Sobre o autor

Willian Abreu é graduado em Letras (Português/Literaturas) pela Universidade Federal

Fluminense – UFF. Atuou como docente voluntário nas áreas de Língua Portuguesa e Produção
Textual para o Ensino Fundamental. Atualmente, leciona as disciplinas de Redação, Leitura e
Produção de Textos para o Ensino Médio e Vestibulares.

Apresentação

O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois
desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
(JOÃO GUIMARÃES ROSA)

Ao aceitar o convite para participar do projeto e desenvolver este material de distribuição gratuita,
lembrei-me imediatamente dessa frase do poeta mineiro sobre fases da vida e coragem. Resgatando
na memória as atividades ao longo da minha vida acadêmica e profissional, deparei-me com a
seguinte indagação: por que escolhi ser professor? Ao me perguntar por que escolhi essa profissão,
a resposta recorrente era: quero fazer a diferença!
Diante disso, nada mais oportuno do que um material que pudesse ajudar alunos que não tem acesso
a um cursinho de vestibular. Então, é com muita honra e entusiasmo que divulgo meu trabalho ao
público que utiliza a linguagem escrita nas mais diferentes situações cotidianas e sociais.
Portanto, este material pretende abordar conceitos e técnicas a serem utilizadas na produção de
textos dissertativos-argumentativos para vestibulares. O conteúdo proposto foi desenvolvido para
alunos que não tem a possibilidade de acesso a um curso de Redação e dessa forma ajudar o
estudante a superar certas dificuldades que encontram ao redigir textos.
Sumário
O que é texto? ..................................................................................................................................................... 1
Aspectos para produzir bons textos ................................................................................................................ 1
Integridade da frase (o SVC) ............................................................................................................................ 1
Coesão e coerência ............................................................................................................................................. 2
O que é coesão? .............................................................................................................................................. 2
O que é coerência? .......................................................................................................................................... 2
O texto dissertativo – argumentativo ................................................................................................................ 2
Tese ................................................................................................................................................................. 3
Tema ................................................................................................................................................................ 3
Estrutura básica da dissertação.......................................................................................................................... 3
Introdução ....................................................................................................................................................... 3
Tipos de introdução: as estratégias de contextualização............................................................................ 3
Base teórica, ou histórica ............................................................................................................................ 3
Dados estatísticos ........................................................................................................................................ 4
Questionamentos ........................................................................................................................................ 4
Citação dos argumentos .............................................................................................................................. 4
Definição ...................................................................................................................................................... 4
Referência cultural ...................................................................................................................................... 4
Frases-modelo para introdução de um texto .............................................................................................. 5
Desenvolvimento ............................................................................................................................................. 5
Formas de redigir o desenvolvimento ......................................................................................................... 6
Frases-modelo para desenvolvimento de um texto.................................................................................... 6
Conclusão ........................................................................................................................................................ 6
Frases-modelo para a conclusão de um texto............................................................................................. 7
Redações nota mil............................................................................................................................................... 7
Praticar é a melhor forma de identificar erros na redação ............................................................................. 10
Citações que podem ser usadas na sua redação ........................................................................................... 10
Filosófica .................................................................................................................................................... 10
Histórica ..................................................................................................................................................... 10
O que é texto?

Cabe ao ser humano desde o mundo das cavernas até o mundo contemporâneo comunicar-se. Nesse
sentido a comunicação oral, escrita ou verbal é sempre transmitida por meio de textos. De uma forma geral,
as pessoas acham que só podem considerar texto aquilo que está em livros. Mas, não é assim que a coisa
funciona. Quando você escreve uma mensagem no WhatsApp para alguém, você escreveu um texto. Quando
você escreve um bilhete para seu “crush”, você escreveu um texto. Quando você faz um texto para o professor
de redação, é um texto (seja ele com oito linhas, mas é um texto). Conclusão, toda forma de comunicação
escrita elaborada por alguém, destinada a outro e que transmita uma mensagem para esse outro é um texto.

