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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SÃO PAULO
CAMPUS CARAGUATATUBA

OBRAS DE TERRA

USINAS ANGRA 1 E ANGRA 2

GABRIEL MEDEIROS ALMEIDA BONFIM


PROF. ELAINE REGIA BARRETO
DATA DA ENTREGA DO RELATÓRIO: 15/08/2019

CARAGUATATUBA
2019
GABRIEL MEDEIROS ALMEIDA BONFIM

OBRAS DE TERRA
USINAS ANGRA 1 E ANGRA 2

Relatório da visita técnica realizada no dia 31/27/2019,


apresentado ao curso engenharia civil do INSTITUTO
FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPOS
CARAGUATATUBA pelo aluno Gabriel Medeiros A.
Bonfim com apresentação do conteúdo que foi
observado/apresentado durante a visita técnica a Central
Nuclear Almirante Álvaro Alberto.

PROF. ELAINE REGIA BARRETO

CARAGUATATUBA
2019
Sumário

1. INFORMAÇÕES GERAIS.............................................................................4

2. Desenvolvimento...........................................................................................5

2.1 Observatório................................................................................................5

2.1.1 Aspectos Técnicos das Usinas Nucleares.......................................5

2.1.2 Historia..............................................................................................8

2.1.3 Aspectos gerais da obtenção de energia através da fissão nuclear9

2.2 Interior de Angra 2.................................................................................10

2.2.1 Funcionamento da Usina................................................................10

2.2.2 Fissão Nuclear................................................................................11

2.2.3 Sala de comando...............................................................................12

2.2.3 Turbina............................................................................................12

2.3 Área externa da Usina..............................................................................13

2. 4 Sala de Simulação...................................................................................13

3. Conclusão....................................................................................................14

4. Referências Bibliográficas...........................................................................14
1. INFORMAÇÕES GERAIS

O Centro Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) é um complexo


formado por um conjunto de três usinas nucleares (Angra 1, Angra 2 e Angra 3,
essa última ainda em construção), de propriedade da Eletronuclear, subsidiária
da Eletrobrás, localizado na Rod. Procurador Haroldo Fernandes Duarte (BR-
101), na praia de Itaorna, município de Angra dos Reis no estado do Rio de
Janeiro, Brasil. A visita técnica foi realizada pelos estudantes do sexto
semestre do curso de engenharia civil do Instituto Federal de São Paulo e
ocorreu no dia trinta e um de julho de 2019, aproximadamente das nove horas
da manhã até meio dia do mesmo dia. Os alunos utilizaram um ônibus do
próprio instituto para irem até a usina.

A turma foi dirigida pelos professores: Emerson Roberto de Oliveira no


qual possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade do Vale do
Paraíba (2001), MBA em Gestão Empresarial pela Instituto Nacional de Pós
Graduação (2009), Licenciatura Plena pela Centro Paula Souza (2016), e foi
Aluno Mestrando em Engenharia Mecânica, na área de Energia - Unesp
Guaratinguetá, responsável pela disciplina de Sistemas Perdias 2, e Elaine
Regina Barreto, responsável pela disciplina de obras de terra, além de dois
funcionário da própria usina.

Os objetivos didáticos da visita técnica foram demonstrar aos alunos o


funcionamento da usina, bem como sua história, os desafios de se lidar com
materiais radioativos, impactos ambientais, sociais e econômicos, além de
projetos futuros para uso de energias nucleares no Brasil.
2. Desenvolvimento

A visita pode ser dividida em quatro etapas, a ida ao observatório, em


seguida ao interior da angra 2, passeio pelos aos redores de angra 2 e por fim
observação de uma simulação de uma situação de estresse dos operários. Por
todo o trajeto um funcionário acompanhou a turma e passou informações do
local.

2.1 Observatório

Desse modo, dentro do observatório foi passado um seminário aos alunos


de aspectos técnicos sobre a usina, sua história e aspectos gerais sobre a
produção de energia elétrica através de fissão nuclear. O funcionário
responsável de guiar a turma possuía ampla informação técnica sobre o
assunto, de modo que complementou as informações passadas no vídeo e
respondeu algumas questões feitas pela turma.

Em seguida em um outro setor do observatório fomos guiados a uma sala


com alguns modelos que representavam componentes fundamentais da usina,
como reator, turbina e maquete do complexo, acompanhado de monitores
reproduzindo vídeos a respeito da produção da energia nuclear.

