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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE VETERINÁRIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
VETERINÁRIAS

TESE

Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos


de Uso Militar no Estado do Rio de Janeiro

Paula Vieira Evans Hossell Laranjeira

2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE VETERINÁRIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME CÓLICA EM EQÜINOS DE


USO MILITAR NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PAULA VIEIRA EVANS HOSSELL LARANJEIRA

Sob a Orientação do Professor


Fernando Queiroz de Almeida

e Co-orientação dos Professores


Maria Júlia Salim Pereira e Marco Aurélio Ferreira Lopes

Tese submetida como requisito parcial


para a obtenção do grau de Doutor em
Ciências no Curso de Pós-graduação em
Ciências Veterinárias, Área de
Concentração em Sanidade Animal.

Seropédica, RJ
Novembro de 2007
636.08944
L318f Laranjeira, Paula Vieira Evans
T Hossell, 1978-
Fatores de risco para Síndrome Cólica em eqüinos
de uso militar no Estado do Rio de Janeiro / Paula
Vieira Evans Hossell Laranjeira. – 2007.
63 f. : il.

Orientador: Fernando Queiroz de


Almeida.
Tese (Doutorado) – Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro,
Instituto de Veterinária.
Bibliografia: f. 55-62.

1. Epidemiologia veterinária –
Teses. 2. Abdômen agudo - Teses.
3. Eqüino – Doenças – Teses. 4. I.
Almeida, Fernando Queiroz de. II.
Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro. Instituto de
Veterinária. III. Título.
DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Eduardo Antônio Evans


Hossell e Ruth Vieira Evans Hossell, aos
meus avós, Henrique Rodrigues Vieira,
Nair Rocha Rodrigues Vieira, John
Johnson Hossell e Eliza Maria Hossell, aos
meus irmãos, Flavia Vieira Evans Hossell,
Eliza Vieira Evans Hossell e André Vieira
Evans Hossell e ao meu marido, André
Pessoa Laranjeira Caldas, pelo carinho e
incentivo. Amo vocês.
AGRADECIMENTOS
Aos Oficiais Veterinários da Seção Veterinária Regimental do REsC, Ten Luciana
Cunha de Assis Brasil Caiuby, Ten Estevão Grossi Aguiar da Silva, Ten Adriana Pinheiro
Ribeiro e Ten Luciana Almeida Martins Gomes.
Ao Cel PM Renato Silva Hottz e ao Cel PM Hudson de Aguiar Miranda, Comandantes
Gerais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) durante o período do estudo,
pela confiança no nosso trabalho, permitindo a realização do estudo com os eqüinos desta
Instituição Militar.
Ao Ten Cel PM Veterinário Luciano Jamas, da Diretoria Geral de Saúde da PMERJ -
Sub-seção de Veterinária, pela confiança no nosso trabalho, permitindo a realização do estudo
com os cavalos do Esquadrão Escola de Cavalaria (EEC).
Aos Médicos Veterinários da Unidade Médico Veterinária do EEC, Maj Gilberto dos
Santos Seppa, Cap Alexandre Inocêncio Caldóira de Oliveira, Ten Patrícia Nuñez Bastos de
Souza e Ten Flávio Augusto Soares Graça.
Ao Sr. Paulo Franco, encarregado pela Estação Meteorológica do Ministério da
Agricultura, em Resende, RJ, pelo fornecimento dos mapas diários contendo as informações
meteorológicas daquela região.
Ao Destacamento de Controle do Espaço Aéreo dos Afonsos - Diretoria de Proteção
ao Vôo, Divisão de Meteorologia Aeronáutica da Base Aérea dos Afonsos, Força Aérea
Brasileira, pelo fornecimento do Sumário Climatológico em Afonsos, RJ, na pessoa do Cap
Esp Met Paulo Correia Machado.
Aos praças e demais pessoas encarregadas pelo trato dos eqüinos nas Unidades
Militares.
Aos amigos do Laboratório de Pesquisa em Saúde Eqüina – EQUILAB, pela amizade,
companheirismo, exemplo de dedicação nas pesquisas científicas e de trabalho em equipe.
Continuem sempre assim.
A todos os professores, funcionários e alunos do Curso de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias e a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho.
Um agradecimento especial aos meus pais, Eduardo Antônio Evans Hossell e Ruth
Vieira Evans Hossell, e aos meus irmãos, Flavia Vieira Evans Hossell, Eliza Vieira Evans
Hossell e André Vieira Evans Hossell, pelo apoio, pelo amor que nos une e por todo incentivo
para prosseguir neste caminho.
Ao meu marido André Pessoa Laranjeira Caldas, pelo amor, carinho, compreensão e
amizade, sempre me apoiando e incentivando a prosseguir nos meus estudos.
Família maravilhosa, que conseguiu entender todas as minhas ausências neste
período, amo muito vocês!
RESUMO

HOSSELL LARANJEIRA, Paula Vieira Evans. Fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos de uso militar no Estado do Rio de Janeiro. 2007. 67p. Tese (Doutorado em
Ciências Veterinárias). Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, RJ, 2007.

A Síndrome Cólica é um conjunto de múltiplas condições conseqüentes a determinadas


disfunções de vísceras intra-abdominais, caracterizada por manifestação de dor e responsável
por grandes perdas econômicas em decorrência de gastos com tratamento, tempo de
afastamento dos eqüinos de suas atividades habituais e óbitos. Os objetivos deste estudo
foram investigar a incidência, realizar uma análise exploratória dos fatores associados e
identificar aqueles que se constituem fatores de risco para a ocorrência de Síndrome Cólica
em eqüinos de uso militar de três unidades no Estado do Rio de Janeiro, o Regimento Escola
de Cavalaria - REsC, a Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN e o Esquadrão Escola
de Cavalaria - EEC. Todos os eqüinos pertencentes às três unidades, totalizando 770 animais
de ambos os sexos, foram acompanhados para a incidência de casos de Síndrome Cólica,
pelos médicos veterinários das unidades militares, os quais preencheram uma ficha elaborada
para obter os dados referentes aos episódios. A partir destas informações e das fichas de
registro de cada animal realizou-se um estudo de caso controle aninhado nesta coorte, no qual
foram analisados 362 (47,0%) casos e 408 (53,0%) controles. Foram considerados casos todos
os eqüinos que apresentaram pelo menos um episódio de Síndrome Cólica e controle todos os
eqüinos que não apresentaram episódios de cólica durante o período de observação Uma
análise exploratória de dados foi utilizada para obter o perfil dos casos e o teste do χ2 para
avaliar a associação da cólica com as variáveis inerentes as características dos animais e de
manejo. A análise multivariada de regressão logística foi utilizada para avaliação dos fatores
de risco. A taxa de incidência de cólica para o período 2003-2004 foi de 0,95 caso/eqüino/ano
para o REsC, 0,12 para a AMAN e 0,21 para o EEC, sendo de 0,59 caso/eqüino/ano para o
conjunto das unidades, acometendo 69% dos eqüinos do REsC, 15,3% da AMAN e 29,7% do
EEC. Foram identificados como fatores de risco para Síndrome Cólica o sistema de criação, a
quantidade de grãos ingeridos por dia e a idade dos eqüinos. No REsC, o tamanho das baias
onde são alojados os eqüinos também é apontado como fator de risco para cólica. As baias
pequenas (≤ 7,2 m2) aumentam o risco de ocorrência de cólica, além da idade dos eqüinos,
que também é fator de risco. Na AMAN, o risco de cólica é maior entre os eqüinos dos
pavilhões da Artilharia e Odim, onde se sugere que sejam feitos ajustes no manejo destes
animais, comparando com aqueles dos outros pavilhões, adotando medidas preventivas,
buscando minimizar este risco. No EEC, o fator de risco para ocorrência de cólica é a idade
dos eqüinos. Os fatores de risco identificados tiveram papel diferenciado na determinação de
cólica conforme a unidade militar, reforçando a necessidade de se desenvolver estudos para
cada população, evitando-se a extrapolação de resultados a populações diferentes das
estudadas.

Palavras-chave: Abdômen agudo, Epidemiologia, Regressão Logística


ABSTRACT

HOSSELL LARANJEIRA, Paula Vieira Evans. Risk factors to colic syndrome in military
horses in Rio de Janeiro. 2007. 67p. Tesis (Doctor Science in Veterinary Science). Instituto
de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2007.

Colic syndrome consist in a set of multiple conditions in consequence of intra-abdominal


viscera’s dysfunctions, characterized by pain manifestation and economic losses in result of
treatment expenses, time of horses’ removal of its activities and deaths. This study aimed
investigate the incidence, carry associated factors exploratory analysis and identify risk
factors associated with colic syndrome in military horses in three military units at Rio de
Janeiro; Regimento Escola de Cavalaria - REsC, Academia Militar das Agulhas Negras -
AMAN and Esquadrão Escola de Cavalaria - EEC. All equines pertaining to the three units,
totalizing 770 animals of both sexes, had been followed for colic syndrome incidence cases by
the veterinarians of military units, which had filled an elaborated fiche to get the referring
data of episodes. Untill these information and the fiches of each animal register a case
controlled study was become fullfilled nestled in this coorte, in which 362 (47.0%) cases and
408 (53.0%) controls had been analyzed. All equines that had presented at least one episode
of colic syndrome had been considered cases and as controlled all the equines that had not
presented colic episodes during the period. A data exploratory analysis was used to get the
profile of cases and the χ2 test to evaluate the association of colic with inherent characteristics
of animals and handling variable. The multivariable analysis of logistic regression was used
for evaluation of risk factors. The colic incidence
LISTA DE TABELAS

1 Distribuição percentual dos eqüinos avaliados, segundo variáveis analisadas, nas


unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004 .................................................................................................. 20

2 Análise descritiva das variáveis idade e peso dos eqüinos avaliados nas unidades
militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 21

3 Distribuição percentual dos eqüinos, de acordo com as faixas de idade, nas


unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004 ............................................................................................................... 21

4 Distribuição percentual dos eqüinos nos Esquadrões e Pavilhões nas unidades


militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 22

5 Distribuição percentual dos eqüinos acometidos por Síndrome Cólica e número


de episódios nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de
Janeiro, no período 2003 - 2004 ............................................................................... 22

6 Análise descritiva do tempo de afastamento do eqüino de suas atividades em


decorrência de Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC,
Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ................................................... 26

7 Horário de identificação dos episódios de Síndrome Cólica nas unidades militares


REsC, AMAN, EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ................ 26

8 Distribuição percentual dos episódios de Síndrome Cólica em eqüinos das


unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004 ............................................................................................................... 28

9 Análise descritiva das variáveis idade e peso dos eqüinos nos episódios de
Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de
Janeiro, no período 2003 - 2004 ............................................................................... 29

10 Distribuição percentual dos episódios de Síndrome Cólica em eqüinos acometidos


nos Esquadrões e Pavilhões nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado
do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ............................................................... 29

11 Ocorrência de transporte até sete dias antes de episódios de Síndrome Cólica nos
eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro,
no período 2003 - 2004 ............................................................................................. 30
12 Distribuição percentual dos tipos de cólicas diagnosticadas nos eqüinos das
unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004 ............................................................................................................... 30

13 Reincidência de Síndrome Cólica nos eqüinos das unidades militares REsC,


AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ......................... 31

14 Análise descritiva do intervalo entre as reincidências de episódios de Síndrome


Cólica nos eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio
de Janeiro, no período 2003 - 2004 .......................................................................... 32

15 Número de episódios e distribuição percentual de Síndrome Cólica em eqüinos


dos plantéis das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de
Janeiro, no período 2003 - 2004 ............................................................................... 32

16 Letalidade por Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC,
Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ................................................... 33

17 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade


relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de
Síndrome Cólica em eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de
2003 e 2004 .............................................................................................................. 34

18 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade


relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de
Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de
2003 e 2004 .............................................................................................................. 35

19 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade


relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de
Síndrome Cólica em eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003
e 2004 ....................................................................................................................... 36

20 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro,
no período 2003 - 2004 ............................................................................................. 38

21 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 -
2004 - modelo preliminar ......................................................................................... 40

22 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 -
2004 - modelo final ................................................................................................... 41

23 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro segundo a
proporção de acertos ................................................................................................. 41
24 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em
eqüinos no REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 .................... 44

25 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo
preliminar .................................................................................................................. 45

26 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo
final ........................................................................................................................... 45

27 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos do REsC segundo a proporção de acertos .................................................. 46

28 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos na AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 .................. 47

29 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de


Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004 – modelo preliminar ............................................................................. 48

30 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 – modelo
final ........................................................................................................................... 48

31 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos da AMAN segundo a proporção de acertos ................................................ 49

32 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos no EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 – 2004 ...................... 50

33 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo
preliminar .................................................................................................................. 51

34 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em


eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo final 51

35 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos do EEC segundo a proporção de acertos ..................................................... 52
LISTA DE FIGURAS

1 Percentuais de eqüinos acometidos por Síndrome Cólica nas unidades militares


REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos 2003 e 2004 e no
período 2003-2004 ..................................................................................................... 23

2 Incidência de episódios de Síndrome Cólica / cavalo-mês nos eqüinos alojados nas


unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, 2003 e 2004 .. 24

3 Taxa de Incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos alojados nas unidades


militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e
2004 ........................................................................................................................... 24

4 Taxa de Incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos alojados nas unidades


militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, para o período 2003 -
2004 ........................................................................................................................... 25

5 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média


mensal no REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ....................... 34

6 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média


mensal na AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 .................... 35

7 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média


mensal no EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ......................... 36
LISTA DE ABREVIAÇÕES

AMAN Academia Militar das Agulhas Negras


BH Brasileiro de Hipismo
CCE Concurso Completo de Equitação
CSv Esquadrão de Comando e Serviço
EB Exército Brasileiro
EEC Esquadrão Escola de Cavalaria
EsEqEx Escola de Equitação do Exército
HIPO Esquadrão Hipomóvel
PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
PSI Puro Sangue Inglês
REsC Regimento Escola de Cavalaria
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 3

2.1 O Eqüino Militar ............................................................................................................ 3

2.1.1 Histórico do uso de eqüinos em atividades militares .................................................. 3

2.1.2 O uso atual do eqüino em atividades militares ........................................................... 4

2.2 Síndrome Cólica em Eqüinos ........................................................................................ 5

2.3 Incidência e Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos ................................ 8

3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 14

3.1 Desenho do Estudo ........................................................................................................ 14

3.2 Animais Estudados ........................................................................................................ 14

3.3 Definição de Caso .......................................................................................................... 15

3.4 Coleta dos Dados ........................................................................................................... 15

3.5 Dados Climatológicos .................................................................................................... 16

3.6 Categorização das Variáveis .......................................................................................... 16

3.7 Análise Estatística .......................................................................................................... 16

3.7.1 Análise exploratória e de associação estatística ......................................................... 16

3.7.2 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos .. 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 19

4.1 Análise das Características dos Plantéis de Eqüinos das Três Unidades Militares ....... 26

4.2 Ocorrência de Síndrome Cólica nas Unidades Militares nos anos de 2003 e 2004 ...... 22

4.3 Análise Bivariada ........................................................................................................... 37

4.4. Análise Multivariada .................................................................................................... 40

4.4.1 Modelagem para o cálculo do risco de Síndrome Cólica em eqüinos de uso militar . 40

4.4.2 Modelagem para o cálculo do risco de Síndrome Cólica em eqüinos do REsC ......... 43

4.4.2.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em 43


eqüinos no REsC ..................................................................................................................

4.4.2.2 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de


Síndrome Cólica em eqüinos do REsC ................................................................................ 44

4.4.3 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos


da AMAN ............................................................................................................................ 47

4.4.3.1. Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos da AMAN ............................................................................................................... 47

4.4.3.2 Análise de regressão logística dos fatores associados à ocorrência de Síndrome


Cólica em eqüinos da AMAN .............................................................................................. 47

4.4.4 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos


do EEC ................................................................................................................................. 50

4.4.4.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos do EEC ................................................................................................................... 50

4.4.4.2 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de


Síndrome Cólica em eqüinos do EEC ................................................................................. 51

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 54

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 55

8 ANEXOS .......................................................................................................................... 63
1 INTRODUÇÃO

A Síndrome Cólica, caracterizada por manifestação de dor abdominal, é uma das


principais patologias que acometem a espécie eqüina, sendo mais comuns as dores de origem
gOoé,ín 3(g9J 298.256 0 Td [(d)-0. 93142(m)-2 u0.295585(a6436(s)-1.2312( )-

1
A expectativa é que o conhecimento gerado permita a adoção de medidas profiláticas
mais adequadas para o controle e redução da Síndrome Cólica entre os eqüinos das
instituições militares envolvidas neste estudo.

2
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O Eqüino Militar


2.1.1 Histórico do uso de eqüinos em atividades militares
Os eqüinos foram utilizados com finalidades militares em toda evolução dos povos,
desde as tribos nômades da Ásia Central, nas Invasões Bárbaras e na Conquista do Novo
Mundo. Na era moderna, o eqüino teve papel de destaque nas campanhas militares, como na
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), onde havia um eqüino para cada quatro soldados, com
muitos cavalos enviados para frente de batalha. A França e a Inglaterra utilizaram 2.770.000
eqüinos, os Estados Unidos enviaram 923.580 eqüinos para Europa, enquanto a Alemanha
contou com 1.236.000 animais. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a utilização do
eqüino militar também foi intensa. A Alemanha possuía 40% de sua tropa motorizada atrelada
a eqüinos e a Itália utilizou 60.000 eqüinos ao invadir a Etiópia. Em muitos momentos os
eqüinos tornaram-se insubstituíveis, como na campanha russa durante a Segunda Guerra,
quando o motorizado Exército alemão ficava retido por falta de combustível e atolado na neve
(LIMA et al., 2006).
No início da organização do Exército Brasileiro, durante a Guerra dos Guararapes
(1648-1649) contra os holandeses, houve a participação dos eqüinos com a tropa de cavalaria
e a formação do Regimento de Dragões Auxiliares. Posteriormente, no Rio de Janeiro, no
governo de Marquês de Pombal, foi criado o Regimento de Dragões para garantir a lei e a
ordem e na Região Sul, devido a lutas em torno da Colônia do Sacramento, foi organizado o
Regimento de Dragões do Rio Grande, para a segurança na fronteira brasileira (LIMA et al.,
2006).
Em 1765 foi criado o Regimento de Cavalaria Ligeira, com objetivo de fazer a guarda
particular dos Vice-Reis. No ano de 1808, pouco antes da chegada da família real portuguesa
no Brasil, D. João VI criou o Primeiro Regimento de Cavalaria de Guardas. Em 1946, este
Regimento, a mais tradicional unidade de cavalaria do Exército Brasileiro, teve sua
denominação alterada para Primeiro Regimento de Cavalaria de Guardas, os Dragões da
Independência, que possui como missão manter o Brasil independente e livre de forças
estrangeiras (LIMA et al., 2006).
No século XIX tiveram início os esforços do Exército Brasileiro na formação de
reserva de eqüinos para fins de segurança nacional, com a abertura da primeira Coudelaria
Nacional, no Rio Grande do Sul. Ao longo do século XX foram abertas outras coudelarias.
Entretanto, no final daquele século, o Exército optou por fechar diversas delas, centralizando
as atividades em uma única, a Coudelaria do Rincão, no Rio Grande do Sul (LIMA et al.,
2006).
O eqüino permanece como elo dos militares da Arma de Cavalaria e representa papel
estratégico em tempos de guerra (SILVA et al., 2006), tendo sido usado intensamente pelo
Exército Norte-Americano na Guerra do Afeganistão, sendo decisivo para dar agilidade às
tropas em terrenos de difícil acesso (MATSUDA, 2007).
O papel do eqüino militar vai além dos aspectos de segurança, tendo sido relevante no
desenvolvimento de outras áreas, como a educação e o esporte. Na educação deve ser
mencionada a contribuição do Tenente-Coronel Muniz de Aragão, patrono da Veterinária do
Exército, que participou ativamente do processo de implantação do Serviço de Veterinária do
Exército, em 1908 (GERMINIANI, 1998) e criou a Escola de Veterinária no Brasil, em 1914
(SILVA, 1956; MITCHELL, 1963).

