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Anais do
Congresso Nacional de Ensino Religioso
7ª Edição
FONAPER
Florianópolis/SC
2014
Proponentes
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER)
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Coordenação Geral
Adecir Pozzer (FONAPER)
Rodrigo Portella (UFJF)
Comissão Organizadora
Arnaldo Érico Huff Junior (UFJF); Elcio Cecchetti (UFSC); Francisco Sales Palheta (FONAPER);
Frederico Pieper Pires (UFJF); Gracileide Alves da Silva (FONAPER); Henri Luiz Fuchs (FONAPER);
Maria José da Silva Lopes (FONAPER); Maria José Torres Holmes (FONAPER); Simone Riske Koch
(FONAPER); Josiane Cruzaro (ASPERSC).
Comissão Científica
Dr. Alberto da Silva Moreira (PUC-GO); Dr. Antônio Sidekum (UCA/El Salvador); Dr. Artur César Isaia
(UFSC); Dr. Carlos André Cavalcanti (UFPB); Dr. Douglas Rodrigues da Conceição (UEPA); Drando
Élcio Cecchetti (UFSC); Dra. Elisa Rodrigues (UFJF); Dr. Evaldo Luís Pauly (UNILASALLE); Dr. Flávio
Augusto Senra Ribeiro (PUC-MG); Dr. Gilbraz de Souza Aragão (UNICAP); Me. Henri Luiz Fuchs
(IFRS); Me. Romi Márcia Bencke (UFJF); Dr. Iuri Andréas Reblin (Faculdades EST); Dr. José Luiz
Izidoro (CES-JF); Dr. Leomar Brustolin (PUC-RS) ; Dra. Lílian Blanck de Oliveira (FURB/RELER); Dr.
Luiz José Dietrich (PUCPR e GPEAD/FURB); Dr. Luzival Barcellos (UFPB); Dr. Marcos Rodrigues da
Silva (PUC/SP); Dra. Marga Janete Ströher (SDH/PR); Dra. Maria Clara Lucchetti Bingemer (PUC-RJ);
Me. Maria José Holmes Torres (SEMED João Pessoa/PB); Dra Kathlen Luana de Oliveira (FACOS e
IMT/URI); Dr. Wellington Teodoro da Silva (PUC-MG); Me. Obertal Xavier Ribeiro (UNIGRANRIO); Dr.
Oneide Bobsin (Faculdades EST); Dr. Remí Klein (Faculdades EST); Dra. Sílvia Regina Alves
Fernandes (UFRRJ); Ma. Simone Riske-Koch (FURB/FONAPER); Dr. Zwinglio Mota Dias (UFJF).
Organização dos Anais: Janaina Hübner; Iuri Andréas Reblin; Francisco Sales Palheta.
Dados Técnicos:
Título: Anais do VII Congresso Nacional do Ensino Religioso
Organização: Janaina Hübner; Iuri Andréas Reblin e Francisco Sales Palheta
Editora/Autor corporativo: FONAPER Cidade: Florianópolis Ano: 2014 Volume: 7
Páginas: 1004
ISSN: 2359-1773
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................13
PROGRAMAÇÃO ....................................................................................................17
COMUNICAÇÕES ...................................................................................................19
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APRESENTAÇÃO
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BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 4/2010. Define
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília, DF, 2010.
2
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 7/2010. Fixa as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove (9) Anos. Brasília,
DF, 2010.
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3
O Art. 33, o primeiro a ser modificado da LDBEN nº. 9.394/1996, procede de uma
grande mobilização da sociedade brasileira, envolvendo educadores, representantes de
entidades civis, religiosas, educacionais, governamentais e não governamentais, de
diferentes setores de atuação, sensibilizados e comprometidos com a causa do Ensino
Religioso na escola pública, em nível da Educação Básica.
4
MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Currículo, conhecimento e
cultura. In: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Indagações sobre o currículo. Brasília, 2008.
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Coordenação FONAPER
(Gestão 2012-2014)
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PROGRAMAÇÃO
Coordenação:
Dra. Lílian Blank de Oliveira (RELER/FURB);
Me. Simone Riske-Koch (FURB/FONAPER)
Dra. Elisa Rodrigues (UFJF)
Resumo:
A prática reflexiva torna-se o ponto chave para que o docente repense a sua ação
pedagógica, a qual não deve estar limitada ao ato de transmissão de um conhecimento
sistematizado. Antes, faz-se necessário revisitar a sua forma de pensar, agir e decidir
diante de uma situação ou processo educativo. Sendo assim, questiona-se: como a prática
reflexiva pode contribuir de forma significativa com a ação do professor-pesquisador? E
ainda, como formar o professor para o exercício de uma prática reflexiva? Diante da
questão levantada, esta pesquisa visa apontar a relevância da prática reflexiva na formação
do professor pesquisador situado no campo do ensino religioso. A intenção volta-se para
tecer uma discussão sobre a formação profissional, uma vez que tanto o processo de
ensino como de aprendizagem são demarcados por diferentes significações. A proposta,
então, apresenta como direção o desenvolvimento da formação profissional reflexiva e
como esta deve ser considerada pelo docente, no que se refere a sua ação educativa. Esse
é o desafio ou a trama a ser construída nesta investigação.
