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Metodologias

Ativas
Marina Ribas Lupion
Andréa César Pedrosa

Unidade 4

Marina Ribas Lupion


Andréa César Pedrosa
Livro Didático
Metodologias
Digital
Ativas
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autoras
MARINA RIBAS LUPION
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
A AUTORA
Marina Ribas Lupion
Formada em Letras, Especialista em Inovação Tecnológica e
Mestre em Tecnologia, com experiência técnico-profissional na área de
Metodologias Ativas. Atua como Professora de Ensino Superior há mais
de 15 anos nas áreas de Gestão de Pessoas, Comunicação e no uso de
Metodologias Ativas por meio de disciplina específica. É apaixonada pelo
que faz e adora transmitir sua experiência de vida àqueles que estão
iniciando em suas profissões.

Andréa César Pedrosa


Especialista em Educação a Distância, graduada em Administração,
mestranda em Pedagogia do e-Learning pela Universidade Aberta
de Portugal. Atua no mercado de educação a distância há 10 anos,
inicialmente no segmento de educação profissional, coordenando cursos
e produzindo conteúdos, migrando há cerca de 5 anos para a Educação
Superior, com foco no design educacional e formação continuada de
professores e tutores, participando de equipes multidisciplinares de
desenvolvimento de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Objetos de
Aprendizagem para EaD em projetos de pesquisa para a UAB-BR. Sente-
se feliz em fazer parte desse projeto, pois representa uma oportunidade
ímpar de compartilhar experiências e reflexões que podem ser muito úteis
para a disseminação de boas prática para a Educação, independente da
modalidade.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova com- novo conceito;
petência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou
mento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
A escola do século xxi................................................................................ 11
Sala de Aula Tradicional e os Pilares da Educação para o Século XXI..... 13

A sala de Aula do Século XXI.................................................................................................. 17

O perfil do estudante do século XXI................................................................................. 20

A sala de aula invertida.............................................................................24


A importância dos vídeos na Sala de Aula Invertida............................................. 26

Benefícios da Sala de Aula Invertida................................................................................ 29

Vamos inverter?................................................................................................................................. 31

Origem e evolução do design thinking............................................... 35


Conceito de Design....................................................................................................................... 39

A Evolução do Design Thinking............................................................................................ 39

O design thinking na resolução de problemas complexos.............................. 41

Fundamento, pilares e as etapas do design thinking............................................42

Ferramentas para aplicação do design thinking............................ 47


Pesquisa..................................................................................................................................................47

Benchmarking.................................................................................................................................... 48

A Observação e a Entrevista................................................................................................... 49

Os Cinco Porquês............................................................................................................................ 50

Netnografia........................................................................................................................................... 51

Jornada do Usuário.........................................................................................................................52

Personas.................................................................................................................................................52

Braimstorming....................................................................................................................................53

Storytelling............................................................................................................................................53
Enquadramento................................................................................................................................ 54

Prototipagem...................................................................................................................................... 55
8 Gestão de Materiais

04
UNIDADE
Gestão de Materiais 9

INTRODUÇÃO
Em nossa última unidade de estudos, vamos mergulhar na
metodologia ativa mais popularizada atualmente: a Sala de Aula Invertida.
Conheceremos também o Design Thinking, que nos permite pensar a
modelagem de nossos processos de forma integrada e com um fluxo
que incentiva a colaboração, a criatividade e a inovação para resolver
problemas.

Serão duas abordagens com propostas disruptivas com o modelo


tradicional, que aplicam de forma intensa todas as características das
Metodologias Ativas, que estudamos em nossa primeira unidade, partindo
da problematização da realidade, como mobilização do trabalho em
equipe, da reflexão e criando soluções inovadoras; tudo isso com a
mediação do professor e o protagonismo do aluno.

Convidamos você para o processo de construção das competências


que irão possibilitar a aplicação prática da Sala de Aula Invertida e do
Design Thinking nas suas práticas docentes, tornando-as ainda mais
dinâmicas e prazerosas, contribuindo de forma efetiva para o alcance dos
objetivos de aprendizagem modelados nos planos de ensino.

Sigamos porque temos muita coisa boa para aprender!


10 Gestão de Materiais

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Conceituar produto.

2. Compreender o desenvolvimento e gerenciamento de produtos


(decisão de produtos).

3. Conceituar serviço.

4. Caracterizar serviços.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
Gestão de Materiais 11

A escola do século XXI

OBJETIVOS
Neste tópico de estudos, refletiremos sobre os desafios da
escola do século XXI, apresentando as demandas atuais
que encontramos na nossa sociedade, que impactam
diretamente na necessidade de aplicar metodologias
mais eficientes no processo de construção de novas
competências. Isso será fundamental para que a relevância
e o caráter disruptivo da Sala de Aula Invertida sejam
compreendidos e você consiga contextualizar a aplicação
na sua prática pedagógica. Motivado para desenvolver essa
competência? Então, vamos lá. Avante!

“We don't need no education

We don't need no thought control

No dark sarcasm in the classroom

Teachers leave us kids alone

Hey! Teachers! Leave us kids alone!”

Another Brick In The Wall – Pink Floyd

Em 1979, a banda britânica Pink Floyd lançou seu décimo primeiro


álbum, The Wall, uma verdadeira ópera rock que conta a história de uma
personagem de comportamento isolado, decorrente de vários traumas,
entre eles abusos de seus professores.

Quem de nós não tem algum relato triste do período de escola,


no qual a experiência de aprender algo causou sofrimento e frustração?
Desse tipo de educação, de fato, ninguém precisa. Roger Waters tem
razão quando reflete que um sistema educacional abusivo e autoritário
contribui para a construção de muros de isolamento, responsáveis por
uma sociedade doente e infeliz.
12 Gestão de Materiais

Etimologicamente, a palavra “Escola” deriva do grego skholê, que


significa "descanso, repouso, lazer, tempo livre; estudo; ocupação de um
homem com ócio, livre do trabalho servil, que exerce profissão liberal,
ou seja, ocupação voluntária de quem, por ser livre, não é obrigado a;
escola, lugar de estudo" (Dicionário Etimológico). Surpreendente, não é?!
Onde já se viu dizer que a escola é um lugar de ócio? Mas era exatamente
isso que acontecia na antiguidade, pois apenas os abastados de origem
nobre podiam frequentá-la e se apropriar dos saberes necessários para
perpetuar seu estilo de vida.

Mas com a evolução tecnológica, tornou-se necessário escolarizar


também a base da pirâmide, para fins de produção e de trabalho, e nesse
momento o modelo implantado foi inspirado nas academias militares, que
eram exitosas em treinar soldados dispostos a dar a vida pelo seu país,
porém sem refletir sobre isso. Nesse momento nasce a escola tradicional
da sociedade moderna, mas ainda não tecnológica e globalizada.

A escola do século XXI não cabe mais nesses muros, até porque
eles ruíram com o acesso à informação e ao conhecimento, que não
circulam mais em ambiente exclusivamente escolar, pois a globalização
e a tecnologia mudaram radicalmente a forma como aprendemos, e num
mundo com o conhecimento ao alcance das mãos (literalmente), o papel
da escola e suas metodologias tiveram que ser revistos e vêm passando
por uma profunda transformação.

Uma das transformações está relacionada à ordem na qual os


processos de aprendizagem acontecem: as tarefas eram realizadas em
casa, lembram? Na sala ouvíamos a explicação do professor. Que tal
subverter essa ordem? Será possível?

Para fundamentarmos nosso entendimento para a implementação


da metodologia da Sala de Aula Invertida, devemos compreender o
contexto em que se encontra a instituição escolar nessa fase de mudanças
tão intensas que tiveram início na segunda metade do século passado.

A prática pedagógica deve estar sintonizada às necessidades


de seu tempo, pois só assim poderá contribuir de forma efetiva com a
formação de sujeitos preparados de forma técnica e cidadã, que serão
Gestão de Materiais 13

capazes de interagir e contribuir para a melhoria contínua dos padrões de


qualidade de vida da sociedade na qual vivemos.

