Você está na página 1de 31

FACULDADE SUCESSO

GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

GABRIELA D’ ÁVILA DE SOUSA

HORA DO CONTO E SEU REFLEXO NA ESCOLA


DE EDUCAÇÃO INFANTIL

SENADOR GUIOMARD - AC
2021
GABRIELA D’ ÁVILA DE SOUSA

HORA DO CONTO E SEU REFLEXO NA ESCOLA


DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho monográfico apresentado como requisito


para obtenção da nota na disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso II do curso de Licenciatura
Plena em Pedagogia da Faculdade Sucesso.
Orientador: Prof. Especialista Marcelo da Silva
Ribeiro.

SENADOR GUIOMARD - AC
2021
RESUMO

O trabalho em estudo tem como finalidade demonstrar uma reflexão sobre a hora do
conto e análise da necessidade da leitura na educação infantil. A escola pesquisada
demonstra está envolvida com a formação dos futuros leitores, assim os professores
trabalham a literatura na sala de aula, permitindo ao leitor ou ouvinte viajar no
mundo do sonho, da fantasia e da imaginação. A pesquisa possibilita compreender
que podemos utilizar a literatura infantil como um recurso indispensável na educação
infantil e como ela pode ser significativa para a aprendizagem das crianças. Sendo
fundamental formar leitores desde cedo, incentivando-os a ler através de variadas
formas, assim desenvolvendo a imaginação, emoções e sentimentos de forma
prazerosa e significativa para promover a criatividade dos alunos. Sabendo da
necessidade da literatura infantil no espaço escolar e na vida do ser humano, além
de ser um campo fértil para se produzir e despertar o gosto pela leitura, estimular os
alunos é essencial. Contar histórias sempre foi e sempre será necessário, pois é
uma forma de incorporar a arte à vida e encarar os livros como fonte de prazer.

Palavras-chave: literatura infantil; aprendizagem; educação infantil; leitura.


ABSTRACT

The work under study aims to demonstrate a reflection on story time and analysis of the
need for reading in early childhood education. The researched school demonstrates
that it is involved with the formation of future readers, so teachers work with literature in
the classroom, allowing the reader or listener to travel in the world of dreams, fantasy
and imagination. The research makes it possible to understand that we can use
children's literature as an indispensable resource in early childhood education and how
it can be significant for children's learning. It is essential to train readers from an early
age, encouraging them to read in various ways, thus developing the imagination,
emotions and feelings in a pleasant and meaningful way to promote students' creativity.
Knowing the need for children's literature in the school space and in the life of human
beings, in addition to being a fertile field to produce and awaken a taste for reading,
stimulating students is essential. Telling stories has always been and will always be
necessary, as it is a way of incorporating art into life and seeing books as a source of
pleasure.

Keywords: children's literature; learning; child education; reading.


AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus, em segundo lugar a minha família, por tudo o
que eles fizeram por mim.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................8
2 O PROCESSO DA LEITURA NA HISTÓRIA...............................................................10
2.1 A FORMAÇÃO DE LEITORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................................12
2.2 CONTANDO E ENCANTANDO ATRAVÉS DA HORA DO CONTO...........................................................................18
2.3 A NECESSIDADE DAS HISTÓRIAS INFANTIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................20
2.4 O PROFESSOR COMO MEDIADOR PARA A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS..............................................................25
3 METODOLOGIA...........................................................................................................28
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................29
REFERÊNCIAS...............................................................................................................31
1 INTRODUÇÃO

Trabalhar com a criança é enriquecer nossa experiência de vida, devido aos


desafios encontrados no espaço escolar. Nesse contexto, a leitura iniciada na
educação infantil com as crianças abre espaço para a busca do prazer de ler. Acredito
que o ato do professor contar histórias para as crianças pode desenvolver diversas
formas de linguagem, ampliando seu vocabulário. A leitura proporciona a ela viver seu
imaginário de forma lúdica e prazerosa.
O presente trabalho traz uma pesquisa realizada em uma Escola Municipal de
Educação Infantil do município de Senador Guiomard-AC, em relação à hora do conto
e seu reflexo na educação infantil. Esta pesquisa relata o processo da leitura na
história, considerando a literatura infantil, uma das formas fundamentais para a
inicialização do gosto pela leitura, contribuindo assim para a aquisição de novas
aprendizagens, recreação, informação e interação, que auxiliam para despertar o gosto
pelos livros. Portanto, percebe-se a necessidade da aplicação coerente de atividades
que realmente despertem o prazer de ler, e estas precisam estar presentes diariamente
na vida das crianças, desde pequenas.
O objetivo geral deste estudo é mostrar sobre a necessidade e a utilidade das
histórias contadas na educação infantil para o desenvolvimento da aprendizagem da
criança. Relacionar a contação de histórias e a aprendizagem na educação infantil,
mostrando habilidades consideradas necessárias ao professor/a para mediar às
histórias. A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma
de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras
culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode
estabelecer relações com a sua forma de pensar e o modo de ser do grupo social que
ela pertence. Ainda permite à criança entrar no mundo da imaginação, aprender e
construir seu conhecimento e suas referências para a vida.
A hora do conto é um recurso fundamental para o incentivo à leitura prazerosa,
na qual está presente um mundo de fantasia, que suscita a imaginação e desperta à
criança para o mundo do faz-de-conta. A literatura além de proporcionar a diversão e
entretenimento, também pode ampliar o conhecimento de mundo da criança, que por
sua vez, vivencia a leitura como parte de sua realidade. Ter acesso à boa literatura é

8
dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela
leitura.

A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de


sentar para ouvir histórias exige que o professor/a, como leitor, preocupe-se em lê-la
com interesse, criando um ambiente agradável e convidativa a escuta atenta,
mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as
ilustrações enquanto a história é lida. Quem convive com crianças sabe o quanto elas
gostam de escutar a mesma história várias vezes, pelo prazer de reconhecê-la, de
apreendê-la em seus detalhes. Logo, isso evidencia que a criança escuta muitas
histórias, e pode construir um saber sobre a linguagem.