Aspectos para produzir bons textos

Toda vez que se escreve algo para alguém, há sempre aspectos que devem ser escolhidos e decididos
inseridos nesse ato:

1) para quem vou escrever: destinatário;

2) por que estou escrevendo: objetivo, intenção;
3) o que vou escrever: conteúdo;
4) como vou escrever: formato, molde e também a maneira como as ideias serão expostas no papel, é a
“aparência” escrita do seu texto, formada por palavras e frases.

Avaliar “para quem se escreve” é necessário, pois disso dependerá “o que será escrito” e “como será
escrito”. Tudo isso implica em uma necessidade de não se escrever a mesma coisa, da mesma forma, para
qualquer leitor. Existe uma infinidade de variáveis em relação a essa decisão e quanto mais exigente for seu
leitor (destinatário) ou formal a situação em que estará inserido, maior será a exigência para com você mesmo.

Não se esqueça que seu leitor interpretará somente o que está no papel, e não o que você acha que está.
Portanto, avalie sempre sua responsabilidade como escritor: se seu texto não estiver claro e preciso, ele não
conseguirá chegar ao que você realmente quis dizer.

Integridade da frase (o SVC)

Ao escrever uma frase existe um padrão que serve como uma matriz, a partir do que podem ser criadas
qualquer outras ou modificadas. Esse padrão se representa pela fórmula S+V+C, isto é,
sujeito+verbo+complemento. Termos esses que você já conhece. Costuma ser em torno dessa fórmula que se
colocam as ideias acessórias, secundárias ou complementares. Observe o exemplo abaixo:

[A equipe] só vai [descansar] [quando ganhar a partida.]

S a equipe
V descansar
C quando ganhar a partida

No exemplo, outras ideias e informações poderiam ser acrescentadas, e em diferentes posições. Porém, como
você deve imaginar, nem todas as frases em português apresentam única e exclusivamente um SV ou um SVC
em sua construção, nem você usará somente essa ordem quando estiver escrevendo. Você só deve, por
enquanto, ficar consciente de que essa fórmula existe nas frases e que poderá ter extensões maiores ou
menores, com mais ou menos termos.

1
Coesão e coerência

O que é coesão?
Devemos conduzir o leitor e permitir que a leitura seja mais fácil, levando-o a compreender
exatamente o que queremos. Para isso, devemos conectar corretamente termos, palavras, frases e trechos
inteiros de um texto. Portanto, vai além apenas do uso de conjunções e abrange uma série de técnicas.

O que é coerência?
A coerência textual compreende a relação de harmonia e lógica entre as ideias, e é a não
contradição entre as partes do texto. Se consideramos a coesão como conexão entre elementos grafados do
texto, a coerência é a conexão de ideias, interdependência de sentidos que vai depender de como o escritor
compõe e processa o texto, mentalmente. E depende também do conhecimento de mundo do escritor e do
conhecimento de mundo do leitor.

O texto dissertativo – argumentativo

É o texto escrito de forma impessoal que defende um ponto de vista baseado em argumentos. É dividido em
três partes: introdução, desenvolvimento (argumentos) e conclusão.

Dissertar significa defender uma opinião apresentando o lado negativo ou positivo, posicionando-se
para explicar qual é o melhor para a sociedade. Argumentar, então, significa apresentar razoes e provas por
meio de uma condução lógica e calculada do pensamento. Apresentar, portanto, não exatamente a verdade,
mas aquilo que deve ser ou parecer mediante a apresentação de fatos e do raciocínio.

Ex.:
Em pleno século XXI é salutar refletir sobre a importância de preservação do meio ambiente bem como atuar
em prol de uma sociedade mais consciente e limpa. Já ficou mais que claro que a maioria dos problemas os
quais enfrentamos atualmente nas grandes cidades, foram gerados pela ação humana.

