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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CAMPUS MOSSORÓ
BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ANTÔNIA PALOMA MATIAS CAMPOS

PROJETO DE PONTE ROLANTE

MOSSORÓ - RN
2018
ANTÔNIA PALOMA MATIAS CAMPOS

PROJETO DE PONTE ROLANTE

Projeto de Conclusão de Curso II


apresentado à Universidade Federal Rural do
Semi-árido – UFERSA, Campus Mossoró,
como parte dos pré – requisitos para a
obtenção do título de Bacharela em
Engenharia Mecânica
Orientador: Prof. Zoroastro Torres Vilar

MOSSORÓ– RN
2018
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ata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a)
sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

C186p Campos, Antônia Paloma Matias.


Projeto de Ponte Rolante / Antônia Paloma
Matias Campos. - 2018.
64 f. : il.

Orientador: Zoroastro Torres Vilar.


Monografia (graduação) - Universidade Federal
Rural do Semi-árido, Curso de Engenharia
Mecânica, 2018.

1. Ponte Rolante. 2. Dimensionamento. 3.


Carga. 4. Componentes. 5. Estrutura. I. Torres
Vilar, Zoroastro, orient. II. Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação
e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de
Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
AGRADECIMENTOS

Ao universo, que me proporciona todos os dias oportunidades de evoluir espiritualmente


e intelectualmente. Por colocar pessoas maravilhosas no meu caminho, que estão sempre
dispostas a me ajudar, e que acreditam na minha capacidade de me recriar.
Obrigada também à minha família, com quem posso sempre contar como sendo meu
refúgio em momentos difíceis, em especial a minha mãe, que nunca passou um dia sem me dar
uma palavra de apoio e incentivo para que eu continuasse firme e forte na minha jornada. Muito
obrigada pelo carinho de vocês.
Agradeço aos meus amigos, desde os de infância até os que conquistei nos dias atuais.
Agradeço aos meus colegas de curso, por tornarem os dias mais descontraídos e por me darem
apoio, em especial Ricardo Halla II, que sempre me ajudou com prontidão nos momentos que
mais precisei de auxílio ao longo do curso.
Agradeço ao meu orientador Zoroastro Torres Vilar, pela paciência, compreensão, e
pelos seus conselhos dados em sala, mostrando que além de ser um professor compromissado
com a engenharia, também tem grande compromisso em formar profissionais mais humanos.
Quanto aos meus outros professores e ex - professores, acho que todos sabem do imenso
carinho e consideração que tenho por eles, sempre deixei isso explícito, mesmo passando por
alguns momentos difíceis com alguns. Digo isso sem demagogia alguma.
Aos funcionários da UFERSA, em especial aos que tive o imenso prazer de conhecer:
terceirizados, motoristas, técnicos administrativos, enfim, todos que contribuíram para o meu
bem estar e me deram o imenso prestígio de suas amizades. Levarei isso para resto da vida.
RESUMO
A ponte rolante é o sistema com maior eficiência para realizar a locomoção de cargas
pesadas tanto a pequenas como grandes distâncias, tendo porém algumas limitações devido o
movimento pendular da carga dificultar o posicionamento preciso da mesma. Uma ponte rolante
é um aparelho de elevação móvel que pode circular em uma via móvel na qual designa um
caminho através de rolamento em suas vias. O objetivo desse trabalho é desenvolver o projeto
básico de uma ponte rolante. Para se atingir tal objetivo se fará uso de normas especificas e
bibliografias designadas para tal projeto. Dessa forma a metodologia aplicada para o
desenvolvimento desse projeto seguirá passo a passo as recomendações propostas pelas normas,
e através de pesquisas, poderemos adotar os valores para capacidade de elevação de carga,
altura de elevação, peso da ponte, o vão da ponte entre outros, levando em consideração a
aplicação da mesma. Espera-se ao final deste estudo obter-se um projeto básico de uma ponte
rolante com capacidade de atender as especificações pré-determinadas.

Palavras – chave: ponte rolante, dimensionamento, carga, componentes, estrutura


ABSTRACT
The crane is the most efficient system for locomotion of heavy loads both at small and
large distances, but some limitations due to the pendulum movement of the load make difficult
the precise positioning of the same. A crane is a mobile lifting device that can move on a moving
path in which it designates a path through rolling in its tracks. The purpose of this work is to
develop the basic design of a crane. In order to achieve this objective, specific standards will
be used for such project. In this way, the methodology applied to the development of this project
will follow step by step the recommendations proposed by the standards, and through
researches, we can adopt the values for load lifting capacity, lifting height, bridge weight, span
of the crane, among others , taking into account the application of it. It is expected at the end of
this study to obtain a basic design of a crane with capacity to meet predetermined specifications.

Keywords: crane, scaling, charge, components, structure


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Principais componentes de uma ponte rolante........................................................16


Figura 2 - Sistema de cabo, polia e tambor escolhido..............................................................22
Figura 3 - Valores de H2 em função do tipo de moitão ...........................................................26
Figura 4- Sistema múltiplo de polias com quatro partes ..........................................................28
Figura 5- Principais dimensões do moitão ...............................................................................31
Figura 6- Rendimento por número de cabos ............................................................................34
Figura 7- Desenho representativo das reações na viga ............................................................46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classes de utilização ................................................................................................18

Tabela 2 - Estados de carga ......................................................................................................18

Tabela 3 - Estado de tensões de um elemento ..........................................................................19

Tabela 4 - Classificação da estrutura dos equipamentos (ou elementos da estrutura) em grupos


.............................................................................................................................. ................... 19

Tabela 5 -Valores do coeficiente de majoração .........................................................................20

Tabela 6 - Classe de funcionamento .........................................................................................20

Tabela 7 - Estado de solicitação dos mecanismos ....................................................................21

Tabela 8 - Grupos dos mecanismos...........................................................................................21

Tabela 9 - Médias cúbicas convencionais ................................................................................21

Tabela 10 – Valores mínimos de Q ..........................................................................................23

Tabela 11 - Valores de H1 .........................................................................................................25

Tabela 12 - Valores de H2 .........................................................................................................25

Tabela 13 - Ranhuras de polias para cabos de aço ....................................................................27

Tabela 14 - Dimensões para as polias em mm, para um diâmetro do cabo de 34,5 mm...........27

Tabela 15 - Dimensões das Ranhuras do Tambor, em mm ......................................................29

Tabela 16 – Velocidades recomendadas para operações de pontes rolantes ............................35

Tabela 17 - Carga relativa Mr ..................................................................................................36

Tabela 18 – Diâmetros mínimos de rodas e trilhos para carros de pontes rolantes...................37

Tabela 19 – Resistência ao deslocamento das rodas..................................................................38

Tabela 20 – Tempo de aceleração para translação de pontes rolantes e carros.........................39

Tabela 21 – Quantidade e diâmetro de rodas para pontes rolantes ...........................................41

Tabela 22 – Tempos de aceleração e acelerações.....................................................................45

Tabela 23 – Valores do coeficiente dinâmico ψ ......................................................................45

Tabela 24 - Valores de q...........................................................................................................47


Tabela 25 - Valores de SFr ......................................................................................................47

Tabela 26 – Padronização de dimensões de vigas ...................................................................50

Tabela 27 – Preços estimados de componentes para uma ponte de 25t ................................. 51


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


NR- Norma Regulamentadora
NBR – Normas Brasileiras
ASTM - American Society for Testing and Materials
ISO - Organização Internacional para Padronização (International Organization for
Standartization)
Sumário

