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OAB 1ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM

Direito Internacional - Aula 2


Bruno Viana

desde que estes não estejam a serviço de


seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai
brasileiro ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da República
Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
INFORMAÇÕES BÁSICAS
sejam registrados em repartição brasileira
Encontros: 2 (D. IPub. e D. IPriv.)
competente ou venham a residir na
Bibliografia:
República Federativa do Brasil e optem, em
Valério Mazzuoli. Curso de Direito
qualquer tempo, depois de atingida a
Internacional Público.
maioridade, pela nacionalidade brasileira;
Paulo H. Gonçalves Portela. Direito
Internacional Público e Privado.
5 Brasileiro Naturalizado
a) Ordinária (Art. 12, II, a), CF/88)
NACIONALIDADE
b) Extraordinária (Art. 12, II, b), CF/88)
1 Definição
Portugueses e a reciprocidade (Art. 12, § 1º,
É um vínculo jurídico-político entre o Estado
CF/88)
soberano e o indivíduo.
II - naturalizados:
2 Espécies
a) os que, na forma da lei, adquiram a
a) Primaria ou originaria
nacionalidade brasileira, exigidas aos
I Critério ius sanguinis
originários de países de língua portuguesa
II Critério ius solis ou territorialidade
apenas residência por um ano ininterrupto e
III Critério misto: combina o ius solis e o ius
idoneidade moral;
sanguinis.
b) os estrangeiros de qualquer
b) Secundária: naturalização
nacionalidade, residentes na República
Federativa do Brasil há mais de quinze anos
3 Conflito de nacionalidade
ininterruptos e sem condenação penal,
a) Positivo: polipátrida (aquele que tem mais
desde que requeiram a nacionalidade
de uma nacionalidade)
brasileira.
b) Negativo: apátrida, intolerável pelo art. XV
da Declaração Universal dos Direitos
§ 1º Aos portugueses com residência
Humanos (1948), que assegura que toda
permanente no País, se houver
pessoa tem direito a uma nacionalidade,
reciprocidade em favor de brasileiros, serão
proibindo que seja arbitrariamente dela
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
privada, ou impedida de mudá-la.
salvo os casos previstos nesta Constituição.
4 Brasileiro Nato
6 Brasileiros natos vs. Naturalizados
Art. 12, I, a - ius solis.
Princípio da igualdade adotado pela CF/88.
Também admite o critério ius sanguinis para
Casos previstos pela CF/88: Art. 5º, LI; Art.
os seguintes casos:
12, § 3º; Art. 12, § 4º, I; Art. 89, VII; Art. 222.
Art. 5, CR/88:
- Art. 12, I, b), serviço do país.
- Art. 12, I, c), 1º Parte, registro.
LI - nenhum brasileiro será extraditado,
- Art. 12, I, c), 2º Parte, opção confirmativa.
salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou
Art. 12. São brasileiros:
de comprovado envolvimento em tráfico
I - natos:
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
a) os nascidos na República Federativa do
forma da lei;
Brasil, ainda que de pais estrangeiros,