9
2 O PROCESSO DA LEITURA NA HISTÓRIA

Sabe-se que na antiguidade os povos, desenvolviam algum tipo de linguagem,


e para se comunicarem com outros seres sociais usavam as imitações, na qual a
aprendizagem se dava basicamente por imitação. No decorrer dos anos, a leitura era
uma ação que acontecia naturalmente, através das explicações ou histórias contadas
pelos mais velhos, que costumavam relatar suas experiências de vida. Mais
precisamente era feita uma leitura do mundo ao qual pertenciam e a partir disso
buscavam a melhor forma para sobreviver, ou seja, para eles a leitura era vista como
forma de defesa e inserção ao seu meio. Segundo Ferreira (2001, p. 18) “o mundo
natural era seu acervo literário, a leitura era uma interação homem – mundo”. Era uma
necessidade de expressar-se, de ouvir e contar histórias, sendo essa a única forma de
relação que se dava entre o ser e o mundo natural.
Como naquela época o conhecimento era transmitido oralmente pelos mais
velhos, a arte da oratória passou a ser a base dos ensinamentos, sendo ela transmitida
por meio do diálogo, assim os mestres ensinavam os aprendizes. Com a dificuldade de
publicar e divulgar as obras escritas, o leitor era um ouvinte, na qual os leitores e não
leitores tinham mais contato no sentido de ressignificar os textos. Os textos eram
escritos em volumes ou rolos de papiros, os papiros foram um dos primeiros meios de
registrar os pensamentos.
A leitura e a contação de histórias naquela época estavam muito restritos a
poucos privilegiados. Na Grécia, os beneficiados eram os filósofos e os aristocratas,
enquanto na Roma era uma forma de garantir os direitos dos patrícios as propriedades.
Na Idade Média, uma minoria era alfabetizada, dentre deles eram as igrejas, os
mosteiros e as abadias (uma comunidade cristã), os quais eram os únicos centros da
cultura letrada. Assim nos mosteiros e nas abadias se encontravam as únicas escolas
e bibliotecas da época, e era lá que se preservavam e restauravam textos antigos dos
gregos na Grécia.
Com essas comunidades cristãs, surge o cristianismo, a leitura, antes vista
como uma ação natural, passou a ser acessada por poucos, pois segundo Ferreira
(2001, P.21) “ ler torna-se uma espécie de militância da fé: há leitura para compreender
melhor esta origem e pode reforçar a fé ”. Ou seja, os cristãos liam somente o que era
permitido, uma vez que precisavam preparar a sua alma, passando a interpretar a

10
leitura como sagrada, entendida como uma força divina assim salvando a sua alma. Já
Luzuriaga (1990, p.71), “ surge,contudo, pouco a pouco, uma forma própria de ensino,
não de caráter pedagógico, mas religioso”, direcionadas às leituras para a vida
religiosa.
Conforme Ferreira (2001, p.27), “somente a partir do século IX é que o ato de
ler tornou-se individualizado, sendo possível ler e pensar, sem dar satisfações sobre o
que estava pensando”. A leitura se expandiu na sociedade, surgindo novos suportes
para a contribuição da expansão da mesma, principalmente após a invenção da
imprensa, divididos em duas etapas, as formas independentes como os autores
escrevem, encontrando assim a melhor maneira de atrair o leitor para as publicações.
Aumentando a procura pelos livros, houve o aumento de produção dos
mesmos, e quanto mais eram lidos mais autonomia os homens desenvolviam,
ampliando assim seus conhecimentos e a preocupação em ensinar a ler. Com a
chegada da Revolução Industrial, a leitura passou a ser vista de outra forma, conforme
Ferreira (2001, p.30), “ os poemas, os romances de cavalaria, grandes clássicos,
passaram a ser formas de lazer permitidas”. Nesse contexto os livros tornaram-se de
alto valor, poucos tinham acesso aos mesmos, mas para que ocorresse a maior
procura era necessário baixar os preços, assim produzindo mais, barateando os
valores.

Continuando esse percurso histórico, pode-se afirmar que é a Revolução


Industrial e suas consequências o maior incentivo para o atrelamento entre
leitura e a escola (a partir deste momento, modelada conforme se conhece até
hoje), entre o livro literário e o processo pedagógico. Afirmam alguns autores
que ao condicionar o processo de letramento a leitura e alguns livros,
predeterminados, a escola acabou a formalizar o ato de ler e torná-lo uma
dificuldade a ser vivenciada na escalada da aprendizagem. Após este
momento, a leitura esteve presente embutida na ideia de escolarização, a
ponto de um leitor autodidata ser considerado uma exceção. (FERREIRA,
2001, p. 33)

No século XIX, a literatura passou a ser utilizada para a formação de leitores


de acordo com as exigências sociais como: necessidades de comunicação entre as
pessoas, resolução de problemas, explicações sobre os avanços tecnológicos,

11
trabalhos em equipe, assim tornando-se mais acessível às pessoas que buscavam
novas informações sobre as mudanças sociais que aconteciam na época,
aperfeiçoando seus conhecimentos, já que a classe superior era a mais favorecida e já
tinha acesso a muito mais tempo antes do que a classe mais simples. No século XX, a
leitura começou a ser utilizada para o desenvolvimento do imaginário e a criatividade
do leitor, tornando o momento de leitura também um momento de discussão e reflexão
ao mesmo tempo.
Portanto, durante muito tempo, a leitura era direcionada somente aos cristãos,
com o passar do tempo foi-se dando oportunidades às demais pessoas, como das
classes inferiores, que na época eram bastante discriminados pelas suas condições
sociais. Foi a partir da década de 1990, que a literatura infantil brasileira tomou outros
rumos, inicialmente com o autor Monteiro Lobato. Ele preocupava-se em escrever
histórias para as crianças. Uma de suas primeiras obras foi no ano de 1920, e teve
como titulo, “A Menina do Narizinho Arrebitado”. Mais tarde o autor escreveu outras
obras literárias para as crianças e os adultos, tornando-se um grande escritor, com
escritas direcionadas para todas as idades.

2.1 A FORMAÇÃO DE LEITORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Nos dias atuais, nós como adultos temos pouco tempo para a leitura, devido
aos nossos inúmeros compromissos. Dessa forma, há uma grande necessidade de se
repensar esse aspecto, para que na infância haja muito mais contato com a leitura,
assim conhecendo a variedade de opções e sua diversidade. Pois os livros de literatura
infantil permitem oportunidades à criança de sair de sua realidade e conhecer outros
mundos, outras realidades. Foi com esse intuito de descobrir o mundo através da hora
do conto, que irei analisar neste capítulo um projeto realizado em uma escola de
Educação Infantil da Rede Municipal de Santa Rosa. A escola traz nesse projeto a
necessidade da hora do conto na Educação Infantil e suas vantagens para a
constituição da criança enquanto sujeito que está descobrindo o mundo. Acreditando
que o incentivo à literatura infantil proporciona grande parte dessas descobertas.
É na arte de contar histórias que professoras e alunos se envolvem, trazendo
um valioso meio no processo educativo, de forma lúdica e divertida. O leitor estabelece
uma relação dinâmica entre a fantasia, encontrada nos universos dos livros e a

