P [P [P #
 ÅPÅN  QÅà P R àÅ  ÅPÅ  à P à
 %   a 
S T
)¦ ¦

ú U
Desta forma vemos que aplicação N está bem definida, pois se `P 
` então
U ÅPàP 
U Åà; é também uma aplicação injetiva e sobrejetiva, pois se
U ÅPàP  U Åà então ÅPàP  Åà, e todo `  Åà pela condição

(   ) . Por fim, mostremos que U é um homomorfismo. De fato, se


ÅPàP  Åà
 J  então
U ÅPàP Åà  U ÅPÅàPà  ÅPÅàPà  ÅPaÅàPà
[P [P f [Pg[P
 ÅPàPà P ÅàPà  ÅPàP à P Å à P à
@
*
 ÅPàP Åà  U ÅPàP U Åà 

57
1.11. PRODUTO DIRETO DE GRUPOS

_
Portanto è
 J . Q.E.D.

Teorema 1.30

(    Jp 4
4
4
4
 (   p
    J  ( e è J 
4
4  J  
4
4
p 

Demonstração. Seja a aplicação


U £ þ
(  @ J¦
o 7 ù o 7 

e consideremos oP 7P  o 7


(, de tal forma

U oP 7P o 7  U oPo 7P7  oPo 7P7

 oPo 7P7
@
£ ¦
þû f f f
[P g [Pg g
ú   oPoP oPo  7P7P 7P7
N
 oPo 7P 7
 oP 7P o 7
 U oP 7P U o 7 

e ainda, com uso da mesma normalidade de  e  inferimos que U é sobrejetiva,


ou seja, um epimorfismo. Notemos agora que o 7
íî U se, e somente se,
o 7
 J , isto é, íî U   J . De fato, da Observação 1.7-(1) [página
33] temos que se o
 E 7
 então o   e 7  . Portanto aplicando
o Teorema do Homomorfismo [Teorema 1.21, página 48] obtemos
  p
íî U   J   ( e
( (
 è ï U  J 
íî U  J  

Q.E.D.

_
Aplicação 1.1 Seja um grupo abeliano de ordem , com primo, então
_  _
è Z A Z ou è ZB Z JZB Z 
_ #
Com efeito, se `
C a , então ß `  ou ß `  . De fato, se
ß `   para algum `, então por simples aplicação do Corolário 1.8 [página

58
CAPÍTULO 1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DOS GRUPOS
Ô Ô
_
Ô
43] inferimos que Ô Z B Z. Se por outro lado ß `  Ô paraÔ todo ` 
è a,
então existem `P e ` tais queÔ "`P"Ô  "` "  e `PÕ 
`Õ; estas condições
# _ _
implicam Ôque `PÕ
Ô % `Õ  a , como é abeliano então `PÕ  `Õ  . Por
_
fim, temos também que  `PÕ `Õ e aplicando o Teorema 1.29 inferimos
_
que è `PÕ J `Õ  Z B Z J Z B Z. Q.E.D.

59
1.11. PRODUTO DIRETO DE GRUPOS

60
Capítulo 2

Grupos de Permutações e Ações


de Grupos

2.1 Introdução
Quando os grupos surgiram pela primeira vez em matemática, eles provinham
de alguma fonte específica e de maneira bem concreta. Muito freqüentemente
isto se dava na forma de um conjunto de transformações de algum objeto
matemático particular, em especial, eram consideradas as permutações das
raízes de um polinômio a fim de poder classificar aqueles cujas raízes poderiam
ser expressas por meio de radicais. Na realidade, a maioria dos grupos finitos
apareceram como grupos de permutações [Exemplo 1.2-(11), página 16], isto
é, como subgrupos de 1. O matemático inglês Artur Cayley foi o primeiro
a observar em 1878 que todo grupo pode ser considerado como um subgrupo
de um grupo de permutações, este resultado é hoje conhecido como Teorema
de Cayley.
Lembremos primeiramente que se  é um conjunto não vazio, uma per-
mutação em  (ou, de  ) é toda aplicação bijetiva      , e a estrutura
*  X, onde * é o conjunto de todas as permutações de  e X é a operação
de composição de aplicações, é chamada grupo de permutações em  .
Passemos agora a seção que define e apresenta algumas propriedades de
Grupos Simples e Subgrupos Maximais.

2.2 Grupos Simples e Subgrupos Maximais


_ _
Definição 2.1 Diremos que um grupo é simples se, e somente se, possui
necessariamente somente dois subgrupos normais, distintos entre si.

61
2.2. GRUPOS SIMPLES E SUBGRUPOS MAXIMAIS

_ _ #
Escólio 2.1 Se é um grupo simples então, necessariamente, 
a e os
_ _ #
únicos subgrupos normais de são o próprio e a .

Teorema 2.1
_ 
" "  _
 é um grupo simples.
é primo 

Demonstração. Do Teorema de Lagrange [página 35] temos que se   é um


_
subgrupo próprio de , então
3
_ ^ _ ^ 5    a#
 ]    V "  "   ]    _
"  " 6]    ^   "_ " 

Q.E.D.

_ _
Teorema 2.2 Se um grupo finito simples e abeliano então é cíclico
_
e a ordem é , em que é um número primo.
Ô
_
Demonstração. Primeiramente vamos provar que é um grupo cíclico.
De fato, seja o subgrupo `Õ, gerado por `, onde Ô ` é um elemento qualquer
_ _
de . Como Ô
é abeliano temos que é verificada a relação: `  `, para
_ [P _ _
quaisquer  `
, logo `  `, ou seja, `Õ  , e como é simples
_ _
podemos inferir que `Õ  . Assim, como é finito e cíclico podemos
_  ý¤ ý[P â _ _
escrever  áa ` `      ` . Se " " não é um número primo então " "
_
pode ser decomposto como o produto de dois números < E H ! E " ", donde
ý¤ ý Ñ Ñ
temos que `  ` ä  a. Ora, se colocamos à  ` teremos que à ä  a, uma
_ _
contradição, pois é um grupo simples. Portanto " "  com sendo um
número primo. Q.E.D.

_ # _
Definição 2.2 Seja 
a um grupo e Ë um subgrupo de .

(1) O subgrupo Ë é dito subgrupo maximal se as seguintes propriedades


são verificadas:
_
(a) Ë 
;
 _
Ë ¡¢
0 4
 _
(b) _ 4 Ë   ou   .
0 
Ë 0  ¡¢

62
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

(2) A definição de subgrupo minimal é análoga:


#
(a) Ë 
a ;
_ 
0
 ¡¢ 4
 #
(b) _  Ë   ou   a .
0Ë 0
 ¡¢
4

(3) Se forem verificadas as propriedades:


_
(a) Ë  ;
_
(b) Ë 

_ 
 4
 _
(c) _ 4   Ë ou   ,
Ë ¡¢
0 0 
_
então diremos, neste caso, que Ë é um subgrupo normal maximal de ,
_
e denotamos esta relação por Ë  Û ; a definição de subgrupo normal
_
ÙÚ
minimal é análoga, e se Ë é subgrupo normal minimal de escrevemos
_
Ë  .
ÙCD
# _
Teorema 2.3 Seja 
a um grupo. Então
_ #
(1) é simples se, e somente se, a é um subgrupo normal maximal
_
de .
_
(2) Se é um grupo finito então ele admite ao menos um subgrupo
normal maximal.

Demonstração.
# _ # _
(1) Se a Û e a 0  temos da definição de subgrupo
então se  
_ _
normalÙÚmaximal que   , e assim é um grupo simples. Por outro
_ _
lado se é um grupo simples os únicos subgrupos normais em são
# _ # _
a e , donde podemos concluir de imediato que a  Û .
_ ÙÚ
(2) Suponhamos que seja um grupo finito e não seja um grupo simples,
_
neste caso, podemos ordenar os subgrupos normais de por inclusão:
#
a 0 P 0  0 V V V 0 h 
_ _
em que Z D " ". Logo admite um subgrupo normal maximal. Q.E.D.

63
2.3. TEOREMA DE CAYLEY

_
_
Corolário 2.1 Se   e é um grupo finito então existe um subgrupo
_
normal maximal Ë , de , tal que  0 Ë .

_
Demonstração. Como é um grupo finito do teorema anterior, item (2),
_ _
temos que existe Ë , tal que, Ë  Û , então se   inferimos de imediato
que  0 Ë . ÙÚ Q.E.D.

_ _
Teorema 2.4 Se  é um subgrupo normal próprio de , então  Û
_
se, e somente se, B é um grupo simples. ÙÚ

_ _
Demonstração. Se   Û , de forma que se pB é tal que pB 0 B ,
â
assim temos que   pÙÚ
, ou seja,   p e neste caso pB  áa¤ , ou
_ _ _
p  e neste caso pB  B ; portanto B é um grupo simples. Por
_
outro lado, se B é um grupo simples seus únicos subgrupos são normais as
â _ _ â
áa¤ e B , ou seja, se pB 0 B então pB  áa¤ e neste caso
_ _ _
p   , ou pB  B e neste caso, p  ; logo   Û . Q.E.D.

ÙÚ

2.3 Teorema de Cayley


_
Teorema 2.5 (Cayley) Todo grupo é isomorfo a um subgrupo de um
grupo de permutações.

_
Demonstração. Consideremos a aplicação E÷ definida para cada `
por:
_ _
E÷  
 ù `

É de fácil verificação que estas aplicações são todas sobrejetivas, pois

E÷ !  E÷ .  `!  `.  !  . \
_ [P
e para todo
podemos escrever  ` ` donde temos que 
[Pe [Pe
` d `  E÷ d ` . Vamos agora definir a aplicação U por

U  _  ¤

` ù E÷ 

64
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

E vamos provar agora que U é um monomorfismo. Com efeito,

U `P`  E÷ ÷  `P`   `P `  E÷ E÷   E÷ X E÷ \

MO M O M O
e assim U é um homomorfismo. Provemos agora que U é injetiva:

U `P  U `  E÷   E÷   `P  `  `P  `

M O #
Logo como U é um monomorfismo seu temos que íî U  a ; portanto,
aplicando o Teorema do Homomorfismo [Teorema 1.21, página 48], obtemos
_
_
# è ï U $ è ¤
a
Q.E.D.

_
Corolário 2.2 Todo grupo finito de ordem  é isomorfo a 1.

_
Demonstração. Como é finito vamos rotulá-lo como
_ #
 a `P `     `1[P 
_
Do Teorema de Cayley podemos associar cada elemento `
a uma permu-
tação E÷
¤, ou seja,
Ž
<  = V V V 
ù E÷  
` Œ 
`a ``P `` V V V ``1[P

Pondo ``ˆ  `‹  < D ­® D  2< e em seguida trocamos cada `‹ da permutação


E÷F pelo número ® 8 <, obtendo assim os elementos de 1. Portanto, obtemos
_
assim o isomorfismo desejado atribuindo a cada ` do grupo um elemento
de ¤. Q.E.D.

Escólio 2.2 Existe uma grande variedade de grupos quanto a natureza de


seus elementos. Apesar dessa grande variedade o Teorema de Cayley afirma
que cada grupo é isomorfo a algum grupo de permutações. Essa afirmação é
também conhecida como Teorema da Representação: cada grupo pode ser
representado concretamente como um grupo de permutações.

