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PALMELA

ACESSÍVEL
QUEREMOS CONSTRUIR
UM MUNICÍPIO PARA TODOS

PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO


DA ACESSIBILIDADE
Narrativa de projecto
PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO
DA ACESSIBILIDADE
Narrativa de projecto
ÍNDICE

Prefácio 8

Enquadramento 14
O Programa Operacional de Potencial Humano (POPH) 14
A vontade do Município na adesão 16

Programa de Promoção da Acessibilidade 18


Acções de Promoção da Acessibilidade 19
Formação e Informação 20
Sensibilização 22
Campanhas de divulgação e sensibilização 27
Participação Pública 30

O Plano 32
O Método de Trabalho 34
Espaço Público 36
Edificado 82
Transportes 96
Comunicação em documentos impressos 116
Infoacessibilidade 128

Boas práticas 142


Intervenções municipais para a acessibilidade 142

Nota síntese 166


5
6 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO
O presente documento constitui a compi-
lação e o resultado dos estudos e propostas
desenvolvidos no âmbito do Plano Muni-
cipal de Acessibilidade para Todos, culmi-
nando num documento cujo intuito final
está ligado à operacionalização do plano,
abrangendo, de igual modo, as cinco áreas
transversais de Espaço Público, Edificado,
Transportes, Comunicação e Design e In-
foacessibilidade.

7
1.
PREFÁCIO
Presidente da Câmara Municipal de Palmela, Ana Teresa Vicente

A acessibilidade, a mobilidade e a circu- contra equacionado na intervenção mu-


lação sem barreiras são uma condição de nicipal a vários níveis: na eliminação de
excelência para a plena participação dos barreiras, na criação de equipamentos e
cidadãos na vida das vilas e cidades, de- serviços acessíveis, na criação de activida-
vendo ser compreendidas como um prin- des e iniciativas onde todos possam parti-
cípio para a intervenção municipal. cipar, na construção de espaços públicos
contínuos e aprazíveis, entre outros.
Para a Câmara de Palmela, a procura de
um território mais acessível e inclusivo, Com o suporte do Programa Operacio-
que permita aos seus munícipes uma uti- nal de Potencial Humano (POPH) e com
lização plena de equipamentos, serviços e os resultados dos Planos Local e Munici-
espaços tem sido um objectivo que se en- pal, torna-se possível sistematizar e conhe-

8 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


cer com profundidade as condições actuais dor. Com a participação e empenho de to-
da acessibilidade em Palmela. O diagnós- dos os agentes, nos seus diferentes níveis e
tico de cerca de 300 quilómetros de vias, a âmbitos de actuação, poderemos eliminar
caracterização dos equipamentos com ser- obstáculos e criar espaços contínuos.
viços aos munícipes (escolas, bibliotecas,
piscinas, equipamentos culturais), a identi- Na gestão do território, é essencial con-
ficação das condições de acessibilidade nos frontá-lo com os seus usos e pensar o seu
transportes, na comunicação impressa, nos desenvolvimento tendo como prioridade
espaços internet, permitem uma identifi- as pessoas e a sua qualidade de vida em to-
cação clara e sistematizada das condições dos os domínios. Este é um ponto de par-
de acessibilidade com uma consecutiva de- tida que, cada vez mais, temos que assumir
finição das áreas prioritárias a intervir. como fundamental na gestão do território
acessível para todos.
É objectivo do Município encontrar solu-
ções que possam contribuir para a dimi-
nuição das barreiras e obstáculos que ainda
subsistem nos espaços urbanos. Mas este é
um trabalho que não se esgota na inter-
venção municipal. É crucial reforçar a par-
ticipação de outros agentes fundamentais
para a diminuição das barreiras, como são
as empresas, os operadores de transporte
e todas as entidades com serviços e portas
abertas aos munícipes. É uma prioridade
partilhar a responsabilidade na eliminação
de barreiras para a construção de um Mu-
nicípio mais inclusivo, acessível e acolhe-

9
M.PT, Paula Teles

As vilas e as cidades são por excelência, o espaços, edifícios, transportes e movimen-


lugar onde o homem pode encontrar a sua tos de pessoas a que lhe associam variados
mais expressiva dimensão. São o lugar de e heterogéneos ritmos de vida, nem sem-
exponenciais fontes de informação, múl- pre permitem a participação activa de to-
tiplas formas de comunicação, absoluta das as pessoas. Paradoxalmente, a mesma
mobilidade, diversidade de culturas e for- vila, cerceia e inibe liberdades que, concep-
mações, oportunidade de ofertas, infinitas tualmente, deveria oferecer.
possibilidades de relações sociais. Lugar de Um dos mais fundamentais direitos dos
encontros, culturas, religiões, mas também residentes, visitantes ou trabalhadores das
memórias, ideias, atitudes, aprendizagens. cidades é, efectivamente, o direito à mo-
Contudo, estes territórios urbanos de di- bilidade no quadro do direito à cidade. As
versidade ilimitada pela complexidade de barreiras urbanísticas, as rupturas das con-

10 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


tinuidades dos percursos, a insensibilidade lidade e mobilidade para todos deve ser
na colocação do mobiliário urbano, os es- visto hoje como um patamar de exigência
tacionamentos abusivos são, entre outros, que, todos sem excepção, deveriam cum-
sinais de cultura menor, semiperiférica e prir dentro das diversas funções que repre-
anacrónica. sentam. Costumo dizer que, todos sem ex-
É neste contexto, que desenhar as cidades cepção, são cúmplices da aplicabilidade ou
sem barreiras, livres de obstáculos, é bom não desta matéria e que também, todos,
para todos, introduz patamares de segu- sem excepção, temos responsabilidades na
rança e conforto e permite a sustentabili- mudança deste novo paradigma das cida-
dade ao longo das gerações futuras. Uma des contemporâneas.
cidade acessível é uma cidade mais com-
petitiva. Desenhar cidades com acessibi-

11
É na tentativa de encontrar as melhores so- o espaço público, aos edifícios, à comuni-
luções técnicas para o redesenho das vilas e cação e design, aos transportes, à infoaces-
das cidades, no contexto das inúmeras di- sibilidade.
versidades paisagísticas, arquitectónicas e Portugal, nos últimos anos tem dado um
sociais desses lugares, que este documento enorme salto nesta matéria e o Governo e
poderá ser um instrumento precioso, con- as autarquias muito têm contribuído para
tribuindo para agilizar o processo de pla- um Portugal mais inclusivo e mais demo-
neamento, do projecto e das obras nas vilas crático. É deste relevante trabalho, que in-
e cidades portuguesas. tegra a arte de desenhar à utilização do es-
A acessibilidade e mobilidade para todos paço que é de todos, que espero ser útil
envolve tantas disciplinas e saberes desde para desenhar um novo território.

12 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Palmela é um exemplo vivo e efectivo des-
se trabalho multidisciplinar em prol da
acessibilidade e mobilidade para todos e
eu, enquanto coordenadora do Plano de
Promoção da Acessibilidade, congratulo-
me com a visão da autarquia na mudança
deste novo paradigma que permitirá num
futuro próximo, que o município de Pal-
mela, possa ser ainda mais competitivo e
um lugar com mais qualidade de vida para
se habitar, visitar ou trabalhar.

13
2.
ENQUADRAMENTO
2.1 O Programa Operacional de Potencial Humano (POPH)

O POPH é o programa que concretiza a agenda temática para o potencial humano inscri-
ta no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), documento programático que
enquadra a aplicação da política comunitária de coesão económica e social em Portugal
no período 2007-2013.

Com uma dotação global aproximada de 8,8 mil milhões de Euros, dos quais 6,1 mil mi-
lhões de comparticipação do Fundo Social Europeu, o POPH visa estimular o potencial
de crescimento sustentado da economia portuguesa, no quadro das seguintes prioridades:

14 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


• Superar o défice estrutural de qualificações da população portuguesa, con-
sagrando o nível secundário como referencial mínimo de qualificação, para
todos;

• Promover o conhecimento científico, a inovação e a modernização do teci-


do produtivo, alinhados com a prioridade de transformação do modelo pro-
dutivo português assente no reforço das actividades de maior valor acres-
centado;

• Estimular a criação e a qualidade do emprego, destacando a promoção do


empreendedorismo e os mecanismos de apoio à transição para a vida activa;

• Promover a igualdade de oportunidades, através do desenvolvimento de


estratégias integradas e de base territorial para a inserção social de pessoas
vulneráveis a trajectórias de exclusão social. Esta prioridade integra a igual-
dade de género como factor de coesão social.

A actividade do POPH estrutura-se em torno de dez eixos prioritários, sendo o Eixo Prio-
ritário 6 - Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social - o eixo onde se enquadrou a can-
didatura dos Programas de Promoção da Acessibilidade do Município de Palmela.

15
2.2 A vontade do Município na adesão

Por iniciativa da Câmara Municipal de frequência, reuniões de trabalho ao nível


Palmela, arrancaram em 2008 os trabalhos interno, discutindo o âmbito geral da can-
para a elaboração da Candidatura do Pro- didatura e do programa que daí nasce, ten-
grama Municipal de Promoção da Aces- do-se acordado que o fio condutor deveria
-sibilidade. preferencialmente recair sobre a melhoria
Após a decisão de avanço da candidatura da acessibilidade e consequente melho-
do projecto, tiveram lugar diversas reuni- ria da qualidade dos espaços urbanos do
ões tanto no processo de pré-candidatura município, contribuindo para a igualdade
como após a aprovação da mesma. social e melhoria da qualidade de vida das
Desde então foram estabelecidas, com populações.

16 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Os limites da área de intervenção foram Na prossecução da elaboração do Plano,
propostos, tendo em conta os estudos de- que descende deste abrangente Programa,
senvolvidos previamente pela Câmara Mu- desenvolveram-se os estudos de supor-
nicipal de Palmela, e foram dados a conhe- te ao futuro instrumento de planeamen-
cer a todos os intervenientes, bem como to, que servirá de suporte à decisão política
disponibilizados os documentos existentes. em matéria de acessibilidade e mobilidade
Desenvolveram-se acções de envolvimen- para todos.
to e participação com as diversas entidades
e representantes da sociedade civil acom-
panhadas de perto pela M.pt.

17
3.
PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE
- O QUE É
Todos os dias um elevado número de pessoas deparam-se com grandes dificuldades ou
se vêem impossibilitadas de frequentar locais públicos, devido quer ao conjunto de obstá-
culos existentes na via pública ou nos transportes, quer à falta de condições de acesso e de
circulação, tanto nas ruas como nos edifícios de utilização colectiva.
Deste modo, construir cidades acessíveis a todos constitui um imperativo ético e social,
que traduz o respeito pelos valores fundamentais da solidariedade, da liberdade e da equi-
paração de oportunidades. Esta abordagem que visa a qualidade do ambiente urbano, con-
duziu à operacionalização de um conjunto de Acções de Promoção da Acessibilidade e ao
desenvolvimento do Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade.

