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3.

MECANISMO, FUNCIONAMENTO E INSTALAÇÃO DE MOTORES CICLO OTTO E


CICLO DIESEL.

Introdução
Máquina térmica é aquela que transforma energia calorífica em energia
mecânica. Para que uma máquina térmica consiga converter calor em trabalho, de
modo contínuo, esta deve operar em ciclo entre duas fontes térmicas, uma quente e
outra fria: retira calor da fonte quente (Qq), converte-o parcialmente em trabalho (W) e
restante (Qf) é dissipado para fonte fria. O rendimento de uma máquina térmica pode
ser expresso por n= energia útil/energia total. Os refrigeradores (máquinas frigoríficas)
são máquinas térmicas que transferem calor de um sistema de menor temperatura
(congelador) para o meio exterior que se encontra a uma temperatura mais alta.
Enquanto os motores são equipamentos que transformam alguma forma de energia
(térmica, hidráulica, elétrica, nuclear etc) em energia mecânica.

Conforme o tipo de energia que transforma, ele é classificado motor de


combustão, hidráulico, elétrico ou atômico. A obtenção de energia mecânica através da
conversão da energia química do combustível é realizada nas chamadas máquinas
térmicas ou de combustão. Elas são divididas em máquinas de combustão externa e de
combustão interna. Uma instalação a vapor (sistema de caldeira e turbina a vapor)
constitui um exemplo clássico de máquina de combustão externa. O combustível é
queimado na fornalha da caldeira e a energia mecânica é obtida na turbina. A
combustão se processa extremamente, se considerada a máquina que fornece a
energia mecânica, a turbina a vapor.

Esta transferência de calor não está contra 1ª. Lei da Termodinâmica, pois
não é espontânea, ocorrendo à custa de um trabalho externo, ou seja, o trabalho do
compressor. As máquinas térmicas podem ser de dois tipos: combustão externa e
combustão interna.

 Máquina térmica de combustão externa é aquela em que o gás que


trabalha dentro do cilindro é aquecido fora da máquina. Ex.: a máquina a vapor (foto
abaixo), onde este vapor é aquecido pelo calor da combustão na fornalha da caldeira.
 Máquina térmica de combustão interna é aquela em que o combustível
se inflama no interior do próprio cilindro. Ex.: motor à gasolina (foto abaixo à esquerda),
motor Diesel (foto abaixo a direita), etc. As máquinas de combustão interna (MCI)
aspiram o ar atmosférico, misturam esse ar com um combustível (líquido ou gás) e, no
interior da própria máquina, convertem a energia química do combustível em trabalho
no eixo.
O processo de combustão é uma reação química que ocorre com
desprendimento de calor (exotérmica). Tal reação se processa entre um corpo
combustível e um corpo comburente, mediante a ação do calor. Em que o combustível
é o corpo que queima (óleo Diesel, gasolina, álcool, querosene, etc.) e o comburente é
o corpo que alimenta e queima (o oxigênio do ar). Para que haja uma boa combustão é
necessária uma quantidade de combustível proporcionalmente dosado com
comburente, que o combustível e o comburente estejam intimamente misturados e que
exista calor suficiente para provocar a queima. Quando o calor não é suficiente para
causar a queima, um dispositivo de acendimento (a vela no motor a gasolina) faz a
ignição. Quando, porém, a elevada temperatura do ar fortemente comprimido, por si só
inflama o combustível, tem-se o que chama de auto inflamação.
Deste modo este estudo pretende abordar e caracterizar o principio de
funcionamento dos motores de combustão interna a partir de OTTO e Diesel.

Máquinas de Combustão Interna (MCI)


As MCI compreendem as máquinas de movimento alternativos (motores diesel
e a gasolina ou álcool) e as turbinas a gás. Na maioria dos navios, predominam os
motores diesel, devido a melhores condições de partida e funcionamento, padronização
do óleo diesel, maior economia e menores riscos de incêndio. Entretanto, os motores a
gasolina são muito usados em aplicação onde se deseja alta velocidade e possa ter
motores reduzidos de tamanhos em pequenas embarcações, motobombas, etc)
As turbinas a gás têm aplicações recente no ambiente marítimo. São
empregadas na propulsão de navios e no acionamento de geradores e bombas
portáteis. A tecnologia das turbinas aéreas foi adaptada para a aplicação naval, através
de alterações que permitiram o seu uso adequado. O tratamento do ar de admissão,
por meio de filtragens sucessivas e as rnodificações nos materiais de seus
componentes são exemplos de desenvolvimentos introduzidos nas turbinas
“marinizadas” para evitar a erosão e corrosão de suas peças no agressivo ambiente
marinho.