Convidamos você para essa imersão, enfatizando a necessidade


de que compartilhe suas conquistas, reflexões e contribuições com
seus colegas, utilizando os meios de comunicação adotados pela sua
instituição de ensino.

Sala de aula tradicional e os pilares da


educação para o século XXI
A sala de aula tradicional tem características marcantes, as quais
acredito que você deve conhecer, pois a grande maioria de nós passou
boa parte de nossas vidas frequentando esses espaços de aprendizagem:

•• Professor ocupa lugar central na transmissão do


conhecimento.

•• Dinâmica de ensino consiste, em primeiro lugar, no


repasse da teoria, seguido de atividades de fixação por
meio das tarefas de casa e avaliações de aprendizagem.

•• Nivela-se todos os alunos a partir da inexistência de


conhecimentos prévios (o aluno é uma folha em branco
na qual o professor pode escrever o que quiser).
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Figura 1 - Sala de aula tradicional, com bancas enfileiradas e o espaço do professor em


destaque à frente da turma.

Fonte: Freepik

O mundo mudou e mudou muito em um espaço curto de tempo.


No século XX os computadores entraram em cena a partir da evolução
da eletrônica, que passou a ser digital, e os meios de comunicação e
informação passaram a contar com a grande rede de computadores:
a Internet. A transformação foi tão intensa que impactou também os
processos de ensino e aprendizagem.

DEFINIÇÃO
De acordo com o dicionário Michaellis, “Tecnologia é o
conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas
relativas à arte, indústria, educação etc.” São elas que
tornam possível a modificação do ambiente, tornando-o
mais confortável, seguro, saudável e produtivo para o ser
humano.
Gestão de Materiais 15

SAIBA MAIS
Assista ao vídeo Evolução da Tecnologia, disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=eJTQGym1Hl4 e
amplie seus conhecimentos sobre os avanços tecnológicos
e seus impactos no mundo contemporâneo.

Com o progresso tecnológico e a transformação social, as


metodologias de ensino também passaram por mudanças e novas
propostas surgiram, com novas competências para o professor, que
continua com importância estratégica e fundamental no processo de
aprendizagem dos alunos, mas com um novo posicionamento: o de
mediador.

NOTA
Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para
o século XXI, elaborado pelo grupo de trabalho da UNESCO,
liderado por Jacques Delors, de 1992 a 1996. Você pode
acessar o conteúdo integral do relatório pelo link https://
unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590.

Esse relatório estabelece que os processos de ensino devem ser


baseados nos seguintes pilares:
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Figura 2 - Pilares da educação para o século XXI

Fonte: UNESCO, 1996 (Adaptado).

Para o século XXI, a ênfase na transmissão de conteúdos é substituída


pela missão de contribuir com a formação do ser humano integral, que
necessita construir competências cognitivas e comportamentais, que
comportem o domínio dos conteúdos com a finalidade de aplicar na
transformação do ambiente em que vive, melhorando a sua vida e da
coletividade. A educação do século XXI tem como grande missão formar
cidadãos do mundo, que interajam e cooperem entre si, que se respeitem
nas diversidades, que realizem trabalhos multidisciplinares e integrados,
enfim, que possam atuar de forma efetiva na construção de um mundo
melhor.
Gestão de Materiais 17

REFLITA
Qual a aplicabilidade dos Pilares da Educação, na prática?
Você enxerga alguma dificuldade? Qual? Socialize suas
impressões com os colegas e analise as opiniões diferentes
das suas.

A sala de aula do século XXI


Para nossos estudos, vamos considerar a sala de aula como
um espaço formal, no qual os processos de ensino e aprendizagem
acontecem. É um ambiente de troca e comunicação entre professores e
alunos, inserida num contexto escolar.

Ela vem se modernizando e se adaptando às mudanças tecnológicas,


inserindo elementos que auxiliam na construção de saberes.

Como vimos anteriormente, na antiguidade grega a escola era


considerada lugar de ócio, e as salas de aula geralmente eram espaços
públicos de debates e especulações filosóficas, nas quais apenas as elites
tinham acesso.

Com o progresso e a necessidade de massificar o acesso à


educação para qualificação da mão de obra para o trabalho, o modelo
para conseguir uma formação eficiente foi o das academias militares, que
moldou a sala de aula tradicional, o qual não atende às demandas da
sociedade moderna.

SAIBA MAIS
O documentário “A Educação Proibida” retrata a
decadência desse modelo e propõe alternativas. Acesse
e assista clicando no link: https://www.youtube.com/
watch?v=t8z0VkUEt6o.

Diante dos desafios de repensar suas práticas, na década de 90


a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO) reuniu 15 pesquisadores para mapear as demandas sociais para
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a educação do século XXI. Além dos Pilares, que estudamos no tópico


anterior, também indicou pontos de tensão que precisam ser superados e
equilibrados, para que as novas metodologias de ensino e aprendizagem,
dentre elas a Sala de Aula Invertida, motivo de nosso estudo, possa ser
aplicada de forma satisfatória.

É importante refletir que a superação das tensões existentes não


significa que devemos privilegiar um aspecto em detrimento do outro.
Como a imagem a seguir ilustra, devemos buscar o equilíbrio entre os
fatores que podem coexistir em um mesmo cenário, levando-se em conta
a diversidade e pluralidade dos elementos que compõem os processos
de ensino e aprendizagem.

Figura 3 - Tensões a superar na educação do século XXI

Fonte: UNESCO, 1996 (Adaptado).


Gestão de Materiais 19

Vamos conhecer um pouco mais das tensões citadas no relatório.

Global versus Local

A sala de aula do século XXI deve nortear suas ações para contribuir
para a formação do cidadão do mundo, porém sem que se perca as raízes,
pois elas irão assegurar o fortalecimento e progresso cultural de todos os
povos, com suas especificidades e vocações produtivas.

Universal versus Singular

O fato de a globalização facilitar a propagação de culturas massivas


não deve comprometer as individualidades e suas respectivas formas de
expressão.

Tradição versus Modernidade

O avanço tecnológico tem ritmo tão acelerado que naturalmente


nos cobramos à mesma velocidade na apropriação dos conhecimentos.
A sala de aula do século XXI precisa respeitar o tempo de evolução de
cada indivíduo

Longo Prazo versus Curto Prazo 

Nessa tensão também se apresenta o ritmo acelerado das


mudanças, dessa vez na geração do clima de urgência, que não deve
comprometer o tempo necessário à reflexão e internalização dos fluxos
e processos.

Competição versus Respeito

A escola tradicional utiliza a competição como fator motivacional


que segrega e cria situações de conflito. Na sala de aula do século XXI
a igualdade de oportunidades deve ser priorizada e a única competição
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que deve ser estimulada é a que incentiva a educação ao longo da vida,


fundamentada nos valores de solidariedade e onde a cooperação faz
parte do dia a dia escolar.

Extraordinário desenvolvimento dos conhecimentos versus


Capacidade de assimilação do homem

Nunca antes tivemos acesso à tanta informação. A internet hoje,


ao alcance da mão, nos possibilita um repositório quase ilimitado de
conteúdos dos mais diversos, e os currículos, seguindo essa tendência,
foram enriquecidos com novas disciplinas, o que torna a tarefa de
selecionar o que realmente importa, uma habilidade que deve ser
trabalhada na sala de aula do século XXI. Filtrar o que de fato é essencial
para o desenvolvimento integral do indivíduo é fundamental.

Além dos aspectos citados, o relatório também apresenta a tensão


entre o Espiritual e o Material, enfatizando a importância do respeito às
tradições e convicções de cada indivíduo, devendo a prática educacional
reconhecer o pluralismo de crenças e filosofias, sem privilegiar nenhuma
em particular.