Introdução
O contexto do trabalho docente torna-se referente de uma prática
profissional, a qual é revestida de códigos e linguagens que lhe dão
sentido e significação, isso porque no seu interior ocorrem representações
que são parte do fazer docente, as quais revelam concepções e saberes
oriundos, quer da experiência, quer da sistematização de conhecimentos
de natureza teórico-prática.
O fazer docente, então, é marcado por saberes que tem sua origem
nos conhecimentos tácitos e científicos, os quais foram e continuam sendo
adquiridos no processo de formação quer seja inicial ou continuada, sendo
alvos diretos da ação reflexiva, e por isso são fundamentais no ato de
repensar e ressignificar a prática educativa.
1
Doutoranda em Teologia (Faculdades EST); Bolsista da CAPES, Mestre em Educação.
Integrante do Grupo de Pesquisa Currículo, identidade religiosa e práxis educativa e
pesquisadora do Núcleo Paranaense de Pesquisas em Religião (NUPER). E-mail:
gsdomingues@ig.com.br
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[...] nos permite aprender a ser o que somos, nos distanciando do que
não somos, ajuda a compreender a complexidade do nosso trabalho e
a importância do mesmo, imprime em nós um caráter, uma marca,
uma especificidade que distingue pessoas e produz conhecimento
(CUNHA, 2005, p.167).
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À guisa de conclusão
Falar da prática reflexiva na formação e prática docente requer um
olhar atento para o processo educativo em que estão imersos os
professores e as professoras, isso porque este processo não pode ser
limitado apenas ao momento de sistematização do conhecimento, pois sua
amplitude abarca as experiências e os saberes teórico-práticos que são
construídos ao longo de uma trajetória profissional.
Os saberes delineiam a identidade docente e o modo como cada
professor e professora orientam seu trabalho educativo, o que requer do
profissional uma postura comprometida com as questões éticas, políticas e
sociais em que se encontram imersos.
Pensar a reflexividade na prática docente é assumir que a mesma
possibilita tecer leituras sobre o vivido, o experenciado e o construído, quer
seja de forma subjetiva ou em conjunto com seus pares. O desafio a ser
perseguido é que o ato da reflexão se faça presente no contexto do
trabalho docente, a fim de significar o seu trabalho educativo.
Nesta direção, a reflexividade no contexto do Ensino Religioso torna-
se referente de uma prática que busca tecer linhas de confronto com o
estabelecido na realidade social. Assim, não há que se falar numa prática
religiosa, mas de uma multiplicidade de cosmovisões que significam a vida.
A busca pelo sentido da reflexão começa quando se toma
consciência das possibilidades a serem construídas no âmbito da prática
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Referências
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FORMAÇÃO DOCENTE E DIVERSIDADE CULTURAL
RELIGIOSA: LICENCIATURA EM ENSINO RELIGIOSO DA FURB
Resumo:
O presente artigo trata da formação docente do profissional de Ensino Religioso na
Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) que, com base no artigo 33 da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), visa assegurar o respeito à
diversidade cultural religiosa brasileira, em uma perspectiva de direitos humanos. Ao se
constatar grande carência de profissionais habilitados em Ensino Religioso para atuarem
nesta área do conhecimento da educação básica que, acaba sendo suprida por
profissionais com formação em pedagogia, filosofia, história e/ou outras áreas, verificamos
a relevância da licenciatura em Ensino Religioso para o estudo das diferentes
manifestações do fenômeno religioso presentes no cotidiano escolar e na sociedade de
modo a contextualizá-lo, a partir de pressupostos científicos e em perspectivas de direitos
humanos. Consideramos o Ensino Religioso, enquanto área de conhecimento e
componente curricular, um espaço privilegiado para o acesso aos conhecimentos
produzidos pelas culturas – tradições religiosas e não-religiosas, contribuindo
significativamente na construção de relações alteritárias na diversidade cultural religiosa.
1
Acadêmico da 8ª fase do Curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino
Religioso (PARFOR – Rio do Sul), da Universidade Regional de Blumenau (FURB).
