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13 de maio. O quê comemorar?

115 anos de “Abolição da Escravatura” e acredito que ainda é pertinente uma


pergunta: O negro é Livre?
Vamos começar respondendo, falando em resumo sobre a Historia oficial.
É ridículo ver os discursos dos lideres burgueses, achando que a Princesa Isabel é
uma heroína libertaria e humanista, mais ridículo ainda é ver irmãos negros comemorando
e felizes por esta data.
Vamos falar da realidade: O sistema escravocrata já estava falido, a pressão
capitalista inglesa era muito forte e já vinham pressionando com vários ultimatos o frágil
governo brasileiro. O Escravo era incompatível com o sistema de produção capitalista de
produção e o mais importante não é evidenciado na historia oficial: mais de 75% dos
negros já eram livres. Os hipócritas historiadores oficiais tentam de todo jeito esconder a
realidade: O negro não aceitava passivamente a escravidão como muitos relataram, muito
pelo contrario, forma milhares de revoltas por todo o país, só para citar as mais famosas:
Revolta dos malês, Revolta da Chibata, a sabinada, a balaiada etc; sem falar nos quilombos
que tomaram conta do país. Neste ponto é importante relembrar alguns mecanismos da
escravidão:
A escravidão era um sistema desumano e irracional defendido por retardados e
psicopatas. Era um regime total de opressão muito pior do que Hitler implantou na
Alemanha. Porque? Bom na África os escravisadores fomentavam guerras e desunião, o
que pra eles eram ótimo, pois fragilizavam todos os envolvimentos. Retiravam sempre os
mais jovens e fortes do continente, aniquilavam o desenvolvimento destes paises, pois só
eram poupados idosos e doentes até hoje mais de 100 anos depois a África ainda sente as
seqüelas da escravidão: paises com subdesenvolvimento e atraso total.
No transporte, feito nos navios negreiros, as condições eram as mais miseráveis
possíveis, só para ter uma idéia mais de 35% morriam no trajeto. Quando chegando aqui
eram cuidadosamente separados, famílias inteiras eram destruídas e muitas nunca mais se
viam. Outra preocupação era de separa e colocar junto pessoas de tribos diferente com
idioma diferente para evitar aglutinações.
Agora vamos imagina a cena: um monte de gente reunida numa senzala miserável,
suja e colérica; comendo uma vez por dia restos de comida, lavagem; estranhos uns ao
outros, em alguns casos até inimigos, tomando os mais cruéis castigos por qualquer besteira
cometida, pagando com a vida por qualquer tipo de desobediência ou fuga. Era assim que
viviam os escravos, pessoas destruídas física, mental e socialmente; e mesmo assim
desafiavam o sistema escravocrata, fugindo, criando quilombos, abortando e organizando
revoltas.
Um fato importante que é necessário frisar, é que muitos senhores de escravos
estavam com medo de acontecer aqui o que aconteceu no Haiti, onde os escravos mataram
todos os seus senhores numa revolução. Teve muitos brancos que se tornaram
abolicionistas não por questões humanitárias, e sim, por medo de acontecer aqui a mesma
coisa.
É neste ponto que surgiu a mais ardilosa artimanha já criada na historia “A abolição
da Escravatura”. Lembrem-se a grande maioria de negros já eram livres, mesmos assim ao
se assumir esta abolição se apaziguou todas as lutas de libertação, como se fossem um
cessar fogo.
Os escravizadores ficaram isentos de qualquer responsabilidade para com seus ex-
escravos. Quase todos largaram o negro à própria sorte, sem terra, sem casa, sem uma
estrutura, sem dinheiro, sem nada.
Muito cômoda foi esta abolição, acabou com a possibilidade de uma revolução
negra para conquistar sua verdadeira liberdade e deixou o Sr. de escravo isento de qualquer
responsabilidade. O governo pilantra, como sempre, começou a trazer e estimular a vindas
dos imigrantes. Estes já vinham com instruções e preparados para trabalhar no sistema
capitalista, o mesmo não ocorreu com os negros que ficaram a margem de todo o processo
propositalmente, oprimido, perseguido e discriminados de nada serviu esta abolição que
como seqüela deixou o seguinte quadro no Brasil de hoje:
- Somos mais de 64% dos pobres e 69% dos indigentes do país;
- 60% dos jovens negros sem antecedentes criminais já formam vitimas de
algum tipo de violência policial;
- Menos de 1% dos negros estão em cargos de liderança nas grandes empresas
do país;
- Menos de 15% dos políticos do país são negros;
- As taxas de mortalidade infantil, analfabetismo, alcoolismo e morte por
violência da população negra são mais de três vezes a da população branca;
- O desemprego é 30% maior entre a população negra;
- A população negra representa 70% dos habitantes de guetos, favela e
alagados;
- Segundo o MEC 15,7% dos estudantes que se formam em cursos
universitários no Brasil, públicos e privados, são negros, enquanto 84,3% são
brancos.
- As mulheres negras têm a menor renda per capita do país.
Estes dados mostram que nada temos que comemorar, a abolição não trouxe direito
a cidadania plena para o negro, este só foi sacaneado e colocado de lado.
Concluo acreditando que Abolição é um processo vivo e inacabado que precisa ser
repensado para garantir diretos a quem pegou no pesado e construiu este país, e como
missão, precisamos evidenciar o negro nesta sociedade dissimulada e racista que de tão
bem ignorado e acobertado fez recentemente que o hipócrita Presidente Americano George
W. Bush, perguntasse ao entreguista F.H.C. se existia negro no Brasil.
Nossa missão como membros de um partido democrático e popular é a verdadeira
emancipação da população negra na sociedade brasileira e uma igualdade racial
democrática e sincera é isto que desejamos é por isto que lutamos.

Texto de Autoria e responsabilidade de:


Anderson Domingos da Silva
PT – Francisco Morato
E-mail: anderson4p@hotmail.com

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