O perfil do estudante do século XXI


Antes de apresentar as características do estudante contemporâneo,
vamos apresentar a teoria das gerações e suas características. Você
já ouviu falar em baby boomers e as gerações X, Y, Z e Alpha? Essa
classificação nos dá pistas preciosas de como os indivíduos de cada
geração costumam aprender. Vamos conhecer?
Gestão de Materiais 21

Os baby boomers nasceram Geração X chegou no período de


na pós guerra, entre os anos 1960 a 1980, sendo a primeira a
de 1946 e 1964, junto com usar o computador pessoal, ao
a esperança e o aumento mesmo tempo em que vivia a
na taxa de natalidade, são Guerra Fria e o movimeto hippie.
extremamente competitivos, Desenvolveram habilidades
otimistas e ambiciosos. empreendedoras e romperam
Workaholics (viciados em com o mercado formal de
trabalho). Sem habilidades com trabalho. Sabem trabalhar em
tecnologia. equipe.

Geração Y, ou millennials, A geração Z nasceu após o


nascidos entre as décadas de surgimento e a socialização
1980 e 2000, foram rodeados da internet, no período de
por facilidades e tecnologia, 1990 a 2010. Ainda não estão
numa époco de crescimento no mercado de trabalho e
exponencial do mundo digital. não conhecem a vida sem
Devido a essa realidade, tecnologia. São nativos
são impacientes e estão digitais. São muito criativos
acostumados a realizarem várias e relacionam-se de forma
tarefas de forma simultânea. colaborativa. A imersão radical
no mundo digital é preocupante.

SAIBA MAIS
Para ampliar seus conhecimentos sobre as gerações,
recomendamos que assista aos seguintes vídeos:
Geração Y, X e Baby boomers: https://www.youtube.com/
watch?v=pydDtb18bxo
Geração Z: https://www.youtube.com/
watch?v=coqIy9q7DnQ
22 Gestão de Materiais

Acredito que nesse momento você deve estar relacionando o


perfil dos seus alunos com as gerações, não é? E isso é superimportante,
afinal as características de cada geração darão pistas preciosas sobre a
forma como devemos aplicar as metodologias que irão turbinar nossos
processos de ensino, tornando a experiência de aprendizagem de nossos
alunos mais efetivas e prazerosas.

E como a tecnologia será o meio mais usado para a aplicação de


nossas práticas, apresentamos o infográfico a seguir, resultado de uma
pesquisa do The Nilsen Company, que indica as mídias mais utilizadas, de
acordo com cada geração. Importante ficar atento!

DEFINIÇÃO
Mídia é toda estrutura de difusão de informações,
notícias, mensagens e entretenimento que estabelece
um canal intermediário de comunicação não pessoal, de
comunicação de massa, utilizando-se de vários meios,
entre eles jornais, revistas, rádio, televisão, cinema, mala
direta, outdoors, informativos, telefone, internet etc.
(Dicionário Michaellis).

Os resultados acima nos mostram que a TV é a preferida para


acesso às informações, em todas as gerações; e que as gerações Y e Z
também preferem os buscadores da Web e redes sociais, conectadas à
grande rede de computadores. Esses números nos dão pistas acerca dos
motivos da escolha do vídeo com elemento básico da metodologia da
Sala de Aula Invertida, mas esses detalhes veremos no próximo capítulo.
Gestão de Materiais 23

RESUMINDO
Neste capítulo de estudos fizemos uma viagem no tempo
a fim de refletir sobre o histórico da sala de aula e de como
o modelo tradicional limita a criatividade e a participação
ativa e efetiva dos estudantes, prejudicando assim todo
o processo de aprendizagem. Conhecemos os pilares
da educação para o século XXI e o perfil do estudante
dessa época. Com esses conhecimentos, conseguimos
contextualizar a importância da aplicação da Sala de Aula
Invertida para transformar essa realidade. Sigamos para
conhecer melhor essa grande metodologia.
24 Gestão de Materiais

Sala de Aula Invertida

OBJETIVOS
Neste tópico de estudos, conheceremos como surgiu
a metodologia da Sala de Aula Invertida, a partir das
percepções de seus idealizadores, contextualizando com
a prática docente em sala de aula, suas demandas e os
pontos positivos de aplicação da metodologia, de forma a
potencializar ainda mais o aprendizado dos alunos. Vamos
seguir com nossos estudos!

Vamos agora conhecer a metodologia da Sala de Aula Invertida,


em conformidade com as propostas idealizadas e aplicadas de Jonathan
Bergmann e Aaron Sams, seus criadores. Veremos o objetivo, as
características e as bases para a implementação nas salas de aula.

Jonathan e Aaron ensinavam Química numa escola do interior


do Colorado, EUA, quando, no ano letivo de 2007/2008, movidos pela
frustração com a “incapacidade dos alunos de traduzir o conteúdo de
nossas aulas em conhecimentos úteis, que lhes permitissem fazer o
dever de casa” (BERGAMAN; SAMS, 2016 ), resolveram inverter o processo
e iniciaram a preparação de vídeos para que os alunos assistissem como
“dever de casa” (BERGAMAN, SAMS, 2016).

No livro Sala de Aula Invertida, os autores destacam a reflexão do


professor Aaron, que inspirou a criação da metodologia:

O momento em que os alunos realmente precisam de minha


presença física é quando empacam e carecem de ajuda individual. Não
necessitam de mim pessoalmente ao lado deles, tagarelando um monte
de coisas e informações; eles podem receber o conteúdo sozinhos.
(BERGAMAN; SAMS, 2016, p. 4)

Acredito que você já tenha tido essa mesma inquietação, sem


conhecer a Sala de Aula Invertida. O tempo que o professor perde
repetindo a mesma teoria em várias turmas, de forma praticamente
automática, compromete a qualidade não do aprendizado, pois o tempo
Gestão de Materiais 25

que os alunos terão para o esclarecimento de dúvidas será reduzido; mas


o processo de ensino fica empobrecido, pois a ênfase na validação da
construção das competências requeridas pela matéria não poderá ser
dada. O resultado é uma aula monótona, o professor desmotivado por
repetir sempre a mesma coisa e os alunos dispersos, pois não veem,
nesse primeiro momento, o sentido de aprender aquele assunto. Além
do fato, não menos importante, de que cada um aprende em um tempo
diferente. Lembra quando o professor escrevia longos textos no quadro e
tínhamos que copiar? Antes do celular, para registrar com foto, tínhamos
que pedir o caderno do colega que conseguia copiar tudo antes que o
professor apagasse. Eita tempo sofrido!

Os criadores da metodologia deixam muito claro no livro que não


existe receita para que os resultados sejam garantidos. Eles inclusive
rejeitam o rótulo de metodologia. Falam de um modelo de sala de aula,
que após ser experimentado por vários educadores em todos o mundo,
mostrou ser “replicável, escalável, personalizável e facilmente ajustável às
idiossincrasias de cada professor” (BERGAMAN; SAMS, 2016, p. 7).

Vamos, então, buscar um ponto de equilíbrio para manter a fidelidade


ao que foi idealizado por Jon e Aaron e o movimento de classificar a Sala
de Aula Invertida como uma metodologia. O melhor é começarmos pelo
conceito de metodologia:

DEFINIÇÃO
De acordo com o dicionário Michaellis on-line, metodologia
é a parte da lógica que trata dos métodos aplicados nas
diferentes ciências e também corresponde ao estudo dos
métodos, especialmente dos métodos científicos.

Por sua vez, método pode ter os seguintes significados:

1 Emprego de procedimentos ou meios para a realização de algo,


seguindo um planejamento; rumo.

2 Processo lógico e ordenado de pesquisa ou de aquisição de


conhecimento.
26 Gestão de Materiais

3 Qualquer procedimento técnico ou científico.

4 Conjunto de princípios ou técnicas de ensino.

Quando analisamos as definições, compreendemos que o receio


dos idealizadores do modelo de Sala de Aula Invertida era justamente
engessar o processo, pois como eles mesmos disseram, não existe
fórmula, existe sim uma nova concepção de aproveitamento do tempo da
aula para o que realmente importa, a validação da aprendizagem a partir
das práticas realizadas.

Mas, para fins de replicação do modelo, é importante definir


um método, e o estudo desse método, em suas especificidades e
particularidades, configura-se uma metodologia.