18 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


3.1 Acções de Promoção da Acessibilidade

O Programa Municipal de Promoção da dade local, através de um diagnóstico da


Acessibilidade consiste num conjunto de situação actual em matéria de barreiras ur-
acções-medidas, quer de índole preventiva banística e arquitectónicas (pontos negros
ou correctiva, com o objectivo essencial de da acessibilidade) e do desenvolvimento de
elaborar requisitos desenhados e escritos medidas correctivas na área urbana com o
que comprometam a acessibilidade urba- objectivo de permitir a introdução do per-
nística de uma determinada área urbana. curso acessível e design inclusivo, em con-
Por outras palavras, a elaboração deste pro- formidade com a actual lei das acessibilida-
grama engloba uma visão urbanística e ar- des (DL 163/06 de 8 de Agosto).
quitectónica das condições de acessibili-

19
3.1.1 Formação e Informação

As acções de informação/formação, de- Foi neste sentido que se realizaram acções


senvolvidas no âmbito da execução dos de informação/formação sobre Acessibili-
Programas de Promoção da Acessibilida- dade e Mobilidade para Todos, destinadas
de, apresentam-se como uma importan- aos profissionais do município com o ob-
te abordagem para que se sensibilizem e jectivo deste espaço formativo se constituir
instruam os principais intervenientes, pú- uma mais-valia na compreensão da aplica-
blicos e privados, como técnicos e agentes bilidade da legislação e, de ainda, inspirar
que desenham e constroem as Vilas e Ci- nos responsáveis pelo planeamento dentro
dades. do município, a defesa e aplicação de boas
práticas no que diz respeito a mobilidade e
acessibilidade para todos.

20 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 01 Documentação de apoio para as acções formativas
21
3.1.2 Sensibilização

As acções desenvolvidas nas escolas, no


âmbito do Programa Municipal de Pro-
moção da Acessibilidade (PMPA) visam
a sensibilização e promoção de boas prá-
ticas a partir dos mais novos. É objecti-
vo desta acção incutir nas camadas jovens
uma nova cultura de mobilidade, designa-
damente na atenção e reconhecimento de
pessoas de mobilidade reduzida. Conhecer
os espaços, aprender a viver com e na dife-
rença, compreender a evolução dos espa-
ços urbanos e reconhecer a importância do Fig. 02 Livro para colorir utilizado nas
espaço e da cidade inclusiva. acções com crianças do 1º Ciclo

22 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 03 Sensibilização para a Acessibilidade com alunos de 1º Ciclo
O conteúdo das acções implica, efecti- que a acção de todos nós, pode contribuir
vamente, a consciencialização da forma para a minimização dos diferentes obstá-
como os espaços urbanos e as cidades nas- culos.
ceram e como as barreiras se foram desen-
volvendo ao longo dos tempos. Importa,
com os mais jovens, dar a conhecer que as
cidades e as vilas apresentam diversas bar-
reiras condicionando o quotidiano daque-
les que apresentam menor mobilidade, e

24 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 04 Imagens apresentadas nas acções com alunos de 1º Ciclo
25
Fig. 05 Flâmulas “Palmela Acessível” - Campanha de divulgação e sensibilização
3.1.3 Campanhas de divulgação e sensibilização

Durante a implementação do Programa assim como foram realizados vários anún-


Municipal de Promoção da Acessibilida- cios, notícias e artigos, publicados nos jor-
de, a Câmara Municipal de Palmela pro- nais locais, e também em imprensa regional
cedeu ao desenvolvimento e divulgação de e nacional. Desenvolveram-se, também,
produtos de comunicação que, de alguma spots nas rádios locais, bem como notas
forma, conferissem a projecção das inicia- de imprensa divulgadas pela autarquia,
tivas, sensibilizando, simultaneamente, os através das suas edições e sites próprios.
munícipes para a importância da acessibi- A criação do site palmela acessível (http://
lidade. A designação “Palmela Acessível” e www.palmela-acessivel.org/) foi também a
a sua consecutiva campanha é, deste modo, forma encontrada para a partilha de infor-
o corpo e o suporte de um conjunto de ini- mação actualizada dos Planos, relativa às
ciativas que contribuem para a projecção e condições e características de acessibilida-
visibilidade do conceito de acessibilidade. de dos espaços urbanos e dos equipamen-
Foram desenvolvidos diversos produtos de tos analisados. É através do acesso ao link
divulgação, como cartazes, mupis, enaras, “Palmela Acessível” que o munícipe pode
flâmulas, pastas, folhas timbradas, mar- conhecer a acessibilidade da sua rua, e de
cadores de livros, folhetos, entre outros, alguns dos equipamentos que utiliza.

27
A difusão deste painel diversificado de su-
portes prende-se com a necessidade em
implicar todos os segmentos da comu-
nidade na procura de soluções para uma
melhor acessibilidade, sensibilizando to-
Fig. 06 Enara “Palmela Acessível”
dos para a importância de um espaço ur-
Campanha de divulgação e sensibilização
bano acessível.

28 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 07 Print screen site http://www.palmela-acessivel.org/
29
Fig. 08 Sessão de trabalho com parceiros locais

3.1.4 Participação Pública

A participação pública apresenta-se como Em paralelo, e com parceiros com inter-


uma linha distintiva que pretende marcar as venção em áreas chave como os trans-
principais fases de desenvolvimento do Pla- portes, a intervenção social, a deficiência,
no: o levantamento e diagnóstico e o estu- a educação, entre outros, procedeu-se à
do final. No decorrer do circuito de traba- constituição de um grupo de trabalho -
lho do Plano são realizadas sessões públicas, designado de comissão de acompanha-
permitindo dar a conhecer as áreas de in- mento - para uma discussão mais aprofun-
tervenção a diagnosticar, as temáticas ana- dada sobre a acessibilidade no município
lisáveis e os resultados desse processo. Estas de Palmela. Este grupo tem como duplo
sessões, que marcam as fases de diagnóstico objectivo a auscultação de entidades com
e de construção do Plano, permitem parti- preocupações e necessidades diferenciadas
lhar com a comunidade o percurso evolu- e a consolidação de parcerias para a aces-
tivo, os conceitos e os princípios dos Planos -sibilidade.
de Acessibilidade, assim como as sínteses
dos pontos “críticos de acessibilidade”.

30 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 09 Apresentação pública do Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade
4.
O PLANO
O Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade tem subjacente a intenção da autar-
quia em proporcionar às pessoas que residem e trabalham no município de Palmela uma
melhor qualidade de vida e padrões de bem-estar material, humano e social mais elevado,
tendo como base a visão de um território urbano de excelência.
O documento resulta, essencialmente, do cruzamento do diagnóstico urbanístico e arqui-
tectónico do território com o diagnóstico social do município, em matéria de Acessibili-
dade para Todos e constitui um exemplo da mudança de paradigma da acessibilidade em
Portugal, em curso a partir de 2009.
A metodologia adoptada para os estudos desenvolvidos abrangeu cinco áreas temáticas
fundamentais: Espaço Público, Edificado, Transportes, Comunicação e Design e Infoaces-
-sibilidade.
Na estratégia delineada, os factores territoriais ganham, progressivamente, uma importân-
cia acrescida, pois a qualidade urbana transforma-se numa exigência social e a gestão do
território passa a constituir-se como um factor decisivo da competitividade das cidades e
da estrutura empresarial que nelas reside.

32 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Espaço Público

Infoacessibilidade

Fig. 10 Sectores de
intervenção do Plano
Municipal de Promoção
da Acessibilidade

Edificado
Comunicação Transportes

33
4.1 O Método de Trabalho

A obtenção do nível de acessibilidade im- - Levantamento, Análise e Diagnóstico


plica o levantamento no terreno das bar- - Propostas de Intervenção para
-reiras e obstáculos que se interpõem no a melhoria da Acessibilidade
desenrolar do percurso pedonal. Para re-
colher esses dados, utilizaram-se sistemas
inovadores que garantem o rigor necessário
à identificação e localização das barreiras.
As questões mais pertinentes em matéria
de acessibilidade são agregadas nas princi-
pais fases de apresentação dos estudos:

34 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Levantamento
de Barreiras

Corredores Corredores
Acessíveis Diagnóstico Inacessíveis

Tipologias
de Problemas

Propostas
de Intervenção
Fig. 11 Metodologia de trabalho

35
4.2 Espaço Público

Estratégia
A estratégia de trabalho assumida pela equipa técnica do plano nos levantamentos efec-
tuados, baseou-se no pressuposto de que os Espaços Públicos do Município de Palme-
la devem ser servidos por uma rede de percursos pedonais, designados de acessíveis, que
proporcionem o acesso seguro e confortável das pessoas com mobilidade condicionada a
todos os pontos relevantes da sua estrutura activa.

Levantamento, Análise e Diagnóstico


O diagnóstico do Espaço Público é apresentado com o intuito de, no futuro, estabelecer os
fundamentos para a execução da 1ª Geração dos Planos de Promoção da Acessibilidade
da Vila de Palmela.
As abordagens de análise e diagnóstico no Espaço Público incidem sobre duas práticas dis-
tintas, em que, numa primeira fase, através da prévia distinção de tipologias de barreiras
existentes na via pública (arquitectónicas, urbanísticas ou móveis), é feita a identificação
desses obstáculos no território que impedem o percurso acessível. Desta forma, é possível
perceber quais as barreiras com maior incidência no território em estudo.

36 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Barreiras Arquitectónicas e Urbanísticas
Degrau, Escada ou Rampa Abrigo de Transportes Colectivos

Rebaixamento de Passadeira MUPI

Passadeira Papeleira

Passeio Sinal de Trânsito

Pavimento Degradado Árvore

Passadeira Mal Dimensionada Quiosque

Passadeira a terminar em Estacionamento Gradeamento

Caldeira de Árvore Bola, Prumo ou Meco

Marco do Correio Contentor do Lixo

Floreira

Parquímetro

Armário (EDP, Gás, ...) Barreiras Móveis | Temporárias


Boca-de-incêndio Estacionamento Abusivo no Passeio

Gradeamento com Publicidade Obra Particular ou Tapume

Placa Toponímica Obstáculo Comercial

Poste com Floreira Iluminação de Festas e Romarias

Bandeira

CicloParque

Semáforo

Candeeiro de Iluminação Pública

Cabina Telefónica

Fig. 12 Tipologias de barreiras


37
O sistema de recolha de dados foi efectua-
do com recurso ao uso de canetas digitais
que reconhecem os dados apresentados
em legenda, devido a uma matriz de pixéis
e um sensor óptico, permitindo a sua iden-
tificação em planta.
De forma simples, este instrumento per-
mite adquirir dados para a posterior in-
tegração e tratamento em Sistema de In-
formação Geográfica. Após descarregar a
informação presente na memória da cane-
ta, é assumida a localização geográfica dos
diferentes elementos que o técnico indicou
no local, aquando do levantamento, car-
-regando de imediato, a base de dados em
SIG.
As barreiras levantadas na fase de diagnós-
tico estão relacionadas com mobiliário ur-
bano, sinalética, infra-estruturas e todos
os demais elementos que perturbem o sis-
tema de continuidade. Assim, é feita uma
análise por “Tipologia de Barreiras” para
tornar mais ágil e perceptível o diagnóstico
na temática da Acessibilidade para Todos.