Classificação das Máquinas Alternativas de Combustão Interna

Os vários modelos de MCI podem ser divididos quanto ao princípio de


funcionamento, ao número e disposição dos cilindros e ao número de tempos. Quanto
ao princípio de funcionamento, as máquinas funcionam segundo o ciclo OTTO de
ignição por centelha ou o ciclo DIESEL de ignição por compressão.

No ciclo OTTO, o ar é misturado ao combustível e introduzido num


compartimento fechado, o cilindro. Uma centelha elétrica incendeia a mistura e a fôrça
de expansão dos gases proporciona a conversão da energia química em trabalho no
eixo. No ciclo DIESEL, o combustível se inflama ao ser posto em contato com a
elevada temperatura do ar aquecido pelo efeito da compressão no cilindro, não
havendo necessidade da centelha. Quanto ao número e disposição dos cilindros, os
motores podem ter um, dois, quatro, ou até dezesseis cilindros, dispostos em linha, em
V, opostos, etc.

São muito comuns os motores de quatro e de seis cilindros em linha nos


automóveis, veículos de carga leves, motores acionadores de geradores de energia
elétrica e motores de Propulsão. Nos motores de quatro cilindros horizontais opostos,
os cilindros estão dispostos em duas fileiras uma em cada lado do eixo de manivelas:
Essa disposição permite um equilíbrio mecânico excelente e um motor de menores
dimensões que o de quatro cilindros em linha, para a mesma potência. Os motores V-6
e V-8 também possibilitam menores espaços e bom equilíbrio mecânico, o que reduz as
vibrações ao mínimo.

Os MCI são classificados quanto ao tempo em motores de quatro tempos e


motores de dois tempos. No motor de quatro tempos o ciclo de funcionamento
(admissão, compressão, expansão e descarga) se completa em quatro movimentos do
êmbolo no cilindro, enquanto que no motor de dois tempos, o mesmo ciclo ocorre em
dois movimentos do êmbolo.

O motor diesel
A seguir serão apresentadas as nomenclaturas e funções das partes principais
de um motor diesel. A maior parte dessas peças também compõem o motor a gasolina.
As diferenças serão apresentados a seguir:

Bloco do Motor

É a peça principal do motor. Serve de base para a montagem dos


componentes. Absorve os esforços exercidos pela combustão e movimento das peças
móveis.

Cabeçote do Motor
O cabeçote ou cabeça fica na parte superior do motor. É a peça que fecha o
cilindro. É fixado ao bloco por parafusos ou estojos. A vedação entre o bloco e o
cabeçote é feita por uma junta de cobre, amianto ou aço. No cabeçote estão montadas
as válvulas de admissão e descarga, redes e molas dessas válvulas, válvulas de
injeção de combustível, balancins e tuchos. Pode haver um cabeçote para cada
cilindro, como nos motores de grande potência, até somente um cabeçote para todos
os cilindros.

Eixo de Cames
Comanda a operação de abertura das válvulas de admissão e descarga, através de
t tuchos e balancins. Há um ressalto ou came para cada válvula.
Tucho e Balancins
Recebe acionamento do eixo de cames e aciona os balancins das válvulas de
admissão e descarga. Montados na parte superior da cabeça do cilindro, funcionam
como alavancas interfixas no mecanismo de abertura das válvulas.

Molas das válvulas


São as responsáveis pela operação de fechamento das válvulas de admissão e
descarga, quando estas não estão acionadas.

Êmbolo
Age como se fosse um fundo móvel do cilindro. O êmbolo recebe a energia de-
corrente da queima do combustível e desloca-se dentro do cilindro em função da
expansão da mistura inflamada, transferindo esta energia para o eixo de manivelas,
através da conectora.