12
realidade encontrada em seu meio social. Percebe-se na escola pesquisada, que todas
as crianças participam da hora do conto, desde as turmas dos berçários até a pré –
escola, as professoras possuem o desafio de introduzir a hora do conto durante suas
atividades diárias, algumas turmas possuem na sua rotina, um dia por semana a hora
do conto.
Os momentos de contação de histórias são esperados com entusiasmo das
crianças, elas gostam de participar e assistir as apresentações. Os alunos da escola
pesquisada levam suas experiências para suas famílias, ocorrendo um processo de
socialização. Os pais parabenizam frequentemente o trabalho realizado pela direção.
Todos os envolvidos sentem-se mais motivados a continuar nesse projeto quando são
estimulados com palavras de animo e agradecimento, percebendo o quanto é
fundamental o reconhecimento, principalmente dos profissionais envolvidos que
trabalham com as crianças.
Para o estímulo da leitura, as crianças trazem livros de casa, e socializam entre
os colegas e a professora. As histórias são trabalhadas primeiramente na sala de aula,
e posteriormente em grande grupo. As crianças participam de forma positiva, o qual
contribui para o processo da formação de leitores, assim, quando são designadas para
determinado fato, como trazer algum livro de literatura para socializar na escola,
anteriormente irão ler com sua família, fazendo com que os pais participem desse
processo na escola, trazendo livros que possuem algum significado. De acordo com
Goes ( 1991, p.22) destaca a finalidade dos livros infantis, bem como para que serve:

O ideal da Literatura Infantil é deleitar, entreter, instruir e educar as crianças, e


melhor ainda, se as quatro coisas de uma vez... repetindo: educar, instruir e
distrair, sendo que o mais importante é a terceira. O prazer deve envolver tudo
e mais. Se não houver arte que produza prazer, a obra não será literária e, sim
didática.

Se a criança for incentivada a ler desde o início de sua infância, e ao mesmo


tempo sendo auxiliada por um adulto, terá um estímulo muito maior para gostar e
querer conhecer novas histórias. Assim terá um repertório mais amplo de informações
e de conhecimento. Portanto, é na escola que as crianças que não possuem acessos
aos livros em casa, irão ter. Este contato com os livros na escola é necessário para a
criança conhecer e também aprender a cuidar dos livros. As professoras da escola de

13
pesquisa realizam um planejamento semanal, um planejamento voltado ao projeto
desenvolvido, de forma significativa e construtiva para as crianças.
É necessário levar em conta de que, o livro de literatura infantil além de
oferecer prazer, também é fonte de aprendizagens e conhecimentos, nesse sentido,
precisa-se conhecer antes o livro, saber sua história, finalidade, para assim poder
realizar um trabalho com resultados grandiosos. É desde pequena que a criança,
precisa estar em contato com livros, mas com os livros bons, que lhe ajudarão no seu
crescimento. Com certeza as dúvidas surgirão no decorrer de toda a etapa escolar. É a
partir de então que o professor/a usando seus métodos criativos, despertando a
vontade dos alunos assimilarem através de dramatizações, contos, histórias
promovendo a vontade e curiosidade de que seu aluno seja cada vez mais
independentes, buscando algo de sua preferência. Mas para que esse crescimento
aconteça, dependerá da nossa atitude como professor/a, pois através de nós poderão
ter o gosto, e ainda mais, farão da leitura uma arte.
A interação entre as crianças é fundamental para o seu desenvolvimento e ao
contar uma história para ela, tem-se a oportunidade de compartilhar emoções,
despertar o prazer de escutar o outro e de estar em convivência com o grupo. Para
tanto, faz necessário que haja maior preocupação por parte dos professores em
selecionar uma literatura infantil que trata de temas julgados como sendo do interesse
da criança e também aquelas consideradas fundamentais na contribuição de
aprendizagens para o aluno.
É relevante também considerar o caráter estético, lúdico e reflexivo da
literatura infantil, uma vez que proporciona a articulação entre a linguagem verbal,
escrita e a visual (imagem), a valorização do imaginário e o estabelecimento de
relações com o real. Percebeu-se que na escola que as professoras selecionam com
cuidado os livros que irão explorar e trabalhar com os alunos, de forma a auxiliar de
forma positiva no trabalho que será desenvolvido. Essa escolha dos livros de literatura
infantil necessita um olhar especial, um olhar pedagógico, que de fato chame a
atenção do aluno e cative o mesmo a conhecer a história, visando que, a história tenha
sentido com o que se pretende trabalhar na sala de aula. Para isso é necessário que o
professor trabalhe muitas histórias com seus alunos, de diversas formas e diferentes
tipos de textos, para que também a criança saiba reconhecer as suas diferenças, mas

14
a sua mesma finalidade de transmitir a ideia, como exemplo, textos poéticos,
musicados, entre outros. Segundo Abramovich, (1999, p.16):

Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas,


muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e
ser um leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de
compreensão do mundo (...) é também suscitar o imaginário e ter a curiosidade
respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para
solucionar questões (...) é uma possibilidade de descobrir o mundo imenso de
conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos.

A função dos livros de literatura não se reduz somente à brincadeira, lúdico e a


fantasia. Sendo também função educativa. São indispensáveis para a formação
intelectual, afetiva e cultural da criança. Assim, é fundamental sua valorização no
cotidiano escolar, pois será este o meio responsável pela leitura a ser interpretada
pelas crianças. O material utilizado para a leitura em sala de aula ou extraclasse é
variado, como: jornais, revistas, cartazes, periódicos, livros, também se enfatiza a
manipulação de histórias lidas, ouvidas ou criadas por adultos ou pelos próprios alunos
e reformulados. Contar histórias não é apenas decodificação das palavras, mas
converter-se num processo compreensivo que deve chegar às ideias centrais, a
descoberta é algo significante no processo sócio educativo da criança, fazendo com
que a mesma socialize as suas descobertas com os colegas. Na escola pesquisada
ocorre a socialização das descobertas por meio de rodas de conversas, e registros.
Durante as rodas de conversa, surgiram inúmeras descobertas nas falas das
crianças, elas guardam tudo na sua memória, lembram quando aconteceu tal fato, e
querem saber o porquê do acontecimento, questionam se por acaso poderia ter outro
fim, ou continuação. O aluno Marcos (4 anos) na roda de conversa disse que: “ mas
por que a chapeuzinho era vermelho, ela não poderia ser azul – chapeuzinho azul? Eu
gosto da cor azul, eu sou do grêmio”. Percebe-se que o aluno quis associar o seu
gosto preferido com a cor que relata na história. A professora Betina (Pré-Escola A) em
seguida complementou que sim, poderiam existir outras cores de chapeuzinho, e que
era só a turma criar uma nova história e ela poderia ser dramatizada para as turmas da
Escola. As crianças adoraram a ideia, e passaram a dar sugestões de como isso
poderia acontecer, ou seja, começaram a criar a sua história. Isso demonstra o quanto