38
Fig. 13 Descarregamento dos dados em SIG - Sistema de Informação Georeferenciada - Pinhal Novo
As barreiras encontram-se divididas em complexas. Para os cegos, uma vez que não
dois grandes grupos: barreiras urbanísti- permanecem no mesmo local e que difi-
cas e arquitectónicas e barreiras móveis cultam o seu reconhecimento, apresen-
(ver tabela de tipologias). Pelas primeiras, ta-se como as mais limitadoras. Por outro
entendem-se as barreiras com um carácter lado, caso haja vontade por parte da socie-
mais permanente no território, enquanto dade civil, são também as mais fáceis de re-
que as barreiras móveis podem traduzir- mover.
se em exemplos pontuais como estaciona- Nas imagens apresentadas é possível visu-
mento abusivo, esplanadas desordenadas, alizar, um extracto de uma planta após o
mercadorias junto à entrada dos estabele- tratamento dos dados em SIG, com o ní-
cimentos comerciais, obras e tapumes, etc. vel de acessibilidade correspondente. Após
a identificação e localização de barreiras, é
Estas últimas encontram-se em vários lo- possível determinar a extensão dos percur-
cais e de forma diferenciada ao longo do sos acessíveis, classificando os corredores
dia e, por este mesmo motivo, constituem- de acordo com a sua acessibilidade.
se, em muitas situações, como as mais

40 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 14 Extracto da Planta de identificação das barreiras - Pinhal Novo
Fig. 15 Extracto da Planta de classificação dos corredores - Pinhal Novo
De acordo com critérios relacionados com
a densidade dos espaços enquanto áreas
urbanas consolidadas, foram traçados li-
mites territoriais, permitindo a definição
de dez núcleos urbanos a diagnosticar:
Águas de Moura, Aires, Bairro Alenteja-
no, Brejos do Assa, Cabanas, Fernando Pó,
Pinhal Novo, Poceirão, Quinta do Anjo e
Venda do Alcaide.

44
Fig. 16 Extensão de áreas diagnosticadas - Concelho de Palmela
45
De acordo com a metodologia adoptada, o conjunto das áreas territoriais é diagnosticado,
permitindo aferir a localização das barreiras e a extensão das áreas críticas de acessibili-
dade. As barreiras que impossibilitam uma circulação contínua e confortável prendem-se
com uma diversidade de factores, tais como a ausência de passeios e passeios subdimen-
sionados, bem como a ausência de passadeiras e respectivos rebaixamentos, como exem-
plificam as imagens seguintes.

Ausência de passeios e passeios subdimensionados

Ausência de passadeiras e respectivos rebaixamentos

46 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Pavimento Degradado

Caldeira de Árvore e Árvore

47
Abrigo de Transportes Colectivos

Candeeiros de Iluminação Pública

Bola, Prumo ou Meco e Bocas-de-incêncio

48 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Gradeamento

Floreira

Sinais de Trânsito, Mupis e Placas Toponímicas

49
Armário (EDP, Gás)

Papeleiras e Contentores do Lixo

50 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Estacionamento Abusivo no Passeio

Obra Particular ou Tapume

Obstáculo Comercial

51
Conforme exemplificado e referido atrás,
procedeu-se à integração do diagnóstico
em SIG, num sistema que permite a con-
sulta dos percursos acessíveis numa pla-
taforma online. Assim, todas as barreiras
identificadas nas áreas diagnosticadas se
tornam facilmente visíveis, como exempli-
ficam as imagens seguintes.

52
Fig. 17 Extractos da Planta de localização de barreiras - Pinhal Novo
54
Fig. 18 Extractos da Planta de localização de barreiras - Poceirão
56
Fig. 19 Extractos da Planta de localização de barreiras - Venda do Alcaide
Esta apresentação uniforme permite que as relativa à localização das barreiras numa
várias equipas utilizem um sistema e uma outra linguagem que dá a conhecer a ex-
imagem análogos, assegurando uma me- tensão dos corredores confortáveis e aces-
todologia comum que garanta maior coe- -síveis.
rência e continuidade do trabalho no Mu- A classificação dos corredores resultou
nicípio de Palmela. num mapa com corredores verdes e ver-
Após a recolha dos dados relativos às bar- melhos, de acordo com o seu nivel de aces-
reiras em espaço público torna-se neces -sibilidade.
-sário transformar a informação em níveis Representados a verde, apresentam-se as
de acessibilidade, de forma a permitir a fá- extensões do percurso consideradas aces-
cil identificação dos locais acessíveis, isto é, -síveis, por possuírem a largura mínima
percursos de 1,20m | 1,50m conforme as exigida pela legislação em vigor, livre de
directrizes do Decreto-Lei 163/2006 de 8 obstáculos, para uma boa circulação do
de Agosto. Em suma, trata-se de um pro- peão.
cesso que permite “codificar” a informação

58 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 20 Planta Final de Classificação dos Corredores - Venda do Alcaide
Fig. 21 Planta Final de Classificação dos Corredores

Corredores urbanos com barreiras


Corredores urbanos sem barreiras
No seguimento do levantamento efectua-
do no Espaço Público, foram identificados
e georreferenciados determinados elemen-
tos urbanos que, apesar de se encontrarem
muitas vezes fora do percurso acessível de
1,20 m ou 1,50 m, foram igualmente as-
sinalados na medida em que dificultam a
circulação dos munícipes com mobilidade
reduzida, como os idosos, indivíduos com
menores capacidades sensoriais ou pes-
soas com dificuldades de locomoção mo-
mentânea.
Deste modo, a análise desenvolvida reme-
te para soluções específicas que devem ser
Em contrapartida, representados a verme- entendidas à luz da especificidade do local
lho, afiguram-se troços interrompidos que e que se entendem como equilibradas do
provocam a perda de continuidade e o sen- ponto de vista do desenho urbano e da sua
tido de circuito seguro e confortável para relação integrada entre a mobilidade de to-
Todos. dos os cidadãos e a arquitectura local.

61
As orientações propostas para a área ob- Deste modo, a metodologia adoptada as-
jecto de estudo baseiam-se no pressupos- senta sobre um conjunto de tarefas orga-
to da construção de uma rede de percur- nizadas em duas fases de trabalho distintas
sos pedonais acessíveis que proporcionem correspondentes à definição de soluções
o acesso seguro e confortável dos cidadãos gerais para a eliminação de barreiras no es-
a todos os pontos relevantes da estrutura paço público e ao desenvolvimento das so-
activa das várias áreas de intervenção, en- luções específicas para cada uma das áreas
quadrando os princípios de design univer- definidas, através de propostas de desenho
sal e a legislação nacional como orientação urbano, adequadas a cada um dos percur-
para a resolução dos problemas. sos pedonais.

62 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 22 Metodologia Estratégia
de análise do espaço e metodologia
público de trabalho

Relatório
de soluções para
o espaço público

Propostas gerais de correcção


às condições de acessibilidade:
rede de percursos acessíveis, passagens
de peões, perfis tipo de rua
Soluções específicas de acessibilidade
para a área-plano
Exemplos de Boas Práticas
de Acessibilidade e Mobilidade para Todos
no Município de Palmela

63
Localização e design inadequados Exemplo de correcta localização e design

Floreiras a obstruir o canal de circulação Design adequado

64
Pilaretes a obstruir o canal de circulação

Elementos como pilaretes, bolas, prumos,


mecos e/ou grades e floreiras (utilizadas
muitas vezes como pilaretes), são muito
frequentes nas nossas vilas e cidades, sen-
do altamente condicionadores da mobili-
dade e acessibilidade. São elementos que
Correcta localização e design aparecem, muitas vezes, em zonas mani-
festamente de circulação pedonal, como
nos passeios ou nos acessos às passadei-
ras, criando situações de grande incómodo
para todos os peões.
Assim, estes elementos devem ser evitados
e, quando tal não for possível, devem estar
localizados fora do corredor de circulação
pedonal e, ainda, ter um design inclusivo.
A título indicativo, o pilarete que recomen-
damos é aquele que tem o formato largo
na base e mais estreito no topo (contrário à
forma da perna humana) garantindo uma
Fig. 23 Identificação de problemas
melhor segurança pedonal.
e apresentação de boas práticas –
pilaretes, mecos e floreiras 65
Degraus no passeio

Nas vilas e cidades portuguesas são várias


as situações em que, por um motivo ou ou-
tro, a mobilidade é impedida por degraus,
escadas e/ou rampas mal posicionadas, Passeio desnivelado de forma confortável

mal dimensionadas ou não assinaladas,


sendo este também um facto que se aplica
no acesso aos edifícios.
Deste modo, é fundamental garantir alter-
nativas para utilizadores com mobilidade
condicionada. Quando a utilização de es-
cadas/degraus for inevitável, é imperativo
que cumpram com as especificações legais
referidas no DL 163/2006, de 8 de Agos-
to. Nas imagens seguintes exemplifica-se o
referido a este propósito na supracitada le-
gislação, nomeadamente nas Secções 1.3,
1.5 e 2.5.

66 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Escadas na via pública Degraus e passeios subdimensionados

Rampa com inclinação adequada Rampa correctamente dimensionada

Fig. 24 Identificação de problemas e apresentação de boas práticas – degraus, escadas e rampas

67
Fig. 25 Desenho de soluções para a acessibilidade em espaço público - Escadas

68 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


uma constante a existência de lugares de
estacionamento reservado a pessoas com
mobilidade condicionada, contudo, nem
sempre esses estacionamentos possuem as
características necessárias à forma de me-
lhor servir os seus utilizadores. Conforme
ilustrado na imagem seguinte, estes lugares
devem possuir as seguintes características:
- ter uma dimensão mínima de 2,50m de
Também os lugares de estacionamento largura por 5,00m de comprimento; pos-
são algo de fundamental para a mobilida- suir uma faixa de acesso lateral com, pelo
de nas vilas e cidades. Para as pessoas com menos, 1,00m de largura; contemplar uma
mobilidade reduzida os lugares de estacio- rampa para o passeio, sempre que necessá-
namento que a elas se encontram reserva- rio; e estar devidamente sinalizados e iden-
dos são peças chave para a sua circulação. tificados, com sinal modelo H1a com placa
Sabendo-se que, em muitas das situações é adicional modelo M11d e pintura do sinal
impossível definir percursos acessíveis que universal de acessibilidade no seu centro,
percorram e liguem todos os espaços fun- em cor contrastante, e com dimensões de
damentais das cidades, o acesso automóvel 1,00m por 1,00m.
é a única forma de garantir esse acesso. As rampas de acesso ao passeio deverão ter
Como tal, é fundamental a existência de em atenção as características expostas na
lugares destinados a pessoas com mobili- lei relativamente a largura, inclinação, cor
dade reduzida, distribuídos criteriosamen- e textura.
te pela cidade. Começa, felizmente, a ser

69
Fig. 26 Desenho de soluções para a acessibilidade em espaço público -
Estacionamento para pessoas com mobilidade condicionada

70 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


71
A apresentação de propostas para os problemas enunciados pretende constituir-se como
um apoio para uma intervenção futura, garantindo uma melhor operacionalização dos
projectos, e uma melhor aplicação da legislação em vigor.
Efectivamente, é objectivo da equipa da m.pt® ilustrar, não somente, a legislação em vigor
em matéria de acessibilidade e mobilidade para todos mas, também, emitir algumas reco-
mendações que visam a sua melhor aplicação e a consecutiva melhoria da qualidade do
ambiente urbano.
Tendo como objectivo a aplicação do DL 163/2006 de 8 de Agosto, foi desenvolvido no
âmbito do Plano Municipal um documento sistémico, que enuncia de forma esquemáti-
ca e concisa um conjunto de situações e as respectivas propostas de solução. Enquadra os
princípios do design universal e a legislação em vigor como orientação para a resolução
das barreiras mais comuns nos espaços urbanos.
De acordo com a metodologia adoptada para a identificação de barreiras e obstáculos à
acessibilidade, a fase final de desenvolvimento do Plano Municipal permite apresentar em
planta, as propostas de intervenção no espaço público, agrupadas em quatro tipologias dis-
tintas:

