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Nomes: Giana Guimaraes, Nickson S.

Terra Turma: 159

TDE: AGENTES PÚBLICOS

O presente trabalho consiste na análise do Recurso Extraordinário Nº 185.944 ES de relatoria


do Ministro Marco Aurélio, de 07/08/1998. Interposto pelo Estado do Espírito Santo contra
acordão do Tribunal de Justiça do referido estado.

O TJ-ES havia admitido o direito de greve conforme previsão do art. 37, VII. O governo do
estado ingressou com o RE com argumento de que estaria o referido tribunal avançando sobre
a competência exclusiva do poder legislativo. Hipótese afastada pelo relator, que entendeu
que a decisão do tribunal de justiça estava dentro dos limites do dispositivo constitucional.

A decisão do TJ foi no sentido de, tendo o Governo do Estado autorizado expressamente os


grevistas a não comparecerem enquanto durasse o movimento paredista, estando satisfeito
com condições que viabilizassem a sequência das atividades policiais. Estaria por reconhecer o
movimento ao impor condições a sua existência. O que afastaria a suspensão de pagamento
dos vencimentos dos servidores.

Por unanimidade a turma não reconheceu do recurso extraordinário, no temos do voto do


relator.

Na doutrina, o professor José dos Santos Carvalho Filho também faz menção a discussão.

Se a própria Administração, entretanto, ajustar com


servidores a paralisação das atividades, estará reconhecendo a
legitimidade das faltas e não poderá suspender o pagamento
dos vencimentos nem efetuar descontos relativos aos dias não
trabalhados.

O professor José vai além, faz duras criticas a omissão legislativa.

O ideal é que o Poder Público diligencie para que seja


logo editada a lei regulamentadora da matéria, porque toda a
confusão sobre o assunto tem emanado da lamentável e
inconstitucional inércia legislativa. Com a lei, evitar-se-iam os
abusos cometidos de parte a parte, abusos estes que acabam
respingando sobre quem nada tem a ver com a história – a
população em geral – que, a despeito de sua necessidade,
permanece sem a prestação de serviços públicos essenciais,
como previdência social, assistência médica, educação e
justiça, entre outros.

O fato é que se passaram anos e o Congresso Nacional ainda não tratou do tema. Enquanto
isso, a medida paliativa é a decisão do STF, no Mandado de Injunção 712-8 PA, que ficou
entendido que, até o conserto da omissão por parte do legislador, será aplicado a lei 7.783/89,
(lei de greve para a iniciativa privada), com a observação do Princípio da Permanência ou
Princípio da Continuidade que dá limites ao exercício do direito de greve dos servidores
públicos.

O professor José, mais uma vez, joga luz ao julgado com suas críticas sempre construtivas.
A mais alta Corte, entretanto, passou a adotar
orientação diversa. Em mandados de injunção em que se
pleiteava fosse reconhecido o exercício do direito de greve, a
despeito da ausência de lei sobre a matéria, o STF, conhecendo
o pedido, julgou-o procedente para o fim de determinar a
aplicação, aos servidores públicos, da disciplina contida na Lei
nº 7.783/1989, que regula o direito de greve dos empregados
em geral na hipótese dos denominados “serviços
essenciais”.596 No que toca ao conhecimento da ação, com o
julgamento do pedido, a decisão foi digna de aplausos, mas,
quanto à aplicação da Lei nº 7.783/1989, pareceu-nos
inadequada a solução. Esse diploma regula a matéria no
âmbito da relação de emprego na iniciativa privada e, por
conseguinte, não pode aplicar-se aos servidores públicos,
integrantes de relação jurídica inteiramente diversa. Trata-se
de solução paliativa decorrente da inaceitável omissão do
legislador em disciplinar a matéria, como o exige o art. 37, VII,
da CF. A omissão, todavia, não poderia permitir que lei,
instituída para incidir sobre determinada categoria de
trabalhadores, tivesse aplicação sobre categoria dotada de
fisionomia jurídica diversa, como é o caso dos servidores
públicos. A omissão, em consequência, teria que ser suprida
através de regulamentação própria, sem alusão ao referido
diploma.

No nosso entendimento, o Supremo acertou quando deu razão ao ministro Marco Aurélio no
julgamento do Recurso Extraordinário. Quando o Estado impõe regras, logo reconhece a
existência de legitimidade do movimento grevista. E observadas as regras impostas pelo
estado, não nos parece razoável a suspenção do pagamento de salários.

Ainda que não seja objeto deste trabalho, a omissão do legislador federal, nos levou a análise
de outro julgado, o mandado de Injunção 712-8 PA, que entendeu ser omisso o legislador
federal, quando não legislou, como manda o texto constitucional. O que não nos parece
prejudicar o presente trabalho, tendo em vista que todos os caminhos levam ao mesmo
abismo. O legislador federal viola a constituição, quando se omite de fazer a sua atribuição
fundamental e deixa ao Supremo o papel de legislar.

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