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FACULDADE SUCESSO

GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

ROSELI MARIA FERNANDES

METODOLOGIA UTILIZADA PARA TRABALHAR COM ALUNOS SURDOS E A


IMPORTÂNCIA DA LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS NA ATUAÇÃO
DOCENTE

SENADOR GUIOMARD - ACRE


2021
ROSELI MARIA FERNANDES

METODOLOGIA UTILIZADA PARA TRABALHAR COM ALUNOS SURDOS E A


IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS NA ATUAÇÃO
DOCENTE

Trabalho monográfico apresentado como


requisito final para obtenção da nota na
disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II do curso de Licenciatura Plena
em Pedagogia da Faculdade Sucesso.
Orientador (a): Professor Especialista
Marcelo da Silva Ribeiro

SENADOR GUIOMARD - ACRE


2021
RESUMO

O presente trabalho aborda um tema de suma importância para a promoção da


igualdade e inclusão social dos indivíduos com necessidades especiais no sistema
de ensino público, no qual tem se configurado como um grande desafio para as
escolas brasileiras. A problemática teve como ponto de discursão, a inclusão dos
alunos com deficiência visual em uma escola pública do município de Plácido de
Castro - AC, com ênfase na importância da utilização de metodologia ativas e
inovadoras para trabalhar com alunos surdos e as atribuições do docente formado
em Língua Brasileira de Sinais para o alcance dos objetivos propostos. O objetivo
dessa pesquisa é, portanto, identificar os principais desafios das escolas de ensino
público em trabalhar com a inclusão de alunos com deficiência visual, pontuando os
principais fatores e desafios dos professores sem formação em educação especial
em trabalhar com esses alunos de forma igualitária. Por isso, o assunto releva-se
também à necessidade da atuação e formação do docente em LIBRAS, para
reforçar o processo de inclusão do aluno com deficiência. Os métodos de pesquisa
fundamentaram-se inicialmente em um estudo bibliográfico (análise documental),
seguido também de um estudo de campo em duas escolas públicas do município
citado, onde na oportunidade foi realizada uma breve entrevista com 02 educadoras,
sendo uma formada em LIBRAS e outra sem formações específicas, representantes
destas instituições que trabalham com alunos especiais, visando analisar a situação
em que estas escolas de como se encontram em relação ao tema pesquisado.
Dentre os aportes teóricos que fundamentam a referida pesquisa citemos: Borges
(2004), Coimbra (2003), Toledo (2009), Carvalho (2005), Mainieri (2005), Sassaki
(2006), Mantoan (2009), Cunha (2015), Santos e Barbosa (2016), dentre outras
importantes fontes relacionadas como a Lei nº 13146 de 06 de Julho de 2015
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

Palavras-chave: Libras. Alunos Surdos. Metodologia. Atuação Docente.


ABSTRACT

This work addresses a topic of paramount importance for the promotion of equality
and social inclusion of individuals with special needs in the public education system,
which has been configured as a major challenge for Brazilian schools. The issue had
as a point of discussion, the inclusion of students with visual impairment in a public
school in the municipality of Plácido de Castro - AC, with emphasis on the
importance of using active and innovative methodology to work with deaf students
and the attributions of the trained teacher in Brazilian Sign Language to achieve the
proposed objectives. The objective of this research is, therefore, to identify the main
challenges of public schools in working with the inclusion of students with visual
impairment, pointing out the main factors and challenges of teachers without special
education training in working with these students on an equal basis. Therefore, the
subject is also relevant to the need for the performance and training of teachers in
LIBRAS, to reinforce the process of inclusion of students with disabilities. The
research methods were initially based on a bibliographic study (document analysis),
followed also by a field study in two public schools in the city mentioned, where a
brief interview was carried out with 02 educators, one trained in LIBRAS and another
without specific training, representatives of these institutions that work with special
students, aiming to analyze the situation in which these schools find themselves in
relation to the researched topic. Among the theoretical contributions that support this
research, we cite: Borges (2004), Coimbra (2003), Toledo (2009), Carvalho (2005),
Mainieri (2005), Sassaki (2006), Mantoan (2009), Cunha (2015) , Santos and
Barbosa (2016), among other important sources related to Law No. 13146 of July 6,
2015 Establishing the Brazilian Law for the Inclusion of Persons with Disabilities.

Keywords: Pounds. Deaf Students. Methodology. Teaching. Performance.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................6
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO................................................................................................................8
1.2 JUSTIFICATIVA.........................................................................................................................8
1.3. OBJETIVOS.................................................................................................................................10
1.3.1 Objetivo Geral..........................................................................................................10
1.3.2 Objetivos Específicos...............................................................................................10
1.4 HIPÓTESE....................................................................................................................................11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL...............12
2.1 Políticas de inclusão do aluno Surdo..........................................................................................13
2.2. Educação Inclusiva e o Ensino do aluno Surdo..........................................................................19
2.3. Práticas pedagógicas para educação de surdos e o papel do tradutor intérprete de Língua
Brasileira de Sinais – TILS..................................................................................................................22
2.4. Prejuízos causados na aprendizagem do aluno surdo pela ausência da Libras no seu processo
educacional......................................................................................................................................28
3. METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................................38
4. ANÁLISE E DISCURSÃO DOS DADOS................................................................39
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................44
REFERÊNCIAS...........................................................................................................45
APÊNDICE I –.............................................................................................................47
Roteiro de entrevista para o professor.......................................................................................47
1. INTRODUÇÃO

A presente proposta de estudo surge da necessidade de analisar o processo


de ensino e aprendizagem dos alunos surdos, destacando a importância do uso das
diferentes metodologias consideradas essenciais para o desenvolvimento e
interação destes no contexto educacional e social.
Vale destacar que, as profundas mudanças ocorridas na sociedade e porque
não dizer no âmbito educacional envolvendo diferentes aspectos seja cultural,
políticos, econômicos e sociais tem gerado um crescimento na busca de
conhecimentos por parte dos indivíduos para estar em sociedade, visando adequar-
se aos moldes e padrões exigidos pelo meio social. Dentre estes avanços, podemos
mencionar a aceitação dos alunos surdos no sistema público de ensino.
Seguindo este raciocínio, a educação de surdos no Brasil desde os anos de
1957 foi marcada por inúmeros fatores que são recorrentes até os dias atuais,
nestes se destacam o preconceito, a discriminação, as formas como eram tratados
dentro da sociedade e excluídos de direitos e participação com indivíduos atuantes
do meio social, sem poder fazer uso de sua própria língua materna que é a Língua
de Sinais Brasileira – LIBRAS.
Dentre as principais conquistas em relação aos direitos da pessoa com
deficiência podemos mencionar a Declaração de Salamanca (1994) sendo esta, um
marco a favor da pessoa com deficiência, assegurando uma educação de qualidade
para todos, destacando possíveis mudanças, possibilitando o pleno desenvolvimento
das pessoas que se inserem no ensino inclusivo, priorizando um desenvolvimento
igualitário sem excluir qualquer grupo de indivíduos. A Constituição de 1988 em seu
artigo 205, 208 determina que a educação tem como meta proporcionar o direito de
acesso e permanência de todos os sujeitos a adquirirem um aprendizado (BRASIL
1988).
Temos ainda a Lei de Diretrizes e Base da Educação que fala a respeito do
direito ao acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular, esta também cita que todos os
alunos tem garantia de currículos, métodos, técnicas, recursos educativos que
possam atender suas necessidades. Assim sendo, podemos perceber que a

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legislação nos mostra que todos sem exceção de classe, raça e cor, tem seus
direitos de adquiri conhecimentos para tornar-se cidadão apto no meio social.
Nessa perspectiva não poderemos deixar de mencionar uma das maiores
conquistas dos surdos que foi a Lei 10.436/02, que reconhece sua língua materna
LIBRAS como meio legal de comunicação. Nesta, apontam vários artigos que
garantem o processo de ensino e aprendizagem da pessoa surda utilizando-se de
metodologias acessíveis para o estimulo e desenvolvimento de suas habilidades,
estabelecendo também uma formação para professores, instrutores de LIBRAS e
interpretes. As instituições não se atentaram muito a esta nova legislação sendo
necessário buscar a conquista de um novo recurso, o Decreto 5.626/05, o
documento veio para fortalecer ainda mais a Lei acima mencionada fazendo valer
todos os procedimentos de recursos que se tronassem satisfatórios para o
desenvolvimento da aprendizagem incluindo a todos sem distinção para obter seus
próprios conhecimentos tornando-se cidadão aptos na sociedade.
Dessa forma, a Libras é uma língua oficial de comunicação da pessoa surda
acontecendo esse processo de interação entre surdos e ouvintes, uma das
metodologias que promove uma inclusão para todos. Assim, a LIBRAS possuí “[...]
Uma estrutura linguística diversa, viso espacial, com sintaxe, morfologia e
“fonologia” próprias [...]” (Lacerda e Santos, 2013, p.28). Percebemos que essa
comunicação com os surdos se dá pelo movimento das mãos que possui uma
estrutura linguística completa que englobam outros parâmetros que embasam
coerência nas conversações.
Seguindo este viés, podemos ressaltar a Lei 10.098/00 que trata
especificamente da acessibilidade de pessoas com deficiência, frisando
fortalecimento das Leis e decretos mencionados anteriormente que favoreceram a
inclusão e utilização de recursos que deram subsídios para acessibilidade das
pessoas surda em sala de aula.
Dessa forma, para um melhor aprofundamento da referida temática traz como
questão de estudo, quais as metodologias e soluções viáveis utilizadas pelos
professores do ensino regular para estimular o processo de ensino/aprendizagem de
alunos surdos? O referido problema de estudo se deu pelas inúmeras situações
vivenciadas como discente durante algumas disciplinas estudas que nos fizeram
conhecer um pouco do ensino na educação básica, nestas vivencias no meio

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escolar haviam alunos surdos incluídos, ficando assim certa curiosidade para
aprofundar ainda mais os conhecimentos a cerca desta pesquisa.
Para uma analise mais aprofundada fundamentaremos o referido estudo
destacando autores como: Ferreiro (1985), Bogdan Biklen (1994), Quadros (1997),
Carvalho (2000), Marconi e Lakatos (2003), Mazzotta (2005), Rodrigues (2006),
Menezes e Santos (2006), Mantoan (2009), Lacerda e Santos (2013), Mendes,
Figueiredo e Ribeiro (2015), Santos e Barbosa (2016), dentre outro arquivos como
artigos e legislações que serão de fundamental importância para a referida pesquisa.
Assim, ao se reportar a uma atuação docente com resultado significativo no
processo de ensino e aprendizagem de alunos surdos, vale ressaltar que a Libras
deve ser priorizada em todo e qualquer espaço educativo, pois a Libras deve servir
de base à apreensão de conhecimentos e, em se tratando do ensino e
aprendizagem do Português para que em seguida seja ensinada a segunda Língua
– Língua portuguesa em sua modalidade escrita.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Quais as metodologias viáveis para trabalhar com alunos surdos no processo


de alfabetização inclusiva, e qual a importância da atuação do docente formado em
Língua Brasileira de Sinais – Libras no processo de inclusão?