3
Após a Primeira Guerra Mundial, a chegada da Missão Militar Francesa ao Brasil
contribuiu para expressivas mudanças no Exército Brasileiro. A partir de 1922, o Exército
estabeleceu-se como centro de referência na área eqüestre (BASTOS FILHO, 1994). Neste
mesmo ano foi criada a Escola de Equitação do Exército.
Em razão do fracasso da Equipe Brasileira no Concurso Hípico Internacional
Centenário da Independência, foi criado, em 1923, o Núcleo de Adestramento de Equitação
nas dependências da Escola de Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro. Passando por
várias designações, historicamente a equitação sempre fez parte do treinamento militar, mas,
com a proximidade da Segunda Guerra Mundial, o funcionamento do Curso Especial de
Equitação foi suspenso. Em 1946 foi criado o Centro de Aperfeiçoamento e Especialização do
Realengo e, dentre outros, ressurgiu o Curso Especial de Equitação, nas dependências do
Departamento de Equitação e de Educação Física da Escola Militar do Realengo, onde se
manteve até dezembro de 1995 (LIMA et al., 2006).
Na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) o eqüino também possui
importante destaque. Desde 1831 a Nova Polícia, antecessora da PMERJ, realizava atividades
com seus componentes circulando, dia e noite, a pé ou montados em cavalo, prendendo
criminosos, suspeitos, portadores de armas não-autorizadas e praticantes de atos ofensivos à
moral pública (PMERJ, 2007).

2.1.2 O uso atual do eqüino em atividades militares


O eqüino militar deve possuir características morfofisiológicas adequadas ao emprego
militar, sendo possuidor de condições de saúde, resistência, força e velocidade que o tornem
apto a suportar trabalhos contínuos e variados nas três andaduras, passo, trote e galope. Logo,
para ser incorporado ao quadro de animais do Exército, o eqüino deve atender aos requisitos
básicos do cavalo militar, quais sejam, ter idade de três a oito anos, inclusive; obedecer à
altura mínima estabelecida, que varia de 1,45 a 1,60m, dependendo de sua categoria; ser
sadio, sem taras e sem vícios; possuir boa capacidade cárdio-respiratória; possuir boa
cobertura muscular; ter boa compleição e bons aprumos; andar ao passo, trote e galope, não
sendo permitido animal marchador; estar castrado, se eqüino macho, exceto o destinado à
reprodução; ser manso, isto é, deixar-se tocar, flexionar os membros, cabrestear com
facilidade, encilhar e montar por uma só pessoa e atender a outras especificações
estabelecidas pela Diretoria de Suprimento do Exército Brasileiro (EB – DLog, 2003).
Atualmente o Exército Brasileiro possui cerca de 1820 eqüinos distribuídos em quase
todo território nacional em diversas unidades militares, exceto na Região Norte, sendo
utilizados em diferentes atividades (CAMPOS et al., 2007), tais como: ações de Garantia da
Lei e da Ordem nos Regimentos de Cavalaria (1º, 3º e REsC); participação em Cerimonial
Militar como desfiles, guarda de honra e escoltas de autoridades; patrulhamento em
Organizações Militares e nos Campos de Instrução; instrução militar nas escolas de formação
de oficiais e praças, Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Escola de Sargentos das
Armas (EsSA) e Escola de Equitação do Exército (EsEqEx); produção de imunobiológicos
(soro antiofídico) em convênio do Ministério da Saúde com o Instituto de Biologia do
Exército (IBEx); prática desportiva, integrando comissões de desportos nacionais; atividades
de eqüoterapia e programas de estudo e melhoramento da eqüideocultura nacional, na
Coudelaria de Rincão.
A Coudelaria de Rincão é mantida em São Borja, RS, como centro de produção de
eqüinos do Exército Brasileiro, para o suprimento de animais dentro dos padrões necessários
para desempenhar o papel atribuído ao cavalo militar no Brasil, produzindo em média 107
potros por ano (CAMPOS et al., 2007).
Na PMERJ os eqüinos são utilizados para a instrução militar de seus policiais e no
policiamento ostensivo em geral, auxiliando na manutenção da ordem pública. No Curso de

4
Formação de Oficiais é incluída a instrução policial a cavalo, visando a posterior utilização
em policiamento ostensivo rotineiro, incluído o policiamento ostensivo normal a cavalo,
modalidade alternativa de policiamento desenvolvida em setores urbanos com características
que dificultem o acesso de outras formas de patrulha móvel. Agindo também em ação
intensificada de policiamento preventivo ordinário a cavalo em locais, horários ou dias
críticos (eventos de massa, proximidade de datas expressivas, dias e horários de grande
movimento comercial); em ação de busca e captura, de finalidade repressiva voltada para um
tipo específico de delito, que, em situações especiais, pode utilizar cavalos em policiamento
montado, que é o emprego excepcional do policiamento a cavalo para controle de distúrbios
civis e patrulha de eventos de massa (PMERJ, 2007).
A relação do militar com os eqüinos proporciona desenvolvimento de atributos da área
afetiva como cooperação, disciplina, dedicação, determinação, responsabilidade, coragem e
capacidade de superação de obstáculos. As instruções de equitação nas escolas de formação
militar funcionam no aperfeiçoamento desses atributos, contribuindo para a aplicação prática
desses conceitos, envolvendo aspectos econômicos, pedagógicos, psicológicos, esportivos e
terapêuticos (SILVA et al., 2006).
Em tempos de paz, os eqüinos podem ser usados para ações sociais como a
eqüoterapia, que enfatiza o cavalo como elemento de desenvolvimento humano. Essa
atividade proporciona o autofinanciamento do custo desses animais, propiciando o
desenvolvimento de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência e o desenvolvimento
técnico e científico (SILVA et al., 2006).

2.2 Síndrome Cólica em Eqüinos


As cólicas de origem gastrintestinal são as mais comuns nos eqüinos, porém dores de
origem no trato geniturinário ou outros órgãos abdominais também podem levar ao
desenvolvimento de Síndrome Cólica (REEVES, 1997).
O eqüino é um animal herbívoro monogástrico, isto é, possui um único estômago e se
alimenta de forragens. Sua digestão possui particularidades que devem ser observadas para
um melhor manejo e aproveitamento dos nutrientes. Para que um animal que apresente quadro
clínico de Síndrome Cólica seja abordado de maneira correta é de fundamental importância o
conhecimento da anatomia e fisiologia do trato gastrintestinal e das possíveis alterações que
possam ocorrer (MOORE et al., 2001).
O eqüino é muito exigente e sensível às alterações de manejo alimentar e ambiental. A
diminuição ou variação no nível de atividade física, alterações súbitas na dieta, alterações nas
condições de estabulação, alimentação rica em concentrados, volumoso ou ração de má
qualidade, consumo excessivamente rápido de ração, privação de água e o transporte em
viagens podem influenciar a ocorrência de Síndrome Cólica (HILLYER et al., 2001).
Os eqüinos selvagens pastam durante 60% do tempo diário (DUNCAN, 1980) e os
estabulados comem durante somente 15% do tempo diário (GOLOUBEFF, 1993), isto
demonstra uma grande mudança na fisiologia do eqüino estabulado, sendo a domesticação do
eqüino um fator importante para a ocorrência de cólica (HILLYER et al., 2001).
Alterações dentárias podem afetar a biomecânica do ciclo mastigatório e prejudicar a
adequada trituração dos alimentos (PAGLIOSA et al., 2006), pois a mastigação deficiente
leva à trituração insuficiente dos alimentos e à diminuição da produção de saliva, o que pode
afetar a digestibilidade dos alimentos e o trânsito intestinal (MEYER, 1995).
O estômago do eqüino adulto de porte médio tem capacidade de 15 a 20 litros, sendo
relativamente pequeno e ajustado para recepção contínua de pequenas quantidades de
alimento, e o seu volume representa menos que 10% do volume total do trato digestivo. As
funções básicas do estômago envolvem o armazenamento, a mistura e a quebra do alimento,
ocorrendo principalmente o processo digestivo enzimático e hidrólise pela ação do suco

5
gástrico. Os alimentos fibrosos têm um menor tempo de retenção nesse compartimento do
trato digestivo (MEYER, 1995). Portanto, os alimentos volumosos têm um trânsito mais
rápido no estômago do que os concentrados (MOORE et al., 2001).
A presença do esfíncter do cárdia impede o vômito ou a regurgitação e a ingestão de
quantidade elevada de alimento em uma única refeição pode promover a sobrecarga gástrica e
a não digestão, podendo ocorrer ruptura do estômago. A pequena capacidade do estômago faz
com que o eqüídeo tenha que se alimentar durante todo o dia para que possa preencher seu
aparelho digestivo. A passagem do alimento pelo estômago é rápida, levando em média a um
esvaziamento gástrico de seis a oito vezes por dia (WOLTER, 1977).
O intestino delgado do eqüino tem cerca de 20 metros de comprimento e é dividido em
duodeno, jejuno e íleo, sendo o principal sítio de digestão e absorção de lipídeos, carboidratos
solúveis e parte da proteína dos alimentos (MEYER, 1995). A passagem dos alimentos pelo
intestino delgado dura de duas a três horas (WOLTER, 1977) e devido ao seu grande
comprimento e longo mesentério, é possível que ocorram vólvulos e encarceramentos
(MOORE et al., 2001).
O volume do intestino grosso representa 60% do volume total do trato digestivo do
eqüino, sendo subdividido em ceco e colón (MEYER, 1995). No intestino grosso ocorre a
maior parte da fermentação microbiana, sendo este compartimento o sítio primário de
digestão dos carboidratos estruturais, que são digeridos por enzimas produzidas pelos
microorganismos nele presentes e absorvidos como ácidos graxos voláteis, principalmente
acetato, propionato e butirato (HINTZ et al., 1971). As reduções abruptas no diâmetro do
intestino nas regiões da flexura pélvica e cólon menor favorecem a ocorrência de
compactações e a grande mobilidade do cólon maior possibilita ectopias.
O consumo dietético nos eqüinos é regulado pela interação de vários fatores ligados ao
alimento, ao ambiente e ao animal, sendo que em condições naturais os animais ingerem
pequenas porções da dieta, com pequenos intervalos entre as refeições, e quando colocados
em baias recebendo alimentos ad libitum mostram um comportamento similar. Quando há
facilitação da ingestão do volumoso, através da picagem, moagem ou peletização, a ingestão
global de alimento se eleva de uma maneira considerável, chegando a 50% a mais em potros
(MEYER, 1995). Deve-se considerar que o consumo e a freqüência da alimentação
influenciam a atividade microbiana no trato gastrintestinal (ZEYNER et al., 2004).
O fluxo da digesta no trato digestivo é influenciado por vários fatores, como espécie,
idade, estado fisiológico, exercícios, temperatura ambiente, ingredientes da dieta, tamanho da
partícula, freqüência de alimentação e teor de fibra da ração (WARNER, 1981) e o tempo de
permanência do alimento nos diversos segmentos do trato intestinal dos eqüinos também
depende de vários fatores, e esta variação no tempo de exposição do alimento à atividade
digestiva irá afetar a digestibilidade dos nutrientes. Entre os fatores relacionados à retenção do
alimento estão a individualidade do animal e seu tipo de atividade física, a composição e
quantidade do alimento, o tipo e tamanho das partículas do alimento, o teor de água, o tempo
de trânsito do alimento pelo trato digestivo e a quantidade de fibra presente na dieta. O
volumoso passa mais rápido pelo estômago e intestino delgado do que o concentrado, mas
fica retido por mais tempo no intestino grosso, e o material fibroso de difícil degradação
demora mais tempo no intestino grosso do que feno e volumoso verde (OLSSON;
RUUDVERE, 1955; MEYER, 1995). O prolongado tempo de retenção dos fluidos e das
partículas da digesta no cólon maior é importante para a digestão microbiana (ARGENZIO et
al., 1974).
Dentre os fatores individuais que afetam a digestibilidade dos nutrientes em eqüinos
encontram-se a mastigação, a presença de parasitas e a velocidade de trânsito da digesta,
sendo que a motilidade intestinal está relacionada com a quantidade e a natureza da fibra
contida nos alimentos, podendo acelerar ou reduzir as ações digestivas sobre a dieta

6
(WOLTER, 1977). A quantidade de fibras na dieta pode apresentar efeitos antagônicos, pois
já foi observado que uma alta quantidade de fibra de baixa digestibilidade na dieta aumenta a
probabilidade de compactação (PUGH; THOMPSON, 1992) e o feno de baixa qualidade e
baixa digestibilidade predispõe o eqüino à cólica (COHEN et al., 1999). No entanto, observa-
se que quando os eqüinos recebem apenas forragem há redução na incidência de cólica
(TINKER et al., 1997b; COHEN et al., 1999).
O quadro de abdômen agudo pode ser causado por diferentes patologias, envolvendo
as diferentes porções do trato gastrintestinal. Os distúrbios podem ser gástricos ou intestinais,
obstrutivos ou não e com ou sem estrangulamento vascular. O prognóstico dependerá de
vários fatores, como a região afetada, o grau de comprometimento do órgão e o tempo para o
início do tratamento (COHEN, 1997).
As lesões associadas com a cólica são anatômica e funcionalmente categorizadas
como obstrutiva, estrangulante, infarto não estrangulante, enterite, peritonite, ulceração, ileus
(TINKER et al., 1997a), isquemia, congestão, reperfusão e apoptose (ABREU et al., 2007),
sendo os distúrbios espasmódicos e fermentativos, provavelmente, as causas mais comuns de
cólica em eqüinos (COHEN et al., 1999). A distensão primária do estômago geralmente é
causada por sobrecarga de grãos ou por gases produzidos por alimentos fermentáveis e ocorre
em aproximadamente 10% dos casos (CARTER, 1987). Além disso, 11% dos óbitos de
eqüinos submetidos à laparotomia exploratória foram decorrentes de ruptura gástrica
(TODHUNTER et al., 1986).
A cólica por distensão gástrica é um tipo não cirúrgico, que responde à maioria dos
tratamentos clínicos e parece ser o tipo mais comum na prática clínica de eqüinos (MESSER;
BEEMAN, 1987). Incluem-se nesta categoria as cólicas espasmódicas, distensões gasosas e
impactações com obstrução parcial. As alterações na motilidade têm um papel significativo no
desenvolvimento da distensão e os distúrbios neuroendócrinos influenciam no peristaltismo.
O peristaltismo reduzido, secundário ao espasmo ou ao ileus adinâmico, rapidamente provoca
distensão do estômago ou do intestino, com gás ou fluídos, levando ao aumento da tensão
intramural e à dor. Outros mecanismos de indução de distensões incluem os alimentos com
excessiva produção de gás, com quantidade de fibra insuficiente e a subseqüente distensão da
parede intestinal, podendo resultar em deslocamentos de alças intestinais. Também as
influências ambientais, a excitabilidade natural do eqüino e a excitação ou fadiga pelo
exercício podem induzir a ocorrência de cólica (FOREMAN, 2000).
As alterações decorrentes do intestino delgado são as menos freqüentes, porém podem
ocorrer lesões estrangulantes como o encarceramento através do mesentério com fenda ou
ruptura ou através do forame epiplóico (TURNER et al., 1984; ENGELBERT et al., 1993;
VACHON; FISCHER, 1995). As obstruções do intestino delgado são importantes causas de
cólica cirúrgica em eqüinos (MAIR, 2002).
O intestino do eqüino é anatomicamente predisposto aos deslocamentos. O
deslocamento não estrangulante do cólon maior é uma das maiores causas de obstrução do
intestino grosso (HACKETT, 1983) devido à mobilidade do cólon maior e o acúmulo de gás,
líquido ou digesta que podem fazer com que o cólon migre de posição. Um dos
deslocamentos de cólon maior ocorre quando a flexura pélvica ou toda a porção esquerda do
cólon desloca-se através do ligamento nefro-esplênico (MOLL et al., 1993; HARDY et al.,
2000).
A compactação da dieta ingerida é uma das formas mais comuns de cólica no ceco ou
no cólon (VERVUERT; COENEN, 2003) e a compactação na flexura pélvica é uma
ocorrência relativamente comum, ocorrendo obstrução deste segmento com digesta ressecada
e impactada (DABAREINER; WHITE, 1995; WHITE; DABAREINER, 1997; LOPES;
PFEIFFER, 2000). O vólvulo é uma torção do intestino no seu eixo mesentérico, sendo mais
comum no intestino delgado, e a torção é a rotação da alça ao longo de seu próprio eixo,

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sendo mais comum no intestino grosso (PULZ et al., 2004). A torção do cólon maior foi o
deslocamento que mais ocorreu envolvendo o intestino grosso em estudos desenvolvidos por
Snyder et al. (1990) e Darien et al. (1995).
A areia e os enterólitos também causam cólicas abdominais nos eqüinos. A cólica
desencadeada pela presença de areia no trato gastrintestinal do eqüino, também denominada
de sablose, é decorrente de pastejo em terrenos arenosos e ingestão de água em rios
(VERVUERT; COENEN, 2003).
Os enterólitos são concreções que podem estar localizadas em toda extensão do
intestino grosso e são compostos principalmente de fosfato amoníaco magnesiano em torno de
um núcleo (THOMSON, 1990; HASSEL, 2002). A enterolitíase possui prevalência elevada
na Califórnia, EUA, (HASSEL et al., 1999) e na Europa apenas alguns casos são relatados.
No Brasil foi observada uma incidência de 7,7% de cólicas por enterólitos em eqüinos
militares no Rio Grande do Sul (PULZ et al., 2004). A obstrução por enterólitos é uma
alteração comum em animais com mais de 11 anos de idade (HASSEL et al., 1999).
Há vários fatores de risco envolvidos no desenvolvimento do quadro clínico de cólica
e as pesquisas realizadas demonstraram que um conjunto de fatores atua sobre o eqüino para
que a cólica se desenvolva. Os estudos alertam para a necessidade de mais pesquisas sobre a
incidência da Síndrome Cólica e os fatores de risco relacionados.