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
Professor de Ensino Religioso na Rede Municipal de Agronômica/SC e de Filosofia na
Rede Estadual de Educação de Santa Catarina, Ensino Médio, na cidade de Rio do
Sul/SC. E-mail: vanderleikulkamp@ibest.com.br
2
Acadêmica da 8ª fase do Curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino
Religioso (PARFOR – Rio do Sul), da Universidade Regional de Blumenau (FURB).
Licenciada em Química pela FURB. Professora de Química e Ensino Religioso na Rede
Estadual de Educação de Santa Catarina, Ensino Fundamental e Médio, na cidade de
Lontras/SC. E-mail: shelly15@Yahoo.com.br
3
Mestrado em Educação pela UFSC; Graduação em Ciências da Religião - Licenciatura
em Ensino Religioso pela FURB (2010); Especialização em Formação de Professores
para o Ensino Religioso pela PUCPR (2006). Bacharel em Ciências Religiosas pela
PUCPR (2002). Membro dos grupos de Pesquisa Ethos, Alteridade e Desenvolvimento
(GPEAD/FURB) e Arte e Educação da linha Filosofia da Educação (GRAFIA/UFSC).
Coordenador do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER 2012-
2014). Professor de Ensino Religioso Rede Pública do Estado Santa Catarina, da
Associação Franciscana Senhor Bom Jesus e no Curso de Ciências da Religião –
Licenciatura em Ensino Religioso na FURB/PARFOR. Atua na área da Educação, com
ênfase nos seguintes temas: diversidade cultural religiosa, ensino religioso, formação de
professores e direitos humanos. E-mail: pozzeradecir@hotmail.com
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Introdução
Pensar a formação docente no Brasil requer uma ampliação de
olhares para além dos momentos formais pelos quais os formandos são
submetidos nos inúmeros processos formativos. Significa dizer que é
necessário compreender o conceito de formação no intuito de identificar os
pressupostos, princípios e valores que orientaram e orientam os processos
de formação presentes na atualidade.
Não nos deteremos na realização de uma análise histórica do
conceito e dos processos de formação de modo geral, apenas nos
propomos puxar um ―fio‖ da grande ―teia‖ que, de certa forma, incide
diretamente com a formação docente para o Ensino Religioso. Este ―fio‖
que nos dispomos refletir se refere à relação entre a diversidade cultural
religiosa e a formação docente para o Ensino Religioso no Brasil, com
especial atenção a licenciatura de Ensino Religioso da FURB.
É sabido, pois, que uma das marcas da sociedade brasileira é a
presença de inúmeras identidades culturais que, cada qual, trouxe crenças
e formas diversificadas de manifestá-las. Esta marca estava/está presente
nos diferentes grupos indígenas, ampliada e ao mesmo tempo negada com
a vinda dos colonizadores, seguida com o tráfico de africanos tornados
escravos, com os processos de imigração e mais recentemente com o
processo de mundianização.
Estes encontros entre culturas e crenças religiosas e não-religiosas
geraram sincretismos e despertaram a consciência de muitos para a
importância do respeito à diferença e a dignidade4 do outro5, porém,
4
Todo ser humano é portador de dignidade por ser diferente. O outro interpela o eu por
reconhecimento. O eu não poderá anular o outro ou simplesmente reduzi-lo ao mesmo.
Emerge daí a diferença que constitui cada pessoa, sob a qual se constroem as
identidades humanas. ―[...] A dignidade humana não provém do Estado e nem é criada
pela ordem jurídica ou simplesmente atribuída ao ser humano. A dignidade humana
fundamenta-se no ser sujeito e pessoa, do ―ser humano‖ como tal. Ela implica numa
existência anterior ao princípio da ordem jurídica do Estado. Ela interpela eticamente
pelo reconhecimento da alteridade absoluta. Ela é conquista, afirma uma nova
consciência histórica para ser humanamente no mundo social e político. É anterior a
qualquer direito estabelecido pelo Estado‖ (SIDEKUM, 2011, p. 40).
5
Para Levinas, o ―Outro‖ existe independentemente da intencionalidade do ―eu‖. É
totalmente diferente do ―eu‖. Totalmente livre diante do ―eu‖. ―O Outro metafísico é outro
de uma alteridade que não é formal, de uma alteridade que não é simples inverso da
identidade nem de uma alteridade feita de resistência ao Mesmo, mas de uma
alteridade anterior a toda a iniciativa, a todo imperialismo do mesmo; outro de uma
alteridade que constitui o próprio conteúdo do Outro; outro de uma alteridade que não
limita o mesmo, porque nesse caso o Outro não seria rigorosamente Outro: pela
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[...] a maior parte das situações assumidas pelo homem religioso das
sociedades primitivas e das civilizações arcaicas há muito tempo
foram ultrapassadas pela história. Mas não desapareceram sem
deixar vestígios: contribuíram para que nos tornássemos aquilo que
somos hoje; fazem parte, portanto, da nossa própria história (ELIADE,
2001, p. 164).