1. Introdução................................................................................................................ 12
2. Objetivos do trabalho ................................................................................................. 13
2.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 13
2.2. Objetivos específicos ........................................................................................... 13
3. Referencial Teórico .................................................................................................... 14
3.1. Metodologia ......................................................................................................... 16
3.2. Situação Problema e resultados ........................................................................ 17
3.2.1 Classificação do grupo da estrutura ............................................................... 17
3.2.2. Classificação do grupo dos mecanismos ....................................................... 20
4- Sistema de elevação da ponte (Projeto dos componentes) ......................................... 22
4.2. Cabo de aço .......................................................................................................... 22
4.3. Polias móveis, polia compensadora e tambor ...................................................... 24
4.4. Moitão .................................................................................................................. 30
4.5. Rolamentos para os mancais ................................................................................ 32
4.6. Motor para elevação da carga .............................................................................. 32
4.6.1. Escolha do motor ........................................................................................... 36
5. Sistema de translação do carro ................................................................................... 37
5.1. Diâmetro das rodas do carro ................................................................................ 37
5.1.1. Rolamentos para as rodas do carro ................................................................ 37
5.2. Potência do motor de translação do carro ............................................................ 38
5.2.1. Escolha do motor ........................................................................................... 40
5.3. Redução das Rotações do Sistema ....................................................................... 40
5.3.1. Escolha do redutor ......................................................................................... 40
6. Sistema de translação da ponte ................................................................................... 40
6.1. Rodas da ponte ................................................................................................. 40
6.2. Cálculo da Potência do Motor ............................................................................. 41
6.2.1. Escolha do motor ........................................................................................... 42
6.3. Redução do sistema ............................................................................................. 42
6.3.1. Escolha do redutor ......................................................................................... 43
7. Cálculos Básicos para a Estrutura .............................................................................. 43
7.1. Dimensionamento da viga principal .................................................................... 43
7.1.2. Escolha do perfil da viga ............................................................................... 48
7.1.3. Tensão de cisalhamento ................................................................................ 48
8. Levantamento de custos ............................................................................................. 50
9. Considerações Finais ................................................................................................. 52
10. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 53
11. Anexos ...................................................................................................................... 55
12

1. Introdução

As atividades relacionadas à processos produtivos geralmente encontram - se


vinculadas a transportes de cargas, tanto de forma contínua por meio de transportadores
de correia, caneca ou outros que caracterizam o transporte de materiais a granel, assim
como de forma descontínua onde a carga é içada por meio de um dispositivo como bloco
de gancho, eletroímã, caçamba, barra de carga entre outros.
Tratando de transporte de materiais de forma descontínua podemos citar ponte
rolante, que é o foco da pesquisa. Podemos descrevê-la como um aparelho de elevação
móvel que pode circular em uma via móvel na qual designa um caminho através de
rolamento em suas vias. Esta pode ser designada como monoviga se for instalada com
uma viga, ou biviga se for instalada com duas vigas.
Para que uma ponte rolante possa efetuar seus movimentos é necessário que haja
os seguintes elementos: Trolley lateral, Trolley guincho e redutor, que possibilitam os
movimentos de elevação, que move a carga verticalmente; translação transversal,
referente ao movimento horizontal transversal que circula com sistema de rolamento; e
translação longitudinal, que realiza o movimento horizontal paralelo que circula através
de rolamento.
Para projetar-se uma máquina de elevação é necessário seguir normas específicas
que determinam as condições básicas que devem ser obedecidas. Para isso, a
especificação das características do equipamento é de extrema importância para que se
possa definir as condições da aplicação. No caso de uma ponte rolante, algumas
especificações como alturas de elevação principal e auxiliar, peso dos carros principal e
auxiliar, peso da barra da carga, peso do gancho, velocidades de levantamentos e de
translação entre outros, são de extrema importância para definir tais condições.
As normas que orientam os projetos das máquinas de elevação e transporte de
cargas (METs) procuram padronizar coeficientes e esforços que estão sendo aplicados a
modelos, que atendem aos requisitos de segurança e durabilidade em condições normais
de operação, embora não teçam comentários sobre a configuração do equipamento.
Dessa forma, Tornou-se necessário desenvolver procedimentos básicos que
possibilitassem a determinação da sequência, desde os objetivos à que se propõe o
equipamento assim como a análise das principais partes mecânicas e estruturais da MET
– ponte rolante não – siderúrgica, por meio das ferramentas de engenharia e
recomendações das normas.
13

2. Objetivos do trabalho

2.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo dimensionar os componentes mecânicos básicos


presentes numa ponte rolante baseando-se em normas específicas que determinam as
condições do projeto.

2.2. Objetivos específicos

 Pesquisar e definir uma situação problema para ser atendida pelo projeto a ser
desenvolvido.
 Pesquisar e definir as normas a serem utilizadas para o desenvolvimento do
projeto.
 Efetuar o dimensionamento dos componentes baseando-se nos dados obtidos no
trabalho.
14

3. Referencial Teórico

Quando tratamos do manuseio de carga, podemos classificar os equipamentos


como Equipamentos de manuseio contínuo, que temos como exemplo transportadores de
correia, transportadores de caneca, transportadores que utilizam fusos, etc. E
equipamentos de manuseio descontínuo, que transportam material a granel, como
equipamento com levantamento de carga a giro, monovias, sistemas standard de
levantamento (talhas), pontes rolantes entre outros. (TAMASAUSKAS, 2000).

A ponte rolante é o sistema mais eficiente para locomover cargas grandes e


pesadas em pequenas distâncias (COSTA, 2010).

Uma ponte rolante é um aparelho de elevação móvel que circula em uma viga
móvel na qual se designa um caminho através do rolamento em suas vias. No caso de só
possuir uma viga é chamada de monoviga, e no caso de duas vigas é chamada de biviga.
(PERINAZZO, PRIETTO, 2014 apud TAMASAUSKAS,2000).

Possui movimentos longitudinal, transversal e vertical motorizados. O movimento


longitudinal esquerdo ou direito é feito pelas rodas sobre os trilhos, o transversal esquerdo
ou direito é feito pelo carro sobre a ponte, e o vertical ascendente ou descendente é feito
pelo enrolamento ou desenrolamento do cabo de aço ou corrente. Dependendo de seu
tamanho e potência, esses movimentos são comandados por um operador na cabina, ou
por botoeira ao nível do piso (PINHEIRO, 2015).

O projeto e construção de máquinas de elevação são baseados em normas


específicas que determinam as condições básicas a serem obedecidas. No Brasil, podemos
classificar os mecanismos, bem como as estruturas, conforme a norma brasileira ABNT
NBR-8400 NBR 8400 que diz respeito ao Cálculo de equipamento para levantamento e
movimentação de cargas.
Em relação aos mecanismos, a norma brasileira dispõe de tabelas referenciais para
auxiliar na classificação tanto dos mecanismos como estruturas utilizadas. De modo geral,
são avaliados dois fatores, que são a classe de funcionamento, que define o número de
horas de trabalho diário, e o estado de solicitação, que define o esforço ao qual o
componente será submetido durante a operação. Esses dois fatores combinados
possibilitam um dimensionamento com maior segurança dos mecanismos da ponte
(PINHEIRO, 2015).
15

Os principais componentes que constituem a estrutura de uma ponte rolante são:


Ponte, que é a estrutura constituída por uma uni-viga ou dupla-viga e também por duas
cabeceiras. Sendo ela a principal estrutura que realiza movimento de translação da ponte
que cobre o vão de trabalho; Talha, responsável pelo movimento de elevação da carga,
geralmente faz uso de um cabo de aço para conseguir levantar o dispositivo de elevação
ou bloco de gancho, sendo montada no carro ponte. Utiliza-se também um motor elétrico
com freio eletromagnético (motofreio) para auxiliar na elevação. Sua montagem pode ser
feita sob a viga principal da ponte por meio de um Trolley para que possa existir o
movimento de deslocamento transversal da ponte, o que não faz necessário o uso do carro
ponte; Carro guincho, onde seu movimento está contido sobre as vigas principais da ponte
sendo ele o responsável pela movimentação na transversal e vertical da carga; viga
principal, que é o elemento mais importante da estrutura na hora do dimensionamento. É
nela onde há o deslocamento do carro da talha. Pode ser dividia em uni-viga, quando no
projeto é utilizada apenas uma viga e dupla-viga quando é usado duas vigas; Cabeceiras,
que torna possível o movimento de translação da ponte rolante, por serem localizadas nas
extremidades da viga onde são fixadas rodas, que são acionadas normalmente por uma
caixa de engrenagem, sendo essa acionada por um motor elétrico; Trolley Utilizado
geralmente em pontes rolantes conhecidas como monovia, este faz a movimentação da
talha sob a viga. Sendo seu movimento acionado por um motor elétrico que faz a caixa
de engrenagens funcionar.
Na figura 1 mostra-se um desenho esquemático composto pelas principais partes
de uma ponte rolante.
16

Figura 1 – Principais componentes de uma ponte rolante.