- Relocalização ou Remoção Simples de Barreiras


- Intervenções Mistas
- Pequena Obra de Adaptação Pontual
- Desenho Urbano

72 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 27 Planta de propostas para o espaço público – Cabanas

Tipo de Intervenção
Relocalização ou Remoção de Barreiras

Intervenções Mistas

Pequena Obra de Adaptação Pontual

Desenho urbano (metros)


Reperfilamento de Vias
Perfil-tipo 1 | =<5,15
Perfil-tipo 2 | ) 5,15 ; 5,40 )
Perfil-tipo 3 | ) 5,40 ; 8,40 )
Perfil-tipo 4 | ) 8,40 ; 9,60 )
Perfil-tipo 5 | >9,60
Cruzamentos, entroncamentos ou praças
A elaboração de propostas de intervenção de barreiras e/ou a intervenção através de
direcciona a intervenção para a eliminação obra.
das barreiras urbanísticas e arquitectónicas As propostas de intervenção apresentadas
de acordo com o DL 163/06 de 8 de Agosto são identificadas através de três cores e for-
e de acordo com as boas práticas de Acessi- mas distintas, tal como apresentado na le-
bilidade para Todos. genda anterior, representando a classifica-
A figura anterior constitui um extracto da ção atribuída a cada uma das tipologias de
Planta de Propostas de Intervenção, onde barreiras usualmente encontradas no es-
é possível perceber quais os locais que de- paço público:
verão ter lugar a relocalização/remoção

74 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


A - Relocalização ou Remoção Simples de Barreiras: entende-se como as acções em que as
barreiras presentes no espaço público são removidas de forma simples, sem obra;

B - Intervenções Mistas: tipologias de intervenção que, pela sua especificidade, poderá ser
de maior ou menor dificuldade de resolução, i.e. a existência de contentores do lixo pode-
rão implicar pequena obra caso se trate da colocação de molok;

C - Pequena Obra de Adaptação Pontual: entendem-se como a remoção de barreiras que,


pela sua dimensão de implantação no espaço público, e/ou pela ligação a infra-estruturas
(água, gás, electricidade, telecomunicações) necessitam de pequenas empreitadas;

D - Desenho Urbano: aplica-se a dois problemas específicos, identificados no momento do


levantamento do estado da acessibilidade no espaço público, designadamente:

- Extensões significativas de ausência de passeios;


- Passeios subdimensionados.

75
Em relação aos traços de Desenho Urbano, trata-se de um tipo de intervenção que implica
o redesenho dos arruamentos e, como tal, as propostas definidas desdobram-se em exem-
plos de perfis definidos com base nos parâmetros de largura dos arruamentos, apoiados
num Dossier de Perfis Tipo:

Assim sendo, os cinco perfis obtidos correspondem aos seguintes parâmetros de via:
Perfil Tipo 1: Proposta para arruamento de largura inferior a 5,15 metros;
Perfil Tipo 2: Proposta para arruamento de largura entre a 5,15 e 5,40 metros;
Perfil Tipo 3: Proposta para arruamento de largura entre a 5,40 e 8,40 metros;
Perfil Tipo 4: Proposta para arruamento de largura entre a 8,40 e 9,60 metros;
Perfil Tipo 5: Proposta para arruamento de largura superior a 9,60 metros.

76 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 28 Desenho de soluções para
Espaço Público – Perfil 2 Ruas com
perfil entre 5,15m e 5,40m

77
Neste segundo Perfil-tipo, em que a di-
mensão média da rua se aproxima das me-
didas referidas, optamos por definir cor-
-redores laterais de pelo menos 1,20m de
largura, em material confortável para cir- Para além da definição de perfis tipifica-
culação pedonal. Apesar do nivelamento dos, onde se apresentam desenhos esque-
do pavimento que se propõe também para máticos como os anteriores apresentam-se,
este perfil, é feita a diferenciação entre as também, esquiços de soluções que repre-
áreas de circulação automóvel e o fluxo pe- sentam formas possíveis de como se pode-
donal, através da utilização de materiais rão trabalhar e desenvolver soluções para
distintos. os problemas identificados.

78 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 29 Desenhos de adaptação das soluções para a Rua do Comércio – Brejos do Assa

Fig. 30 Desenhos de adaptação das soluções para a Rua Júlio Dinis – Pinhal Novo

79
Atendendo às problemáticas existentes,
identificadas nas fases de levantamento e
diagnóstico, as propostas apresentadas em
esquiço de adaptação de soluções de aces-
sibilidade, remetem para a redefinição da
tipologia dos arruamentos, com a criação
de uma rede continua de percursos pedo-
nais, acessíveis e confortáveis, conduzin-
do, desta forma, à melhoria da qualidade
dos espaços públicos do município. Estas
propostas, apresentadas em forma de foto-
montagem, tentam para situações específi-
cas, propor uma nova organização dos es-
paços que melhore o ambiente global do
espaço urbano.

80 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 31 Desenhos de adaptação das soluções para a Rua Francisco Carvalho Nunes Silva – Aires

Fig. 32 Desenhos de adaptação das soluções para a Rua Venâncio Costa Lima – Quinta do Anjo

81
4.3 Edificado

Reorganizar, esboçar e projectar espaços é construído revela-se uma peça fundamen-


garantir continuidades, é incluir crianças, tal na criação de uma cidade acessível a to-
grávidas, mães com carrinhos de bebé, de- dos e sem limites de mobilidade.
ficientes de cadeira de rodas, invisuais, ido- Neste contexto, verificando as diversas es-
sos e pessoas temporariamente incapaci- calas entre o Homem e as formas constru-
tadas. Estas pessoas representam cerca de ídas é eminente analisar e diagnosticar os
60% da população total (Secretariado Na- problemas inerentes aos edifícios, designa-
cional de Reabilitação, 1994), tornando-se damente os de utilização pública.
essencial fomentar a mobilidade integrada. Na análise das condições de acessibilidade
O acto de liberdade que está implícito no realizada no âmbito desta intervenção, fo-
desenho da cidade e no âmbito deste pro- ram considerados os equipamentos de ex-
jecto deve estar presente no edificado, nas celência da vivência municipal, com utili-
suas soluções e funcionalidades. Outor- zação pública e serviços aos munícipes, no
gando o princípio de que a Arquitectu- sentido de perceber quais as actuais condi-
ra deve servir o Homem e ser funcional, o ções de acessibilidade

82 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


A metodologia utilizada consistiu na análise, no terreno, dos equipamentos, utilizando fi-
chas de apoio, notas complementares, fotos, vídeos, entre outros, de modo a permitir, pos-
teriormente, o estudo mais detalhado em gabinete.
Após a análise de cada edifício é criado um relatório, em tabela, que integra o levantamen-
to fotográfico, o diagnóstico e as orientações de correcção para os problemas identificados.
A análise e a recolha de elementos integra um conjunto de passos sequenciais.

1 - Identificação do edifício (localização e descrição de funções);


2 - Acesso exterior ao edifício, público e privado;
3 - Acesso ao edifício (portas principais);
4 - Distribuição no edifício;
5 - Acesso a dependências e instalações;
6 - Dependências e sinalética.

83
Durante a fase de diagnóstico do Plano Fig. 33 Atendimento Municipal de Pinhal Novo
Municipal, e de acordo com a metodolo- Fig. 34 Centro de Recursos
gia apresentada, foram identificados e ana- para a Juventude de Quinta do Anjo
lisados cerca de 50 edifícios de utilização
pública.

84 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


1) Atendimento Municipal de Pinhal Novo
2) Atendimento Municipal de Quinta do Anjo

3) Biblioteca Municipal de Pinhal Novo


4) Pólo da Biblioteca Municipal da Quinta do Anjo
5) Pólo da Biblioteca Municipal da Marateca

6) Cine-Teatro São João


7) Auditório Municipal de Pinhal Novo
8) Centro Cultural de Poceirão
9) Casa das Expressões Fantasiarte

10) Mercado Municipal de Pinhal Novo

11) Cemitério de Pinhal Novo (Novo)


12) Cemitério de Pinhal Novo (Velho)
13) Cemitério de Poceirão
14) Cemitério de Quinta do Anjo

15) Centro de Recursos para a Juventude de Quinta do Anjo


16) Centro de Recursos para a Juventude de Pinhal Novo
17) Centro Municipal para a Juventude

18) Pavilhão Desportivo Municipal de Pinhal Novo


19) Piscina Municipal de Pinhal Novo

85
20) Escola Básica José Saramago
21) Escola Básica de Lagoa da Palha
22) Escola Básica de Olhos de Água nº1
23) Escola Básica de Olhos de Água nº2
24) Escola Básica de Palhota
25) Escola Básica de Quinta do Anjo
26) Escola Básica Salgueiro Maia
27) Jardim-de-infância de Vale da Vila
28) Escola Básica Zeca Afonso
29) Escola Básica José Maria dos Santos
30) Escola Básica de Águas de Moura
31) Escola Básica Alberto Valente

Fig. 35 Escola Básica Alberto Valente


Fig. 36 Estação de Caminhos de Ferro
de Pinhal Novo

86 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


32) Escola Básica de Algeruz Lau
33) Escola Básica António Santos Jorge
34) Escola Básica de Arraiados
35) Escola Básica de Bairro Alentejano
36) Escola Básica de Batudes
37) Escola Básica de Brejos do Assa nº1
38) Escola Básica de Cajados
39) Escola Básica de Carregueira
40) Escola Básica de Fonte Barreira
41) Escola Básica de Aires
42) Escola Básica de Cabanas
43) Escola Básica João Eduardo Xavier

44) Junta de Freguesia de Poceirão e Delegação


45) Junta de Freguesia de Pinhal Novo
46) Junta de Freguesia de Quinta do Anjo
47) Delegação da Junta de Freguesia de Marateca 1

48) Estação de Caminhos de Ferro de Palmela


49) Estação de Caminhos de Ferro de Penalva
50) Estação de Caminhos de Ferro de Pinhal Novo
51) Estação de Caminhos de Ferro de Venda do Alcaide

1
Não se procedeu ao diagnóstico do edifício sede pois encontra-se prevista a execução de projecto de remodelação para
edifício, o qual contempla as normas de acessibilidade.

87
IDENTIFICAÇÃO
DESIGNAÇÃO: ATENDIMENTO MUNICIPAL PINHAL NOVO
LOCALIZAÇÃO: RUA JOSÉ SARAMAGO Nº 15 - B
DESCRIÇÃO, FUNÇÃO OU USO DO EDIFÍCIO: MELHORAR A RESPOSTA DOS SERVIÇOS
OFERECIDOS AOS CIDADÃOS, REFORÇANDO EM SIMULTÂNEO A EFICÁCIA E EFICIÊNCIA
DA ORGANIZAÇÃO.