A base dessa metodologia é a preparação cuidadosa dos vídeos


que serão disponibilizados. Vamos conhecer melhor.

A importância dos vídeos na Sala de Aula


Invertida
Com a disseminação da Educação a Distância, criamos o paradigma
de que uma videoaula tem uma configuração com a imagem que
vimos logo acima: uma produção sofisticada, feita por uma equipe
multidisciplinar, com expertise na produção audiovisual.

Seria assim também na sala de aula invertida?

Pode ser que sim, sem problemas, mas se não houver essa
estrutura sofisticada, você, professora, você, professor, pode, SIM, criar
seus próprios vídeos.

Vamos manter a fidelidade à proposta dos idealizadores da


metodologia, fundamentada na disponibilização prévia de vídeos, que
correspondem às preleções tradicionais dos professores em salas de aula,
que gastavam a maior parte do tempo no repasse de teorias, sobrando
quase nada para as interações e práticas.
Gestão de Materiais 27

Você poderá usar vídeos produzidos por outros profissionais ou de


outras fontes, desde, é claro, que a licença de uso permita. Mas legal
mesmo é que você produza seus próprios vídeos. Isso fará com que você
desenvolva habilidades, inclusive, para atuar de forma autônoma, criando
um canal particular. Então, vamos às dicas de como produzir um bom
vídeo:

1. Elabore seu Plano de Aula, pois a ação didática precisa ser bem
planejada para ter sucesso.

2. Certifique-se de que os equipamentos são de boa qualidade.

3. Utilize recursos complementares caso seja pertinente à aula,


como quadro branco interativo, mesa digitalizadora, entre outros.

4. Partindo de um roteiro prévio, grave sua aula. Lembre-se de que


a aparência e o tom de voz são muito importantes.

5. Escolha o software de captura de tela. Existem os pagos e os de


uso livre. Pesquise e experimente!

6. Providencie a edição, de forma integrada com a proposta da aula,


inserindo imagens, referências e créditos.

7. Escolha uma boa plataforma para hospedar seus vídeos, que


possa ser acessada com tranquilidade.

Agora que a estrutura está pronta, temos mais algumas dicas para
que seus alunos amem suas aulas.

•• Seja objetivo e tenha muita atenção com o tempo. Lembre-


se de que nossos alunos são objetivos e pragmáticos.

•• Quando possível, convide outros professores para


participar de sua aula.

•• Esteja sempre de bom humor. A aula é para ser divertida.

•• Cuidado e atenção no preparo do material. Imagens


significativas e anotações são muito bem-vindas.

•• Destaque os pontos mais importantes.


28 Gestão de Materiais

•• Utilize os recursos de zoom.

•• Respeite os direitos autorais.

Não existe um tempo de duração ideal, mas caso o conteúdo seja


extenso, fragmente em pequenos vídeos que tratem isoladamente cada
tópico do conteúdo. Vídeos com mais de 5 minutos induzem a distração
do aluno.

Figura 4 - Ilustração de um momento de aprendizagem na Sala de Aula Invertida

Fonte: Pixabay

Após a inversão da sala de aula com a produção dos vídeos, você


irá se surpreender com o tempo que terá para trabalhar com a turma no
que realmente interessa: a resolução de problemas que irão validar a
compreensão do conteúdo. Você terá tempo para exercer o verdadeiro
papel de professor: conduzir, provocar, avaliar, facilitar e, principalmente,
fazer com que seus alunos se apaixonem pelo ato de aprender.
Gestão de Materiais 29

Benefícios da Sala de Aula Invertida


Sair da zona de conforto não é nada bom, apesar de corrermos o
risco de termos melhores resultados. O novo assusta pelos riscos de não
ser tão positivo como o planejado.

A Sala de Aula Invertida está intimamente ligada ao uso de


tecnologias e novas mídia, como os vídeos, que são o carro-chefe.

No livro Educação e Tecnologias, os relatos dos professores a


respeito do uso de tecnologias nos trazem um recorte desse cenário:

[...] um desafio, pois os professores não usam ainda todos


os recursos das novas tecnologias de forma sistemática
para realizarem seus planejamentos. (Professor A)

A escola apresenta um dos maiores desafios, que é aliar as


tecnologias com as relações dos conhecimentos científicos; as
didáticas e metodologias adotadas por alguns professores, na
maioria das vezes, estão obsoletas e ultrapassadas. (Professor B)

Talvez o maior desafio seja os adultos aprenderem,


dominarem, usarem e orientarem sobre os recursos.
(Professor C). (ALMEIDA; MEDEIROS; MATTAR, 2017. p. 62-63)

Percebemos que o maior desafio é quebrar com os paradigmas


didáticos que já estão ultrapassados e, para isso, um importante fator
motivacional é conhecer os pontos positivos da mudança. Vamos
conhecê-los?
30 Gestão de Materiais

Figura 5 – Pontos positivos da mudança

Sintonia com o perfil dos estudantes do século XXI, que já estão imersos nos
recursos tecnológicos.

Otimiza o tempo dos estudantes, que por motivos justos não têm como manter a
assiduidade integral.

As dificuldades podem ser facilmente enfrentadas, ou pela possiblidade de assistir


várias vezes à explicação ou por ter a dedicação especial do professor no momento
das atividades práticas.

A inversão respeita o ritmo de cada um, pois o aluno pode assistir aos vídeos
quantas vezes forem necessárias.

A relação aluno-professor é valorizada nos momentos de interação e mediação


pedagógica.

Os professores passam a conhecer melhor seus alunos, pois com o aumento do


tempo da aula para interagir e atuar na resolução de problemas e esclarecimento
de dúvidas, o professor passa a conhecer melhor sua turma.

Melhora o gerenciamento da sala, partindo do fato que no momento de maior


dispersão, que acontece durante a esplanação do conteúdo, eles estarão focados
em assistir à videoaula, sem a intervenção de terceiros.

O relacionamento com os pais é efetivo, pois com o ganho do tempo para uma
dedicação mais focada, o professor poderá busacar suporte com a família para
problemas de aprendizagem mais complexos.

Os pais também são educados, pois além de terem acesso aos vídeos e poderem
aprender juntos, participam ativamente da realização da tarefa, que na Sala de Aula
Invertida é a própria aula.
Gestão de Materiais 31

Diante de tantos pontos positivos, acredito que você esteja motivado


a experimentar o modelo de Sala de Aula Invertida, comprovando os
resultados positivos do processo de ensino e aprendizagem na sua turma.

Para finalizar, deixamos uma provocação, por meio de um texto de


Boswell (1791 apud BATES, 2016, p. 124):

As pessoas hoje em dia [...] têm uma opinião estranha


de que tudo precisa ser ensinado com aulas expositivas.
Entretanto, não vejo o que elas podem fazer que uma
boa leitura dos livros nos quais foram baseadas não faça.
[...] Aulas expositivas já foram úteis, mas agora, quando
todos sabem ler, e há tantos livros, são desnecessárias.

Guardando-se inúmeras reservas, a inquietação do autor quanto


à transmissão de teoria, quando existem fontes para tal, pode ser
transportada para os dias de hoje, que não têm apenas livros, mas
recursos que possibilitam a captura do momento de explicação, para
que o professor possa cumprir de fato o seu papel como mediador nos
processos de construção de conhecimentos.

Desejamos muito sucesso na empreitada, e convidamos você para


aplicar nossas sugestões de inversão.

Vamos inverter?
Lembra dos pilares para a educação do século XXI? Pois é! Agora
iremos fortalecer o SABER FAZER, aplicando os princípios da Sala de Aula
invertida nas nossas práticas docentes. A seguir, iremos propor alguns
cenários alternativos, que dependerá da realidade na qual você está
inserido. São esses os cenários propostos:

1. Educação Infantil e/ou Ensino Fundamental I

2. Ensino Fundamental II e/ou Ensino Médio


32 Gestão de Materiais

3. Ensino Superior

Professor, escolha a sua realidade e selecione a exemplificação de


cenário desejada. Interessado em conhecer todos eles? Não se acanhe.
Vá fundo!