2.3 Incidência e Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos


A Síndrome Cólica é uma das principais patologias que requerem atendimento
veterinário entre os eqüinos (TRAUB-DARGATZ et al., 2001) e apresenta alta incidência,
variando de acordo com as características dos plantéis estudados.
Nos EUA a incidência variou de zero a 39% ao ano em plantéis de eqüinos na
Carolina do Norte (UHLINGER, 1992), enquanto em eqüinos de fazendas de criação em
Michigan a incidência foi de 3,5% ao ano (KANEENE et al., 1997). Tinker et al. (1997a,b)
observaram incidência média anual de cólica de 10,6% em fazendas de criação e uma
incidência para o primeiro caso de cólica de 9,1 casos para cada 100 eqüinos. A incidência
anual de cólica nos plantéis de eqüinos dos Estados Unidos foi estimada em 4,2 casos para
cada 100 eqüinos por ano e a taxa de letalidade em 11% (TRAUB-DARGATZ et al., 2001).
Na Grã-Bretanha foi observada uma incidência de 7,2 casos de cólica para cada 100 animais
por ano (HILLYER et al., 2001) e no Irã a incidência anual de cólica foi de 8,6% em eqüinos
de fazendas de criação (MEHDI; MOHAMMAD, 2006).
No Brasil, em estudos preliminares no Regimento Escola de Cavalaria, Rio de Janeiro,
Lima (1997) observou que a incidência mensal de Síndrome Cólica variou de 3,8% a 13,5%
ao mês, com incidência anual de 83,5% em um plantel de 480 eqüinos. Esta alta incidência
torna importante a realização de estudos sobre a Síndrome Cólica nesta unidade militar.
A taxa de letalidade por Síndrome Cólica nos eqüinos apresenta variação de acordo
com o plantel eqüino estudado e o tipo de cólica apresentada pelos animais. White e Lessard
(1986) relataram taxa de letalidade de 40,2% dos 4.644 casos de eqüinos acometidos por
cólica atendidos em hospitais universitários dos EUA e da Inglaterra, em um período de
observação de seis anos, enquanto Hunt et al. (1986), analisando a ocorrência de cirurgias nos
casos clínicos de cólica, observaram que mais de 50% dos óbitos ocorreram no período pós-
operatório. A cólica é a maior causa de morte entre os equinos de fazendas de criação nos
EUA, sendo observada uma taxa de letalidade de 6,7% (TINKER et al., 1997a).
As doenças digestivas, como cólica, diarréia ou enterotoxemia, representam 50% dos
problemas médicos que resultam em óbito do eqüino adulto (GONÇALVES et al., 2002) e os
casos de Síndrome Cólica que requerem cirurgia resultam em um maior número de óbitos do

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que os demais casos (KANEENE et al., 1997), provavelmente por serem casos mais
avançados ou onde o diagnóstico pode ter demorado a ser realizado.
A porcentagem de episódios de Síndrome Cólica que resultam em cirurgia varia
segundo os plantéis analisados e o tipo de cólica prevalecente entre os animais. Tinker et al.
(1997a) observaram que 3,8% dos casos de cólica estudados em fazendas de criação com mais
de 20 eqüinos resultaram em cirurgia, enquanto Cohen et al. (1999) e Traub-Dargatz et al.
(2001) relataram a necessidade de cirurgia em 6,3% e 1,4% dos casos, respectivamente.
Há também as perdas em decorrência de abortos em éguas. Éguas que apresentaram
cólica nos últimos 60 dias de gestação e foram submetidas a cirurgias decorrentes de cólica
apresentaram aborto (SANTSCHI et al., 1991). Pode também ser observada a ocorrência de
endotoxemia em éguas que apresentam aborto após a ocorrência de cólica (BOENING;
LEENDERTSE, 1993).
Estudos epidemiológicos têm identificado fatores de risco para a ocorrência de
Síndrome Cólica em eqüinos em diversos tipos de criação, tornando possível o
estabelecimento de medidas para evitá-los ou corrigi-los, sendo um caminho eficaz para a
manutenção da saúde destes animais. Esses trabalhos aparecem como descrição de casos,
estudos observacionais com controle ou estudos experimentais. O estudo destes fatores
isolados ou combinados, que podem ser internos ou externos, e podem interagir de várias
formas, dando início a mudanças na fisiologia que podem levar ao desenvolvimento da cólica,
poderá possibilitar programas de prevenção mais específicos.
Eqüinos com episódios anteriores de cólica possuem maior risco de apresentarem
outro episódio, provavelmente por existir uma lesão no trato gastrointestinal causada pelo
quadro anterior ou devido a uma sequela de cirurgia no trato gastrointestinal. Alto grau de
associação entre a cólica e o histórico de cólica e de cirurgias abdominais foi observado
(COHEN et al., 1995) e inclusive independente do manejo dos animais (REEVES et al.,
1996).
A reincidência de cólica foi 3,6 vezes maior em eqüinos com histórico de cólica
(TINKER et al., 1997b). Reforçando esta observação, Traub-Dargatz et al. (2001) observaram
que 11% dos animais acompanhados durante um ano apresentaram reincidência de cólica e
Van den Boom e Van der Velden (2001) observaram que 16% dos eqüinos que haviam sido
submetidos a cirurgias abdominais apresentaram cólica novamente.
O histórico de episódio anterior de cólica não ajuda a identificar o mecanismo
patofisiológico da cólica e também não é um fator de risco que possa ser alterado. Porém, a
associação de um episódio de cólica com um episódio subsequente é uma importante
informação para aqueles que manejam os eqüinos (COHEN, 1997).
Outros fatores também tornam o eqüino propenso a quadros de cólica, tais como,
mudanças no sistema de estabulação ou na dieta até duas semanas anteriores ao quadro
clínico, mudanças no nível de atividade física durante a semana anterior ao surgimento da
cólica, cirurgias abdominais (COHEN et al., 1995) e erros na alimentação e no manejo
alimentar dos eqüinos aumentam o risco para a ocorrência de cólica (COHEN et al., 1995;
COHEN; PELOSO, 1996; REEVES et al., 1996; TINKER et al., 1997b; COHEN et al., 1999;
HUDSON et al., 2001; VERVUERT; COENEN, 2003).
Dentre os erros de manejo estão a ausência de água na pastagem, as quantidades
elevadas de concentrado e mudanças no tipo de criação, que também aparecem como fatores
de risco para cólica (REEVES et al., 1996; COHEN et al., 1999). Alguns estudos relataram a
ingestão de grãos como fator de risco para distúrbios gastrintestinais, mas os mecanismos que
explicam essa associação ainda não foram todos elucidados. Reconhecer esses fatores e
realizar mudanças para que sejam evitados é de grande importância para a prevenção.
A associação da cólica com as dietas, o manejo alimentar e ocorrências médicas que
podem ser prevenidas foi apresentada em alguns estudos, porém, os resultados são

9
divergentes (COHEN, 1997). O tipo de alimentação, a quantidade, a qualidade, a freqüência e
mudanças repentinas na dieta são fatores importantes para a ocorrência da Síndrome Cólica.
A freqüência do arraçoamento deve ser a maior possível, para respeitar ao máximo a
fisiologia digestiva eqüina e manter o trato digestivo preenchido. A prática de administrar
grandes quantidades de concentrados aos eqüinos leva a um maior número de cólicas.
Entretanto, não é, necessariamente, o excesso de grãos que causa cólica, mas sim o alto nível
de carboidratos solúveis no concentrado (WHITE, 1995).
Resultados de estudo de caso-controle indicam associação entre mudanças na
alimentação e cólica (COHEN et al., 1995) e que dietas incluindo o feno de capim coast-
cross, que é geralmente menos digestível que o feno de leguminosas, podem predispor os
eqüinos à compactação intestinal levando ao quadro clínico de cólica (COHEN; PELOSO,
1996). Ainda em estudo de caso-controle, com eqüinos atendidos em um hospital veterinário,
Reeves et al. (1996) observaram que havia aumento de risco para ocorrência de cólica com o
aumento de cada quilograma de milho inteiro ingerido.
O feno de baixa qualidade e baixa digestibilidade e a mudança no tipo de feno
predispõem os eqüinos à cólica e quando estes são alimentados apenas em pastagens observa-
se redução nos casos (COHEN et al., 1999). O risco de cólica pode ser maior com o aumento
na quantidade de concentrado ingerido e com mudanças no tipo de alimento (TINKER et al.,
1997b). Em estudo prospectivo, em uma fazenda de criação, Tinker et al. (1997b) observaram
que mais de uma mudança no tipo de feno ao ano e mudanças na ração concentrada agem
como fatores de risco para a cólica, tendo sido observado que a ingestão de mais de 2,5 Kg de
ração por dia aumentou o risco em 4,8 vezes e a ingestão de mais de 5 Kg de ração aumentou
o risco em 6,3 vezes. Deve-se considerar que estudos prospectivos apresentam dados com
maior poder do que estudos transversais e de caso-controle.
A restrição do acesso ao pasto ou a redução no tempo de pastejo ou da oferta de
alimento volumoso, a ingestão de mais de 2,7Kg de aveia por dia, mudança na quantidade de
feno oferecido, fornecimento de um novo tipo de feno ou a introdução de feno ou grãos à
dieta aumentam o risco de ocorrência de cólica (HUDSON et al., 2001).
Fatores nutricionais foram os que mais apresentaram associação nos casos de
Síndrome Cólica estudados em fazendas de criação de eqüinos de corrida e de resistência no
Irã, onde foi observado que mudanças na alimentação até duas semanas antes da ocorrência
do quadro clínico de cólica e o volumoso de baixa qualidade foram os fatores mais associados
(MEHDI; MOHAMMAD, 2006).
O eqüino é um animal destinado a viver em pastagens e qualquer programa alimentar
que negligencie a presença de fibras irá resultar em conseqüências, prejudicando a fisiologia
digestiva. Os eqüinos necessitam de grandes quantidades de fibras para que seu sistema
digestivo funcione adequadamente e consiga processar um grande volume de alimento. Se
eles são privados de uma quantidade adequada de fibras, podem ocorrer torções nas alças
intestinais, resultando em cólica (HINTZ, 2005). A substituição dos componentes da
alimentação ou da marca de ração peletizada comercial deve ser feita de forma paulatina e
gradual, pois os eqüinos são extremamente sensíveis às mínimas variações na dieta habitual.
As práticas incorretas de manejo podem causar uma mudança no pH da digesta e alteração na
microbiota intestinal, podendo causar timpanismo intestinal e dor.
A água também é um fator importante na determinação da cólica e está relacionada
quanto à quantidade, qualidade e temperatura. O risco de cólica aumenta quando a água é de
má qualidade ou é oferecida em quantidade restrita, levando a uma ingestão diária em
quantidade aquém da necessária (SAMAILLE, 2006). A diminuição da ingestão de água
contribui para a incidência de compactações de digesta no intestino grosso e redução do
desempenho.

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A ausência de água nas pastagens e nos estábulos, o consumo do grão de milho inteiro,
as quantidades elevadas de concentrados na dieta e as mudanças no tipo de forragem são
particularidades notáveis na incidência de cólica (REEVES et al.; 1996; COHEN et al.; 1999).
O fato de o fornecimento inadequado de água nos pastos e piquetes ter sido identificado como
um fator de risco importante faz com que a manutenção de uma fonte adequada de água seja
de grande importância para evitar a cólica nos eqüinos (REVEES et al., 1996).
As condições ambientais como temperatura ambiente, umidade relativa do ar e
precipitação pluviométrica têm sido relacionadas com a Síndrome Cólica. Não obstante a
experiência clínica sugerir que exista relação entre cólica e fatores climáticos, esses fatores
ainda são pouco esclarecidos. Apesar de alguns estudos relatarem o aumento na incidência de
cólica durante os meses mais quentes do ano (ROLLINS; CLEMENT, 1979; COHEN, 1997),
não foi possível comprovar uma associação da incidência de cólica com a temperatura
ambiente, com mudanças na temperatura ambiente ou com mudanças na pressão atmosférica
durante as 24 horas que antecederam o episódio de cólica (FOREMAN; WHITE, 1986).
Por outro lado, apesar de Proudman (1991)0.295585(s)528(u)-0.295585(v)95585(u)-0585(e)-6.265

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potros com menos de seis meses de idade foram significativamente menos propensos a
desenvolverem cólica do que os eqüinos de outras categorias de idade, porém, entre as demais
categorais não houve diferença significativa.
É importante considerar os múltiplos fatores que podem estar influenciando essa
variação nos tipos de cólica entre as idades, como a alimentação, a exposição a parasitos e
mudanças na fisiologia intestinal (TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Além de apresentarem
mais cólicas, eqüinos mais velhos requerem, com maior freqüência, cirurgias para a resolução
dos quadros em que estão envolvidos (REEVES et al., 1989). Porém, já foi observado que a
ocorrência de diversos tipos de cólica teve distribuição semelhante em todas as idades
(TENNANT et al., 1972; WHITE; LESSARD, 1986; REEVES et al., 1989). As diferenças
observadas entre os estudos podem ser resultantes de diferenças de metodologias utilizadas,
tais como tipo de estudo, definição de caso de cólica, tipo de amostragem e variações nos
tamanhos das amostras ou serem inerentes às populações estudadas.
O sexo parece não ter influência direta sobre a incidência de cólica, pois não há
associação significativa entre a ocorrência da cólica e o sexo (TRAUB-DARGATZ et al.,
2001; MEHDI; MOHAMMAD, 2006) embora os garanhões pareçam ter maior predisposição
às cólicas digestivas causadas por deslocamento de intestino grosso, principalmente do cólon
para a esquerda (SAMAILLE, 2006).
Dentre os fatores relacionados com o risco para a ocorrência de Síndrome Cólica, os
efeitos da endotoxemia, o timpanismo cecal, a idade e a raça explicaram 51% da variabilidade
dos dados dos casos estudados (THOEFNER et al., 2001). Porém é muito difícil afirmar que
alguma raça tenha predisposição à cólica, pois normalmente os estudos são realizados com
grupos de eqüinos de apenas algumas raças específicas e afirmar uma real influência da raça
na incidência da Síndrome Cólica poderia ser um resultado tendencioso. Entretanto, alguns
trabalhos atribuem um risco maior de cólica aos eqüinos das raças Puro Sangue Árabe e Puro
Sangue Inglês. Provavelmente isso ocorra devido às características hereditárias e ao sistema
de criação desses animais, que consomem quantidades elevadas de ração concentrada, assim
como os demais cavalos de esporte, o que favoreceria a ocorrência de cólica. Em fazendas de
criação no Irã, eqüinos mestiços apresentaram maior probabilidade de apresentarem cólica em
relação às raças Árabe, Puro Sangue Inglês e Turkman (MEHDI; MOHAMMAD, 2006). O
cuidado intensivo para algumas raças e o manejo diferenciado entre as diversas raças talvez
possam influenciar a susceptibilidade entre esses animais.
As úlceras gástricas também podem causar cólicas e podem ser secundárias a outros
distúrbios intestinais que causam cólicas (MURRAY, 1992). A intensidade da dor associada
às úlceras pode variar de discreta a grave. Alguns animais com úlceras gástricas desenvolvem
cólica recorrente com distensão do cólon por gás, que desaparece quando as úlceras são
tratadas, e alguns casos podem resultar em rupturas gástricas. Tanto os eqüinos com histórico
de cólicas agudas como crônicas, com mais de 36 horas de duração, são susceptíveis à ruptura
gástrica (TODHUNTER et al., 1986).
Os efeitos do exercício e do treinamento sobre as funções gastrintestinais dos eqüinos
e suas alterações ainda não são completamente conhecidos. Os exercícios físicos, seja o
excesso ou a sua falta, podem estar relacionados com a ocorrência da Síndrome Cólica
(WHITE, 1995). Entretanto, Traub-Dargatz et al. (2001) não observaram associação entre a
utilização ou atividade dos eqüinos e a ocorrência de cólica. Muitos estudos avaliam a
influência do exercício sobre o sistema cardiovascular e músculo-esquelético, porém pouco se
sabe sobre as conseqüências e o impacto dos exercícios sobre o sistema gastrintestinal e suas
doenças nos eqüinos (MURRAY; FAN, 2005).
Os exercícios apresentam um aumento da pressão intra-abdominal nos cavalos,
possivelmente como resultado da contração dos músculos abdominais, e esse aumento da
pressão traz como um dos efeitos um aumento da pressão intra-gástrica e um fluxo de

12
conteúdo gástrico ácido da porção ventral do estômago para a porção dorsal, o que pode
favorecer a ocorrência de úlceras gástricas (LORENZO-FIGUEIRAS; MERRITT, 2002).
Quanto à enterolitíase, diversos fatores podem estar associados a sua formação em
eqüinos, incluindo a presença do núcleo, as dietas, como o consumo elevado de proteína, de
cálcio e de magnésio; o pH elevado do intestino; o tipo de solo; a espécie e a raça. Eqüinos
árabes e pôneis parecem ser mais propensos ao desenvolvimento de enterolitíase. Há
associação da alimentação com alfafa e a formação de enterólitos (VERVUERT; COENEN,
2003). Entretanto, apesar da alfafa poder estar envolvida na formação do enterólito, a maioria
dos eqüinos que sempre consumiu feno de alfafa não desenvolve a enterolitíase (BRAY,
1995).
As infecções parasitárias também são determinantes da Síndrome Cólica, sendo a
presença de larvas de Strongylus vulgaris importante causa da cólica, por poder provocar a
formação de trombos nas artérias (DRUDGE, 1979). Outros parasitos também são
importantes, como Anaplocephala perfoliata no íleo e ceco, Parascaris equorum no intestino
delgado de potros e larvas de Gasterophilus sp e Draschia megastoma no estômago (WHITE,
1995).
O risco de ocorrência de cólica ileocecal aumenta na presença de cestóides
(PROUDMAN; EDWARDS, 1993), assim como o risco de ocorrência de cólica por
compactação de íleo e cólica espasmódica com a intensidade da infecção (PROUDMAN;
HOLDSTOCK, 2000). A presença de larvas de Cyathostominae determina severos danos ao
intestino grosso, resultando em cólica, além de diarréia, perda de peso, edema abdominal e,
eventualmente, a morte (LYONS et al., 2000). O controle rigoroso e profilático destes
parasitos reduz a importância epidemiológica dos endoparasitos nos sistemas de produção e
utilização dos eqüinos.
Outros fatores podem estar envolvidos na ocorrência de Síndrome Cólica, como a
utilização rotineira, esporádica ou acidental de drogas como os antinflamatórios fenilbutazona
(COLLINS; TYLER, 1984) e flunixim meglumina, parassimpaticomiméticos como a atropina
(DEARO; SOUZA, 2000) e a escopolamina e acaricidas como os organofosforados e o
amitraz. A intoxicação por amitraz pode determinar algumas alterações no trato digestivo dos
eqüinos, tais como, hipomotilidade ou atonia intestinal, edema dos lábios, distensão
abdominal, e compactação do intestino grosso, levando o animal a deitar e levantar com
freqüência, rolar no solo, olhar para o flanco e gemer, caracterizando um quadro de Síndrome
Cólica (DUARTE et al., 2003).

13
3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Desenho do Estudo


No período de janeiro de 2003 a dezembro de 2004 todos os eqüinos pertencentes a
três Unidades Militares do Estado do Rio de Janeiro, o Regimento Escola de Cavalaria
(REsC), situado na Vila Militar, em Deodoro, Rio de Janeiro, a Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN), situada na cidade de Resende, ambos quartéis do Exército Brasileiro, e no
Esquadrão Escola de Cavalaria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (EEC),
localizado em Sulacap, Rio de Janeiro, totalizando 770 animais de ambos os sexos, foram
acompanhados para a incidência de casos de Síndrome Cólica. A partir das informações
obtidas neste estudo e, das fichas de registro de cada animal em sua unidade militar, realizou-
se um estudo de caso controle aninhado nesta coorte, no qual foram analisados 362 (47,0%)
casos e 408 (53,0%) controles.
Foram considerados casos todos os eqüinos que apresentaram pelo menos um episódio
de Síndrome Cólica durante o período do estudo, e controle todos os eqüinos que não
apresentaram episódios de cólica durante os dois anos de observação.