REGISTO FOTOGRÁFICO DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO

Acesso exterior ao edifício


• O espaço envolvente ao edifício tem
passeios abrangentes mas o seu pavimento
apresenta-se irregular.
• Existe estacionamento para pessoas
com mobilidade reduzida e o passeio está
rebaixado para permitir o acesso mais
facilitado.
• Existe uma rampa de acesso ao patamar
de entrada que está regulamentar quanto
à sua inclinação excepto relativamente às
suas guardas.
• O mobiliário urbano existente, escasso,
direcciona-se para um design não inclusivo,
como papeleiras, mecos e sinalética.

Fig. 37 Ficha síntese de Diagnóstico do Atendimento Municipal de Pinhal Novo


PROPOSTA DE ELIMINAÇÃO DAS
BARREIRAS ARQUITECTÓNICAS

Propõe-se:
• No lugar exclusivo para pessoas
com mobilidade reduzida o piso deverá
estar demarcado com cor contrastante
e o sinal horizontal com símbolo
internacional deverá ser inscrito no
pavimento. Os problemas identificados nos equipa-
• O pavimento deve ser corrigido para mentos, são verificados segundo a legis-
que a sua utilização seja feita de uma lação em vigor para a acessibilidade, que
forma confortável e sem barreiras. regula a sua promoção como elemento es-
• A rampa deve ter duplo corrimão -sencial na qualidade de vida dos espaços
com elemento preênsil a 75cm e 90cm urbanos.
e com a largura de 90cm entre os Como exemplo, apresenta-se o diagnósti-
corrimões. co e as propostas correctivas referentes ao
• O mobiliário urbano deve estar Atendimento Municipal de Pinhal Novo,
direccionado para um design inclusivo. de acordo com os passos sequenciais da
análise ao edificado:

89
REGISTO FOTOGRÁFICO

90 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


PROPOSTA DE ELIMINAÇÃO DAS
DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO BARREIRAS ARQUITECTÓNICAS

Acesso ao edifício Propõe-se:


• A porta de entrada tem • Os puxadores/fechaduras/trincos devem
um vão de 85cm de largura ter resistência mínima, forma fácil de
com folha dupla e soleira agarrar com uma mão, não requerer
regulamentar. pressão firme ou rotação do pulso e
• O puxador desta porta não devem ser em forma de alavanca e não
tem um design inclusivo que de maçaneta. Devem ainda estar situados
permite um fácil manejamento. entre 0,8m e 1,1m e a mais de 0,05m do
• A porta da antecâmara é bordo exterior da porta.
automática e garante um vão • A iluminação deve estar garantida nos
regulamentar de passagem. principais pontos deste espaço.

Distribuição no edifício
• O edifício estrutura-se apenas num
piso e não existem desníveis.
• Os corredores e espaço de
distribuição são amplos.

Fig. 37 (continuação) 91
REGISTO FOTOGRÁFICO

92 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


PROPOSTA DE ELIMINAÇÃO DAS
DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO BARREIRAS ARQUITECTÓNICAS

Acesso a dependências e instalações Propõe-se:


• As portas interiores de acesso a • A substituição e correcção de todas as
dependências nem sempre estão portas, assegurando um vão mínimo de
regulamentares quanto à sua largura com abertura de 0,77m, mínimo legal.
75cm. A porta da Instalação Sanitária para • Os puxadores/fechaduras/trincos devem
Pessoas com Mobilidade Reduzida é de ter resistência mínima, forma fácil de
correr e tem o vão regulamentar. agarrar com uma mão, não requerer
• O design dos puxadores das portas nem pressão firme ou rotação do pulso e
sempre está direccionado para um design devem ser em forma de alavanca e não
inclusivo, para proporcionar um melhor de maçaneta. Devem ainda estar situados
manejamento por parte de pessoas com entre 0,8m e 1,1m e a mais de 0,05m do
mobilidade reduzida. bordo exterior da porta.

Dependências
• Existe Instalação Sanitária dirigida a
pessoas com Mobilidade Reduzida e está
equipada com os respectivos adereços e
bem dimensionadas.
A área de atendimento é rebaixada em
forma de secretárias e permite uma
utilização mais facilitada a pessoas com
mobilidade reduzida.

Fig. 37 (continuação) 93
REGISTO FOTOGRÁFICO

SÍNTESE DA ELIMINAÇÃO DAS BARREIRAS ARQUITECTÓNICAS:

• Relocalização do Mobiliário Urbano para Acesso Exterior Acessível


• Criação de Percurso Acessível
• Localização e Dimensionamento de lugares de estacionamento destinados
a Pessoas com Mobilidade Reduzida
• Acessos às entradas (rampas e escadas ou degraus isolados)
• Portas de entrada
• Dimensionamento de Portas
• Localização e Dimensionamento de Sinalética

94 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


PROPOSTA DE ELIMINAÇÃO DAS
DIAGNÓSTICO DO EDIFÍCIO BARREIRAS ARQUITECTÓNICAS

Sinalética Propõe-se:
• Apesar algumas dependências terem • A melhoria da acessibilidade de
presença de sinalética, esta mostra-se informação ao nível das placas de
ineficaz, uma vez que apresenta um informação, altura, dimensionamento,
design, localização e dimensionamento não localização, contraste, Braille e dispositivo
recomendados. luminoso.
• Detectou-se uma completa ausência de
sinalética dirigida para os invisuais (Braille)
e para os surdos (sinais luminosos).

REMISSÃO PARA A ORIENTAÇÃO TÉCNICA

• Ponto 3.2.4. Espaço Exterior Privado: Elementos Urbanos


• Ponto 3.2.4. Espaço Exterior Privado: Percurso acessível
• Ponto 3.2.1.5. Estacionamento

• Pontos 3.2.1.1., 3.2.1.3. e 3.2.1.4. Soleiras/Degraus, Escadas e Rampas


• Ponto 3.2.2.3. Acessos Horizontais
• Ponto 3.2.2.2. Portas
• Ponto 3.2.3.4 Sinalética

Fig. 37 (continuação) 95
4.4 Transportes

A acessibilidade ao nível municipal deve sulta na criação de uma maior independên-


contemplar, não apenas o espaço público e cia para as pessoas com mobilidade condi-
o edificado mas, também, a rede de trans- cionada, construindo-se deste modo, uma
porte que permitem aos cidadãos desloca- cidade mais democrática, livre e segura.
ções dentro do espaço funcional definido.
Os transportes colectivos têm um efeito de
inclusão social, se permitirem o acesso de
todos, independentemente das capacida-
des de cada um.
Permitir o acesso, quer aos veículos de
transporte, quer aos locais de paragem, re-

96 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


O Método de Trabalho

Levantamento e Diagnóstico
Dada a dimensão e/ou especificidade que
as áreas de estudo podem abranger e a
existência de variados tipos de transpor-
te colectivo, entendeu-se como necessário
restringir a análise aos tipos de transportes
colectivos que criam um efectivo esquema
de rede.
Deste modo, pela especificidade de que se
reveste o Plano Municipal de Promoção
da Acessibilidade de Palmela, optou-se
pelo estudo do Transporte Rodoviário Co-
lectivo, atendendo a que este é o operador
com maior expressão no concelho.

Fig. 38 Autocarros da linha de transportes colectivos rodoviários de Palmela


97
A análise dos transportes colectivos processa-se a dois níveis:

1. Análise dos veículos de transporte: frota de autocarros utilizados pela empresa Trans-
portes Sul do Tejo, e outros veículos de transporte colectivo designadamente o mini bus
“Vai Vem social”, iniciativa promovida pela Junta de Freguesia de Pinhal Novo e pela em-
presa LOGZ – Atlantic Hub e mini bus “Circuito Urbano Pinhal Novo”, transporte promo-
vido pelo município.

2. Análise das infra-estruturas de apoio ao meio de transporte rodoviário: paragens de au-


tocarro, etc.

98 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


De acordo com a metodologia adoptada, diagnosticou-se a acessibilidade dos veículos,
bem como a acessibilidade de paragens e estações uma vez que, para que se possam esta-
belecer percursos acessíveis em transporte colectivo tanto as infra-estruturas como os veí-
culos têm de responder às condições de acessibilidade.

Fig. 39 Análise dos veículos de transporte colectivo “Circuito Urbano Pinhal Novo”

99
Espaço
Público

Paragem

Corredores
Acessíveis

Plataforma Abrigo Informação

Barreira ao Acesso
Percurso ao Interior
Acessível do Abrigo

Mobiliário Design
Urbano do Abrigo

100
Fig. 40 Parâmetros analisados em matéria de acessibilidade nos transportes colectivos rodoviários

Veículo

Sinalização
Paragem

Acesso Interior Informação


Exterior

Dimensões Lugares
dos Reservados
Corredores

Botões de Acomodação
Paragem de Cadeiras
de Rodas 101
A rede de transportes colectivos estrutu-
ra-se, essencialmente, em torno das vias de
transporte rodoviário. Como se pode veri-
ficar, na imagem, a rede desenvolve-se nos
principais eixos, mostrando-se mais densa
nos núcleos centrais das freguesias e mais
dispersa à medida que se afasta dos locais
que concentram uma maior aglomeração
populacional.

102
Fig. 41 Rede de transporte rodoviário colectivo do Município de Palmela

Linhas
Transportes Urbanos de Pinhal Novo
TST - Transportes Sul do Tejo
De forma global, existem aproximadamente 30 percursos urbanos e interurbanos efectua-
dos pela TST - Transportes Sul do Tejo, partindo quer dos núcleos centrais do concelho de
Palmela, quer dos municípios vizinhos, fazendo ligação entre todas as freguesias do muni-
cípio de Palmela e com os concelhos vizinhos. Na Vila de Pinhal Novo existe um circuito
urbano que faz a ligação entre os principais equipamentos existentes.
Os sistemas de transporte colectivo são considerados acessíveis, quando todos os seus ele-
mentos são concebidos, organizados, implantados e adaptados tendo em conta o conceito
do design universal.
Estas preocupações evidenciadas na figura da página seguinte, garantirão o uso pleno, au-
tónomo e seguro dos transportes por todas as pessoas e em especial por aquelas portado-
ras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

104 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


CONDIÇÕES (ÓPTIMAS) DE ACESSIBILIDADE

FROTA INFRA-ESTRUTURAS DE APOIO


• Inexistência de barreiras físicas nas portas • Acesso de nível a paragens;
de entrada e/ou saída do veículo; • Disponibilização de informação de rede,
• Mecanismo que permita transpor acessível para todos;
a barreira física caso exista (rampas, • Não obstrução do percurso acessível dos
plataformas elevatórias, etc.); passeios com a colocação de abrigos;
• Comunicação visual: identificação imediata • Corredor de entrada no abrigo de pelo
do operador, nº e destino da linha; menos 0,8 metros;
• Integração de painéis electrónicos com • Existência de local reservado à
sistemas de áudio no interior e exterior; acomodação de uma cadeira de rodas sob o
• Apoios e corrimãos de cor contrastantes abrigo;
ao longo do veículo e dispostos de forma a • Abrigos dimensionados ao fluxo de
atender às disparidades de tamanho dos utilização;
utilizadores; • As placas de sinalização de paragem
• Botões de paragem que permitam a (postiletes, mupis, etc.) não devem impedir a
percepção visual e táctil, localizados ao livre circulação;
longo de todo o veículo e emitindo sinais • Faixas tácteis de acesso aos veículos
sonoros e visuais; paralelas à guia e conjugação com faixas
• Reserva de local para acomodação de tácteis de direcção;
cadeiras de rodas e carrinhos de bebé, • Pisos antiderrapantes:
equipados com sistemas de travagem; • Bilheteiras acessíveis a pessoas com
• Marcação de desníveis, no interior do deficiência física ou de baixa estatura.
veículo com faixas amarelas;
• Bancos reservados a pessoas com
mobilidade reduzida claramente Fig. 42 Condições óptimas de acessibilidade
identificados.
105
Se considerarmos as múltiplas etapas de
uma viagem, verificamos que as barreiras
ao uso independente do transporte pú-
blico podem aumentar consideravelmen-
te, se o veiculo não apresentar condições
de acessibilidade. Independentemente das
capacidades físicas e/ou sensoriais do pas-
-sageiro, a realização de uma viagem segue
sempre um número de passos fixos:

1. Obter informação e/ou títulos


de transporte correctos;
2. Aceder ao veículo;
3. Validar o título de transporte;
4. Parar no local de destino;
5. Sair do veículo.