Anéis do êmbolo e conectora


Os anéis do embolo proporcionam melhor vedação entre o êmbolo e o cilindro
a conectora transforma o movimento retilíneo alternativo dos êmbolos em movimento
circular contínuo do eixo de manivelas.

Eixo de manivelas e volante


Eixo das manivelas transfere ao utilizador - carro, hélice, gerador - a potência
desenvolvida em cada cilindro e o volante dinâmico, exercendo influência na
uniformização da velocidade do motor.

Cilindro
Componente onde se estabelece a queima do combustível e onde o êmbolo se
movimenta.

Carter
Fecha a extremidade inferior do cilindro e do bloco, protege o eixo de manivelas e, nos
motores de pequeno e médio porte, armazena o óleo lubrificante em uso no motor.
Filtro de ar
Filtra o ar que será utilizado na queima do combustível.
Turbo-alimentador ou turbo-carregador
Introduz maior quantidade de ar nas câmaras de combustão, possibilitando
ao motor queimar maior quantidade de combustível, aumentando, assim, a potência
fornecida.
Bomba de água e termostato
A bomba de água pressiona a água através do sistema de resfriamento e o Termostato
Controla o fluxo do líquido de resfriamento através do radiador.
Radiador
Aparelho de troca de calor que promove a diminuição da temperatura adquirida pelo
líquido de resfriamento, durante sua circulação pelo motor.
Ventilador
Ativa a corrente de ar que atravessa o radiador, a fim de absorver parte da temperatura
do líquido de resfriamento aquecido pelo motor.
Válvulas de admissão
São as responsáveis pelo acesso do ar a queima na câmara de combustão.
Válvulas de descarga
São as responsáveis pela saída dos gases existentes no cilindro, resultantes da
combustão.
Bomba de óleo lubrificante
Faz o óleo lubrificante circular sob pressão estabelecendo uma película que protege as
peças do motor, reduzindo o atrito e o desgaste entre as peças móveis do motor.
Ciclos de Funcionamento do Motor Diesel
As fases de admissão, compressão, expansão e descarga são comuns nos
ciclos a dois e quatro tempos e realizadas nos motores que funcionam pelo princípio de
OTTO e nos que funcionam pelo princípio de DIESEL. As diferenças existentes são
relacionadas com o número de tempos e de movimentos que envolvem o êmbolo e a
conectora, para que os eventos dos ciclos se realizem.
Ciclo de funcionamento a quatro tempos
1) Admissão
É realizada durante o deslocamento do êmbolo do ponto morto superior
(PMS) para o ponto morto inferior (PMI), estando as válvulas de admissão abertas e as
válvulas de descarga fechadas. O movimento descendente do êmbolo cria uma
depressão no interior do cilindro. O ar exterior, empurrado pela pressão atmosférica,
penetra pela válvula de admissão aberta, enchendo o cilindro. Desta forma, a fase de
admissão nos motores Diesel é caracterizada pelo enchimento do cilindro apenas com
ar fresco e puro, e não por uma mistura de ar e combustível, conforme acontece nos
motores de ignição por centelha.
2) Compressão
No final da fase de admissão, a válvula de admissão se fecha. A válvula de
descarga continua fechada. O êmbolo inverte o seu deslocamento, iniciando a subida e
a compressão do ar fresco retido no cilindro. Próximo ao final da compressão, o ar está
de tal forma comprimido que passa a ocupar apenas o volume correspondente à
câmara de combustão. Esta compressão, que em algumas versões de motores diesel
pode vir a ocupar um espaço 22 vezes menor do que ocupava antes (taxa de
compressão 22:1), acarreta um aumento de temperatura que poderá atingir até 7000 C.
A alta temperatura do ar comprimido inflama o combustível que foi lançado finamente
pulverizado, na câmara de combustão no final desta fase.
3) Expansão
Também chamado de Tempo do Motor ou de Trabalho, é a fase em que o
êmbolo realiza trabalho. A alta pressão proveniente da queima da mistura ar e
combustível empurra o êmbolo para baixo. As duas válvulas, de admissão e descarga,
continuam fechadas. Somente nesta fase ou tempo de expansão é que o motor
trabalha. A energia necessária ao acionamento das peças móveis durante as outras
fases são fornecidas pelo volante. Portanto, na fase de expansão o volante acumula
energia para cedê-la, posteriormente, às demais fases.
4) Descarga
Atingindo o PMI, o êmbolo inverte seu sentido de movimento e volta para o
PMS expelindo os gases da combustão através da válvula de descarga. A válvula de
admissão continua fechada.
Ciclo de funcionamento a dois tempos
Com o objetivo de se aumentar a potência dos motores do mesmo poite e simplificar o