2.1.1 Aspectos Técnicos das Usinas Nucleares

 Angra 1:

Sua elaboração começou em 1972, no governo militar de Emílio Garrastazu


Médici e recebeu licença para operação comercial pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN em dezembro de 1984. É uma usina tipo PWR
(Pressurized Water Reactor) onde o núcleo é refrigerado por água leve,
desmineralizada. Foi fabricada pela Westinghouse e é operada pela
Eletronuclear. Sua potência elétrica nominal bruta é de 640 MW, energia
suficiente para alimentar uma cidade de um milhão de habitantes, como Porto
Alegre ou São Luís (Eletronuclear).

Figura 1: Angra 1. Fonte: (eletronuclear.gov.br)

 Angra 2:

A usina começou a ser construída em 1981, porém 1983 o pais passou por
uma crise econômica fazendo com que as obras parassem e apenas em 1994
fossem retomadas para que em 2000 fossem concluídas. A usina possui
tecnologia alemã da Siemens/KWU (hoje Areva NP) na utilização de um reator
de água pressurizada (PWR), o mesmo de angra 1. Começou a operar em
2001, com uma potência de 1.350 megawatts, Angra 2 é capaz de atender ao
consumo de uma cidade de 2 milhões de habitantes, como Belo Horizonte
(Eletronuclear).
Figura 2: Angra 2. (Fonte: Eletronuclear).

 Angra 3:

Assim como as demais, angra 3 será uma usina de água pressurizada


(PWR), com uma potência de 1.405 megawatts (MW), produzindo onze milhões
de megawatts-hora (MWh) anuais, energia suficiente para abastecer duas
grandes cidades como Brasília e Belo Horizonte ao mesmo tempo durante um
ano inteiro. Com angra 3, a Eletrobrás Eletronuclear passará a gerar o
equivalente a cerca de 50% da eletricidade consumida no estado do Rio de
Janeiro. Suas obras se iniciaram oficialmente em 1 de junho de 2010, porém
em 2015 as obras foram interrompidas por suspeita de corrupção durante a
Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Estimasse que ainda esse ano (2019)
as obras voltem para que a usina possa operar a partir de 2026 (Eletronuclear).
Figura 3: Angra 3. (Fonte: Eletronuclear.gov.br).

2.1.2 Historia

Os investimentos em energia nuclear no Brasil começaram na década de


1950 através do almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, cujo complexo
nuclear de angra leva o nome, com a criação do Concelho Nacional de
Pesquisa (CNPq), em 1951, para que mais tarde surgisse a Comissão Nacional
de Energia Nuclear (Cnen), em 1956.

Em 1975 foi assinado o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, que previa a


construção de oito usinas no país. Dessa duas foram construídas (angra 1 e
angra 2) e uma está em elaboração (Angra 3), porém há mais de três mil
instalações funcionado através de fontes radioativas com inúmeras aplicações
em áreas como medicina, agricultura e indústria.

O Plano Nacional de Energia – PNE 2030 estabeleceu que o Brasil


precisará expandir oferta de energia nuclear em, no mínimo, quatro mil
megawatts (MW) até o final do período. Desse total, dois mil MW estão
previstos pra o Nordeste e mais dois mil MW para o Sudeste.
Estudos feitos pela Eletronuclear já verificaram 40 áreas com condições
necessárias para a instalação de novas centrais nucleares, entre ela uma
provável instalação pode ocorres no vale entre os estados de Recife e
Savador, dois dos maiores centros de carga do Nordeste, região com grandes
rios que desembocam na região costeira.

2.1.3 Aspectos gerais da obtenção de energia através da fissão nuclear

No seminário foram apresentados aspectos positivos e negativos das


principais matrizes energéticas do Brasil, aspectos que foram organizados e
podem ser observados na tabela abaixo:

Matriz Energia Energia Energia Térmica Energia


energética Solar Eólica Hidráulica (derivada Nuclear
: do Petróleo
ou gás
Natural)
Custo a Alto Alto Baixo Baixo Alto
curto
prazo
Custo a Baixo Alto Baixo Alto Baixo
longo
prazo
Impacto Baixo Alto Alto (áreas Alto Baixo
Ambiental (grande alagadas) (Poluição
área de atmosférica)
construção
)
Impacto Baixo Alto Alto (áreas Baixo Baixo
Social (Poluição alagadas)
sonora)
Produção Baixa Baixa Alta Baixa Alta

Entre os principais benefícios do uso de energia nuclear, segundo a


Eletronuclear, pode-se citar:

 Não contribui para o efeito estufa;