106
Paragens
Táxi, Acessível

Autocarro, Acessível

Autocarro, Inacessível

Autocarro, Não Identificada


Sem Informação

Fig. 43 Classificação das paragens - Quinta do Anjo e Pinhal Novo


Propostas de Intervenção

Para cada problema identificado na fase de levantamento e diagnóstico, atribuiu-se um


conjunto de soluções a adoptar em matéria de acessibilidade e mobilidade para todos es-
pecialmente focalizado para a questão dos transportes colectivos rodoviários. As soluções
são apresentadas através de planta para que se possa identificar o tipo de solução adequada
a cada uma das paragens a intervir.

108 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 44 Planta de soluções para os transportes colectivos – Venda do Alcaide

Tipo de Intervenção
Paragens

Relocalização de Abrigos e Postiletes


Construção de Plataforma ou Acesso à mesma
Criação de Acessos ao Interior do Abrigo
Sinalização de Paragens Reservadas a Autocarros
Alteração do Design do Abrigos
Afixação da Informação sobre Serviços
Relocalização / Alteração do Design
do Mobiliário Urbano
Fig. 45 (Página ao lado) Exemplos de dimensões para diversos tipos de estacionamento
de autocarros consoante a plataforma - Fonte: Manual para la planificación, financiación
e implantación de sistemas de transporte urbano, Madrid 2004

As plantas de soluções são complementa-


das pelas orientações específicas nesta ma-
téria apresentadas, mais uma vez, com re-
curso às boas práticas e ao desenho.

Fig. 46 Apresentação de boas práticas


de acessibilidade e mobilidade para todos -
“Circuito Urbano Pinhal Novo”

110 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Parada con plataforma

Parada en apartadero

Parada en zona de apercamiento

Parada en el borde de la acera


TIPOLOGIAS DE INTERVENÇÃO
INFRA-ESTRUTURAS DE TRANSPORTES COLECTIVOS

TIPOLOGIA DE PROBLEMAS ORIENTAÇÃO PARA A INTERVENÇÃO A EFECTUAR

Os abrigos de transportes colectivos e postiletes


utilizados na sinalização destes serviços aos utentes
destes transportes são muitas vezes localizados nos
passeios impossibilitando a continuidade dos percursos
pedonais. Estas situações, que obstruem a normal
circulação pedonal e, em especial, a locomoção de
pessoas portadoras de mobilidade reduzida, são mais
comuns em paragens com Abrigo mas, também,
ocorrem na sinalização por postilete.

ABRIGOS
A orientação para a localização dos Abrigos “tradicionais”
(fechados em um, ou ambos os topos), aponta para a
sua utilização apenas em passeios cuja dimensão possa
albergar conjuntamente o abrigo e o percurso acessível,
permitindo a continuidade dos mesmos.
Em passeios de menor dimensão, onde a coexistência
entre abrigo e percurso pedonal se salda pela
descontinuidade do último, as soluções apresentadas
apontam para a utilização de Abrigos em “L” invertido,
libertando o passeio dos obstáculos que representam os
topos laterais do Abrigo.
112
BONS EXEMPLOS

Fig. 47 Exemplo de ficha síntese com


tipologias de problemas e orientações
de resolução.
113
TIPOLOGIA DE PROBLEMAS ORIENTAÇÃO PARA A INTERVENÇÃO A EFECTUAR

POSTILETES
A utilização de postiletes de sinalização de paragem,
se bem que menos confortável para os utilizadores, é
fundamental no caso desta paragem se localizar em
passeios de dimensão mínima (1,2m). Este tipo de
sinalização constitui-se como barreira à mobilidade
quando se localiza obstruindo os passeios (não
garantido qualquer das excepções de largura de
corredor acessível previstas na lei), ou quando têm
afixados painéis informativos (suspensos) que podem
interferir com o percurso acessível.
A orientação para este caso assenta na colocação
dos postiletes preferencialmente junto às fachadas
do edificado, ou junto ao lancil do passeio garantido
no mínimo um corredor acessível de 0,8m ou 0,9m
consoante a extensão em que se prolonguem. Quanto
à informação, que pode estar associada ao postilete,
aconselha-se a sua colocação de forma paralela ao
edificado ou lancil do passeio consoante a localização
do postilete e de forma visível.

114 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


BONS EXEMPLOS

Estes exemplos são agrupados em fichas


de soluções para os transportes remetendo
para diversos materiais, disposições e até
desenhos, orientado sempre para o tipo de
problema a resolver, tal como se apresenta
na figura.

Fig. 47 (continuação)

115
4.5 Comunicação em documentos impressos

A análise da acessibilidade à informação possam, após a sua análise detalhada, ser-


em vários documentos impressos da Câ- vir de referência na criação de outros do-
mara Municipal de Palmela foi desenvolvi- cumentos futuros.
da com o objectivo de diagnosticar alguns A análise foi dividida em duas partes:
problemas para, consecutivamente, suge- uma primeira relativa à observação geral
rir medidas a tomar no sentido de tornar a da identificação do município e do modo
informação prestada por estes meios “mais como este se apresenta em vários suportes
acessível” ou seja, capaz de ser transmitida (impressos, Web, meios de comunicação
mais claramente e a mais pessoas. visuais, logótipos, etc), e uma segunda re-
Foram consideradas diversas categorias de ferente à análise propriamente dita dos do-
documentos procurando abranger uma cumentos impressos, designadamente:
diversidade significativa de situações que

116 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


3

1 - Folheto promocional / eventos


2 - Papel de carta (presidência/vereação/outra) 4
3 - Cartão pessoal (presidência /vereação)
4 - Publicação periódica (tipo boletim)
a) Capa
b) Interior
5 - Folheto promocional / serviços da CM
6 - Impresso com formulário
7 - Agenda /programação cultural
8 - Impressão A4 de documento em PDF, disponibilizado no site da CM
9 - Impressão A4 directa do site da CM (contactos)
10 - Impressão A4 de informação sobre Transportes Públicos

117
As duas componentes da análise permitem considera essencialmente os requisitos de
consubstanciar um diagnóstico de acessi- pessoas com baixa visão.
bilidade à informação impressa pelo mu- Para a análise de acessibilidade aos docu-
nicípio, permitindo conhecer os seus dife- mentos impressos utilizaram-se os crité-
rentes níveis de acessibilidade. rios identificados na figura seguinte, tendo
Para sustentar esta metodologia, foi cons- sido identificados os resultados para cada
tituída uma lista de verificação com base documento impresso analisado.
científica na Royal National Institute of
Blind People e no TRACE CENTER, que

118 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


1. Uso de tipografia simples e clara
2. Tamanho da fonte do texto principal 12 a 14
3. Texto alinhado à esquerda
4. Texto principal na horizontal
5. Dispersão regular das palavras nas linhas
6. Não tem frases grandes com maiúsculas
7. Não usa itálicos
8. Não usa sublinhados
9. Espaçamento entre linhas
10. Espaçamento entre parágrafos
11. Espaço suficiente entre colunas
12. Informação relevante não depende de diagramas ou cor
13. Bom contraste entre texto e fundo
14. Não tem texto colocado sobre uma imagem ou textura
15. Papel ou revestimento não brilhante
16. Espaço suficiente para preenchimento à mão
17. Items bem identificados para preenchimento
18. Contactos - telf/web - evidenciados
19. Emissor(es) bem identificado(s)
20. Emissor / contactos em braile

Fig. 48 Critérios de acessibilidade utilizados para a análise de documentos impressos


119
Fig. 49 Análise dos documentos
impressos

Nas imagens seguintes apresentam-se dois


exemplos da análise efectuada aos docu-
mentos, nomeadamente “Saúde em Bo-
letim: Abril 2009” e “Marchas Populares
2009”. No primeiro grupo de imagens é ve-
rificada a existência de todos os itens atrás
referidos e no segundo grupo, para os mes-
mos documentos, são feitas recomenda-
ções de correcção.
Assim, para cada documento diagnostica-
do, na primeira fase, é anexo um exemplo
de intervenção com propostas e recomen-
dações, ilustrando as medidas de correc-
ção a contemplar.

120
Tipo de documento PUBLICAÇÃO PERIÓDICA (BOLETIM) Doc nº4a
Identificação/título “Saude em Boletim: Abril 2009” (capa)
Descrição Dimensões A4 - 1 páginas - Cor

SIM NÃO N/A


Uso de tipografia simples e clara 1
Tamanho da fonte do texto principal 12 a 14 1
Texto alinhado à esquerda 1
Texto principal na horizontal 1
As palavras não estão espalhadas nas linhas 1
Não tem frases grandes com maiúsculas 1
Não usa itálicos 1
Não usa sublinhados 1
Espaçamento entre linhas 1
Espaçamento entre parágrafos 1
Espaço suficiente entre colunas 1
Informação relevante não depende de diagramas ou cor 1
Bom contraste entre texto e fundo 1
Não tem texto colocado sobre uma imagem ou textura 1
Papel revestimento não brilhante 1
Espaço suficiente para preenchimento à mão 1
Items bem identificados para preenchimento 1
Contactos - telf/web - evidenciados 1
Emissor(s) bem identificado(s) 1
Emissor / Contactos em braile 1
Total 9 6 5
% Relativamente aos items aplicáveis 60% 40%

A identificação da data do Boletim - 2009 - na vertical


Observações:
Pouco contraste no nome da Câmara Municipal
Fig. 49 (continuação)

Os documentos analisados são apresenta-


dos em fichas síntese, sendo que em cada
documento é extraída uma parte, reprodu-
zida à escala real, a partir do qual se ilus-
tram o modo como podem ser corrigidos
alguns dos itens classificados como nega-
tivos, de acordo com a lista de verificação
utilizada.