3.2 Animais Estudados


Durante o período de estudo o REsC abrigava um efetivo de 435 eqüinos das raças
Brasileiro de Hipismo (BH), Puro Sangue Inglês (PSI), Bretão, Anglo Árabe, Trakhener,
Hanoveriano, Andaluz e mestiços, a AMAN abrigava um plantel de 261 eqüinos das raças
BH, PSI, Bretão e mestiços e o EEC possuía um efetivo de 74 cavalos das raças BH, PSI, Sela
Argentina, Westfalen, Anglo Árabe, Andaluz e mestiços.
Os eqüinos do REsC realizavam diversas atividades e eram distribuídos nas
especialidades de Equitação, Adestramento, Concurso Completo de Equitação (CCE), Pólo,
Iniciação Desportiva, Instrução Militar, Instrução de Saltadores, Equoterapia, Escolinha de
Equitação e Lazer. Na AMAN os eqüinos estavam distribuídos nas atividades de Equitação,
CCE, Pólo, Iniciação Desportiva, Instrução Militar, Equoterapia, Escolinha de Equitação,
Lazer e Tração. No EEC os animais eram utilizados nas atividades de Equitação, Instrução
Militar e Policiamento Montado, Lazer, Reprodução e os potros não possuíam nenhum tipo de
atividade.
Os animais eram alojados em baias individuais de alvenaria com piso de
paralelepípedo ou cimento, providas de comedouros e bebedouros. No REsC as baias
variavam de tamanho de acordo com o esquadrão a que pertenciam. As baias da Escola de
Equitação do Exército (EsEqEx) mediam 6,90 m2, as baias do esquadrão Comando e Serviço
(CSv) mediam 7,28 m2, no esquadrão Hipomóvel (Hipo) as baias mediam 8,95 m2. Na
AMAN os animais eram alojados em pavilhões. No pavilhão da Artilharia as baias mediam
6,90 m2, no pavilhão da Cavalaria as baias mediam 6,60 m2 e nos pavilhões da Equitação as
baias variavam de tamanho de acordo com os pavilhões que são: pavilhão Box com baias de
8,70 m2, pavilhão Geral com baias que mediam 5,04 m2 e pavilhão Odim onde as baias
mediam 8,70 m2. No EEC da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro os eqüinos eram
alojados em baias de 5,40 m2.
As unidades alojavam eqüinos pertencentes à instituição militar, Exército Brasileiro ou
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e eqüinos particulares. Os eqüinos particulares
são animais de propriedade de militares, que podem ficar alojados nas organizações militares,
com seus proprietários sendo responsabilizados por todas as despesas com alimentação,
ferrageamento, medidas profiláticas e tratamentos. Estes animais são utilizados nas mesmas

14
atividades dos demais eqüinos, podendo ser utilizados nas atividades de instrução da
organização militar.
Os eqüinos eram alimentados com dietas compostas por ração concentrada comercial e
volumoso. Alguns recebiam volumoso na baia, capim ou feno de capim coastcross (Cynodon
dactilon) inteiro, por serem criados em sistema estabulado, e outros possuíam acesso ao pasto,
com ingestão de volumoso à vontade além do recebido na baia, por serem criados em sistema
semi-intensivo. Os pastos eram constituídos de grama estrela (Cynodon nlemfuensis), tifton
(Cynodon sp.) e coastcross, o que é bom para os eqüinos, pois a variedade na pastagem
permite a seletividade dos animais na escolha da alimentação. Os esquemas de alimentação
eram realizados de acordo com a rotina da unidade militar. Todos os eqüinos recebiam sal
mineral à vontade.
O controle dos endoparasitos era realizado por administrações periódicas de anti-
helmíntico, segundo o protocolo do Serviço Veterinário de cada unidade militar, a cada três
meses. No REsC as vermifugações foram realizadas nos meses de fevereiro, maio, agosto e
novembro; na AMAN as vermifugações foram realizadas em fevereiro, maio, agosto e
novembro; e no EEC as vermifugações foram realizadas em março, junho, setembro e
dezembro.

3.3 Definição de Caso


Foram considerados casos de cólica os episódios em que os eqüinos apresentaram
sinais de dores abdominais e que tenham sido atendidos pelos médicos veterinários das
unidades militares. Os casos de cólica foram classificados quanto ao tipo de cólica e à origem
da dor em gástrica, entérica, gástrica e entérica e indeterminada, de acordo com o diagnóstico
clínico feito pelo veterinário que atendeu o eqüino durante o episódio de dor. A categoria
indeterminada foi utilizada para os casos em que não houve registro da origem da dor ou do
tipo de cólica.
Os óbitos decorrentes de Síndrome Cólica durante o período de estudo foram anotados
para cálculo da letalidade por Síndrome Cólica em cada unidade militar.

3.4 Coleta dos dados


Para coleta de dados dos casos, uma ficha de atendimento de Síndrome Cólica Eqüina
(Anexo A) foi elaborada e repassada aos veterinários de cada unidade militar, com o intuito
de padronizar a coleta de dados em cada episódio e para que houvesse acompanhamento
semelhante nas três unidades. No caso do não preenchimento da ficha, os dados foram obtidos
nos livros de ocorrência dos Oficiais Veterinários.
Em cada ficha o eqüino foi registrado por unidade militar, nome, número, raça, sexo,
idade, pelagem, peso, atividade física, esquadrão ou pavilhão militar, transporte, doenças
intercorrentes, dia, mês e ano de ocorrência do quadro clínico, horário e duração, proprietário,
histórico de cólicas anteriores, tipo de manejo, características da baia, presença de vícios nos
eqüinos, dietas (freqüência de alimentação, ordem de fornecimento do volumoso, uso de
suplementos, quantidades de concentrado e feno) e fatores climáticos tais como temperatura
ambiente (média, máxima e mínima), umidade relativa do ar e índice pluviométrico no dia de
início da ocorrência do quadro clínico de cólica, tipo de cólica, diagnóstico, fatos recentes de
relevância, óbito e observações de necropsia, quando ocorrida.
Os dados referentes aos eqüinos não casos (controles) foram obtidos nas fichas de
registro de cada animal em sua unidade militar.
Foi montado um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 10.0 onde os
dados referentes aos eqüinos dos plantéis das três unidades militares foram registrados.

15
3.5 Dados Climatológicos
Os dados climatológicos foram oriundos do Departamento de Controle do Espaço
Aéreo do Instituto de Proteção ao Vôo da Base Aérea dos Afonsos - Força Aérea Brasileira,
localizado em Sulacap, Rio de Janeiro, para os dados relativos à região de localização do EEC
e do REsC, distantes um do outro 1,8 Km. Para a região da AMAN, os dados foram obtidos
na Estação Meteorológica do Ministério da Agricultura, na Academia Militar das Agulhas
Negras, localizada no município de Resende.

3.6 Categorização das Variáveis


Os eqüinos foram divididos em subgrupos de acordo com as variáveis de interesse:
− Unidade militar: REsC, AMAN e EEC;
− Faixa etária: como a faixa etária dos eqüinos em atividade militar normalmente varia de
cinco a 15 anos adotou-se para a classificação as seguintes faixas etárias: até quatro anos,
entre cinco e 15 anos e a partir de 16 anos.
− Raça: com raça e mestiço;
− Sistema de criação: estabulado e semi-estabulado;
− Alimentação:
− Quantidade de volumoso ingerido: quantidade restrita de feno e/ou verde na baia, e à
vontade, com acesso ao pasto e feno oferecido na baia;
− Quantidade de grãos ingeridos por dia, que incluía ração concentrada, aveia e
linhaça, para alguns animais: quatro quilos e seis quilos ou mais.
Como todos os eqüinos semi-estabulados são alimentados com volumoso à vontade e
os estabulados consomem volumoso em quantidade restrita, optou-se por utilizar a variável
sistema de criação na análise multivariada.
− Suplemento mineral-vitamínico: recebia e não recebia suplemento;
− Tamanho das baias: ≤ 7,2 m2 e > 7,2 m2. Para essa classificação foi considerada a média dos
tamanhos das baias nas unidades militares, que foi de 7,2 m2.
− Vício - os eqüinos foram divididos em dois grupos de acordo com a apresentação de algum
tipo de vício ou distúrbio de comportamento: com vício e sem vício.
− Atividade física - os eqüinos foram classificados em três grupos de acordo com a atividade
desenvolvida: esportiva (Equitação, Adestramento, CCE, Pólo, Iniciação Desportiva e
Instrução de Saltadores), militar (Instrução Militar e Policiamento Montado) e leve
(Equoterapia, Escolinha de Equitação e Lazer).

3.7 Análise Estatística


3.7.1 Análise exploratória e de associação estatística
Para se estabelecer um perfil dos plantéis estudados, foi realizada uma análise
exploratória com as informações de todos os eqüinos de cada unidade militar. Quanto à
análise dos casos de Síndrome Cólica nos plantéis, preliminarmente os dados foram
submetidos à análise univariada. Os dados foram analisados por meio do cálculo de medidas
de tendência central (média e mediana) e medidas de dispersão (desvio-padrão e valores
mínimos e máximos). Foram também analisados os tipos de cólica, as reincidências, os
intervalos entre as reincidências, o número de episódios por eqüino e os horários de
identificação dos episódios.
A população eqüina das unidades militares foi considerada fixa (MEDRONHO et al.,
2005), assim, para o cálculo das proporções de eqüinos acometidos foram considerados o
número de eqüinos casos de cólica (numerador) e o número de eqüinos acompanhados
(denominador) (ROTHMAN, 2002).

16
Para o cálculo das taxas de incidência foram considerados o número de episódios de
cólica no período de observação (numerador) e o número de eqüinos sob observação,
considerando as perdas ocorridas por óbitos devido à cólica (denominador) (MEDRONHO et
al.; 2005).
A letalidade foi calculada dividindo-se o número de mortes por síndrome cólica pelo
número de casos de cólica.
Foram elaborados gráficos de incidência mensal de Síndrome Cólica e temperaturas
ambientais médias mensais para o período de 2003 e 2004, para as três unidades militares.
As variáveis categorizadas foram submetidas à análise para verificação de associação
estatística, através da análise bivariada pelo teste qui-quadrado com correção de Yates,
quando apropriado. Foram verificados os graus de associação entre as variáveis explicativas
(variáveis independentes) e a ocorrência de Síndrome Cólica (variável desfecho – variável
dependente), sendo adotado um nível de significância de 5%. Foram também calculadas as
respectivas razões de chance (odds ratio) brutas e respectivos intervalos de 95% de confiança.

3.7.2 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos


Neste trabalho, a variável desfecho foi a ocorrência de Síndrome Cólica e as variáveis
explicativas foram as constantes do item 3.6.
Para os propósitos deste estudo a ocorrência de cólica foi transformada em uma
variável dicotômica que assume valor de 1 (um), se o eqüino apresentou cólica, e 0 (zero), se
o eqüino não apresentou cólica. Entre os modelos disponíveis aplicáveis ao tipo de variável
resposta, escolheu-se o modelo de regressão logística, pela adequação de sua aplicação aos
parâmetros e seus resultados em termos da razão de chances. O modelo de regressão logística
é representado pela seguinte equação:
- (ß0 + ß1X1 + ß2X2 + ... + ßpXp)
Pr (cólica) = 1 / 1 + e
Onde, Pr (cólica) é a probabilidade de ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos de
uso militar, X1, X2, ... , Xp são as variáveis explicativas do modelo e ß0, ß1, ß2, ... , ßp são
os parâmetros desconhecidos do modelo a serem estimados.
Como poucas variáveis foram consideradas no estudo (n=9), foi realizada a análise de
regressão logística com a inclusão de todas as variáveis, independentemente de apresentarem
associação estatística ou não pelo teste qui-quadrado, em um primeiro passo.
A partir deste modelo preliminar, foram escolhidas para a construção do modelo
preditivo de ocorrência da Síndrome Cólica as variáveis significativas estatisticamente (p ≤
0,20).
A análise multivariada de regressão logística foi realizada pelo método Enter e o
modelo final foi analisado através da razão de verossimilhança, pelo teste de Hosmer e
Lemeshow e pela proporção de acertos entre casos positivos e proporção de acertos no
modelo total. Permaneceram no modelo aquelas variáveis que explicam a ocorrência de
Síndrome Cólica com intervalo de confiança de 95%. O nível de significância adotado para o
modelo final foi de 5%.
A razão de verossimilhança indica se o conjunto de variáveis incluídas no modelo
contribui significativamente para predizer a resposta.
O teste de Hosmer e Lemeshow avalia se existem diferenças entre os valores previstos
para a ocorrência da Síndrome Cólica e os valores reais, fornecendo uma medida ampla da
precisão preditiva baseada na previsão da variável dependente. A hipótese nula é de que não
existe diferença entre valores observados e valores esperados. Os valores não significativos
(p>0,05) para o teste de Hosmer e Lemeshow confirmam que não existe diferença entre os
valores que o modelo previu e os valores reais, indicando um modelo adequado para predizer
a ocorrência de Síndrome Cólica nos eqüinos de uso militar.

17
Após a determinação do modelo final, procedeu-se à avaliação das razões de chances
ajustadas e seus respectivos intervalos de confiança, bem como da significância do teste de
Wald, que indica se a variável contribui significativamente para predizer a resposta. As
análises dos dados foram realizadas com o programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) para Windows, versão 13.0.

18
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise das Características dos Plantéis de Eqüinos das Três Unidades Militares
Na tabela 1 são apresentadas as características dos plantéis de eqüinos das três
unidades militares.
Nas três unidades militares avaliadas observou-se uma maior freqüência de eqüinos
mestiços. Dentre as raças, a BH foi a mais observada nas unidades REsC e AMAN e a raça
PSI no EEC. Não foram observados cavalos das raças Trakhener e Hanoveriano na AMAN e
no EEC. Os animais das raças Sela Argentina e Westfalen foram observados somente no
EEC.
No tocante ao sexo, constatou-se que no REsC, na AMAN e no EEC, pelo menos 56%
dos eqüinos era do sexo masculino, sendo esta proporção menor na AMAN, onde os eqüinos
do sexo feminino compunham cerca de 44% da amostra, contra, aproximadamente, 34 e 37%
no REsC e no EEC, respectivamente.
Independente da unidade militar considerada, a maior parte dos animais pertencia ao
Exército Brasileiro. Na AMAN somente 11,9% eram eqüinos particulares.
Foi observada a utilização dos eqüinos em diversas áreas de atividade física, sobretudo
àquela voltada para a equitação. No REsC, mais da metade dos eqüinos avaliados estavam em
atividades de pólo, iniciação esportiva e instrução militar. Somente na AMAN foram
observados animais envolvidos em atividade de tração. No EEC, além da equitação, os
cavalos eram direcionados majoritariamente para a instrução militar. Esta unidade foi a única
que apresentou eqüinos utilizados para reprodução e eqüinos em inatividade.
Quanto ao sistema de criação, observou-se que as três unidades analisadas
apresentaram diferentes distribuições em relação a esta variável. No REsC havia uma
distribuição semelhante entre eqüinos em sistema de estabulação e semi-estabulação. Por
outro lado, observou-se no EEC maior concentração de eqüinos, cerca de 65%, no sistema
semi-estabulado. Diferentemente das duas unidades supracitadas, na AMAN todos os eqüinos
do plantel eram criados sob sistema semi-estabulado, ou seja, durante a noite eram soltos em
piquetes que permitiam a livre movimentação dos animais e o livre acesso ao volumoso.
A presença de algum tipo de vício ou de comportamentos anormais apresentados pelos
eqüinos foi maior no EEC. No entanto, ainda que neste local tenha sido observado que
aproximadamente 13,5% dos animais apresentavam algum tipo de vício ou comportamentos
anormais, este percentual mostrou-se inferior àquele observado na literatura, cerca de 26%,
conforme apontado por Killey-Worthington (1983). A aerofagia foi o único vício a ser
observado, em comum, nas três unidades onde o estudo foi conduzido. A proporção de
eqüinos sem vício foi semelhante entre o REsC e a AMAN.

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Tabela 1 Distribuição percentual dos eqüinos avaliados, segundo variáveis analisadas, nas
unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Plantel de eqüinos
Variável REsC (n= 435) AMAN (n=261) EEC (n= 74)
n % n % n %
Raça
Mestiço 324 74,5 210 80,5 57 77,0
Brasileiro de Hipismo 84 19,3 30 11,5 3 4,1
Puro Sangue Inglês 20 4,6 3 1,1 9 12,2
Bretão 1 0,2 18 6,9 0 0,0
Sela Argentina 0 0,0 0 0,0 1 1,4
Westfalen 0 0,0 0 0,0 1 1,4
Anglo Árabe 2 0,5 0 0,0 2 2,7
Trakhener 1 0,2 0 0,0 0 0,0
Hanoveriano 2 0,5 0 0,0 0 0,0
Andaluz 1 0,2 0 0,0 1 1,4
Sexo
Masculino 288 66,2 146 55,9 47 63,5
Feminino 147 33,8 115 44,1 27 36,5
Proprietário
Exército/PMERJ 264 60,7 230 88,1 48 64,9
Particular 171 39,3 31 11,9 26 35,1
Atividade Física
Equitação 148 34,0 113 43,3 21 28,4
Adestramento 29 6,7 0 0,0 0 0,0
CCE 21 4,8 4 1,5 0 0,0
Pólo 56 12,9 44 16,9 0 0,0
Iniciação Esportiva 92 21,1 11 4,2 0 0,0
Instrução Militar 75 17,2 51 19,5 32 43,2
Instrução de Saltadores 4 0,9 0 0,0 0 0,0
Equoterapia 7 1,6 1 0,4 0 0,0
Escolinha de Equitação 1 0,2 1 0,4 0 0,0
Lazer 2 0,5 18 6,9 6 8,1
Tração 0 0,0 18 6,9 0 0,0
Reprodução 0 0,0 0 0,0 4 5,4
Sem atividade 0 0,0 0 0,0 11 14,9
Sistema de Criação
Estabulado 219 50,3 0 0,0 26 35,1
Semi-estabulado 216 49,7 261 100,0 48 64,9
Vício
Aerofagia 7 1,6 1 0,4 8 10,8
Coprofagia 0 0,0 2 0,8 2 2,7
Bater joelho na baia 0 0,0 1 0,4 0 0,0
Sem vício 428 98,4 257 98,4 64 86,5

20
A idade mediana dos eqüinos das unidades militares (Tabela 2) está de acordo com a
faixa de idade de maior utilização destes animais nos locais estudados, pois cerca de 67% dos
eqüinos das unidades militares apresentavam entre 5 e 15 anos de idade, sendo essa a faixa de
idade de maior atividade dos eqüinos nas unidade militares (Tabela 3).
O peso médio dos eqüinos foi semelhante entre as unidades militares. No entanto,
observou-se uma maior amplitude no que diz respeito à distribuição dos valores mínimo e
máximo na AMAN. Nesta unidade foram detectados o animal mais leve e o mais pesado. Este
resultado se aplica somente na comparação com os animais do REsC, na medida em que não
foram obtidas as informações referentes a esta variável nos animais alojados no EEC (Tabela
2).

Tabela 2 Análise descritiva das variáveis idade e peso dos eqüinos avaliados nas unidades
militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Idade (anos) Peso (Kg)


REsC AMAN EEC REsC AMAN
Mediana 9,0 11,0 10,0 450,0 480,0
Média 9,1 10,8 9,7 447,3 478,0
Desvio-Padrão 4,8 4,9 5,7 47,7 49,5
Valor Mínimo 1,0 1,0 1,0 250,0 185,0
Valor Máximo 23,0 28,0 25,0 580,0 618,0

Tabela 3 Distribuição percentual dos eqüinos, de acordo com as faixas de idade, nas unidades
militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Plantel de eqüinos
Faixa Etária
REsC (n= 435) AMAN (n=261) EEC (n= 74)
(anos)
n % n % n %
≤4 109 25,1 35 13,4 19 25,7
5-15 289 66,4 185 70,9 44 59,5
≥ 16 37 8,5 41 15,7 11 14,9

No REsC os eqüinos eram alojados em baias dividas por esquadrões, ou seja, seções
de um Regimento de Cavalaria. Eram os seguintes: Esquadrão da Escola de Equitação do
Exército (EsEqEx), Esquadrão Comando e Serviço (CSv) e Esquadrão Hipomóvel (HIPO), o
qual comportava a maior parte dos eqüinos desta unidade. Os eqüinos externos ao Regimento
eram alocados temporariamente em baias da unidade militar. Na AMAN, por sua vez, os
eqüinos eram alojados em baias divididas por pavilhões, ou seja, em construções
independentes. Eram os seguintes: o Pavilhão da Artilharia, o qual comportava o menor
percentual de animais desta unidade, o Pavilhão da Cavalaria e os Pavilhões da Equitação,
que são subdivididos em três pavilhões: Odim, Geral e Box. Todos os 74 eqüinos do EEC
estavam alojados em baias iguais de um mesmo pavilhão. Na Tabela 4 é apresentada a
distribuição dos eqüinos nos esquadrões e pavilhões no REsC e AMAN.