1.1 Ponte ou viga principal; 1.2 Cabeceiras; 1.3 Viga de rolamento; 1.4 Carro talha; 1.5 Talha; 1.6
Caminho de rolamento; 2 Tipos de equipamento; 2.1 Tipo de apoio
a. Ponte rolante apoiada, b. Ponte rolante suspensa; 2.2 Quantidade de vigas, c. Univiga, d. Dupla-viga; 3
Operação, 3.1 Deslocamento da ponte, 3.2 Deslocamento do carro-talha, 3.3 Guincho. Fonte:
Infraestrutura Urbana, 2014.

3.1. Metodologia

O presente trabalho tomou como base pesquisas bibliográficas para poder efetuar o
dimensionamento dos principais componentes de uma ponte rolante. Através destas
pesquisas, pode-se adotar os valores para capacidade de elevação de carga, altura de
elevação, peso da ponte, o vão da ponte entre outros, levando em consideração a
finalidade da mesma.
O desenvolvimento do projeto foi executado seguindo-se Normas Brasileiras
voltadas para o projeto de Pontes Rolantes, especificamente ABNT NBR-8400, NR 11,
NBR 6327. Dessa forma, inicialmente pesquisou-se e definiu-se uma situação problema
para a qual foi desenvolvido o projeto básico da ponte rolante. Este foi dividido em etapas
de acordo com cada componente da ponte. Todos os cálculos foram baseados nas normas
especificas e em literaturas complementares.
17

3.2. Situação Problema e resultados

Para exemplificar o que foi dito até o momento, podemos utilizar a seguinte
situação problema:

Ponte Rolante para pátio de sucata, trabalhando em galpão fechado com


temperatura máxima de 40°C, utilizado regularmente em serviço intermitente, espera-se
uma vida útil de 12 anos, trabalhando 10h/dia, 330 dias/ano, com um ciclo de trabalho
total estimado de 12 min/ciclo.

O equipamento regularmente levantando a carga nominal de 25 ton.

O curso útil da elevação da ponte rolante é de 10,0m.

O: Vão da ponte rolante é de 12 m.

O seguinte projeto da ponte descrita na situação problema, leva em conta informações


tiradas das normas, portanto é bastante objetivo.

3.2.1 Classificação do grupo da estrutura

O primeiro passo para realizar os cálculos é classificar a estrutura dos


equipamentos e dos elementos da estrutura. Deve-se em seguida obter também a
classificação do grupo da estrutura. Tais dados serão obtidos seguindo as etapas
detalhadas dos pontos 5.1 a 5.4 da norma NBR 8400:1984.

Para determinação do grupo, precisamos saber qual a classe de utilização e o


estado de carga. Fazendo uma pequena conversão para ciclos/hora, temos que:
𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑎𝑠
5 × 10 × 330 × 12 𝑎𝑛𝑜𝑠 = 1,98𝑥105 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑙𝑒𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑜

Com esse dado, pela tabela 1 o valor se enquadra na classe B.


18

Tabela 1 – Classes de utilização

Fonte: NBR 8400, 1984

Quanto ao estado de carga, como na questão problema dizia que regulamente levantava a
carga nominal, então podemos classificar como o estado de carga 3 (pesado). Esse dado
foi retirado da tabela 2.

Tabela 2 – Estados de carga

Fonte: NBR 8400, 1984

Da mesma forma que achamos o estado de carga, levando em consideração que estamos
trabalhando regularmente em condições nominais, e sob tensões máximas, então
escolhemos na tabela 3 o estado 3 (pesado).
19

Tabela 3 – Estado de tensões de um elemento

Fonte: NBR 8400, 1984

A partir da escolha dos valores de classe de utilização e estado de carga (ou


tensões), temos que para uma classe B e estado de carga muito pesado (P=1),
determinamos olhando na tabela 4 que o grupo da estrutura é o 5.

Tabela 4 – Classificação da estrutura dos equipamentos (ou elementos da estrutura) em


grupos

Fonte: NBR 8400, 1984

Esse valor é utilizado para obter o coeficiente de majoração Mx, que caracteriza o
dimensionamento da estrutura. Logo, pela tabela seguinte, utilizando o grupo da estrutura
5 da tabela 5, achamos que Mx é 1,12.
20

Tabela 5 – Valores do coeficiente de majoração

Fonte: NBR 8400, 1984

3.2.2. Classificação do grupo dos mecanismos

Para que consigamos classificar o grupo dos mecanismos, seguindo os pontos 6.1
a 6.2 da norma NBR 8400:1984, levamos dois fatores em consideração, que são a classe
de funcionamento e estado de solicitação.
A classe de funcionamento é obtida por meio do tempo médio de funcionamento
diário estimado, que no caso dado na questão é de 8 horas por dia. Logo, analisando a
tabela 6, temos que nosso valor de classe de funcionamento é V4.

Tabela 6 – Classe de funcionamento

Fonte: NBR 8400, 1984

Quanto ao estado de solicitação, este é definido por meio da tabela 7 a seguir:


21

Tabela 7 – Estado de solicitação dos mecanismos

Fonte: NBR 8400, 1984

Pelas definições descritas na tabela, a que mais se adequa a questão problema é a


do estado de solicitação 3, já que regularmente o equipamento levanta a carga nominal.
Portanto, com o valor da calasse de funcionamento V4 e o estado de solicitação 3, pela
tabela 8 a seguir, temos o grupo de mecanismos igual a 5m.

Tabela 8 – Grupos dos mecanismos

Fonte: NBR 8400, 1984

Outro valor que precisa ser obtido através da norma NBR 8400:1984 é o valor da
média cúbica, representada por K, que está relacionado ao estado de solicitação na tabela
9. Como no caso em que estamos trabalhando o estado de solicitação é 3, o K é 0,85.

Tabela 9 – Médias cúbicas convencionais

Fonte: NBR 8400, 1984


22

4- Sistema de elevação da ponte (Projeto dos componentes)

4.2. Cabo de aço

O sistema de cabo, polia e tambor escolhido é o da figura 2 a seguir:

Figura 2 – Sistema de cabo, polia e tambor escolhido.

Fonte: PURQUERIO, 2011

O sistema é composto por duas polias acopladas no moitão, uma polia


compensadora e um tambor duplo.
A seleção do cabo é feita efetuando-se inicialmente o cálculo do diâmetro mínimo deste,
que é determinado pela fórmula:
𝑑𝑐 = 𝑄√𝑇 (1)

Onde,
Q = coeficiente que depende do grupo no qual está classificado o mecanismo e tipo de
cabo.
T = Esforço máximo de tração que atua sobre o cabo (daN)
No caso de um esforço de 26,000 tf (carga nominal + peso do moitão e do cabo), dividido
pelo número de cabos que é 4, resulta aproximadamente 6500 daN.
23

O valor de Q é obtido pela tabela 10, que para um grupo de mecanismo 5m, o valor é
0,425.