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7 Perda da Nacionalidade (Art. 12, § 4º, I e Ian Brownlie: “Um Estado pode decidir não
II, CF/88) admitir estrangeiros ou pode impor
§ 4º - Será declarada a perda da condições à sua entrada”.
nacionalidade do brasileiro que: No Brasil: Lei 6.815/80 – Estatuto do
I - tiver cancelada sua naturalização, por Estrangeiro.
sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional; 1.1 Entrada do Estrangeiro No Brasil
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos A entrada e permanência do estrangeiro no
casos: Brasil está baseada na seguinte filosofia
(Art. 2):
a) de reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira; - Segurança nacional;
b) de imposição de naturalização, pela - Organização institucional;
norma estrangeira, ao brasileiro residente - Interesses políticos, socioeconômicos e
em estado estrangeiro, como condição para culturais;
permanência em seu território ou para o - Defesa do trabalhador nacional;
exercício de direitos civis;
1.2 Visto de entrada
PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO O passaporte é o documento oficial de
Lei nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) - identidade.
Art. 112. São condições para a concessão O visto não é um direito, porém uma mera
da naturalização: cortesia. Uma expectativa de direito para a
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; entrada ou estada do estrangeiro.
II - ser registrado como permanente no
Brasil; 1.3 Tipos de visto (Art. 4, Lei 6.815/80)
III - residência contínua no território I Trânsito
nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, II Turista: validade máxima de 5 anos,
imediatamente anteriores ao pedido de permitindo estadas de 90 dias (admite-se
naturalização; prorroga ou redução pelo Ministro da
IV - ler e escrever a língua portuguesa; Justiça.
V - exercício de profissão ou posse de bens III Temporário: concedido para missão de
suficientes à manutenção própria e da estudos, negócios, como artista ou
família; desportistas, cientistas ou professor,
VI - bom procedimento; correspondente de jornal ou de revista ou
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou como ministro religioso.
condenação no Brasil ou no exterior por Exige-se provas de meio de subsistência e
crime doloso a que seja cominada pena atestado de antecedentes penais. Validade
mínima de prisão, abstratamente de 90 dias a 4 anos.
considerada, superior a 1 (um) ano; IV Permanente: destinado a estrangeiro que
VIII - boa saúde. pretenda fixar-se definitivamente no Brasil.
V Cortesia: concedido pelo Ministério das
PEDIDO DE NATURALIZAÇÃO Relações Exteriores a pessoas amigas e de
Apresentação: Departamento de reconhecido valor.
Estrangeiros da Polícia Federal. VI Oficial: concedido pelo Ministério das
Competência: Ministério da Justiça. Relações Exteriores aos estrangeiros em
missão oficial
CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO VII Diplomático: concedido pelo Ministério de
Todo ser humano que se ausenta do Estado Relações Exteriores, destina-se aos
do qual é nacional assume o status de diplomatas e funcionários com status
estrangeiro. diplomático e aos chefes de escritórios de
organismos internacionais
CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO
1 Entrada do estrangeiro 2 Permanência do estrangeiro

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O status jurídico concedido aos estrangeiros 22-3-2011.) Vide: HC 101.269, Rel.


não pode ficar abaixo de um certo standard Min.Cármen Lúcia, julgamento em 3-8-2010,
mínimo de civilização. Primeira Turma, DJE de 20-8-2010.

DIREITO DO ESTRANGEIRO NO BRASIL 4 Regulamentação Lei 6815/80


Consagração do Princípio constitucional da I Deportação: Arts. 57 a 64.
igualdade, Art. 5º, CF/88. Art. 64. O deportado só poderá reingressar
A residência no país não é condição para o no território nacional se ressarcir o Tesouro
recurso ao Judiciário, que dá sua prestação Nacional, com correção monetária, das
jurisdicional mesmos aos estrangeiros despesas com a sua deportação e efetuar,
residentes no exterior. Conforme decisão do se for o caso, o pagamento da multa devida
STF: à época, também corrigida.

“Na defesa de direitos líquidos e certos, o II Expulsão: Arts. 65 a 75.


remédio do Mandato de Segurança pode ser Art. 75. Não se procederá à expulsão:
usado por brasileiro ou estrangeiro não I - se implicar extradição inadmitida pela lei
residente no país”. (Recurso Ordinário em brasileira; ou
Mandato de Segurança nº 8.844 decidido II - quando o estrangeiro tiver:
em 22/01/1962).
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja
3 Saída do estrangeiro do Brasil divorciado ou separado, de fato ou de
I Voluntária direito, e desde que o casamento tenha sido
II Involuntária celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
a) Deportação b) filho brasileiro que, comprovadamente,
b) Expulsão esteja sob sua guarda e dele dependa
c) Extradição economicamente.

[...] § 2º. Verificados o abandono do filho, o


divórcio ou a separação, de fato ou de
direito, a expulsão poderá efetivar-se a
qualquer tempo.