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Para aprofundamentos, ver Tese de Doutoramento de Marcos Alexandre Alves, UFPEL,
2011, intitulada ―Pedagogia da Alteridade: O Ensino como Acolhimento Ético do Outro e
condição crítica do saber em Levinas‖.
9
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do
cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas do ensino
fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas
quaisquer formas de proselitismo (BRASIL, 1997).
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Considerações finais
Referências
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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO RELIGIOSO NUMA
PERSPECTIVA INCLUSIVA
Resumo:
O Ensino Religioso, numa visão epistemológica e pedagógica, é o lócus privilegiado para
promoção do reconhecimento e assunção cultural (FREIRE, 1996) das pessoas
pertencentes às minorias, dentre elas, as pessoas com deficiência. Essa pesquisa busca
analisar a formação continuada dos professores de Ensino Religioso nas escolas da Rede
Municipal de João Pessoa em educação especial/inclusiva. Pretende-se perceber como os
conceitos de inclusão/exclusão e diversidade se aplicam no resultado, responder a
indagação sobre a contribuição do Ensino Religioso para a inclusão do aluno com
deficiência no ambiente escolar, de forma a perceber se os professores se sentem
subsidiados com conhecimentos teóricos e práticos nesta área específica, para promover a
formação integral de seus alunos.
Introdução
1
Professora da Rede Estadual à disposição da Fundação Centro Integrado de Apoio ao
Portador de Deficiência – FUNAD/Paraíba, atuando como reabilitadora na Assessoria de
Educação Especial – Professora da Educação de Jovens e Adultos da Rede Municipal
de João Pessoa – PMJP/PB – Graduada em Estudos Sociais – UEPB/PB e Pedagogia –
UVA/CE – Especialista em Psicopedagogia Institucional – CINTEP/PB – Mestranda em
Ciências da Religiões UFPB. E-mail: anacristinabastos2008@hotmail.com
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Desenvolvimento
2
O compromisso com a construção de sistemas educacionais inclusivos possui a
orientação de documentos de âmbito internacional, a partir da Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948), seguido da Declaração de Jontiem (1990), Declaração de
Salamanca (1994), Declaração de Guatemala (1998) e Convenção da ONU (2008), que
em seu artigo 24, garante, que nenhuma pessoa com deficiência seja excluída do
sistema educacional geral sob alegação de deficiência‖.
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Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Marcos Político-
Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva/Secrearia da
Educação Especial. – Brasília: Secretaria de Educação Especial, - 2010. 72 p. Este guia
contém uma série de Decretos, leis, resoluções e outros marcos normativos que
referendam a educação especial/inclusiva.
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Metodologia
Resultados
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GLOBO.COM. 23,9% DOS BRASILEIROS DECLARAM TER ALGUMA DEFICIÊNCIA, DIZ IBGE.
DISPONÍVEL EM < HTTP://G1.GLOBO.COM/BRASIL/NOTICIA/2012/04/239-DOS-
BRASILEIROS-DECLARAM-TER-ALGUMA-DEFICIENCIA-DIZ-IBGE.HTML> ACESSO
EM 20/05/2012
5
REDE SACI. 27,7% da população paraibana tem algum tipo de deficiência, diz IBGE.
Disponível em <http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=34235 >
Acesso em 20/05/2012
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Conclusão
Segundo Machado (2008, p. 77),
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Referências
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A MEMÓRIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE ENSINO
RELIGIOSO - CONTRIBUIÇÕES PARA AS PRÁTICAS COM O
ENSINO RELIGIOSO PLURALISTA
Resumo:
Este trabalho discute a constituição das identidades de docentes de Ensino Religioso de
Natal/RN, compreendendo como as trajetórias de professores contribuíram para uma teoria
da formação na área, assim, destacamos as transformações mais significativas que
aconteceram nas práticas com o ER. As análises indicam caminhos que professores/as
percorrem para compreender o significado da memória da docência de professores que
vivenciaram a prática com o ensino de Religião (denominação do passado) e o Ensino
Religioso Pluralista (denominação atual). Consideramos que os resultados apresentam
reflexões para a realidade da formação e da atuação docente, além de estabelecer um
diálogo com as teorias que compreendem as imagens e os processos embutidos ao longo
das experiências pedagógicas modificadas pelas transformações sociais das duas últimas
décadas.
Introdução
Ao varrer o sagrado desvão
Denominado Memória,
Escolhe uma vassoura reverente
E faz em silêncio o teu trabalho.
Será um labor de surpresas –
além da própria identidade,
outros interlocutores
são uma possibilidade.
