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BIOELETROGÊNESE

c A palavra bioeletrogênese provém do grego bios que significa vida, elektron está relacionado
a um tipo de resina fóssil chamada de âmbar que ao seu friccionada em alguma superfície, esta
adquiria propriedade eletrostáticas, significando corrente elétrica, e génesis significa origem.
Assim, a bioeletrogênese estuda a origem das propriedades elétricas da vida.
PROPRIEDADE ELÉTRICAS DAS MEMBRANAS NERVOSAS
Quando observado a partir do gânglio trigeminal que é um corpo de neurônios, tem-se as
ramificações do nervo trigêmio em nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular que
promovem o suprimento nervoso, a inervação de boa parte do viscerocrânio, bem como as
estruturas do sistema estomatognático (SE), bem como seios paranasais, cavidades orbitárias,
cavidades nasais, cavidade oral e arcadas dentárias superiores e inferiores. Sendo esse
prolongamentos/essas ramificações responsáveis por captar estímulos que vem da superfície
das estruturas e por enviar informações que levam a uma resposta, seja uma movimentação
ou contração. O sentido do impulso nervoso pode ser em direção ao SNC ou em direção a
estrutura inervada.

Através de cortes histológicos, é possível identificar estruturas, sendo assim, através dos cortes
histológicos de um nervo, é comum encontrar diversas fibras nervosas, como por exemplo
axônios de neurônios que em conjunto formam o nervo, também é possível encontrar
capilares, células de schwann que envolvem as fibras nervosas no SNP formando a bainha de
mielina, e no SNC o envoltório da bainha de mielina nas fibras nervosas mielinizadas são
formadas por oligodendrócitos. O envoltório total do nervo é chamado de perineuro e entre as
fibras nervosas do nervo encontra-se o endoneuro (matriz extracelular das fibras nervosas).
NEURÔNIOS E SUAS MEMBRANAS
O neurônio é formado por um corpo celular, prologamentos curtos que partem diretamente
do corpo celular chamados de dendritos, prolongamentos longos responsáveis pela condução
dos impulsos nervosos chamados axônios e o terminal axônico.
Existem muitos diferentes tipos de neurônios, mas morfologicamente os principais são 3:
Bipolar: Onde do corpo celular partem dois prolongamentos de dendritos.
Multipolar: Do corpo celular partem vários prolongamentos de dendritos.
Pseudo-unipolar: Um dos principais neurônios mais presentes e envolvidos na captação dos
estímulos pelos receptores do SNP craniano. Chamado de pseudo-unipolar porque dele parte
um único curto prolongamento do corpo celular que logo em seguida se divide em dois pólos,
em dois prolongamentos, um gerando uma comunicação em formato de dendrito e o outro
maior prolongamento chamado axônio.