mecanismo de válvulas idealizou-se o ciclo de funcionamento a dois tempos. Este ciclo
se adapta, indiferentemente, aos motores de inflamação por centelha e aos motores de
inflamação por compressão, mas, o sucesso de seu emprego tem sido maior nos de
compreensão (diesel). No caso dos motores diesel que funcionam segundo o ciclo a
dois tempos as fases de compressão e expansão se realizam simultaneamente; assim
acontece também com as fases de admissão e descarga dos gases.
A substituição das válvulas por uma série de aberturas usinadas em tomo dos cilindros
as janelas - tomou obrigatória a existência de um dispositivo capaz de admitir ar fresco
para o interior dos cilindros: a bomba de suprimento, acionada pelo próprio motor, que
impulsiona o ar para dentro dos cilindros, expulsando os gases e enchendo-os com ar
fresco. Estabelece-se assim, a "lavagem" dos cilindros.
As fases de funcionamento a dois tempos são:
1 - EXPANSÃO - Com o êmbolo no PMS, ocorre a injeção do combustível
pulverizado, numa atmosfera de ar comprimido a alta temperatura. A combustão tem
início, com o êmbolo em PMS. A força de expansão da mistura inflamada impulsiona o
êmbolo para baixo, realizando o curso de trabalho ou curso motor (fig.62 - A).
2 - DESCARGA - Após percorrer mais da metade do curso descendente, o
êmbolo descobre as janelas de descarga, na parede do cilindro, permitindo que a maior
parte dos gases da combustão escape para a atmosfera. Antes do final do curso
descendente, o êmbolo descobre uma segunda janela - de admissão - sendo o ar
forçado para dentro do cilindro.
3 - ADMISSÃO - Durante o curso do êmbolo do PMS para o PMI, com as janelas B e A
descobertas, o cilindro foi suprido com ar fresco. Ao atingir o PMI, o êmbolo inverte seu
deslocamento e inicia o curso ascendente; são fechadas as janelas A e B, nesta ordem.
4 - COMPRESSÃO - Após o fechamento das janelas, um substancial volume de ar
ficou retido no cilindro. É a carga suficiente para que o êmbolo, no seu movimento
ascendente, se aproxime do PMS. realize a compressão ideal para nova combustão e o
ciclo se repete. O ciclo de funcionamento dos motores de dois tempos, tem uma subida
e um de descida do êmbolo com apenas uma rotação do eixo de manivelas.
Motores de Ignição por Centelha (OTTO)
Desde o início das experiências com as máquinas a combustão intema,
foram testados diversos métodos para que a queima do combustível apresentasse o
melhor rendimento. OTTO, engenheiro alemão, foi o autor do método de "Ignição por
Centelha", adotado até os nossos dias. Através deste método, o ar é aspirado da
atmosfera e, em seguida misturado ao combustível (álcool, gasolina ou gás) no
carburador. Essa mistura é introduzida num espaço fechado e previamente definido,
sendo, a seguir, comprimida.
Uma centelha elétrica incendeia a mistura e a força de expansão dos gases
converte a energia calorífica liberada pela explosão da mistura em energia mecânica.
Decorrente das sucessivas combustões da mistura, os êmbolos descem e sobem,
fazendo girar o eixo de manivelas.
Ciclo de funcionamento a quatro tempos
1 - Admissão
Abre-se a válvula de admissão e mantém-se fechada a válvula de descarga. O êmbolo
desce aspirando a mistura ar-combustível, que preenche o cilindro. No fim deste curso
fecha-se a válvula de admissão.
2 - Compressão
Enquanto as válvulas de admissão e descarga estão fechadas, o êmbolo inverte seu
sentido de movimento e começa subir. O êmbolo comprime a mistura na câmara de
combustão, o que resulta na sua vaporização, devido a o calor gerado pela
compressão.
3 - Ignição e Expansão
As válvulas permanecem fechadas. A massa gasosa comprimida, ao ser inflamada pela
centelha, expande-se de modo brusco, impelindo o êmbolo para baixo. No fim do curso,
abre-se a válvula de descarga.
4 - Descarga
A válvula de descarga está aberta, enquanto a de admissão é mantida fechada. Por
sua vez o êmbolo sobe para expulsar os gases resultantes da combustão. Ao final do
curso, um novo ciclo se inicia com a troca da situação das válvulas.
Ciclo de funcionamento a dois tempos
1 - Pelo movimento ascendente do êmbolo, dá-se o aumento de volume do carter
B, criando-se neste um vácuo parcial. À medida que o êmbolo sobe, a entrada A de
mistura é aberta. Devido às diferenças de pressão entre o exterior e o interior do carter,
este se enche de mistura carburada. Enquanto isso ocorre, o êmbolo comprime a
mistura anteriormente admitida no cilindro;