Nesses domínios é nobre a poeira,
Deixa que repouse intocada –
Não tens como removê-la,
Mas ela pode silenciar-te.
Emily Dickinson
1
Doutora em Educação. Professora do Curso de Ciências da Religião e do Programa de
Pós-Graduação em Educação – POSEDUC/UERN. Pesquisadora da Linha de Pesquisa
Formação e Atuação do Docente das Ciências da Religião e da Educação. Líder do
Grupo de Pesquisa Educação, Cultura e Fenômeno Religioso/UERN. E-mail:
aracelisobreira@yahoo.com.br
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2
Esse novo modelo apresenta-se legalizado pelo artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional nº 9394/96, modificada, posteriormente, pela lei nº 9475/97, que
estabelece o Ensino Religioso como área de conhecimento do Ensino Fundamental. Em
decorrência, a religiosidade deixa de ser o ponto central da docência que passa a ter o
fenômeno religioso como objeto de estudo.
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A abordagem metodológica
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Elementos que estão na transcrição: Pq pesquisador; ( ) algo inaudível; ... algo foi
editado; / pausa curta; // pausa longa; [ fala sobreposta; [...] Trecho retirado.
Trabalhamos com modelo existente em Moita Lopes (2002).
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E1: [...] E a gente quer ver mais ou menos as práticas. / Como eram
as práticas? / então, a gente vai fazer dois blocos. Hoje a gente vai ver
um pouquinho sobre a formação. O que você puder contar pra gente
quem eram, quem é que dava o Ensino Religioso? Como você
começou sua carreira? Como você entrou na carreira docente? E
como era a formação naquele tempo, né?! /
E1: Hum...hum...
E1: Hum..hum!
4
Alguns nomes foram substituídos por XX, YY, WW, para se preservas as identidades de
pessoas citadas.
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P1: [...] e isso foi muito bom, porque na calada da noite, a LDB é
apro... apro...(titubeando) aprovado em 20 de dezembro, onde escola
não funciona mais, onde tinha com ônus para os cofres públicos,
Sarney, tirou com ônus e botou sem ônus! / foi Sarney que fez isso!
[...] é quando // a gente se movimenta! / há um movimento, o Fórum
toma a frente, a CNBB toma a frente, aí a gente foi buscar ajuda de
todas as entidades! / as superiores, as... tudo! / os institutos formados,
as universidades, a AEC, e aí vamos juntar! / vamos juntar! / era, era a
confecção do MEC dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Religioso! / nós não fomos contemplados com os Parâmetros
Curriculares,[...].
P1: Ele [o professor] não pode fazer proselitismo nem da sua [religião]
nem de nenhuma. Ele tem de trabalhar as Ciências da Religião
oportunizando a esse aluno a se encontrar com ele mesmo, a se
encontrar com os outros, numa atitude de respeito à natureza, de
cuidado com a natureza, de cuidado com as pessoas, como todos,
com velhos, com crianças, com adultos, com todo mundo. (Trecho da
entrevista)
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Observações finais
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Tradução Paulo Bezerra.
4ª ed. São Paulo, Martins Fontes, 2003.
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O LUGAR DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
NO BRASIL: A POSTURA DO EDUCADOR ENTRE O CUIDAR E
O EDUCAR NA DIVERSIDADE DE PERTENÇA
Resumo:
O intuito desta comunicação é discorrer sobre a educação infantil e o lugar do ensino
religioso entre o Educar e o Cuidar na diversidade religiosa de um país laico. A delicada
tarefa no processo de desenvolvimento da criança abrange diversas dimensões e requer
uma postura multilateral de múltiplas perspectivas do que é o ser humano e suas
potencialidades evolutivas de forma global: a antropológica, a fisiológica, a sociológica, a
epistemológica, a lúdica, a artística, a afetiva, a religiosa, a espiritual, etc. Lançar-se-á mão
como aporte teórico-metodológico autores como Jean Piaget (2009); Luiz Antônio Cunha
(2013); Jordanna, Castelo Branco e Patrícia Corsino.
Introdução
A educação infantil requer e necessita de um olhar para o ser a qual
se destina o processo educativo em suas múltiplas dimensões:
antropológica, a fisiológica, a sociológica, a epistemológica, a lúdica, a
artística, a afetiva, a religiosa e a espiritual. Não é tarefa fácil englobar
tantas dimensões necessárias ao desenvolvimento cognitivo e afetivo-
espiritual do ser que são o arcabouço e sustentáculo da criança para um
equilíbrio deste ser humano em pleno desabrochar das suas
multifacetadas necessidades intrínsecas. No entanto, existem pontos
básicos ao qual o feito educativo não pode negligenciar o cuidado e, por
lado, o cuidado não pode abster da esfera educativa do ser humano em
evolução com suas potencialidades. De maneira que, historicamente,
vemos uma ênfase em determinado aspecto do processo global educativo
em detrimento do outro.