122
Tipo de documento FOLHETO PROMOCIONAL / EVENTOS Doc nº1
Identificação/título “Marchas Populares 2009”
Descrição Dimensões 10x17,5 mm - 1 páginas - Cor / 2 faces

SIM NÃO N/A


Uso de tipografia simples e clara 1
Tamanho da fonte do texto principal 12 a 14 1
Texto alinhado à esquerda 1
Texto principal na horizontal 1
As palavras não estão espalhadas nas linhas 1
Não tem frases grandes com maiúsculas 1
Não usa itálicos 1
Não usa sublinhados 1
Espaçamento entre linhas 1
Espaçamento entre parágrafos 1
Espaço suficiente entre colunas 1
Informação relevante não depende de diagramas ou cor 1
Bom contraste entre texto e fundo 1
Não tem texto colocado sobre uma imagem ou textura 1
Papel revestimento não brilhante 1
Espaço suficiente para preenchimento à mão 1
Items bem identificados para preenchimento 1
Contactos - telf/web - evidenciados 1
Emissor(s) bem identificado(s) 1
Emissor / Contactos em braile 1
Total 14 3 3
% Relativamente aos items aplicáveis 82% 18%

Observações:
A análise efectuada nos documentos impressos, permitiu aferir a inexistência de valores
globais inferiores a 60%, verificando-se que uma grande parte dos documentos apresenta
níveis de resposta acima dos 80%.

124 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


PUBLICAÇÃO PERIÓDICA - BOLETIM (CAPA)
RESULTADO POTENCIAL DA INTERVENÇÃO

73%
DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS USADOS
NA ANÁLISE:

INTERVENÇÃO:

ABRIL 2009
Alinhar na Horizontal

CÂMARA MUNICIPAL DE PALMELA


Aumentar o contraste - Texto a negro

Fig. 50 Resultados da avaliação 125


Segundo os critérios para a acessibilidade na comunicação, o conjunto de documentos ob-
servados, revela um bom trabalho de design, orientado para uma imagem cuidada, com
informação organizada e bastante coerente. Os aspectos a melhorar implicam, sobretudo,
o agrupar e relacionar muita informação, situação mais comum em calendários e agendas.
Em suma, a avaliação é positiva, comprovando que podem coexistir soluções interessan-
tes e visualmente inovadoras, com o respeito por critérios de acessibilidade à informação.

126 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


FOLHETO PROMOCIONAL / EVENTOS
RESULTADO POTENCIAL DA INTERVENÇÃO

94%
DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS USADOS
NA ANÁLISE:

Braille

INTERVENÇÃO:

TELEFONE 212 336 600


www.cm-palmela.pt
Contactos evidenciados

CONTACTOS EM BRAILLE
(p.e. autocolante no verso)

Fig. 51 Resultados da avaliação 127


4.5 Infoacessibilidade

A acessibilidade inclui também o acesso Só assim conseguiremos uma sociedade


sem barreiras à informação e esta encon- inclusiva. O termo acessibilidade significa
tra-se hoje, mais do que nunca, disponí- permitir a pessoas com deficiência parti-
vel na World Wide Web. O acesso à infor- cipar em diversas actividades que podem
mação é um direito de todos e, para que incluir o uso de certos produtos, serviços
seja uma realidade, o conteúdo das páginas ou meios de informação. Porém, acessibi-
Web, deve estar disponível em formatos al- lidade não se resume apenas a um melhor
ternativos ou deve ser complementado acesso de uma vasta gama de produtos ou
com informações auxiliares para que pes- serviços. Acessibilidade significa também
soas com as mais diversas limitações fun- a inclusão e extensão do uso destes mes-
cionais possam aceder ao conteúdo Web. mos produtos, serviços ou meios de comu-
nicação a todas as pessoas.

128 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Actualmente, verifica-se uma enorme pro- de da Web que produziu a primeira versão
gressão relativamente à acessibilidade na das directrizes de acessibilidade para con-
internet, com a progressiva adopção das teúdos (WCAG 1.0 – Web Content Acessi-
directrizes de acessibilidade a conteúdos bility Guidelines) em Maio de 1999, sendo
Web do W3C. Este é um consórcio inter- a segunda versão desta directriz aprovada
nacional de empresas e organizações de- pelo W3C em Dezembro de 2008.
dicadas às tecnologias de informação e
comunicação que tem como objectivo po-
tenciar a web, por meio de desenvolvimen-
to de protocolos comuns e directrizes que
promovam a sua evolução. Em 1997, o
W3C criou a iniciativa para a Acessibilida-

129
As directrizes de acessibilidade do W3C Para a análise das características da acessi-
(WCAG 1.0) consistem numa lista de pon- bilidade digital, a metodologia de avaliação
tos de verificação que se encontram dividi- consistiu na observação no local dos recur-
dos em 3 prioridades: Prioridade 1, Prio- sos existentes e do meio envolvente, na re-
ridade 2 e Prioridade 3. Esta lista de 65 alização de entrevistas com os monitores e
pontos de verificação dividida em 14 tipos na análise: importância relativa, acessibili-
diferentes, pode ser utilizada para verifi- dade digital, capacitação dos monitores e
car o grau de acessibilidade de uma pági- necessidade de apoio externo.
na ou sitio Web. A cada ponto de verifica-
ção é associado o nível de cumprimento
(Sim), incumprimento (Não) ou de não
aplicabilidade (N.A). Para uma consul-
ta mais detalhada, as directivas de aces-
sibilidade estão disponíveis em http://
www.w3.org/TR/1999/WAI-WEBCON-
TENT-19990505/.

130 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Na escolha dos quatro factores de avaliação mencionados é considerado o seguinte:

1. Importância relativa. Este factor tem implicação na avaliação dos recursos tecnológicos
e da acessibilidade de conteúdos que se podem considerar necessários e adequados para
um determinado serviço. Quanto mais importante for o serviço e mais diversificada for a
população servida maior será a importância (relativa) deste para pessoas com necessida-
des especiais e a necessidade de investimento em acessibilidade digital.

2. Acessibilidade digital. Inclui a avaliação dos produtos de apoio para acesso à informa-
ção e às tecnologias disponíveis, bem como a acessibilidade de aplicações informáticas es-
pecíficas e de conteúdos digitais.

3. Capacitação dos monitores. A preparação dos monitores/animadores para atender pes-


soas com necessidades especiais e facilitar a utilização de tecnologias de acessibilidade é um
factor determinante na qualidade da resposta que se pretende oferecer.

4. A necessidade de apoio externo irá ser tanto maior quanto maior for a diferença entre
os recursos de acessibilidade instalados e a formação dos recursos humanos que o equipa-
mento dispõe.

131
A realização deste processo permitiu aferir os níveis de acessibilidade digital do Centro de
Recursos para a Juventude de Quinta do Anjo, do Centro de Recursos para a Juventude de
Pinhal Novo, do Atendimento Municipal de Quinta do Anjo e Pinhal Novo.

TECNOLOGIA DE ACESSO PARA COMPUTADORES

DA - Deficiência Auditiva; DF - Deficiência Física; DV - Deficiência Visual; DI - Deficiência Intelectual

DA DF DV DI

Leitor de Ecrã e Headphones x

Ampliador de Ecrã x

Linha Braille x

Impressora Braille x

Webcam x

Monitor de 21’’ (mínimo de 19’’) x

Etiquetas c/ caracteres ampliados p/ teclados x x

TrackBall x

Fig. 52 Ficha síntese de diagnóstico de acessibilidade do Centro de Recursos


para a Juventude de Quinta do Anjo

132 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


ACESSIBILIDADE
DOS ESPAÇOS
DE INTERNET
• Centro de Recursos FACTORES
para a Juventude DE AVALIAÇÃO
de Quinta do Anjo • Importância Relativa
• Centro de Recursos • Acessibilidade Digital
para a Juventude • Capacitação dos
de Pinhal Novo Técnicos
• Atendimento Municipal • Necessidade de Apoio
de Quinta do Anjo Externo
• Atendimento Municipal
de Pinhal Novo

Importância relativa
Acessibilidade Digital
Capacitação dos Técnicos
Necessidade de Apoio Externo

Fig. 53 Método de Avaliação da


acessibilidade nos espaços internet
133
Como exemplo, apresenta-se a síntese re-
lativa ao Centro de Recursos para a Juven-
tude de Quinta do Anjo, um dos equipa-
mentos municipais que permite o acesso
público à internet:

134
CRJ DE QUINTA DO ANJO
CENTRO DE RECURSOS PARA A JUVENTUDE DE QUINTA DO ANJO

Este equipamento encontra-se situado na Rua Venâncio da Costa Lima, na freguesia de Quinta
do Anjo. O acesso ao edifício faz-se sem dificuldade e o espaço interior para circulação é
amplo. A altura das mesas é adequada, o que facilita a aproximação aos computadores.
O espaço dispõe de sete computadores de secretária com Windows XP e dois computadores
portáteis com Windows Seven e com acesso à Internet. Nenhuma máquina está equipada com
Ajudas Técnicas para apoio a pessoas com necessidades especiais, com excepção das Opções
de Acessibilidade do Sistema Operativo Windows XP e do Windows Seven.
O equipamento conta com apoio de monitores com formação em Informática, que facilitam a
utilização das TIC.

IMPORTÂNCIA RELATIVA

A natureza deste equipamento, a sua localização geográfica, o público que abrange, justificam
uma atenção prioritária em termos de investimento em acessibilidades electrónicas e apoio
técnico.

ACESSIBILIDADE DIGITAL

O espaço não dispõe de Ajudas Técnicas na área das T. I. C., com excepção das Opções de
Acessibilidade disponibilizadas pelo Sistema Operativo Windows XP e Windows 7.

135
136
CAPACITAÇÃO DOS MONITORES

O serviço é apoiado por dois monitores com formação em Informática, sendo necessário
aprofundar os seus conhecimentos sobre Produtos de Apoio , caso sejam implementados
ou instalados no Espaço.

NECESSIDADE DE APOIO EXTERNO

Sendo um equipamento onde poderão vir a ser implementadas algumas respostas de


Acessibilidade Digital, o suporte externo e o apoio na área das tecnologias de acessibilidade
e formação poderão ser considerados como necessários.

AVALIAÇÃO GLOBAL

Importância relativa
Acessibilidade Digital
Capacitação dos Técnicos
Necessidade de Apoio Externo

137
Por sua vez, a metodologia de análise dos Um dos exemplos de não-conformidade
Web sites do município apresenta uma surge quando se apresentam imagens sem
maior complexidade, baseando-se num um equivalente em texto. Desta forma, o
conjunto de directrizes de acessibilidade leitor de ecrã (utilizado para cegos) deixa
das quais resultam três níveis de conformi- de executar a sua função, passando a exis-
dade, em que o patamar “AAA” representa tir informação que não é transmitida ao
o nível ideal e o patamar “A” o nível míni- ouvinte.
mo de acessibilidade para um site.

138 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 54 Print-screen do site www.juventudeinteractiva.org
139
A maioria dos critérios presentes nas directrizes de acessibilidade do W3C são aplicados
na generalidade do site www.cm-palmela.pt. Contudo, para se atingir o nível mínimo de
acessibilidade (nível de conformidade A), é necessário proceder a algumas alterações nas
páginas, nomeadamente:

1 - Introdução de legendas nas imagens;

2 - Disponibilização de informação em formatos alternativos,


relativamente aos vídeos e às fotos existentes no site.

As recomendações gerais de promoção da Infoacessibilidade têm como principais linhas


orientadoras planos nacionais e internacionais de acessibilidade para cidadãos com ne-
cessidades especiais na sociedade da informação, bem como boas práticas, normas e re-
comendações técnicas reconhecidas internacionalmente. A escolha de Tecnologias de
Acesso para vários equipamentos sociais deve ter em conta o contexto de utilização, os pú-
blicos-alvo principais e a racionalização de recursos.