Tabela 10 – Valores mínimos de Q

Fonte: NBR 8400, 1984

Assim, o valor de dc é 34,26 mm. Com esse valor vamos a um manual técnico de cabos
de aço da Carl Stahl (ANEXO I) e selecionamos um cabo de aço com 1.3/4” de diâmetro,
polido, com alma de fibra (6x19 AF) que possui carga de ruptura de 112000 kgf.
Correspondente à categoria 1960 da norma ABNT NBR ISO 2408:2008, que prevê uma
carga de ruptura mínima de 102,96 tf, o que é atendido.

𝐶𝑅𝑀 (2)
𝐹𝑆 =
𝐶𝑇

Onde CRM trata-se da carga de ruptura mínima e CT é a carga de trabalho. O valor de


ruptura mínima do cabo (CRM) é de 112 tf e CT igual a 6,628 tf, o fator de segurança é
aproximadamente 16,89. Esse fator de segurança será necessário para a estimativa de vida
útil do cabo.
Para a estimativa da vida útil do cabo, o método utilizado é encontrado no livro
do Rudenko (1978), Onde usamos as equações 2 e 3, sendo inicialmente necessário
calcular a área útil da seção transversal do cabo em cm2 (F), pela fórmula:

𝑆𝑊 (3)
𝐹=
𝜎𝑏 𝑑
𝐾 −𝐷 × 50000
𝑚í𝑛
24

No livro do Rudenko (1978), é necessário achar tabelados os valores para a relação


𝑑
, obtido pelo número de flexões. Assumindo também que 𝜎𝑏 está entre 130 e 200
𝐷𝑚í𝑛

Kgf/mm², que foi o intervalo dado no livro. Sw, é obtido por meio da relação da carga
útil, pelos valores de eficiência dados em tabelas e o número de cabos. O valor de K, foi
obtido considerando condições de trabalho muito pesado.
Para estimar a vida útil do cabo dado pela equação 4:

𝑧1 (4)
𝑁=
𝑧2 𝑎𝛽

Sendo os valores de z, encontrados pela relação com m, que é encontrada por meio da
equação 5:

𝐷𝑚í𝑛 (5)
𝑚=
𝑑𝜎𝑐𝑐1 𝑐2

Na qual os valores das constantes c, c1 e c2, admitindo torção cruzada, são obtidos por
meio de tabelas no livro.
Seguindo esse procedimento, pelo método do livro do Rudenko, a vida útil em meses para
um cabo que suporta tais solicitações é de aproximadamente 13 meses.

4.3. Polias móveis, polia compensadora e tambor

Para dimensionar as polias móveis, de compensação e o tambor, é necessário


inicialmente determinar o diâmetro do enrolamento do cabo (De) por meio da equação 6:
𝐷𝑒 = 𝐻1 × 𝐻2 × 𝑑𝑐 (6)

Onde:
H1 e H2 = coeficientes que incidem sobre o diâmetro de enrolamento dos cabos sobre
polias e tambores, sendo função, respectivamente do grupo a que pertence o mecanismo
e do próprio sistema de polias e dos tambores.
dc = diâmetro do cabo selecionado.
25

O coeficiente H1 é obtido por meio da tabela 11. Para um cabo normal e na


classificação 6x19, os valores H1 para o tambor, polias móveis e de compensação são
respectivamente 28, 31,5 e 20.

Tabela 11 – Valores de H1

Fonte: NBR 8400, 1984

O valor de H2, por sua vez, para tambor e polia de compensação é igual a 1
independente do sistema de cabos. Enquanto para polias móveis, o valor de H2 depende
do número de polias no circuito e do número de inversões dos sentidos de enrolamento.
As polias de compensação não entram no cálculo das inflexões. Na tabela 12, são
revelados os valores do coeficiente H2 em função do WT, o qual é a soma dos valores de
W, onde:
 W = 1, para tambor;
 W = 2, para cada polia que não gere inversão de sentido de rolamento no percurso
do cabo;
 W = 4, para cada polia que provoca uma inversão de sentido de enrolamento.
 W = 0 para polias de compensação

Tabela 12 – Valores de H2

Fonte: NBR 8400, 1984


26

Figura 3 - Valores de H2 em função do tipo de moitão.

Fonte: NBR 8400,1984

Dessa forma, com um WT dentro da faixa de 6 à 9, o valor correspondente de H2 é 1,12.


Portanto, com base nos valores supracitados, aplicando –se a fórmula do diâmetro de
enrolamento do cabo para cada componente, temos que:
 Para o tambor, De = 28 x 1 x 34,26 = 959,28 mm; (ANEXOS XI)
 Para as polias móveis, De = 31,5 x 1,12 x 34,26 = 1208,7mm; (ANEXOS IX).
 Para a polia de compensação, De = 20 x 1 x 34,26 = 685,2 mm. (ANEXOS X).

As dimensões da polia podem ser feitas com base no livro do Rudenko (1976), por meio
da tabela 13. Podendo-se observar que para um diâmetro de 38 mm (adotando-se os
valores para 39 mm), os valores obtidos são vistos na tabela 14.
27

Tabela 13 – Ranhuras de polias para cabos de aço

Fonte: RUDENKO, 1976

Tabela 14 – Dimensões para as polias em mm, para um diâmetro do cabo de 34,5 mm


a b c e h l r r1 r2 r3 r4

90 70 15 2,0 55,0 22 20,0 7,0 8,0 28 20

Para dimensionarmos o tambor, tais dimensões devem ser obtidas também pelo Rudenko,
baseando-se na equação 7:
𝐻𝑖 (7)
𝑍= +2
𝜋𝐷

Onde:
Z = número total de voltas
H = altura de elevação
i= relação do sistema de polias
D= diâmetro do tambor
28

Figura 4: Sistema múltiplo de polias com quatro partes.

Fonte: RUDENKO, 1976

Pelo enunciado, temos H = 10m, a relação de um sistema de polias de quatro partes é i=2,
e D (diâmetro do tambor) é 959,28 mm, como determinado anteriormente. Assim,
aplicando tudo na fórmula, Z (que deve ser multiplicado por 2, por se tratarem de dois
cabos enrolados no tambor, como visto na figura 4) é aproximadamente 18 voltas. As
dimensões das ranhuras do tambor podem ser obtidas na tabela 15 a seguir.
29

Tabela 15 – Dimensões das Ranhuras do Tambor, em mm

Fonte: RUDENKO, 1976

Dessa forma, para um cabo com diâmetro aproximado de 34,5mm, e considerando uma
ranhura padrão, temos então:
r1 = 19,0mm
s1 = 38mm
c2 = 10mm.
Quanto ao comprimento do tambor (L), o qual possui dois cabos enrolados sobre
o mesmo, é encontrado pela equação 8 a seguir:
2𝐻𝑖 (8)
𝐿=( + 12) 𝑠 + 𝑙1
𝜋𝐷

Onde, 𝑙1 é o espaço no meio do tambor entre as hélices a mão direita e a mão esquerda,
ditado no projeto.
Considerando l1 = 0,48m e s = s1. Encontramos então, L = 1,44 m. A espessura do tambor
pode ser obtida pela equação 9:
𝑇 (9)
𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝 =
𝑤𝑠

Onde:
𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝 = valor da tensão de compressão do material do tambor
30

T = carga em cada perna do cabo


w = espessura
s (s1) = passo
O valor permissível de 𝜎𝑐𝑜𝑚𝑝 , para o ferro fundido de classificação C4 15-32 vai até
1000 kgf/cm²; para aço fundido – até 1600 kgf/cm² e para tambores soldados (aço Ct.3
a 5) – até 1800 kgf/cm². Tomando o valor da tensão de compressão do tambor de ferro
fundido, com 1000 kgf/cm², T = 6500 kgf, s = 38 mm, temos que a espessura w =
18.10mm.
Para obter a altura do flange (h) usamos a seguinte equação 10:
ℎ = (𝑑 − 𝑐2 ) + 𝑑 (10)

Onde d é o diâmetro do cabo= 34,5 e c2 é retirado da tabela acima, que no nosso caso é
10mm. Logo, substituindo os valores temos h= 59mm.
De acordo com a norma NBR 8400, o ângulo de desvio máximo permitido entre
o cabo e as ranhuras do tambor é 3,5º. Para as polias móveis e de compensação, o desvio
máximo permitido para o cabo, a uma distância de 1000 mm do centro da polia, é dado
pela equação 11:
(11)
2
𝜀 = 1000𝑡𝑔𝛽
√1 + 𝐷⁄𝑔
( )

Onde β (ângulo do gorne da polia em relação ao plano médio desta) é igual a 33,18º, D
(diâmetro da polia em mm) é 1208,7mm para as móveis e 685,2mm para a de
compensação, e g (a profundidade total do gorne de uma polia menos o raio do gorne em
mm) é 40 mm. Desta forma, ε é 222,57 mm e 292,43 mm para as polias móveis e de
compensação, respectivamente.