Cenário 1 | Educação Infantil e/ou Ensino


Fundamental I
Monte um Plano de Aula com o uso da Sala de Aula Invertida, com o
tema de sua escolha, contemplando também o engajamento das famílias
das crianças.

EXEMPLO – INÍCIO

No site da Nova Escola, você pode acessar a atividade para a


pré-escola intitulada “Músicas que são poemas” (disponível em: https://
novaescola.org.br/plano-de-aula/2893/musicas-que-sao-poemas).

Partindo desse exemplo, proponha uma atividade aplicando os


princípios da Sala de Aula Invertida, utilizando uma das ferramentas de
sua plataforma Google Education.

Cenário 2 | Ensino Fundamental II e/ou Ensino


Médio
Na primeira etapa, você deverá pesquisar um vídeo alusivo ao
tema, montando um Plano de Aula com o uso da Sala de Aula Invertida,
propondo atividades sobre a cidadania utilizando as tecnologias digitais
que deverão ser realizadas em sala de aula.

A atividade proposta deve utilizar uma das ferramentas de sua


plataforma Google Education.
Gestão de Materiais 33

NOTA
Acesse o artigo que trata de Cidadania Digital: https://
novaescola.org.br/conteudo/12144/entenda-o-que-e-
cidadania-na-era-digital.

Cenário 3 | Ensino Superior


A produção de ciência é uma das demandas da formação superior,
sendo fundamental que os estudantes desse nível sejam capazes
de produzir conteúdos inéditos e com propostas para resolução de
problemas pertinentes às suas áreas de atuação.

Na aplicação da Sala de Aula Invertida no contexto do Ensino


Superior, utilizando a plataforma Google Education, propomos a seguinte
atividade:

•• Delimite um tema;

•• Monte um Plano de Aula;

•• Grave um vídeo, disponibilizando na Plataforma;

•• Elabore um Guia de Orientações para o aluno, acerca da


atividade que será realizada em sala de aula.

SAIBA MAIS
Acesse os links abaixo que descrevem casos práticos de
aplicação da metodologia no Ensino Superior:
Desafios no uso da Sala de Aula Invertida no Ensino Superior:
https://periodicos.utfpr.edu.br/rtr/article/view/3872.
Sala de Aula Invertida: a análise de uma experiência na
disciplina de Cálculo I: http://www.scielo.br/pdf/bolema/
v31n58/0103-636X-bolema-31-58-0739.pdf.
Aprendizagem ativa no Ensino Superior: a proposta da Sala
de Aula Invertida: https://www.pucsp.br/sites/default/
files/img/aci/27-8_agurdar_proec_textopara280814.pdf.
34 Gestão de Materiais

RESUMINDO
Neste capítulo de estudos apresentamos que os vídeos
estão na base da metodologias da Sala de Aula Invertida,
conforme concepção de seus idealizadores, os professores
Jon Bergman e Aaron Sans, e na sequência foram
apresentados os motivos pelos quais essa metodologia
traz inúmeros benefícios nos processos de ensino e
aprendizagem. Por fim, propusemos algumas possiblidades
de aplicação, para que você comece a pôr a mão na massa!
Vamos adiante!
Gestão de Materiais 35

Origem e evolução do Design Thinking

OBJETIVOS
Neste capítulo, conheceremos a origem e evolução do
Design Thinking, metodologia que coloca pessoas no centro
do processo para compreensão de suas necessidades.
Pretendemos auxiliar a entender como o Design Thinking
auxilia na resolução de problemas complexos e a
compreender o fundamento, os pilares e as etapas do
Design Thinking.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

O Design Thinking é uma metodologia que aplica ferramentas do


design na área da administração para o desenvolvimento de produtos,
serviços e negócios. Além disso, ele compõe também o quadro das
metodologias ativas, utilizadas na atualidade na área da educação. Em
ambos os casos é utilizado para a resolução de problemas complexos.

Atualmente, o Design Thinking assumiu um papel importante nas


instituições, pois conforme a atividade exercida e a velocidade com que
as informações se processam no campo das empresas e dos mercados,
que estão cada vez mais competitivos, eles requerem maneiras
eficazes para a resolução dos problemas. Ao longo desta aula, iremos
conhecer sobre essa importância, mostrando o cenário atual. Dúvidas?
Não se preocupe. No fórum de dúvidas e discussões você divide seu
conhecimento e esclarece todas as suas dúvidas. Depois, desenvolva
as atividades e questões sugeridas. Nós estaremos a sua disposição em
caso de dificuldades!

O início da tecnologia nasce ligada à arte e à técnica. Nesse tripé,


arte, técnica e tecnologia, podemos considerar que o design de produto se
fez presente desde os primeiros elementos criados para a sobrevivência
do homem.
36 Gestão de Materiais

Figura 6 - O homem primitivo e a criação de artefatos

Fonte: Freepik

A metalurgia , cerâmica que é considerada como arte de menor


importância, tem relação com a história do design de produto (MELO;
ABELHEIRA, 2015).

EXPLICANDO MELHOR
é necessário compreender que a tecnologia é uma ciência
que se encontra em todos os níveis de processos de
inovação de todas as áreas e que envolve o desenvolvimento
de algo que vai ser produzido.

Figura 7 – Da tecnologia ao Design Thinking

ARTE – TÉCNICA - TECNOLOGIA

Inovação

Design

Pessoas – 4P – Processos, produtos e serviços

DESIGN THINKING

Fonte: Lupion, 2018.


Gestão de Materiais 37

IMPORTANTE
sabemos que neste milênio o cenário mundial de produção
se apresenta com um novo ponto de vista, está ligado aos
avanços produzidos pela tecnologia e pela necessidade de
alguns países sobreviverem nos mercados. Assim, muitos
países buscam a especialização em determinadas áreas.

Com isso, os pontos de produção deslocaram-se e diversos


países passam a ser donos de inovações, muitas vezes marcadas por um
objetivo, que foi resultado da abertura dos mercados, na expectativa de
mudança econômica e social, criando políticas de prioridades nacionais,
infraestrutura e capitais humanos condizentes com esse novo momento.

Na realidade, o que vivemos atualmente em relação à chamada


“tecnologia” é a utilização da informação por meio dos diversos recursos
tecnológicos que possibilitam um acesso mais rápido e algum tipo de
inteligência, como smartphones, tablets entre tantos outros. Assim, a
partir disso, surgiram os termos tecnologia da informação e tecnologia do
conhecimento, sempre relacionados às máquinas.

REFLITA
com base no cenário que falamos acima, notamos ainda
que a tecnologia, estudando cientificamente a técnica
e o uso dos meios de trabalho, geram o conhecimento
necessário para a inovação de produtos e serviços que
promove e soma a busca pela competitividade.

E ainda certifica o importante papel do designer em sua atuação,


que acaba por se distanciar um pouco de seu papel de desenvolvedor de
produto ou comunicação visual para se aproximar da área estratégica das
empresas, ou seja, dos negócios.

REFLITA
Por que o designer?
38 Gestão de Materiais

Porque ele, como criador de produtos, fica mais próximo da


inovação, explora a criatividade e seu foco é o consumidor (MELO;
ABELHEIRA, 2015).

Sabemos que a inovação dos processos, especialmente quando é


relacionada aos serviços, é a soma de todas as forças, com o objetivo
da diminuição de custos, do aumento de produtividade e dos níveis de
clientes satisfeitos.

EXPLICANDO MELHOR
Para inovar é necessário acompanhar as evoluções
do mercado, antecipar e procurar novos cenários,
comportamentos de clientes e o indispensável ponto
de vista prático, que se espera do designer de produtos,
transformando produtos mais atraentes, fáceis de produzir
e consumir. Olhando para a questão das exigências de um
produto ou serviço, sabemos que nada é produzido que
não seja uma necessidade da sociedade.

Exemplo: Os modelos de celulares que tiveram uma evolução


muito rápida em suas funções, diante da necessidade de comunicação
mais rápida e em tempo real.