140 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


As recomendações para a melhoria da acessibilidade ao nível dos sítios WEB remetem
para um conjunto de orientações, entre as quais se destacam:

1 - Verificação de contrastes;

2 - Realização de testes com utilizadores;

3 - Legendagem de vídeos:
- Legenda embutida no vídeo;
- Legenda separada do vídeo usando tecnologia SMIL;
- Legendagem separada do vídeo usando tecnologia Microsoft SAMI;
Para os pontos anteriores, poderá ser usado editor de legendas gratuito MAGpie
(Referências: NCAM http://ncam.wgbh.org/)

141
5.
Criação de espaços públicos
acessíveis

BOAS PRÁTICAS
Intervenções municipais
para a acessibilidade

A diversidade com que se reveste o concei-


to de acessibilidade para Todos, por envol-
ver tantas áreas do saber, desde o edificado,
o espaço público, os transportes, a comu-
nicação e a infoacessibilidade, chamam a si Eliminação de barreiras, Pinhal Novo
uma diversidade de agentes com papeis e Semana da mobilidade 2010
funções muito diversificadas.

142 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 55 Passeios confortáveis e sem barreiras - Largo São João, Palmela
Criação de espaços públicos
acessíveis

Com efeito, promover a acessibilidade é


um papel do qual muitos se podem apro-
priar, não sendo de forma alguma, um do-
mínio exclusivo dos municípios. Este pode
ser um papel das empresas, dos serviços,
dos operadores de transporte, das univer-
sidades, entre tantos outros possíveis que
contribuem para a vida da cidade e dos es-
paços urbanos, com todas as suas dinâmi- Praça da Independência, Pinhal Novo
cas e papéis.

144 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 56 Equipamento Acessível - Mercado Municipal de Pinhal Novo
Criação de espaços públicos
acessíveis

Contudo, é indubitável que, na complexi-


dade de funções da cidade e do espaço ur-
bano, é no espaço público que se congre-
gam e reorganizam as dinâmicas da cidade.
É o palco das mobilidades e a mais impor-
tante estrutura da acessibilidade e onde se
concentra, também, uma grande parte dos
obstáculos e barreiras que interrompem a
desejável continuidade dos percursos.

Por ser, simultaneamente, a mais impor-


tante estrutura da acessibilidade e uma
área de intervenção municipal, é para o de-
senho do espaço público que é necessário Atribuição da Bandeira de Ouro da Mobilidade
encerrar um intervenção concertada e pla- 2010
nificada.

146 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 57 Extracto de planta síntese referente à atribuição
da Bandeira de Ouro da Mobilidade - Pinhal Novo
Construção de equipamentos
para uma educação inclusiva

Jardim-de-infância de Lagoa do Calvo

148 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 58 Equipamento educativo acessível - Escola Básica Alberto Valente, Pinhal Novo
Remodelação e recuperação
de equipamentos para Todos

Neste domínio, e apesar da acessibilidade


ser uma área relativamente recente, têm
vindo a ser dados passos importantes como
a criação, pelo Governo Português, do Guia
da Acessibilidade e Mobilidade”, em 2007,
que contribui para a interpretação e apli-
cabilidade da Lei em vigor (DL 163/2006
de 8 de Agosto) e do próprio Plano Na-
cional de Promoção da Acessibilidade.
Estes passos são também importantes para
uma maior responsabilização dos técnicos,
políticos e demais agentes da sociedade ci- Cine-Teatro São João - Palmela (plataforma)
vil na construção de espaços acessíveis. CRJ de Quinta do Anjo

150 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 59 Equipamento cultural acessível - Cine-teatro São João, Palmela
Uma acção cultural para Todos

Naturalmente, ao nível da intervenção


municipal, estes passos contribuem tam-
bém para um processo de responsabiliza-
ção daqueles que se encontram implicados
no desenho, na criação e na manutenção
do espaço público. E é, efectivamente, na
tentativa de encontrar as melhores respos-
tas e soluções técnicas para a criação dos
espaço urbanos, no contexto da diversida-
de social, paisagística e arquitectónica que
caracteriza esses lugares, que o município
procura, continuamente, melhorar os seus
processos de planeamento, de obra e de
projecto. Festival Internacional de Gigantes

152 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 60 Festival Internacional de Gigantes 2009
Serviços acessíveis e próximos
dos munícipes

É com esta preocupação e premissa que


o município tem vindo a desenvolver um
conjunto de iniciativas que conduzem a
uma aplicação concreta do conceito de
acessibilidade. Atendendo à sua multidis-
ciplinaridade e às suas áreas sectoriais, o
trabalho do município tem vindo a pro-
curar uma acção concertada para a aces-
-sibilidade e mobilidade. Os exemplos
apresentados são uma dessas manifesta-
ções concretas que procuram a criação de Atendimento Municipal, Pinhal Novo
um município mais acessível, com espaço Auditório Municipal de Pinhal Novo
urbanos melhor organizados e com equi-
pamentos que sejam inclusivos e que me-
lhor respondam às necessidades dos mu-
nícipes.

154 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 61 Viatura de Atendimento Móvel
Acessibilidade na Comunicação

Programa Braille Palmela Acessível:


Campanha de divulgação e sensibilização

Tradução simultânea em língua gestual:


Encontro “Acessibilidade e Mobilidade -
criar cidades para Todos”, 2010

156 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 62 Flyer Braille Atendimento Municipal
Comunicação

As peças de comunicação foram concebi-


das por forma a respeitar o máximo de le-
gibilidade e leitura. O princípio da aces-
-sibilidade foi privilegiado com a impres-
são de folhetos próprios em braille.

Mupi Encontro “Acessibilidade e Mobilidade -


criar cidades para Todos”, 2010
Campanha de divulgação e sensibilização

158 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 63 Programa em Braille - “Acessibilidade e Mobilidade - Criar cidades para Todos” 2010
Comunicação

Mupi Palmela Acessível:


Campanha de divulgação e sensibilização

160 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 64 Folheto Palmela Acessível
Imprensa

Jornal Planeamento & Cidades,


Edição nº 19 Caderno Acessibilidades
Entrevista com a Sra. Presidente
da Câmara Municipal de Palmela

Programas de Promoção da Acessibili-


dade “permitem consolidar, de forma es-
truturada, a intervenção municipal para
Jornal Planeamento & Cidades,
a acessibilidade.”
Edição nº 19 / 2010

162 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


Fig. 65 Suplemento Cidades do Jornal Público, referenciando o município de Palmela
no lançamento do Programa Rampa, em Julho de 2010
164 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO
165
6.
NOTA SÍNTESE

As preocupações do município, ao nível da eliminação de barreiras, entre outras inter-


acessibilidade, ganham consistência com a venções.
adesão da Câmara de Palmela à Rede Na- Em 2010, em resultado da segunda avalia-
cional de Cidades e Vilas com Mobilidade, ção efectuada pela Associação Portuguesa
no ano de 2004. Três anos após esta adesão, de Planeadores do Território, é atribuída a
é atribuída a bandeira de Prata da Mobili- bandeira de Ouro da Mobilidade. Apesar
dade que resulta, de acordo com o proto- da importância destes momentos de reco-
colo de adesão, de uma intervenção urba- nhecimento que marcam, de forma positi-
nística para a freguesia de Pinhal Novo - o va, o percurso do município, eles conferem,
maior aglomerado urbano do concelho - também, maior consciência, preocupação
que privilegiara o rebaixamento de pas- e responsabilidade com o trabalho ainda
seios nos acessos a passagem de peões, por fazer.

166 PLANO MUNICIPAL DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE NARRATIVA DE PROJECTO


No quadro destas preocupações e no senti- seios, eliminação de obstáculos, um pouco
do de complementar as intervenções para por todo o concelho, embora as suas maio-
a melhoria da acessibilidade, o município res evidências se situem na freguesia de Pi-
entendeu ainda dar outros passos ao elabo- nhal Novo, a mais populosa e urbana do
rar Planos de Chão, identificando as loca- Concelho.
lizações e a tipologia de mobiliário urbano Entretanto, é justo referir que a promoção
adequados, etc. Com efeito, o município da acessibilidade tem vindo a ganhar um
de Palmela tem vindo a implementar vá- espaço político cada vez maior. A abertura
rias medidas em matéria de acessibilidade, de uma linha de financiamento no âmbito
como são exemplo as intervenções ao ní- do Quadro de Referência Estratégico Na-
vel do rebaixamento junto às passagens de cional (QREN) e a criação do Plano Nacio-
peões de passadeiras, manutenção de pas- nal de Promoção da Acessibilidade (Reso-

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lução do Conselho de Ministros nº9/2007, um excelente suporte para uma interven-
de 17 de Janeiro) constituem medidas que ção municipal para a acessibilidade.
enquadram a preocupação na criação de No caso específico de Palmela, com a sua
espaços mais inclusivos que respondam às vasta extensão territorial (470 Km2), com
necessidades de todos. as dificuldades de mobilidade e de ligação
No âmbito do QREN e do Programa Ope- entre os diversos núcleos urbanos e rurais,
racional de Potencial Humano, a abertura e com um centro histórico com uma topo-
da tipologia 6.5, específica e própria para grafia caracterizada pela elevada inclina-
a acessibilidade, vem possibilitar aos mu- ção do centro da Vila, a acessibilidade as-
nicípios uma visão sistematizada sobre a sume-se como um desafio aliciante e uma
acessibilidade, identificando claramente área a merecer, de formar crescente, um
os pontos críticos, as fragilidades e as áre- olhar atento por parte do Município.
as prioritárias de intervenção. Estes docu- Com tais características, o desenvolvimen-
mentos orientadores são, efectivamente, to dos Planos e a sua incidência em níveis

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de abrangência distintos – um que foca a tomadas de decisão informadas e susten-
Vila de Palmela e outro que se debruça sob tadas, efectivando, em paralelo, a consoli-
todo o município - garantem uma comple- dação de um novo paradigma de acessibi-
mentaridade entre escalas de análise, faci- lidade para Todos.
litando as tomadas de decisão face às inter- Em suma, o município encara hoje a con-
venções que são necessárias. dição da acessibilidade como um pres-
Os resultados que emergem dos Planos - suposto natural e fundamental para a
levantamentos,diagnósticosaprofundados, qualidade e o conforto e como factor de-
identificação de extensões não acessíveis terminante para a inclusão de todos. Pro-
- apresentam-se como um contributo real curar equacionar esta dimensão nas suas
no desenvolvimento de processos que pro- acções, enraizando-a nas práticas do mu-
curam a melhoria da acessibilidade, per- nicípio, é hoje um dos objectivos da inter-
mitindo às equipas técnicas dos muni- venção municipal.
cípios, aos seus dirigentes e executivos,

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Ficha técnica

Título: Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade


Coordenação Técnica: M.pt
Edição: Câmara Municipal de Palmela
Grafismo/Paginação: Madjé (madje.design@gmail.com)
Código de Edição: CMP/DC - 575/2010
ISBN: 978-972-8497-50-7
Impressão: Fábrica dos Desenhos
Tiragem: 500 exemplares

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