4.4. Moitão

O moitão foi selecionado no catálogo da empresa Alta Industrial e pode ser


observado na figura 5. A capacidade do moitão é de 25 tf e deve ser feito um reajuste no
dimensionamento da polia para se adequar ao projeto. O modelo é do tipo MTL-2530312.
31

Figura 5 – Principais dimensões do moitão.

Fonte: CATÁLOGO ALTA INDUSTRIAL

As dimensões conforme o catálogo da Alta Industrial (ANEXO II), são:

øR L P C D G
690 480 700 1160 930 585

Considerando De = øR, e redimensionando os valores dados no catálogo, levando em


conta que o moitão é curto, temos a seguinte tabela com os valores alterados.
øR L P2 C D G
1208,7 480 1218,7 1419,35 1189,35 585

Para obter tais valores da tabela acima, foram feitas as seguintes relações:
L= cte
G=cte (Pois o guincho será o mesmo, alterando somente as polias)
D2= (øR2/2) + G
C2= D2 + Y (Onde Y=cte, pois é o restante do gancho. Achamos Y através de C-D)
P2= øR2 + 10
32

O único problema do redimensionamento para esse moitão, é que o valor do raio


da polia vai ultrapassar o valor do centro do gancho. Assim, teremos que achar um gancho
com mesma capacidade de carga e com um tamanho maior, de preferência com a mesma
largura, para que não seja preciso alterar o valor de L. O desenho do moitão modificado,
encontra-se nos ANEXOS XII.

4.5. Rolamentos para os mancais

Os rolamentos utilizados no projeto foram selecionados no catálogo da skf (ANEXO V).


Os rolamentos do moitão têm de suportar a carga total dividida por dois, ou seja, 12,5 tf,
a qual é atendida para um rolamento do modelo NCF 3011 CV, com as seguintes
características: diâmetro interno de 55 mm, diâmetro externo de 90 mm, largura de 26mm
e uma capacidade máxima de carga de 140 KN, aproximadamente 14, 28tf. Esse mesmo
mancal pode ser utilizado para a polia compensadora, já que a carga a ser suportada é de
13tf, pois é a soma dos valores da carga com os assessórios.
Para os mancais do tambor, a carga que os rolamentos devem suportar é de 6,5tf.
Dessa forma um rolamento que suporta essa carga é do modelo NJG 2305, com as
seguintes características: diâmetro interno de 25mm, diâmetro externo de 62 mm, largura
de 24 mm e uma capacidade máxima de carga de 6,8tf.

4.6. Motor para elevação da carga

Para selecionar-se o motor elétrico de levantamento da carga, é necessário fazer o


cálculo da potência de regime, no qual considera-se:

Q = carga no gancho [kgf];

QM = peso do moitão [kgf];

VE = velocidade de elevação [m/min].

Os motores elétricos utilizados nos sistemas de elevação de carga de pontes


rolantes são normalmente de indução trifásicos, fechados, autoventilados e com rotor de
anéis. (PURQUERIO, 2011)

Antes de dimensionar-se preliminarmente o motor elétrico do sistema de elevação


do projeto, deve-se considerar alguns rendimentos. O rendimento do moitão é obtido da
33

figura 6, em função do número de cabos de sustentação. Como os moitões de pontes


rolantes têm um cabeamento simétrico (gêmeo), o dado de entrada nessa tabela é a metade
do número de cabos de sustentação.

Para o rendimento do tambor de elevação, normalmente é utilizado valores de 0,96


a 0, 97 (PURQUERIO, 2011)

Resta ainda o rendimento do redutor, que segundo Purquerio (2011), pode ser
adotado preliminarmente como sendo 0,90.

Dessa forma, temos o rendimento total de elevação pela seguinte relação:

(𝜂E) = 𝜂M x 𝜂T x 𝜂R = 0,98 x 0,96 x 0,90 = 0,85.

Onde:

𝜂M = Rendimento do moitão

𝜂T = Rendimento do Tambor

𝜂R = Rendimento do redutor
34

Figura 6: Rendimento por número de cabos

Fonte: PURQUERIO, 2011.

A velocidade de elevação é a velocidade obtida no carro da Ponte Rolante, que é


recomendada na tabela 16 a seguir:
35

Tabela 16: Velocidades recomendadas para operações de pontes rolantes – Vp.

Fonte: PURQUERIO, 2011.

Como estamos trabalhando com o número de ciclos por hora até 18, isso
corresponde a uma velocidade baixa, que segundo a tabela, para 25 toneladas, a
velocidade de elevação da carga é igual a VE = 4,5 m/min.

Logo, a potência de regime é calculada pela equação 12:

(𝑄 + 𝑄𝑀 )𝑉𝐸 (12)
𝑁𝑅 =
60 × 75 𝜂𝐸
(25000 + 1000)4,5
𝑁𝑅 = = 30,6 𝐶𝑉
60 × 75 × 0,85

Onde:

𝑄= Carga de levantamento

𝑄𝑀 = Peso do moitão e cabos

A potência de aceleração nos sistemas de elevação de cargas de pontes rolantes,


por ser pequena não é considerada (PURQUERIO, 2011).
36

Para encontrarmos a potência nominal do motor, é necessário calcular a carga


relativa Mr pela equação 13:

𝑄𝑀 + (𝑄 + 𝑄𝑀 ) (13)
𝑀𝑟 =
2(𝑄 + 𝑄𝑀 )
26000
𝑀𝑟 = = 0,52
2 × 25000

A tabela 17 apresenta uma faixa de valores para cada sistema de aplicação:

Tabela 17 – Carga relativa Mr

Fonte: PURQUERIO,2011.

O coeficiente de carga relativa fr, é utilizado para adequar a potência nominal do


motor à carga relativa, ele é obtido pela equação 14:

𝑓𝑟 = √1 + 2𝑀𝑟2 − 2𝑀𝑟 (14)

𝑓𝑟 = √1 + 2. 0,522 − 2. 0,52 = 0,70

Agora, para achar a potência nominal do motor, com a qual iremos trabalhar,
multiplicamos a potência de regime pelo coeficiente de carga relativa já calculado, como
na equação 15:

𝑁𝑛 = 𝑓𝑟 × 𝑁𝑅 (15)
𝑁𝑛 = 0,70 × 30,6 = 21,42 CV

4.6.1. Escolha do motor

Com os dados de potência calculados, selecionamos então o modelo de motor


elétrico trifásico W22 IR3 Premiun da fabricante WEG, com 6 pólos, Potência de 25 HP,
rotação nominal de 1175 RPM e 220 V (ANEXO IV).
37

5. Sistema de translação do carro

5.1. Diâmetro das rodas do carro

Antes de tudo, como estamos trabalhando com dois movimentos de translação, é


importante destacar que teremos dois movimentos diferentes, com velocidades diferentes,
e consequentemente acionamentos diferentes. Logo, a nível de facilitar a ordem dos
cálculos, primeiramente vamos dimensionar as rodas do carro, e para isso precisamos
saber a carga, a velocidade do carro e o vão da ponte, que é o trecho que será percorrido
por ele. Pela tabela 16, vemos que para 25 t, a velocidade adotada é de 30,0 m/min.