A membrana plasmática, envoltório do axônio, tem a estrutura típica formada por uma dupla
camada de lipídios, bicamada lipídica, principalmente fosfolipídeos, proteínas encontradas na
superfície ou proteínas que atravessam a bicamada lipídica chamada de proteínas
transmembranas e um componente de carboidratos formando a árvore glicídica da
membrana.
Nas membranas dos axônios, as proteínas existentes podem formar canais, pelos quais podem
passar moléculas de pequenos tamanhos como aminoácidos, monossacarídeos e íons. Essa
passagem pode envolver processos que gastem ou não energia. Quando essa passagem,
difusão ocorre da região mais concentrada para a menos concentrada, ela ocorre a favor do
gradiente de concentração, transporte passivo, não sendo necessário o gasto de energia.
Quando a passagem é de uma região menos concentrada para uma região mais concentrada,
vai contra o gradiente de concentração, transporte ativo, sendo necessário o uso de energia,
ATP.
A difusão ela pode ser simples quando uma molécula atravessa sem auxilio de qualquer outra
molécula. Já quando ocorre a travessia com auxilio de proteínas que formam um canal ou uma
ponte, é chamada a difusão facilitada.
Entender eletrofisiologia, é entender o que é uma informação, o que é o impulso nervoso.
Potencial de membrana e propriedades elétricas não é uma característica única de células
nervosas, mas está presente em todas as células do corpo. Quando se fala na transmissão de
uma informação, significa na verdade a transmissão de um potencial elétrico, sendo entendido
pelo SN como uma informação ou pelo SE como uma resposta.
Dados os experimentos ao longo do tempo evoluírem sobre as propriedades elétricas que
haviam na membrana celular, através de eletrodos foi descoberto que a carga elétrica do
interior da célula era negativa, e a diferença entre o potencial elétrico interno ( a carga dentro
da membrana) e externo ( carga fora da membrana) era de -90mV, significando que dentro da
membrana a carga elétrica era -90milivolts mais negativo do que fora da membrana, ou seja, o
lado interno da membrana era mais negativo que o lado externo. Sendo assim, na literatura
padronizou-se que o lado interno no repouso era negativo e o lado externo positivo.
POTENCIAL DE MEMBRANA EM REPOUSO
A esse valor de -90mv, diferença de carga elétrica, de potenciais elétricos dentro e fora da
célula foi chamado de potencial de membrana. O potencial de membrana é equivalente ao
potencial de repouso quando a célula não está transmitindo um impulso nervoso sendo a
diferença do potencial dentro da célula e o potencial fora da célula.
Mas porque dentro é mais eletronegativo do que fora?
Dois fatores influenciam, o primeiro é a diferença de concentração de íons e moléculas, a
concentração extra membrana é diferente da concentração intra membrana. Fora da célula
existe maior concentração de íons sódio Na+ e CL-, e dentro da célula a maior concentração é
de íons potássio K+, grandes conjuntos de aminoácidos e proteínas maiores e mais pesadas
que os íons carregadas negativamente, essas cargas negativas dentro das proteínas colaboram
para que o potencial de membrana seja negativo dentro da célula.
O segundo fator é a permeabilidade da membrana, a membrana plasmática ela é
semipermeável, permitindo a passagem de alguns íons, moléculas, aminoácidos e açúcares e
de outros não, dependendo da polaridade e do peso molecular.
Na membrana plasmática existem proteínas que são canais de potássio e proteínas que são
canais de sódio, no entanto a membrana plasmática é muito mais permeável ao potássio por
causa da existência de outras proteínas formadas por uma porção menor β que faz a
ancoragem da proteína na membrana e uma porção maior α que faz um papel vital para a
célula, pois se liga a 3 íons sódio dentro da célula e ao mesmo tempo se liga a 2 íons potássio
fora da célula, sendo assim capaz de quebrar uma molécula de ATP liberando energia podendo
assim jogar para fora da célula 3 íons sódio e jogar para dentro da célula 2 íons potássio. Assim
3 íons sódio saem da célula e dois íons potássio entram para a célula.
A permeabilidade seletiva da membrana se dá pela quantidade de íons que ela permite passar
de um lado para o outro, e isso é feito pela bomba de sódio e potássio está sempre jogando 3
íons para fora, mas só repondo 2 íons para dentro, dessa forma a parte intracelular está
sempre perdendo uma carga positiva, então o meio interno se torna cada vez mais negativo, e
o meio externo cada vez mais positivo.
POTENCIAL DE AÇÃO
Um estímulo seja fator químico, elétrico ou mecânico que ative a membrana de uma célula
nervosa pode fazer com que os canais de sódio que se encontrava fechados no repouso se
abram e permitam a entrada de íons de sódio com cargas positivas dentro da célula, entrando
as cargas positivas para dentro da célula ocorre a despolarização. A despolarização é a
inversão das cargas, após as cargas positivas de Na+ entrarem para dentro da célula, o
potencial intramembrana que era negativo torna-se positivo dentro da célula em relação ao
lado de fora (extracelular), chegando um momento que após tanta carga positiva entrar na
célula, o potencial da membrana vai aumentando, passando de -90mV, para -60mV (limiar de
excitabilidade), para -30mV, -10mV chegando a 0mV. Assim, entrando as cargas positivas
dentro da célula, o potencial da membrana do lado interno se torna positivo, o contrário de
quando está em repouso, ocorrendo assim a despolarização.
Após a membrana despolarizada, negativa por fora e positiva por dentro, por causa da
abertura de canais de sódio e a consequente entrada de muitas cargas positivas de íons sódio,
o potencial de membrana se torna tão positivo que esses canais de sódio retornam a sua
conformação fechada, não deixando mais íons sódio positivos entrarem dentro da célula.
Dessa forma, após o potencial de membrana atingir a voltagem positiva de +35mV, os canais
de potássio irão se abrir, deixando as cargas positivas de potássio saírem da célula, com as
cargas positivas saindo, a membrana sofre o processo de repolarização. Na repolarização as
cargas positivas de dentro da célula que estavam deixando o meio interno positivo saem,
fazendo com que se restaure o estado de repouso, onde o meio interno da membrana é
negativo e o meio externo da membrana positivo, assim o potencial de membrana retorna aos
seus valores atingindo -90mV do lado de dentro em relação ao lado de fora da célula.
Dessa forma, tem-se os 3 estados da membrana são eles:
1º) Membrana em repouso com o potencial de -90mV, positivo fora, negativo dentro.
2º)Canais de sódio dependentes de voltagem abrem, cargas positivas de Na+ entram, havendo
a inversão da polaridade, negativo fora, positivo dentro chamado de despolarização.
3º)Abertura dos canais de potássio dependentes de voltagem, saídas de cargas positivas de
dentro da célula, restaurando o positivo fora, negativo dentro sendo chamado de
repolarização.
GRÁFICO DO POTENCIAL DE AÇÃO