III Extradição: Arts. 76 a 94


Art. 77. Não se concederá a extradição
quando:
I - se tratar de brasileiro, salvo se a
*ATENÇÃO Art. 66, Lei 6.815/80 vs. aquisição dessa nacionalidade verificar-se
Decreto 3.477/2000 após o fato que motivar o pedido.
Art. 66. Caberá exclusivamente ao II - o fato que motivar o pedido não for
Presidente da República resolver sobre a considerado crime no Brasil ou no Estado
conveniência e a oportunidade da expulsão requerente;
ou de sua revogação. III - o Brasil for competente, segundo suas
O Presidente da República delegou a leis, para julgar o crime imputado ao
competência ao Ministro da Justiça para extraditando;
decidir sobre a expulsão de estrangeiro do IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena
País e a sua revogação (Art. 1º do Decreto de prisão igual ou inferior a 1 (um) ano;
n.º 3.447/2000). V - o extraditando estiver a responder a
processo ou já houver sido condenado ou
O exercício da competência legal de absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que
expulsão de estrangeiro não implica se fundar o pedido;
disposição da própria competência.” (HC VI - estiver extinta a punibilidade pela
101.528, voto do Rel. Min. Dias Toffoli, prescrição segundo a lei brasileira ou a do
julgamento em 9-12-2010, Plenário, DJE de Estado requerente;

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VII - o fato constituir crime político; e


VIII - o extraditando houver de responder, no
Estado requerente, perante Tribunal ou
Juízo de exceção.
ASILO
Tipos de Asilo
I diplomático (extraterritorial, interno ou
político): acolhe-se o beneficiário em
missões diplomáticas, navios de guerra,
aeronaves e acampamentos militares. Trata-
se de um costume dos países da América
Latina.
II territorial (externo ou internacional):
acolhe-se o beneficiário no território do
Estado.

REFÚGIO
Instituto humanitário com o objetivo de
proteger o ser humano em razão de alguma
perseguição.
Lei 9.474/97 – Estatuto dos Refugiados
Condição jurídica do refugiado: Arts. 4 a 6.

1 Refúgio Art. 3º Não se beneficiarão da condição de


a) Provisório refugiado os indivíduos que:
b) Permanente I - já desfrutem de proteção ou assistência
Aplica-se o princípio da não devolução (non- por parte de organismo ou instituição das
refoulement): proteção ao perseguido para Nações Unidas que não o Alto Comissariado
não ser devolvido ao Estado perseguidor. das Nações Unidas para os Refugiados -
ACNUR;
2 Procedimento para concessão II - sejam residentes no território nacional e
a) Solicitação a qualquer autoridade tenham direitos e obrigações relacionados
migratória com as razões do pedido (termo com a condição de nacional brasileiro;
de declaração). Posteriormente, a Polícia III - tenham cometido crime contra a paz,
Federal emitirá um Protocolo e autorizará a crime de guerra, crime contra a humanidade,
estada até a decisão final. crime hediondo, participado de atos
b) Pedido encaminhado ao Conselho terroristas ou tráfico de drogas;
Nacional para os Refugiados (CONARE) IV - sejam considerados culpados de atos
para declarar ou não a condição de contrários aos fins e princípios das Nações
refugiado – Notificação para o Alto Unidas.
Comissionado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR).
Indeferimento: cabe recurso ao Ministro da
Justiça em 15 dias da data de notificação.

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do mar, solo, subsolo e espaço aéreo


sobrejacente.

a) Soberania relativa: admite-se o direito de


passagem inocente de navios mercantes ou
de guerra.
b) Soberania absoluta: águas interiores, sem
direito a passagem inocente.

1.2 Zona Econômica Exclusiva


Extensão de 200 milhas marítimas contadas
da linha de base do mar territorial.
Objetivo de explorar, conservar e administrar
os recursos naturais vivos e não vivos da
área.
Ex. Extração de petróleo, aproveitamento do
potencial energético eólico.