O diâmetro das rodas do carro para uma carga de 25 t pode ser considerado como
sendo Dr= 300mm, como é mostrado na tabela 18.

Tabela 18 – Diâmetros mínimos de rodas e trilhos para carros de pontes rolantes.

Fonte: PURQUERIO, 2011

Normalmente, para os carros preferem-se trilhos com perfil quadrado devido a sua
altura ser menor do que os trilhos de estrada de ferro (PURQUERIO, 2001).

5.1.1. Rolamentos para as rodas do carro

Para os rolamentos das rodas do carro, teremos que dividir a carga pelas quatro
rodas, que terão de suportar uma carga de aproximadamente 7 tf cada uma. Portanto um
rolamento que atende as especificações é o do modelo NCF 3009 CV (ANEXO V), com
38

as seguintes características: diâmetro interno de 45 mm, diâmetro externo de 75 mm,


largura de 23mm e uma capacidade máxima de carga de 7,8tf.

5.2. Potência do motor de translação do carro

A potência de regime (velocidade constante) do motor de translação do carro é


Obtida por meio da seguinte equação 16:

(𝑊𝑐 + 𝑄 + 𝑄𝑚 )𝜔𝑡 . 𝑉𝑐 (16)


𝑁𝑅 =
60. 75. 𝜂𝑐
(5000 + 25000 + 1000)8,5. 103 . 0,30
𝑁𝑅 = = 2,1 𝐶𝑉
60. 75. 0,85
Onde:

𝑊𝑐 = Peso estimado do carro (kgf),

𝜔𝑡 = coeficiente de resistência ao rolamento das rodas do carro para uma roda com D=
300,00 mm (Tabela 19).

𝜂𝑐 = rendimento do sistema (considerando-se 0,85)

Tabela 19: Resistência ao deslocamento das rodas.

Fonte: PURQUERIO, 2011


39

A potência de aceleração do motor de translação do carro é obtida pela equação 17:

(𝑊𝑐 + 𝑄 + 𝑄𝑚 ). 𝑣𝑐 2 . 𝛽 (17)
𝑁𝐴 =
3600.75𝑔. 𝑡𝑎 . 𝜂𝑝

(5000 + 25000 + 1000). 30,02 . 1,1


𝑁𝐴 = = 2,73 𝐶𝑉
3600.75.9,81.5,0.0,85

Onde:
(Wp+ Wc + Q + Qm) = carga sobre as rodas do carro,
𝑣𝑝 = velocidade do carro
𝜂𝑝 = rendimento total do sistema de translação do carro (Para um rendimento de 0,85)
β = coeficiente que leva em consideração as massas em rotação do sistema (β = 1,1 a
1,2)
g = aceleração da gravidade

𝑡𝑎 = tempo de aceleração (Tabela 20).

Tabela 20: Tempo de aceleração para translação de pontes rolantes e carros.

Fonte: PURQUERIO, 2011

No movimento de translação, o conjugado de partida não é constante. Considera-


se portanto, um valor médio entre 1,7 a 2,0 vezes o conjugado normal (PURQUERIO,
2007). Sendo assim, a potência nominal do motor é calculada pela equação 18:

𝑁𝐴 + 𝑁𝑅 𝑁𝐴 + 𝑁𝑅 (18)
𝑁𝑛 = 𝑎
1,7 2,0

Aplicando a fórmula para 1,7 vezes, temos então a potência nominal como sendo:

2,73 + 2,1
𝑁𝑛 = = 2,84 𝐶𝑉
1,7
40

5.2.1. Escolha do motor

Utilizando a potência nominal, pelo mesmo catálogo da WEG, também


escolhemos o modelo W22 IR3 Premium, com 6 polos, potência N = 3,0 CV (2,2 KW),
com rotação de 1155 rpm e 220V (ANEXO IV).

5.3. Redução das Rotações do Sistema

A rotação da roda do carro é obtida através da relação entre a velocidade de


translação do carro e o diâmetro da roda, é obtida pela fórmula a seguir:
𝑣𝑐 30,0 (19)
𝑛𝑐 = = = 31,83 𝑟𝑝𝑚
𝜋. 𝐷𝑟 𝜋. 0,3

Através dessa relação, podemos conseguir a redução necessária para o sistema de


translação do carro pela equação 20, entre a velocidade de rotação do motor pela das rodas
do carro:

𝑛𝑚 1155 (20)
𝑖𝑐 = = = 36,28
𝑛𝑐 31,83

Esse valor representa a redução total das rotações do sistema.

5.3.1. Escolha do redutor

Para efeito de cálculo, usou-se uma tabela de valores aproximados de redução


nominal fornecida pelo catálogo da CESTALTO, onde foi possível escolher o modelo
CH – 215D, com redução nominal de 35,5 e potência máxima de entrada de 5,50 CV
(ANEXO VI).

6. Sistema de translação da ponte

6.1. Rodas da ponte

Quanto a quantidade e o diâmetro de rodas para as pontes rolantes, pela tabela a


seguir, vemos que para um vão de 12 m (Tabela 21), temos então que utilizar quatro rodas
de diâmetro 600,00mm.
41

Tabela 21– Quantidade e diâmetro de rodas para pontes rolantes.

Fonte: PURQUERIO, 2011

Já os caminhos de rolamento de pontes rolantes, utilizam trilhos de estrada de


ferro. As especificações para os trilhos da ponte estão na tabela 18.

6.2. Cálculo da Potência do Motor

A velocidade da ponte rolante é adotada, como foi feito para a velocidade de


elevação da carga e a velocidade de translação do carro, baseado na Tabela 16.
Segundo a Tabela 16, para uma velocidade baixa, e uma carga Q=25,0 t, Vp = 60,0 m/min.

Da mesma forma que efetuou-se o cálculo para o motor do carro, faremos para a
ponte. Calculando a potência de regime e a potência de aceleração, utilizando os dados
das velocidades da tabela 16 para a ponte e a equação 21.

(𝑊𝑝 + 𝑊𝑐 + 𝑄 + 𝑄𝑚 )𝜔𝑡 . 𝑉𝑝 (21)


𝑁𝑅 =
60. 75. 𝜂𝑐

(25000 + 5000 + 25000 + 1000)7,0. 103 . 0,60


𝑁𝑅 =
60. 75. 0,85

𝑁𝑅 = 6,1 𝐶𝑉

Onde:
42

𝑁𝑅 = Potência de regime do motor de translação da ponte

(𝑊𝑝 + 𝑊𝑐 + 𝑄 + 𝑄𝑚 )= carga estimada sobre as rodas da ponte rolante (kgf),

𝜔𝑡 = coeficiente de resistência ao rolamento das rodas das rodas da ponte

𝜂𝑐 = rendimento do sistema (considerando-se 0,85)

𝑉𝑝 = Velocidade da ponte

Agora, calculamos também Potência de aceleração do motor de translação da ponte:

(𝑊𝑝 + 𝑊𝑐 + 𝑄 + 𝑄𝑚 ). 𝑣𝑝 2 . 𝛽 (22)
𝑁𝐴 =
3600.75𝑔. 𝑡𝑎 . 𝜂𝑝

(5000 + 25000 + 1000). 60,02 . 1,1


𝑁𝐴 =
3600.75.9,81.6,0.0,85

𝑁𝐴 = 16,42 𝐶𝑉

A potência nominal do motor da ponte, fica portanto:

𝑁𝐴 + 𝑁𝑅 𝑁𝐴 + 𝑁𝑅 (23)
𝑁𝑛 = 𝑎
1,7 2,0

16,42 + 6,1
𝑁𝑛 = = 13,24 𝐶𝑉
1,7

6.2.1. Escolha do motor

Utilizando a potência nominal, pelo mesmo catálogo da WEG, também


escolhemos o modelo W22 IR3 Premium, com 6 polos, potência N = 15,0 CV (11,00
KW), com rotação de 1175 rpm e 220V (ANEXO IV).