Observe abaixo a estrutura do texto dissertativo:

INTRODUÇÃO

• Tema
• Problema
• Tese

‘ DESENVOLVIMENTO

• Argumento 1
• Argumento 2

CONCLUSÃO

• Retomada do tema/problema
• Proposta de intervenção
• Reafirmação da tese
2
Tese
O que é a tese? é a ideia principal do texto que evidencia o ponto de vista assumido pelo autor. Ela deve
ser escrita logo no parágrafo introdutório e retomada na conclusão.

Como formular a minha tese? Devemos responder as duas perguntas para encontrar nossa tese: “qual
minha opinião sobre o tema?” e “o que quero provar ao meu leitor?”

Tema
Fingir que sabe o que está falando não é o suficiente. Pois, a qualidade dos seus argumentos também será
avaliada. Seu posicionamento precisa, então, ser muito bem fundamentado. Por isso é necessário que esteja
sempre atualizado, acompanhando fatos e notícias do Brasil e do mundo. Caso escreva algo que foge a
proposta do tema, é fato que perderá pontos. Então, crie o hábito da leitura e conheça os textos jornalísticos.

Estrutura básica da dissertação

Introdução
É representada normalmente por um único parágrafo de pequena extensão, é a apresentação de uma ideia,
de uma tese, uma afirmação qualquer que será explicada nos parágrafos seguintes. É onde ocorre a
apresentação da tese, que é uma frase que explicita o seu posicionamento sobre o assunto e a justificativa
para essa tomada de posição.

Direcionamento da
Apresentação do tema Apresentação da tese
discussão

Direcionamento da discussão
Contextualização Tese
(argumentos 1 e 2)

Tipos de introdução: as estratégias de contextualização

Base teórica, ou histórica

Serve para dar mais força ao que será dito. A busca das raízes ou dos vínculos que alguns temas possuem
com o passado pode auxiliar na compreensão de sua formação e dos desafios que eles mobilizam pode ser
uma ótima saída.

Ex.: Tema: Publicidade infantil em questão no Brasil – Julia Neves Silva Dutra, Minas Gerais

"A Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra durante o século XVIII, trouxe a necessidade de um
mercado consumidor cada vez maior em função do aumento de produção. Para isso, o investimento em publicidade
tornou-se um fator essencial para ampliar as vendas das mercadorias produzidas. Na sociedade atual, percebe-se as
crianças como um dos focos de publicidade. Tal prática deve ser restringida pelo Estado para garantir que as crianças
não sejam persuadidas a comprar determinado produto.”

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Dados estatísticos
Se bem empregado, um dado de uma pesquisa pode contextualizar e reforçar a importância do tema da redação.
Cabe refletir sobre a relevância da informação e seu uso no texto para evitar que destoe da argumentação a ser
desenvolvida.

Ex.: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil – Karen Oliveira Caires

“O Brasil é um dos países com maior índice de mortes no trânsito. O fato de uma parcela significa dessas mortes
estarem ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas é preocupante, e, portanto, exigiu medidas drásticas, mas
necessárias. O desenvolvimento, mesmo que tardio, da consciência em relação aos efeitos do álcool na direção,
diminui o número de acidentes e vem gerando nos motoristas a consciência e a responsabilidade necessária para
mudar o panorama do trânsito no país.”

Questionamentos
Fala-se bastante que em um texto argumentativo não se deve fazer perguntas. Não é verdade.
Questionamentos bem-feitos, em especial os retóricos, os reflexivos e aqueles que conduzem à
argumentação, podem aparecer na argumentação. Na introdução, podem ainda aparecer em uma espécie de
sequência, o que permite um destaque à discussão.
Ex.: Exemplo: Tema – A persistência da violência contra a mulher.

No Brasil, as mulheres sofrem cada vez mais com a violência doméstica. Por isso em 2006 entrou em vigor a
Lei Maria da Penha, quem tem como objetivo punir os agressores, mas essa lei está sendo eficaz? O que é feito
após a abertura do processo?