O Teorema de Cayley estabelece que todo grupo é isomorfo a um subgrupo


de um grupo de permutações. Um dos problemas de aplicar este teorema é

65
2.3. TEOREMA DE CAYLEY

_ _
que se " "  , então está submergido em um grupo que resulta ser muito
“grande”, pois sua cardinalidade é . No sentido de melhorar este resultado, a
fim de encontrar outro grupo com menos elementos e a conclusão do Teorema
de Cayley se mantenha verdadeira apresentamos o seguinte teorema, que é
uma generalização do Teorema de Cayley.
_ _ _#
Teorema 2.6 Seja um grupo,   um subgrupo de e   `  " `
.
_ *
Então existe um homomorfismo de em  tal que o núcleo deste ho-
_
momorfismo é o maior subgrupo normal de que está contido em   .
#
[Observe que se    a produzimos então exatamente o Teorema de
Cayley.]

Demonstração. Seja a aplicação U definida por


U  _  *
 em que ÷    ` 
` ù ÷

Consideremos agora `
íî U. Então ÷    `     , para todo
_

, em particular para   a temos `     , donde inferimos que se
`
íî U então `
  , ou seja, íî U 0   . Mostraremos agora que íî U é
_
o maior subgrupo normal de que está contido em   . Se  é um subgrupo
_ [P
normal de que está contido em   e 
 , temos então que ` `  0   ,
_ [P
para qualquer `
. Desta forma, ` `
  , o que implica que `   `  ,
_
donde temos que 
íî U, ou seja, se   e  0   temos que  0 íî U.
Q.E.D.

_ _
Corolário 2.3 Seja um grupo finito que contém um subgrupo   

_ _ ^
tal que " " - ]    , então   contém um subgrupo normal não trivial.
_
Em particular, não pode ser simples.
_ _ ^
Demonstração. Como " " não divide ]    , então do Teorema de La-
grange [Teorema 1.14, página 35] temos que ¤ não possui nenhum subgrupo
_ _
de ordem " ", portanto nenhum subgrupo isomorfo a . No entanto, temos que
_ _
¤ contém U  , onde U é a aplicação do Teorema 2.6, assim U   não pode
_ #
ser isomorfo a , isto é, não pode ser um monomorfismo. Logo íî U  a .
#
Portanto, do Teorema 2.6 temos que íî U    , e como íî U 
a inferimos
_
que   contém necessariamente um subgrupo normal não trivial de . Q.E.D.

66
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

_ _ _ ^
Corolário 2.4 Seja um grupo finito,   ¡¢
0 tal que ]     , com
_ _
sendo o menor primo que divide " ". Então    .

Demonstração. Seja um homomorfismo U definido como no Teorema 2.6.


_
Como íî U , temos do Teorema de Lagrange [Teorema 1.14, página 35] e do
_
Teorema do Homomorfismo [Teorema 1.21, página 48] que " Bíî U" é um
divisor de "* "   ; novamente invocando o Teorema de Lagrange podemos
_
inferir, como é o menor primo divisor de " ", que é o menor primo divisor
_ _ _ ^ _ ^ ^
de " Bíî U", pois " "  ]    "  "  ]    ]   íî U "íî U ". Assim
_ _
a única possibilidade de termos " Bíî U" dividindo  é " Bíî U"  .
Portanto _ _
" " " "
   "íî U "  "  " 
"íî U " "  "
_
ou seja, íî U     . Q.E.D.

_
Aplicação 2.1 Seja um grupo de ordem 99 e suponha que este tenha um
subgrupo de 11 [veremos mais adiante que isto é verdadeiro, é o aplicação do
Teorema de Cauchy, página 88]. Vamos mostrar que este subgrupo de ordem
11 é normal. De fato, seja   um tal subgrupo, teremos então aplicando o
_ ^
Teorema de Lagrange que ]     G, e como GG - G  temos do Corolário 2.3
# _
que existe um subgrupo normal não trivial  
a de em   . Como  
é de ordem 11, que por sua vez é um número primo, logo pelo Teorema 2.1
[página 62] temos que   é um grupo simples, e portanto     . Isto é, o
_
próprio   é um subgrupo normal de . Q.E.D.

2.4 Classificação dos Grupos de ordem HI e


J
H , com H primo
Antes de prosseguirmos com o estudo de grupos de permutações, vamos apre-
sentar a classificação dos grupos de ordem  e  com primo, obtendo como
conseqüência a classificação dos grupos de ordem D <9, exceto os de ordem
K 
 .
_ _
Teorema 2.7 Seja um grupo,   e p subgrupos de .
_ _ ÷
(1) Se  p  , então para todo `
existe um 7
p tal que      .
L
67
2.4. CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE ORDEM L E L , COM L PRIMO
O
_ _
(2) Se   e p são subgrupos próprios de e   p , então   e p
não são conjugados.
_ ÷ _
(3) Se   é subgrupo próprio, então 
   , qualquer que seja `
.

Demonstração.
_
(1) Dado `
, temos por hipótese que `  7o, com
ë £7
p e o
  .
÷ ë [P [P [P ) û [P
Portanto       7o  7o  7o o 7 ú  7 7    .
L L
÷ _ _
(2) Se p    para algum `
, então, como   p , aplicando o item
÷
(1) inferimos que p       , para algum 7
p , esta última equação
implica que    p , e portanto L _        , um absurdo, pois   é
_
subgrupo próprio de .

(3) É uma conseqüência imediata do item (2).

Q.E.D.

_
Corolário 2.5 Se é um grupo de ordem , com sendo um número
_
primo, então todo subgrupo de é normal.

_ _
Demonstração. Sejam   um subgrupo próprio de e `
. Sabemos da
÷
Observação 1.9 [página 38] que "  "  "  ", assim podemos inferir
÷ 
÷"  " "  "
"   "  ÷  ÷ 
"  %   " "  %   "
÷
Assim, aplicando o Teorema de Lagrange [página 35] obtemos que "  %   " 
÷ ÷ ÷ _
< ou "  %   "  . Ora, se "  %   "  < então "  " "  "    " ", e assim,
_ ÷
aplicando o Teorema 2.1 [página 62], obtemos que      , contradizendo
_
o item (3) do teorema anterior, pois neste caso   é subgrupo próprio de .
÷ ÷ ÷
Portanto, "  %   "   "  ", o que implica que   %      , logo   0   ,
_
ou seja,   é normal em . [Uma outra prova deste resultado é obtida aplicando
o Corolário 2.4, página 67.] Q.E.D.

_ , com
Teorema 2.8 Seja um grupo de ordem sendo um número
_
primo. Então é um grupo abeliano.

68
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

_
Demonstração. Se Ô
possui um elemento de ordem Ô então não há o
_ #
Ô
que se fazer. Suporemos então que todos os elementos Ô
de C a são de or-
_ #
demÔ . Consideremos
Ô então `P `
C a , se `PÕ  `Õ então é claro
que `P`  ``P; suporemos agora Ô então
Ô que `PÕ  `Õ, então devemos
#
ter `PÕ % `Õ  a , uma vez que `P e ` são elementos de ordem prima.
_
Ô
Do corolário anterior Ô
temos que `PÕ e `Õ são subgrupos normais de , en-
[P f [Pg [P f [P [Pg [P
tão a  `P` P  ``P` ` P  ``P ` ` P  ``P ``P , ou seja,
[P #
``P ``P
`PÕ % `Õ  a , e assim, `P`  ``P. Q.E.D.

_
Corolário 2.6 Seja um grupo não-cíclico de ordem , com sendo
_
um número primo. Então contém 8 < subgrupos de ordem .

Demonstração. Um argumento como o realizado na prova do teorema an-


_ #
terior demonstra que se `
C a está contido em um único subgrupo de
ordem , cada subgrupo de ordem possui 2 < elementos diferentes da iden-
#
tidade. Sejam  P       os subgrupos de ordem , e definimos ˆ   ˆ C a ,
_ #
de forma a termos ˆ % L‹  &, para ­  ® , e ˆ' ˆ  C a , logo
€L P
Ï 
, ö ˆ ,  ˆ
,ˆ L , ˆ L " "  7  2 <  2 <
, €P , €P
, ,
, ,
e portanto 7  8 <. Q.E.D.

Observação 2.1 O Teorema 2.8 e a Aplicação 1.1 [página 58], classificam os


_
grupos que possuem ordem , com primo, ou seja, todo grupo com esta
ordem é abeliano e é isomorfo a Z B Z ou é isomorfo a Z B Z J Z B Z.

Agora vamos estudar os grupos de ordem  , com sendo um primo


ímpar.
_
Lema 2.1 Se é um grupo de ordem , com sendo um número primo
_
ímpar, então contém ao menos um elemento de ordem .
_ #
Demonstração. Vemos claramente que se `
C a , então ß `

# _
   . Se ` contém um elemento de ordem  então é cíclico e, neste
_
caso, do Lema 1.7 [página 44] podemos inferir que contém um elemento de
ordem , pois deste lema temos
f  
g
ß `     
   

69
2.4. CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE ORDEM L E L , COM L PRIMO
O
_ _
Agora se todos os elementos de são de ordem  então é abeliano, pois se
_ [ _
`
e ß `   temos que `  ` P, desta forma, se `P `
Ô obtemos
[P [P [P _
que `P`  `P` Ô  ` ` P  ``P, e assim todos os subgrupos de Ô são
_ # _
Ô
normais. Ô
Consideremos, neste caso, `
C a , de tal forma que " B `Õ"  o
_ _
que implica ser B `Õ um grupo cíclico, e portanto deve existir 
C `Õ tal
_ _
que Õ  B `Õ. Observemos agora que, se      é um homomorfismo
_
e `
é um elemento de ordem finita, então " `" divide ß `, pois do
÷N m÷ n
Teorema do Homomorfismo [página 48] temos que , é ,  " `"  ý ÿ é ý,
, ,
ou seja, ß `  " `" V "íî  ", assim se tomarmos
Ô , M um , homomorfismo 
definido por Ô
_ _
   B `Õ
 ù Õ
teremos que " "  divide a ß , o que é impossível, pois ß  
_
. Portanto, podemos concluir que contém necessariamente elementos de
ordem , os quais geram grupos normais, pois são de índice 2. Q.E.D.

Teorema 2.9 Seja um número primo.

(1) Se   então existem dois grupos não isomorfos de ordem   q,


que por sua vez são abelianos.

(2) Se é impar então existem dois grupos não isomorfos de ordem  ,


com um deles sendo cíclico e o outro sendo não abeliano.

Demonstração.
_
(1) Se   então " "      q e portanto temos diretamente do
_
Teorema 2.8 [página 68] que é abeliano. Neste caso a Observação 2.1
[página 69] nos garante que os grupos de ordem q são isomorfos Z BqZ
ou Z BZ J Z BZ

(2) Como é um número primo ímpar obtemos, do lema anterior, que se


_ _
Ô é um grupo de ordem  então existem dois elementos `P `

tais que ß `P   e ß `  ; temos também dos mesmo lema que
_ [P
`Õ  , assim podemos garantir que existe !
Z tal que `P`` P  `ä;
f [Pg [P [P
desta última equação obtemos que `P `P`` P ` P  `P`ä ` P  `ä , e
[P O
como ß `P   e assim `P  ` P a equação anterior pode ser reduzida

70
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

[P
a `ä  `, donde obtemos que `ä  a; por fim, como ß ` 
O  e O
temos que " d! 2 < , ou seja, " ! 2 < ou " ! 8 <. Se " ! 2 <,
[P v iP
então !  7 8Ô <, com 7
Z, e assim `P``  `  `, logo
_ L
`P`  ``P e isto implica que contém um elemento de ordem  , à
_
saber, o grupo `P`Õ, e então o grupo é cíclico; por outro lado, se
[P v [P
" ! 8 < temos que !  7 2 <, com 7
Z, então `P`` P  ` 
[P [P _ L
` , e assim `P`  ` `P, e portanto é um grupo não-abeliano e
para completarmos a prova devemos mostrar que existe um grupo não-
#
abeliano de ordem  , mas, em geral para cada 
N C 9 existe um
grupo não-abeliano de ordem  chamado grupo diedral e denotado
por 11 . [Exemplos de Grupos Diedrais são apresentados nos Exemplos
2.1-(2) e 2.1-(3), nas páginas 74 e 75, respectivamente.] Q.E.D.