15
às crianças usam sua imaginação. Marcos (4 anos) demonstrou ser um aluno
questionador, sendo este um dos principais resultados a serem alcançados, motivar os
alunos a questionarem, interpretarem, usarem sua imaginação pra novas situações de
vivencias, como exemplo a criança de outro personagem.
Foi partir dessa conversação que surgiu a ideia da nova história: Chapeuzinho
Colorido, cada criança tinha uma cor diferente e dramatizaram. Foi bastante
gratificante, diz a professora Márcia (Maternal III): “Meus alunos estão produzindo
conhecimento, e eu me sinto realizada, quando vejo que consigo alcançar o objetivo da
Hora do Conto”, a Hora do Conto é um momento para as crianças conhecerem as
histórias, questionar, socializar as aprendizagens e após construir uma nova versão
para dramatização e apresentação. Despertar entre os alunos a curiosidade,
criatividade, a imaginação, proporcionando momentos em que os alunos se sintam
motivados a cada nova história trazida para a sala de aula, para conhecer e descobrir
novas formas de criação, por meio da imaginação, incentivando a produção individual e
coletiva.
Contar histórias é uma ótima fonte para despertar nos alunos o gosto pelo livro
e pelas histórias. Nas histórias infantis encontra-se um mundo maravilhoso. É o faz de
conta que, ao mesmo tempo encanta com a fantasia e se reproduz na imaginação fértil
da criança e serve de referencial para a realidade que elas vivem. As histórias
fascinam e atraem as crianças de tal maneira que elas se imaginam no papel dos
personagens principais, e por isso, muitas vezes, se identificam e vivenciam os
mesmos.
A história da literatura infantil precisa ser para o aluno uma fonte de prazer,
para proporcionar à criança diversos momentos de sentimentos. Não há como exigir de
um aluno, que nunca leu para que ele tenha a mesma capacidade de expressar-se e
entender a história, como aquele mesmo aluno que não possui o hábito diário da
leitura. É através da leitura de histórias infantis que a criança pode descobrir bons
modelos para seguir, referências sobre os quais pode criar e estabelecer para si
própria uma linha de conduta. Neste contexto, é interessante que o professor
proporcione várias sugestões inovadoras, procurando conhecer os gostos de seus
alunos e a partir daí escolher um livro ou uma história que vá ao encontro das
necessidades da criança, adaptando o seu vocabulário.

16
Acredita-se que a proposta de atividades variadas é de grande valor para o
processo de construção, cada atividade possui um objetivo diferente da outra,
permitindo o entendimento da leitura por meio de diferentes formas, e não somente na
hora do conto, pois permite que a criança aperfeiçoe seus conhecimentos, amplie suas
aprendizagens e construa novos saberes, que constituirão a formação da criança.
Assim, notei na escola que os professores estão sempre em busca de contos e
histórias que estejam relacionados com a realidade dos seus alunos. O que qualifica as
aprendizagens desenvolvidas em sala de aula, sempre na medida do possível
trabalhando a interdisciplinaridade.
A qualidade das histórias infantis é parte fundamental do processo da formação
de leitores na educação infantil. Sendo que é através da literatura infantil que as
crianças conhecerão o desconhecido, irão aprender a ouvir, interpretar e reconhecer
personagens das histórias, além de recontar a história. A criança que vive o mundo da
imaginação gostará muito mais de ler. A imaginação facilita a compreensão das
crianças, pois se aproxima mais da maneira como veem o mundo, já que ainda não
são capazes de compreender respostas realistas. As crianças dão vida a tudo. Para
elas, o sol é vivo. A lua é viva, assim como todos os outros elementos do mundo da
natureza e da vida.
As histórias ouvidas pelas crianças, muitas vezes, ficam em sua mente até
mesmo, em sua fase adulta, e às vezes são usadas como inspiração para suas
atitudes na interação com o meio e a sociedade. Uma história ou uma hora de conto
bem contada e interpretada pode ajudar o aluno a interessar-se pela aula e pela
atividade na qual está se realizando. Permite em geral a auto identificação e ajudando
a resolver conflitos. Agrada a todos sem fazer distinções de idades, de classe social e
de circunstâncias de vida. Formar leitores na Educação Infantil contribui à criança para
que no momento em que ela comece a frequentar o ensino fundamental esteja sem
dificuldades, mas com facilidade para a aprendizagem da leitura escrita, tornando-se
um sujeito criativo, inventivo e descobridor. Além de desenvolver habilidades criticas e
ativas, e fundamentalmente na construção da autonomia.
Tanto a escola como os professores cada vez mais estão preocupados com o
processo da leitura dos seus alunos, buscando sempre a melhor forma de acompanhar
as constantes transformações da sociedade. Pois somente a aprendizagem e o
conhecimento que possuem a função de dar continuidade deste processo de

17
construção. De acordo com o pensamento de Coelho (2000, P.71): “É ao livro, a
palavra escrita, que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência
de mundo das crianças e dos jovem.” É desde a infância que vamos assimilando a
ideia de mundo, suas evoluções, ou seja, o desenvolvimento se dá aos poucos, e vai
se aperfeiçoando na educação infantil. É fundamental essa fase inicial, pois ela tem
papel fundamental de iniciar um processo de formação de um leitor.

2.2 CONTANDO E ENCANTANDO ATRAVÉS DA HORA DO CONTO

Muitos são os motivos que nos levam a contar histórias, como o clima de
alegria e interesse que elas despertam. Também são vários os seus objetivos como:
formar o gosto pela leitura, divertir e estimular o desenvolvimento da imaginação,
atenção, observação, memória e reflexão. Ouvir a leitura de histórias leva os alunos a
perceberem as características da língua escrita e da linguagem oral. É nessa prática
que podemos perceber que não só o conhecimento da língua pode ser enriquecido no
contato com a literatura, mas também é uma forma de descoberta do mundo.
No entanto, as histórias depois de contadas são dramatizadas para as crianças
das demais turmas da escola. Os alunos participam do processo de dramatização,
montam o cenário com objetos que tem em sala de aula, apesar de serem tão
pequenos, usam a imaginação e a criatividade de forma empolgante interpretando os
personagens. A professora Betina (Pré-Escola A) destaca que: "Sendo assim,
escolhemos para dramatizar a história do Chapeuzinho Vermelho, as crianças estavam
bastante empolgadas para apresentar, fizemos ensaio e montamos um cenário”.
Percebe-se que as crianças têm fascinação por histórias que possuem personagens
como o “lobo mau”, elas gritam, vibram, e sentem-se dentro da história, sendo este um
momento em que a história sai do livro para o meio da roda.
Esse é o mundo da fantasia que a criança vive, faz com que ela estimule e
desperte sua imaginação, destacando que ela pode criar, ou recriar fatos, é desta
forma que as crianças interagem e revelem as suas emoções, o entusiasmo pela
história e demonstração de afeto entre os colegas. Nenhum ser humano nasce pronto,
no entanto estamos em constante aperfeiçoamento e transformação. O ser humano
está sempre em busca da aprendizagem, e na maioria das vezes aprende aquilo que
mais necessita no momento, necessárias para o nosso dia a dia. A criança necessita