1.2 JUSTIFICATIVA.

A escolha do tema em estudo se deu porque é de grande relevância no


campo educacional, também porque a partir de minhas experiências cotidianas
vivenciadas nos espaços de salas de aulas com as disciplinas estudadas na
academia, possibilitou algumas indagações que me fez conhecer um pouco a
necessidade do uso de metodologias acessíveis para o aluno surdo, uma vez que
estas possibilitam o aprendizado de todos que é um direto garantido por lei.
Assim, fiquei curiosa para enriquecer ainda mais meus conhecimentos
acerca das diferentes estratégias de metodologias utilizadas para estimular
aprendizagem dos alunos surdos e com isso, conscientizar que os recursos visuais a
serem trabalhados pelos professores no espaço de sala de aula, uma vez que este

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lida com uma diversidade de pessoas, podendo estar cada vez mais ciente de suas
ações pedagógicas para atender a necessidade de aprendizagem todos que se
insere no ambiente escolar.
Esta temática me impulsiona, pelo fato de aprofundar este estudo e refletir a
questão de como vem sendo trabalhado pelos docentes nos dias atuais os
conteúdos com metodologias que estimulem a aprendizagem das pessoas surdas,
uma vez que no contexto educacional muitos procuram garantir seus direitos para
ter um sucesso na aprendizagem.
Como graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia presenciei por
vários momentos situações em que os alunos do Ensino Fundamental,
principalmente os alunos com deficiência, não conseguiam alcançar seu
desenvolvimento pleno, às vezes por falta de uma implantação de metodologias
adequadas para o ensino. Durante o curso tiveram várias disciplinas que se
inclinavam para demonstrar a forma correta de implementar o ensino, por exemplo:
metodologias Inclusivas, fundamentos da educação inclusiva e alfabetização.
Além disso, buscamos investigar por meio desta pesquisa como vem sendo
utilizado os diferentes recursos pelos professores que atuam no ensino infantil,
verificando seus propósitos para o estímulo e desenvolvimento da aprendizagem de
todos, focando especificamente para as metodologias que se tornem acessíveis
para a aprendizagem dos alunos surdos.
Sendo assim, é de fundamental importância uma investigação que busque
detectar as falhas que ocorrem no processo de ensino e aprendizagem visando abrir
novos horizontes para a utilização de métodos que se tornem algo cotidiano das
práticas pedagógicas dos docentes inseridos na educação atual, pois é sabido que o
ensino em todas as modalidades são importantes, mas a educação infantil é a base
do desenvolvimento do aluno seja ele uma pessoa com deficiência ou não.
Um dos fatores os quais acarretaram grandes inquietações a nós
pesquisadores e, sobretudo na comunidade surda, está relacionado à maneira de se
trabalhar com o ensino desse sujeito, a escola precisa garantir que sua
aprendizagem ocorra qualitativamente buscando mecanismo que possibilite sua
adequação e progressão na educação básica. A pesquisa pretende ainda conhecer
com mais detalhes o processo de inclusão os anos iniciais do ensino fundamental,

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entendendo quais as estratégias utilizadas pra o ensino inclusivo que atentam as
diferenças dos discentes.
Segundo Carvalho et all (2000, p. 70) “aponta que, na integração,
pressupõe-se que as relações entre pessoas com e sem deficiência estimulam a
solidariedade, em detrimento da piedade, de modo a inseri-las, gradativamente, nos
círculos sociais comuns”. Desse modo, a relação que a escola possui com a pessoa
com deficiência é apenas de organização escolar variando de ambientes mais
segregados, como as classes de escolas especiais, aos menos segregados, como
as classes regulares.
Para tanto, a escola segundo a lei é uma instituição social que, desde a
promulgação da Constituição Federal de 1988, busca garantir a todos o direito
acesso e condições de qualidade em seus espaços. O professor, um dos principais
representantes do processo de ensino aprendizagem, possui a responsabilidade de
buscar soluções para receber o aluno surdo e proporcionar um ensino de qualidade,
sem distinção e possibilitando a conclusão qualitativa em cada nível de ensino. Não
poderemos deixar de citar também os intérpretes de libras que têm se
responsabilizado de alguma forma em contribuir com o desenvolvimento e a
alfabetização desses alunos.

1.3. OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar as metodologias utilizadas pelos professores do ensino regular para


estimular o processo de ensino/aprendizagem de alunos surdos através da prática
docente do professor de LIBRAS no Ensino Fundamental em uma escola pública do
município de Plácido de Castro-Acre.

1.3.2 Objetivos Específicos

 Conhecer o processo de inclusão dos alunos surdos em sala comum e as


possíveis metodologias utilizadas no processo de ensino aprendizagem:

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 Identificar as dificuldades enfrentadas pelos alunos surdos durante as aulas
ministradas pelos professores em sala de aula no ensino regular;
 Analisar o quadro docente de professores formados em LIBRAS e Educação
Inclusiva disponível na escola para atender os alunos em sala de atendimento
especial.

1.4 HIPÓTESE

A legislação educacional brasileira assegura a garantia à educação na


Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro de 1988, em seu Art 6º, como
um dos direitos sociais, garantia fundamental e dever do Estado, e nos Artigos 206 e
208, define a igualdade de condições de acesso e permanência na escola, e o
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1988).
Logo em seguida, destaca-se o Decreto nº 5.626/05 que regulamenta a
referida Lei e lhe atribui outras providências. Dentre estas providências, o Decreto
visa o acesso à escola regular dos alunos surdos. E, assim, dispõe sobre a inclusão
da Libras como disciplina curricular, a formação e a certificação de professor,
instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como
segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensino
regular.
Apesar desse marcos legais, não partimos do pressuposto de que uma
legislação, por si só, possa garantir a efetiva inclusão, porém entendemos que para
vivermos em uma sociedade organizada e pacifica, é necessário que as leis surjam
e surjam motivadas pelas demandas da própria população e das várias instituições
que a representa (SASSAKI, 2006, p. 12). O autor acrescenta que, embora esse
seja um caminho, trata-se de um processo que pode levar anos para se concretizar,
pois sua elaboração está estritamente ligada a um conjunto de procedimentos e
etapas estabelecidas pelas estruturas políticas legislativas do país como votações e
análises, pareceres dentre outros.
Por isso apoiamos na hipótese de que a inclusão acontece quando a escola
oferece os subsídios necessários para que o aluno com deficiência possa aprender
de igual maneira como os alunos comuns, e nesse aspecto a figura do professor de

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LIBRAS ou com formação em Educação Especial – AEE seja um referencial nesses
processos de inclusão escolar.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL

Neste capitulo trazemos as informações a cerca dos estudos sobre


educação de surdos, abordando sobre as politicas de inclusão que se voltam para
este publico, bem como breves apontamentos históricos sobre a LIBRAS no Brasil
ressaltando algumas estratégias que se tornam favoráveis para o processo ensino e
aprendizagem.
Para tanto, faz-se necessário conhecermos e compreendermos com o se dar
todo esse processo de inclusão das pessoas com surdez no sistema educacional,
uma vez que a língua majoritária utilizada no ambiente escolar se torna estrangeira
(Língua Portuguesa) por ter como exigência aprendizagem para os mesmos como
uma segunda língua.
Foi durante a Primeira República, principalmente de 1930 em diante,
que se articulou a educação, período em que foi criado o Ministério da Educação e
da 27 Saúde, e em que o Ensino Secundário tinha a função de preparar para o
ingresso ao ensino superior. O curso técnico-profissional era marginalizado,
destinado, também, aos “surdos mudos” (art. 28 do Decreto no 16782 – A, de
13/01/1925).
A população urbana crescia com a industrialização, a burguesia era
formada por funcionários públicos, profissionais liberais, empregados do comércio,
intelectuais e militares, havendo um movimento na educação européia para a
concretização da educação pública nacional.
Ao elencar os principais marcos políticos relacionados à educação de surdos
no Brasil, a lei que emerge, inicialmente, é a popularmente chamada de “Lei da
Libras”, a Lei nº 10.436/02, segundo a qual “é reconhecida como meio legal de
comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de
expressão a ela associados” (art.1º).
Neste cenário de reconhecimento de uma língua e de uma educação
bilíngue (com tentativas de que a mesma ocorra em escolas inclusivas), a
comunidade surda se percebe chamada a colaborar para que estas práticas e

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tentativas de escolarização em uma perspectiva inclusiva se façam acontecer da
melhor forma. No entanto, há de se questionar: Quais as intencionalidades que não
se fazem visíveis nestes discursos políticos?

2.1 Políticas de inclusão do aluno Surdo.

A história da educação de surdos foi marcada por inúmeras controversas, o


preconceito e a discriminação desde início do império se estendendo até os dias
atuais. Durante muito tempo, sua identidade bem como, sua língua materna
sofreram rejeições por parte da sociedade majoritária ouvinte. Diante das inúmeras
lutas vivenciadas pelos surdos e muitos ouvintes que abraçaram a causa surda
tornando-se perceptível as mudanças ocorridas na sociedade e por não dizer no
Brasil.
As pessoas na sociedade aos poucos estão mudando suas concepções,
passando a perceber o outro como cidadãos com direitos iguais, por mais
diferentes que pareçam ser as legislações nos mostra que a educação é um
direito de todos, sem identificar suas diferenças tornando-se necessário uma
postura ética que visualize o estimulo da aprendizagem dos sujeitos (Mendes,
Figueiredo, e Ribeiro, 2015).

Acredita-se que as lutas do povo surdo tenha sido árdua, uma vez que as
discriminações e injustiças sofridas durante séculos ecoavam no ambiente inserido.
Porem com o envolvimento de ouvintes pela causa surda possibilitaram inúmeras
discussões internacionais e nacional que aos poucos apresentavam mudanças e
novas oportunidades surgiam.
A política de inclusão é baseada em documentos de grande relevância, como
por exemplo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). De acordo com
as leituras podemos dizer que a legislação preconiza que o respeito seja um dos
maiores pilares dentro de uma sociedade, com isso teremos um ambiente mais justa
de igualdade, sem preconceito e discriminação.
Seguindo o viés das legislações, podemos mencionar que a Constituição de
1988 veio fazendo uma ampliação e criação de Leis que garantiam ainda mais a
inserção das pessoas com deficiência na rede regular de ensino. Neste sentido, o

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artigo 208 confere ser dever do estado o Atendimento Educacional Especializado
aos alunos com deficiência no sistema educacional de ensino regular.
Nas palavras de Menezes e Santos (2015, p. 42), “o Oralismo é uma corrente
comunicativa muito utilizada na educação dos surdos no século XIX que perdurou
até os anos 70”.
Esse método consiste no ensino da língua materna através da imposição da
oralização nos processos de aprendizagem do surdo. Dessa maneira, neste
método é proibida qualquer manifestação que se diferencie da fala, como
ocorre na comunicação gestual e na utilização de mímicas. Portanto, o
surdo deveria utilizar a fala, os vestígios de audição remanescentes, e um
comportamento semelhante ao do ouvinte para ser aceito socialmente e
finalmente ser curado da surdez através da prática da fala.

Já a proposta de ensino bilíngüe contrapõe-se ao oralismo porque considera


a comunicação visual e gestual prioritária no ensino da linguagem. E se diferencia
da comunicação total, pois defende fundamentalmente a língua de sinais na
educação do surdo, não misturando uma manifestação lingüística com a outra.
Nesta corrente, ensina-se primeiramente a língua de sinais e secundariamente a
língua dos ouvintes, que pode ser manifesta apenas em sua forma escrita.

“A proposta de ensino bilíngüe traz como benefício integridade da


manifestação visual e gestual expondo a criança surda desde cedo a língua
de sinais, aprendendo a sinalizar tão cedo quanto uma criança ouvinte
aprende a falar” (MENEZES e SANTOS, 2015).

De acordo com a Lei N° 10.436, de 24 de abril  de 2002 em seu Art.


