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Professor universitário
Escritor, jornalista e ensaista
Conselheiro do Comando da ESG
Colaborador do Jornal O Estado de
São Paulo
Globalização, esperança ou ameaça?
Segundo registrou o grande papa reinante, João Paulo II, em sua incíclica
Laborem Exercens, do ponto de vista da ética social, o trabalho precede o capital. O
motivo da precedência assinalada, é claro, partindo a afirmação do extraordinário líder
religioso, se funda essencialmente no livro do Gênesis, em que figuram as expressões do
Criador dirigidas aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, determinando-lhes que
crescessem, se multiplicassem e dominassem a terra, o que implica trabalho.
A esta altura, supomos há muitos se estarão perguntando o que tem tudo isso que
ver com a precedência do trabalho sobre o capital, quando avaliados sob a ótica do bem
comum. Estaria sendo insinuada a inutilidade ou, ainda pior, o papel necessariamente
perverso do capital?
Como o mundo em que vivemos em nossos dias, segundo entendemos, não tem
dado a citada ênfase adequada às necessidades do espírito, atuam os seus líderes, por mais
que tentem disfarçá-lo, como que dominados pela sede insaciável dos apetites sempre
insastifeitos, de vez que a conquista de objetivos circunscritos ao finito não satisfará
jamais, como dito acima, o que deve ser buscado no ilimitado e eterno.
Estamos vivendo uma época em que, por tudo isso, hipocrisia à parte, predomina
o egoísmo. Globalização, pois, que busque a harmonia e a cooperação fundadas no amor
fraterno e na justiça entre os homens e as nações, necessidades que o espírito pressente, é
uma magnífica esperança. A que se está configurando, porém, se apresenta com indícios
veementes de predomíno, sob a a égide de uma economia cujo propósito supremo parece
ser o aperfeiçoamento da eficácia... da economia, na produção de bens materiais,
destinados à satisfação concupiscente do corpo, obediente apenas a misteriosas e
eticamente indefinidas “leis do mercado”.