18
de auxílio, precisa ser motivada para realizar determinada tarefa. Na maioria das vezes
quando a criança é estimulada, revela-se, destacando suas preferências.
Em outro momento de conversa com a professora Jandira (coordenadora
pedagógica) diz que: “contar histórias é compreendido como uma possibilidade
bastante rica de estratégias alternativas, as quais contribuem significativamente no
aperfeiçoamento das aprendizagens, ajudando a criança a desmistificar que o livro é
somente ler, assim ela pode contar e encantar que a assiste”. Acreditando no resultado
que pode trazer o faz de conta, da fantasia, do encantamento da hora do conto para o
desenvolvimento da criança, a cada quinze dias uma turma da Educação Infantil da
Escola observada, apresenta uma história para as demais turmas. São nove turmas no
total, fazendo um rodízio. As professoras têm o desafio de proporcionar aos seus
alunos, a história, e a partir disso os mesmos, contam em forma de apresentação o que
mais chamou a atenção. Assim elabora-se a hora do conto contada pelos alunos, com
o auxilio da professora titular.
São momentos agradáveis de aprendizagem e transmissão de conhecimentos.
São vivências e experiências adquiridas por meio da leitura individual e coletiva, e
posteriormente compartilhada com as demais turmas da escola. O público que assiste
as apresentações, atentamente observa as cenas dos colegas, na sala de aula, os
professores das turmas realizam questionamentos e trabalhos relacionados às
histórias. Sendo estes trabalhos exposto nos corredores da escola para socialização.
Toda história lida ou contada, é uma experiência nova para a criança. No
primeiro dia da hora do conto, na escola em questão, as crianças acharam estranho,
ficaram bastante inquietas e questionadoras, não queriam ficar assistindo, pois
sabemos que a primeira experiência nem sempre poderá dar certo, mas não devemos
desistir da primeira experiência. No segundo dia, as crianças já estavam mais calmas e
prestaram mais atenção na apresentação, ainda pediram para repetir a mesma história.
A repetição da história é sempre positiva, a criança sempre observa algo novo na
contação. Quanto mais a criança for incentivada e inserida ao meio da leitura, mais vai
se familiarizando e criando vínculos pelo gosto da mesma.

No entanto, além de acreditar no poder da história e sua magia de


encantamento que o contador exerce sobre seus ouvintes, muitos estudos relatam a
sua rele o seu valor no desenvolvimento infantil. Isso acontece por ela ser recreativa,

19
educativa, construtiva e afetiva, além de ser uma atividade interativa que potencializa a
linguagem infantil. Uma história bem contada tem o poder de agradar a qualquer
sujeito sem distinção de idade, pois a fantasia existe para quem quiser e souber vivê-
la. Portanto pode-se dizer que a história é um meio educativo que atende às
necessidades humanas em todos os seus aspectos. GOES (1991, p.23) diz que:

Os leitores infantis devem atender as necessidades fundamentais da infância


(...). Assim, é importante que os assuntos escolhidos correspondem ao mundo
da criança e ao seu interesse, facilitem progressivamente suas descobertas e
sua entrada social e cultural no mundo dos adultos e lhe forneça elementos de
julgamento nesse campo, levam em conta as condições de vida da criança e a
diversidade de regiões, países.

Dessa forma, é necessário várias as estratégias de contação de historias, pois


quando repetidas da mesma forma, deixam de despertar a atenção das crianças,
fazendo com que elas percam o foco do momento. É preciso desfrutar de meios e
materiais que estejam presentes no cotidiano da criança. As crianças gostam de
conhecer aquilo que já conhecem, mas de outras maneiras. Para facilitar o processo
de construção da aprendizagem, o professor precisa escolher assuntos de interesse
e do gosto dos seus alunos. E assim realizar um trabalho satisfatório e gratificante
para todos aqueles que estão envolvidos no espaço escolar.

2.3 A NECESSIDADE DAS HISTÓRIAS INFANTIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Qualquer pessoa em algum momento da vida já ouviu ou contou alguma


história, pois as mesmas sempre existiram desde que o ser humano iniciou sua fala. As
histórias nasceram da necessidade do homem contar suas experiências. Assim a quem
conte histórias para destacar mensagens, transmitir conhecimentos, ampliar as
aprendizagens. Sabendo da importância das histórias infantis desde o início da
infância, como professores da educação infantil, temos o compromisso de trabalhar
com as crianças a literatura infantil através da hora do conto. Para deixá-la mais
atrativa, pode-se realizar a confecção de materiais para o uso da contação de histórias,
ou seja, diversificar ao máximo para prender a atenção dos ouvintes. É através das

20
histórias infantis que a criança tem a compreensão de que podemos criar, construir e
recriar o que já existe. Pode-se fazer a interpretação, assim como a escola pesquisada
faz.
Na escola pesquisada, os professores seguem rigorosamente a ideia de
diversificar os materiais utilizados na hora do conto, bem como as histórias tornando os
momentos mais atrativos e construtores de conhecimento. Os professores preparam o
cenário com muito gosto, pois segundo relato da professora Adriana (Pré-Escola B), é
a preparação do ambiente, assim mudam os tons de vozes de acordo com os
personagens, criam momentos de conversação e troca de ideias em grupo, produzem
trabalhos para socialização para as outras turmas, também falou que as crianças que
tem contato frequente com as histórias desenvolvem mais a imaginação, a criatividade
e a capacidade de discernimento e crítica, na medida em que se tornam ouvintes e
leitores.
Ouvir histórias é fundamental na formação de qualquer criança, é o inicio da
aprendizagem para ser um leitor. É começar a compreender e interpretar o mundo. Por
isso que Abramovich (1999, p.17) diz que se precisa “... ler histórias para as crianças,
sempre, sempre...”. O exercício de contar histórias possibilita debater diversos
aspectos do dia a dia das crianças. Contar histórias é também uma forma de ensinar
temas éticos e de cidadania e de propiciar um mundo imaginário que encanta a
criança. Por isso penso que a literatura infantil deve ser trabalhada, sobretudo na sala
de aula, a fim de permitir ao leitor ou ouvinte viajar no mundo do sonho, da fantasia e
da imaginação.
A leitura é uma atividade prazerosa e poderosa, pois desenvolve uma enorme
capacidade de criar, traz conhecimentos, promovendo uma nova visão de mundo. Para
Abramovich (1999, p.23), “a importância de se contar histórias para as crianças reside
no fato de que escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser um leitor, é também
suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é
encontrar outras ideias para solucionar as questões”. Na educação infantil, as histórias
despertam nas crianças gostos e valores para as suas vidas, fazendo com que ela
interfira na sua personalidade, além de ela ser uma atividade lúdica, amplia a
imaginação e ajuda a criança a organizar sua fala, através da coerência e da realidade.
Contar histórias é uma experiência de interação, constitui em um relacionamento
cordial entre a pessoa que conta e aqueles que ouvem. As histórias enriquem o nosso