1° “reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados”. Em seu Parágrafo
único, entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação
e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura
gramatical própria, constitui um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos,
oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Da mesma forma, o Decreto
5626/05, dispõe que,

Art. art. 3° “A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória
nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em
nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de
ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de
ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

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No entanto, essa lei não garante a promoção de capacitação dos
profissionais da área para atender esta clientela, tornando o processo inclusivo
desafiador tanto para o aluno que está sendo inserido quando para o educador que
recebe este aluno, pois lhes faltam mecanismos para conduzir tal situação.
Buscando entender a história da educação, vemos que até o século XVIII,
grande parte das noções a respeito da deficiência estavam basicamente ligadas ao
misticismo e ao ocultismo, havendo pouca base científica para o desenvolvimento de
noções realísticas. Mazzota (2005, p.16) cita que,

Muitas pesquisas foram desenvolvidas, e estudiosos começaram a se


interessar pela educação de surdos buscando compreender métodos que se
tronam favorável para o estimulo da aprendizagem desse alunado, e isto
nos servem como base para discutir sobre os direitos dos mesmos
conhecendo as suas necessidades de metodologias a serem utilizadas no
ambiente escolar. Os estudos sobre capacitar os alunos surdos em uma
língua que lhe faça entender o mundo em seu redor, iniciou-se há muito
tempo, porém pouco desenvolvido, pois há alguns anos atrás não víamos
tanta preocupação com esses alunos.

Diante de inúmeras estratégias para alfabetizar os surdos podemos destacar


algumas correntes filosóficas que se tornavam importantes para o desenvolvimento
da aprendizagem dos mesmos. Como mostra Rodrigues (2006),

[...] O Oralismo ou a filosofia oralista pretende integrar o surdo na


comunidade de ouvintes, trabalhando para desenvolver a língua oral
(Português, no caso do Brasil). No Oralismo a linguagem se refere
especificamente à língua oral, devendo ser a única forma de comunicação
de surdos. Nesta filosofia surdez é deficiência e precisa ser minimizada,
utilizando para isto a estimulação auditiva, para o aprendizado da Língua
Portuguesa. “O Oralismo pretende fazer uma reabilitação do surdo, no
entendimento de que o normal é não surdez”. (Rodrigues 2006, p. 41).

Imaginamos diante dos escritos do autor que os surdos viveram momentos


de muita tensão, uma vez que estes eram obrigados a oralizar para ser visto como
pessoa que tivesse liberdade de conviver em sociedade.
Ainda seguindo nosso dialogo sobre as filosofias adotadas para o ensino do
aluno surdo, destacamos a Comunicação Total, esta inclui todos aspectos dos
modos linguísticos: gestos criados pelas crianças, língua de sinais, fala, leitura
orofacial, alfabeto manual, leitura e escrita. Para Sampaio (2012), essa comunicação
incorpora o desenvolvimento de quaisquer restos de audição para a melhoria das
habilidades de fala ou de leitura orofacial, através de uso constante, por um longo
período de tempo, de aparelhos auditivos individuais e/ou sistemas de alta fidelidade
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para amplificação em grupo, possibilitando o desenvolvimento da aprendizagem da
pessoa surda.
Dentre as abordagens educacionais temos o Bilinguismo, um dos
métodos mais utilizados até os dias atuais, neste foi observado a capacidade que a
pessoa surda. O bilinguismo, tal como aponta Santos e Barbosa (2016) é mais do
que o uso de duas línguas. É uma filosofia educacional que implica em profundas
mudanças em todo o sistema educacional para surdos. Segundo as autoras, “a
educação bilíngue consiste, em primeiro lugar, na aquisição da língua de sinais, sua
língua materna”.
Da mesma forma Lacerda & Santos (2013) afirmam que “o bilinguismo visa à
exposição da criança surda à língua de sinais o mais precocemente possível, pois
esta aquisição propiciará ao surdo um desenvolvimento rico e pleno de linguagem e,
consequentemente, um desenvolvimento integral”. A comunidade dos surdos está
inserida na grande comunidade de ouvintes que, por sua vez, caracteriza-se por
fazer uso da linguagem oral e escrita.

O bilinguismo propõe que o surdo comunique-se fluentemente na sua língua


materna (língua de sinais) e na língua oficial de seu país. Oral ou escrita?
Essa questão polêmica divide os educadores de surdos. No entanto, todos
concordam que o desenvolvimento cognitivo, afetivo, sociocultural e
acadêmico das crianças surdas não depende necessariamente de audição,
mas sim do desenvolvimento espontâneo da sua língua. A língua de sinais
propicia o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança surda, facilita o
processo de aprendizagem, serve de apoio para a leitura e compreensão.

A história mostra que o “diferente” foi colocado a margem da educação e da


vida social, eram excluído da escola ou atendido separadamente daqueles
considerados normais em especial dos surdos que foram vítimas de experiências
cientificas visando à recuperação da audição, período marcando por um completo
sofrimento (QUADROS, 1997, p. 20).
Atualmente não se pode dizer que todos os preconceitos e discriminações
foram eliminados, nem se pode afirmar que a inclusão social esteja acontecendo
efetivamente, porém tem-se trabalhado para que estes entraves sejam dizimados do
campo educacional mais sabe-se que não é um processo imediato mais duradouro e
que depende do empenho de todos aqueles que estão inseridos no contexto
educacional .

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Assim, os desejos da sociedade, de reivindicações se transformam em
regras, em leis e a participação da população na formulação de leis se dá através de
consultas públicas, o que significa que membros da comunidade com participação
mais ativa, influenciam no poder político, por isso os resultados são mais eficientes
quando a população se une em prol do mesmo propósito. Como cita Santos, e
Barbosa (2016, p. 19),

É nesse sentido que as leis voltadas para a inclusão caminham cada vez
mais em direção da garantia dos mesmos direitos, para que todos sejam
cidadãos bem-vindos e acolhidos na sociedade e nas escolas. Desta forma
entendemos, a partir de que as leis são uma forma de preservar os direitos.
As leis podem mudar de acordo com as transformações da sociedade, mas
os direitos são inalienáveis.

Até a década de 1980, no Brasil, seguia-se a tendência mundial do


atendimento educacional separado com vias a integração, por conta das diferenças
linguísticas e do aspecto predominante da reabilitação auditiva e oral. A perspectiva
integracionista foi registrada na:
a) Constituição da Republica Federativa do Brasil (1988).
b) Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).
c) Política nacional para integração da pessoa portadora de deficiência
(1989).
Já na década de 1990, verificamos a perspectiva da inclusão social com
outros dispositivos que regem a Educação, como:
d) Declaração de Salamanca, sobre Princípios, Políticas e Práticas em
Educação Especial (1994), que resultou de uma Conferência Mundial Sobre
Necessidades Educativas Especiais, confirmando a necessidade da ação educativa
para todos, de forma a atender toda diversidade.
e) Política Nacional de Educação Especial (1994). f) Plano Decenal de
Educação para Todos (1994). A Declaração de Salamanca inicia a discussão sobre
“escola inclusiva”, mas parece ter sido esquecido o que estabelece no artigo 2:

2. Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as


diferenças e situações individuais. A importância da linguagem de sinais
como meio de comunicação entre surdos, por exemplo, deveria ser
reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as
pessoas surdas tenham acesso à educação em sua língua nacional de
sinais. Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e
das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode ser mais
17
adequadamente provida em escolas especiais ou classes especiais em
escolas regulares. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994).

Como sabemos, no Brasil, a mais recente das reformas educacionais, a Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), no 9394/96, reserva uma
discussão sobre a Educação Especial, mas parece não levar em consideração o
desenvolvimento lingüístico da pessoa surda, tal como apontado pela Declaração de
Salamanca.
A LDB apresenta, como principal característica, a flexibilidade com uma
amplitude tal que torna difícil a sua operacionalização por conta da abertura para
diferentes interpretações possíveis. Ao se referir aos educandos com necessidades
especiais, se faz mais abrangente ainda, pois todos os que realmente têm alguma
deficiência pertencem a esse grupo, o problema é o uso de silogismo que surge ao
se trabalhar com esses termos (BRASIL, 2005).

Desponta, nesse período, o movimento de educação inclusiva, designação


pela qual se entende o deslocamento do foco da criança para o meio social, a
escola que, de alguma maneira, não atendeu à especificidade de grupos
diferentes. Pertencente a essa categoria está todo grupo que, até então, fora
excluído do acesso educacional por aspectos orgânicos, linguísticos, culturais
ou econômicos (FALVEY, GIVNER, KIMM,1999, p. 35)

É interessante destacar que inclusão social tem a ver com políticas


públicas, as quais são formuladas a partir das leis. Então, é através de políticas
públicas que as leis alcançam formas de se concretizarem. Seu principal objetivo é a
conquista e manutenção dos direitos sociais. Entendemos por políticas públicas um
conjunto de projetos e programas governamentais, ou seja, são ações públicas
realizadas pelo governo para atender e solucionar problemas e questões da
coletividade. Assim, entendemos que uma ação pública possui uma relação direta
com a vida coletiva.
Busca-se assim através do decreto nº Decreto nº 5.626, de 22 de dez. 2005
eliminar as barreiras que dificultam a participação dos estudantes surdos na escola
visando o seu pleno desenvolvimento, respeitando suas particularidades linguísticas.
Tal decreto incentiva e busca difundir entre a comunidade escolar a Libras, e
garantir a utilização da Língua Portuguesa como segunda língua para os surdos, na
intenção de garantir o acesso e permanência do aluno surdo ao ensino. Os
estudantes ainda têm o direito, em um turno diferenciado, ao atendimento
educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular,
18
com utilização de equipamentos e tecnologias de informação (Art.22. § 2º) o qual
deve ser oferecido também aos demais estudantes que não são usuários da Libras.

2.2. Educação Inclusiva e o Ensino do aluno Surdo.

O processo de inclusão das pessoas com deficiência passou por várias


etapas em relação aos tratamentos sociais e educacionais. Primeiramente, o
desprezo e diversas formas de exclusão, posteriormente, um atendimento baseado
na medicina, seguido da normalização, integração e atualmente a inclusão. Nesse
sentido, Mazzota (2005, p.16) relata que “até o século XVIII, as noções a respeito da
deficiência eram basicamente ligadas a misticismo e ocultismo, não havendo base
científica para o desenvolvimento de noções realísticas”.
Ainda que recentemente, o Brasil, regulamentou a Língua Brasileira de
Sinais - LIBRAS, estabelecida como meio de comunicação de surdos, com uma
ressalva de que “A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a
modalidade escrita da Língua Portuguesa”. Parágrafo único do Art. 4 Lei 10.436 de
24 –04 –2002. Registre-se que, essa Lei, não inclui a modalidade oral da Língua
Portuguesa, o que nos leva a refletir sobre as mudanças na educação de surdos,
pois o que, até então, era essencial no ensino, agora é descartado, valorizando-se,
nesse momento, apenas o ensino da leitura e escrita da Língua Portuguesa.
As pessoas surdas recebiam o mesmo tratamento, pois, de acordo com os
conhecimentos alcançados até esse século, o pensamento não poderia se
desenvolver sem a linguagem, por este motivo as pessoas surdas eram vistas como
incapazes de pensar e, por conseguinte, ficavam proibidas de herdar bens
financeiros e de constituir família.
Segundo Mazzota (2205), observa-se um consenso social pessimista,
fundamentado essencialmente na ideia de que a condição de “incapacitado”,
“deficiente”, “inválido” é uma condição imutável, levou à completa omissão da
sociedade em relação à organização de serviços visando o atendimento às
necessidades individuais, específicas dessa população.