_ _ _
Teorema 2.10 Se é um grupo de ordem ’ e é não-abeliano então
é isomorfo ao grupo .

_
Demonstração. Seja um grupo não-abeliano de ordem ’, então os ele-
_
mentos de ordem  não geram subgrupos normais, pois de outra forma teria
um subgrupo normal de ordem  e um subgrupo normal de ordem =, cuja
_
intersecção seria a identidade, e portanto seria isomorfo a Z BZ J ÔZ B=Z,
_
que por sua Ôvez é abeliano. Consideremos então um elemento à de cuja
ordem é , e consideremos também Ôo conjunto das classes laterais de `Õ em
_# ‘
 :   ` à Õ " `
. Como ß à    obtemos   =, e aplicando o
Teorema 2.6 [página 66] e o fato de à Õ não é um subgrupo normal, podemos
_
concluir que é isomorfo a um subgrupo de *   de ordem ’, portanto
_
è . Q.E.D.

Com os resultados demonstrados até aqui, estamos em condições de clas-


K
sificar os grupos de ordem D <9, exceto os de ordem . Os resultados obtidos
podem ser resumidos na Tabela 2.1.

Permutações dos vértices de um polígono regular de R


1
O conjunto OP 9 Q , com a ope-
lados correspondentes a s simetrias deste polígono S
ração de composição de aplicações é um grupo, conhecido como grupo diedral. Este grupo
é composto por TR elementos, R rotações e R translações.

71
2.5. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES

Tabela 2.1: Tábua grupos de ordem menores ou iguais a


10, não incluindo os de ordem 8.

Ordem Grupos Abelianos Grupos Não-Abelianos


U U
ZV Z
W W
ZV Z
X X U U
ZV ZY ZV Z ZZV Z
[ [
ZV Z
\ \
ZV Z ]
^ ^
ZV Z
_
` ` W W
ZV ZY ZV Z ZZV Z
ab ab
ZV Z cŸ

2.5 Grupos de Permutações


Vimos que todo grupo pode ser representado isomorfamente como um sub-
_
grupo de um grupo de permutações, e, em particular, um grupo finito pode
ser representado como um subgrupo de d1, para algum , em que d1 é o
grupo simétrico de grau , que também é denotado por 1. Isto demonstra
claramente que os grupos d1 merecem um exame mais cuidadoso.
Suponhamos que  seja um conjunto finito com  elementos, tal que
#
  P      1 

Se e
d*  d1, então e é uma aplicação bijetora de  em si mesmo,
e poderíamos explicitar e para mostrar sua ação sobre cada elemento, por
exemplo:
e  P     ”  ”      P
No entanto isto se mostra ser um trabalho exaustivamente laborioso. Uma ma-
neira fácil e menos laboriosa é escrever e numa notação matricial, da seguinte
maneira: Ž
 P   VVV 1 
e  Π
ˆ VVV ˆ ˆ— ˆP
ˆ ˆ
em que   é a imagem de  sob
M eO. Voltando ao nosso exemplo logo acima,
e pode ser representado por
Ž
P    ”
e  
Œ 
 ” P 

72
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

Apesar de ser esta notação um tanto mais manuseável, ainda há nela um certo
desperdício, pois parece não haver propósito algum realizado pelo símbolo .
Podemos então representar a permutação por
Ž
<  = V V V 
e  
Œ 
­P ­ ­ V V V ­1

a qual significa que e 7  ­ . No nosso exemplo específico


L Ž
<  = q
e  Œ 
 q < =

significa e <  , e   q, e =  < e e q  =.

Exemplo 2.1 Apresentamos agora três exemplos de grupos simétricos.

(1) O grupo d.


3 Ž Ž Ž 
4
4 <  =  <  =  <  =  4 4
4
4    4
4
4 Π Π Π 4
4
4
5 <  =  < = =  < 

d  Ž Ž Ž 
4
4 <  =  <  =  <  =  4 4
4
4    4
4
4
4 Π Π Π4
4
6 < =   = < = <  
Ž Ž
<  = <  =
Consideremos agora e  
Œ e E  
Œ ; de forma a
 = <  < =
termos:
Ž Ž Ž
 <  = <  = <  =
e  
Œ Œ  
Œ 
 = <  = < = < 
Ž Ž Ž
 <  = <  = <  =
e   Œ Œ  Œ   „“ 
= <   = < <  =
Ž Ž Ž
 <  = <  = <  =   „“ 
E   Œ Œ  Œ
 < =  < = <  =
Ž Ž Ž
<  = <  =  <  = 
Ee  
Œ Œ  
Π
 < =  = < < = 
Ž Ž Ž
<  = <  =  <  = 
eE  
Œ Œ  
Π
 = <  < = =  <

73
2.5. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES

Ž Ž Ž
 <  = <  = <  =
e E  
Œ Œ  
Œ 
= <   < = < = 
e assim pode-se prosseguir até completarmos a tabela de multiplicação
deste grupo. Observemos que foi verificado acima que e e E geram o
grupo d, isto é, que todos os elementos do grupo são produtos finitos
 „“ „“
de fatores iguais a e ou E ; foi também verificado que e  , E  
e E e  e E 
eE .

(2) O grupo df das simetrias espaciais de uma triângulo equilátero.


Consideremos gPg g um triângulo equilátero, e coloquemos o centro
de gravidade do triângulo na origem 9 do espaço e chamaremos de hP,
h e h as retas do espaço passando pela mediana do triângulo.

As transformações que preservam o triângulo são:


„“
(i)  i —j  i k—j : as rotações planas centradas em 9, no sentido anti-
l ”l
O de ângulos zero,  e  , respectivamente.
horário,
(ii) iP i i: as rotações espaciais de ângulo A com eixos hP, h e
h, respectivamente.

É de fácil verificação que


„“ â
 á  i —j  i k—j  iP i i
dM
O
com a composição de aplicações é um grupo; e tal grupo é não abeliano,
pois

74
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

isto é, iP X i  i —j ; e
O

ou seja, i X iP  i k—j 
iP X i. Também pode ser verificado que os
elementos i —j e iP geram o grupo df.
O
(3) O grupo d das simetrias espaciais de um quadrado.

Consideremos o quadrado gPg g g” com centro de gravidade na origem


9 no espaço; chamamos de mP, m, Ëe  as retas do espaço determi-
nadas pelas diagonais e pelas mediatrizes do quadrado.

As transformações espaciais que preservam o quadrado são:


„“
(i)  i j—  il  i —j : as rotações planas centradas em 9, no sentido
l l
anti-horário, deO ângulo zero,  , A e  , respectivamente.
(ii) iP i i  i : as rotações espaciais de ângulo A com eixos mP,
Í
m, Ë e  , respectivamente.

É também bastante elementar a verificação de que


„“ â
 á  i j  il  i —j  iP i i  i
d
Í
O O
com a composição de aplicações é grupo. Este grupo, como o anterior é
não-abeliano, pois

75
2.5. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES

ou seja, iP X i  i —j ; e
Í
O

isto é, i X iP  i j  i —j . Por fim, pode-se verificar também que


Í
i j e iP geram o grupo
O d . O
O
^
Definição 2.3 Sejam ­P ­     ­Ñ inteiros distintos no intervalo ]<  e e

d1, tal que e ­P  ­ e ­  ­      e ­Ñ[P  ­Ñ  e ­Ñ   ­P e e 7  7,


#
para todo 7
­P ­     ­Ñ , então, neste caso, a permutação e é deno-
minada de um H-ciclo ou de um ciclo de comprimento H e denotado por
#
e  ­P­ V V V ­Ñ . O conjunto ­P ­     ­Ñ dos elementos movidos é chamado
de suporte do ciclo. Se H  <, e é a identidade; se H  , e se chama um
transposição.

Exemplo 2.2 (1) Seja e


d” definida por
Ž
<  = q
e  
Œ 
 = q <

então e é um ciclo de comprimento q, e  <=q

(2) Consideremos agora E


d• definida por
Ž
<  = q ª 
E  
Π
= <  q ª

então e  <= q ª  <=.

76
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

[Neste exemplo vimos o como é importante declarar onde está definida a


permutação, pois neste caso E pode ser considerado como um elemento
de d.]

Definição 2.4 Sejam e E


d1, então e e E se dizem distintas ou exteriores
#
quando para todo 
<       é válido que

e  
  E    e E  
  e   

Exemplo 2.3 Os ciclos <=q e ª são disjuntos, bem como os ciclos <q e
ª; por outro lado, os ciclos <=ª e ª não são disjuntos, uma vez que o
elemento ª é movido por ambos.

Observação 2.2 Em geral o produto de permutações é não comutativo, no


entanto se e e E são disjuntas então se comutam. Como já mencionado antes,
um dos problemas fundamentais quando estudamos estruturas algébricas é
o de poder “fatorar” os elementos destas estrutura em termos de elementos
mais simples. O seguinte resultado para permutações é análogo ao Teorema
Fundamental da Aritmética para inteiros.
#
Teorema 2.11 Toda permutação e
d1 C a pode ser expressa de ma-
neira única, a menos da ordem, como o produto de ciclos exteriores de
comprimento F .

Demonstração. A demonstração é composta de duas etapas: fatorar e como


o produto de ciclos exteriores e; mostrar que a fatoração é única a menos da
ordem.

(1) Mostremos então que e pode ser fatorado como o produto de ciclos
#
exteriores. Consideremos e
d1 e    " e    e vamos
‘ ‘
aplicar a indução sobre  . Desta forma, se   9 então e é a
identidade e neste caso não há o que se provar. Suporemos então que
‘ ^
 ; 9, isto é, existe ­P  ]<  tal que e ­P  ­ 
­P. Consideremos
 ” 
assim ­  e ­  ­  e ­      e usando o fato de que a ordem e é
#
finita podemos afirmar que existe b 0  , com b   " e   ­P ,
»¼
e supomos que ­Ñ    , ou seja, e ­Ñ   ­P e se e ­   ­P então
­ F ­Ñ . Definimos agora L
3
L 5 e   se 
­P     ­Ñ #
eP 
6  em outro caso.