21
espírito, iluminam nosso interior, e ao mesmo tempo, auxilia na resolução dos
problemas e aceitação de diferenças.
A escola pesquisada traz no seu projeto pedagógico o incentivo à literatura
infantil como fonte de prazer em vários sentidos dentre deles o divertimento, pois é na
infância em que a criança está na fase de desenvolvimento, cada uma no seu tempo,
além de descobertas que se deve proporcionar-lhes este contato com os livros,
fazendo com que ela perceba que através deles ela pode aprender outras formas de
linguagens. Também é através das histórias que a criança sente diferentes emoções
como alegria, medo, insegurança, tristeza, bem estar, assim ela poderá aprender a
lidar com seus sentimentos. É por meio das histórias infantis que a criança terá muito
mais oportunidades de interagir no mundo, aprendendo a se defender e a fazer suas
próprias escolhas. Conforme Bettelheim (2009, p.13) destaca que:

A vida é com frequência desconcertante para a criança, ela necessita mais


ainda que lhe seja dada a oportunidade de entender a si própria nesse mundo
complexo com o qual deve aprender a lidar. Para que possa fazê-lo, precisa
que a ajudem a dar um sentido coerente ao seu turbilhão de sentimentos.
Necessita de ideias sobre como colocar ordem na sua casa interior, e com
base nisso poder criar ordem na sua vida.

Durante a pesquisa pude perceber que a contação de histórias na educação


infantil é de extrema necessidade para os professores. Uma vez que elas incentivam
as crianças desde cedo a gostar de ouvir histórias. Assim, cria-se a possibilidade
dessas crianças tornarem-se adultos que também gostarão de ouvir e contar histórias.
Do mesmo modo, é provável que sejam leitores frequentes. O ato da contação de
histórias possibilita debater importantes aspectos do dia-a-dia das crianças. Contar
histórias é também uma forma de ensinar temas éticos e cidadania, além de propiciar
um ambiente cheio de aprendizagens por meio do encantamento para as crianças. A
criança necessita ouvir histórias para desenvolver sua imaginação, a observação, bem
como o prazer pela arte, a habilidade de dar lógica aos acontecimentos, assim
estimulando o interesse pela leitura.

22
A cada quinze dias uma turma da educação infantil da escola observada,
apresenta uma história para as demais turmas. São nove turmas no total, fazendo um
rodízio de apresentações. Os professores têm o desafio de proporcionar aos seus
alunos, uma história qualquer, e a partir disso os alunos, contam em forma de
apresentação fatos ou momentos em que mais chamou a atenção na história. Isso se
caracteriza como uma hora do conto diferenciada, elaborada pelas próprias crianças.
São momentos agradáveis de aprendizagem e compartilhamento de conhecimentos.
Além de vivências e experiências adquiridas por meio da leitura individual e coletiva, e
posteriormente divida com os colegas da escola.
Também é através das histórias que a criança sente diferentes emoções como
alegria, medo, insegurança, tristeza, bem estar, assim ela poderá aprender a lidar com
seus sentimentos. É necessário considerar que a criança precisa ser respeitada no seu
espaço, necessita de regras e limites para aprender a conviver em um mundo tão
complexo. A criatividade, a imaginação e o raciocínio se sobrepõem diante deste
magnífico cenário, criando um palco de possibilidades para aprendizagens.
Através da contação de histórias, é possível a construção da aprendizagem
relacionada competência cognitiva da criança, propiciando a elaboração de conceitos,
compreendendo a sua atitude no mundo, e se identificando com papéis sociais que
exercerá ao longo de sua existência. Para que isso aconteça às histórias devem
acontecer dentro de um contexto simples e adequado ao entendimento da criança. O
professor sendo um contador de histórias transforma-se em um mediador privilegiado
dentro do contexto da educação quando leva o aluno a pesquisa e a novas produções.
A história passa a ser reinventada pela criança através de um desenho, uma pintura,
ou mesmo através de uma fala com enfoque pessoal.
Uma das práticas pedagógicas que destaco é o estímulo dado às crianças para
contar o que aprenderam na escola em casa para sua família. Esse é um meio de
recriação ou reprodução da história, fazendo com que a ela pratique o que vivenciou,
consequentemente sua aprendizagem acontecerá por meio da experiência. Para
Abramovich (1999, p.16): “O ouvir historias pode estimular o desenhar, o musicar, o
sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer
ver de novo a mesma historia ou outra. Afinal, tudo pode nascer de um texto!”.
Qualquer tipo de texto pode ser usado para desenvolver a imaginação e a criatividade
das crianças, desde que seja explorado nas mais diversas das suas opções.

23
Concordo com a professora Carine (Maternal II), quando a mesma diz que: “As
histórias têm formas diferentes de expressar ideias, mostrando sentidos profundos e
inesperados às crianças e as auxiliam a compreender a sua condição humana e a lidar
com os conflitos a ela interessantes”, pois as histórias, de uma forma mágica, tem o
poder de mexer com os nossos sentimentos mais íntimos e verdadeiros. Por meio
deles as crianças se identificam com as situações vividas pelos personagens como se
fosse sua própria vida, de acordo com os acontecimentos no decorrer da história, são
perceptíveis as reações das crianças. Esses conflitos, vividos por meio do imaginário,
são capazes de auxiliar muito no desenvolvimento emocional e humano das crianças,
ajudando-as a entender, de forma mais acessível, os acontecimentos da sua vida real.
A literatura infantil é um processo desafiador e motivador, que transforma uma
pessoa completamente, ajudando-a a ser mais responsável e crítica. É na hora do
conto que a escola poderá desenvolver na criança o gosto pela leitura. A criança
quando possui contato com bons modelos literários, não só desperta a sua
imaginação, como também facilita a expressão de ideias e a expressão corporal.
Também é bom frisar o fascínio que a criança tem pelas ilustrações, estas são um
convite para um mergulho no universo lúdico. Observa-se como é fácil perceber o
entusiasmo que os alunos demonstram pelas cores e riquezas das cenas, também
imitam e representam personagens das histórias, se colocando no lugar dos
personagens, das fábulas e dos contos de fadas.
A contação de histórias provoca nas crianças a imaginação, prazer, amor, a
observação, cria experiências, gosto pela arte, cria vínculos entre a fantasia e o real.
Em relação à experiência, as histórias tem a capacidade de dar sequência lógica aos
acontecimentos, dando sentido ao desconhecido, esclarecendo dúvidas,
desenvolvendo a atenção, ampliação do vocabulário, estimulando o interesse pela
leitura.
Já nas turmas dos berçários, a leitura e a contação de histórias é desenvolvida
de forma lúdica e dinâmica, que auxiliam no processo de desenvolvimento da criança,
pois este é desafiador e motivador, levando as crianças a inúmeras descobertas de um
mundo ainda desconhecido. A professora Luana (Berçário I) destaca que: “os
momentos de leitura e contação de histórias na sala do berçário I são muito esperados
pelos bebês, pois eles observam as gravuras, a entonação de voz e expressam as
mais variadas reações”. Ainda, percebe-se que nessa turma o gosto e observação de