Houve, em princípio, um ideário assistencialista preconizando a
fase da educação infantil como um momento apenas de cuidados que se
1
Mestrado em Ciência da Religião PPCIR-UFJF (2012). Licenciada em Filosofia pela
UFJF (2007) com Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea pela UFJF
(2008) e Especialização em Ciência da Religião PPCIR-UFJF (2010). Atualmente
cursando Especialização em Religiões e Religiosidades Afro-brasileiras NEAB-UFJF e
Licenciatura em Pedagogia pela UFJF.
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O educar e o cuidar
É polissêmica a semântica das palavras educar e cuidar, por isto
merece a nossa delicada atenção para compreendermos seus vários
significados, e assim apontarmos sobre o quê se está falando quando nos
referirmos a estas.
Cuidar segundo o Dicionário Analógico da Língua Portuguesa é
―velar; zelar, ter os olhos sobre alguém‖ e cuidado é ―solicitude,
pensamento, desvelo, zelo, atenção, empenho, interesse‖.2
Educação de acordo com o Dicionário de Filosofia: ―Daí o imperativo
a que pode ser reduzida a E. contemporânea: o de ‗aprender a ser‘,
‗aprender a aprender‘: tarefa que dura toda a vida e envolve indivíduos e
instituições.‖ 3 Os indivíduos são objeto a qual se dirige a educação, as
instituições têm que garantir os direitos e a base logística para o
desenvolvimento destes indivíduos para viverem a plena cidadania.
Indivíduo que se torna um cidadão do mundo, comprometido com a casa
comum, que é o planeta. E, ainda, segundo a concepção de Educação de
Abbagnano:
2
AZEVEDO, Francisco Ferreira Dos Santos. Dicionário Analógico da Língua
Portuguesa. 2ª Ed. Atual. E revista. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010, p.459.
3
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5 ed. SãoPaulo, Martins Fontes, 2007,
p. 358.
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4
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5 ed. SãoPaulo, Martins Fontes, 2007,
p. 358.
5
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães
D‘Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª Ed. Rio de janeiro: Forense, 2009, p.69-70.
83
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6
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães
D‘Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª Ed. Rio de janeiro: Forense, 2009, p. 22.
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Adiante acrescenta:
7
CASTELO BRANCO, Jordanna e CORSINO,Patrícia. O ENSINO RELIGIOSO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL DE DUAS ESCOLASPÚBLICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO: o que as práticas revelam?, In:
http://www.revistacontemporanea.fe.ufrj.br/index.php/contemporanea/article/download/2
1/15 Acessado em 18/06/2013.
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8
CASTELOBRANCO,Jordanna e CORSINO,Patrícia. O ENSINO RELIGIOSO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL DE DUAS ESCOLASPÚBLICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO: o que as práticas revelam?,
In:http://www.revistacontemporanea.fe.ufrj.br/index.php/contemporanea/article/download
/21/15 Acessado em 18/06/2013.
9
A educação infantil no contexto das políticas públicas Angela Maria Rabelo Ferreira
Barreto, p.58. In: http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbedu/n24/n24a05.pdf
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12
ROSEMBERG, Fúlvia. Avaliação de programas, indicadores e projetos em educação
infantil. Revista Brasileira de Educação. Jan/Fev/Mar/Abr 2001 Nº 16, p.23. In:
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n16/n16a02.pdf
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89
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13
CUNHA, Luiz Antônio Cunha. Educação e Religiões: A descolonização religiosa da
Escola Pública. Belo Horizonte, Mazza, 2013, p.102.
14
POZZER, Adecir; et al (Organizador). Diversidade religiosa e ensino religioso no
Brasil: memórias, propostas e desafios – Obra comemorativa aos 15 anos do
FONAPER. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2010, p. 70.
15
POZZER, Adecir; et al (Organizador). Diversidade religiosa e ensino religioso no
Brasil: memórias, propostas e desafios – Obra comemorativa aos 15 anos do
FONAPER. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2010, p.70.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações finais
91
FONAPER
Referências
92
FORMAÇÃO ACADÊMICA/PROFISSIONAL PARA A DOCÊNCIA
DO ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
BRASILEIRAS
Resumo:
O presente artigo traz uma discussão acerca da formação docente para o profissional da
disciplina Ensino Religioso do Ensino Fundamental das Escolas da rede pública. Conforme
LDB 9394/1996 esta disciplina é parte do núcleo comum da estrutura curricular das escolas
públicas do país. No entanto, a mesma legislação educacional deixa claro que a formação
dos docentes deve ser em curso de licenciatura para as séries finais do ensino
fundamental. Como não ficou definido em lei nacional qual seria a formação docente para
tal disciplina, o Conselho Nacional de Educação – CNE - através do Parecer 97/99 dá
autonomia aos Sistemas de Ensino para deliberarem e definirem sobre o tema. Portanto, o
objetivo desta comunicação é trazer à tona, algumas Resoluções já estabelecidas por
alguns Conselhos Estaduais de Educação do país.