Citação dos argumentos

É a introdução mais básica que existe, por isso é também conhecida como “tradicional”. Nela, além das
funções já apontadas, faz-se a menção as ideias que serão apresentadas ao longo do texto, por meio de
palavras-chave ou de conceituações genéricas.

Ex.: Tema: É necessário limitar o número de filhos de famílias pobres?

“Em uma estrutura social tal qual a brasileira, a adoção do controle da natalidade, faz-se, além de
recomendável, indispensável. Considerando-se o elevado custo de vida dos padrões atuais e a falta de apoio e
assistência por parte dos órgãos governamentais de saúde e educação, torna-se muito difícil proporcionar a
uma criança as ferramentas de que precisa para se desenvolver de forma saudável e digna.”

Definição
Quando uma palavra-chave do tema chamar a atenção em razão da importância e relevância de seu
significado, pode-se começar o texto buscando elucidar os sentidos do vocábulo. Se for impossível utilizar o
significado dicionarizado, o candidato pode valer-se de uma definição tomando como base o contexto, o
termo na atualidade ou seu uso comum.

Ex.: Tema: Educação

“Em sua etimologia, estudar significa elevar, conduzir a um patamar superior. Infelizmente, nem sempre a
teoria se aproxima da pratica. O sistema educacional brasileiro é um bom exemplo desse distanciamento.
Infraestrutura decadente, baixa remuneração dos profissionais e currículos antiquados não combinam com o
discurso do ministério da Educação, tornando-o etéreo.”

Referência cultural
Um dos recursos mais valorizados nas redações, uma vez que demonstra a capacidade do candidato em
estabelecer relações entre diferentes áreas e o tema proposto, bem com o indica conhecimento de aspectos

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culturais. O uso de exemplos de música, filosofia, literatura, psicologia, cinema e, muitas outras áreas pode
chamar bastante a atenção de quem lê, desde que realizado de maneira correta.

Ex.: “O grande poeta Camões, certa vez, disse que ‘Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se
sente, é um contentamento descontente. A partir disso, é possível contemplar a questão do amor no mundo
contemporâneo, uma vez que tal romantismo é cada vez mais difícil na atualidade”.

Frases-modelo para introdução de um texto

Antes de usá-las, analise bem o tema e saiba o que escrever, para que a expressão inicial não fique solta dentro
do contexto.
► É de conhecimento geral que...
► Todos sabem que, em nosso país, há tempos,
observa-se…
Obs.: Nesse caso, foi utilizada a circunstância de lugar
(em nosso país) e de tempo (há tempos), com intuito
de apresentar que é possível incluir circunstâncias
diversas na introdução, não somente as que estão
expostas aqui. Outro elemento com o qual se deve
tomar muito cuidado é o pronome se. Nesse caso, ele
é partícula apassivadora, portanto o verbo deverá
concordar com o elemento que vier à frente (singular
ou plural)
► Cogita-se, com muita frequência de…
Obs.: O mesmo raciocínio da questão anterior, agora
com a circunstância de modo (com muita
frequência).
► Muito se tem discutido, recentemente, acerca
de…
► Muito se debate, hoje em dia…
Obs.: Partícula apassivadora novamente. Cuidado
com a concordância.
► O (A) __________ é de fundamental importância
em…
► É de fundamental importância o (a)___________.
► É indiscutível que…/ inegável que…
► Muito se discute a importância de…
► Comenta-se, com frequência, a respeito de…
► Não raro, toma-se conhecimento, por meio de…,
de
► Apesar de muitos acreditarem que… (refutação).
► Ao contrário do que muitos acreditam …
(refutação).
► Pode-se afirmar que, em razão de …( devido a,
pelo)
► Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se
descobrir as causas de…
► Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual…
► Ao analisar o (a, os, a)…, é possível conhecer o (a,
os, as)…, pois…