2 Espaço aéreo e extra-atmosférico


Cada Estado exerce soberania plena aquele
espaço aéreo localizado acima do seu
território e de seu mar territorial.
Não se admite a passagem inocente.
Em relação ao espaço extra-atmosféricos,
declara-se ser de uso comum para fins
pacíficos.
DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL
Trata-se dos espaços utilizados por mais de 3 Polo Norte e Antártica
um Estado soberano. a) Polo Norte: trata-se de um oceano
1 Direito do mar coberto de gelo. Interesse pelo corredor
Objeto de regulação: navegação no alto aéreo. Canadá, Rússia e Dinamarca,
mar, combate a pirataria, exploração e exercem soberania unilateral em algumas
preservação de recursos naturais. áreas, que não foram contestadas.
b) Antártica: Tratado da Antártica de 1959.
Convenção das Nações Unidas sobre Direito Utilização da região para fins pacíficos.
do Mar (Convenção de Montego Bay) de
1982.
EMBARCAÇÕES (VALERIO MAZZUOLI)
Nacionalidade da embarcação = pavilhão
içado.
a) Embarcações públicas brasileiras (ou a
serviço oficial do Brasil): aplica-se-lhes a lei
brasileira onde quer que se encontre
(princípio da extraterritorialidade).
b) Embarcações privadas brasileiras (ou
públicas quando utilizadas para fins
comerciais): aplica-se-lhes a lei brasileira se
1.1 Mar territorial estiverem em território nacional ou em alto
Faixa de água sobre o qual o Estado exerce mar.
sua soberania. Estando em águas estrangeiras, aplica-se-
Extensão: 12 milhas marítimas (22 Km) lhes, em regra, a lei do Estado costeiro.
desde a linha de base. Compreende o leito c) Embarcações públicas estrangeiras (ou a
serviço oficial do governo estrangeiro): estão

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amparadas pela lei do seu país de origem, I Quanto à compulsoriedade de suas


não lhes sendo aplicada a lei brasileira decisões
mesmo se em águas nacionais (costume a) Obrigatórios
internacional). b) Facultativos
d) Embarcações privada estrangeiras: II Quanto à fundamentação da decisão
somente se lhes aplica a lei brasileira se a) Diplomáticos e políticos (meios não
estiverem ancoradas ou em trânsito em jurisdicionais)
território nacional. b) Jurídicos (Semi-judiciais e judiciais)
Admite-se a passagem inocente das
embarcações. 3 Modalidades de meios de solução (Art. 33
Carta da ONU)
AERONAVES (VALERIO MAZZUOLI) I Diplomáticos:
a) Aeronaves públicas brasileiras (ou a a) Negociação: entendimento direto entre os
serviço oficial do Brasil): aplica-se-lhes a lei Estados dentro ou fora de uma O.I.
brasileira onde quer que se encontre b) Inquérito ou investigação: esclarece fatos
(princípio da extraterritorialidade). conflituosos para uma futura solução.
b) Aeronaves privadas brasileiras (ou c) Consulta: contatos preliminares.
públicas quando utilizadas para fins d) Bons ofícios: oferta espontânea a de um
comerciais): aplica-se-lhes a lei brasileira se terceiro para colaborar na solução.
estiverem em território nacional ou em e) Mediação: envolvimento de um terceiro
sobrevoo em alto mar. (Pessoa natural, Estado ou O.I) que
Aplica-se a lei do Estado estrangeiro se em aproxima as partes e propõe solução
sobrevoo ao território deste ou se ali estiver pacífica para o conflito.
em solo. f) Conciliação: atuação de um órgão de
c) Aeronaves públicas estrangeiras (ou a mediação ou comissão de conciliação
serviço oficial do governo estrangeiro): estão formado por representantes das partes em
amparadas pela lei do seu país de origem, conflitos e por pessoa neutra – formulação
não lhes sendo aplicada a lei brasileira de uma proposta.
mesmo se em território ou domínio aéreo
nacional. 3 Modalidades de meios de solução (Art. 33
d) Aeronaves privada estrangeiras: aplica-se Carta da ONU)
a lei brasileira se estiverem em território I Diplomáticos: Negociação (entendimento
nacional (solo, aeroporto ou em sobrevoo direto entre os Estados), Inquérito ou
em território brasileiro), e a lei estrangeira investigação (esclarece fatos conflituosos
quando em voo ou em solo de pais para uma futura solução) , Consulta
estrangeiro. (contatos preliminares), Bons ofícios (oferta
espontane a de um terceiro para colaborar
SOLUÇÃO PACÍFICA DE na solução, Mediação e Conciliação.
CONTROVÉRSIAS II Políticos: meios diplomáticos empregados
1 Características dos mecanismos em uma Organização Internacional.
a) Devem levar em consideração as III Semi-judiciais: arbitragem.
particularidades da sociedade internacional; IV Judiciais: Cortes e Tribunais.
b) Dependem do consentimento dos
Estados (voluntário); TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
c) Buscar a prevenção; Jurisdição internacional permanente e
d) Ser pacíficos; independente.
e) Ausência de hierarquia entre os Competência subsidiária:
mecanismos de solução; complementariedade.
f) Admite-se o emprego de mecanismo que
não recorra ao Direito como critério de Crimes: genocídio, crimes contra a
solução do litigio. Humanidade, crimes de guerra e crimes de
agressão
2 Classificação