77
2.5. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES

‘
Se H   , então e P e como e P é um ciclo a demonstração estará
e
‘
terminada. Por outro lado H E  então definimos
3
5 e   se 
 C ­P     ­Ñ #
e 
6  em outro caso.
‘
Notemos que e move  2 H elementos e por hipótese de indução e
é um produto de ciclos exteriores; vemos ainda de forma clara que e P e
e são disjuntos e e  e Pe, conforme queríamos demonstrar.
Ò Ò
(2) Agora vamos provar a unicidade. Suponhamos que e  ˆ n Eˆ  ‹ o à‹ ,
€P €P
ˆ ‹ ^
com E e à ciclos de comprimento F . Consideremos ­P
]<  tal que
E P ­P  ­P, então existe à‹ tal que à‹ ­P 
­P; como por hipótese os à‹
são ciclos exteriores e, por isso, eles comutam entre si, de forma a po-
dermos supor que ®  < obtendo assim àP ­P  E P ­P  e P ­P, e esta
h h
última equação implica que à P ­P  E P ­P para todo Z; temos ainda
que àP e E P são ciclos de mesmo comprimento, pois na fatoração de e são
h
os únicos que movem a ­P. Por outro lado temos que à P ­P  ­Pih, para
»¼ # h
9 D Z E  ¹ ¸ , de forma que E P ­P  ­Pih  àP ­h   E P ­h ,
â
portanto E P  àP em á­P     ­ Ü Ý ; por fim, como ambas fixam o
ÙCDân o
complemento de á­P     ­ Ü Ý podemos
N concluir que E P  àP. Si-
Ù CD n o
milarmente trabalhando com ­ Nno lugar de ­P, vamos obter que E  à,
continuando assim, obteremos que ¹  ¸ e que a menos da ordem
E‹  à‹ , para cada ®  <     ¹.

Q.E.D.

Observação 2.3 O fato de poder escrever de maneira única todo elemento de


d1 como o produto de ciclos disjuntos vai ajudar muito a fazer computações
no grupo d1.

Exemplo 2.4 Seja um número primo e seja 


 .

(1) Todo elemento de ordem em dv é um -ciclo.

(2) dv não possui elementos de ordem 7 , com 7 F .

(3) Se . é um inteiro positivo, então d1 possui elementos de ordem Þ se e


somente se  F Þ .

78
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

Exemplo 2.5 As possíveis ordens de elementos do grupo dp pertencem ao


#
conjunto <  = q ª ’ « <9 < .

Corolário 2.7 A ordem de e em d1 é igual ao mínimo múltiplo comum


das ordens dos ciclos de sua fatoração.
Ñ
Ò
Demonstração. Seja e  ˆ eˆ ; será suficiente demonstra que este resul-
€P
tado é válido para ­  , pois da teoria dos números sabemos que o mínimo
múltiplo comum do produto é o produto dos mínimos múltiplos comuns dois
a dois determinados [3]. Desta forma, consideremos e  e Pe. Ora, usando o
Teorema 2.11 obtemos

ß e P "  ß e P  ß e  m mq n mq nn
 e Pe ÿ ÿ
ß e "  ß e P  ß e  ÙÙ
MN O
€r €r
S TQ n RS TQ R
m mq mq nn m mq n mq nn
 Qe PÙÙ ÿ ÿ R e
ÙÙ
ÿ ÿ
M N O €Sr M N OT
 ß e Pe "  ß e P  ß e \

por outro lado, se e P    então como as permutações são disjuntas temos
mq q n mq q n
que e   , logo, eÿ    e então   as   e Peÿ  
f mq q n mq q n g M O mq q n f mq q n g mq q n M O
e Pÿ eÿ   e Pÿ eÿ   e Pÿ , donde con-
M O M O M O M O M O
cluímos que ß e P " ß e Pe; analogamente obtemos que ß e " ß e Pe.
Portanto

ß e P " ß e Pe 
  ß e Pe " ß e Pe
ß e " ß e Pe 
  ß e Pe  ß e Pe

Q.E.D.

Ô
Corolário 2.8 (1) Todo elemento de d1 é um produto de transposições,
Ô #
isto é, d1  transposições Õ.
Ô
(2) d1  <  <=      <Õ.

(3) d1  <  =       2 < Õ.

Demonstração.

79
Ô PERMUTAÇÕES
2.5. GRUPOS DE

#
(1) Temos que as  < <
transposições Õ. Em virtude do Teo-
rema 2.11, basta-nos mostrar que um ciclo ­P    ­Ñ  é um produto de
transposições, de fato, temos

­P­    ­Ñ   ­P­Ñ  ­P­Ñ[P    ­P­  ­P­ 


Ô
(2) Em virtude da parte (1) é suficiente mostrarmos que ­®  pertence ao sub-
grupo <  =       2 < Õ, e de fato, temos ­®   <­ <®  <­,
se <, ® e ­ são distintos.
Ô
(3) Para todo inteiro ­ F , temos < ­ 8 <  <­ ­ ­ 8 < <­; por-
tanto o subgrupo <  =       2 < Õ contém <­, para cada
­       . Assim, com parte no item (2), podemos concluir que este
subgrupo é igual a d1.

Q.E.D.

Observação 2.4 A decomposição de um elemento e


d1 como produto
de transposições não é única, mesmo se exigirmos um número mínimo de
transposições; por exemplo, <=  <= <  = <=. No entanto, vamos
demonstrar a paridade do número de transposições em uma decomposição
bem definida.

Definição 2.5 Um elemento e de d1 é uma permutação par (ímpar ) quando


e se escreve como um produto de um número par (ímpar) de transposições.

Teorema 2.12 Seja e


d1, então o número de transposições na fatora-
ção de e ou é sempre par ou é sempre ímpar.

#
Demonstração. Seja   P     1 um conjunto de números reais dis-
tintos entre si, definimos
Ö
…   ˆ 2 ‹ 
P‰ˆõ‹ ‰1

então e
d1, e atua em …  como segue
Ö f g
…q   q mˆn 2 q m‹n 
ˆõ‹
P‰ ‰ 1

80
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

Se e é uma transposição se verifica facilmente que …q  2… , pois …


u  
q
Ò f ˆn g Ò Ò
q m 2 q m‹n  ˆõ‹ ‹ 2 ˆ   2 t ˆõ‹ ˆ 2 ‹   2… .
P‰ˆõ‹ ‰1 P‰ ‰1 P‰ ‰1
Ñ
Ò Ñ
Portanto se e  ˆ Eˆ, com Eˆ transposição para todo ­, então …q  2a … .
€P
Q.E.D.

2.6 Grupos Alternados


Definição 2.6 O signo de um ciclo e
d1 é definido como:
3
5 < se e é par
signo de e  v e  
62< se e é ímpar.

Teorema 2.13 (Grupo Alternado) Seja  F  e

‚1 #
 e
d1 " e é uma permutação par 

‚1
então é o único subgrupo de d1 com índice  e recebe o nome especial
de Grupo Alterado.
Ô
‚1 ‚
Lema 2.2 Todo elemento de é um produto de =-ciclos, isto é, 1 
#
=-ciclos Õ.
Ô
Demonstração. Seja ­® 7 um =-ciclo qualquer, então ­® 7  ­7 ­®  e
‚ # ‚ ‚
assimh­® 7
1 ; logo = -ciclo Õ 0 1. Consideremos agora E
1, isto é,
Ò
E  ˆ à ˆ , com à ˆ sendo uma transposição, para qualquer ­  <     Z, e Z
€P
par. Para mostrar que E é um produto de =-ciclos, basta mostrar que àb e àbb
são duas transposições quaisquer, então àbbàb é um produto de =-ciclos. Se àb
e àbb são disjuntas, digamos àb  ­®  e àbb  7w, então

à bà bb  7w ­®   7w 7­ 7­ ­®   7­w ­® 7 

e assim àbbàb é umÔ produto de =-ciclos; por outro lado se àb e àbb não são
disjuntas, digamos àb  ­®  e àbb  ® 7, então àbàbb  ® 7 ­®   ­7®  é um
# ‚
=-ciclo. Portanto, =-ciclos Õ  1 . Q.E.D.

81
2.6. GRUPOS ALTERNADOS

Demonstração do Teorema 2.13. Seja a aplicação U definida por


U #
d1  2< 8<
e ù v e  
‚
Pode se verificar facilmente que U é um homomorfismo e que íî U  1;
‚ # ‚ ^
portanto 1 Bd1 è 2< 8< e ]d1  1  . Agora vamos mostrar que
‚1
é o único subgrupo de d1 com índice . De fato, seja   ¡¢ 0 d1 tal que
^ ‚ ^ ‚
]d1     , como ]d1  1   é suficiente mostrar que 1 0   . Ora, do
‚
Lema acima temos que 1 é gerado pelos =-ciclos, de forma que é suficiente
#
mostrar que   contém os =-ciclos, neste sentido consideramos e
d1 C as ,
então e 
  , pois   tem índice  em d1, em particular, se e é um =-ciclo
” ”
então e  e e e  e  e , ou seja, e
  . Q.E.D.

_ _
Definição 2.7 Seja um grupo, se define a relação de conjugação em
_ _
da seguinte forma: se 
então  é conjugado de se existe um `

[P
tal que   ` ` . E neste caso diremos que  e são conjugados.

Se verifica facilmente que ser conjugado define uma relação de equivalên-


_
cia cujas classes são chamadas de classes de conjugação de . Com esta
^ ^ [P _@
terminologia temos que ] é uma classes, então ]  ? `` `
e
^ # _ ,
,
]   se, e somente se, `  `, para todo `
, isto é, a classe de  tem
º _
somente um elemento se, e somente se, 
 .

Definição 2.8 Diremos que dois elementos e E


d1 possuem a mesma es-
trutura em ciclos, se para cada H F < o número de H-ciclos em e é igual ao
número de H-ciclos em E .

Teorema 2.14 As permutações e E


d1 são conjugadas se, e somente
se, possuem a mesma estrutura em ciclos.

Demonstração. Seja e  ¹P V V V ¹Ñ  um H-ciclo em d1 e à


d1, pondo
[P
à ¹ˆ   ²ˆ obteremos à e à ²ˆ   à e ¹ˆ   à ¹ˆiP  ²ˆiP, para < D
[P
­ D H 2 <. Assim, definindo ²hÑiP  ²P teremos à e à  à ¹P V V Và ¹Ñ .
Ò
Suponhamos agora que e  ˆ eˆ é a decomposição de e como produto de
€P
ciclos exteriores (incluindo ciclos h
de comprimento um), de forma que, para
[P Ò [P
qualquer à
d1 temos à e à  ˆ à eˆ à , donde obtemos que e e qualquer
€P
de seus conjugados tem a mesma estrutura em ciclos.

82
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

Suponhamos agora que e e E possuem a mesma estrutura em ciclos, diga-


mos e  ¹P¹ V V V ²P² V V V    e E  ¸P¸ V V V  P  V V V   , em que os ciclos
aparecem em ordem crescente em cada uma das permutações. Desta forma,
definindo à ¹ˆ   ¸ˆ, à ²ˆ   ˆ , e assim sucessivamente, um a um pode-se
[P
verificar que à e à  E . Q.E.D.

1x
Teorema 2.15 Seja < E H D , então o número de H-ciclos em d1 é Ñ .

Demonstração. Um H-ciclo está determinado por H elementos ­P     ­Ñ da


seguinte forma: fixa-se ­P de forma que existem H 2 < formas de enviar ­P aos
restantes dos valores; uma vez fixado o elemento ­ tal que ­P  ­ existirão
H 2  formas de eleger ­ tal que ­P  ­  ­. Desta forma dados os ele-
mentos ­P     ­Ñ teremos exatamente H 2 < formas diferentes de construir
1e
os H-ciclos. Temos também que existem dÑ subconjuntos com H elementos.
1e
Portanto, multiplicando H 2 <dÑ obtemos o resultado desejado. Q.E.D.