6.3. Redução do sistema


Para escolher o redutor de engrenagens para o sistema de translação da ponte, é
necessário conhecer a rotação da roda da ponte e a redução do redutor, logo encontramos
a rotação da roda da ponte, pela seguinte relação:
43

𝑉𝑝 60 (24)
𝑁𝑝 = = = 31,83 𝑟𝑝𝑚
𝜋. 𝐷𝑝 𝜋. 0,6

Onde:

𝑉𝑝 = Velocidade da ponte;

𝐷𝑝 = Diâmetro das rodas da ponte;

A redução do redutor, é calculada pela razão entre as rotações de entrada (motor)


e saída (rodas) do sistema.

𝑛𝑚 1175 (25)
𝑖𝑝 = = = 36,91
𝑛𝑝 31,83

Esse valor representa a redução total das rotações do sistema.

6.3.1. Escolha do redutor

Para efeito de cálculo, usou-se uma tabela de valores aproximados de redução


nominal fornecida pelo catálogo da CESTALTO, onde foi possível escolher o modelo
CH – 385D, com redução nominal de 35,5 e potência máxima de entrada de 22,00 CV
(ANEXO VI).

7. Cálculos Básicos para a Estrutura

7.1. Dimensionamento da viga principal

Para efetuarmos o cálculo da viga principal, nos basearemos em conhecimentos


de Resistência dos materiais e pela norma 8400. Os cálculos normalmente são efetuados
para uma viga principal, mas no caso de biviga, dividiremos os esforços por dois.

O primeiro passo é definir o momento fletor máximo, dado pela fórmula:

𝐹𝐿 (26)
𝑀𝑚𝑎𝑥 =
4

Onde:

𝑀𝑚𝑎𝑥 = Momento fletor máximo


44

𝐹= Força aplicada (250 KN)

(A força será dividida por 2, já que estamos trabalhando com duas vigas. Logo, F= 125
KN)

𝐿= o comprimento do vão da ponte (12,0 m)

Para uma carga de 12,5 TF, nosso momento fletor máximo vai ser de 375KN.m.

Em resistência dos materiais, sabemos que no centro da viga que estamos


trabalhando, é onde ocorre o momento fletor máximo e consequentemente a deflexão
máxima. Mas, quando o carro se move, a carga se deslocará do centro e quanto mais se
aproxima de uma extremidade, mais o momento fletor tende a zero e a força cortante
tende ao valor máximo.

Pela norma NBR8400 sabemos que as solicitações devidas aos movimentos


verticais são provenientes do içamento relativamente brusco da carga de serviço durante
o levantamento, assim como por de choques verticais, oriundos ao movimento sobre o
caminho de rolamento.

O dimensionamento da estrutura foi feito com base na classe de solicitação, de


acordo com a norma NBR 8400 o projeto em estudo se enquadrou no caso I, serviço
normal sem vento, e com o estado de carga 3 (pesado), como visto no início do trabalho.
O coeficiente de segurança, conforme mostra a tabela 25 é função do caso de solicitação.

O coeficiente dinâmico está relacionado com o tipo da máquina de elevação e a


velocidade de elevação da carga. Considerando a velocidade de elevação de 4,5 m/min
para o tipo de equipamento ponte rolante, obtém-se um valor de 1,15 para o coeficiente
dinâmico, conforme a tabela 23.
45

Tabela 22: Tempos de aceleração e acelerações

Fonte: NBR 8400, 1984.

Tabela 23 – Valores do coeficiente dinâmico ψ

Fonte: NBR 8400, 1984.

Para este caso, consideram-se as solicitações estáticas devidas ao peso próprio 𝑆𝐺 ,


as solicitações devidas à carga de serviço 𝑆𝐿 multiplicadas pelo coeficiente dinâmico ψ.
O conjunto destas solicitações deve ser multiplicado pelo coeficiente de majoração 𝑀𝑥 ,
conforme a equação a seguir.

𝑃 = 𝑀𝑋 (𝑆𝐺 + 𝜓𝑆𝐿 ) (27)

O valor do coeficiente de majoração, 𝑀𝑋 depende do grupo no qual está


classificado o equipamento e já foi dado anteriormente como igual a 1,12.
46

O valor das cargas estáticas para o peso próprio considerou o a massa do cabo e
do moitão, totalizando 1000 kg e a carga de serviço considerou a massa a ser levantada
de 25 toneladas. Aplicando os valores à equação obtém-se um valor de 326,75kN, que é
o valor da força ajustada depois de acrescentar o coeficiente dinâmico no cálculo.
𝑃 = 1,12 (1000 + 1,15. 25000) = 33320 𝐾𝑔𝑓

Figura 7 - Desenho representativo das reações na viga

Fonte: Dados do trabalho

∑ 𝐹𝑥 = 0;

∑ 𝐹𝑦 = 0

𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 − 326,87𝐾𝑁 = 0

𝑅𝐴 + 𝑅𝐵 = 326,87𝐾𝑁

Se deslocarmos nossa carga até 1 m do apoio em A, e calcularmos o momento em


relação a A, teremos as reações em A e B iguais a RA= 299,63 KN, RB= 27,24 KN. Isso
se considerarmos que o carro vai até 1m da extremidade do vão.

Cálculo da Força cortante (V):

Se calcularmos todas as forças a partir do ponto L=0, teremos que em L=0, V1= 299,63
KN; Em L=1, V2= −27,24 KN; em L=12, teremos V3= −27,24+ 27,24= 0KN.

A norma NBR8400 foi trabalhada no limite de resistência, ou seja, devemos fazer a


verificação em relação a tensão de ruptura do material. Logo, a norma diz que para efetuar
tal verificação, a tensão calculada não deve ultrapassar a tensão admissível relacionada
com a tensão de ruptura do material.
47

O valor da tensão admissível é dado por:

𝜎𝑟 (28)
𝜎𝑎 =
𝑞. 𝐹𝑆𝑟

450
𝜎𝑎 = = 100,45 𝑀𝑃𝑎
1,60.2,8

Onde: 𝜎𝑟 = Limite de ruptura (Mpa)

O valor do limite de ruptura do material foi retirado do site da GERDAU, do aço


ASTM A572 Grau 50.

Os valores de q e 𝐹𝑆𝑟 , foram retirados das tabelas a seguir, levando em


consideração o grupo de mecanismos, que já foi calculado, que é 5m, e o caso de
solicitação I, que fica a critério de quem for projetar (no nosso caso, consideramos serviço
normal sem vento).

Tabela 24- Valores de q

Fonte: NBR 8400, 1984.

Tabela 25– Valores de SFr

Fonte: NBR 8400, 1984.


48

7.1.2. Escolha do perfil da viga

Escolha do Perfil:

Temos já calculado, que o nosso momento fletor máximo é igual a 375KN.m e nossa
tensão admissível 𝜎𝑎 = 100,45 Mpa, achamos então o valor do módulo resistente:

𝑀𝑚𝑎𝑥 (29)
𝑊𝑚𝑖𝑛 = | |
𝜎𝑎𝑑𝑚

375 × 1000 × 1000


𝑊𝑚𝑖𝑛 = | | = 3733200,6𝑚𝑚³
100,45

Tendo o valor do módulo resistente, escolhemos um perfil no apêndice C do livro do


Hibbeler que se adeque ao cálculo. O valor não pode ser menor que o volume calculado.

O perfil escolhido foi o W610X 155 com o valor de S= 4220X10³ mm³ (ANEXO VII)

Onde, por meio do cálculo de verificação da tensão normal obtivemos, 𝜎𝑎 > 𝜎𝑥 , podendo
então ser utilizada.