2- Atingindo o fim do curso ascendente, após a compressão, o êmbolo inverte seu


sentido e inicia o movimento de descida, impelido pela inflamação e expansão da
mistura. A entrada A é fechada. Próximo ao final do curso, abre-se a janela de
descarga E, iniciando a liberação dos gases resultantes da combustão. O movimento
descendente do êmbolo determina uma diminuição do volume do carter. Com isso a
mistura carburada ali existente sofre uma leve compressão até que o êmbolo descobre
a janela C de admissão. O deflector do êmbolo orienta a entrada da mistura e evita
maiores perdas desta janela E;
3 - Novamente, o êmbolo inverte sua trajetória e, assumindo um movimento
ascendente, fecha as janelas C e E e inicia a compressão da mistura. Nesse interím,
uma segunda carga de mistura é assimilada pelo carter através da passagem A.
Portanto, existe agora no motor duas cargas de mistura: uma sendo comprimida no
cilindro, outra no carter,
4- No fim do curso de compressão a mistura está pronta para ser incendiada. Uma
centelha salta entre os eletrodos da vela G e incendeia a massa gasosa. A massa
queimada se expande rapidamente, forçando o êmbolo para baixo, produzindo a força
necessária para girar o eixo de manivelas. Uma parte do curso de potência é utilizada
para descarregar os gases. Á medida que o êmbolo se desloca para baixo, abre
primeiro a janela E e os gases se precipitam para fora, em virtude da elevada pressão
ainda existente no cilindro. Continuando seu curso descendente, o êmbolo descobre a
janela C e nova carga de mistura é admitida no cilindro, orientada pelo deflector. Essa
nova carga de mistura força os gases remanescentes para fora do cilindro, pela janela
E, completando o ciclo. Portanto, no ciclo a dois tempos, para cada dois cursos
completos do êmbolo existe um curso de trabalho e as fases de admissão,
compressão, expansão e descarga se realizam com apenas uma volta completa do
eixo de manivelas.
Dispositivos dos motores de ignição por centelha
Para que um motor funcione normalmente, além das partes essenciais, já vistas, ele:
necessita ainda dos dispositivos de carburação e ignição.
Carburação
O fornecimento do ar é obtido pela ação do deslocamento do êmbolo e sua
admissão no cilindro é controlada pela abertura e fechamento da válvula de admissão.
A dosagem do combustível se faz no carburador, durante a passagem da corrente de ar
pelo seu interior. O processo de misturar o ar com o combustível é denominado
CARBURAÇÃO. A carburação desempenha um papel essencial, na medida em que
permite ao motor arrancar facilmente, ter boa e progressiva aceleração, funcionar
economicamente com bom rendimento e apresentar baixa emissão de poluentes para a
atmosfera.
O carburador pertence ao conjunto de componentes - do qual faz parte ainda o tanque,
bomba de suprimento e filtros-denominado SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO.O ar depois
de filtrado é aspirado através de uma passagem que se estreita. Esse estreitamento (1)