K
Exemplo 2.6 O grupo d” possui ciclos de comprimento .

O seguinte resultado mostra que a recíproca do Teorema de Lagrange não


_
é verdadeira, isto é, existe um grupo finito e um inteiro  o qual divide a
_ _
ordem , mas não contém subgrupos de ordem .
‚”
Teorema 2.16 não contém subgrupos de ordem ’.
‚
Demonstração. Suporemos que exista um subgrupo   de ” tal que "  " 
‚ ^ ‚
’, ou, ] ”     , então e 
  para todo e
” , em particular se e é
‚
um =-ciclo obtemos que e  e 
  . Por outro lado como ” é gerado por
=-ciclos e do Teorema 2.15   contém ao menos 8 elementos, resultando numa
contradição. Q.E.D.

2.7 Ações de um Grupo sobre um Conjunto


_
O Teorema de Cayley demonstra que os elementos de podem ser consi-
_
derados como permutações dos elementos de um conjunto, isto é, è d* ,
para algum  . Isto é um caso especial de uma situação mais geral, de grande
utilidade no estudo de um grupo, o qual se precisa com a seguinte definição.

83
2.7. AÇÕES DE UM GRUPO SOBRE UM CONJUNTO

_
Definição 2.9 (1) Seja um grupo e  um conjunto não vazio, então
_ _
diremos que atua em  se existe um homomorfismo U   d* .
_ _
(2) Quando atua em  o par  U será chamado de -conjunto.

_
Notação. Se atua em  então U ` é uma permutação de  e esta
permutação será abreviada para `, por um abuso de notação, de forma que
`  U `  será a notação que adotaremos.
_
Exemplo 2.7 Os seguintes são alguns exemplos de -conjuntos.
_ _ _
(1) Se 0 d* ,
então  é um -conjunto, pois se identifica com um
*
subgrupo de d mediante inclusão.
_ _
(2) Qualquer grupo é um -conjunto [Teorema de Cayley].
_ _ _# _
(3) Seja um grupo,   ¡¢0 e   `  " `
então atua em 
U _ U
da seguinte maneira:   d* está definida por `  ÷ , com
÷   `  . Note que esta é a equação utilizada na prova do Teorema
Generalizado de Cayley [Teorema 2.6, página 66].
_ _ _
(4) Seja um grupo e   +  ¡¢
0 -, então atua em  por conjugação,
_ ÷
isto é, U   d* está definida por U `  ÷ , com ÷      
[
` ` P.
_
(5) Todo grupo atua em si mesmo por conjugação, isto é, a ação é a
_
mesma do item acima salvo que o conjunto½ é o próprio .
_ ‚ _ ‚ # #
(6) Seja 
 Z  " " "  < e 
C " ï   ; 9 .
Dado Ž
‚ ¾ ¿ \
 
Œ “ 
À
½
‚ Æy iÇ _
definimos  Èy iz . Pode se verificar sem dificuldades que atua em
_
. O grupo deste exemplo é chamado de grupo modular sobre Z.

_ _
Definição 2.10 Seja um grupo e  um
-conjunto, então definimos a
órbita de um elemento 
 , denotado por {|
, como sendo o seguinte
conjunto
{|   ` " `
_ # 

84
CAPÍTULO 2. GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E AÇÕES DE GRUPOS

Exemplo 2.8 Este exemplo aclara em alguma medida o porque do termo


órbita de . Consideremos   R  e
_   Ä~ Ä ¼~ Ä ¼~ Ä~ â
 áð}  R  R , ð}      2 ¯   ¯ 8   
,
, _
É um fato bastante conhecido da álgebra linear que forma um grupo com a
operação de composição de transformações. Assim, dado
R  a {|   
_#
ð  " ð
é um círculo (órbita) com centro em 9 e raio  .
_
Seja  um -conjunto, as órbitas dos elementos de  constituem uma
partição de  , isto equivale a dizer que a relação definida a seguir é uma
relação de equivalência: Sejam 
 , então  se relaciona com se
_
existe um `
tal que   ` .
_
Definição 2.11 Se  é um -conjunto, dado 
 definimos o estabilizador
° _ #
de  como sendo o conjunto €  `
" `   . [Pode-se verificar
° _
facilmente que €  ¡¢
0 .]

O resultado a seguir relaciona a cardinalidade da órbita de um elemento


com o índice de seu estabilizador.
_
Teorema 2.17 Seja  um -conjunto e 
 , então existe uma bijeção
°
entre os elementos de {|  e as classes laterais esquerdas de € , ou
seja,
_ ° ^
]  €   "{| " 

Demonstração. Seja a aplicação à definida por


 ° _#
 {|   ` €  " `

°
` ù ` €  
_ [P
Se `P e ` são elementos de tais que `P  `, então   ` P `, ou seja,
[P ° ° °
` P `
€ , o que por sua vez implica que `P €   ` € , provando
 
assim que está bem definida. Vamos mostrar agora que é injetiva, com
efeito
  ° ° [P °
`P  `  `P €   ` €   ` P `
€ 
[P
 ` P `    `P  `
 °
A sobrejetividade de se obtém diretamente, pois dado ` € , então `

{|  e  `  ` €° . Q.E.D.

85
2.7. AÇÕES DE UM GRUPO SOBRE UM CONJUNTO

Equação das Classes. No que segue consideraremos os casos especiais de


_
-conjuntos que são de grande importância no desenvolvimento teórico. Seja
_ _ _
um conjunto   e considere a ação de em  por conjugação, neste
caso o estabilizador de um elemento  passará a ser chamado de centraliza-
°
dor, e escrevemos ‚¤   € . Temos então que `
‚¤  se, e somente
[P _
se, ``  . Como as órbitas de elementos em constituem uma partição,
_
então é a união disjunta das órbitas de , e, neste caso, as classes de equiva-
lência são chamadas de classes de conjugação e pode provar sem dificuldades
# º _
que {|    se, e somente se, 
 , portanto
Ž
_ º _ ö  ö {| 
   Π 
( )ƒ „ m¤n
_
Se é um grupo finito, então da equação acima obtemos a equação conhecida
como Equação das Classes:
_ º _ Ï _ ^
" "  "  " 8 ]  ‚¤   (2-1)
( )ƒ „ m¤n
_
Seja um grupo e considere a ação do Exemplo 2.7-(4) [página 84], neste
° _ ÷#
caso, €    `
"     é chamado de normalizador de   e é
denotado por … ¤  . A órbita de   são todos conjugados deste.

86
Capítulo 3

Teoremas de Sylow e os Grupos


Abelianos Finitos

3.1 Introdução
No estudo da teoria dos grupos finitos, um problema de grande importância
é o de determinar se um estudado grupo possui subgrupos normais próprios,
isto leva ao problema de classificar grupos simples, o que constituiu um dos
avanços mais significativos na Matemática do século XX. Pode-se afirmar, sem
medo de incutir em erros, que uma primeira aproximação do estudo da exis-
tência de subgrupos normais se faz com os Teoremas de Sylow. Isto é ilustrado
na discussão que segue. Iremos discutir também, neste capítulo, algumas pro-
priedades de uma classe muito importante de grupos, os chamados -grupos.
No final deste capítulo apresentamos uma discussão bastante completa dos
grupos abelianos finitos, com o objetivo de classificá-los.

3.2 H -Grupos
_ _
Definição 3.1 Seja um grupo e um número primo, então é um
_
-grupo se todo elemento de tem ordem correspondente a uma potência
de , ou seja,
_
é um -grupo
†

_ 1
`
 ß `   para algum 
Z 
_
Notemos que pode ser um grupo finito. Com efeito, pode-se provar que
_ _
se é um grupo finito de ordem par então deve ter elementos de ordem
. O primeiro teorema deste capítulo é a generalização deste fato, ao caso em

87
3.2. L -GRUPOS

_
que é um grupo finito de cardinalidade divisível por um primo.
_
Teorema 3.1 (Cauchy-Frobenius) Sejam um grupo finito e um nú-
_ _
mero primo tal que " " ". Então contém ao menos um elemento de
ordem . Mais precisamente, o número de elementos de ordem é con-
gruente a 2< módulo , isto é,
‘ _ #  
`
" ß `   2<

Demonstração. Primeiramente vamos definir o seguinte produto cartesiano


_
de por ele mesmo vezes:
3 
5 ˆ
_ 
, # #
  P     v  , a¤     a¤  a* 
6 , P V V V v  a¤  ‡
,
,
,
Então a última componente v dos elementos de  fica completamente deter-
[P
Ô
minada pelos primeiros 2 < elementos, isto é, v  P V V V v[P , de forma
_ v[P
que, " "  " " 2 <. Em particular, Ô " "  2<  . Consideremos
agora um grupo à Õ tal que ß à   , e definimos uma aplicação U por:
U à Õ  d*
ˆ
à ù  Ó 
em que
 Ó P     v   ˆiP     v  P     ˆ  
Por outro lado temos que se
[P
P V V V v  a¤   P P V V V v P  a¤   V V V v P  a¤ \

e por indução podemos mostrar que


ˆi v ˆ
Q P V V V RS P V V V T  a¤ Ô
v fatores
donde obtemos que U é um homomorfismo, e assim à Õ atua em  . Portanto
as órbitas de  sobre a ação definida por U possui um ou elementos. Seja
ˆ
 P     v 
 , então "{| ˆ "  < se, e somente se, ˆ       , e
v
isto é equivalente a   a¤. Definimos agora o conjunto
#
b  ˆ

 " "{| ˆ "  < 
_
de forma que a cardinalidade de b é igual ao número de elementos em de
_ v[P
ordem e " "  " " 2 <  "b "  , obtendo assim o resultado. Q.E.D.

88
CAPÍTULO 3. TEOREMAS DE SYLOW E OS GRUPOS ABELIANOS FINITOS

_ _
Corolário 3.1 Se é um grupo finito então é um -grupo se, e somente
_ 1
se, " "  para algum .

Demonstração. A prova é obtida de imediato aplicando o Teorema de


Cauchy-Frobenius e Lagrange. Q.E.D.

_
Corolário 3.2 Se é um -grupo finito com mais de um elemento, então
º _
"  " ; <.
_
Demonstração. A equação das classes para o grupo afirma que:
_ º _ Ï _ ^
" "  "  " 8 ]  ‚¤  
( )ƒ „ m¤n
_ 1
Do Corolário 3.1 anterior temos que " "  , para algum natural . Se
_ º _
   então não há mais o que se demonstrar; se, por outro lado, isto não
´ _ ^
ocorre então a soma „ n ]  ‚¤  da equação das classes é um múltiplo
( )ƒ m¤
_ º _
de , pois os subgrupos ‚¤  não são iguais a para 
>  . Assim,
º _ º _ #
obtemos que "  " ; <, equivalentemente,    a . Q.E.D.

_
Definição 3.2 Seja um grupo e um número primo. Um subgrupo g de
_
é dito -subgrupo de Sylow se g é um -subgrupo maximal.

3.3 Teoremas de Sylow


Antes de apresentar a discussão dos Teoremas de Sylow, vamos ilustrar as
idéias centrais que serão utilizadas, abordando uma questão. Também com
esta questão se ilustra a utilidade que tem o uso da ação de um grupo em um
conjunto.

Quantos grupos, não isomorfos, de ordem 15 existem?