7.1.3. Tensão de cisalhamento

Considerando que a tensão de cisalhamento é 60% do limite de escoamento do material,


temos então para o aço ASTM A 572 Grau 50, que tem o limite de escoamento igual a
345Mpa, uma tensão cisalhante de 207Mpa (ANEXO VIII).

A norma NBR 8400 diz que nos elementos solicitados ao cisalhamento puro, ou seja,
quando o carro está muito próximo ao ponto L=0 na extremidade da viga, a tensão
admissível ao cisalhamento é dada pela fórmula:

(30)
𝜎𝑎 207
𝜏𝑎 = = = 120𝑀𝑃𝑎
√3 √3
49

Agora, para saber se o perfil escolhido vai suportar o cisalhamento, usamos a seguinte
fórmula:

𝑉𝑚𝑎𝑥 (31)
𝜏𝑐𝑖𝑠𝑥 = | |
𝐴𝐴𝑙𝑚𝑎

Onde: 𝑉𝑚𝑎𝑥 = V1 (onde o cisalhamento foi maior no cálculo da força cortante);

𝐴𝐴𝑙𝑚𝑎 = Área da alma

Para achar a área da alma pela tabela de perfis, subtraímos a espessura t aba da
altura d. Fazendo isso, obtemos então o valor de 573 mm. Agora, para saber a área,
multiplicamos essa nova altura pela espessura da alma, que pela tabela temos 12,70 mm.
Fazendo a multiplicação, obtemos a área da alma igual a 7277,1mm².

Substituindo na equação 31, temos:

𝑉𝑚𝑎𝑥 299630
𝜏𝑐𝑖𝑠𝑥 = | |= | | = 41,2 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝐴𝑙𝑚𝑎 7277,1

Como 41,2 Mpa < 120Mpa, então esse perfil de viga também foi aprovado nesse quesito
para o projeto da estrutura.

No dimensionamento das vigas do vão da ponte rolante e dos trilhos, existem


também tabelas para materiais específicos com valores obtidos experimentalmente. Para
um aço ASTM A36, a tabela 26 dá valores de padronização de vigas obtida após
simulação das vigas principais:
50

Tabela 26: Padronização de dimensões de vigas

Fonte: PINHEIRO, 2015

8. Levantamento de custos

Entrando em contato com a empresa Maqfort Equipamentos Industriais, uma


empresa dedicada a fabricar maquinários em geral para marmorarias e serrarias, foi
possível fazer um orçamento estimado sobre alguns componentes que ela oferece para a
construção da ponte rolante.
Em média, uma ponte dupla viga de 25t com 20m de vão e 7m de altura custa por
volta de 300.000,00 reais.
A empresa também vende peças separadas, e forneceu o preço estimado por
alguns dos seus componentes, como apresentado na tabela 27:
51

Tabela 27- Preços estimados de componentes para uma ponte de 25t


Componentes Preço estimado
2 caixotes de 20m (viga com perfil 120.000,00
tipo caixão dupla)
2 end trucks de 3m (Cabeceiras) 45.000,00
Carro guincho 100.000,00
Painel 20.000,00
Montagem 15.000,00
Fonte: Informações da empresa

Consultando alguns vendedores na internet, também foi possível conseguir o preço de


outros componentes pesquisados,
- Para os motores da WEG com capacidade de 25CV, os preços variam entre 6.000,00 à
8.000,00 no site da Royal Máquinas.
- Para os mancais de rolamento da skf com valores aproximados aos utilizados no projeto,
o valor varia por volta de 300,00 e 350,00 no site da skf.
- Entrando em contato com a empresa Lilo Redutores, obteve-se o preço de redutores com
potência e redução aproximadas das do projeto, com preços de 11.643,80 para um redutor
1:30 com potência máxima de até 15 CV e 2.814,00 para um redutor de 1:40 com
potência máxima de entrada de 5 CV.
52

9. Considerações Finais

O presente trabalho apresentou o dimensionamento de alguns dos principais


componentes de uma ponte rolante para uma situação hipotética, onde foram
dimensionados cabos de aço, polias compensadora e móveis, tambor, entre outros,
utilizando como embasamento a NBR 8400 de 1984 e bibliografias complementares
como o Rudenko, 1976 e Hibbeler, 2010, que servem como embasamento utilizando
noções de resistência dos materiais e elementos de transportadores industriais. Apesar de
existirem tais referências, ainda há dúvidas quanto a utilização de alguns parâmetros, já
que a maioria deles foi obtida de forma experimental, adequadas a determinadas
condições de uso. É importante ressaltar, que para um projeto detalhado deve-se
considerar cada mínimo detalhe a respeito dos elementos de máquinas que compõem o
projeto, e portanto, muitos deles ficam a critério do fabricante, assim como os estudos das
condições a que a ponte será submetida. Quanto aos custos, as empresas não
disponibilizam em catálogos, ou nos sites, sendo necessário entrar em contato com elas
para fazer o orçamento. Logo, foram estimados alguns custos baseados em modelos
similares encontrados na internet.
53

10. Referências Bibliográficas

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8400: Cálculo


de Equipamentos para Levantamento e Movimentação de Carga. Rio de Janeiro:
ABNT, 1984.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 2408: Cabos de
aço para uso geral – Requisitos mínimos. Rio de Janeiro: ABNT, 1984.
3. Catálogo Alta Industrial. Disponível em:
<http://altaindustrial.com.br/Portugues/media/Catalogo_Alta_Industrial.pdf>.
Acesso em 09 de outubro de 2017.
4. Catálogo da CESTALTO. Disponível em:
http://cestalto.com.br/download/catalago_cestalto_completo.pdf. Acesso em 23 de
março de 2018.
5. Catálogo de rolamento da SKF. Disponível em: <http://www.skf.com/>. Acesso
em 10 de outubro de 2017.
6. Catálogo JDA Redutores. Disponível em:
http://www.magnaflex.com.br/catalogo_redutor_rv.pdf. Acesso em 10 de outubro
de 2017.
7. GOMES, A. et al. Projeto de ponte rolante. In: SEMINÁRIO DA DISCIPLINA
DE TRANSPORTADORES INDUSTRIAIS. 2016. Mossoró. Disponível em:
https://pt.scribd.com/document/330916961/Projeto-de-Ponte-Rolante-2016-1.
Acesso em: 20 de setembro de 2017.
8. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. Ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2010.
9. Manual Técnico de Cabos de Aço – MORSING CARL STAHL. Disponível em:
http://www.morsing.com.br/. Acesso em: 09 de outubro de 2017.
10. PINHEIRO, J.C. Projeto e Desenvolvimento de uma Linha de Pontes Rolantes
Padronizadas para uma Empresa de Metal Mecânica. 2015. 89f. Monografia
(Engenharia Mecânica) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – Unijuí. Panambi, 2015.
11. Ponte rolante. Disponível em http://infraestruturaurbana17.pini.com.br/solucoes-
tecnicas/37/ponte-rolante-308775-1.aspx. Acesso em 17 de abril de 2018.
12. PURQUERIO, B. de M. Projeto de Máquinas de Elevação e Transporte -
dimensionamento de uma ponte rolante. (Apostila). São Carlos. 59p. 1983 - 2011.
54

13. RUDENKO, N. Máquinas de Elevação e Transporte. Universidade de São


Paulo. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Rio de Janeiro, 1976.
14. TAMASAUSKAS, ARTHUR, Metodologia do projeto básico de equipamento de
manuseio e transporte de cargas – ponte rolante – aplicação não-siderúrgica,
dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica, São Paulo, 2000.
55

11. Anexos

ANEXO I
56

ANEXO II
57

ANEXO III
58

ANEXO IV
59

ANEXO V
60

ANEXO VI
61

ANEXO VII
62

ANEXO VIII

ANEXO IX

Desenho das polias móveis do projeto


63

ANEXO X

Desenho da polia compensadora do projeto


64

ANEXO XI

Desenho do tambor do projeto


65

ANEXO XII

Desenho do moitão do projeto

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