O povo surdo já existia, voltando muito mais no tempo, centenas de


gerações antes de vocês desenvolveram conhecimentos e realizarem
transformações que produziram a comunidade surda. No entanto, tem muito
mais que ainda precisa ser aprimorado e criado, e para essa tarefa é de
importância fundamental o conhecimento do passado, o saber histórico.
19
Esta conquista, a memória viva que define o nosso presente, fornecerá
artefatos culturais que permitirão alterar para melhor o mundo do povo
surdo.

Os primeiros atendimentos a pessoa com deficiência ocorreram na Europa,


medidas que ocasionou mudanças na atitude dos grupos sociais e que se
concretizaram em medidas educacionais. Essas medidas educacionais foram levadas
para o Estados Unidos e Canadá e, posteriormente, para outros países, inclusive para o
Brasil. (MAZZOTA, 2005, p. 20).
No Brasil, o início da educação especial foi marcado pelo caráter
assistencialista, podemos observar nesse momento a criação de várias associações e
institutos. Posteriormente, medidas preventivas e curativas, ocorridas em abrigos,
conduziram ao atendimento educacional em organizações assistenciais e terapêuticas.
Durante o século XIX, o atendimento realizado ao deficiente era chamado
médico-pedagógico e buscava modelar a pessoa no sentido de satisfazer os padrões
estabelecidos pela sociedade. Posteriormente, esse atendimento, passou a ocorrer em
instituições de ensino, sendo confirmado como educação integrada ao sistema de
ensino concretizando como educação se integrando no sistema de ensino.
Hoje em vários lugares do Brasil as salas de aulas são completas com
profissionais de libras, onde cada aluno surdo tem direito a um profissional para lhe
acompanhar e interpretar a aula, assim tanto o aluno surdo entende a aula melhor,
como os demais alunos ditos ouvintes, aprendem a se comunicar com o deficiente.
Mas para que os surdos tenham total envolvimento com o ambiente dos
oralistas, eles precisam no mínimo entender o que se passa, isto só é possível com
o acompanhamento de um profissional e se adequar as expectativas de desenvolver
a língua de sinais. Um dos passos que pode dá certo, é o estudo das libras, já que é
a língua materna dos alunos com deficiência auditiva, sem dúvidas irá facilitar na
alfabetização desses alunos.
Os conhecimentos linguísticos dos surdos (especificamente da pessoa com
surdez profunda) podem apresentar sérias deficiências no que se refere ao domínio
de suas estruturas, sobretudo na produção escrita, caso não sejam mediados
adequadamente.
A história mostra que o diferente foi colocado à margem da educação e da
vida social, em especial os surdos, vítimas de experiências científicas voltadas para
a recuperação da audição, período marcando por um completo sofrimento. Vimos,

20
então, o aluno deficiente excluído da escola ou atendido separadamente daqueles
considerados normais.
Para Ferreiro e Teberosky (1991, p.26), “a criança é um sujeito consciente,
um sujeito ativo e capaz de buscar o conhecimento”. Atualmente não se pode dizer
que todos os preconceitos e discriminações foram eliminados, nem se pode afirmar
que a inclusão social e escolar esteja acontecendo efetivamente, porém tem-se
trabalhado para que estes entraves sejam dizimados no campo educacional, embora
exista a consciência de que as mudanças são processuais, e não imediatas mas
duradouras e que dependem do empenho de todos aqueles que estão envolvidos
com a educação escolar desse aluno.
No cerne da discussão do ensino de Surdos muito se debate que a Libras
deve compor as principais ações escolares na sua educação. Mas, “é direito das
pessoas surdas o acesso ao aprendizado da Libras desde a educação infantil para
sua apropriação de maneira natural e ao longo das demais etapas da educação
básica” (MAZZOTTA, 2005, p. 15). Segundo o autor,

[...] pelo fato das crianças surdas ingressarem à escola sem de fato terem
adquirido uma língua, a instituição escolar deve fomentar o acesso à Libras
por meio de interação social e cultural com indivíduos e grupos surdos.
Pouco antes do reconhecimento em lei da Libras enquanto língua, pontuara
Quadros (2000) que o ensino da Libras a Surdos no nível de alfabetização
tem o sentido de que sua ocorrência se dá para aprendê-la, por ela
aprender e, sobre ela aprender.

Pensando desta forma, um instrumento que auxilia no trabalho de ensino de


Libras de maneira contextualizada à realidade visual, geográfica, sensitiva e social
do aluno surdo é a fotografia. Onde, segundo Silva e Silva (2015), os próprios alunos
podem utilizar o equipamento fotográfico e registrar momentos vivenciados por eles
nos contextos internos e externos à escola capturando os signos propostos em
Libras daquilo à sua volta.
Contudo Sampaio (2012, p. 78) argumenta que, “atualmente, temos
conquistado importantes avanços nos movimentos políticos educacionais voltados à
inclusão”. Na visão do autor, o cenário demonstra que a escola e a sociedade estão
reconhecendo as especificidades dos estudantes, o que pode representar maior
oportunidade para práticas de inclusão. Tais mudanças no quadro educacional,
possibilita a atuação de profissionais que desempenham um papel de apoiadores na

21
luta em defesa dos Direitos humanos e que promovam ações capazes de fortalecer
a inclusão de todos nos espaços escolares.
Neste processo árduo são discutidos os direitos e/ou deveres da sociedade,
contudo, a decisão está nas mãos de um determinado grupo de sujeitos
(legisladores) ao qual é depositada a confiança e expectativa de que haverá defesa
dos direitos fundamentais da população.
Mainieri (2005, p. 25) comenta que,

Os estudos sobre a Língua de Sinais têm contribuído para formar o status


lingüístico dessa modalidade de estudo, consequentemente, cresce o
orgulho e reconhecimento dos surdos sobre sua própria língua, havendo
uma abertura à sociedade para que a aprendam. Entretanto, ingenuidade à
parte, sabe-se que as decisões políticas são engendradas por forças.

Vale considerar que, somado a esforços políticos, podemos proporcionar uma


mudança, com o aumento de intérpretes de língua de sinais, o que revela a
mudança radical de subordinação dos surdos à Língua Portuguesa oral e
reivindicação pelo direito de ser educado e ter acesso às informações em sua
língua.
Neste cenário, poderíamos pensar que esta estratégia política além de, ou,
antes de estar preocupada com a inserção do sujeito surdo nas escolas regulares,
está criando estratégias de convencimento de que um movimento de educação
inclusiva é possível e é a melhor alternativa para todos. Dizemos da intencionalidade
de criar movimentos constituídos por “procedimentos, análises e reflexões, cálculos
e táticas que permitem exercer essa forma de exercício do poder que tem, por
objetivo principal, a população; por forma central, a economia política; e, por
instrumento técnico essencial, os dispositivos de segurança” (COIMBRA, 2003, p.
90).

2.3. Práticas pedagógicas para educação de surdos e o papel do tradutor


intérprete de Língua Brasileira de Sinais – TILS.

O desenvolvimento de práticas pedagógicas no atual contexto educacional


precisa ser priorizado de atividades desafiadoras, que busquem nos alunos a
capacidade de criação, de descoberta e de construção de conhecimentos. Nessa
perspectiva, a utilização de recursos como o uso de computadores, cartazes e
imagens, para os alunos surdos, pode proporcionar uma estratégia de ensino e
22
desenvolvimento de atividades que possibilitem o desenvolvimento intelectual
desses alunos. Para Lodi (2013, p. 53),

[...] a Libras além de ser a língua de interlocução entre professores e alunos,


também é a língua de instrução, responsável por mediar os processos
escolares, e a escrita do português nos processos educacionais como
decorrente da organização pedagógica, na medida em que as atividades, os
textos complementares à sala de aula e os livros didáticos indicados para
leitura são escritos em português, o que lhe garante também status de
língua de instrução.

Com o uso de computadores, por exemplo, o professor tem maiores


possibilidades de compreender o caminho mental percorrido pelo aluno, ajudando-o
a interpretar as respostas dadas pelo computador, questionando-o sobre as mesmas
e propondo-lhe desafios que o levarão à construção do conhecimento (MENEZES,
2006).
O texto da nova política nacional, a educação especial é definida como
modalidade não substitutiva à escolarização e amplia o serviço de educação
especial como um conceito de atendimento educacional especializado,
complementar ou suplementar à formação dos alunos, ofertado no contraturno por
professores especializados, disponibilizando os serviços e recursos próprios para
orientar os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do
ensino regular. Esclarece ainda,

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a


constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo
os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação (BRASIL, 2008, p. 15).

Assim, ao nos referirmos à educação de surdos, constam nas diretrizes da


Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: Para
a inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação bilíngue - Língua
Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua
de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade
escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua
Portuguesa e o ensino da Libras para os demais alunos da escola (Lei nº 10.098, de
19 de dez. 2000. ).
Outro modelo de estratégias e atividades de ensino no processo de inclusão
de alunos com deficiência no ensino regular é o jogo. Este contribui para a interação
23
e para o desenvolvimento da aprendizagem. Sobre isso, Falconi e Silva (2002, p.19)
ressaltam,
[...] a importância dos jogos quando mencionam que o brincar faz parte do
ser humano em toda e qualquer idade, fundamental para o
desenvolvimento, pois estimula a construção do conhecimento, sabemos a
importância do Lúdico para os alunos com deficiência, principalmente para
os surdos.

Os autores mostram que as diferentes metodologias utilizadas em sala de


aula permitem ao aluno criar e construir sua forma de aprender, desenvolvendo a
capacidade de observação, comparação e atenção. Além destes aspectos, o jogo
consente a elaboração de estruturas como classificação, ordenação, estruturação,
resolução de problemas e estratégias de leitura e de escrita.
Para além, podem contribuir para o professor incluir seu aluno com
deficiência, para sua construção de conhecimento e autonomia, faz-se necessário o
comprometimento do profissional de educação em adotar procedimentos
pedagógicos visando à descoberta do aluno em suas dificuldades. Segundo Flavey,
Givner e Kimm (1999), em estabelecimentos educacionais inclusivos, o ensino deve
estar concentrado nas potencialidades, nos interesses e nas necessidades dos
alunos.

As estratégias utilizadas na sala de aula para melhorar ou facilitar a


aprendizagem e o desenvolvimento do aluno acontecem quando o professor
aceita o seu aluno, passando a utilizar metodologias inclusiva e isso
acontece tanto partindo do ponto da organização do espaço e dos aspectos
físicos da sala de aula, como também a seleção, a adaptação e a utilização
de equipamentos de forma a favorecer a aprendizagem de todos os alunos
(Flavey, Givner e Kimm, 1999, p. ).

Nessa perspectiva de pensamento, Carvalho (2000), pontua que as barreiras


para aprendizagem não existem, apenas, porque as pessoas sejam deficientes ou
com distúrbios de aprendizagem, mas decorrem das expectativas do grupo em
relação entre os aprendizes e os recursos humanos e materiais, para atender às
necessidades. As barreiras à aprendizagem dependem do contexto onde são
criadas, perpetuadas ou, muitas vezes e felizmente eliminadas.
Com nossas experiências no ambiente escolar, podemos comprovar estes
pontos, onde as próprias pessoas envolvidas ao processo de ensino aprendizagem
desses educando, criam essas barreiras, muitas das vezes chegam a desacreditar

24
na capacidade dos alunos com algum tipo de deficiência, talvez a luta não seja
apenas das famílias, nem dos professores, mas de todas as pessoas que a cercam.
Carvalho (2000, p. 51) acrescenta ainda que,

[...] essas barreiras não estão apenas nos alunos ou nos professores ou nas
relações entre eles e entre a escola e as famílias mais existente em todos
os componentes do sistema educativo. Assim, é necessário que sejam
desenvolvidas diferentes estratégias de ensino-aprendizagem para qualquer
que seja as deficiências que possam ser encontradas em sala de aula ou na
escola, mas que essas estratégias aconteçam de forma a proporcionar ao
aluno melhor interação, participação e desenvolvimento deste nas
atividades propostas, possibilitando-lhe o acesso ao conhecimento.