Iniciamos a discussão desta questão fazendo uma consideração sobre os


_ _
subgrupos de . Do Teorema de Cauchy-Frobenius obtemos que contém
subgrupos de ordem = e ª, respectivamente, e o grupo de ordem ª é normal,
_
pois seu índice é =, o menor primo que divide a ordem de . E o subgrupo
de ordem =, é normal? A fim de responder esta questão consideremos g

89
3.3. TEOREMAS DE SYLOW

_ ÷
um subgrupo de ordem =, então g é normal em se, e somente se, g 
[ _
` g ` P  g , para todo `
, em outras palavras, g é normal se, e somente
se, o conjunto de seus conjugados possui somente um elemento. Isto nos leva a
_
considerar a ação, por conjugação, de no conjunto de seus subgrupos. Seja
÷ _#
 g " `
então  é a órbita de g via conjugação, donde obtemos
_
que atua por conjugação em  . Restringindo esta a ação a g obtemos
° ^
que, para qualquer -
 , ]g  € "L - é um ou três, mais precisamente
° ^ °
]g  € "L -  < se, e somente se, g  € "L -  … ¤ - % g , e este
0 … ¤ -. Por outro lado, - é normal em
último é equivalente a dizer que g ¡¢
… ¤ -, pois g ) - é um subgrupos de … ¤ -, e por conseqüência, também
_
de . Este subgrupo tem ordem = ou G, mas do Teorema de Lagrange temos
_
que não possui subgrupos de ordem G, logo "g ) - "  = e assim obtemos
que g  -, isto é, o único elemento de  cuja órbita, respeito a ação de g ,
tem cardinalidade um é o mesmo g . Também teremos que a cardinalidade da
órbita de um elemento é igual ao índice de seu estabilizador.
´ {|
De tudo isto segue que " "  " "L -"  < 8 =7, para algum 7.
Usando a equação que relaciona a cardinalidade da órbita com índice de seu es-
_ ^
tabilizador [Teorema 2.17, página 85], obteremos: " "  ]  … ¤ g  , quando
_
 é considerado como uma órbita da ação de em um conjunto de seus
_ ^
subgrupos. Como g 0 … ¤ g , então ]  … ¤ g   " " é um ou cinco, isto
e o resultado provado anteriormente que " "  <, nos faz concluir que g é
normal.
_
Até este ponto provamos que contém subgrupos normais de ordem = e
_
ª, agora é imediato a verificação de que é cíclico. Toda esta discussão pode
ser resumida na seguinte resposta a nossa questão:

Existe somente um grupo de ordem 15, salvo isomorfismo.

_
Teorema 3.2 (Primeiro Teorema de Sylow) Seja um grupo finito e
g um -subgrupo de Sylow. Então são válidas as seguintes relações:
3  3 
‘ 5 -subgrupo de , _ ‘ 5 -subgrupo de 
(1) ," " e  <  .
6 Sylow de _  , 6 Sylow de _ 
,
,
,
(2) Os -subgrupos de Sylow são conjugados.

Demonstração.

90
CAPÍTULO 3. TEOREMAS DE SYLOW E OS GRUPOS ABELIANOS FINITOS

_
(1) Consideremos a ação de em seus subgrupos por conjugação. Se g é
#
um -subgrupo de Sylow, consideraremos   g  gP g     gÑ , o
conjunto dos subgrupos conjugados de g . É de imediato a verificação
que se um subgrupo é maximal seus conjugados também o são, desta
forma os elementos de  são subgrupos de Sylow. Como  é uma órbita
_
sobre a ação descrita então atua em  e, por restrição, g atua em
° ^
 . Dado -
 , ]g  € "L -  ä, para algum !. Temos que !  9
°
se, e somente se, g  € "L -  … ¤ - % g , e este último quando
g 0 … ¤ -.
Como - é um subgrupo normal de seu normalizador,
_
então g ) - é um -subgrupo de que contém a g e a -. Devido
à maximalidade destes devemos ter g  -. Com isto provamos que
o único elemento de  que tem órbita com um só elemento, quando
se faz atuar g em  , é o próprio g . Deste argumento obtemos que
´
" "  H  " {| "L -"  < 8 w, para algum natural w, isto é, " "  <
 . Por outro lado, ao considerarmos  como a órbita de g sobre
_ _ ^
a ação de obtemos que " "  ]  … ¤ g  e este por sua vez é um
_
divisor de .

(2) Suponhamos que - é um -subgrupo de Sylow e que -   , em particu-


lar -  ˆ
g . O mesmo argumento mostra que - atua em  e suas órbitas
sobre esta ação tem cardinalidade múltipla de , o que contradiz o já
provado. Desta forma, do item anterior obtemos que todo -subgrupo de
‘ _#
Sylow é conjugado a g e portanto -subgrupo de Sylow de  H.

Q.E.D.

_
Teorema 3.3 (Segundo Teorema de Sylow) Seja um grupo e um
_ 1
número primo tal " "  Z, com    Z  <. Então todo -subgrupo
1
de Sylow tem cardinalidade .

Demonstração. Para provarmos o teorema é suficiente mostrar que


 ]_  g ^    <, com g sendo um -subgrupo de Sylow. Observemos que
_ ^ _ ^ ^
]  g  ]  … g  ]… g   g , onde … g  é o normalizador de g . Para
_ ^
mostrarmos que é um primo relativo com ]  g é suficiente mostrar que o
   ]_  … g ^   < e    ]… g   g ^   <. A primeira destas condi-
_ ^ ‘ _#
ções se deve ao fato de que ]  … g   -subgrupo de Sylow de e do
_ ^ 
Primeiro Teorema de Sylow podemos inferir que ]  … g   < . Para

91
3.4. GRUPOS ABELIANOS FINITOS

provarmos a segunda das condições, será suficiente mostrar que … g Bg não
possui elementos de ordemÔ e então aplicar o Teorema de Cauchy-Frobenius
r
[Teorema 3.1, página 88]. Se 
… g Bg é um elemento tal que  é a
identidade, então o grupo  g ÕBg é um -grupo, com efeito, este grupo é o
gerado por . É imediata a verificação que se um quociente é um -grupo e o
seu denominador também o é, então o numerador é um -grupo; assim, destes
fatos e da maximalidade de g , inferimos que 
g , e com isto terminamos a
prova.
Q.E.D.

_
Corolário 3.3 Seja um grupo finito e um número primo tal que
_ 1 _ _ˆ _ ˆ
" "  Z. Então contém subgrupos tais que " ˆ "  para todo
_ˆ _ _
­  <     , e ainda, os ’s podem ser escolhidos de forma que ˆ  ˆiP.

_ 1
Demonstração. Do Teorema anterior contém subgrupos de ordem .
O restante é obtido aplicando um argumento indutivo sobre a ordem de um
-grupo. Q.E.D.

3.4 Grupos Abelianos Finitos


Nesta seção iremos apresentar uma discussão bastante completa dos grupos
abelianos finitos. O objetivo é classificar os ditos grupos sobre isomorfismos.
Provaremos que os grupos cíclicos tem um papel similar aos dos números
primos, isto é, provaremos que um grupo abeliano finito se “fatora” de ma-
neira única como o produto de grupos cíclicos. Antes de iniciarmos faremos
a seguinte nota aclaratória. A operação de um grupo abeliano será denotada
aditivamente, os produtos diretos serão chamados de somas diretas e usare-
I
mos o símbolo para denotar a soma direta. Nesta seção usaremos algumas
propriedades de inteiros módulo , com sendo um número primo, por esta
razão apresentamos um resultado que resume as propriedades básicas destes
números.


Teorema 3.4 Seja um número primo. Então Z B Z e Z B Z  são gru-
pos com as operações de soma e produto de classes, respectivamente.

92
CAPÍTULO 3. TEOREMAS DE SYLOW E OS GRUPOS ABELIANOS FINITOS

Ademais, a multiplicação é distributiva em relação à soma, ou seja, se


, e , são elementos de Z B Z, então
K K K
I I
 v w v x  w v x v w v x 

Demonstração. Demonstraremos apenas que Z B Z  é um grupo, o res-
tante é bem elementar, eKomitimos aqui. Recordemos que a multiplicação de
classes é definido por  v   V , e ainda, independe dos representantes e
é associativa, como demonstrado na página 9. Resto-nos provar então que
cada elemento não nulo possui um inverso multiplicativo. Seja  uma classe
não nula, então e  são relativamente primos, de forma que existem inteiros
 e Z tais K
que <   8 Z. Tomando a classe módulo concluímos que
<     v , isto é,  é o inverso de . Q.E.D.

A seguinte definição é apresentada somente para dar coerência à termino-


logia que se será empregada.

Definição 3.3 Um corpo p é uma estrutura algébrica munida de duas ope-


rações, a saber, uma soma e um produto, denotados respectivamente por 8 e
V, que possuem as seguintes propriedades.

(1) O par p 8 é um grupo abeliano com identidade 9.


#
(2) O par p C 9  V é um grupo abeliano com identidade <.

(3) O produto é distributivo em relação a soma, isto é, V 8   V 8V ,


para todo  
p .

Observação 3.1 Pode-se verificar sem maiores dificuldades que se é um


número primo, então Z B Z é um corpo com elementos.
_ _
Teorema 3.5 Seja um grupo abeliano finito, então é isomorfo a
soma direta de seus -subgrupos de Sylow.
_
Demonstração. Como é abeliano, então todo subgrupo é normal, em
particular os -subgrupos de Sylow o são. Sejam gP g     g os diferen-
_
tes -subgrupos de Sylow de . Mostraremos em que a seguinte L condição é
cumprida,
#
 ˆ  gˆ % gP 8 V V V 8 gˆ 8 V V V 8 g   9  c ­  <     7
L
93
3.4. GRUPOS ABELIANOS FINITOS


ˆ e ß  ,, Ò ‹ , o que só é possível se ß   <.
rF
Seja 
  , então ß 
,
, ,‹ €
‰ ˆ
,
´ , _
Por outro lado se tem que ˆ gˆ é um subgrupo de com cardinalidade igual
€L P
_ _
a de , por tanto são iguais, isto é, dado `
existe `ˆ ’s
gˆ ’s tal que
´
`  ˆ `ˆ, e ainda, a representação de ` é única. Nesta situação as somas dos
€L P
_ I I _ Š
gˆ ’s será denotado por  gP V V V g , ou,  ˆ gˆ, e ambos substituem
€L P
a notação de produto direto. L Q.E.D.

Recordemos que nosso objetivo é demonstrar que os grupos abelianos


finitos podem ser representados como a soma direta de grupos cíclicos, então
o teorema anterior reduz o problema a -grupos abelianos.
_
Definição 3.4 Um grupo abeliano será dito -elementar, se existe um
_
número primo tal que   9, para todo 
.
#
Definição 3.5 Diremos que um subconjunto P      h de um grupo
_ Ô Ô
abeliano gera uma soma direta, se
h
‹
P      h Õ  ˆ Õ 
ˆ€P
_ _
Teorema 3.6 Seja um grupo abeliano -elementar finito. Então é
_ _
um espaço vetorial sobre Z B Z. Se é finito então é isomorfo a soma
direta de grupos cíclicos de ordem . [Notemos que o número de parcelas
_
da referida soma é igual à dimensão de como Z B Z-espaço vetorial, e
_
se denotará por Œ  .
_
Demonstração. Dados `
e 
Z B Z, definimos `  `. Esta
definição não depende da classe de , pois se   então "  2 , portanto
 2  `  9, o que implica que `  `. Os axiomas de espaço vetorial são
satisfeitos com a multiplicação acima definida. O resto da afirmação é obtido
dos seguintes fatos.