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Responsabilidade criminal internacional de - Estatuto real, art. 8 da LINDB.


pessoas físicas. - Atos jurídicos, art. 9 da LINDB (locus regit
actum – local da Constituição).
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
1 Competência internacional II. Localização
Determinam, de acordo com o direito O segundo momento, é a localização da
interno, a extensão da jurisdição nacional sede jurídica da relação, uma vez que cada
frente àquela de outros Estados. categoria dessa tem uma sede diferente.
Novo CPC estará em vigor a partir da
16.03.2016. Seguindo as regras atuais, III. Aplicação direito vigente
apenas para o XX EOU – lei em vigor na O terceiro momento, uma vez localizada a
data da publicação do edital. sede jurídica, encontrado está o elemento
de conexão, indica-se em seguida a
I Competência concorrente: Art. 88, CPC aplicação do direito vigente neste local, o
Art. 88. É competente a autoridade judiciária que constitui a regra de conexão do DIPr.
brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua CLASSIFICAÇÃO DA SITUAÇÃO E SEDE
nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; JURÍDICA
II - no Brasil tiver de ser cumprida a
obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de
ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no I,
reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que aqui tiver agência,
filial ou sucursal. LINDB
ELEMENTO PESSOAL
II Competência Exclusiva: Art. 89, CPC Art. 7º A lei do país em que domiciliada a
Art. 89. Compete à autoridade judiciária pessoa determina as regras sobre o começo
brasileira, com exclusão de qualquer outra: e o fim da personalidade, o nome, a
I - conhecer de ações relativas a imóveis capacidade e os direitos de família.
situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, ELEMENTO REAL
situados no Brasil, ainda que o autor da Art. 8º Para qualificar os bens e regular as
herança seja estrangeiro e tenha residido relações a eles concernentes, aplicar-se-á a
fora do território nacional. lei do país em que estiverem situados.

2 Regras de conexão ELEMENTO FORMAL


Direito aplicável as diversas situações Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações,
jurídicas conectadas a mais de um sistema aplicar-se-á a lei do país em que se
legal. constituírem.
I. Classificar a situação ou relação jurídica
dentre um rol de qualificações. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA
II. Localizar a sede jurídica desta situação ESTRANGEIRA
ou relação. Competência: Superior Tribunal de Justiça
III. Determinar a aplicação do direito vigente (Art. 105, I, i, CF).
nesta sede. Depois de homologada a sentença será um
título executivo judicial (art. 475-N, VI, CPC).
I. Classificação Execução: juiz federal de primeira instância.
Estado ou a capacidade da pessoa, a
situação de um bem, um ato ou fato jurídico. São homologáveis: acórdãos, sentenças
- Estatuto pessoal e a capacidade do sujeito, civis, penais, trabalhistas, comerciais,
art. 7 da LINDB. decisões de órgãos judicantes de outros