21
Tabela 4 Distribuição percentual dos eqüinos nos Esquadrões e Pavilhões nas unidades
militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Unidade Militar Plantel de eqüinos


(Esquadrão/Pavilhão)
n %
REsC
EsEqEx 159 36,6
CSv 52 12,0
Hipo 215 49,3
Externo 9 2,1
AMAN
Artilharia 19 7,3
Cavalaria 48 18,4
Odim 66 25,3
Geral 74 28,3
Box 54 20,7

4.2 Ocorrência de Síndrome Cólica nas Unidades Militares nos anos de 2003 e 2004
O total de 899 casos de Síndrome Cólica eqüina foi registrado no período de janeiro de
2003 a dezembro de 2004 nas três unidades militares. Durante o período do estudo, 69,0% dos
eqüinos do REsC, 15,3% dos eqüinos da AMAN e 29,7% dos eqüinos do EEC foram
acometidos por Síndrome Cólica pelo menos uma vez, sendo um total de 300 eqüinos no
REsC, 40 na AMAN e 22 no EEC. Na Tabela 5 encontram-se os números de eqüinos que
apresentaram cólica nas unidades militares em cada ano do estudo.
Ao realizar o somatório de episódios de Síndrome Cólica ocorridos entre 2003 e 2004,
observou-se 808 casos no REsC, 60 na AMAN e 31 no EEC.
A proporção de eqüinos acometidos por Síndrome Cólica foi semelhante entre os anos
de 2003 e 2004. Quanto ao número de episódios de Síndrome Cólica nas unidades militares
ocorridos no período do estudo, observaram-se valores semelhantes entre 2003 e 2004 no
EEC. No REsC e na AMAN constatou-se redução do desfecho em questão de um ano para o
outro, mais marcadamente no REsC.

Tabela 5 Distribuição percentual de eqüinos acometidos por Síndrome Cólica e número de


episódios nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004

Plantel de eqüinos
Síndrome Cólica REsC (n= 435) AMAN (n= 261) EEC (n= 74)
n % n % n %
Número de eqüinos acometidos
2003 205 47,1 25 9,6 10 13,5
2004 175 40,2 21 8,0 14 18,9
Número de episódios
2003 438 34 15
2004 370 26 16

22
Na Figura 1 são apresentados os percentuais de eqüinos acometidos por Síndrome
Cólica nas unidades militares nos anos de 2003 e 2004 e para o período de dois anos de
observação.
Conforme se pode observar, o EEC foi a única unidade que apresentou aumento do
número de eqüinos com cólica entre 2003 e 2004. O percentual observado no REsC foi
superior ao observado nas três unidades quando analisadas em conjunto. Na AMAN foi
observado o menor percentual de animais que apresentaram cólica.

80.0
Eqüinos acometidos (%)

70.0
60.0
50.0
40.0
30.0
20.0
10.0
0.0
REsC+AMAN+EEC REsC AMAN EEC

Unidade Militar

2003 2004 2003-2004

Figura 1 Percentuais de eqüinos acometidos por Síndrome Cólica nas unidades militares
REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004 e no período 2003-
2004

No REsC a incidência de cólica nos meses do 1° semestre de 2004 e em agosto foi


sistematicamente maior em relação à incidência observada para o mesmo período de 2003.
Entretanto, em julho, setembro, outubro e novembro de 2004 observaram-se ocorrências
inversas, a incidência de cólica foi inferior ao mesmo período de 2003.
Na Figura 2 são apresentadas as incidências de episódios de Síndrome Cólica / cavalo-
mês nas unidades militares nos anos de 2003 e 2004. Observou-se, em todos os meses do
período em questão, que no REsC ocorreram as maiores incidências de episódios de Síndrome
Cólica / cavalo-mês. As demais unidades alternavam-se, ora apresentando as segundas
maiores incidências de episódios de Síndrome Cólica / cavalo-mês, ora apresentando as
menores incidências de episódios de Síndrome Cólica / cavalo-mês. Através dessa análise não
é possível observar tendências de aumento ou diminuição no número de episódios ao longo
dos anos.

23
14.00

12.00
Incidência de episódios/mês

10.00

8.00

6.00

4.00

2.00

0.00
Jun

Jun
Out

Out
Jan

Maio

Ago

Jan

Maio

Ago
Dez

Dez
Mar

Mar
Jul

Set

Jul

Set
Fev

Nov

Fev

Nov
Abr

Abr
2003 2004
Meses

RESC AMAN EEC

Figura 2 Incidência de episódios de Síndrome Cólica / cavalo-mês nos eqüinos alojados nas
unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, 2003 e 2004

A taxa de incidência de cólica no REsC foi de 1,03 em 2003 e 0,87 em 2004, na


AMAN foi 0,13 em 2003 e 0,10 em 2004 e no EEC foi de 0,20 em 2003 e 0,22 em 2004. Na
Figura 3 são apresentadas as taxas de incidência de Síndrome Cólica para cada ano de
observação, ocorrendo aumento da incidência apenas no EEC.

1.20

1.00
Taxa de Incidência

0.80

0.60

0.40

0.20

0.00
REsC AMAN EEC
Unidades Militares

2003 2004

Figura 3 Taxa de Incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos alojados nas unidades militares
REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004.

24
A taxa de incidência para o período 2003-2004 foi de 0,95 casos/ eqüino/ano para o
REsC, 0,12 para a AMAN e 0,21 para o EEC. Já para as três unidades militares
conjuntamente, a taxa de incidência foi de 0,59 casos/eqüino/ano. Na Figura 4 são
apresentadas as taxas de incidência de Síndrome Cólica com base no período de dois anos de
observação, sendo a taxa no REsC muito superior à observada no EEC e na AMAN.

1.00
Taxa de Incidência

0.80
0.60

0.40
0.20

0.00
EC

C
AN
sC

EE
+E

RE

AM
AN
M
+A
sC
RE

Unidades Militares

Figura 4 Taxa de Incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos alojados nas unidades militares
REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, para o período 2003 - 2004.

A incidência da Síndrome Cólica pode variar devido a diversos fatores como o tipo e
tamanho da amostra, o tipo de estudo, o tempo de observação e como é feita a definição de
caso. Evidenciou-se na literatura, por exemplo, que na Grã-Bretanha a incidência anual da
Síndrome Cólica era de 7,2% e em plantéis dos EUA, de 39% (UHLINGER, 1992;
KANEENE, et al., 1997; TINKER et al., 1997a,b; TRAUB-DARGATZ et al., 2001;
HILLYER et al., 2001; MEHDI; MOHAMMAD, 2006). Ainda que neste estudo tenham sido
consideradas unidades militares com plantéis de eqüinos localizadas em um mesmo país, mais
precisamente, em um mesmo estado, a incidência anual apresentou grandes variações,
oscilando entre 10%, na AMAN em 2004, e 103%, no REsC em 2003. Estes resultados vão ao
encontro dos estudos disponíveis na literatura, indicando que o local da realização do estudo
também pode ser uma variável determinante de variações da incidência do desfecho em
questão, devido às características da população estudada, à localização geográfica distinta e
práticas de manejo diferenciadas.
As altas incidências observadas retratam também a alta taxa de reincidência de
episódios de Síndrome Cólica nestas unidades militares, mais notadamente no REsC, e
reforçam a importância desta entidade nosológica que acomete os eqüinos.
Na Tabela 6 é apresentado o tempo de afastamento do eqüino de suas atividades
normais em decorrência de Síndrome Cólica nas unidades militares. Constatou-se que a
duração média do afastamento por Síndrome Cólica foi semelhante nas unidades REsC e EEC
e inferiores à observada na AMAN. Esta, por sua vez, apresentou um episódio com tempo de
afastamento máximo de 94 dias, período este superior por se tratar de eqüino submetido à
cirurgia.

25
Tabela 6 Análise descritiva do tempo de afastamento dos eqüinos de suas atividades em
decorrência de Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio
de Janeiro, no período 2003 - 2004

Tempo (dias)
Unidade
Desvio- Valor Valor
Militar Mediana Média
Padrão Mínimo Máximo
REsC 1,0 1,7 1,3 1,0 23,0
AMAN 3,0 8,3 19,2 1,0 94,0
EEC 1,0 1,4 1,5 1,0 9,0

No tempo de afastamento estão incluídos todos os dias que o eqüino ficou


impossibilitado de realizar suas atividades habituais em decorrência das alterações por cólica.
As variações observadas podem ser devidas ao tipo de cólica e à intensidade da lesão causada
ao trato gastrintestinal do eqüino, o que interfere na recuperação deste animal e,
conseqüentemente, na sua liberação para as atividades habituais.
Durante o período do estudo, apenas três eqüinos foram submetidos à cirurgia em
decorrência de Síndrome Cólica, sendo estes eqüinos pertencentes à AMAN. Esses animais
representam 6,5% dos eqüinos acometidos pela Síndrome Cólica na AMAN e 0,7% do
número total de eqüinos acometidos pela Síndrome Cólica nas três unidades. Dos três casos,
dois foram decorrentes de compactação e um devido à torção de flexura pélvica.
O percentual de casos que necessitam de cirurgia pode variar consideravelmente, de
acordo com o tipo de cólica que atinge o eqüino, como o valor de 1,4% observado por Traub-
Gargatz et al. (2001), 3,8% observado por Tinker et al. (1997a) e 6,3% observado por Cohen
et al. (1999), sendo que os episódios que normalmente requerem cirurgia são de origem
intestinal.
A maioria dos episódios de Síndrome Cólica ocorridos não teve os horários de
identificação dos episódios registrados nas fichas de acompanhamento. Entretanto, entre
aqueles com os horários definidos, a maior parte ocorreu no período da manhã (Tabela 7).

Tabela 7 Horário de identificação dos episódios de Síndrome Cólica nas unidades militares
REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Episódios de Síndrome Cólica


Horário REsC (n= 808) AMAN (n=60)
n % n %
Manhã 132 16,3 16 26,7
Tarde 119 14,7 5 8,3
Noite 103 12,7 2 3,3
Sem informação 454 56,2 37 61,7

Entre os 438 casos ocorridos no REsC em 2003, 79 foram observados no horário da


manhã, definidos como aqueles ocorridos entre 06h01min e 12h00min; 74 ocorreram no
horário da tarde, definidos como aqueles que se passaram entre 12:01 e 18:00; 67 ocorreram
durante a noite, definidos como os ocorridos entre 18h01min e 6h00min; e 218 não tiveram os
horários de ocorrência definidos ou informados pelos veterinários responsáveis pelos
atendimentos. Na AMAN os 34 casos de Síndrome Cólica ocorridos em 2003 não tiveram os
horários de ocorrência definidos pelos veterinários responsáveis pelos atendimentos.

26
Entre os 370 casos de cólica ocorridos em 2004, no REsC, 53 foram observados no
horário da manhã, 45 no horário da tarde, 36 durante a noite, e 236 não tiveram os horários
definidos pelos veterinários responsáveis pelos atendimentos. Na AMAN, em 2004, 16 casos
tiveram início no horário da manhã, cinco no horário da tarde, dois durante a noite e três
episódios não tiveram os horários de ocorrência definidos.
Os casos de Síndrome Cólica ocorridos no EEC em 2003 e 2004 não tiveram os
horários de ocorrência definidos pelos veterinários responsáveis pelos atendimentos.
Devido à ausência de registro do horário de ocorrência de um grande número de
episódios de Síndrome Cólica no período observado, fica difícil estabelecer relação entre o
aparecimento da cólica e o seu horário de ocorrência. Entretanto, para os episódios com
horários relacionados, a maior incidência nos horários da manhã pode ser devido ao período
noturno sem alimentação e o oferecimento da ração pela manhã após longo período sem
alimento. O eqüino tende a ingerir o concentrado muito rapidamente, gerando o desconforto
abdominal ou a cólica por sobrecarga, na maioria das vezes.
Em relação a variável sexo, a maioria dos eqüinos acometidos era do sexo masculino
(Tabela 8), fato este que corresponde à maior freqüência destes animais nos plantéis
analisados. A AMAN foi o único plantel onde a incidência de cólica foi maior em fêmeas.
No que diz respeito ao proprietário dos eqüinos, a maioria dos episódios ocorreram em
animais do Exército Brasileiro no REsC e na AMAN e no EEC a maior parte dos casos
clínicos foram em eqüinos pertencentes a PMERJ (Tabela 8).
No que se refere à atividade física desenvolvida pelos eqüinos acometidos pela
Síndrome Cólica, os episódios acompanharam a distribuição das atividades, sendo observada
maior incidência de cólica em eqüinos em atividade de equitação no REsC e na AMAN e em
instruções militares no EEC (Tabela 8).
Quanto ao sistema de criação ao qual são submetidos os eqüinos acometidos por
Síndrome Cólica, verificou-se uma variação de acordo com a unidade militar considerada. Foi
observada uma maior incidência entre os eqüinos estabulados no REsC e os semi-estabulados
no EEC. Na AMAN todos os eqüinos eram criados em sistema semi-estabulado (Tabela 8).
Em relação à presença de algum tipo de vício que possa influenciar nas alterações
gastrintestinais que ocorrem nos eqüinos, observou-se que a menor parte dos animais que
desenvolveu cólica apresentou algum tipo de vício. Dentre os que apresentaram, a aerofagia
foi a mais comumente percebida (Tabela 8). Esses valores podem estar subestimados, pois são
dados secundários, podendo estar subnotificados, estando sujeitos a viés de informação.
Admite-se que grande parte dos vícios apresentados pelos eqüinos tenha origem
hereditária, enquanto outros são causados por certas moléstias, por uma iniciação mal feita ou
pela ociosidade (COSTA, 1997). Logo, a estabulação excessiva deve ser evitada e os eqüinos
devem ser submetidos a um trabalho físico regular.

27
Tabela 8 Distribuição percentual dos episódios de Síndrome Cólica em eqüinos das unidades
militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Episódios de Síndrome Cólica


Variável REsC (n= 808) AMAN (n=60) EEC (n= 31)
n % n % n %
Raça
Mestiço 548 67,8 41 68,3 22 71,0
Brasileiro de Hipismo 222 27,5 6 10,0 2 6,5
Puro Sangue Inglês 35 4,3 0 0,0 3 9,7
Bretão 0 0,0 13 21,7 0 0,0
Sela Argentina 0 0,0 0 0,0 1 3,2
Westfalen 0 0,0 0 0,0 2 6,5
Anglo-Árabe 1 0,1 0 0,0 1 3,2
Trakhener 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Hanoveriano 2 0,2 0 0,0 0 0,0
Andaluz 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Sexo
Masculino 563 69,7 28 46,7 19 61,3
Feminino 245 30,3 32 53,3 12 38,7
Proprietário
Exército/PMERJ 537 66,5 58 96,7 19 61,3
Particular 271 33,5 2 3,3 12 38,7
Atividade Física
Equitação 358 44,3 36 60,0 5 16,1
Adestramento 94 11,6 0 0,0 0 0,0
Concurso Completo Equitação 41 5,1 0 0,0 0 0,0
Pólo 56 6,9 2 3,3 0 0,0
Iniciação Esportiva 96 11,9 0 0,0 0 0,0
Instrução Militar 142 17,6 5 8,3 18 58,1
Instrução de Saltadores 9 1,1 0 0,0 0 0,0
Equoterapia 6 0,7 0 0,0 0 0,0
Escolinha de Equitação 2 0,2 0 0,0 0 0,0
Lazer 4 0,5 4 6,7 7 22,6
Tração 0 0,0 13 21,7 0 0,0
Reprodução 0 0,0 0 0,0 1 3,2
Sem atividade 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Sistema de Criação
Estabulado 469 58,0 0 0 12 38,7
Semi-estabulado 339 42,0 60 100,0 19 61,3
Vício
Aerofagia 30 3,7 1 1,7 4 12,9
Coprofagia 0 0,0 6 10,0 0 0,0
Bater joelho na baia 0 0,0 1 1,7 0 0,0
Sem vício 778 96,7 52 86,7 27 87,1

28
A idade média dos eqüinos nos episódios de Síndrome Cólica está dentro da faixa de
idade de maior utilização dos eqüinos nas unidades militares, entre cinco e quinze anos de
idade (Tabela 9).

Tabela 9 Análise descritiva das variáveis idade e peso dos eqüinos nos episódios de Síndrome
Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004

Idade (anos) Peso (Kg)


REsC AMAN EEC REsC AMAN
Mediana 10,0 7,0 11,0 450,0 485,0
Média 9,8 8,4 11,5 445,9 496,5
Desvio-Padrão 4,7 3,8 5,4 48,4 55,5
Valor Mínimo 2,0 3,0 4,0 340,0 410,0
Valor Máximo 23,0 17,0 22,0 580,0 618,0

O peso médio dos eqüinos que apresentaram cólica na AMAN foi relativamente maior
do que os do REsC (Tabela 9). Os pesos dos eqüinos do EEC não são medidos na rotina desta
unidade militar.
No REsC a maior incidência de Síndrome Cólica foi observada nos eqüinos da
EsEqEx, seguidos pelos pertencentes ao esquadrão Hipomóvel. A maior incidência em
eqüinos de equitação também foi observada na AMAN, pois os eqüinos mais acometidos
foram os pertencentes ao curso de equitação, alojados nos pavilhões Odim, Geral e Box. No
EEC todos os eqüinos eram alojados em baias de tamanhos iguais (5,40 m2) em um mesmo
local. A distribuição dos eqüinos que apresentaram Síndrome Cólica de acordo com o
esquadrão ou pavilhão dos eqüinos no REsC e na AMAN está apresentada na Tabela 10.

Tabela 10 Distribuição percentual dos episódios de Síndrome Cólica em eqüinos acometidos


nos Esquadrões e Pavilhões nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de
Janeiro, no período 2003 - 2004

Unidade Militar Episódios de Síndrome Cólica


(Esquadrão/Pavilhão)
n %
REsC
EsEqEx 374 46,3
CSv 87 10,7
Hipo 339 42,0
Externo 8 1,0
AMAN
Artilharia 14 23,3
Cavalaria 9 15,0
Odim 25 41,7
Geral 5 8,3
Box 7 11,7

29
O transporte é uma situação de estresse que pode influenciar alterações na fisiologia
digestiva dos eqüinos (HILLYER et al., 2001). Entretanto, durante o período do estudo, foi
observado que somente uma pequena proporção de eqüinos havia sido submetida ao
transporte até sete dias antes da ocorrência do episódio de Síndrome Cólica (Tabela 11).

Tabela 11 Ocorrência de transporte até sete dias antes de episódios de Síndrome Cólica nos
eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004

Episódios de Síndrome Cólica


Transporte REsC (n= 808) AMAN (n=60) EEC (n= 31)
n % n % n %
Sim 7 0,9 1 1,7 0 0,0
Não 801 99,1 59 98,3 31 100,0

Durante os anos de 2003 e 2004 foi observada maior incidência de cólicas gástricas.
Entretanto, no EEC grande parte dos episódios (45,2%) não teve a origem determinada e
dentre aqueles com diagnóstico definido foi observada maior incidência de cólicas de origem
entérica (Tabela 12).

