Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O TJ-ES havia admitido o direito de greve conforme previsão do art. 37, VII. O governo do
estado ingressou com o RE com argumento de que estaria o referido tribunal avançando sobre
a competência exclusiva do poder legislativo. Hipótese afastada pelo relator, que entendeu
que a decisão do tribunal de justiça estava dentro dos limites do dispositivo constitucional.
Na doutrina, o professor José dos Santos Carvalho Filho também faz menção a discussão.
O fato é que se passaram anos e o Congresso Nacional ainda não tratou do tema. Enquanto
isso, a medida paliativa é a decisão do STF, no Mandado de Injunção 712-8 PA, que ficou
entendido que, até o conserto da omissão por parte do legislador, será aplicado a lei 7.783/89,
(lei de greve para a iniciativa privada), com a observação do Princípio da Permanência ou
Princípio da Continuidade que dá limites ao exercício do direito de greve dos servidores
públicos.
O professor José, mais uma vez, joga luz ao julgado com suas críticas sempre construtivas.
A mais alta Corte, entretanto, passou a adotar
orientação diversa. Em mandados de injunção em que se
pleiteava fosse reconhecido o exercício do direito de greve, a
despeito da ausência de lei sobre a matéria, o STF, conhecendo
o pedido, julgou-o procedente para o fim de determinar a
aplicação, aos servidores públicos, da disciplina contida na Lei
nº 7.783/1989, que regula o direito de greve dos empregados
em geral na hipótese dos denominados “serviços
essenciais”.596 No que toca ao conhecimento da ação, com o
julgamento do pedido, a decisão foi digna de aplausos, mas,
quanto à aplicação da Lei nº 7.783/1989, pareceu-nos
inadequada a solução. Esse diploma regula a matéria no
âmbito da relação de emprego na iniciativa privada e, por
conseguinte, não pode aplicar-se aos servidores públicos,
integrantes de relação jurídica inteiramente diversa. Trata-se
de solução paliativa decorrente da inaceitável omissão do
legislador em disciplinar a matéria, como o exige o art. 37, VII,
da CF. A omissão, todavia, não poderia permitir que lei,
instituída para incidir sobre determinada categoria de
trabalhadores, tivesse aplicação sobre categoria dotada de
fisionomia jurídica diversa, como é o caso dos servidores
públicos. A omissão, em consequência, teria que ser suprida
através de regulamentação própria, sem alusão ao referido
diploma.
No nosso entendimento, o Supremo acertou quando deu razão ao ministro Marco Aurélio no
julgamento do Recurso Extraordinário. Quando o Estado impõe regras, logo reconhece a
existência de legitimidade do movimento grevista. E observadas as regras impostas pelo
estado, não nos parece razoável a suspenção do pagamento de salários.
Ainda que não seja objeto deste trabalho, a omissão do legislador federal, nos levou a análise
de outro julgado, o mandado de Injunção 712-8 PA, que entendeu ser omisso o legislador
federal, quando não legislou, como manda o texto constitucional. O que não nos parece
prejudicar o presente trabalho, tendo em vista que todos os caminhos levam ao mesmo
abismo. O legislador federal viola a constituição, quando se omite de fazer a sua atribuição
fundamental e deixa ao Supremo o papel de legislar.