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poderes ou, ainda, outros documentos que III Etapa Mercado comum: alcança a livre
constituam sentença no sentido material. circulação de fatores de produção, como
Não são homologáveis: as decisões capital e trabalho.
interlocutórias, e despachos de mero
expediente. 3 Protocolo de Ouro Preto de 1994
Atribui a personalidade jurídica de Direito
Requisitos para homologação Internacional ao MERCOSUL (art. 34).
a) Sentença proferida por juiz competente Atribui capacidade de celebrar acordos de
b) Citação das partes ou ocorrência de sede (art. 36).
revelia de acordo com a lei
c) Trânsito em julgado da sentença Reconhece o português e o espanhol como
estrangeira os idiomas oficiais do Bloco. A versão oficial
d) Autenticação da sentença por autoridade dos documentos de trabalho será a do
consular brasileira idioma do país sede de cada reunião. (art.
e) Tradução da sentença por tradutor oficial 46).
ou juramentado no Brasil
3.1 Sistema de tomada de decisões
ARBITRAGEM INTERNACIONAL As decisões dos órgãos do Mercosul serão
 As partes decidem submeter a solução tomadas por consenso e com a presença de
do litígio a um terceiro capaz de proferir todos os Estados Partes (art. 37).
uma decisão de caráter vinculante.
 No Brasil: Lei 9.307/1996 – Lei nº 3.2 Aplicação Interna das Normas
13.129/2015. Emanadas dos Órgãos do Mercosul
 No caso de presença da cláusula Os Estados Partes comprometem-se a
compromissória (para direitos adotar todas as medidas necessárias para
disponíveis), a ação deve ser extinta assegurar, em seus respectivos territórios, o
sem julgamento do mérito (Art. 267, VII cumprimento das normas emanadas dos
do CPC). órgãos do Mercosul (art. 38).

MERCOSUL – MERCADO COMUM DO 4 Principais órgãos decisórios


SUL I Conselho do Mercado Comum (CMC):
1 Aspectos gerais Órgão superior e decisório para assegurar o
Criado: Tratado de Assunção em 26 de cumprimento dos objetivos do Bloco.
março de 1991. II Grupo Mercado Comum (GMC): Órgão
Aquisição da personalidade jurídica: executivo que se pronuncia mediante
Protocolo de Ouro Preto, dezembro de 1994. Resoluções.
III Comissão de Comércio do MERCOSUL
I Estados fundadores e membros pleno: (CCM): Órgão encarregado de assistir ao
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. (GMC), com a função de velar pela
II Novo Estado membro pleno: Venezuela aplicação dos instrumentos comuns da
(julho/2012). política comercial; regular o comércio dentro
III Estados associados: Bolívia, Chile, do MERCOSUL e com terceiros países e
Colômbia, Equador e Peru. com organizações internacionais, entre
outras.
2 Estagio de evolução
União aduaneira (incompleta). 5 Parlamento do MERCOSUL
I Etapa Zona de livre comércio; Caráter intergovernamental (as normas
II Etapa União Aduaneira: zona de livre emanadas do Parlamento do MERCOSUL
Comércio mais a aplicação de uma tarifa deverão ser internalizadas pelos Estados-
externa comum em relação ao comércio Parte).
com terceiros países. Competências:

a) emitir pareceres sobre projetos de norma;

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b) apresentar anteprojetos que busquem a


harmonização das legislações nacionais;
c) promover audiências públicas;
d) receber petições de particulares;
e) aprovar seu orçamento;
f) elaborar relatórios sobre a situação dos
Direitos Humanos no bloco.

5 Sistema de solução de controvérsia do


MERCOSUL - Protocolo de Olivos de 2002
O Protocolo de Brasília sobre a Solução de
Controvérsias foi revogado pelas
disposições do Protocolo de Olivos de 2002,
que entrou em vigor em 2004.

Criação do Tribunal Permanente de Revisão


(sede em Assunção, Paraguai). É
competente para conhecer de recursos dos
laudos arbitrais emitidos pelo Tribunal
Arbitral.

Decisão CMC N° 23/04, Procedimento de


medidas excepcionais e de urgência. Tendo,
o Tribunal, quatro competências:

1. Solução de controvérsias entre Estados


Partes;
2. Adoção de medidas excepcionais e de
urgência;
3. Recurso de Revisão;
4. Opiniões Consultivas.

As opiniões consultivas podem ser


solicitadas pelos Estados Partes, pelos
órgãos decisórios do MERCOSUL, pelo
Parlamento do MERCOSUL, sobre qualquer
questão jurídica vinculada ao direito do
MERCOSUL.

Os Superiores Tribunais de Justiça dos


Estados Partes podem pedir consultas sobre
questões de interpretação jurídica. No caso
do Brasil é o STF.

Bons estudos!
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