RESUMINDO
Estudando o papel do design ao longo do tempo, podemos
afirmar que: da comunicação surgiu o design gráfico, da
revolução industrial ou tecnológica surgiu o design de
produto e da informação surgiu o design de interfaces.

E é nesse quadro que se entende a origem do Design Thinking:


a partir do termo design, da evolução da profissão de design(er) e das
necessidades consequentes da sociedade presentes no novo contexto
mundial.
Gestão de Materiais 39

Conceito de design
Podemos definir o termo design dentro do quadro das empresas da
seguinte maneira:

DEFINIÇÃO
O que é então o design?

O design refere-se ao projeto, do início de um produto ou serviço e


o seu usuário. O cuidado do design também é com a forma do que será
produzido, que é considerado os requisitos específicos de um produto
ou serviço: emocionais, técnicos, ergonômicos entre outros (MELO;
ABELHEIRA, 2017).

A evolução do Design Thinking


A expressão Design Thinking de maneira simples tem o significado
de “o pensamento do design(er)”. Foi utilizada pela primeira vez em 1992
em um artigo de Richard Buchanan com uma abordagem de extensas
possibilidades do design no dia a dia, por exemplo: na comunicação visual,
na função que um produto tem, nos processos que envolvem serviços e
no pensar os ambientes para as pessoas viverem e trabalharem.

Em 1995, a Köln International School (KISD) iniciou um curso de


design de serviços em que os alunos aprendem a fazer uso da metodologia
de Design Thinking para construção de estratégias nessa área. Foi
popularizado em 1999 por Faste, como uma forma de ação criativa, e
pela IDEO consultoria, como um grande portfólio de produtos como uma
metodologia utilizada por ela. Em 2006, no Fórum Econômico de Davos,
foi aceito como modelo de pensamento para lidar com a complexa esfera
dos negócios.
40 Gestão de Materiais

IMPORTANTE
Na relação do trio de círculos da figura 8, destacamos a
abordagem de Pinheiro (2011) que diz que o quinto “P” do
marketing: Pessoas, é onde encontramos o elo, pois a partir
desse ponto se compreende e se inicia a necessidade e
o significado das coisas para elas. É onde somamos as
possibilidades de realização e se isso é lucrativo. E o Design
Thinking é que faz a relação da proposta das soluções.

A figura abaixo apresenta essa forma de pensamento.

Figura 8 – Demonstração do elo das necessidades

Design
Thinking Desejável para as
pessoas

Tecnicamente Rentável para o


possível negócio

Fonte: Pinheiro, 2011.

A partir de 2011 a metodologia do Design Thinking passa a ser


amplamente divulgada e abordada no Brasil, tendo tido sua primeira
divulgação por meio da emissora de TV por assinatura Globo News.
Gestão de Materiais 41

Design Thinking na resolução de


problemas complexos
Como visto anteriormente, o DT (Design Thinking) surgiu ao final do
século XX, assim, ainda tem alguns resíduos do modelo de construção
de dentro para fora. Contudo, hoje, com um consumidor mais ativo, esse
cenário vem se modificando.

A apreciação do produto passa a ser definida pelo consumidor, os


problemas do século XX não são os mesmos problemas do século XXI. Há
uma nova formação das necessidades da sociedade.

Por isso, o pensamento no design veio para auxiliar e manter


conveniente a criação de soluções para grandes desafios, sempre com
foco nas necessidades dos usuários, de forma colaborativa e interativa.

As ferramentas que normalmente são utilizadas, auxiliam nas


discussões e nos processos de criação, construindo grandes números de
ideias para resolução das necessidades e/ou problemas de um cliente,
e em todas as situações, durante a identificação das falhas e dos erros,
sempre são considerados como oportunidades de melhoria, nunca são
vistos como fracassos. Vejamos a seguir.

Segundo Melo e Abelheira (2015, p. 15), o Design Thinking:

é uma metodologia que aplica ferramentas do design


para solucionar problemas complexos. Propõe o
equilíbrio entre o raciocínio associativo, que alavanca a
inovação, e o pensamento analítico, que reduz os riscos.
Posiciona as pessoas no centro do processo, do início ao
fim, compreendendo a fundo suas necessidades. Requer
liderança ímpar, com habilidade para criar soluções a
partir da troca de ideias entre perfis totalmente distintas.
42 Gestão de Materiais

DEFINIÇÃO
O Design Thinking engloba todo processo de geração de
ideias, no qual se reúnem várias pesquisas e estudos para
se resolver os problemas, sendo que a atuação do design
vai além de produzir a aparência dos produtos, mas aplica-
se na criação de soluções que engloba desde os aspectos
estratégicos do negócio (BONINI; SBRAGIA, 2011).

DEFINIÇÃO
Bukowitz (2013) assegura que o Design Thinking atua na
abordagem das soluções dos problemas, que utiliza
de ferramentas de criatividade e conceitos de diversas
disciplinas para encontrar uma solução.

REFLITA
Todas as definições tendem para que o Design Thinking
faça a resolução de problemas, porém o cuidado que se
deve ter: abordagem, modelo e metodologia tem sentidos
diferentes. Metodologia, modelo e método também não
possuem o mesmo significado e abrangência.

Enfim, essa metodologia, do Design Thinking, auxilia na resolução


de problemas complexos por buscar, incansavelmente, em cada uma das
etapas do processo, esgotando todas as possibilidades existentes, tanto em
relação a informações e dados como na busca por alternativas de soluções.

Fundamento, pilares e etapas do Design


Thinking
O Design Thinking é uma metodologia baseada na afinidade
e experimentação, em que se busca, ao se colocar no lugar do
usuário, entender a necessidade ou o desejo do cliente e, por meio da
experimentação, encontrar as soluções.
Gestão de Materiais 43

É uma metodologia fundamentada no pensamento intuitivo


e analítico. Sua estrutura compõe pilares: empatia, colaboração e
experimentação. E o processo se desenvolve por meio dos mecanismos:
imersão, cocriação e prototipação.

Essa metodologia vai em busca do equilíbrio, entre o pensamento


analítico e o intuitivo, estimula a criação de ideias, justifica qualquer
questão e testa o tempo todo para experimentação e verificação.

Figura 9: Equilíbrio entre pensamento analítico e pensamento intuitivo

Analítico Intuitivo

Fonte: Lupion, 2018.

DEFINIÇÃO
O pensamento intuitivo é baseado na intuição, resolve
problemas, experimenta, mas não tem comprovação. Tem
uma tendência nas emoções. Já o pensamento analítico
é voltado para a razão, recolhe dados, descobre regras,
reduz custos, tem provas da eficácia dos resultados que
são consistentes.

Vejamos agora cada um desses pilares.

Figura 10 – Engrenagem dos mecanismos

Fonte: freeimagens
44 Gestão de Materiais

Os pilares têm como mecanismos de construção para qualquer


processo a imersão, a cocriação e a prototipação e eles funcionam como
uma engrenagem.

O primeiro, como diz o próprio termo (imersão), serve para mergulhar


e buscar compreender totalmente as necessidades do cliente. Pode se
dizer que esse mecanismo se relaciona com a habilidade de empatia, ou
seja, saber colocar-se no lugar do outro, entender sentimentos e reações.
Isso forma uma engrenagem que possibilita a compreensão do problema
ou da necessidade.

O segundo trata do mecanismo de cocriação. Como já diz o próprio


termo, criar em conjunto. É a construção ou o levantamento do maior
número de ideias, de preferência de diferentes fontes.

E o terceiro, prototipação, tem como objetivo testar as ideias de


várias formas para se retirar as mais viáveis e que tenham maior impacto,
priorizando para desenvolver futuramente (PINHEIRO, 2011).

Figura 11 - Prototipagem

Fonte: freeimagens
Gestão de Materiais 45

Ou seja, na prototipação é que ocorre as junções das necessidades


do público e a repetição de testes, para se eliminar erros em relação ao
produto ou serviço.