Através da utilização das estratégias é estabelecido o que é necessário para


desenvolver e resolver as atividades apresentadas e determinar quais as técnicas
mais adequadas para se utilizar na execução das mesmas no processo de
aprendizagem. As pessoas envolvidas a este processo, precisam inovar as
metodologias, fazendo uma auto avaliação no decorrer das atividades, e também ao
concluir, assim saberá se realmente o aluno deficiente aproveitou e se beneficiou
gerando aprendizagem.
Em uma sala de aula onde existe aluno com deficiência, o planejamento tem
que acontecer de acordo com as necessidades desse aluno, pois sabemos a
importância das adaptações no planejamento para que aconteça o aproveitamento
desse aluno nas disciplinas ofertadas. “Atualmente, a crescente inserção de Surdos
nos espaços escolares requer que a Escola os conceba não como meros indivíduos
presentes nestes ambientes, mas, como sujeitos constituídos de direitos, que
possuem especificidades próprias na maneira de conceber o mundo, de se
comunicarem e, principalmente, nas formas de serem ensinados e de adquirirem o
conhecimento” (RODRIGUES, 2006).

Observa-se, não obstante, na escola, o início da aceitação da Língua de


Sinais, e quanto mais estudos nesse campo, melhor será a compreensão
das peculiaridades da Língua de Sinais. Esta, porém, não é a língua
legítima do sistema de ensino, nem constitui o objeto de sanções, materiais
ou simbólicas, pois ela é vista como um recurso de que dependem os
surdos para chegar à competência no âmbito da cultura legítima, ou seja, do
aprendizado da Língua Portuguesa escrita.

Por essa razão, não se produz na escola o estudo e conhecimento das regras
e gramática da língua de sinais, a “primeira língua” dos surdos (dentro de uma

25
proposta bilíngüe), porém a Língua Portuguesa (norma culta), essa sim, constitui
parte integrante dos pressupostos e acompanhamento obrigatório da escola como
produto legítimo a ser barganhado.
Logo, frequentemente nos ambientes regulares de ensino onde há Surdos,
onde segundo Sassaki (2006, p. 20) “os professores não são e nem recebem
treinamentos para serem capacitados a ministrar aulas para alunos surdos. A
realidade é que os alunos com acabam ficando frustrados por não compreenderem o
que está sendo repassado”.
Tão logo, não se vê descrição mais significativa, se não a de que, o
desenvolvimento de âmbito acadêmico e social do indivíduo surdo está intimamente,
no contexto escolar, ligado à condição de estímulo ao uso de sua língua natural e
uso efetivo dela pelo professor regente nas ações didático-pedagógico concebendo-
o como pessoa, como ser em desenvolvimento e cidadão dotado de direitos
representados na figura do aluno.
Sendo assim, é importante, também, como forma de incentivo a esta prática,
ressaltar que:
[...] o professor deve ser capaz de conceber-se como agente de mudanças
do contexto social, já que seu papel extrapola o mero repasse de
conhecimentos, sendo, sobretudo, o de formar de cidadãos [...] sua atuação
está comprometida com as condições da escola e com a qualidade de sua
formação acadêmica. É ele, o professor, a autoridade responsável pelo
processo de ensino aprendizagem se seus alunos (MEC,
1993, apud PIRES, 2005, p. 15).
E, em se tratando do valor que a capacitação em Libras traz ao professor,
este, ao fazer parte deste universo, de acordo com Motta e Gediel (2016) possui
habilidade de construir metodologias apropriadas para o alcance do propósito de
ensino e aprendizagem considerando a diferença cultural entre ouvintes e Surdos no
espaço educacional. Assim, cada vez mais é necessário que profissionais da
educação, em especial os professores, conheçam, estimulem o uso e utilizem a
Libras no ensino de Surdos.
Entende-se, então, que o currículo é o registro feito a partir da pesquisa das
necessidades sócio-culturais dos educandos, onde são determinados objetivos,
conteúdos, atividades de aprendizagem e meios de avaliação, ou seja, a totalidade
de experiências do aluno pelas quais a escola é responsável. Verifica-se, no
entanto, que o currículo proposto aos alunos surdos, quais abordagens que

26
embasaram a tentativa de estabelecimento de planos de trabalho e a definição dos
fins que os alunos deveriam atingir no processo de desenvolvimento.
Segundo Carvalho (2006, p. 29),

a Língua de Sinais, nesse período, no Brasil, denominada linguagem


mímica, é alvo de várias críticas, com uma caracterização da língua de
sinais um tanto quanto reducionista e considerada perigosa ao
desenvolvimento da escrita. Considerada, também, simplificada e com erros
gramaticais, podendo somente transmitir expressões concretas, reafirma a
concepção de língua como um sistema com regras determinadas e
concepção de instrumento de comunicação.

A partir dessas afirmações a proposta do oralismo se fortalece. O oralismo é o


“processo educacional pelo qual se pretende capacitar o surdo a compreensão e na
produção da linguagem oral e que parte do princípio de que o indivíduo surdo,
mesmo não possuindo o nível de audição para receber os sons da fala, pode se
constituir como interlocutor por meio da linguagem oral” (CUNHA, 2015, p. 08).
Segundo Lodi (2013, p. 57), os oralistas defendem o ensino da língua oral,
como situação ideal para integração do surdo na comunidade geral. Visa a
integração da criança surda na comunidade de ouvintes, dando-lhe condições de
desenvolver a linguagem oral, percebe a surdez como uma deficiência que deve ser
minimizada por meio da estimulação auditiva. Nessa proposta, a criança, desde a
mais tenra idade, já deve ser submetida a um processo de reabilitação que inicia
com a estimulação auditiva e que consiste no aproveitamento dos resíduos auditivos
para possibilitá-la na discriminação dos sons que ouve.
Algumas metodologias são utilizadas, como: a leitura oro-facial, vibração
corporal para chegar a compreensão da fala. Nesse aspecto, Perlin (2006, p. 49)
mostra que,

O processo de mediação contempla a relação com o outro e diz respeito,


sobretudo, à apropriação de instrumentos físicos e psicológicos que
proporcionam o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, em
um contexto sociocultural. Os signos representam a constituição de um
conjunto de conhecimentos no percurso da história social para a individual.
Na relação com os adultos, a criança reconstrói internamente as formas
culturais de ação e pensamento, palavras, valores e significados. Essa
compreensão é fundamental para sublinhar a importância da mediação
docente, bem como realizar um contraponto com posicionamentos que
defendem o fato de que as experiências adquiridas no contexto cultural não
influenciam as capacidades cognitivas.

27
Em outras palavras, o aluno surdo, diante da nova forma de se pensar a
educação, possui, neste contexto, o direito de aprender ou ser trabalhado
pedagogicamente como aluno surdo que possui aspectos linguísticos diferenciados,
a língua de sinais que é a sua língua natural. Quadros (1997, p. 72) escreve que “o
desenvolvimento humano não ocorre simplesmente com a relação direta do sujeito
com o objeto, mas a partir de uma relação mediada. Não resultam diretamente da
ação do indivíduo sobre a realidade, mas da mediação deste indivíduo com outros
sujeitos e com o meio no qual estão inseridos”.
Assim, Mazzotta (2005) defende que, uma educação voltada para alunos
surdos precisa considerar a língua de sinais como artefato cultural, entretanto para
conquistar o direito de se comunicar na sua língua visual espacial, os surdos
passaram por opressões, discriminações e resistências.

Como sabemos na Antiguidade os surdos eram vistos como incapazes de


desenvolver o pensamento, com um tempo à sociedade acreditavam que
através da fala é que se poderiam pensar, então os ensinaram pelo método
Oralismo, e assim no Congresso de Milão em 1880, foi discutido e
determinado à proibição da educação de surdos através da língua de sinais,
e assim os surdos foram obrigados a serem alfabetizados pelo método
oralista, mas não prosperou.

Atualmente lutar por uma escola inclusiva, principalmente para surdos, tem
que refletir a situação sociolinguística, a acessibilidade para os surdos, que não se
garante apenas com o intérprete na sala de aula, a língua de sinais precisa está
articulada com os conteúdos trabalhados durante o currículo escolar, trabalhar com
projetos que ultrapasse as paredes da sala e envolva toda a comunidade escolar
(SAMPAIO, 2012). A língua de sinais inserida na comunidade ouvinte promove
acessibilidade aos surdos, visto que os mesmos buscam soluções para lacunas de
questões que são relevantes, seja em suas residências e no meio social como um
todo, então, compartilhar informações se destaca como uma característica da cultura
surda.

2.4. Prejuízos causados na aprendizagem do aluno surdo pela ausência da


Libras no seu processo educacional

Se formos elencar o quão grave é a exclusão nos estenderíamos a um


discurso interminável. São diversos os prejuízos causados à formação do indivíduo
28
surdo nas variadas esferas da vida social quando não respeitadas suas
especificidades que se apresentam também, de variadas maneiras como afirma
Kalatai e Streiechen (s/d, p. 15). Porém, os que desencadeiam em âmbito
educacional/escolar também são refletidos em outros campos, visto o convívio
escolar ser o mais intenso para ele depois do familiar.
No contexto escolar, o ingresso tardio, a baixa assiduidade, o abandono, ou o
uso de pouca ou nenhuma metodologia de ensino adequada à sua condição
refletem seus próprios prejuízos educacionais (MANTOAN, 2009). Além disso, o
preconceito linguístico existente entre profissionais da escola e o aluno surdo, por
ausência de Libras como meio de comunicação, também figura prejuízo de
aprendizagem (GONÇALVES; FESTA, 2013).
Neste cenário, no qual não se contempla a língua materna do Surdo, segundo
apontam Luccas, Chiari e Goulart (2012) uma comunicação deficitária o
impossibilitará, no âmbito escolar, de adquirir habilidades de leitura e escrita que
afetarão seu desenvolvimento do campo linguístico ao profissional. Como também,
“a falta de domínio de uma língua comum entre surdos e ouvintes dificulta, e até
mesmo, impede a interação, a comunicação e a própria construção do
conhecimento” (MAZZOTTA, 2005, p. 20).
Nas palavras de Lacerda Santos (2013, p. 111)

[...] a somatória destas situações corrobora ao fato de muitos Surdos não


terem acesso a elevados níveis acadêmicos mesmo comprovadas suas
potencialidades de desenvolver competências e habilidades igualmente a
pessoas ouvintes. Como resultado, vê-se o Surdo, mesmo integrado ao
contexto educacional, de certa forma permanecer à margem do dever da
escola de promover meios de acesso e permanência a ela à população, o
que incide, inevitavelmente, em prejuízos na sua formação educacional,
cidadã e no desrespeito aos seus direitos de sujeito singular do ponto de
vista cultural e linguístico.

