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Tópicos Especiais em Biotecnologia III

Aluno: Fabrício César Melero

Resumo

Mecanismos Microbianos de Patogenicidade

Os microrganismos causam as doenças, algumas das propriedades específicas dos


microrganismos que contribuem para a patogenicidade, ou seja, a capacidade de
causar doenças superando as defesas do hospedeiro, e a virulência, isto é, o grau ou a
extensão da patogenicidade. Muitas vezes, a presença de partes ou de células
microbianas inteiras pode induzir sintomas em um hospedeiro. Para os seres
humanos, não faz sentido que o parasito mate seu hospedeiro. Por exemplo, o
patógeno do cólera, Vibrio cholerae, induz rapidamente uma diarreia que coloca em
risco a vida de seu hospedeiro em razão da perda de fluidos e sais, mas também cria
uma forma de transmissão do patógeno de um hospedeiro a outro pela contaminação
de fontes de água. A patogenicidade é a capacidade de um organismo em causar
doença por meio da superação das defesas do hospedeiro, ao passo que a virulência é
o grau de patogenicidade. Para causar doença, a maioria dos patógenos deve obter
acesso ao hospedeiro, aderir-se aos tecidos, penetrar ou escapar das defesas e
danificar os tecidos do hospedeiro. Entretanto, alguns micróbios não causam doença
pelo dano direto aos tecidos do hospedeiro. Em vez disso, a doença ocorre em
decorrência do acúmulo de excretas microbianas. Alguns micróbios, como aqueles que
causam as cáries dentárias e a acne, podem causar doenças sem penetrar no
organismo. Os patógenos podem penetrar no corpo humano ou em outros
hospedeiros com a ajuda de várias vias, chamadas de portas de entrada. As portas de
entrada para os patógenos incluem as membranas mucosas, a pele e a deposição
direta sob a pele ou as membranas (via parenteral).
O trato respiratório é a porta de entrada mais fácil e frequentemente utilizada pelos
microrganismos infecciosos. As doenças mais comumente adquiridas através do trato
respiratório incluem o resfriado comum, pneumonia, tuberculose, gripe e sarampo. Os
microrganismos podem ter acesso ao trato gastrintestinal através de água, alimentos
ou dedos contaminados. Aqueles que sobrevivem podem causar doença.
Os micróbios no trato gastrintestinal podem causar poliomielite, hepatite A, febre
tifoide, disenteria amebiana, giardíase, shiguelose e cólera. Esses patógenos são então
eliminados nas fezes e podem ser transmitidos a outros hospedeiros pela água e por
alimentos ou dedos contaminados. O trato urogenital é a porta de entrada de
patógenos que são sexualmente transmissíveis. Alguns micróbios que causam doenças
sexualmente transmissíveis podem entrar no organismo através das membranas
mucosas íntegras. A pele é o maior órgão do corpo humano em termos de área de
superfície e peso, constituindo uma importante barreira defensiva contra doenças. A
pele íntegra é impenetrável para a maioria dos microrganismos. Alguns micróbios
podem ter acesso ao corpo através de aberturas na pele, como folículos pilosos e
ductos sudoríparos. As larvas de ancilóstomo podem perfurar a pele intacta e alguns
fungos podem crescer na queratina da pele ou infectar a pele em si. Outros
microrganismos podem ter acesso ao corpo quando são depositados diretamente nos
tecidos sob a pele ou nas membranas mucosas, quando essas barreiras são penetradas
ou danificadas. Essa rota é chamada de via parenteral. Perfurações, injeções,
mordidas, cortes, ferimentos, cirurgias e rompimento da pele ou das membranas
mucosas por edemas ou ressecamentos podem estabelecer vias parenterais. O HIV, os
vírus que causam hepatites, e as bactérias que causam tétano e gangrenas podem ser
transmitidos parenteralmente. Por exemplo, a bactéria que causa a febre
tifoide, Salmonella typhi, produz todos os sinais e sintomas da doença quando
engolida, mas se a mesma bactéria é esfregada na pele, não ocorre reação. A parede
celular de certas bactérias contém substâncias químicas que contribuem para a
virulência. Por exemplo, Streptococcus pyogenes produz uma proteína resistente ao
calor e à acidez, chamada de proteína M. Essa proteína é encontrada tanto na
superfície celular quanto nas fímbrias. Essa proteína faz o intermédio da aderência da
bactéria às células epiteliais do hospedeiro e auxilia na resistência da bactéria à
fagocitose pelos leucócitos. Dessa forma, a proteína M aumenta a virulência do
microrganismo. A imunidade ao S. pyogenes depende da produção pelo organismo de
anticorpos específicos contra a proteína M. A bactéria Neisseria gonorrhoeae cresce
no interior das células epiteliais e dos leucócitos humanos. Essas bactérias usam suas
fímbrias e outras proteínas externas, denominadas Opa, para aderir às células do
hospedeiro. Após a aderência através das proteínas Opa e pelas fímbrias, as células do
hospedeiro captam as bactérias. (As bactérias que produzem Opa formam colônias
opacas em meio de cultura.) O lipídeo ceroso (ácido micólico) que constitui a parede
celular de Mycobacterium tuberculosis também aumenta a virulência do organismo,
conferindo resistência à digestão por fagócitos e permitindo até mesmo que a bactéria
se multiplique no interior desses fagócitos.

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