Desenvolvimento
O desenvolvimento é a exposição de argumentos que vão fundamentar a tese a ser defendida. Sendo assim,
a parte mais longa do texto, ocupando, no mínimo, dois parágrafos, os quais devem conter, ao menos, três
períodos, organizados de maneira coesa, clara e coerente. Neles, devem constar as delimitações,
preferencialmente na ordem em que aparecem na proposta.
Siga o modelo abaixo para produzir o parágrafo de desenvolvimento:

TÓPICO FRASAL APROFUNDAMENTO ARGUMENTO 1 E 2

Ex.: “A reserva de vagas para negros constitui uma medida preconceituosa [TÓPICO FRASAL – OPINIÃO], na medida
em que inclui um critério não acadêmico em uma seleção que tem por objetivo avaliar a competência
intelectual e o mérito dos candidatos, sem distinção étnica.” [APROFUNDAMENTO]

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Formas de redigir o desenvolvimento
Argumento com base em citação
Citar uma frase ou pensamento de uma autoridade em certo assunto ampara o discurso em uma opinião
especializada, conferindo credibilidade ao texto;
Argumento com base em evidências
Apresentar fatos (dados estatísticos, pesquisas, informações científicas) que comprovem a tese do autor;

Argumento com base no senso comum

fundamentar as ideias em valores partilhados pela maioria das pessoas;

Argumento com base no raciocínio lógico

instituir uma relação de causa e consequência, para preservar a sequência dos parágrafos e o sentido do
texto;

Argumento com base na exemplificação

exemplificar com fatos da vivência do autor ou de outros, com fatos históricos etc.;

Argumento com base na comparação e contraste

comparar situações e evidenciar diferenças;

Argumento com base em prós e contras

evidenciar os pontos positivos e negativos.

Frases-modelo para desenvolvimento de um texto

1. Frases para parágrafos que explorem causas e
consequências:
► Ao se examinarem alguns… verifica-se que…
►Pode-se mencionar, por exemplo…,
►Em consequência disso, vê-se, a todo instante…
2. Frases para parágrafos que
explorem prós e contras:
►Alguns argumentam que… Além disso... Isso sem
contar que...
► Outros, porém, … Há registros históricos de…
que…
3. Frases para parágrafos que explorem trajetória
histórica:
► No século… / Em meados dos anos… Quando…,
percebia-se que…
► Atualmente, observa-se que…
► Em consequência disso, nota-se…
4. Outras frases:
► Dentre os inúmeros motivos que levaram o (ao)
…. é incontestável que…
5. É muito importante que os parágrafos do
desenvolvimento tenham ligação, a fim de que não
transformem o texto em uma sequência de
parágrafos desconexos. Segue abaixo uma série de
conectivos que podem ser utilizados na ligação
entre os parágrafos do desenvolvimento:
► Além disso…
► Outro fator existente
► Outra preocupação constante…
► Ainda convém lembrar …
► Por outro lado…
► Porém, mas, contudo, todavia, no entanto,
entretanto …
► Expressões do tipo “quanto ao primeiro item”,
“No que tange ao…”, “Finalmente no que diz
respeito…”. Vão dar coesão ao texto

Conclusão
É um parágrafo que apresenta a ideia final, em que o autor não deixa dúvidas quanto a sua posição. Pode ser
um resumo do desenvolvimento, uma citação, uma citação que encaixe no assunto etc., é também onde
aparece a proposta de intervenção (solução para o problema). A conclusão é a retomada da ideia principal.
Essa deve aparecer de forma convincente e pode ocorrer por retomada da introdução, por síntese ou ainda
por sugestões, se necessário. Deve-se evitar construir uma conclusão que se aproxime de um discurso utópico,

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como imaginar uma sociedade perfeita. Isso demonstra que o autor não consegue ver o mundo de maneira
crítica e madura. Ela pode ser por:

Por síntese: sintetizar as ideias do texto reafirmando sua tese;

Por dedução: explicitar uma ideia que é uma decorrência de todo o raciocínio apresentado no texto;
Por sugestão: apresentar a solução para o problema proposto no tema da redação.