Sem dúvidas a inclusão é um desafio muito árduo, tendo em vista que as


necessidades especiais são muito variadas, e cada caso possui suas características
próprias e únicas, o que resulta em ritmos de aprendizagem diferente dos alunos
sem deficiência (CARVALHO, 2005). Nesse caso, o desafio maior está sendo tornar
a escola de fato inclusiva segundo o que determina a lei, e isso nem sempre
depende dos gestores, educadores, e da família, mas dos órgãos governamentais.
Assim como as demais deficiências, a inclusão de alunos com Deficiência
Visual na rede pública de ensino não tem sido uma tarefa fácil, em especial nas
29
escolas públicas, carentes de recursos e profissionais qualificados. “Esta é também
a principal questão de discussão entre muitos professores, pois em geral, estes
dizem que não receberam em seus currículos de formação, preparo adequado para
trabalhar com estes alunos”.
Carvalho (2005) afirma ainda que, para que o processo de inclusão possa ser
direcionado ao atendimento eficaz dos alunos que apresentam necessidades
especiais, no atual modelo escolar brasileiro, deve-se repensar a escola e suas
práticas pedagógicas, visando o beneficio de alunos e professores. Nessa
perspectiva, Sassaki (2006) define Educação Inclusiva como,

[...] uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em


defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e
participando, sem nenhum tipo de discriminação. Incluir não significa que o
aluno deva se adaptar à escola, mas sim que o contexto escolar e o
processo ensino – aprendizagem devem ser adaptados para esse aluno,
buscando facilitar novas situações de aprendizagem, provocar mudanças
internas nos esquemas de conhecimento, favorecendo, através de
diferentes estratégias, a construção do saber (SASSAKI, 2006, p. 16).

Sob a ótica dessa citação, muitas escolas no Brasil encontram-se em


condições impróprias e inadequadas para ofertar a inclusão. A falta de estrutura
física, carência de material, e de profissional qualificado estão entre os principais
fatores para que a educação inclusiva ainda não seja efetuada da forma como
manda a lei.

Considerando que a inclusão escolar não é apenas a garantia de uma vaga


na escola regular, grande parte das instituições públicas do país passam por muitos
desafios para promover uma educação de qualidade em relação aos objetivos dessa
inclusão. Considerar os benefícios possíveis a todos os envolvidos e como oferecer
um ensino que estimule as potencialidades de todos os alunos.
De acordo com o Art. 2º da lei n° 13.146, de 6 de Julho de 2015,
“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma
ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas”.
Para Rodrigues (2006, p. 11),

30
[...] mesmo diante de tantas dificuldades, as escolas da rede pública de
ensino têm pleno conhecimento das leis acerca da inclusão bem como da
obrigatoriedade da garantia de vaga para os alunos com necessidades
educacionais especiais, no entanto apontam alguns entraves pelo fato de
não haver a sustentação necessária, como por exemplo, a ausência de
definições mais estruturais acerca da educação especial e dos suportes
necessários a sua implementação [...].

Em relação a essa citação, o problema de algumas instituições públicas é que


estas acreditam que o único objetivo é cuidar para que os alunos especiais estejam
bem alimentados, para que não se machuquem nas brincadeiras, etc. Da mesma
forma, Santos e Barbosa (2016) argumentam que [...] o processo de inclusão, não
se trata apenas de criar uma estrutura especial para o atendimento desses alunos,
mas, sim, de assegurar-lhes o direito à inclusão social e educacional,
disponibilizando recursos físicos, humanos e materiais para o atendimento de todos.
Segundo (2009, p. 18), “o grande desafio da escola inclusiva é colocar-se no
lugar do outro, ou seja, compreender suas limitações, seu ponto de vista, suas
potencialidades e motivações, desenvolvendo dessa forma, atitudes de
solidariedade e capacidade de conviver com as diferenças, garantindo a todos os
alunos condições de aprendizagem, seja por meio de intervenção pedagógica ou de
medidas que atendam as necessidades individuais”.
Como já foi mostrado, as escolas públicas brasileiras possuem um histórico
de escassez de recursos muito grande. Frente a essas dificuldades encontram-se o
ensino inclusivo, no qual a maioria não está preparada para ofertar. Salienta-se que,
muitas vezes há profissionais disponíveis e capacitados. No entanto, o autor Cunha
(2015, p. 15), cita que,

[...] O professor por mais inclusivo que ele seja ele não consegue incluir o
aluno sozinho, a participação de todos é fundamental para um melhor
desenvolvimento dentro da comunidade. É necessário tanto a escola como
esses centros de apoio possam mudar pensando no que fazer pra quem
fazer e como construir uma sociedade inclusiva, usando sua técnica junto
com os materiais oferecidos pela escola ou instituição, o professor pode
repensar sua prática pedagógica junto com a equipe escolar [...]

Em síntese a educação inclusiva se faz com a participação de todos (escola,


pais, comunidade em geral). Nisso, os desafios se encontram engajados no
distanciamento de ambos. Carvalho (2005) comenta, por exemplo, que, o momento

31
na sala de aula deve ser o principal, pois é onde o aluno passa pela adaptação para
chegar a ser um espaço inclusivo.
Rodrigues (2006, p. 9), salienta que os educadores precisam estar em
constante formação, a fim de buscar práticas que atendam às necessidades de cada
um, garantindo acesso e permanência na escola, pois o professor que tem em sua
sala uma criança com surdez ou outra deficiência precisa planejar suas aulas onde
todos estejam incluídos, pois o aluno com deficiência não é apenas responsabilidade
do segundo professor, mas de todos.
Conforme determina o Art. 59. da LDB (Lei N°9394/96),

“Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação: I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos, para atender às suas necessidades; II –
terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa
escolar para os superdotados; III – professores com especialização
adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem
como professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns; IV – educação especial para o trabalho,
visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como
para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora; V – acesso igualitário aos benefícios dos
programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do
ensino regular”.

Vê-se claramente que muitos desafios e dificuldades relacionados à inclusão


se a lei fosse colocada em prática como está determinada. Claro que não se pode
comparar as escolas da rede pública com instituições particulares. Além da falta de
estrutura de forma geral, muitas dessas escolas localizam-se em zonas de difícil
acesso, o que automaticamente isola muitos alunos.
Da mesma forma, Mainieri (2005), salienta que, de nada adiantaria promover
metodologias inovadoras e materiais de apoio de última geração se não houver um
preparo dos docentes que atuam em sala, bem como, de toda a comunidade escolar
para a acolhida do aluno com necessidades especiais.
Sendo a temática dessa pesquisa, os desafios são ainda maiores quando se
trata da inclusão de alunos com necessidades educativas especiais relacionadas à
visão. Como mostra Toledo (2009), o ensino e aprendizagem dos alunos cegos e
com baixa visão, é uma realidade extremamente desafiadora para as escolas da
32
rede pública de ensino, quase sempre voltada para a falta de metodologias, material
braile, profissionais capacitados, e outros recursos necessários.

No processo de construção do aprendizado das crianças com surdez, os


professores devem trabalhar com objetos que tenham algum significado
para eles, os quais contribuam para que determinadas situações seja
lembradas. Lembrando também que estes sujeitos necessitam de materiais
específicos que auxiliem no seu desenvolvimento durante este processo, o
qual cabe à escola organizar as formas de oferecer acessibilidade a estes
educandos (TOLEDO, 2009, p. 12).

Como consequência dessa realidade educacional surge o insucesso escolar,


a exclusão e a evasão destes estudantes. Isso porque o aluno com surdez utiliza
especialmente o tato para obter as mais diversas informações, o que desperta
muitas vezes curiosidade e inquietação. “Para isso, faz-se necessário que o
professor e a escola faça inicialmente a adaptação de vários materiais, dentre eles a
LIBRAS (RODRIGUES, 2006).
Nas últimas décadas, a educação especial tornou-se pauta das principais
questões que se levanta sobre a nova escola moderna. Sendo um espaço onde se
prega a liberdade de expressão e a democracia, a escola inclusiva deve ser além
destes aspectos legais, um ambiente de igualdade no processo de ensino e
aprendizagem independentemente da condição física, psíquica dos alunos.
A Constituição Federal de 1988 determina no seu Artigo 206 a “igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola”, e a “liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. (BRASIL, 1988, p.
121). Por isso a importância do sistema de ensino implementar em todas as escolas
do município metodologias para atender os alunos com surdez proporcionando
iguais condições de aprendizagens, além de qualificar os educadores segundo a
Propostas Pedagógica da instituição.
No processo de escolarização dos seus alunos, a escola necessita estar
apta a desenvolver atitudes e práticas que, somadas às adaptações curriculares,
metodológicas e de recursos físicos e materiais, assegure a esses o
desenvolvimento de um trabalho de qualidade. Segundo Costa (2017), a surdez
pode ser classificada em grau leve, moderado ou severo, dependendo do apoio
necessário que a pessoa precisa para realizar as atividades do dia a dia.

33
Sabemos que independentemente da especialidade, a escola sempre tem
muita dificuldade em receber e trabalhar com alunos especiais. No entanto, a Lei nº
9394, de 20 de dez. 1996, reconhece que o aluno surdo têm os mesmos direitos que
todas as outras pessoas com necessidades especiais (BRASIL, 2000). A legislação
brasileira garante que a educação de qualquer pessoa, independentemente de sua
condição humana. Ela pode frequentar escolas regulares e, se necessário, solicitar
acompanhamento nesses locais.
Para Cunha (2016, p.19), ao se tratar sobre deficiência auditiva,
primeiramente deve-se compreender a educação especial como uma modalidade de
ensino. Um sistema de educação caracterizado por um público-alvo que necessita
de um olhar diferenciado, pois a escola, ao receber os alunos da educação especial,
vai precisar reorganizá-la para que todos os alunos, em especial os surdos, tenham
sucesso em seu desenvolvimento social, afetivo e cognitivo.

[...] Além disso, é indispensável expor que o aluno com necessidades


especiais necessita de um ensino em que possa aprender e ao mesmo
tempo colaborar com os seus pares. Isto é, é essencial que o aluno com
autismo aprenda junto com os seus colegas para que eles possam fazer
trocas de experiências. Todo esse trabalho integrado é importante para o
desenvolvimento sociocognitivo do aluno surdo (CUNHA, 2016, p. 20)”.

Interessante enfatizar que, ao deparar com esse aluno em sala de aula


devemos pensar o quanto é importante um trabalho coletivo entre os profissionais
que atendem o aluno, tanto na escola como fora dela. Como também é essencial os
professores procurarem capacitação sobre autismo. Assim, a instituição de ensino
deve se comprometer a oferecer um ensino de qualidade, buscando melhorias em
sua estrutura física quanto no modo de ensino aprendizado.
Carvalho (2009) enfatiza que isto faz com que a escola tome consciência que
necessita adaptar o ambiente escolar, tanto como adequar o currículo e também
trazer alternativas metodológicas diferenciadas de acordo com a necessidade de
cada aluno. Nesse sentido, o corpo docente deve procurar capacitação para auxiliar
na sua gestão e, assim, prepará-los para receber crianças e jovens previstos pela
legislação da educação especial. Por isso, os professores, ao realizarem sua
capacitação, estão oferecendo aos alunos com necessidades especiais ensino
aprendizado de qualidade.
Nessa mesma linha de pensamento, Rodrigues (2006, p. 19) cita que,

34
Nesse sentido, o processo educacional do aluno com surdez se
desenvolverá por meio de diversos recursos específicos a sua limitação,
principalmente a partir de recursos visuais ampliados. As pessoas cegas
apresentam “desde ausência total de visão até a perda da projeção de luz”.
No caso das pessoas com cegueira total o processo de ensino
aprendizagem será por meio dos outros sentidos (tato, audição, olfato,
paladar), e também utilizando o sistema Braille para a escrita.