(1) Todo espaço vetorial de dimensão finita é isomorfo a um número finito


de cópias do corpo sobre o qual está definido.

(2) O grupo aditivo Z B Z é cíclico de ordem de .

Q.E.D.

94
CAPÍTULO 3. TEOREMAS DE SYLOW E OS GRUPOS ABELIANOS FINITOS

Teorema 3.7 Todo grupo abeliano finito é soma direta de grupos cíclicos.
_
Demonstração. Do Teorema 3.5 podemos supor que é um -grupo, isto
_ 1
é, " "  , para algum número primo e  F <. Assim temos que existe
h_
um Z D  tal que  9. E faremos a demonstração por indução sobre
_
Z. Se Z  <, então é um -grupo elementar e do Teorema 3.6 temos
_ I I
que è Z B Z V V V Z B Z, com Z B Z sendo um grupo cíclico abeliano.
Suponhamos agora que Z ; < e o resultado é verdadeiro para todos os grupos
_ h[P_ _ h[P h[P _
que satisfazem Ô  9. Seja    , então     9.
Por hipótese de indução   é representável como a soma direta de grupos
Š _
cíclicos, isto é,    ˆ n !ˆ Õ, com !ˆ  ²ˆ e ²ˆ
. Assim, 9  "!ˆ " !ˆ 
€P
_ _ #
"!ˆ " ²ˆ  "!ˆ "²ˆ , ou seja, "!ˆ "²ˆ
 `
" ` 9 

Afirmação.
_
(1) é um -subgrupo elementar.
# #
(2) ²P     ² e "!P"²P     "! "² geram subgrupos cuja interseção é
n n n
a identidade.

A parte (1) não é difícil de demonstrar; a parte (2) será demonstrada no


#
teorema seguinte. Da parte (2) temos que "!P"²P     "! "² é um subcon-
n _n
junto linearmente independente em Z B Z espaço vetorial . Completando
este conjunto a um conjunto maximal que seja linearmente independente, ob-
_ #
teremos que existem P     Ñ
tais que "!P"²P     "! "²  P     Ñ
#n n
é uma base. Novamente a parte (2) garante que ²P     ² gera uma soma
#
direta e por hipótese sobre os ˆ ’s,
n
Ô P     Ñ também
Ô gera uma soma direta.
Sejam Ñ
‹ ‹
p n ²ˆ Õ e   .ˆ Õ 
ˆ€P ˆ€P

_ I
Afirmação. p .
# ´
(i) Mostraremos que p %   9 . Se 
p %  então   ˆ n ˆ ²ˆ 
€P
Ñ́ ´ ´
ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ ˆ
ˆ€P .  e também   9, de forma que 9  ˆ€n P  ²  ˆ€n P  ! . Como
os elementos !ˆ geram a   como soma direta, então ˆ !ˆ 2 9, para todo
­, donde obtemos que "!ˆ " " ˆ , isto Ñ́é, ˆ  Gˆ "!ˆ ". Substituindo em
´
 obtemos que   ˆ n Gˆ "!ˆ "²ˆ  ˆ .ˆ ˆ . Agora a condição sobre o
€P €P
#
conjunto "!P"²P     "! "²  P     Ñ implica que   9.
n n
95
3.4. GRUPOS ÔABELIANOS FINITOS

_ Š
(ii) Se `
, então `
   ˆ n ²ˆ Õ, uma vez que
€P

Ï Ï
` n ˆ !ˆ  n ˆ ²ˆ 
ˆ€P ˆ€P

e assim
Ï

`2 n
ˆ ²ˆ ŽŽ  9
ˆ€P
o que vem a implicar que
Ñ
Ï Ï Ï
`2 nˆ ˆ
²  Ž n ˆ ˆ ˆ
Z "! "² 8 wˆ ˆ 
ˆ€P ˆ€P ˆ€P

e desta equação obtemos que


Ñ
Ï Ï
ˆ ˆ ˆ ˆ
`  n  8 Z "! " ² 8 wˆ ˆ
p 8  
ˆ€P ˆ€P

provando o afirmado.

Q.E.D.

_
Teorema 3.8 Seja um Ô-grupo abeliano, ÔE P     E1 elementos não nulos
tais que 1
‹
E P     E1 Õ  Eˆ Õ 
ˆ€P
_
(1) Se vˆ são elementos deÔ tais que vˆ Ô Eˆ, para todo ­, então
1
‹
v P     v1 Õ  vˆ Õ 
ˆ€P

Ô
(2) Se P     1 são inteiros tais que ˆ Eˆ  9, para todo ­, então
1
‹
Pv P     1v1 Õ  ˆ vˆ 
ˆ€P

Ô Ô
Demonstração.

´
(1) Seja !
vˆ Õ % ‹ ‰ ˆ v‹ Վ, então
€
Ï
!  ˆ v ˆ  ‹ v‹ 
‹€
‰ ˆ

96
CAPÍTULO 3. TEOREMAS DE SYLOW E OS GRUPOS ABELIANOS FINITOS

A hipótese sobre os vˆ ’s implica que


Ï ‹ ‹ Ï ‹ ‹
ˆvˆ  ˆ vˆ  v  E 
‹€
‰ ˆ ‹€
‰ ˆ

Como os Eˆ ’s geram uma soma direta, da equação anterior obtemos que


Ï
ˆ Eˆ  9  ‹ E‹ 
‹€
‰ ˆ

donde concluímos que ß E  "  , para todo 7  <     , então  


ÈÓ
ß E  V G . Posto Eˆ 
9, devemos
L Lter ß Eˆ   ; <, donde obteremos
L
L L ß Eˆ  ˆ ß Eˆ  ˆ ˆ Ï ß E‹  ‹ ‹
! w xG vˆ  w xG E  xG E 
‰ ˆ w
‹€

Agora, a condição sobre os Eˆ’s implica !  9.


Ô Ô
(2) Seja Ž
Ï
!
ˆ Eˆ Õ % Œ
 ‹ E‹ Տ 
‹€
‰ ˆ

então
Ï
!  ˆ Eˆ  ‹ E‹ 
‹€
‰ ˆ

onde   7 Z, para todo w  <     . A hipótese sobre os Eˆ’s implica


que ß Eˆ  " ˆ , para todo ­, portanto !  9.

Q.E.D.

_
Teorema 3.9 Todo grupo abeliano pode ser representado como soma
direta de grupo cíclicos,
_ ä
‹
 ôˆ 
ˆ€P
tais que, "ôˆiP" divide a "ôˆ ", para todo ­  <     ! 2 <. [A decomposição
_
anterior de se chama decomposição canônica.]

_ _ I I_ _
Demonstração. Seja  P V V V Ñ , a representação de como soma de
ˆ -grupos. Pelo Teorema 3.7, para cada ­, _ˆ  ôˆ P I V V V I ôˆ1Ó , e somando-os
I
podemos ordenar de maneira que "ôˆ‹ iP" divida
Ô a "ôˆ‹ ". Definamos
Ô ôP  ôPP
I
V V V ôÑ P. Como cada ôˆ P é cíclico e  "ôˆ P"  "ô P"  <, para ­  w, então
ˆ‹ ˆ‹
ôP é cíclico, mas precisamente, se ô  à Õ, então ôP  àPP 8 V V V 8 à Ñ PÕ.

97
3.4. GRUPOS ABELIANOS FINITOS

I I
Definindo [quando necessário] ô  ôP V V V ôÑ , usando o mesmo argumento
obteremos que ô é cíclico, e que "ô " divide a "ôP". Um processo indutivo
completa a construção dos ô‹ ’s com as condições requeridas. Q.E.D.

_
Teorema 3.10 Dois grupos abelianos finitos e   são isomorfos se, e
_
somente se, cada -parte de é isomorfa a cada -parte de   , mais preci-
_
samente, se para cada primo , v e  v que denotam os correspondentes
_
-subgrupos de Sylow de e   , respectivamente, então
_ _
è   $ v è  v 

para cada primo .


_ _
Demonstração. Se      é um é um isomorfismo, então  ý¤{  v   
_ _
satisfaz   v  0  v , isto é,  ý¤{  v   v é claramente um isomorfismo.
_
Por outro lado, se v éè{  v , para todo primo , então definindo a aplicação 
_ IÑ _ _
como segue: se  ˆ€ vÓ e `

P
_
   
Ñ́Ñ́
` ù  wˆ `ˆ x  ˆ vÓ `ˆ 
€P €P
se verifica facilmente que  é um isomorfismo. Q.E.D.

_ _
Teorema 3.11 Seja um grupo abeliano finito,   um subgrupo de e
sejam Ñ
_ ‹ ä
‹
 gˆ e   -ˆ 
ˆ€P ˆ€P
_
as decomposições de e   como no Teorema 3.9. Então ! D H e
"-‹ " " "g‹ ", para todo ®  <     !.

Demonstração. Faremos a demonstração por contradição, isto é, suporemos


que "-‹ " - "g‹‹ " ou que ! ; H. Suponha que "-‹ " - "g‹ " e seja   "g‹ ",
[
_ ŠP #
então   ˆ gˆ e -‹  9 . Seja Z  "-ˆ " ; < e consideremos o
_ € P _
subgrupo P de  , cujos elementos tem a ordem de ‹um divisor de Z, isto
[
_ _ # _ ´P
é, P  
 " Z  9 . Se 
P, então   ˆ ˆ , com ˆ
gˆ e
€P
‹ [P
´
9  Z  ˆ Zˆ. Como ˆ
gˆ e os gˆ’s formam uma soma direta, então
€P

98
CAPÍTULO 3. TEOREMAS DE SYLOW E OS GRUPOS ABELIANOS FINITOS

‹ [P
_ Š _
9  Zˆ , para todo ­, donde temos que ˆ
P, portanto 
ˆ  P % gˆ .
_ €P
Temos que P % gˆ é cíclico de ordem menor ou igual a Z, pois é um subgrupo
_
do grupo cíclico gˆ e os elementos de P tem ordem no máximo Z. Assim,
_ ‹ [P
concluímos que " P" D Z . Por outro temos que para cada ­  <    ® , -ˆ
contém um subgrupo ðˆ isomorfo a -‹ , "-‹ " divide "-ˆ ", para ­  <    ® e -ˆ
_
é cíclico, então ðˆ è -‹ , e assim Zðˆ è Z-‹  9, e portanto ðˆ 0 P,
para todo ­. Logo,
‹ Ž
‹ _ ‹ _ ‹ [P
Œ ðˆ  0 P  Z D " P" D Z 

ˆ€P

obtendo assim uma contradição, pois Z ; <. Se ! ; H, então ! F H 8 <.


#
Tomando ®  H 8 < e g‹  9 , vemos claramente que "-‹ " - "g‹ "  <.
Aplicando o argumento anterior, para este caso, chegaremos novamente a uma
contradição. Q.E.D.

Teorema 3.12 (Teorema Fundamental dos Grupos Abelianos Finitos)


_
Se um grupo abeliano finito. Se
Ñ
_ ‹ ˆ ‹ ä ‹
 ô  m 
ˆ€P ‹ €P

com ôˆ e m‹ satisfazendo as condições do Teorema 3.9, então H  ! e


"ôˆ "  "mˆ ".