24
imagens se dão através do manuseio e apresentação dos materiais, como por
exemplo: livros, fantoches, fichas, cantigas, entre outros. É fundamental a atenção dos
professores com as crianças, pois os mesmos necessitam de muito auxílio.
Ao narrar de forma lúdica estamos dedicando nossa voz e nossas brincadeiras
sonoras as crianças. Ao ouvir histórias a criança percebe que a palavra do adulto está
sendo dirigida a ela não como palavra de ordem, mas como palavra de amor, por isso
contar histórias é uma prova de carinho com as crianças. Esse vínculo de afeto,
pressupõe o envolvimento, diálogo, escuta, afeição e aceitação incondicional.
Enquanto dura a contação da história, por alguns instantes os adultos se desligam do
mundo adulto e se conectam ao mundo infantil. Dando voz aos príncipes, princesas,
bruxas, entre outros personagens. Assim, entrando no mundo lúdico, com amor e
encantamento, ao contar histórias estaremos transformando palavras em memória
afetiva.

2.4 O PROFESSOR COMO MEDIADOR PARA A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

A literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor


bastante conhecimento para saber adequar os diversos tipos de contos às crianças.
Gerando um momento propício de encanto e estimulação para a sua imaginação.
Gostar de ler resulta da prática de leitura, pelo contato que se tem com os livros e pelo
estímulo que é oferecido aos alunos. A sala de aula deve ser o ambiente estimulador e
o professor seu colaborador, oferecendo aos alunos oportunidade de serem bons
leitores, fazendo interferências a partir do conhecimento prévio e explorando o que
mais poderá se tornar fonte de aprendizagem. Antunes (2001, p.24) afirma: “O grande
professor será aquele que se preocupa em ensinar o aluno a ler e compreender um
texto e a se expressar com lucidez”. O professor através da narração das histórias
possui o papel de ensinar a criança a escutar, a pensar e a perceber imaginação, além
de proporcionar aos alunos um momento de divertimento, de sedução, que seja
significativo e que fique na memória de cada um deles.
Percebe-se na escola pesquisada que a maioria das professoras segue
rigorosamente a ideia de diversificar os materiais utilizados na hora do conto, bem
como as histórias tornando os momentos mais atrativos e construtores de
conhecimento. As professoras preparam o cenário com muito gosto, pois segundo

25
relato da professora Adriana (Pré-Escola B), “é fundamental a preparação do ambiente,
assim mudam os tons de vozes de acordo com os personagens, criam momentos de
conversação e troca de ideias em grupo, produzem trabalhos para socialização para as
outras turmas”, também falou que as crianças que tem contato frequente com as
histórias desenvolvem mais a imaginação, a criatividade e a capacidade de
discernimento e crítica, na medida em que se tornam ouvintes e leitores.
Embora, no cotidiano da criança existam muitos outros meios atrativos para
envolver e atrair a atenção, é necessário continuar incentivando o contato com a
literatura infantil. Sendo que é por meio da palavra que emociona, que instiga a
imaginação da criança. A professora Jandira (coordenadora da escola) diz que “o
importante é que o maravilhoso acontece no mundo da magia, do sonho e da fantasia,
onde tudo escapa às limitações da vida humana e onde tudo se resolve por meios
sobrenaturais”. Foi bastante interessante ouvi-la contando sobre a reação das crianças
nos momentos em que ela conta as histórias, como trabalha com a entonação da voz e
como as crianças reagem as situações vividas pelos personagens. Ela contou que é
muito fácil perceber as emoções sentidas pelas crianças através de um olhar, de um
sorriso, de um olhar de medo e até mesmo pela torcida de que, no final da história, os
personagens bem prevaleçam sobre os personagens do mau e os problemas se
resolvam e que no final todos vivem felizes para sempre.
Antes de ser lido para as crianças, o narrador precisa conhecer o livro
previamente, ou seja, o professor precisa ter conhecimento prévio, pois este precisa
oferecer segurança, chamar a atenção e despertar o interesse da criança para a
história. Abramovich (1999, p.98) afirma ainda que: “é necessário saber como contar
uma história e estar familiarizado com ela, pois sempre surgem palavras novas,
aparece a sonoridade das frases, dos nomes, ritmos fluindo como canções...”. À
medida que se sabe a história a contar, é fundamental conversar antes com as
crianças. Se for narrar uma história de gatos, pergunta-se antes quem tem um gatinho,
o nome a cor, do que se alimenta, entre outros questionamentos.
O professor como mediador na contação de histórias no espaço escolar, tem o
papel de reconhecer os livros de literatura infantil de acordo com a faixa etária de seus
alunos, para incentivar a formação do hábito de leitura, pois a leitura é um caminho que
leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma
prazerosa e significativa. Crianças que têm professores leitores como exemplo e

26
parceiros de leitura, sentem prazer em ler e não consideram a leitura uma obrigação.
Portanto, diariamente as crianças devem ser estimuladas em seu desenvolvimento
através de leituras e informações, na escola é importante a utilização de livros e a
leitura dentro da rotina das atividades, assim é possível criar o gosto pela leitura
oferecendo os livros adequados que chamem a sua atenção. Sendo o professor um
mediador, estabelecendo uma visão atrativa de modo que se torne um hábito.
A iniciação literária desde a infância proporciona às crianças o contato com os
livros e suas imagens com ou sem textos, seu trabalho com os contos, poesias,
narrativas curtas, desenhos, histórias em quadrinhos, entre outros é fundamental para
a aquisição da leitura e reconhecimento das diversas formas de linguagens existentes
no mundo linguístico. Ouvir um texto já é uma forma de leitura, mesmo que a criança
não conheça as palavras escritas, mas está no meio da leitura. Outro fato relevante é o
caso de recontar histórias, as crianças podem contar histórias conhecidas com a ajuda
do professor, reconstruindo o texto original da sua maneira, cabendo ao professor
promover situações para que as crianças compreendam as relações entre o que se fala
no texto escrito e a imagem. O professor pode ler a história, as crianças escutam,
observam as gravuras, depois de algumas leituras observadas as crianças podem
recontar a historia.
A escola tem uma grande responsabilidade nesse processo, a partir das
narrativas é possível construir a identidade do aluno. O professor, como mediador
desse processo, tem o papel de contribuir de forma significativa na vida de cada
criança. É por meio desta mediação que ocorre a aprendizagem, segundo a fala da
professora Luciana (Berçário I) diz que: “O papel do professor, como mediador da
literatura infantil, faz com que a hora do conto se torne significativa para o aluno”,
considerando que é por meio dele que na escola a criança possui o primeiro contato
com os livros.
É neste contexto que é necessário repensar sobre o desafio dos professores
levarem para a sala de aula diversos temas e livros, para junto com seus alunos
conhecer as histórias e realizar a contação de histórias, compartilhar com os colegas
as aprendizagens, e reconhecer as novas descobertas. Assim mostrar as nossas
crianças que é a partir da literatura infantil que se desenvolve a imaginação, e se a
leitura for cultivada desde cedo poderemos adquirir diversos conhecimentos, tais como:
enriquecimento do vocabulário, desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, escrita,

27
além do prazer que a leitura nos fornece. O professor, ao contar uma história, poderá
envolver a criança e fazê-la identificar-se com os personagens, ao interagirem com as
histórias, as crianças passam a despertar emoções como se estivessem vivendo o que
ali lhe é narrado, os sentimentos apresentados permitem que a criança, através da
imaginação, exercite a capacidade de resolução de situações que vivem em seu
cotidiano.