Diante do exposto é importante que o professor esteja sempre atento, no caso


de algum aluno apresentar sinais, posturas e sintomas referentes à DV e fazer o
encaminhamento necessário ao especialista, pois quanto mais cedo for feito o
diagnóstico, mais chances terá o aluno de um desenvolvimento com estimulações
no seu ambiente escolar.
No entanto, Brasil (2007), embora concordando que a possibilidade da
presença da criança com autismo na escola comum já ser um grande avanço,
sabemos que esta ação, por si só, não é garantia de aprendizagem, ainda que o
aluno tenha a seu “dispor” um profissional “especializado”. Todo trabalho
pedagógico que se pretenda exitoso, requer profissionais, em especial professores
com formação adequada, o que inclui competência técnica e acesso a estratégias
pedagógicas assertivas.
Desse modo, Mainieri (2005, p. 30) argumenta que

[...] é de fundamental importância que o professor esteja capacitado para


trabalhar com aluno surdo, e a estes que sejam garantidos a adequação dos
meios de comunicação e os materiais fundamentais as suas necessidades
educacionais e ao seu desenvolvimento na aprendizagem. Pois, o
desconhecimento das especificidades desses educandos fazem muitos
professores terem atitudes de exclusão para com esses alunos. Uma vez
que, a utilização de recursos que facilitem o aprendizado de alunos surdos
tem sido de fundamental importância, pois estes necessitam de estímulos
para que assim tenham interesse e motivação para aprender.

Mesmo sem poder ouvir, sabemos que o aluno surdo é capaz de se expressar
e se comunicar do seu modo, pessoalmente e intelectualmente, mas para que isso
ocorra é necessário que seja oferecido a eles oportunidades de aprendizagem com
novas metodologias e recursos didáticos adaptados a sua deficiência. Nesse
contexto, o aluno passa a perceber e a sentir o meio em que se encontra inserido,
ou seja, o ambiente escolar.
Para todos os casos, é também de competência dos professores o interesse e
a dedicação em pesquisas para proporcionar aos alunos novas formas de receber
35
os conhecimentos. Como afirma Carvalho (2005), “a dedicação é a palavra certa
para os profissionais da educação que buscam melhorias no ensino para alunos
com DV. Usar a criatividade, confeccionar materiais adaptados, jogos, brinquedos e
outros contribuirão muito para a aprendizagem do aluno”.
No Brasil, há uma proposta do MEC com princípios de ação definidos, não há
uma amostragem (pesquisa) onde seja desenvolvido o acompanhamento para
verificar a efetividade das intervenções pedagógicas e avaliar o desenvolvimento
das habilidades dos alunos, o mais agravante é a impossibilidade da implementação
da proposta de educação bilíngüe para surdos dentro de uma proposta de inclusão
educacional, principalmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental (BRASIL,
2005).
As dificuldades de leitura e escrita citadas são conseqüência da falta de
métodos e procedimentos de ensino suficientemente eficazes para que o surdo
alcance correção na sua produção de leitura e escrita. Verificamos que a proposta
de Educação bilíngüe do Brasil está tendendo a formação de surdos monolíngues,
pois são proficientes em língua de sinais com precárias habilidades na Língua
Portuguesa escrita e falada.
Rodrigues (2006, p. 28), no que diz respeito aos alunos com deficiência
auditiva, ressalta o,

[...] compromisso formal da instituição de proporcionar, quando necessário,


intérpretes de língua de sinais/língua portuguesa, especialmente na
realização de provas ou revisão, complementando a avaliação expressa em
texto escrito ou quando este não tenha expressado o real conhecimento do
aluno; flexibilidade na correção das provas escritas, valorizando o conteúdo
semântico; aprendizado da língua portuguesa, principalmente na
modalidade escrita (para o uso de vocabulário pertinente às matérias do
curso em que o estudante estiver matriculado); materiais de informações
aos Instrutor/Surdos para que se esclareça a especificidade linguística dos
surdos.

Com isso, é fundamental, portanto, que haja um maior conhecimento entre os


envolvidos no processo de ensino-aprendizagem dos alunos surdos, propiciando a
eles, por meio do Instrutor/Surdo, a língua de sinais que representa a língua que a
criança surda domina com maior facilidade, propondo um ensino bilíngue: a língua
de sinais como primeira língua e a língua portuguesa como segunda língua.
Menezes e Santos (2006) comentam que o Instrutor/Surdo ao mediar o
conhecimento tem a possibilidade de, por intermédio de um ensino sistematizado,
36
contribuir para que o aluno aproprie-se dos conteúdos, utilizando a língua brasileira
de sinais - LIBRAS no processo de comunicação para que o aluno compreenda a
informação, modificando e reorganizando o pensamento do aluno. O conteúdo
veiculado principalmente pela linguagem é quem medeia às relações estabelecidas
na aquisição dos conhecimentos. Por outro lado, a escola é, o principal ambiente no
qual a linguagem se expressa, por meio dos conteúdos que são objetos de ensino e
aprendizagem. Sublinha-se a necessidade da compreensão de que esses alunos,
diante da complexidade que a LIBRAS representa, têm capacidade de
desenvolverem-se e apropriarem-se dela. Quadros (1997, p. 56) acrescenta ainda
que,

[...] A escola possui um espaço significativo para propiciar por meio de um


ensino sistematizado a aprendizagem e, também, não é a única instância
que cumpre a função de socialização, existem outros modos de estabelecer
esse intercâmbio. Por fazer parte desta sociedade, busca-se, por meio dos
conteúdos e formas de organização, transmitir conhecimentos, concepções
e modos de conduta que a sociedade requer.

Condizente a citação do autor, na perspectiva Histórica Cultural, a educação


escolar tem um importante papel na formação das pessoas. É fundamental a
mediação docente, posto que a prática cultural mais importante que o homem
desenvolve é o ensino sistematizado. A mediação ocorre em qualquer processo de
ensino, contudo, a qualidade do conteúdo que é ensinado aos alunos determina a
sua evolução acadêmica.
Nesse caso, a escola deve propiciar a aquisição dos conhecimentos
socialmente produzidos de geração em geração. Esses conteúdos transmitidos,
veiculados por meio da LIBRAS, não devem estar pautados em uma transmissão
mecânica, mas, sobretudo, contribuírem para a formação dos conceitos nos alunos
surdos (MENDES, FIGUEIREDO, RIBEIRO, 2015).
Infelizmente o maior obstáculo imposto ao aluno surdo que não é exposto
precocemente à língua de sinais, é o desenvolvimento precário da linguagem e, por
decorrência, do pensamento. Na medida em que a criança surda necessita da
palavra, ela passa a assimilar o signo pertencente ao objeto, descobrindo assim, a
função simbólica da linguagem/LIBRAS (MENEZES, e SANTOS, 2006). A função
generalizante da linguagem/LIBRAS torna-se um instrumento do adágio, e neste

37
desenvolvimento se faz necessário reconhecer a importância da linguagem interior,
constituindo uma manifestação de abstrações a partir dos traços visuais.
Se de um lado vemos os surdos na busca pelo reconhecimento linguístico e
cultural, sem desejo de pertencer a uma educação especial e/ou inclusiva, mas de
simplesmente ser reconhecido nas suas diferenças, de outro lado vemos políticas
públicas (de ouvintes) que buscam convencê-los do contrário com práticas
discursivas normalizadoras. Um movimento que vai da invisibilidade à deficiência, da
deficiência à insatisfação. A insatisfação que sinaliza por outros olhares e outras
práticas, pelo reconhecimento linguístico e cultural do surdo e por uma maior
participação na elaboração de tais políticas (CARVALHO, 2005).

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Esta proposta de pesquisa é voltada para a comunidade surda, fazendo


relação com a escola, a principal finalidade é investigar “as metodologias utilizadas
para trabalhar com alunos surdos e a importância das LIBRAS na atuação docente”.
Esta pesquisa é de caráter qualitativo que segundo Lüdke; André (2014,
p.12) “[...] supõe o contato direto prolongado do pesquisador com o ambiente e a
situação que está sendo investigada, via de regra, pelo trabalho intensivo de
campo”. Assim, a proposta aqui apresentada pretende valorizar as circunstancias
contextuais, buscando entender a realidade da educação dos alunos surdos no
início da sua carreira escolar, especificamente nos anos iniciais.
São vários os tipos de pesquisa que a abordagem qualitativa comporta,
contudo, escolhi realizar uma investigação de campo, na qual de acordo com
Michel (2015) coleta os dados em seu ambiente natural, e dá margem para que
possamos observar, criticar a vida real, tomando como suporte a literatura pertinente
ao tema, de modo que se estabeleça um nexo com a realidade, sem nos desviar do
foco de interesse.
É importante salientar que será feito o uso também da observação, que se
caracteriza por uma ação minuciosa planejada, afim de atingir os critérios
preestabelecidos. De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 190) “a observação é
uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na
obtenção de determinados aspectos da realidade”.
38
Assim, para a realização desta pesquisa, será utilizada uma metodologia
fundamentada na observação não participativa, na qual o pesquisador não se
envolve com o objeto pesquisado. “Como os investigadores qualitativos estão
interessados no modo como as pessoas se comportam e pensam nos seus
ambientes naturais, tentam agir de modo a que as atividades que ocorrem na sua
presença não difiram significativamente daquilo que se passa na sua ausência”
(Bogdan & Biklen, 1994, p. 68).
Ao longo das observações será adotado um diário de campo no qual se
anotarão os fatos observados, tais como: procedimentos didático-pedagógicos
utilizados pelos professores, atividades de leitura propostas, metodologias utilizadas
pelos professores, dentre outros. Para a referida pesquisa utilizaremos também um
enfoque bibliográfico que nos dará suporte frente à temática em estudo, com o
objetivo de a compreendermos melhor e nos aprofundarmos. Desta forma, nos
apoiaremos em artigos, livros, dissertações que versam sobre a referida temática
para dar sentido completo ao nosso estudo.
Ainda de acordo com Gil (1999, p.71) “[...] pesquisa bibliográfica reside no
fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais
ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Deste modo, podemos
perceber que a pesquisa bibliográfica é realizada exclusivamente, com base em
outras pesquisas já existentes, e tem como principal objetivo, proporcionar ao
pesquisador as informações buscadas pelo mesmo.
Para a realização da coleta de dados utilizaremos a entrevista
semiestruturada, esta nos permite uma interação entre duas pessoas. Sobre esta,
Lakatos afirma que é “uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica,
que pode proporcionar resultados satisfatórios e informações necessárias” e tem
como objetivo compreender as perspectivas e vivências dos participantes (2008, p.
278).

4. ANÁLISE E DISCURSÃO DOS DADOS.

Buscando evidenciar o objeto de estudo desta pesquisa além da pesquisa


bibliográfica foi realizada uma pesquisa de campo em duas escolas públicas do
município de Plácido de Castro - AC atendem alunos especiais, tendo como objetivo
39
de coletar os dados do trabalho fazendo uso da entrevista com as professoras,
sobre os desafios de se trabalhar com o aluno com deficiência auditiva.
Por uma questão de direitos autorais, iremos denominar as 02 educadoras
entrevistadas como professoras A e B da rede pública do município onde foram
aplicados alguns questionamentos relacionados à temática. Visando propiciar um
debate crítico e mostrar resultados mais positivos, fez-se uma pesquisa de campo
(entrevista com duas educadoras de sendo uma formada em Educação Inclusiva e
outra educadora normal de uma escola pública do Ensino Fundamental do referido
município) abordando os seguintes questionamentos:

1. Quais as principais perspectivas observadas no aluno surdo mediante a sua


aprendizagem? Ele sente interesse em aprender como os demais alunos
considerados normais?
2. A escola promove meios de interação entre os alunos surdos e os ouvintes?
Como?
3. A escola trabalha junto com a família para dar um suporte maior ao surdo?
De que modo isso acontece?
4. Com relação ao surdo, quais ações a escola faz para que esse aluno possa
se sentir cada vez mais inserido no contexto escolar?
5. Em sua opinião quais os benefícios que a inclusão deste aluno traz para os
demais colegas e para os próprios professores?
6. Como são tratados os alunos surdos nesta instituição de ensino?
7. Que estratégias podem ser usadas para ensinar ao aluno surdo, caso não
tenha interprete em sala de aula para auxilia-lo?
8. Você já fez algum curso de Libras ou outra formação para atender os
alunos surdos? Conhece as dificuldades dos alunos surdos?