faz aumentar a velocidade e diminuir a pressão do ar, provocando uma depressão ou
vácuo parcial na área das paredes da passagem.
A depressão criada permite aspirar o combustível presente na extremidade de um
pequeno bico. O fluxo da mistura gasosa é regulado pelo dispositivo chamado válvula
de aceleração (2), instalado no corpo do carburador. O pedal do acelerador (4)
comanda o dispositivo para regular a quantidade de mistura levada ao cilindro. Por
meio de conduto de admissão a mistura carburada é introduzida na câmera de
combustão, abrindo a câmara de admissão.
Ignição
A inflamação da mistura ar-combustível se consegue com a centelha elétrica
liberada pela vela de ignição. Ao conjunto dos componentes destinados ao
processamento da centelha elétrica chama-se de SISTEMA DE IGNIÇÃO. Os sistemas
de ignição em uso atualmente são o sistema convencional e a ignição eletrônica. Em
um sistema de ignição convencional o circuito primário, de baixa voltagem, é composto
pela bateria, chave de ignição, enrolamento primário da bobina, condensador
(capacitor) e platinado (ruptor). O circuito secundário, de alta voltagem, compreende o
enrolamento secundário da bobina, cabo de alta para o distribuidor, distribuidor, rotor,
cabos de alta para as velas e velas de ignição.
Os componentes do sistema de ignição convencional têm as seguintes funções:
1 - Bateria - constitui a fonte de energia básica para o sistema.
2 - Chave de Ignição - fecha o circuito entre a bateria e a bobina.
3 - Bobina - é o elevador de tensão necessária à liberação da centelha entre os
eletrodos da veta de ignição. A centelha é a passagem da corrente entre dois pontos
separados. Para que isto ocorra é necessário que a voltagem seja suficientemente alta.
Cabe à bobina, associada a condensador e platinado, o papel de elevar o valor da
voltagem da bateria - normalmente de 12 Volts - para valores entre 10.000 e 20.000
Volts.
A bobina se constitui de dois enrolamentos em tomo de um núcleo de ferro
doce. O enrolamento primário se compõe de algumas espiras de fios de cobre de
grosso diâmetro; o secundário é constituído de múltiplas espiras de fios de cobre de
pequeno diâmetro.
4) Cabo de Baixa Voltagem - conduz a corrente no circuito primário.
5 e 6) Cabos de Alta Voltagem - conduzem a corrente de alta voltagem para o
distribuidor e para as velas de ignição (7).
8) Distribuidor - a alta tensão a cada vela no momento exato da liberação da centelha.
Rotor - gira dentro do distribuidor ligando o cabo da bobina a cada cabo de vela, no
momento exato da liberação da centelha. O sistema de ignição convencional sofre
algumas limitações nas faixas de altas velocidades dos motores.
O sistema de ignição eletrônica (unidade de ignição assistido por transistores)
apresenta a vantagem de receber pequenos valores de corrente elétrica e amplifica-los
a valores suficientemente altos, para a liberação das centelhas, seja qual for a
velocidade do motor.