Quadro 1 - Síntese Design Thinking passo a passo

Problema e Ferramentas auxiliares


Mecanismos ou passos
sistematização ao design
1. Pesquisa,
Imersão ou empatia Observação,
1. Descoberta do problema ou Entrevista,
da(s) necessidade(s). Existe um 5 Porquês.
2....Construção da base para as problema, uma
ideias. necessidade, 2. Netnografia,
3. Inspiração para criação de como resolvê- Jornada do usuário,
novas ideias. lo(a)? storytelling.
4. Descobre-se algo, como Investigue,
interpretar? registre, descreva. 3. Personas
5. Contar histórias, enquadrar 4. Enquadramento
e classificar dados e 5. Mapa mental
informações, interpretar. 6. Painéis semânticos

Cocriação ou ideação
1. Gerar ideias.
2. Selecionar entre as ideias as 1. Geração de ideias.
mais viáveis em questões de Existe uma Brainstorming
execução técnica e econômica oportunidade. Benchmarking
e que seja desejável pelo
mercado.

Prototipação ou Optou-se por


experimentação uma ideia, como
1. Construção de protótipos, vamos construi-la 1. Prototipagem
tornar realidade a(s) ideia(s) ou colocá-la em
selecionada(s). prática?

Fonte: Lupion, 2018.


46 Gestão de Materiais

No próximo capítulo, estudaremos as ferramentas para a aplicação


do Design Thinking.

RESUMINDO
Neste capítulo de estudos, conhecemos o conceito do
Design Thinking e sua evolução, compreendendo seus
objetivos na resolução de problemas complexos de uma
forma criativa e colaborativa. Você já sabe também qual é
o fundamento dessa metodologia, juntamente com seus
pilares (imersão, ideação e prototipação) e respectivas
etapas de desenvolvimento. Guarde bem esses
conhecimentos, pois serão muito úteis na aplicação prática
da metodologia! Bons estudos!
Gestão de Materiais 47

Ferramentas para aplicação do Design


Thinking

OBJETIVOS
Neste capítulo, conheceremos as principais ferramentas
para a aplicação do Design Thinking: pesquisa,
benchmarking, observação e entrevista, cinco porquês,
netnografia, jornada do usuário, personas, brainstorming,
storytelling, enquadramento e prototipagem. De posse
desse conhecimento, a aplicação da metodologia na
prática será conduzida de forma a focar os esforços da
equipe com o método e os respectivos registros das etapas
de trabalho. Animado? Vamos adiante!

Pesquisa
A pesquisa é considerada a primeira ferramenta por ser a base
em todos os tipos de trabalhos de investigação que na sua origem
exigem método e comprovação e, ainda, a observação bem realizada e
devidamente estruturada, possibilitando fazer o diagnóstico da situação
encontrada e qual o problema a ser resolvido. Essa pesquisa deve ser
tanto quantitativa como qualitativa.

EXPLICANDO MELHOR
A pesquisa quantitativa, ou seja, como serão obtidos os
dados, pode ser feita por meio da aplicação de questionários
de fácil interpretação, cuja tabulação ocorre por meios
estatísticos convencionais, ou seja, números.

A pesquisa qualitativa possibilita levantar as questões mais


profundas, ligadas a valores e posturas. Traduz-se a causas e intensidades.
Por meio de observações complementa-se a coleta. Workshops,
entrevistas com grupos e individuais são boas maneiras.
48 Gestão de Materiais

Esse conjunto irá definir um panorama descobrindo “O que”, “Por


que”, “Quando”, “Como”, “Onde” e “Quem”.

VOCÊ SABIA?
Há uma técnica de construção mental chamada de
“Escada de Perguntas”, que pode auxiliar nesse processo.
Explorando: QUEM? O QUÊ? ONDE? QUANDO? POR QUÊ?
COMO? com as ações de SER, FAZER e PODER (MELO;
ABELHEIRA, 2015).

Figura 12 - Investigando

Fonte: Freepik

Benchmarking
Outra técnica que pode ser desenvolvida pelo Design Thinking
é o Benchmarking, que compara empresas que oferecem produtos
ou serviços semelhantes. Identificar o que é comum e destacar o que
ninguém tem pode trazer uma oportunidade única.

Ainda no campo da pesquisa, a observação e a entrevista podem


ser uma boa ferramenta.
Gestão de Materiais 49

Observação e entrevista
IMPORTANTE
A observação estruturada com anotações, quadros, fotos,
gravações, vídeos auxiliam a capturar detalhes, momentos
únicos que às vezes passam desapercebidos como
importantes para quem está envolvido. Hábitos, atividades,
a relação com o entorno, motivações e insatisfações podem
ser chave para inovações em processos e produtos.

Figura 13 - Observação investigativa

Gostos e
Hábitos Insatisfação afinidades

Fonte: Freepik (adaptado)

EXPLICANDO MELHOR
É fundamental para o processo de entrevista a construção
das perguntas e fazer o teste dessas perguntas. Isso faz
com o índice de resultados seja mais assertivo, assim como
preparar o ambiente antes de receber os entrevistados. É
necessário cuidar da forma como conduzir e a maneira de
finalizar.
50 Gestão de Materiais

Lembre-se! Pode ser que você precise voltar para falar com essas
pessoas e se o processo não for conduzido de maneira correta, pode
acarretar em relacionamentos afetados.

Entrevistas bem-sucedidas devem seguir etapas, as pesquisas


devem conter o método, como podemos ver a seguir.

Passo a passo:

1. Prepare as perguntas. Procure agrupá-las por temas, isso facilita


a tabulação. Evite ir e vir sobre questões relacionadas a uma mesma
temática.

2. Duplas facilitam a entrevista, enquanto um anota o outro pergunta


e interage com o entrevistado.

3. Teste as perguntas com uma pessoa antes de aplicá-la com todas


as pessoas, de forma a verificar se todas estão de fácil entendimento.

4. Durante a entrevista, estimule a imaginação do entrevistado de


forma a observar as emoções e aprofunde declarações que considere
relevantes.

5. Ao encerrar, pergunte se o entrevistado deseja complementar algo.

Cinco Porquês
De forma complementar, o uso dos cinco porquês da filosofia Lean
auxilia a ultrapassar e identificar a raiz de todos os problemas e evita
desgastes.

Os cinco porquês é uma técnica de investigação criada na Toyota


e difundida entre as melhores mentes empresariais dos séculos XX e XXI.

O Sistema Toyota de Produção, segundo o autor Taiichi Ohno,


não é apenas um sistema de produção, ele revela sua força como um
sistema gerencial adaptado à era de mercados globais e de sistemas
computadorizados de informações de alto nível.
Gestão de Materiais 51

Exemplo: Para o entendimento dessa prática, veja um exemplo


dos porquês, por Taiichi Ohno, considerado o pai do Sistema Toyota de
Produção e autor do livro O Sistema Toyota de Produção, em 1988.

1. Por que a máquina parou? Porque houve uma sobrecarga e o


fusível queimou.

2. Por que houve uma sobrecarga? Porque o rolamento não foi


lubrificado como deveria.

3. Por que não foi devidamente lubrificado? Porque a bomba


lubrificadora não estava bombeando o suficiente.

4. Por que a bomba não estava bombeando o suficiente? Porque o


eixo da bomba estava danificado e fazia barulho.

5. Por que o eixo estava danificado? Porque não havia proteção e


cavacos acumulavam-se na bomba.

Netnografia
Conhecidas as causas ou os problemas, pode-se avançar e
buscar conhecer mais sobre o comportamento das pessoas. Para isso,
pode-se utilizar da internet e da conhecida ferramenta: netnografia,
que nada mais é do que a etnografia digital, originária da antropologia
e do design, que busca informações do usuário de um serviço, ou seja,
seguir os consumidores em comunidades em redes sociais. Mapeia-se o
comportamento desses consumidores para melhorar produto ou serviço.

Passo-a-passo: As etapas a se percorrer são: definição do objetivo


pretendido e a comunidade a ser analisada, coleta das informações nas
comunidades, identificando aos membros e relatando seu propósito,
solicitação de autorização de uso das informações e, por último, a
apresentação para alguns membros para avaliarem e se possível
contribuírem. Sites de relacionamento e grupos no Facebook são
comunidades possíveis de estudo.
52 Gestão de Materiais

Jornada do usuário
Essa atividade você deve começar listando as etapas que ilustram a
forma como um determinado usuário interage com um produto ou serviço
(ou, ainda, um sistema); storyboards.