Tabela 12 Distribuição percentual dos tipos de cólicas diagnosticadas nos eqüinos das
unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Episódios de Síndrome Cólica


Tipo de Cólica REsC (n= 808) AMAN (n=60) EEC (n= 31)
n % n % n %
Gástrica 631 78,1 52 86,6 5 16,1
Entérica 18 2,2 7 11,7 12 38,7
Gástrica e entérica 2 0,2 0 0,0 0 0,0
Não determinada 157 19,5 1 1,7 14 45,2

A maioria dos casos de abdome agudo atendidos nas unidades militares (76,5%) foi
de origem gástrica, os quais tiveram resolução com tratamento medicamentoso e sondagem
nasogástrica para esvaziamento do estômago, não necessitando, portanto, de cirurgia para
tratamento. Esse fato aponta para uma relação dos episódios de Síndrome Cólica com o
manejo alimentar.
A incidência de cólica gástrica entre os eqüinos de uso militar estudados foi muito
elevada quando comparada aos 10,0% observados por Carter et al. (1987). Porém, em estudo
realizado por Pulz et al. (2004) com eqüinos de outra unidade militar do Exército Brasileiro,
no Rio Grande do Sul, também foi observada elevada ocorrência de distensão gástrica, tendo
sido relacionada com as condições de manejo alimentar e de confinamento.
Messer e Beeman (1987) também descrevem a distensão gástrica como sendo a causa
mais comum de cólica na prática clínica. As cólicas com origem estomacal são decorrentes
principalmente de mudanças na fermentação microbiana ou um resultado da perda de
motilidade (VERVUERT; COENEN, 2003) e o risco de cólica aumenta com a quantidade de
concentrado ingerido (GONÇALVES et al., 2002). No entanto, no Canadá, os casos de cólica
com origem intestinal são mais observados, sendo a compactação, a torção de cólon maior e a
cólica espasmódica as mais comuns, respectivamente, para os casos atendidos em um hospital
escola (ABUTARBUSH et al., 2005). Geralmente, os casos de cólica intestinal são menos

30
freqüentes (TURNER et al., 1984; ENGELBERT et al., 1993; VACHON; FISHER, 1995) e
são relacionados com a necessidade de cirurgia, principalmente as cólicas por obstruções
(MAIR, 2002).
As potenciais causas da cólica por distensão gástrica mantêm estreita relação com uma
série de fatores associados ao confinamento e à rotina dos cavalos. Os eqüinos são submetidos
a muitos fatores que potencialmente podem provocar este tipo de cólica, que, por sua vez,
pode evoluir levando à distensão do trato gastrintestinal. A ocorrência deste distúrbio está
relacionada, provavelmente, às condições de manejo alimentar, especialmente à grande
quantidade de alimento fornecido por refeição, e ao confinamento. De acordo com Hillyer et
al. (2002), a qualidade da ração e a baixa ingestão de volumoso, associados aos fatores como
estresse e alterações de comportamento provocadas pelo confinamento, podem influenciar na
fisiologia e funcionamento do aparelho digestivo do eqüino.
Neste estudo, em aproximadamente 19% dos casos não houve um diagnóstico
definitivo e foram classificados como de origem não determinada. Segundo White (1987),
neste grupo incluem-se as cólicas leves ou casos onde não foi possível identificar a origem da
dor.
O grande número de cólicas com origem não determinada pode levar a uma
distribuição equivocada dos tipos de cólica, pois os casos não determinados podem
corresponder mais a um grupo do que a outro, reduzindo ou aumentando, equivocadamente,
essa incidência.
Não foram registrados casos de cólica que tenham sido provocados por trombose ou
embolia determinados por helmintos. É provável que o sistema de profilaxia adotado, com
administrações sistemáticas de anti-helmínticos a cada três meses, explique este resultado. E
também não foi observada cólica por enterólitos.
Na Tabela 13 é apresentada a distribuição dos casos de reincidência de Síndrome
Cólica nas unidades militares estudadas.

Tabela 13 Reincidência de Síndrome Cólica nos eqüinos das unidades militares REsC,
AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Episódios de Síndrome Cólica


Reincidência REsC (n= 808) AMAN (n=60) EEC (n= 31)
n % n % n %
Sim 505 62,5 22 36,7 9 29,0
Não 303 37,5 38 63,3 22 71,0

No REsC foi observado maior número de casos de reincidência de Síndrome Cólica,


quando comparado às demais unidades militares, sendo esta unidade a que apresentou o maior
número de episódios.
Em estudo realizado por Cohen e Peloso (1996), o histórico de cólica anterior foi
considerado para um período de 12 meses anteriores ao quadro clínico apresentado durante o
período de estudo. E em nosso estudo o período considerado foi o dos 24 meses em que os
eqüinos estavam sob observação. A ocorrência de episódios anteriores de cólica é relatada
como sendo um fator de risco para a reincidência de cólica (COHEN et al., 1995; REEVES et
al., 1996; TINKER et al., 1997a,b; TRAUB-DARGATZ et al., 2001; VAN DEN BOOM;
VAN DER VELDEN, 2001), o que pode ter contribuído para o maior número de episódios
entre os eqüinos do REsC, onde a reincidência foi um fato comum.
O intervalo entre um episódio de cólica e outro em um mesmo eqüino apresentou
grande variação. No REsC ocorreu uma média de 79,4 ± 88,0 dias, na AMAN esse intervalo

31
foi de 162,3 ± 140,4 dias e no EEC houve uma média de 130,6 ± 107,3 dias de intervalo
(Tabela 14).

Tabela 14 Análise descritiva do intervalo entre as reincidências de episódios de Síndrome


Cólica nos eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no
período 2003 - 2004

Intervalo entre reincidências (dias)


Unidade Desvio- Valor Valor
Mediana Média
Militar Padrão Mínimo Máximo
REsC 44,0 79,4 88,0 1,0 531,0
AMAN 140,5 162,3 140,4 2,0 485,0
EEC 84,0 130,6 107,3 2,0 330,0

No REsC, dentre os 808 episódios, 505 foram de reincidência e 300 eqüinos foram
acometidos. Na AMAN, durante os dois anos do estudo, dentre os 60 episódios, 22 foram de
reincidência e 40 eqüinos foram acometidos. No EEC, dentre os 31 episódios, nove foram de
reincidência e 22 eqüinos foram acometidos.
Analisando-se o número de eventos de cólica em cada eqüino das unidades militares,
foi possível observar que a ocorrência de um único quadro clínico foi mais comum durante os
dois anos de estudo (Tabela 15).

Tabela 15 Número de episódios e distribuição percentual de Síndrome Cólica em eqüinos dos


plantéis das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004

Eqüinos acometidos
Número de episódios de
2003 2004 2003 – 2004
Síndrome Cólica
N % n % n %
REsC (n= 808)
1 103 50,2 88 50,3 128 42,7
2 50 24,4 39 22,3 66 22,0
3 26 12,7 23 13,1 40 13,3
≥4 26 12,7 25 14,3 66 22,0
Total 205 100,0 175 100,0 300 100,0
AMAN (n=60)
1 18 72,0 16 76,2 27 67,5
2 5 20,0 5 23,8 8 20,0
3 2 8,0 0 0,0 3 7,5
≥4 0 0,0 0 0,0 2 5,0
Total 25 100,0 21 100,0 40 100,0
EEC (n= 31)
1 6 60,0 13 92,9 15 68,2
2 3 30,0 0 0,0 5 22,7
3 1 10,0 1 7,1 2 9,1
≥4 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Total 10 100,0 14 100,0 22 100,0

32
A maior parte dos eqüinos da AMAN e do EEC apresentou apenas um evento de
cólica, enquanto 57,3% dos eqüinos do REsC que tiveram cólica apresentaram mais de um
episódio de Síndrome Cólica durante o período do estudo. No presente estudo, cerca de 69%
dos eqüinos do REsC, 15,3% dos eqüinos da AMAN e 29,7% dos eqüinos do EEC
apresentaram episódios de Síndrome Cólica.
A letalidade da Síndrome Cólica no REsC e na AMAN em 2003 foi de 3%,
correspondendo a 13 óbitos no REsC e um óbito na AMAN. Em 2004, o percentual de mortes
por cólica no REsC foi de 2% (sete óbitos) e na AMAN foi de 4% (um óbito). Não ocorreu
óbito de eqüino em decorrência de Síndrome Cólica no EEC durante o período do estudo. A
letalidade por Síndrome Cólica nas unidades militares está apresentada na Tabela 16.
Dentre os casos de óbito com diagnóstico definido, no REsC um caso foi de torção da
porção distal do intestino delgado, um caso de torção de intestino delgado com deslocamento
de cólon e ceco com ruptura gástrica, um caso de torção gástrica, um caso de torção de
intestino grosso, um caso de ruptura de cólon e estômago associados à úlceras e dois casos de
ruptura gástrica. Na AMAN, um dos óbitos foi decorrente de hemorragia abdominal que levou
ao choque hipovolêmico.

Tabela 16 Letalidade por Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC,
Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Letalidade (%)
Unidade Militar Episódios de Cólica
Todos os episódios Reincidências
REsC 808 2,5 2,2
AMAN 60 3,3 4,8
EEC 31 0,0 0,0

Esses valores de letalidade estão abaixo dos relatados por outros autores. Nos EUA,
Tinker et al. (1997a) observaram 6,7% de óbitos relacionados à ocorrência de cólica em
fazendas de criação e, para os casos de cólica atendidos em hospitais escola dos EUA e
Inglaterra, White e Lessard (1986) observaram 40,2% de letalidade. A letalidade de 40,2%
pode ser devida ao fato de que os casos levados a um hospital escola normalmente estão bem
avançados e as possíveis lesões no trato gastrintestinal são mais graves. No entanto, em
fazendas de criação o mesmo pode não ocorrer, pois o tratamento pode ter sido realizado mais
rapidamente.
No presente estudo, os eqüinos das unidades militares normalmente são atendidos por
veterinários logo que apresentam os primeiros sintomas de desconforto abdominal, o que
minimiza a possibilita de lesões mais graves ao aparelho digestivo, reduzindo também as
complicações que podem levar ao óbito. Por outro lado, houve um grande avanço no
conhecimento da fisiopatologia e dos tratamentos da Síndrome Cólica desde os estudos
realizados pelos autores acima citados, o que auxilia o diagnóstico e o tratamento, reduzindo o
risco de óbito.
São relatados como possíveis fatores que podem agir influenciando a ocorrência da
Síndrome Cólica, dentre outros, as alterações meteorológicas. Na Tabela 17 são apresentadas
as estatísticas descritivas de temperatura ambiente, umidade relativa do ar e índice
pluviométrico para os dias de ocorrência de cólica nos eqüinos do REsC.

33
Tabela 17 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade
relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de Síndrome Cólica
em eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004

Condição Desvio- Valor Valor


Mediana Média
Meteorológica Padrão Mínimo Máximo
2003
Temperatura
25,1 25,2 3,6 17,2 32,8
Ambiente (OC)
Umidade Relativa
76,0 76,2 7,8 55,0 95,0
do Ar (%)
Índice
0 2,3 7,2 0 67,2
Pluviométrico (mm)
2004
Temperatura
25,1 24,6 3,0 17,0 30,6
Ambiente (OC)
Umidade Relativa
79,0 78,8 6,6 58,0 94,0
do Ar (%)
Índice
0 1,3 4,1 0 55,8
Pluviométrico (mm)

Na Figura 5 são apresentadas as incidências mensais de Síndrome Cólica no REsC e as


temperaturas ambientais médias mensais nos anos de 2003 e 2004.
Incidência e Temperatura Média

35.00
30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
Jul

Jul
Maio
Jun

Ago

Nov

Maio
Jun

Ago

Nov
Out

Out
Abr

Abr
Dez

Dez
Jan
Fev

Jan
Fev
Set

Set
Mar

Mar

2003 2004
Meses

Incidência Temperatura média

Figura 5 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média


mensal no REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

34
Na Tabela 18 são apresentadas as condições meteorológicas (valores de temperatura,
umidade relativa do ar e índice pluviométrico) na região da AMAN para os dias de ocorrência
de Síndrome Cólica nos eqüinos desta unidade militar.

Tabela 18 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade


relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de Síndrome Cólica
em eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004

Condição Desvio- Valor Valor


Mediana Média
Meteorológica Padrão Mínimo Máximo
2003
Temperatura
23,8 24,0 2,9 16,7 28,9
Ambiente (OC)
Umidade Relativa
69,9 67,9 9,2 50,3 86,0
do Ar (%)
Índice
0 3,9 11,3 0 53,0
Pluviométrico (mm)
2004
Temperatura
22,5 22,1 3,3 14,7 27,4
Ambiente (OC)
Umidade Relativa
75,2 75,1 10,4 55,7 92,0
do Ar (%)
Índice
0 1,9 6,9 0 34,8
Pluviométrico (mm)

Na Figura 6 são apresentadas as incidências mensais de Síndrome Cólica na AMAN e


as temperaturas ambientais médias mensais nos anos de 2003 e 2004.
Incidência e Temperatura Média

30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
Jul

Jul
Maio
Jun

Ago

Nov

Maio
Jun

Ago

Nov
Out

Out
Abr

Abr
Dez

Dez
Jan
Fev

Jan
Fev
Set

Set
Mar

Mar

2003 2004
Meses

Incidência Temperatura média

Figura 6 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média


mensal na AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

35
Na Tabela 19 são apresentados os valores das condições meteorológicas nos dias de
ocorrência de Síndrome Cólica nos eqüinos do EEC.

Tabela 19 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade


relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de Síndrome Cólica
em eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004

Condição Desvio- Valor Valor


Mediana Média
Meteorológica Padrão Mínimo Máximo
2003
Temperatura
23,4 24,0 3,4 20,7 31,3
Ambiente (OC)
Umidade Relativa
77,0 77,0 6,9 67,0 89,0
do Ar (%)
Índice
0 2,8 8,2 0 31,6
Pluviométrico (mm)
2004
Temperatura
24,2 24,4 2,7 20,8 29,3
Ambiente (OC)
Umidade Relativa
76,5 76,7 6,4 67,0 87,0
do Ar (%)
Índice
0 0,7 2,2 0 8,8
Pluviométrico (mm)

Na Figura 7 são apresentadas as incidências mensais de Síndrome Cólica no EEC e as


temperaturas ambientais médias mensais nos anos de 2003 e 2004.
Incidência e Temperatura Média

35.00
30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
Jul

Jul
Maio
Jun

Ago

Nov

Maio
Jun

Ago

Nov
Out

Out
Abr

Abr
Dez

Dez
Jan
Fev

Jan
Fev
Set

Set
Mar

Mar

2003 2004
Meses

Incidência Temperatura média

Figura 7 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média


mensal no EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

36
Pela análise dos gráficos de incidência mensal de Síndrome Cólica e temperaturas
ambientais médias mensais, não foi possível identificar uma relação entre a temperatura
ambiental e a incidência de Síndrome Cólica. No entanto, na AMAN foi observada uma
redução na incidência de Síndrome Cólica no mês de junho nos dois anos analisados. Porém,
não foi possível estabelecer uma hipótese de associação desta redução com nenhum evento,
pois não há nada de diferente que ocorra neste mês do ano nesta unidade militar.
No Reino Unido, uma tendência de ocorrência de cólica por encarceramento do
intestino delgado no forâmen epiplóico no inverno, onde a estação é bem marcada, foi
observada por Archer et al. (2004). A estação do ano apareceu como o terceiro fator
relacionado à ocorrência deste tipo de cólica nos eqüinos avaliados por estes autores e
coincide com a época em que os eqüinos passam mais tempo estabulados. Entretanto, Tinker
et al. (1997a) observaram maior ocorrência de cólica na época em que as temperaturas são
mais amenas. Também já foi observado aumento da incidência de cólica nas épocas mais
quentes do ano (ROLLINS; CLEMENT, 1979; COHEN, 1997), o que pode ocorrer devido a
mudanças na qualidade da forragem e no estresse térmico devido às elevadas temperaturas
associadas à continuação das atividades habituais dos eqüinos. Logo, associar a ocorrência de
cólica apenas às variáveis climáticas não é tarefa fácil e isso não representaria uma realidade,
pois diversos outros fatores também podem agir sobre o eqüino, com ou sem alterações
associadas às mudanças climáticas.
Após a análise descritiva da Síndrome Cólica reforça-se a hipótese de que a ocorrência
de abdômen agudo nas unidades militares esteja relacionada com as condições de
confinamento e de manejo alimentar a que os eqüinos são submetidos e suas alterações na
fisiologia digestiva destes animais. Para testar essas associações foram realizadas análises
bivariadas.

4.3 Análise Bivariada


As análises bivariadas apresentadas, expressas pelo nível de significância, valores de
odds ratio e seus respectivos intervalos de confiança, mostram o cruzamento entre a
ocorrência de cólica e as variáveis explicativas associadas às condições de manejo e
características dos animais nas unidades militares (Tabela 20).
No presente estudo, as variáveis sistema de criação e volumoso representaram as
mesmas unidades de observação, pois todos os eqüinos mantidos em sistema semi-estabulado
possuíam acesso livre ao volumoso no período em que permaneciam livres no pasto e alguns
ainda recebiam um complemento de volumoso através de feno oferecido na baia. E os eqüinos
estabulados apenas recebiam volumoso na baia, através de feno e/ou verde, em quantidade
limitada por dia.
As variáveis: unidade militar, sistema de criação (volumoso), grãos e suplemento,
apresentaram associações significativas com a ocorrência de Síndrome Cólica.
A variável unidade militar apresentou associação significativa com a Síndrome Cólica.
Os eqüinos do REsC e do EEC possuem maior chance de apresentarem cólica do que os
eqüinos da AMAN.
Os casos de cólica nas diferentes unidades militares sofrem influência de diversos
fatores. Embora não tenha sido estabelecida uma relação, sabe-se que as condições climáticas
podem influenciar pela qualidade e quantidade do volumoso fornecido, o tempo de
estabulação e o estresse térmico. Cabe ressaltar que a temperatura na região da Vila Militar,
onde está localizado o REsC, é elevada. O fornecimento do alimento, que envolve a
quantidade e os horários, os diferentes esquadrões e pavilhões, pois apresentam manejo
diferenciado e graus diferentes de estresse, e a presença ou não de outras patologias,
principalmente as músculo-esqueléticas, que afastam os animais de suas atividades diárias,

37
ficando estes, muitas vezes, confinados nas baias sem adequada movimentação, também
podem influenciar a ocorrência da Síndrome Cólica.

Tabela 20 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período
2003 - 2004

Cólica IC ** (95%)
Fatores Sim Não Total p-valor OR *
Inferior Superior
n (%) n (%)
Unidade Militar <0,001
REsC 300 (69,0) 135 (31,0) 435 12,278 8,285 18,194
EEC 22 (29,7) 52 (70,3) 74 2,337 1,281 4,266
AMAN *** 40 (15,3) 221 (84,7) 261
Sistema de Criação <0,001
Estabulado 171 (69,8) 74 (30,2) 245 4,041 2,918 5,596
Semi-estabulado 191 (36,4) 334 (63,6) 525
Grãos <0,001
≥ 6 Kg/dia 336 (50,5) 329 (49,5) 665 3,881 2,318 6,498
= 4 Kg/dia 20 (20,8) 76 (79,2) 96
Suplemento
mineral-vitamínico 0,048
Sim 28 (60,9) 18 (39,1) 46 1,835 0,997 3,378
Não 328 (45,9) 387 (54,1) 715
Faixa etária (anos) 0,082
≤ 4 *** 64 (39,3) 99 (60,7) 163
5 - 15 255 (49,2) 263 (50,8) 518 1,500 1,048 2,146
≥ 16 43 (48,3) 46 (51,7) 89 1,446 0,859 2,435
Baia 0,148
≤ 7,2 m2 165 (44,1) 209 (55,9) 374 0,810 0,609 1,078
> 7,2 m2 191 (49,4) 196 (50,6) 387
Sexo 0,186
Masculino 235 (48,9) 246 (51,1) 481 1,219 0,909 1,634
Feminino 127 (43,9) 162 (56,1) 289
Vício 0,346
Sim 12 (57,1) 9 (42,9) 21 1,520 0,633 3,650
Não 350 (46,7) 399 (53,3) 749
Raça 0,511
Raça 88 (49,2) 91 (50,8) 179 1,119 0,801 1,563
Mestiço 274 (46,4) 317 (53,6) 591
Atividade 0,605
Esportiva 268 (49,4) 275 (50,6) 543 1,364 0,689 2,703
Militar 74 (46,8) 84 (53,2) 158 1,233 0,593 2,566
Leve *** 15 (41,7) 21(58,3) 36
* OR - “Odds ratio” ou razão de chances; ** IC - Intervalo de confiança; *** Categoria de referência