Frases-modelo para a conclusão de um texto

► Em virtude dos fatos mencionados… 1. Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
► Por isso tudo… com as seguintes frases:
► Levando-se em consideração esses aspectos…
► Dessa forma… ► entende-se que
► Em vista dos argumentos apresentados… ► conclui-se que…
► Dado o exposto… ► percebe-se que…
► Tendo em vista aspectos observados… ► resta aos homens…
► Levando-se em conta o que foi observado… ► é imprescindível que todos se conscientizem, que
► Em virtude do que foi mencionado… se sensibilizem de que de…
► Por todos, esses aspectos… ► só nos resta esperar que …
► Pela observação dos aspectos analisados… ► é preciso que…
► Portanto … / logo…/ então…/Assim… ► é necessário que…
► Em face aos dados apresentados… Em face a essa ► faz se necessário que…
realidade...

Redações nota mil

Abaixo há redações nota mil no ENEM, analisadas de acordo com as informações presentes na Cartilha do
Estudante, disponibilizada pelo INEP. Conforme o instituto, as redações “nota mil” apresentam as seguintes
informações:

• Proposta de intervenção para o problema presente no tema;

• Repertório cultural no desenvolvimento da argumentação;
• Respeito aos direitos humanos;
• Características textuais fundamentais, como a coesão e a coerência;
• Domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
• Atende a tipologia textual dissertativa-argumentativa.

Tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”

Texto de Carolina Mendes Pereira

Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de informações
disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e
mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância
vem sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma
conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do
comportamento de usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de
enfrentamento.

Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a própria
cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele

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conceitua a ação comunicativa: esta consiste na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e
demonstrar o que acha melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim,
sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno
conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum –
já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo
coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também, ao
individualismo e do zelo pelo bem grupal.

Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à concepção
do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito
inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das
pessoas estão em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações,
comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de
criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livre arbítrio e
tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.

Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as instituições escolares
são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos
mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso
pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão,
cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias –, de maneira lúdica e adaptada à faixa etária,
contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos. Por meio,
também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão
ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho
traçado para uma sociedade emancipada.

Tema: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”

Texto de Alan de Castro Nabor

Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os indivíduos de uma sociedade
democrática possuem a mesma importância, além dos mesmos direitos e deveres. No entanto, percebe-se
que, no Brasil, os deficientes auditivos compõem um grupo altamente desfavorecido no tocante ao processo
de formação educacional, visto que o país enfrenta uma série de desafios para atender a essa demanda. Nesse
contexto, torna-se evidente a carência de estrutura especializada no acompanhamento desse público, bem
como a compreensão deturpada da função social deste.

O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que a dignidade humana é uma qualidade intrínseca ao
homem, capaz de lhe dar direito ao respeito e à consideração por parte do Estado. Nessa lógica, é notável que
o poder público não cumpre o seu papel enquanto agente fornecedor de direitos mínimos, uma vez que não
proporciona aos surdos o acesso à educação com qualidade devida, o que caracteriza um irrespeito
descomunal a esse público. A lamentável condição de vulnerabilidade à qual são submetidos os deficientes
auditivos é percebida no déficit deixado pelo sistema educacional vigente no país, que revela o despreparo da
rede de ensino no que tange à inclusão dessa camada, de modo a causar entraves à formação desses
indivíduos e, por conseguinte, sua inserção no mercado de trabalho.