Esse gráfico estabelece o potencial de membrana variando em relação ao longo do tempo. O


potencial de ação é o impulso nervoso que ocorre ao longo da membrana plasmática da célula.
A primeira fase do potencial de ação é a célula em repouso, sendo dada no gráfico pelo
potencial de repouso que é a mesma coisa que o potencial de membrana da célula em
repouso, sendo neste momento o potencial na célula nervosa de -90mV (o potencial de
repouso pode variar de célula para célula, na célula nervosa, no neurônio é -90mV, mas numa
célula normal ou em qualquer outra célula, o potencial de membrana em repouso é dado por
-70mV, como no gráfico). A primeira fase caracteriza-se então pela célula em repouso com os
canais de sódio fechados e um potencial de -90mV.
Segunda fase: Diante de qualquer estímulo que faça com que os canais de sódio se abram, íons
positivos (Na+) entrem na célula, fazendo com que dentro da célula fique menos negativo, se o
estímulo foi forte o suficiente parar abrir a quantidade mínima de canais de sódio que façam
atingir o potencial de -60mV na célula nervosa (numa célula normal -55mV, como no gráfico),
quer dizer que atingiu-se o limiar de excitabilidade da membrana, valor mínimo da quantidade
de canais de sódio que precisam ser abertos e da quantidade de sódio que vai entrar na célula
para que ocorra um impulso, o potencial de ação. Se o estímulo não for forte o suficiente para
fazer a abertura de canais de sódio necessários para que seja alcançado o limiar, o impulso não
acontece e o potencial de membrana volta para o repouso. Já sendo forte o suficiente para
atingir o limiar, o potencial de ação acontece, assim os canais de sódio abrem cada vez mais e
entram mais cargas positivas na célula, no gráfico essa fase corresponde a fase ascendente
logo após o estímulo, aumentando o potencial de membrana se tornando cada vez mais
positivo, esse momento é chamado de despolarização.
Terceira fase: Momento platô, momento em que o potencial de ação atingiu sua carga
máxima, ou seja um grande quantidade de íons positivos entraram na célula até alterar a
conformação dos canais de sódio que agora se fecham, e os íons sódio não entram mais na
célula, abrindo assim os canais de potássio que permitem a saída das cargas positivas de
dentro da célula (K+), fazendo com que o interior da célula se torne negativo e o potencial de
ação que estava positivo vai ficar cada vez mais negativo, caindo novamente para seu
potencial de membrana em repouso numa fase descendente, num processo de repolarização,
como no gráfico.
No entanto, os canais de potássio não se fecham tão rapidamente, assim por a membrana ser
super permeável ao potássio e os canais de potássio não fecharem rápido, muitos íons
positivos K+ saem da célula podendo atingir um potencial cada vez mais negativo chamado de
fase de hiperpolarização.

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