ä
Š _
Demonstração. Observemos que ‹ m‹ 0 . Do Teorema 3.11, ! D H e "mˆ "
¡¢
€P
Ñ
Š ˆ
ˆ
divide a "ô ", para todo ­  <     !. Agora para ˆ ô aplicamos o mesmo
€P
argumento e vemos que H D ! e "ôˆ " divide a "mˆ ". Q.E.D.

99
3.4. GRUPOS ABELIANOS FINITOS

100
Conclusão

Com vimos o texto possibilitou a apresentação não de toda, mas, de elemen-


tos de teoria dos grupos, de uma forma introdutória e bastante independente,
com a construção de conceitos bem elementares e apresentados de formas
graduais, respeitando o seguimento clássico de estudo desta teoria. Embora
introdutório, este estudo possibilitou contato com algumas técnicas e ferra-
mentas comumente utilizadas na Teoria dos grupos tais como: equação das
classes, -grupos, Teoremas de Sylow, Centro e centralizadores. Nossa abor-
dagem respeitou o desenvolvimento clássico da teoria, no entanto, procuramos
apresentar os conceitos de forma gradual e construtiva, procurando analogias
com estruturas mais familiares, como a de Espaço Vetorial. O trabalho foi
concluído com o Teorema Fundamental dos Grupos Abelianos Finitos, como
uma aplicação da teoria estudada ao longo do texto.

101
CONCLUSÃO

102 THIAGO DOURADO


Referências Bibliográficas

[1] Alencar Filho, E. Elementos de Álgebra Abstrata. Editora Nobel S.


A., São Paulo, 1978.

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sión espñola por Dr. José Plá Carreraa, Editora Reverté, S. A., Barcelona,
1984.

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Schaum’s Outline Series, New York, 1968.

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[8] Garcia, A.; Lequain, Y. Elementos de Álgebra. 2a edição, Associa-


ção Instituto de Matemática Pura e Aplicada, Projeto Euclides, Rio de
Janeiro, 2003.

[9] Gonçalves, A. Introdução à Álgebra. Conselho Nacional de Desenvol-


vimento Científico e Tecnológico, CNPq, Projeto Euclides, Rio de Janeiro,
1979.

103
CONCLUSÃO

[10] Halmos, P. R. Teoria Ingênua dos Conjuntos. Tradução de Lázaro


Coutinho. Editora Ciência Moderna, Coleção Clássicos da Matemática,
Rio de Janeiro, 2001.

[11] Hefez, A. Curso de Álgebra. Volume I. 2a edição, Associação Instituto


de Matemática Pura e Aplicada, Coleção Matemática Universitária, Rio
de Janeiro, 1997.

[12] Herman, W. The Theory os Groups and Quantum Mechanics. Trans-


lated from the second (revised) german edition by H. P. Robertson, Dover
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[14] Herstein, I. N. Álgebra Moderna - Grupos, Anilos, Campos


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[15] Jacy Monteiro, L. H. Elementos de Álgebra. Coleção Elementos de


Matemática, Instituto de Matemática Pura e Aplicada, Livros Técnicos
e Cinetíficos Editora S. A., Rio de Janeiro, 1974.

[16] Landau, E. Teoria Elementar dos Números. Série Textos Clássicos,


Tradução da série Textos Clássicos da American Mathematical Society
por Paulo Henrique Viana de Barros, Ed. Ciência Moderna, Rio de Ja-
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[18] Milne, J. S. Group Theory. Retirado do sítio www.jmilne.org/math,


ascessado em 14 de dezembro de 2009, 2008.

104 THIAGO DOURADO


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.smm.org.mx/wordpress/pub-elec-textos-vol4, ascessada em 14
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[20] Pacheco, A. Álgebra. Retirado do sítio http://sites.google.com/site/


amilcarpachecoensino/, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Acessado
em 14 de dezembro de 2009.

[21] Polcino, C. M. Breve História da Álgebra Abstrata. Instituto de


Matemática e Estatística, Universidade de São Paulo, retirado do sítio
http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf, ascessado em 14 de novembro de
2009, São Paulo, 2006.

[22] Polcino, C. M. Grupos Nilpotentes: Uma Introdução. Instituto


de Matemática e Estatística, Universidade de São Paulo, retirado do sítio
http://ensino.univates.br/ ‘chaet/Materiais/grupos [ nilpotentes2.pdf, asces-
sado em 14 de novembro de 2009, São Paulo, 2008.

[23] Ribenboim, P. Números Primos: Mistérios e Records. Coleção Ma-


temática Universitária, Associação Instituto de Matemática Pura e Apli-
cada - IMPA, Rio de Janeiro, 2001.

[24] Sampaio, J. C. V. Estruturas Algébricas I, II. Departamento


de Matemática, Universidade Federal de São Carlos, retirado do sítio
http://www.dm.ufscar.br/ ‘sampaio/algebra.html, ascessada em 14 de de-
zembro de 2009, São Carlos, 2006.

[25] Wussing, H. The Genesis of the Abstract Group Concept. The MIT
Press Cambridge, Massachusetts, 1984.

ELEMENTOS DE TEORIA DOS GRUPOS 105


NOTAÇÕES

106 THIAGO DOURADO


Notações

c Qualquer que seja.


#
 " g O conjunto dos elements  satisfazendo a propriedade g .
#1 #
 €P P      1 .
L L
    é símbolo que denotará .....

 C A diferença entre o conjunto  e o conjunto  .

 J O produto cartesiano entre  e  .

N Conjunto dos Números Naturais.

Z Conjunto dos Números Inteiros.

R CQ Conjunto dos Números Irracionais.

R Conjunto dos Números Reais.



 Conjunto de todos os elementos inversíveis em  .
º _ _
  Centro do grupo .

mŠõ n  é um conjunto finito.


Î
  está relacionado com segundo a relação .


  está relacionado com segundo a relação de equivalência

.

    está relacionado com segundo a relação de equivalência

.
*
> 
 ’ O conjunto  pela relação de equivalência .
“

107
NOTAÇÕES

K
I
1 1 Respectivamente, soma e produto em Z >Z.

Z BZ  1ZZ O conjunto das classes de equivalência de Z módulo .


_ _
  W Grupo sobre a operação W.
_
a¤ Elemento neutro do grupo .

 R  Grupo linear geral de ordem  e com entradas reais.

*  d* Grupo de permutações em  .

Š*  dŠ* Grupo de permutações em  , quando  é um conjunto


finito.
_ _
  ¡¢
0   é subgrupo de .
_ ¤ _
B  Grupo quociente de módulo  .
Ô»Ä
ï R  Grupo de Heisenberg com entradas reais.

Õ Subgrupo gerado pelo conjunto .

ß ` Ordem do elemento `.

íî  Núcleo do homomorfismo  .

ï  Imagem do homomorfismo  .
_ _ _ _
Pè  O grupo P é isomorfo ao grupo .
_ _ _ _

 P é isomorfo ao grupo , segundo o isomorfismo U.

    Classes laterais à esquerda e à direita respectivamente, de


_
  em .
_ ^ _
]   Índice de   em : cardinalidade da união das classes
_
laterais   em .

 Função phi de Euler.
_ _
  é subgrupo normal de .
÷
 Subgrupo conjugado.
_ _ _ _
P)  Produto direto dos grupos Pe .

108 THIAGO DOURADO


NOTAÇÕES

_ _
Ë  Ë é um subgrupo normal minimal de .
ÙCD _ _
Ë Û Ë é um subgrupo normal maximal de .
ÙÚ
df Grupo das simetrias espaciais de um triângulo equilátero.

d Grupo das simetrias espaciais de um quadrado.

e  ­P­ V V V ­Ñ  A permutação e é um ciclo de comprimento H ou H-ciclo.


Ò f ˆn g #
…q  ˆõ‹ q m 2 q m‹n , onde   P     1 .
P‰ ‰1
v e  Signo do ciclo e.
‚1
Grupo alternado, das permutações pares de d1.
{|  Órbita do elemento .
°
€  Estabilizador do elemento .

ô¤  Centralizador do elemento .

¤   Normalizador de   .
_ _ _
Œ   Dimensão de como Z B Z-espaço vetorial, quando é
um grupo abeliano finito -elementar.

ELEMENTOS DE TEORIA DOS GRUPOS 109


Índice Remissivo

Abel, 11 Diferença simétrica, 16


Abeliano, grupo, 11
Endomorfismo, 28
Automorfismo, 28
Epimorfismo, 27
Cayley Estabilizador de um elemento, 85
Lema de, 31 Estrutura algébrica, 11
Teorema de, 64 Euler
Centralizador de um elemento, 86 Função de, 37
Ciclo Teorema, 38
comprimento H, de, 76
Fermat
Estrutura em, 82
Pequeno Teorema, 36
Identidade, 76
Função
H-ciclo, 76
Euler, de, 37
Signo, 81
Transposição, 76 Grupóide, 11
Classe Grupo(s)
Conjugação, de, 86 abeliano, 11
Classes Alternado, 81
Laterais cíclico, 26, 36
Direita, à, 31 centro do, 21
Esquerda, à, 31 Ciclo de comprimento H, 76
Conjugação, de, 82 de permutações, 16, 31
Equivalência, de, 6 Definição, 11
Congruência módulo , 7 Diedrais, 71
Conjunto Z BZ, 8 finitamente gerado, 26
Produto em Z BZ, 9 Heisenberg, de, 22
Soma em Z BZ, 9 Isomorfo, grupo, 28
Conjunto quociente, 8 Klein, de, 14
Corpo, 93 linear especial, 21

110
ÍNDICE REMISSIVO

linear geral, 15 Ordem de um elemento, 26


Modular, 84
Partição, 6
ordem, 11
permutações, 16
-Grupo, 87
composta de duas, 17
-subgrupo de Sylow, 89
inversão de, 18
Quociente, 41
Produto
H-ciclo, 76
direto externo, 53
Simétrico de grau , 16, 72
direto interno, 54
simetrias espaciais de um quadrado,
Projeção canônica, 8, 49, 51
Grupo das, 75
simetrias espaciais de um triân- Relação, 5
gulo equilátero, Grupo das, 74 Conjugação, de, 82
Simples, 61 Relação de equivalência, 5
Tábua, 16
Transposição, 76 Semi-grupo, 11
Subgrupo
Homomorfismo, 27
conjugado, 38
imagem, 29
definição, 18
núcleo, 29
gerado, 25, 26
Teorema do, 48
Maximal, 63
Isomorfismo, 27 Minimal, 63
Primeiro Teorema do, 49 nomral, 38
Segundo Teorema do, 49 Normal Maximal, 63
IÍndice, 34 Normal Minimal, 63
uniparamétrico, 24
Lagrange
Teorema de, 35 Teorema
Lei de composição interna, 10 Cauchy, 88
Cayley, de, 64
Monóide, 11
chinês do resto, 56
Monomorfismo, 27
Correspondência, da, 51
Operação da Representação (ver Teorema de
Definição, 10 Cayley), 64
Lei de composição interna, 10 Euler, 38
Operação binária, 10 Fundamental dos Grupos Abelia-
Órbita de um elemento, 84 nos Finitos, 99

ELEMENTOS DE TEORIA DOS GRUPOS 111


ÍNDICE REMISSIVO

Homomorfismo, do, 48
Lagrange, de, 35
Pequeno Teorema de Fermat, 36
Primeiro Teorema do Isomorfismo,
49
Segundo Teorema do Isomorfismo,
49
Sylow, Primeiro Teorema de, 90
Sylow, Segundo Teorema de, 91

112 THIAGO DOURADO

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