Com esses foi é possível conhecer na prática como as professora trabalham


com os alunos com cegueira, diversas maneiras de aprender o Braille. Lembrando
que outros recursos também são ser utilizados ao aluo com deficiência, a fim de
auxiliá-lo no momento da escrita como é o caso da reflete e da máquina de escrever.
E necessário considerar que os alunos cegos enfrentam cotidianamente
muitas dificuldades em seus lares, na sociedade, e até mesmo para acessar as
redes sociais para se comunicarem. É o mesmo o que destaca o autor Carvalho

40
(2005), onde segundo ele, a falta de falta de conhecimento dos familiares e
professores acerca das características próprias do surdo como o uso da LIBRAS.

“a falta de recursos na escola, o desconhecimento e a falta de capacitação e


formação continuada de professores e funcionários da escola que
favoreçam a inclusão dos sujeitos na educação de qualidade, etc., são
fatores que contribuem para tamanhos desafios em se efetuar de vez a
inclusão” (As entrevistadas).

Ao questionar: Quais as principais perspectivas observadas no aluno surdo


mediante a sua aprendizagem? Ele sente interesse em aprender como os demais
alunos considerados normais? A professora de AEE, afirmou que em partes, pois
muitas vezes o próprio aluno se sente excluído ou incapaz de realizar determinada
atividade. Nesse aspecto, uma das dificuldades do enfrentamento da problemática
está relacionada à prática pedagógica é que o educador não dispõe de uma
concepção, de um método, de uma ferramenta eficiente para realizar dentro da sala
de aula um trabalho que responda as necessidades presente no processo de
adaptação no ensino, isso reflete a falta de análise dos determinantes escolar, a
falta de clareza de objetivos, a falta de mediações concretas, bem como a falta de
interação entre os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
As dificuldades para incluir alunos com problemas visuais são enormes. As
escolas do município não possuem muitos profissionais disponíveis em
conhecimento do braile, e ainda assim, os que possuem domínio em libras são
insuficientes. Essa carência é visível em qualquer escola do país. Como afirma
Sassaki (2006), “escola e professores que recebem nas salas de aula alunos com
deficiência depara-se com desafios educacionais diferentes daqueles que
habitualmente formam o repertório de situações escolares cotidianos”.
Constatou-se na entrevista com as educadoras que, não há muitos alunos
com deficiência visual, nem profissionais disponíveis com exclusividade. As
inclusões nas instituições visitadas ocorrem quando há presença de alunos com
deficiência física. Coimbra (2003) comenta que as escolas públicas que ofertam
ensino regular, precisam ser apoiadas na construção de uma cultura do acolhimento
e da diversidade, através de ações e de momentos de reflexão, debate, estudo,
intervenção pedagógica que permitam compreender a complexidade sociocultural
dos diferentes níveis de aprendizagem e das formas de aprender dos estudantes

41
que estão na escola. Como ficou evidente durante o estudo de campo, ainda há
muitas barreiras pedagógicas no cotidiano da escola quando que não favorece a
aprendizagem.
Continuando com a entrevista, questionou-se se: A escola promove meios de
interação entre os alunos surdos e os ouvintes? Como? Ao que responderam as
gestoras, “Em partes, porque nem sempre temos materiais nem para os demais
alunos”. Os educadores nem sempre possuem alguma formação ou preparação
para atender esse público, e como sabemos, para que a inclusão do aluno com
cegueira na sala de aula realmente aconteça, é necessário existir adaptações
curriculares e profissionais qualificados, assim como professores preparados para
realizar a mediação entre os demais sujeitos da escola.
Ainda de acordo com as gestoras entrevistadas, “os alunos com dificuldade
visual não são diferentes dos demais colegas videntes, eles também tem o mesmo
desejo de brincar, aprender, se comunicar, de saber algo sobre o que lhe deixa
curioso”. E para isso, é necessário que o ambiente em que ele esteja inserido seja
estimulador, que lhe ofereça condições favoráveis para a sua aprendizagem.

“Pois, esses alunos devem ser tratados da mesma forma que os outros
colegas são tratados, respeitando assim o direito de uma escola de
qualidade para todos. Porém, estes estudantes com baixa visão ou cegueira
podem encontrar dificuldades durante o seu processo educativo, tanto em
relação à formação adequada do professor, quanto ao fato de não existirem
materiais adequados na escola em que este aluno esteja inserido”
(Entrevistada A).

Diante da problemática, fica claro que, os alunos com deficiência visual


necessitam de recursos específicos para o seu processo de aprendizagem, ou seja,
o cego necessita de instrução braile, de recursos ópticos, táteis e tecnológicos e a
pessoa com baixa visão, necessita da leitura de tipos ampliados, do auxílio de
recursos ópticos e não ópticos como também de recursos tecnológicos.
Segundo o disposto na Lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995, na Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no Decreto nº 2.306, de 19 de agosto de 1997,
os recursos necessários são: máquina de datilografia braile, impressora braile
acoplada a computador, sistema de síntese de voz, gravador e fotocopiadora que
amplie textos; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em fitas de áudio e
42
de conteúdos básicos em braile, software de ampliação de tela; equipamento para
ampliação de textos para atendimento a aluno com visão subnormal, lupas, réguas
de leitura, scanner acoplado a computador dentre outros.
Por ultimo, foi perguntado sobre: Como as práticas pedagógicas atuam no
processo ensino-aprendizagem do aluno com deficiência visual? Os depoimentos
dos sujeitos participantes da pesquisa denotam que a solução para todas as
dificuldades parte, em grande parte, do próprio aluno. No entanto, verificamos que
alguns professores estão tentando implementar novas práticas em salas de aula,
com o objetivo de atender as necessidades específicas dos alunos que apresentam
deficiência visual. Percebemos, ainda, através dos depoimentos que a ajuda de
outras pessoas tem sido expressivamente uma forma das pessoas com deficiência
visual se sentirem incluídos e fazendo parte do ambiente escolar.
Segundo as gestoras entrevistadas, “essa realidade precisa ser rompida,
fazendo com que os alunos tenham direito de uma educação inclusiva que
possibilite novos horizontes para o seu desenvolvimento”. Segundo elas a inclusão
não é simplesmente aproximação física, estar junto, mas a possibilidade de
comunicação-ação-participação”. Ou seja, garantir que o aluno interaja com o meio,
brincando, conhecendo outras crianças, compartilhando outras vivências.
No entanto, os alunos com deficiência visual frente à inclusão escolar em
ambas as instituições pesquisadas, mostram que se sentem bem com seus colegas
de turma tanto no ensino especial como no ensino regular. As falas dos alunos
pesquisados indicam que há entrosamento, amizade, trocas e interações entre os
colegas de turma. Eles não sentem rejeição por parte dos amigos que sabem mais
ou que não são deficientes.
Diante das diversas dificuldades encontradas e apontadas pelos deficientes
visuais na escola e também na sociedade, percebe-se que no município, assim
como em todo país, a pessoa que apresenta algum tipo de deficiência é tida como
coitada e até mesmo incapaz de se desenvolver social e cognitivamente, segundo
argumentos dos educadores.
É claro que pensamentos preconceituosos como estes, sejam por
desinformação ou por ignorância de parte da população, acabam gerando ainda
mais a exclusão social dessas pessoas, especialmente no mercado de trabalho,
uma vez que, a oportunidade de trabalho para a pessoa com deficiência é muito

43
reduzida, face a necessidade de produção da geração de recursos e da
concorrência acirrada das pessoas com uma melhor preparação.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha pela entrevista se deu por ser essa uma técnica que nos permite
maior aproximação, haja vista que dá margem para coletarmos informações de uma
maneira menos formal, pois, permite uma conversação que possa atingir os fins
investigativos, situaremos o perfil dos participantes de modo que possamos agregar
informações importantes no delinear dessa investigação.
O locus da pesquisa está voltado nas metodologias utilizadas pelos
professores para trabalhar com alunos surdos e a importância da língua brasileira de
sinais - libras na atuação docente diante desse desafio. O público alvo escolhido
para esta pesquisa serão os professores que trabalham em uma escola pública do
município de Plácido de Castro.
O objetivo inicial era uma pesquisa dentro da própria escola, no interior das
salas de aulas, no entanto, é provável que não seja possível, tendo em vista a
situações que vivemos atualmente com a propagação da covid-19 e as orientações
do ministério da saúde para o distanciamento social, faremos um contato na escola
pesquisada, porem acertaremos que o desenvolvimento da referida investigação se
dará por meio de instrumentos que possibilitem chegarmos ao objetivo almejado tais
como: meios virtuais, whatsapp, e-mail, ligações celulares, etc., uma vez que
precisamos respeitar as regras de isolamento social.
A referida pesquisa foi realizada com 02 (duas) Educadoras de uma escola
municipal no município de Plácido de Castro - Acre, que atuam nos anos iniciais do
Ensino Fundamental. A escolha deu-se pelo de fato de ser uma turma que passa por
constantes exigências, onde os alunos devem sair alfabetizados, sendo esta
também, onde as avaliações externas se concentram, agregando – se dessa forma
maiores cobranças tanto ao professor quanto ao aluno.
Assim, nos despertou a curiosidade de pesquisar como é que o professor (a)
tem contribuído para a formação do aluno surdo frente às metodologias utilizadas,
verificando os desafios enfrentados pelos professores para atingir os objetivos
determinados diante do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos surdos.
44
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado


Federal, 1988. REVISTA INTEGRAÇÃO BRASILIA DF: Ministério da Educação e do
Desporto/ Secretaria de Educação Especial. Ano 08 – nº 20 – 1988.

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Civil, Brasília, DF, 22 de dez. 2005. Disponível em
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46
APÊNDICE I –
Roteiro de entrevista para o professor

Questões a seguir serão utilizadas para compor os dados de análise de um trabalho


de conclusão de curso intitulado “METODOLOGIA UTILIZADA PARA TRABALHAR
COM ALUNOS SURDOS E A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
- LIBRAS NA ATUAÇÃO DOCENTE”.

1. Quais as contribuições trouxeram em sua formação ao trabalhar com alunos


surdos?
2. Quais as principais perspectivas observadas no aluno surdo mediante a sua
aprendizagem? Ele sente interesse em aprender como os demais alunos
considerados normais?
3. A escola promove meios de interação entre os alunos surdos e os ouvintes?
Como?
4. A escola trabalha junto com a família para dar um suporte maior ao surdo? De
que modo isso acontece?
5. Com relação ao surdo, quais ações a escola faz para que esse aluno possa
se sentir cada vez mais inserido no contexto escolar?
6. Em sua opinião quais os benefícios que a inclusão deste aluno traz para os
demais colegas e para os próprios professores?
7. Como são tratados os alunos surdos nesta instituição de ensino?
8. Que estratégias podem ser usadas para ensinar ao aluno surdo, caso não
tenha interprete em sala de aula para auxilia-lo?
9. Você já fez algum curso de Libras ou outra formação para atender os alunos
surdos? Conhece as dificuldades dos alunos surdos?

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