Além disso, outra dificuldade enfrentada pelos surdos para alcançar a formação educativa se dá pela
falta de apoio enfrentada por muitos no âmbito familiar, causada pela ignorância quanto às leis protetoras
dos direitos do deficiente, que gera uma letargia social nesse aspecto. Esse desconhecimento produz na
sociedade concepções errôneas a respeito do papel social do portador de deficiências: como consequência do
descumprimento dos deveres constitucionais do Estado, as famílias - acomodadas por pouca instrução -

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alimentam a falsa ideia de que o deficiente auditivo não tem contribuição significante para a sociedade, o que
o afasta da escolaridade e neutraliza a relevância que possui.
Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo,
proporcione a este maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte
adequado para a formação escolar e acadêmica desse indivíduo - com profissionais especializados em atende-
lo -, a fim de gerar maior igualdade na qualificação e na disputa por emprego. É imprescindível, ainda, que as
famílias desses deficientes exijam do poder público a concretude dos princípios constitucionais de proteção a
esse grupo, por meio do aprofundamento no conhecimento das leis que protegem essa camada, para que, a
partir da obtenção do saber, esse empenho seja fortalecido e, assim, essa parcela receba o acompanhamento
necessário para atingir a formação educacional e a contribuição à sociedade.

Tema: “A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira”

Texto de Anna Beatriz Alvares Simões Wreden

Parte desfavorecida

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico”
por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo
seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil,
isso não ocorre, pois em pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência
de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de
punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.

Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por
exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da
mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de
maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a
agressão física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as
mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultural geral
preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o
continuismo dos abusos.

Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a
permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas
acabam não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre
2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa
ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas
psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.

A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma diminuição do
valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo
biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente,
os casos de agressões às Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos.
Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, História e Biologia,
que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais históricos e produções culturais, com
o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas,
como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação.

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Praticar é a melhor forma de identificar erros na redação
Em um universo repleto de estudantes, alguns conseguem o sonho de conquistar a nota máxima da redação
no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Para isso, é necessário manter uma leitura diária e tentar
identificar como os textos estão estruturados. Outra dica importante é ler sobre atualidades e acontecimentos
que rodeiam a sociedade. Buscar referências extratextuais, em filósofos ou na história para enriquecer o texto.

Citações que podem ser usadas na sua redação

Filosófica

► “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.” (Paulo
Freire – Educador, pedagogista e filósofo brasileiro)
► “A política é a arte do possível”. (Bismark – Chanceler Alemão)
► “A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável”. (Jean Jacques
Rousseau – Filósofo Suíço)
► “A globalização encurtou as distâncias métricas, aumentando muito mais as distâncias afetivas.” (Jaak
Bosmans – Escritor e representante da FALASP – Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São
Paulo)
► “O Governo do Estado moderno é apenas um comitê para gerir os negócios comuns de toda a burguesia.”
(Karl Marx – Filósofo alemão)
► “O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna
a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.” (Darcy Ribeiro – Antropólogo, escritor e
político brasileiro)
► “O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência,
a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter.” (Sócrates – Filósofo)
► “Todo preconceito é fruto da burrice, da ignorância, e qualquer atividade cultural contra preconceitos é
válida.” (Paulo Autran – Ator)
► “De tudo que existe, nada é tão estranho como as relações humanas, com suas mudanças, sua
extraordinária irracionalidade.” (Virginia Woolf – Escritora)
► “Tornou-se aterradoramente claro que a nossa tecnologia ultrapassou a nossa Humanidade” (Albert
Einstein – Físico)

Histórica
►Fascismo
►Era Vargas ►Ditadura Militar no Brasil
►A Grande Depressão ►Revolução Industrial
►Grécia Antiga ►Escravidão Colonial
►Império Romano ►Holodomor
►Transferência da corte portuguesa para o Brasil ►Crise do Feudalismo

Por fim, não esqueça que escrever é uma atividade diária e praticar é o que te levará a identificar seus próprios
erros o que contribui para que sua escrita esteja em constante aperfeiçoamento. Espero que o material tenha
ajudado.

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