Sistemas Complementares
Sistemas de Partida
Para que as MCI iniciem seu funcionamento, é necessário que uma fonte extema de
energia propicie o acionamento inicial. Uma vez retiradas da inércia, essas máquinas
mantêm funcionamento auto-sustentado. Os principais sistemas de partida usados em
motores e turbinas são: manual, elétrico e pneumático.
a) Sistema de Partida Manual - seu uso é restrito à partida de pequenos motores
aplicados em instalações portáteis, e algumas motocicletas.
b) Sistema de Partida Elétrica - É amplamente difundido na partida de motores de
ignição por centelha, motores de ignição por compressão de pequeno porte e
aeronaves. Nos sistemas de partida elétrico geralmente um motor elétrico de corrente
continua, engrenado à cremalheira do volante do motor, dá impulso necessário ao
acionamento do eixo de manivelas, fazendo com que o motor entre em funcionamento.
c) Sistema de Partida Pneumático - É utilizado para acionar a maioria dos motores
diesel de médio e grande porte e turbina a gás. Consiste, essencialmente, na
introdução do ar comprimido no interior do cilindro. A pressurização feita na fase de
expansão do ciclo provoca o deslocamento do embolo e este aciona o eixo
Sistemas de resfriamento
Menos de uma quarta parte da energia calorífica desenvolvida pelo motor é
convertida em trabalho. O calor restante deve ser dissipado a fim de preservar os
componentes do motor. Os sistemas de resfriamento podem ser diretos e indiretos. Nos
sistemas diretos, o ar circula através das alhetas existentes no exterior dos cilindros e
cabeçotes do motor. Nos sistemas indiretos, utiliza-se uma corrente de ar provocada
por ventilador ou a circulação de água ou líquidos por meio de bomba que é colocada
num ponto baixo do circuito da água entre o radiador e o motor.
O sistema de resfriamento dos motores marítimos possui dois circuitos de
água, sendo um de água tratada (água doce) e outro de água não tratada (água
salgada ou de rio).
Uma bomba aspira água não tratada, pressionando-a através do resfriador,
para retirar parte do calor existente na água doce. A água não tratada é depois
descarregada para fora do motor. Outra bomba, trabalhando com água doce, pressiona
essa água através do motor para efetuar o resfriamento das paredes do cilindros,
cabeçotes, êmbolos e válvulas de motor.
Sistemas de Lubrificação
A função dos óleos lubrificantes no motor, além de reduzir o atrito e desgastes
de peças móveis e auxiliar resfriamento, é ajudar na vedação do cilindro, diminuindo a
corrosão e absorção de resíduos nocivos da combustão. Um fluxo de óleo deficiente
dará origem a um desgaste rápido das peças móveis do motor, devido ao atrito entre os
metais.
Sistemas de descarga de gases
O sistema de descarga deve cumprir as seguinte finalidades:
1) Conduzir os gases quentes resultantes do funcionamento do motor até um
local em que estes possam ser lançados para atmosfera com segurança;
2) Por meio de redução ou absorção de ondas sonoras, diminuir o ruído
originado pela descarga dos gases provenientes da câmara de combustão;
3) Nos motores turbinados (motores que recebem maior quantidade de ar para a
queima de maior pressão de combustível), os gases da combustão são aproveitados
para acionar o turbocompressor de super alimentação de ar para os cilindros do motor.
Sistema de combustível
Nos motores a gasolina (ou álcool), foi visto que o sistema de alimentação de
combustível é composto do carburador, bomba de suprimento, filtro e tanque. Nos
motores diesel o sistema compõe-se de:
- um reservatório para depósito de óleo diesel;
- bomba alimentadora que conduz de óleo do tanque à bomba injetora;
- bomba injetora que dá a alta pressão necessária para o combustível chegar a
válvula de injeção;
- válvula de injeção - por meio do bico injetor pulveriza finamente o óleo diesel e o
lança na câmara de combustível;
- filtros para reter impurezas do combustível; e - redes para circulação do
combustível.
Condução e manutenção
Uma boa condução do motor requer que operador conheça bem o funcionamento, as
características e as normas recomendadas pelo fabricante do motor.
Antes de se colocar o motor em funcionamento devem ser feitas várias
operações tais como verificar o nível do óleo lubrificante no motor, as quantidades de
óleo combustível e lubrificante nos tanques, os volumes e pressões da água (ou ar) de
resfriamento, a desobstrução dos dutos de entrada de ar e saída dos gases. Também
deve ser acionado o sistema de pré lubrificação do motor e checado se o motor está
girando livremente por meio da catraca ou alavanca ou ainda com o próprio ar de
partida, sem queimar.
Durante o funcionamento devem ser feitas observações periódicas, com
registros em livro próprio de pressões, temperaturas e níveis dos óleos combustíveis e
lubrificantes e dos fluidos de resfriamento. Também deverão ser pesquisados
vazamentos, ruídos estranhos, velocidades excessivas, cor da fumaça na descarga e
outras situações que possam avariar o motor. As ações adequadas na manutenção e
as providências competentes para deixar o motor em boas condições de funcionamento
certamente diminuem em muito a possibilidade de ocorrência de avarias,
proporcionando desempenho confiável e maior tempo de vida útil do motor.

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