Introdução
1
Especialista em Docência do Ensino Superior, Literatura Brasileira e Gestão Escolar.
Mestranda do Curso de Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória (ES).
Docente da rede pública em Eunápolis e Porto Seguro (BA). E-mail:
edalzahelena@hotmail.com
FONAPER
2
Adj. Relativo à antropologia.De antropo- + -log(o) - + ia. S. f. Ciência que reúne várias
disciplinas cujas finalidades comuns são descrever o homem e analisá-lo com base nas
características biológicas (antropologia física) e culturais (antropologia cultural) dos
grupos em que se distribui, dando ênfase, através das épocas, às diferenças e
variações entre esses grupos. Antropologia cultural. Ramo da antropologia que trata
das características culturais do homem (costumes, crenças, comportamentos,
organização social) e que se relaciona, portanto com várias outras ciências, tais como
etnologia, arqueologia, linguística, sociologia, economia, história, geografia humana (...).
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 1986, p. 134.
3
Art. 33. O ensino religioso, (...) constitui disciplina dos horários normais das escolas
públicas do ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa
do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475,
de 22.7.1997). p. 26
4
Grifo nosso.
94
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
Na CF/88, em seu Capítulo III, nos artigos 205 e 210 versão que a
educação é um direito de todos e dever do Estado e da família e que, o
ensino religioso, constitui disciplina das escolas públicas de Ensino
Fundamental.
96
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
5
Parecer CP da Câmara de Educação Superior nº CP 97/99, que tem como interessado
o Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre o assunto ―Formação de professores
para o Ensino Religioso nas escolas públicas de ensino fundamental‖, através do
processo nº 23001.000110/99-06.
97
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6
Débora Diniz e Tatiana Lionço. ―Educação e Laicidade‖. In: Debora Diniz, Tatiana Linço
e Vanessa Carrião. Laicidade e ensino religioso no Brasil. Brasília: Unesco/Letras
Livres/Unb, 2010, p. 14/15.
a) Ensino confessional: objetivo do ensino religioso é a promoção de uma ou mais
confissões religiosas. O ensino religioso é clerical e, de preferência, ministrado por um
representante de comunidades religiosas. É o caso do Acre, Bahia, Ceará e Rio de
Janeiro;
b) ensino interconfessional: o objetivo do ensino religioso é a promoção de valores e
práticas religiosas em um consenso sobreposto em torno de algumas religiões
hegemônicas à sociedade brasileira. É passível de ser ministrado por representantes de
comunidades religiosas ou por professores sem filiação religiosa declarada. É o caso de
Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
98
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
7
CARON, Lurdes. Políticas e Práticas Curriculares: Formação de Professores do Ensino
Religioso. Tese (Doutorado em Educação: Currículo). Pontifícia Universidade Católica
de são Paulo – PUC-SP, 2007.
99
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8
Secretaria de Estado da Educação – Superintendência da Educação - Instrução nº
013/2006 SUED/SEED. Assunto: Orienta a oferta do ensino religioso na rede estadual
de ensino do Paraná. Curitiba, 07/11/2006.
9
Secretaria de Estado da Educação e do Esporte – Conselho de Estadual de Educação
de Alagoas – Resolução nº 003/2002 – CEE/AL. 21/05/2002
100
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101
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102
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103
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história.(www.faculdadesaobento.org.br/pos-graduacao/cincias-da-
religio)
104
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(http://www.faculdadeunida.com.br/site/cursos/mestrado/)
Considerações
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FONAPER
Referências
106
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
107
OS (DES)PROPÓSITOS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Resumo:
Este artigo objetiva defender a necessidade de formação para professores de Educação
Infantil nas práticas pedagógicas de ensino religioso nas escolas públicas. As instituições
de ensino provocam induções partidárias de conhecimento de mundo, ou seja,
professores seguidores de uma determinada religião fazem divulgação de suas crenças
religiosas, no entanto, este proselitismo na infância ascende à desigualdade, apontando a
supremacia de catequização de um conceito sobre o outro. Utiliza-se como metodologia o
estudo teórico subsidiado por referência bibliográfica relevantes ao tema. Considerando que
a discussão se faz necessária para a educação, pois conduzirá a práticas pedagógicas de
respeito às diferenças religiosas e culturais, o que caracteriza a constituição de um povo
pertencente a um Estado Laico, e detentores de direitos nas escolas públicas de qualidade
com a possibilidade de saber pensar e produzir intervenções por meio de interações de
conhecimento.