38
Os eqüinos que recebiam volumoso à vontade, através de pastagem, por serem semi-
estabulados, além do feno fornecido na baia, apresentaram significativamente menos
episódios de cólica. O mesmo foi observado para o sistema de criação, pois o eqüino semi-
estabulado sempre tem acesso ao volumoso à vontade e os eqüinos estabulados sempre
recebem uma quantidade restrita de volumoso oferecida na baia. As variáveis quantidade de
volumoso e sistema de criação expressam condições distintas, porém há uma concordância
perfeita entre elas.
Os eqüinos que recebiam quantidade elevada de grãos por dia (≥ 6 kg), através do
fornecimento de ração, aveia e linhaça, foram significativamente mais acometidos do que
aqueles que recebiam 4 Kg de grãos por dia. O mesmo foi observado para os eqüinos que
recebiam suplemento mineral-vitamínico em relação àqueles que não recebiam.
Eqüinos em atividade física intensa necessitam de uma dieta rica em energia para
suprir a demanda energética durante os exercícios. Essa energia normalmente é obtida dos
grãos ingeridos durante as refeições. Entretanto, o consumo de grandes quantidades de grãos
propicia a fermentação, podendo desenvolver quadros de acidose e episódios de Síndrome
Cólica (RICHARDS et al., 2006).
O fornecimento de suplemento mineral-vitamínico mostrou-se associado à incidência
de Síndrome Cólica. Isso pode ser explicado pelo fato de os eqüinos que normalmente
recebem essa suplementação serem aqueles com um maior nível de atividade física, que
realizam atividades mais intensas, e que normalmente são submetidos a situações de estresse,
que é fator importante para as alterações na fisiologia do eqüino.
Os suplementos alimentares são utilizados como complemento para animais de esporte
com grande carga de trabalho, buscando suprir as falhas nutricionais e déficits de aminoácidos
e outros nutrientes nas dietas. Não foram encontrados trabalhos que fizessem análise deste
tipo de suplementação e sua associação com a ocorrência de cólica.
A análise bivariada demonstrou que as variáveis: faixa etária, baia, sexo, vício, raça e
atividade não foram significativas para a ocorrência de Síndrome Cólica nos eqüinos de uso
militar, ou seja, não houve diferença estatística na ocorrência de cólica entre as diversas faixas
de idade, o tamanho das baias, o sexo dos eqüinos, entre eqüinos com vício e sem vício, entre
eqüinos de raça e mestiços e entre os eqüinos nos diversos tipos de atividade física a que são
submetidos.
Apesar da variável faixa etária não ter apresentado influência significativa na
incidência de cólica quando analisada isoladamente, os eqüinos na faixa de cinco a quinze
anos foram os mais acometidos seguidos daqueles com mais de 16 anos. Valores semelhantes
foram observados por White (1995), Tinker et al. (1997a,b) e Mehdi e Mohammad (2006)
para eqüinos entre dois e 10 anos de idade. Os eqüinos nestas faixas de idade estão sendo
mais utilizados em atividades físicas e consequentemente consomem uma maior quantidade
de concentrado. Eqüinos mais velhos possuem maior propensão à Síndrome Cólica,
provavelmente, devido a problemas de dentição, comuns quando os eqüinos estão em idade
mais avançada, e a outros problemas gástricos que os animais tenham apresentado ao longo da
vida. Os eqüinos mais novos, com menos de quatro anos, foram os menos acometidos.
Em trabalho sobre o comportamento de eqüinos de acordo com o tamanho das baias,
Raabymagle e Ladewig (2006) relatam que, segundo recomendações dinamarquesas, a área
das baias deveria ser, em metros quadrados, pelo menos, 2,0 x 1,5 a altura do cavalo (m), a
Sociedade Britânica do Cavalo recomenda que as baias deveriam medir 3,6 x 3,6 m e a
Diretoria Sueca de Agricultura recomenda o tamanho mínimo das baias para cavalos
pequenos de 8,0 m2, e de 9,0 m2 para cavalos maiores. Apesar de não ter ocorrido
significância estatística entre o tamanho das baias e a ocorrência de cólica, as unidades
militares possuíam baias com 7,2 m2 em média, o que indicaria uma área pequena para a
permanência dos eqüinos. Seria mais indicado que essas baias fossem ampliadas, o que

39
poderia reduzir o estresse causado pelo confinamento. Não foram encontradas recomendações
de tamanhos de baias para eqüinos no Brasil.
Apesar da variável raça não apresentar significância estatística neste estudo, assim
como também em outros (MEHDI; MOHAMMAD, 2006), houve influência significativa em
outros estudos realizados (COHEN; PELOSO; 1996; THOEFNER et al. 2001) e isto pode
ocorrer devido ao número de animais observados com e sem raça definida, ao tipo de manejo
e aos cuidados dispensados a cada tipo de raça nos estabelecimentos avaliados.

4.4 Análise Multivariada


4.4.1. Modelagem para o cálculo do risco de Síndrome Cólica em eqüinos de uso militar
Na tabela 21 encontram-se os resultados da análise mutivariada preliminar.

Tabela 21 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 -
modelo preliminar

χ2 Intervalo de
Exp (B)
Variáveis B p-valor Confiança 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Sistema de criação
2,155 64,333 0,000 8,629 5,096 14,610
(estabulado)
Grãos (≥ 6Kg/dia) 0,477 1,651 0,199 1,611 0,778 3,334
Suplemento
-0,081 0,050 0,823 0,922 0,453 1,876
mineral-vitamínico
Faixa etária (anos)
≤4* 4,858 0,088
5-15 0,351 2,825 0,093 1,421 0,943 2,141
≥ 16 0,644 4,435 0,035 1,904 1,046 3,466
Baia (≤ 7,2m2) -0,952 15,243 0,000 0,386 0,239 0,623
Sexo (masculino) 0,053 0,100 0,751 1,055 0,758 1,468
Vício -0,180 0,122 0,727 0,836 0,305 2,288
Raça -0,260 1,568 0,210 0,771 0,513 1,158
Atividade
Leve * 11,325 0,003
Esportiva -0,181 0,221 0,639 0,835 0,393 1,774
Militar 0,605 2,100 0,147 1,830 0,808 4,146
Constante -1,028 3,277 0,070 0,358
* Categoria de referência

As variáveis sistema de criação, grãos, faixa etária, baia e atividade atenderam ao


critério de inclusão (p≤0,20) e foram selecionadas para entrar no modelo final.
Ainda que as variáveis baia e atividade tenham sido estatisticamente significativas,
foram excluídas quando foi gerado o modelo logístico final, já que não se ajustavam
adequadamente no modelo.
Na Tabela 22 é apresentado o modelo final de regressão logística considerando as
variáveis com relevância estatística.

40
Tabela 22 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 -
modelo final

χ2 Exp (B) Intervalo de


Variáveis B p-valor Confiança 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Sistema de criação
1,287 54,157 0,000 3,622 2,571 5,102
(estabulado)
Grãos (≥ 6Kg/dia) 0,969 12,598 0,000 2,635 1,543 4,500
Faixa etária (anos)
≤4* 8,066 0,018
5-15 0,478 5,903 0,015 1,612 1,097 2,371
≥ 16 0,734 6,463 0,011 2,083 1,183 3,668
Constante -1,795 34,802 0,000 0,166
* Categoria de referência

O modelo mostrou-se válido e adequado para predizer a ocorrência de cólica nas três
unidades militares, tendo em vista que o resultado do teste de Hosmer e Lemeshow (p=0,896)
indica que não houve diferenças entre os valores previstos para a ocorrência da Síndrome
Cólica e os valores reais.
Através da análise da razão de verossimilhança (p<0,01) observou-se que o conjunto
de variáveis incluídas no modelo contribui significativamente para predizer o desfecho, ou
seja, a ocorrência de Síndrome Cólica.
O resultado da avaliação do modelo pela proporção de acertos entre os casos
negativos, entre os casos positivos e proporção de acertos no modelo total, pode ser observado
na Tabela 23. Este foi um modelo adequado para predizer a ocorrência de síndrome cólica nas
unidades militares.

Tabela 23 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro segundo a proporção de
acertos

Esperado
Observado Cólica Porcentagem Correta (%)
Não Sim
Cólica Não 333 72 82,2
Sim 191 165 46,3
Porcentagem Total 65,4

O manejo dos eqüinos estabulados, com limitação do acesso ao volumoso, é fator de


risco importante (OR = 3,6) para a incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos militares
estudados, pois foi observado que os animais que recebiam uma quantidade restrita de
volumoso, através de verde e feno, apenas na baia e em horários determinados, eqüinos
estabulados, possuem a chance 3,6 vezes maior de apresentarem cólica; o que também foi
observado por Hudson et al. (2001). A quantidade de verde ingerida ao longo do dia possui
grande influência sobre o funcionamento do trato gastrintestinal dos eqüinos, sendo que os
eqüinos alimentados apenas com pastagem são menos acometidos por cólica (TINKER et al.,
1997b; COHEN et al., 1999). A restrição ao volumoso pode alterar a fisiologia digestiva dos
eqüinos e propiciar a ocorrência de cólica.

41
Portanto, buscando uma redução na incidência de cólica nos eqüinos das unidades
militares analisadas, uma maior atenção deveria ser dada à qualidade e quantidade do
volumoso oferecido aos animais, pois há redução na incidência de cólica quando o eqüino
possui acesso livre ao volumoso (REEVES et al., 1996).
A pastagem é o alimento natural dos eqüinos há milhões de anos e o eqüino possui um
sistema digestivo adaptado anatômica e fisiologicamente para transformar e suprir
necessidades de todos os nutrientes. Porém, a estabulação e os esportes eqüestres fazem com
que seja fornecida uma alimentação muitas vezes incompatível com sua capacidade de
digestão e conversão (HINTZ, 2005), podendo levar à ocorrência de Síndrome Cólica e outras
alterações, como diarréias, laminite, azotúria e anemia, decorrentes da má alimentação.
De acordo com a literatura, os principais fatores que afetam a ocorrência de cólica
estão relacionados ao manejo alimentar, como o tipo, a composição e a quantidade dos
alimentos (GONÇALVES et al., 2002). A forragem também pode ser fator de risco para
ocorrência de cólica se for de baixa digestibilidade e com fibras de baixa qualidade, sendo
associada com a ocorrência de impactações (WHITE; DABAREINER, 1997; LITTLE;
BLIKSLAGER, 2002).
Deve-se levar em consideração que o tipo de alimentação deve ser adequado para cada
grupo de animais, o que varia de acordo com o tipo de atividade física a que eles são
submetidos, pois, tanto o excesso como a falta de atividade física podem estar relacionados
com a cólica (WHITE, 1995). É necessário ter em mente que o concentrado fornecido aos
eqüinos deverá apenas cobrir as cotas adicionais de energia, aminoácidos, vitaminas e
minerais que por ventura o volumoso não esteja fornecendo, ou quando na atividade imposta
ao eqüino, como crescimento, gestação, lactação ou intenso trabalho, ele não consegue retirar
dos alimentos volumosos todos os nutrientes que precisa.
Os eqüinos em atividades de tração, equitação, corrida e salto realizam trabalho
muscular intenso e nos diversos grupos de atividades esportivas a intensidade e o tempo de
treinamento são diferentes. Cada tipo de trabalho exige alterações na formulação e no
fracionamento da dieta (MEYER, 1995). Logo, as dietas dos animais deveriam ser adaptadas
para as exigências nutricionais de acordo com o nível e intensidade de utilização de cada
eqüino individualmente.
As possíveis mudanças na dieta devem ser graduais, para que ocorra uma adaptação do
organismo do eqüino à nova alimentação. Mudanças súbitas na dieta podem causar indigestão
e cólica (COHEN et al., 1995, 1999; REEVES et al., 1996), pois o eqüino é um animal de
hábitos e disciplina e constância no seu manejo se tornam fatores auxiliares para a prevenção
de alterações na fisiologia digestiva. Portanto, deve-se sempre atentar para a qualidade e
quantidade de concentrado oferecido ao eqüino, pois o aumento da quantidade de grãos
oferecido nas refeições pode elevar o risco de ocorrência de cólica (CLARKE et al., 1990;
REEVES et al., 1996; TINKER et al., 1997b; JULLIAND et al., 2001).
O fornecimento de uma alimentação controlada e adaptada ao eqüino e a possibilidade
do animal exercitar-se diariamente de maneira adequada podem ser formas seguras para
proteger ou minimizar o risco de ocorrência da Síndrome Cólica.
Os eqüinos que ingeriam seis quilogramas ou mais de ração por dia, no presente
estudo, possuíam 2,6 vezes mais chances de apresentarem Síndrome Cólica quando
comparados com aqueles que ingeriam quatro quilogramas de ração por dia. A quantidade de
grãos ingerida é um fator de risco importante para a ocorrência de cólica, devido à quantidade
de carboidratos hidrolisáveis presentes na dieta (WHITE, 1995). O mesmo foi observado em
estudos realizados por Tinker et al. (1997a,b), quando o risco de cólica era maior para os
eqüinos que ingeriam maiores quantidades de concentrado.
A idade dos eqüinos também foi identificada como um fator de risco para a ocorrência
de Síndrome Cólica. Os eqüinos com idade entre cinco e quinze anos possuem 1,6 vezes mais

42
chance de ter cólica em relação aqueles com idade até quatro anos. Por outro lado, os eqüinos
com idade igual ou superior a 16 anos possuem 2,1 vezes mais chance de ter cólica em
relação aos com idade inferior a quatro anos. Portanto, o risco de cólica aumenta com o
aumento da idade do eqüino. Os eqüinos na faixa de idade entre cinco e quinze anos estão em
ampla atividade física e os eqüinos com mais idade tendem a apresentar mais cólica, pois
podem possuir outras alterações em seu trato gastrintestinal que podem predispor o animal a
novo episódio de Síndrome Cólica. Também os eqüinos mais velhos tendem a possuir
algumas alterações na arcada dentária que podem prejudicar a adequada apreensão,
mastigação e ingestão dos alimentos, favorecendo a ocorrência de alterações que levam ao
quadro de Síndrome Cólica.
Segundo Thoefner et al. (2001), a idade, juntamente com fatores como a endotoxemia,
o timpanismo cecal e a raça, explicam 51% da variabilidade dos dados. A influência da idade
também foi observada em outros estudos (TENNANT et al., 1972; SEMBRAT, 1975;
MORRIS et al., 1989; REID et al., 1995; WHITE, 1995; COHEN; PELOSO, 1996; TINKER
et al., 1997a,b; MEDHI; MOHAMMAD, 2006). Porém, nem todos estes estudos realizaram a
análise de regressão logística para o controle da idade por outros fatores.
O modelo multivariado foi adequado para este tipo de estudo, pois se trata de um
método que permite o controle de possíveis variáveis confundidoras, sendo comumente usado
em estudos epidemiológicos da cólica eqüina (COHEN et al., 1996; REEVES et al., 1996).
Com o intuito de serem analisados os fatores de risco para cada local estudado, foram
realizadas análises para cada unidade militar separadamente e os resultados serão
apresentados a seguir.

4.4.2 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos


do REsC
4.4.2.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em
eqüinos no REsC
Todos os eqüinos do REsC recebiam um total de seis quilogramas de grãos por dia ou
mais, o que é um fator que pode ter grande influência na incidência de Síndrome Cólica nesta
unidade militar, pois o risco de cólica é maior quando há uma alta ingestão de concentrado
(WHITE, 1995; TINKER et al., 1997b; HUDSON, 2001).
Os resultados para o teste de qui-quadrado no REsC estão apresentados na Tabela 24.
Na análise de qui-quadrado, no REsC, mostraram-se significativamente associadas à
ocorrência de Síndrome Cólica as variáveis idade, baia, suplemento e sistema de
criação/volumoso.

43
Tabela 24 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em
eqüinos no REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Cólica IC ** (95%)
Fatores Sim Não Total p- OR *
Inferior Superior
n (%) n (%) valor
Faixa etária (anos) 0,000
≤ 4 *** 55 (50,5) 54 (49,5) 109
5 - 15 210 (72,7) 79 (27,3) 289 2,610 1,654 4,118
≥ 16 35 (94,6) 02 (5,4) 37 17,182 3,936 74,997
Baia 0,001
≤ 7,2 m2 125 (78,6) 34 (21,4) 159 2,132 1,355 3,355
> 7,2 m2 169 (63,3) 98 (36,7) 267
Suplemento
mineral-vitamínico 0,010
Sim 19 (95,0) 01 (5,0) 20 9,051 1,199 68,339
Não 275 (67,7) 131 (32,3) 406
Sistema de criação 0,023
Estabulado 162 (74,0) 57 (26,0) 219 1,606 1,066 2,421
Semi-estabulado 138 (63,9) 78 (36,1) 216
Raça 0,119
Raça 70 (63,1) 41 (36,9) 111 0,698 0,443 1,099
Mestiço 230 (71,0) 94 (29,0) 324
Sexo 0,337
Masculino 203 (70,5) 85 (29,5) 288 1,231 0,805 1,883
Feminino 97 (66,0) 50 (34,0) 147
Atividade 0,346
Esportiva 236 (67,4) 114 (32,6) 350 0,887 0,225 3,494
Militar 57 (76,0) 18 (24,0) 75 1,357 0,318 5,801
Atividade leve *** 07 (70,0) 03 (30,0) 10
Vício 0,495
Sim 04 (57,1) 03 (42,9) 07 0,595 0,131 2,694
Não 296 (69,2) 132 (30,8) 428
* OR - “Odds ratio” ou razão de chances; ** IC - Intervalo de confiança; *** Categoria de referência.

4.4.2.2 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de


Síndrome Cólica em eqüinos do REsC
Os resultados do modelo preliminar de regressão logística para o REsC encontram-se
na tabela 25.
As variáveis faixa etária, baia, suplemento, raça, vício e atividade (p≤0,20) foram
selecionadas para compor o segundo modelo.

44
Tabela 25 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 -2004 - modelo preliminar

Intervalo de Confiança
χ2 Exp(B)
Variáveis B p-valor 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Faixa etária (anos)
≤ 4* 27,101 0,000
5-15 1,081 18,052 0,000 2,948 1,790 4,855
≥ 16 3,104 15,900 0,000 22,297 4,848 102,553
Baia (≤ 7,2m2) 1,192 10,315 0,001 3,294 1,591 6,819
Suplemento mineral-
2,013 3,617 0,057 7,488 0,940 59,628
vitamínico
Sistema de criação
-0,041 0,013 0,910 0,960 0,477 1,933
(estabulado)
Raça -0,360 1,825 0,177 0,698 0,414 1,176
Sexo (masculino) 0,196 0,664 0,415 1,216 0,760 1,945
Atividade
Leve* 3,880 0,144
Esportiva 0,423 0,312 0,576 1,526 0,346 6,728
Militar 1,046 1,717 0,190 2,846 0,595 13,600
Vício -1,240 1,893 0,169 0,289 0,050 1,693
Constante -1,033 1,624 0,202 0,356
*Categoria de referência

O modelo final para explicar o risco de ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos do


REsC foi composto pelas variáveis idade e baia (p≤0,05) (Tabela 26). As demais variáveis
foram excluídas automaticamente quando se gerou o modelo final.
A incidência de Síndrome Cólica em eqüinos do REsC apresenta como fatores de risco
a idade dos eqüinos e o tamanho das baias onde os eqüinos são alojados (Tabela 26). Nesta
unidade militar, a idade dos eqüinos foi confirmada como fator de risco importante para a
incidência de Síndrome Cólica, pois, os eqüinos com idade entre cinco e quinze anos
apresentaram 2,9 vezes mais chances de desenvolverem Síndrome Cólica do que os eqüinos
com até quatro anos de idade. Por outro lado, os eqüinos na faixa de idade mais avançada (≥
16 anos) apresentaram a chance de desenvolverem cólica substancialmente mais elevada,
sendo 21 vezes mais susceptíveis do que os eqüinos com até quatro anos de idade.