 Não polui o ar com enxofre, nitrogênio, material particulado etc;
 Utiliza pequenas áreas de terreno: a central nuclear de Angra ocupa
apenas 3,5 km²;
 O funcionamento das usinas nucleares não depende de chuvas, vento
ou outros fatores climáticos;
 Tem pouco ou quase nenhum impacto sobre as formas de vida
existentes em seu entorno;
 Há uma grande disponibilidade de combustível. O Brasil é o sétimo
maior produtor mundial de urânio do mundo com apenas um terço do
seu território prospectado;
 É a fonte mais concentrada de geração de energia;
 A quantidade de resíduos radioativos gerados é extremamente pequena
e totalmente armazenada de forma adequada e segura;
 A tecnologia nuclear prioriza a segurança, e há um grande intercâmbio
de informações entre as operadoras de usinas em todo o mundo;
 Os riscos lidados ao transporte do combustível são significativamente
menores quando comparados aos do gás e do óleo das termelétricas.

No Brasil, o uso de energia nuclear como matriz energética representa


apenas 2,7 por cento da energia total produzida, contra 76,8 para hidrelétrica,
7,9 para gás natural, 6,8 em Biomassa, 3,3 em derivados do petróleo, 1,6 em
carvão e derivados e por fim 0,9 no uso de energia eólica (Eletrobrás (Balanço
Energético Nacional (BEM) 2013)).

2.2 Interior de Angra 2

Após a palestra do observatório a turma foi levada a Angra 2 de ônibus.


Para compreensão dos componentes observados durante essa etapa da visita
vale lembra como é o funcionamento da usina.

2.2.1 Funcionamento da Usina

Uma usina nuclear como a de angra é formada basicamente por três fases,
a primária, a secundária e a refrigeração, como mostra a imagem abaixo
(Figura 4). As três fases possuem em comum o uso da água, onde essa é
constantemente aquecida e resfriada para a produção de energia: a primeira
fase a água passa pelo reator onde ela é aquecida pela reação de fissão do
uranio e passa para o estado gasoso fazendo com que essa suba pela baixa
densidade e percorra o sistema, passando pelo encanamento da fase dois,
aquecendo a água da fase dois e esfriando a si mesma e repetindo o ciclo, já a
fase dois ao invés do reator aquecer a água é a água da fase um que realiza
esse papel, outra diferença é a presença da turbina que transforma a energia
cinética do vapor em energia elétrica, de modo que possa ser distribuída a
população, por fim a fase de condensação funciona como as demais, com um
diferencial que a água não vaporiza e é um sistema aberto, onde a água é
retirada de um local do mar ou de uma lagoa e devolvida mais quente em uma
região diferente (brasilescola).

Figura 4: esquema representativo de uma usina nuclear.

2.2.2 Fissão Nuclear

É o fenômeno físico responsável pela liberação de energia utilizada para


aquecer a água da primeira fase (energia térmica), citada anteriormente.
Ocorre quando um grande átomo (no caso de angra é o urânio U-235) se torna
instável pelo aumento de elementos nucleares (em uma usina geralmente
ocorre devido ao bombardeamento por nêutrons feito para inicializar o
processo) e se separa em elementos menos (no caso do urânio, se dividirá em
criptônio (Kr) e bário (Ba)) e mais alguns nêutrons, esses que podem atingir os
demais átomos de urânio contidos no reator causando uma reação em cadeia.
Para conter essa reação em cadeia são utilizadas barras de controle, capazes
de absorver neutros livres, interrompendo o ciclo (infoescola).

Figura 5:: Exemplo de fissão nuclear (Fonte:researchgate.net).

2.2.3 Sala de comando

Ao passar por um rigoroso sistema de controle, a turma chegou a uma


sala onde poderia se observar através de um vidro a sala de controle, local
onde os engenheiros comandavam, operavam e monitoravam a usina. Foi
possível observar que havia um planejamento em caso de acidente para fuga,
uma vez que os obstáculos do sistema de segurança (catracas, detectores de
metal e radiação e portas chumbadas) poderiam se abrir para abrir passagem,
além da existência de pílulas de potássio-iodo e para todos que entravam na
usina havia um cartão para cada pessoa para controlar a entrada e saída de
pessoas.
2.2.3 Turbina

Seguindo para a sala de geração de energia elétrica (Figura 6), foi


obrigatório aos estudantes o uso do EPI do protetor auricular fornecido pela
empresa, uma vez que o local tinha alto ruído. Foi possível observar as
turbinas girando a alta velocidade, mesmo sendo equipamentos de grandes
dimensões como pode ser observado na imagem abaixo. Vale lembrar que,
além da influência de central nuclear ter sido elaborada durante o período
militar, há um grande patriotismo por contar do uso de alta tecnologia que
representa o país, como pode ser observado na bandeira na imagem ao fundo.