EXPLICANDO MELHOR
Storyboards são itens organizados, por exemplo, uma série
de ilustrações ou imagens, colocadas em sequência, com
o objetivo de pré-visualizar um  filme,  uma animação  ou
um gráfico animado, incluindo elementos interativos
em  websites. Sendo um  roteiro  desenhado, seu  layout
gráfico se assemelha a uma história em quadrinho.

Passo a passo:

1. Pense no que ele faz e como faz, buscando identificar possíveis


pontos de dificuldades ou dúvidas.

2. Organize as ideias do início para o meio e o fim, isso auxilia a


compreensão.

3..Defina quais etapas contribuem para a construção da experiência.

4. Represente de forma visual a jornada das pessoas que são


diretamente afetadas pelo problema, que precisam resolver estabelecendo
um diagrama de fluxo, fotografias, cartões ilustrativos, storyboards.

5..Faça um ranking e avalie as partes e o todo de forma sistemática.

Personas
DEFINIÇÃO
Ferramenta de empatia por meio de seres fictícios. Esse termo
faz referência a arquétipos, ou seja, primeiros modelos ou
imagens de algo. Seu significado é relacionado à máscara ou
face que uma pessoa assume ao interagir com seu entorno.
Gestão de Materiais 53

Nessa ferramenta, personas são personagens fictícios, criados


pelos participantes e que inseridos em um cenário auxiliam a obter a
compreensão do comportamento de um determinado usuário ou grupo
de usuários que estão envolvidos com um produto, um serviço ou uma
experiência, de maneira que possibilita a exploração de pontos de vista
para um posterior processo de criação.

Para a criação das personas, na realização dessa atividade, as


pessoas às vezes utilizam máscaras para fazer a dinâmica.

Sugere-se para a aplicação dessa ferramenta, o modelo


dinamarquês de design e interação, em que as etapas a serem percorridas
são: a coleta análise dos dados, definição do número de personas e
construção destes, construção dos cenários para análise do problema e
ideação e aceitação dos personas e soluções propostas pela empresa e
pelos clientes (MELO; ABELHEIRA, 2015).

Brainstorming
DEFINIÇÃO
É uma técnica para estimular a criatividade e resolução
de problemas. Deve ser realizado em grupo. Inicia-se com
a escrita da ideia central em um papel e todos devem ir
anotando o que lhes vem à mente relacionado àquela ideia.

Storytelling
A arte de contar histórias é uma das habilidades dos designers e
do pessoal de comunicação. Muitas vezes, para a montagem de uma
apresentação de um projeto, os profissionais da comunicação sugerem
utilizar a técnica de contação de história.

O storytelling nada mais é do que a contação de história, visando


preparar para a ideação. Ao ter um processo de contação coletiva, tem-se a
possibilidade de emergir diversas hipóteses válidas a serem aprofundadas.
54 Gestão de Materiais

Inicia-se com o ponto de partida e o caminho. O destino final é a


etapa mais difícil.

Passo a passo: Coloque as ideias no papel, uma boa ferramenta a


auxiliar é o pitch. As etapas de elaboração do pitch preveem a identificação
de uma oportunidade. Deve-se começar indicando qual a oportunidade
que se pretende atender e que não é bem atendida pelas empresas
existentes, procure ser objetivo e claro, pois isso é a chave no processo.

Após, exponha rapidamente qual a solução que propõe para atender


essa necessidade, destacando qual será sua inovação/diferenciação.

Apresente amostras do seu produto/serviço, fotos de um protótipo


ou um vídeo explicativo, algo que auxilie a visualização do produto, que
facilite o entendimento e ao mesmo tempo demonstre sua capacidade
de execução. Destaque os diferenciais oferecidos. Após, elabore sua
apresentação, discuta e utilize o feedback dos colegas para complementar.

Coloque as ideias no papel elaborando argumentos chaves. Essa


técnica possibilita a definição de oportunidades. Evite julgamentos e
resolver o problema. Lembre-se de que você está construindo hipóteses,
é a construção de um enredo que inspira a geração de ideias. O pitch pode
fazer parte da criação de um negócio este, para se concretizar, necessita
de parceiros ou clientes. Assim, em uma apresentação relâmpago vem o
pitch para também fazer parte da criação de um negócio. Afinal de contas,
nenhum negócio pode se concretizar sem parceiros ou clientes que
podem auxiliar na cocriação.

Enquadramento
Trata-se de um esforço de concentração necessário, pois o Design
Thinking, às vezes, tem um volume enorme de informações originadas
de pesquisa, da netnografia (hábitos de usuários), história e narrativas
possíveis (storytelling), resultados de apresentações (pitch). Enfim, o
enquadramento vai dar o foco necessário, organizando ideias e geração
de soluções.
Gestão de Materiais 55

Boas maneiras de direcionar para isso são os mapas mentais, os


painéis semânticos, ou seja, um quadro de referências visuais, e a famosa
pergunta: como podemos? O mapa mental enumera e representa ideias
e suas consequências.

Prototipagem
As etapas da prototipagem são diversas, têm finalidades diferentes
e complementam-se e sua escolha dependerá do nível de complexidade
e da necessidade do desafio que se tem no projeto a ser executado.
Nessa fase, é importante a opinião de usuários. (MELO; ABELHEIRA, 2015).

Os diferentes tipos de protótipo citados por diversos autores e


que podem ser utilizados quando se desenvolve um produto, serviço ou
negócio são:

Protótipo de função crítica


Quando se busca resolver uma situação crítica, que compromete
algo. Por exemplo, uma tampa que não está vedando adequadamente
um produto e pode gerar problemas. O problema está apenas na vedação.

Protótipo azarão
São ideias consideradas como impossíveis. Produtos de alta
tecnologia são bons exemplos.

Protótipo “maneiro”
Esse protótipo define e comprova fisicamente antes do detalhamento
do produto final.
56 Gestão de Materiais

Protótipo funcional
Demonstra a aparência e a interface do protótipo final.

Protótipo de características-chave
Nesse protótipo, são analisadas as dificuldades e os problemas a
serem enfrentados em relação ao esperado, a funcionalidade essencial.

Protótipo final
Como o próprio nome já diz, é o protótipo em alta resolução.
São funções e características testadas que combinadas e testadas
demonstram o potencial da proposta desenvolvida.

A complexidade da prototipagem dependerá do produto e do


segmento, dessa forma o método de prototipagem pode ser ou não o
mais preciso. Técnicas de prototipagem de componentes de máquina de
lavar, por exemplo, podem ser diversas de serviços de manutenção.

Existem situações em que o design pode utilizar materiais como


sucata para prototipar, assim como a vivência do usuário torna-se
relevante quando o produto é de uso em sua atividade de trabalho, como
a facilidade de uso, os níveis de segurança, entre outros.

RESUMINDO
Neste capítulo de estudos, conhecemos as ferramentas
que podem nos auxiliar durante a implementação e o
desenvolvimento da metodologia do Design Thinking
nos processos de ensino e aprendizagem, partindo da
apresentação objetiva de cada uma, com suas respectivas
aplicações. Nesse momento de sua trilha de aprendizagem,
acreditamos que já tenha uma boa base de conhecimentos
sobre o Design Thinking. O momento agora é de aplicação
em uma situação prática, com o objetivo de resolver algum
problema ou propor uma determinada melhoria. Mãos à obra!
Gestão de Materiais 57

REFERÊNCIAS
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MELO, A.; ABELHEIRA, R. Design Thinking & Thinking Design: metodologia,


ferramentas e reflexões sobre o tema. São Paulo: Novateck Editora Ltda., 2015.

OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da


produção em larga escala. São Paulo: Bookman, 1997.
Marina Ribas Lupion
Andréa César Pedrosa

Metodologias
Ativas

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