Tabela 26 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo final

Intervalo de Confiança
χ2 Exp(B)
Variáveis B p-valor 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Faixa etária (anos)
≤ 4* 28,548 0,000
5-15 1,070 18,833 0,000 2,916 1,798 4,727
≥ 16 3,085 16,417 0,000 21,858 4,916 97,190
Baia (≤ 7,2m2) 1,005 16,720 0,000 2,732 1,688 4,423
Constante -0,409 3,189 0,074 0,665
*Categoria de referência

45
Os animais alojados em baias com tamanhos menores do que 7,2 m2 apresentaram
maior chance de desenvolvimento de Síndrome Cólica quando comparados aos que eram
alojados em baias maiores.
Seria recomendado que os eqüinos fossem alojados em baias com no mínimo 8 m2,
segundo recomendações da Diretoria Sueca de Agricultura, sendo ideal baias de 12 m2,
segunda orientações da Sociedade Britânica do Cavalo (RAABYMAGLE; LADEWIG, 2006).
Baias com tamanhos reduzidos limitam a mobilidade dos eqüinos, elevando o nível de
estresse destes animais, podendo resultar em alterações em sua fisiologia digestiva. Realizar
observações sobre o comportamento dos eqüinos em descanso é necessário para que possam
ser realizadas recomendações para o tamanho mínimo das baias para os cavalos
(RAABYMAGLE; LADEWIG, 2006).
Portanto, com o objetivo de reduzir a incidência de cólica nos eqüinos do REsC, uma
maior atenção deve ser dada às condições de estabulação destes animais. Isso se justifica, pois
esses eqüinos passam grande parte de seu dia estabulados e baias maiores poderiam ajudar na
manutenção do bem-estar destes animais, reduzindo o estresse e reduzindo as alterações em
sua fisiologia que podem levar ao quadro de Síndrome Cólica. O fator de risco idade não é um
fator que possa ser alterado, no entanto, maior atenção deveria ser dada aos eqüinos na faixa
de idade mais avançada (≥ 16 anos), buscando minimizar o risco de ocorrência de Síndrome
Cólica nestes animais.
Atenção especial deve ser dada à quantidade e qualidade da alimentação nesta unidade
militar. A quantidade de grãos ingerida por cada eqüino por dia é muito elevada (≥ 6Kg) e isto
pode predispor o eqüino à cólica. É sempre melhor que o eqüino receba grande quantidade de
volumoso por dia, pois há redução na incidência de cólica quando o eqüino possui acesso
livre ao volumoso (REEVES et al., 1996).

46
4.4.3 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos
da AMAN
4.4.3.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em
eqüinos na AMAN
Na análise bivariada dos dados de ocorrência da Síndrome Cólica nos eqüinos da
AMAN apenas a variável pavilhão foi significativa (

47
Tabela 29 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de
Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 -
modelo preliminar

Intervalo de Confiança
χ2 Exp (B)
Variáveis B p-valor 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Pavilhão
Box * 11,352 0,023
Odim 1,419 5,273 0,022 4,133 1,231 13,879
Artilharia 23,964 0,000 1,000 <0,001 0,000 .
Geral -0,245 0,122 0,727 0,783 0,198 3,098
Cavalaria 1,320 3,082 0,079 3,743 0,858 16,338
Faixa etária (anos)
≤4* 4,115 0,128
5-15 -1,055 3,342 0,068 0,348 0,112 1,079
≥ 16 -1,401 2,998 0,083 0,246 0,050 1,203
Raça 0,183 0,117 0,733 1,201 0,420 3,435
Atividade
Leve * 1,616 0,446
Esportiva -0,425 0,327 0,567 0,654 0,152 2,805
Militar -1,163 1,505 0,220 0,312 0,049 2,004
Sexo -0,309 0,594 0,441 0,734 0,335 1,610
Constante -0,972 1,843 0,175 0,378
*Categoria de referência

Foram selecionadas para entrar no modelo final as variáveis idade e pavilhão, por
terem apresentado categorias significativas no modelo preliminar, com p≤ 0,20. No entanto,
no modelo final permaneceu apenas a variável pavilhão (Tabela 30).

Tabela 30 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo final

Intervalo de Confiança
χ2 Exp (B)
Variáveis B p-valor 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Pavilhão
Box * 13,624 0,009
Odim 1,224 4,998 0,025 3,400 1,163 9,941
Artilharia 1,509 4,909 0,027 4,523 1,190 17,189
Geral -0,342 0,269 0,604 0,710 0,195 2,586
Cavalaria 0,515 0,683 0,408 1,673 0,494 5,669
Constante -2,282 23,635 0,000 0,102
*Categoria de referência

Na AMAN a variável que parece explicar a ocorrência da cólica é o pavilhão onde são
alojados os eqüinos desta unidade militar. Cada pavilhão possui características de manejo
peculiares, que devem ser revistas e comparadas para que se possa minimizar esse efeito sobre
os eqüinos e reduzir a incidência de Cólica.

48
Observou-se que os eqüinos do pavilhão da Artilharia apresentaram maior chance de
desenvolvimento de cólica, seguidos dos eqüinos do pavilhão Odim, quando comparados com
aqueles do pavilhão Box, que serviram de referência (OR = 1). Para os demais pavilhões a
significância estatística não foi significativa (p>0,05).
Os eqüinos alojados no pavilhão da Artilharia possuíam uma rotina de atividades
diferente dos demais eqüinos da AMAN; eram utilizados em atividades de tração e não
trabalhavam tanto quanto os demais eqüinos desta unidade militar. O pessoal responsável pelo
manejo destes animais era de outro setor, com menos experiência com os eqüinos. E a rotina
para os eqüinos é importante, pois eles são animais muito sensíveis às alterações de manejo
(HILLYER et al., 2001).
No pavilhão Odim são alojados eqüinos particulares e os eqüinos do Exército
Brasileiro que estão cedidos aos oficiais. Esses animais eventualmente recebem uma
quantidade maior de ração, extrapolando a quantidade rotineiramente oferecida, o que pode
acarretar alterações na fisiologia digestiva dos eqüinos, resultando em cólicas, pois erros no

49
4.4.4 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos
do EEC
4.4.4.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em
eqüinos no EEC
Na análise bivariada dos dados de ocorrência da Síndrome Cólica nos eqüinos do EEC
observou-se que a variável idade estava significativamente associadas à ocorrência da cólica
(Tabela 32).
No EEC os eqüinos particulares são criados em sistema estabulado, recebem
suplemento mineral-vitamínico e seis quilogramas de ração por dia, logo, as variáveis sistema
de criação, grãos e suplemento mineral-vitamínico correspondem a uma mesma avaliação.

Tabela 32 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos no EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004

Cólica IC ** (95%)
FATORES Sim Não Total p-valor OR *
Inferior Superior
n (%) n (%)
Faixa etária (anos) 0,022
≤ 4 *** 01 (5,3) 18 (94,7) 19
5 - 15 16 (36,4) 28 (63,6) 44 10,286 1,253 84,439
≥ 16 05 (45,5) 06 (54,5) 11 15,000 1,449 155,313
Atividade 0,135
Esportiva 5 (23,8) 16 (76,2) 21 0,156 0,022 1,123
Militar 13 (40,6) 19 (59,4) 32 0,342 0,054 2,150
Leve *** 04 (66,7) 02 (33,3) 06
Raça 0,239
Raça 07 (41,2) 10 (58,8) 17 1,960 0,632 6,077
Mestiço 15 (26,3) 42 (73,7) 57
Sexo 0,297
masculino 12 (25,5) 35 (74,5) 47 0,583 0,210 1,616
feminino 10 (37,0) 17 (63,0) 27
Vício 0,445
Sim 04 (40,0) 06 (60,0) 10 1,704 0,430 6,755
Não 18 (28,1) 46 (71,9) 64
Sistema de criação 0,499
Estabulado 09 (34,6) 17 (65,4) 26 1,425 0,510 3,987
Semi-estabulado 13 (27,1) 35 (72,9) 48
* OR - “Odds ratio” ou razão de chances; ** IC - Intervalo de confiança; *** Categoria de referência.

50
4.4.4.2 Análise de regressão logística dos fatores associados à ocorrência de Síndrome
Cólica em eqüinos do EEC
O modelo preliminar de regressão logística para ocorrência de Síndrome Cólica em
eqüinos do EEC pode ser observado na Tabela 33.

Tabela 33 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo preliminar

Intervalo de Confiança
χ2 Exp (B)
Variáveis B p-valor 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Faixa etária (anos)
≤4* 3,968 0,137
5-15 2,331 2,878 0,090 10,291 0,696 152,141
≥ 16 2,990 3,968 0,046 19,890 1,049 377,073
Atividade
Leve * 6,171 0,046
Equitação -3,325 4,225 0,040 0,036 0,002 0,857
Instrução Militar 1,340 0,703 0,402 3,819 0,166 87,664
Raça 1,139 0,836 0,361 3,123 0,272 35,888
Sexo -0,963 2,085 0,149 0,382 0,103 1,411
Vício 0,497 0,222 0,638 1,643 0,208 12,983
Sistema de criação
2,583 2,093 0,148 13,239 0,400 438,180
(estabulado)
Constante -3,187 2,268 0,160 0,041
*Categoria de referência

Foram escolhidas para entrar no modelo ajustado as variáveis faixa etária, atividade,
sexo e sistema de criação. Entretanto, permaneceu no modelo final apenas a variável faixa
etária (Tabela 34).

Tabela 34 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em
eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo final

Intervalo de Confiança
χ2 Exp (B)
Variáveis B p-valor 95,0%
Wald Odds Ratio
Inferior Superior
Faixa etária (anos)
≤4* 5,434 0,066
5-15 2,331 4,708 0,030 10,286 1,253 84,439
≥ 16 2,708 5,156 0,023 15,000 1,449 155,313
Constante -2,890 7,915 0,005 0,056
*Categoria de referência

Nesta unidade militar, a variável que permanece no modelo e aparece como fator de
risco para ocorrência da Síndrome Cólica é a idade, sendo que os eqüinos na faixa de idade de
cinco a quinze anos possuem um risco 10 vezes maior de desenvolver cólica e aqueles com
idade acima de quinze anos possuem um risco 15 vezes maior, ambos comparados aos
eqüinos com menos de quatro anos de idade. Ou seja, o risco de Síndrome Cólica aumenta
com a idade dos eqüinos (WHITE, 1995; COHEN; PELOSO, 1996; TINKER et al., 1997a,b;

51
KANEENE et al., 1997; THOEFNER et al., 2001; TRAUB-DARGATZ et al., 2001; MEHDI;
MOHAMMAD, 2006).
No modelo isolado para a unidade militar EEC, os valores para análise da validade do
modelo o indicam como adequado, razão de verossimilhança (p=0,009), Hosmer e Lemeshow
= 1,000 e proporção de acerto no modelo total 70,3% (Tabela 35).

Tabela 35 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em


eqüinos do EEC segundo a proporção de acertos

Esperado
Observado Cólica Porcentagem Correta (%)
Não Sim
Cólica Não 52 0 100,0
Sim 22 0 0,0
Porcentagem Total 70,3

Algumas ações podem ser benéficas para reduzir o risco de incidência de cólica,
como, manter os eqüinos no pasto o maior tempo possível, pois já foi observado que uma
maior ingestão de forragem reduz a incidência de cólica (TINKER et al, 1997b; COHEN et al,
1999), manter programas coerentes de tratamentos anti-helmínticos (GONÇALVES et al.,
2002) e, se a alimentação do eqüino exigir muito concentrado, redobrar os cuidados e a
vigilância, fornecendo menores quantidades de ração concentrada por refeição; mesmo que
para isso seja necessário aumentar o número de refeições diárias. E também se deve estar
atento à qualidade do alimento fornecido.
Fazendo-se uma análise da literatura existente a respeito dos fatores de risco para a
ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos e comparando com as análises e interpretações dos
resultados deste estudo em eqüinos de uso militar, é notável que a cólica eqüina seja um dos
grandes problemas que acometem os eqüinos e merece estudos aprofundados para que se
oriente o manejo correto do eqüino e que, pelo menos, a incidência de cólica seja reduzida.
Compreender a etiologia da Síndrome Cólica é de grande relevância para o manejo do
eqüino acometido. Portanto, os estudos a respeito dos fatores de risco para a ocorrência da
Síndrome Cólica devem ser continuados, considerando-se a possibilidade de intervenções e
variações nestes fatores de acordo com o plantel de eqüinos estudado.

52
5 CONCLUSÕES

A incidência de Síndrome Cólica em eqüinos foi elevada e diferente nas unidades


militares Regimento Escola de Cavalaria, Academia Militar das Agulhas Negras e Esquadrão
Escola de Cavalaria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, demonstrando que apesar
dos animais pertencerem a unidades militares, estão expostos a condições diferenciadas,
formando grupos heterogêneos para a ocorrência de cólica.
A reincidência foi elevada nas três unidades, embora tenha ocorrido também com
intensidade diferenciada, indicando que os fatores de risco não são identificados ou que não
são tomadas medidas preventivas adequadas para o controle dos episódios.
Embora, para o conjunto dos animais das três unidades tenham sido identificados
como fatores de risco, por ordem decrescente, a estabulação e a restrição de volumoso, a
grande quantidade de grãos ingeridos por dia e a faixa etária, sendo a faixa de idade de 16 ou
mais anos a de maior risco, seguida da faixa entre 5 e 15 anos, houve variação dos fatores
envolvidos em cada unidade.
Nos eqüinos do REsC a idade exerceu fator preponderante como determinante dos
casos, sendo os eqüinos mais velhos em maior risco de apresentarem cólica, seguida do
tamanho das baias, onde baias de tamanho reduzido são fatores de risco para cólica.
Na AMAM as variações no manejo entre os pavilhões podem determinar riscos
diferenciados. Os animais dos pavilhões Box, Odim e Artilharia apresentam maiores chances
de apresentarem a Síndrome Cólica, reforçando que aspectos de manejo são os mais
importantes.
No EEC a variável idade foi determinante para a incidência dos casos de cólica,
estando os eqüinos mais velhos sob maior risco de desenvolverem cólica.
Os fatores de risco identificados tiveram papel diferenciado na determinação de cólica
conforme a unidade militar, reforçando a necessidade de se desenvolver estudos para cada
população, evitando-se a extrapolação de resultados a populações diferentes das estudadas.

53
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de reduzir a incidência de Síndrome Cólica de origem gastrintestinal


indica-se um maior controle da quantidade de alimento oferecido em cada refeição, sendo
melhor oferecer menores quantidades em intervalos curtos, prevenindo longos períodos sem
alimento e a ingestão rápida quando oferecido. Deve-se atentar para o manejo alimentar, a
freqüência das dietas, a quantidade e a qualidade dos ingredientes da dieta, reduzindo a
ingestão de grãos e aumentando a ingestão de volumoso. Deve-se aumentar o tamanho das
baias e deve-se dar maior atenção ao manejo dos eqüinos mais velhos.
Os esquadrões hípicos em que seus eqüinos apresentam maior incidência de casos
clínicos de Síndrome Cólica devem adotar medidas preventivas, devendo-se evitar mudanças
bruscas no manejo.
Os resultados deste estudo devem ser testados na formulação de programas de
prevenção de cólica visando reduzir a exposição destes aos fatores de risco e
consequentemente reduzir a incidência de Síndrome Cólica.
Deve-se visar sempre a saúde e o bem-estar dos eqüinos, minimizando os riscos para
ocorrência de alterações em sua fisiologia, buscando-se o melhor manejo destes animais,
juntamente com conhecimento de um critério nutricional adequado e cuidados regulares com
a saúde, visando reduzir a incidência de Síndrome Cólica e, consequentemente, reduzir as
perdas econômicas por ela ocasionadas.
O estudo dos fatores de risco para incidência de Síndrome Cólica em eqüinos de uso
militar, por meio de modelo estatístico, é original e poderá ser de grande importância para o
avanço na abordagem da cólica nos eqüinos de instituições militares, contribuindo para que se
reduza a incidência desta síndrome entre estes animais.
Contudo, há necessidade de realização de novos estudos sobre o tema no Brasil,
sobretudo de fatores relacionados ao manejo do eqüino, para melhor compreender a relação
entre a cólica e seus determinantes e a efetividade de programas, atitudes e manejos para a
saúde e melhoria do bem-estar do eqüino, buscando minimizar a ocorrência da Síndrome
Cólica e as perdas que ocorrem em conseqüência desta alteração nos eqüinos.

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61
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2004.

62
8 ANEXOS

Anexo A Ficha de Atendimento de Cólica

63
Anexo A

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO


INSTITUTO DE VETERINÁRIA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
FICHA DE ATENDIMENTO DE CÓLICA

Local: ______________ Data: _____/_____/_____ Horário: _____:_____

IDENTIFICAÇÃO:

Nome do animal:______________________________

64
Última defecação: _________
Consistência das fezes: normal ( ) endurecida ( ) pastosa ( ) líquida ( )
Aspecto: normal ( ) com muco ( ) com sangue ( ) com areia ( )
Odor: normal ( ) fétido ( )
Freqüência: normal ( ) diminuída ( ) aumentada ( )

Distensão abdominal: flanco dir.: ausente ( ) moderada ( ) severa ( )


flanco esq.: ausente ( ) moderada ( ) severa ( )
Mucosas:
Coloração: rósea ( ) pálida ( ) congesta ( ) cianótica ( ) ictérica ( )
Tempo de preenchimento capilar: _____seg.
Halo cianótico na base dos incisivos: presente ( ) ausente ( )

Passagem de sonda nasogástrica: não realizada ( ) realizada ( )


Refluxo: ausente ( ) gás ( ) líquido após sifonagem ( ) líquido expontâneo ( )
Líquido: volume: _________ coloração: ___________ odor: _____________

Palpação transretal: não realizada ( ) realizada ( )


Resultado: ________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

Colheita de fluido peritoneal: não realizada ( ) realizada ( )


Resultado: produtiva ( ) improdutiva ( ) enterocentese acidental ( )
Líquido peritoneal: cor: __________ aspecto: __________

Exames laboratoriais realizados: hemograma ( ) proteína plasmática ( )


fibrinogênio plasmático ( ) fluido peritoneal ( )
Resultados:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Tratamento:
Analgésicos: ______________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Fluidoterapia: _____________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Outros: __________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Episódios anteriores de cólica: sim ( ) não ( )
Histórico: ________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________

65
Condições de criação: estabulado ( ) semi-estabulado ( ) a pasto ( )
Dieta: quantidade e frequência
capim: _____________________________________________________________
feno: _______________________________________________________________
ração: ______________________________________________________________
suplemento mineral:___________________________________________________

Controle de endoparasitas: Droga: ___________________ Dose: __________________


Freqüência: ______________ Última aplicação: _____/_____/_____

Histórico de fatos recentes na vida do animal:


Outra doença ( ) Mudança na dieta ( ) Mudança no manejo ( )
Banho carrapaticida ( ) Outro ( )
Descrição: _______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

EXAME CLÍNICO:
Atitude: ____________________ Fácies: ___________________

Dor abdominal: ausente ( ) presente ( )


intermitente ( ) contínua ( )
intensidade: leve ( ) moderada ( ) severa ( )

Distensão abdominal: flanco dir.: ausente ( ) moderada ( ) severa ( )


flanco esq.: ausente ( ) moderada ( ) severa ( )

Pulso: Freqüência:_____/min. Característica: normal ( ) fraco ( )

Freqüência respiratória:_____/min. Temperatura retal:_____oC

Mucosas: coloração: rósea ( ) pálida ( ) congesta ( ) cianótica ( ) ictérica ( )


tempo de preenchimento capilar: _____seg.
halo cianótico na base dos incisivos: presente ( ) ausente ( )

Auscultação abdominal (ruídos intestinais):


normais ( ) aumentados ( ) diminuídos ( ) ausentes ( )

Passagem de sonda nasogástrica:


Refluxo: ausente ( ) gás ( ) líquido após sifonagem ( ) líquido espontâneo ( )
Líquido: volume: _________ coloração: ___________ odor: _____________

Palpação transretal:
Resultado: ________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

66
Paracentese abdominal:
Resultado: produtiva ( ) improdutiva ( ) enterocentese acidental ( )
Líquido peritoneal: cor: ______________ aspecto: _________________

Exames laboratoriais:
Hemograma: Volume globular: ______%
Proteína total: ______g/dl
Leucometria: _________________________________________________________
Fibrinogênio: ______mg/dl

Fluido peritoneal: Densidade: ______


Proteína total: ______g/dl
Fibrinogênio: ______mg/dl
Contagem de leucócitos: ______cel/µl
Contagem diferencial: neutrófilos:______%
macrófagos:______%
linfócitos:______%
eosinófilos:______%
Contagem de hemácias:______cel/µl
Esfregaço:___________________________________________________________

Tipo de cólica: Gástrica ( ) Entérica ( ) Outras ( ) _________________________

Temperatura ambiente: mínima: _________ máxima: __________ média: __________


Umidade do ar: ________________ Índice Pluviométrico: ________________

DIAGNÓSTICO:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

TRATAMENTO:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
ALTA: _____/_____ ÓBITO: _____/_____

NECROPSIA:

OBSERVAÇÕES: _________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Responsável pelo Preenchimento: ___________________________________________

67
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