Figura 6: Sala das turbinas de Angra 2. (Fonte:OGlobo).

2.3 Área externa da Usina

Nota-se que não foi possível visitar o setor primário da usina, local onde
se encontra o reator, uma vez que o local é apenas para funcionário e requer
conhecimento técnico, já no setor secundário foi observado apenas as turbinas,
uma pequena porção do todo. Já do setor o setor de refrigeração, por se
encontrar na área externa da usina foi possível conhece-lo por inteiro, onde é
se usado água do mar extraída da frente da usina e liberada na praia do
laboratório, situada atrás de uma cadeia de montanhas que cerca a usina, com
uma temperatura 4 ou 7 ºC acima de seu local de origem. Há algumas piscinas
para uso de alguns produtos e nelas foi possível observar a presença de
crustáceos presos em suas paredes o que representa que não há
contaminação nessa água.

2.4 Sala de Simulação

Por fim, após uma pausa para o almoço os alunos foram levados para um
local afastado das usinas, a sala de simulação. Local idêntico a salsa de
controle, porém com câmera de monitoria no teto com a função de acompanhar
cada decisão tomada pelos funcionários, esses que poderiam estar se
preparando para um dia poderem atuar na sala de controle ou pessoas que já
atuam nesse local, mas estão se adequando a uma nova norma ou a uma
situação incomum para que caso ela ocorra eles possam ter experiência para
lidar com ela.

3. Conclusão

A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto é o único local do mundo que


permite visita do público a usinas nucleares, tornado esse passeio uma
experiência única. Essa iniciativa do governo tem como objetivo conscientiza a
população sobre o uso da energia nuclear, assim como incentivar o apoio por
parte das pessoas que vão ao local, uma vez que apesar do Brasil ser um dos
países com maior potencial energético, nossa matriz energética depende muito
de fatores climáticos como pode ser observado na crise hídrica de 2014.

Outro fator é que apesar de a maior parte da energia produzida no país ser
de fonte sustentável, os estados de maior consumo (São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais) estão saturados de usinas hidrelétricas, fazendo com que o
estado opte pelo uso de fontes não renováveis de baixo custo inicial, como
termoelétrica com o uso de derivados do petróleo para sanar momentos de
crise como o de 2014. Não foram feitas mais usinas nucleares nesse período
para sanar essa necessidade devido à crise econômica, onde o valor inicial de
uma usina por fissão demanda torna inviável, e repúdio por parte da população,
onde governantes de outros estados não liberaram a elaboração de outras
usinas em seus territórios.

Conclui-se que as usinas nucleares representam uma das melhores opções


para investimento do governo brasileiro para sanar o alto consuma de energia
e reduzir seus gastos, mas depende de que os administradores do país foquem
no investimento a longo prazo e de incentivo da população.

4. Referências Bibliográficas

BLOG DO QG. Como funciona uma usina nuclear? Entenda a partir do


acidente de Chernobyl. Disponível em: https://blog.enem.com.br/acidente-de-
chernobyl-entenda-o-que-aconteceu-com-a-usina-nuclear/. Acesso em: 14 jul.
2019.

BRASILESCOLA. Como funciona uma usina nuclear? FÍSICA 0. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/fisica/como-funciona-uma-usina-nuclear.htm.
Acesso em: 7 ago. 2019.

ELETROBRAS ELETRONUCLEAR. Geração de energia. Disponível em:


http://www.eletronuclear.gov.br/Paginas/default.aspx. Acesso em: 7 ago. 2019.

INFOESCOLA. Usina Nuclear. Disponível em:


https://www.infoescola.com/fisica/principios-da-usina-nuclear/. Acesso em: 7
ago. 2019.
OGLOBO. Em foco: Usinas atômicas em Angra dos Reis Leia mais:
https://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/usinas-atomicas-em-angra-
dos-reis-17012491#ixzz5wgDnM55o stest . Disponível em:
https://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/usinas-atomicas-em-angra-dos-reis-
17012491. Acesso em: 14 ago. 2019.

RESEARCHGATE. Energia Nuclear: aspectos técnicos do desastre de


Fukushima. Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Fissao-Nuclear-
Representacao-de-uma-reacao-em-cadeia-do-tipo-Fissao-Nuclear-onde-
uma_fig2_331535442. Acesso em: 14 ago. 2019.

WIKIPEDIA. Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Central_Nuclear_Almirante_%C3%81lvaro_Alberto.
Acesso em: 7 ago. 2019.

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