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo bibliográfico de abordagem qualitativa, que de acordo


com Gil (2010) é apresentado com fundamentação em material já elaborado, formado
principalmente de livros e artigos científicos, onde boa parte dos estudos exploratórios
pode ser definida como pesquisa bibliográfica. Assim, é entendido como uma atividade
que busca localizar e consultar distintas fontes de informação escrita, a qual, coleta de
dados ou informações gerais ou especificas de um determinado tema, visando o
progresso do mesmo.
A pesquisa visa demonstrar melhor compreensão do objeto de estudo através
de conceitos e métodos voltados para a importância da rotina na Educação Infantil,
bem como contações de histórias e a hora do conto e seu reflexo na escola de
Educação Infantil, com base em material já existente, utilizando-se principalmente de
livros e artigos científicos.

28
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao realizar a pesquisa sobre a contação de histórias na educação infantil,


constatou-se que é uma forma poderosa e fundamental para o professor/a utilizar
em sala de aula, pois contribuem de diversas maneiras na educação das crianças,
despertando nelas a imaginação, a criatividade, o interesse e o gosto pela leitura. A
contação de histórias é bastante significativa, porque proporciona um momento
mágico de valor educativo. Sabemos que a partir do momento em que a criança tem
acesso ao mundo da leitura, ela passa a buscar novos textos literários, faz novas
descobertas e consequentemente amplia a compreensão de si e do mundo que a
cerca.
Foi possível perceber que através da contação de histórias o professor pode
tornar a aprendizagem mais significativa e atraente para os alunos da educação
infantil, pois é na infância que as crianças estão mais propícias a desenvolver
hábitos que serão seguidos futuramente, por isso considero essencial estimular as
crianças a gostarem de ler desde bem novas. Além disso, considera-se que contar
histórias para as crianças, proporciona momentos de grande interação entre eles e o
professor, é uma forma diferente e significativa de ensinar.
Quando o professor conta histórias para as crianças pequenas está
mostrando a elas como é o mundo em que vivem, ajudando a criança a pensar,
olhar e entender um pouco daquilo que as circunda. É fundamental que a criança na
educação infantil seja estimulada a todo tempo, mantendo-se curiosa e criativa,
aprendendo de forma lúdica e significativa. O professor que utiliza a contação de
história como recurso em sala de aula aguça a imaginação das crianças,
desenvolvendo nelas a capacidade cognitiva de percepção do livro como
instrumento de informação e descontração.
Através da pesquisa realizada, percebe-se como a leitura pode ser uma
excelente maneira de trabalhar vocabulário, imaginação, criatividade e sensibilidade.
Ou seja, mais do que um prazer, ela também é fonte de aprendizado e
conhecimento. Dessa forma, as atividades lúdicas envolvendo a leitura, realizadas
diariamente pelos professores, bem como a disponibilização de livros de literatura
infantil fazem com que os primeiros contatos com a leitura sejam agradáveis e

29
divertidos. Assim, quanto mais lúdico for o trabalho com a literatura infantil, melhor
será seu impacto na formação de leitores e na aprendizagem da leitura.
Com esta pesquisa espera-se despertar nos professores de educação infantil
um interesse maior por contar histórias em sala de aula, tornando-se assim
pesquisadores de novos conhecimentos, e que conduzam a uma forma atraente e
significativa de ensinar e aprender. Então, contar e ouvir histórias continua e
permanecerá em nossas práticas e vivências, sendo aprimorada e utilizada como
recurso para conquistar o leitor, proporcionando a ele ampliar suas informações,
gerando curiosidades e pode-se estender por toda a vida. Isso requer força de
vontade, cumplicidade com a leitura de todos que fazem parte da vida de uma
criança.
Foi possível comprovar durante o trabalho na escola pesquisada, que o
espaço escolar tem muitos caminhos a serem descobertos e trilhados, mas que para
isso, é preciso parar, refletir, lançar um olhar atento para as possibilidades de
aprendizagem, que às vezes estão em segredo, escondidas nas entrelinhas de uma
história ou até mesmo de uma palavra.
A hora do conto, na educação infantil, é um trabalho que deve ser
permanente e sempre buscando a forma em que essa atividade com a leitura leve a
apreensão não somente da leitura e da escrita, mas de uma forma mais abrangente,
na qual os conhecimentos, atitudes e valores possam ser percebidos. É um trabalho
que exige aperfeiçoamento constante e mudança de postura por parte dos
educadores para que não se torne algo mecânico ou pouco atrativo.
Formar leitores autônomos é uma tarefa continua, incluindo a leitura como
hábito rotineiro na realidade dos alunos, instigando-lhes e propiciando esse contato
prazeroso com a leitura e com os livros, permitindo que o livro atue como mediador
entre a criança e o mundo e atuando como mediador entre os mesmos. Todo
aprendizado requer mediação, direcionamentos, um impulso para uma nova
formulação por parte do educando, para que este possa reconstruir e organizar o
próximo passo tornando-se capaz de avançar em direção à sua autonomia.

30
REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo:


Scipione, 1999.

ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de aula. 2. ed.


Petrópolis:
Vozes, 2001.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. 14. ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2000.

COELHO, Bethy. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 2000.

FERREIRA, Liliana Soares. Produção de leitura na escola: a interpretação do


texto
literário nas séries iniciais. Ijuí: Unijuí, 2009

GOES, Lucia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. 2. ed. São


Paulo:
Pioneira, 1991.

JARDIM, Mara Ferreira. Critérios para análise e seleção de textos de literatura


infantil. In: SARAIVA, Juracy Assman (Org.). Literatura e Alfabetização: do plano
do choro ao plano da ação. Porto Alegre: ArtMed, 2000 cap.9

LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. Tradução de Luiz


Damasco Pena e J. B. Damasco Pena. 19. ed. São Paulo: Nacional, 2001.

RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias.


Goiânia, Atlas, 2005.

31

Você também pode gostar