Introdução
1
Graduada em Filosofia pela UFAL e Especialista em Gestão Escolar pela UNOPAR.
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação pela UNASUR.
Professora efetiva da rede pública, Estadual e Municipal, de Maceió/AL.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
111
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Morin (2000), coloca que a condição humana está ligada com o cosmo,
como ser único no posicionamento do individuo no mundo, não
determinando idade e momento para aprender.
Então, o que se entende por ensino religioso não é um simples
levantamento histórico de culturas religiosas passadas pelo mundo, mas
de uma aprendizagem significativa voltada para o interesse de aprender e
transcender a metafísica, que necessita de ser repensados quais são os
objetivos da exclusividade no Ensino Fundamental como proposta de
aprendizagem e quais são suas competências vinculadas as suas
habilidades. Como apresenta a LDB 9304/96 art.33:
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações finais
A efetivação dos direitos sociais depende de sua capacidade de
autorreconstrução teórica e, ao mesmo tempo, da atividade da educação
como o trabalho crítico do conceito que buscar a elaboração de teorias
com intenções práticas construindo hipóteses plausíveis orientadoras do
sujeito autônomo – de vontade livre, capaz do exercício constante da auto
– reflexão. É essa capacidade de auto-reconstrução o que torna a
educação eficaz, dando-lhe condições de pemanecer fiel à praxis que a
idealiza.
A formação do professor é uma proposta relevante quando aponta
uma discussão entre a teoria e prática, buscando uma educação de
qualidade e aliando a educação infantil com o ensino religioso desde os
primeiros passos linguísticos do ser humano.
A lógica desse exercício de liberdade e de prática é o diálogo. O
diálogo é peculiar ao indivíduo, pois a prática individual é essencialmente
119
FONAPER
Referências
120
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
121
FONAPER
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
24782004000300013&script=sci_arttext. Acessado em 06/08/2013.
Educação infantil, igualdade racial e diversidade: aspectos políticos,
jurídicos, conceituais / Maria Aparecida Silva Bento, organizadora- São
Paulo : Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades -
CEERT, 2012.
122
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
123
A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DO DOCENTE DE
ENSINO RELIGIOSO
Resumo:
Este artigo objetiva apresentar a importância da formação inicial e continuada do docente
de Ensino Religioso, uma vez que se faz necessário uma formação de caráter inicial como
também de forma continuada para que o docente possa transmitir de forma eficaz e coesa
o objeto de estudo que é o fenômeno religioso. O artigo objetiva ainda à práxis pedagógica
utilizadas pelos docentes, proporcionando uma ação-reflexão-ação. Pretende-se com esta
reflexão contribuir para com um Ensino Religioso voltado ao respeito à diversidade religiosa
presente nas escolas públicas, como também fazer um resgate do perfil do docente para
atuar nesta área de conhecimento que é o Ensino Religioso. Para a conceituação teórica
utilizarei autores que abordam a temática da formação docente em Ensino Religioso.
Introdução
A formação docente para o Ensino Religioso – ER sempre foi um
grande desafio na realidade brasileira. Esta problemática remete ao
período da colonização e se arrasta até os dias atuais.
O professor tem muito pra contribuir na formação do alunado, no
tocante as questões relacionadas à religiosidade de cada um para que
assim sejam orientados nas expressões religiosas. É fundamental que o
profissional tenha no mínimo uma formação específica nesta área de
conhecimento.
O mediador da construção do conhecimento deve preparar-se para
assim saber dialogar com as múltiplas religiões. O educador deve levar em
consideração a metodologia que melhor possibilite o desenvolvimento da
aprendizagem, sem excluir nenhum dos alunos e seus saberes.
É bom ressaltar o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso -
FONAPER como um espaço específico de formação continuada para
todos aqueles que atuam ou buscam informações no tocante o fenômeno
religioso como também as práticas pedagógicas do Ensino Religioso. O
1
Graduado em Licenciatura plena em Letras (UEPB), Pós-graduado em Língua,
linguagem e Ensino (CINTEP), Bacharel em Teologia (FJC), Mestrando em Filosofia da
Docência Teológica (CAEEC), Professor dos municípios: Cuitegi e Pilões. E-mail:
josecarloscuitegi@yahoo.com.br
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Aspectos teóricos
I - Formação do docente de Ensino Religioso
126
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Considerações finais
Faz-se necessário uma reflexão diante de tudo que foi apresentado
anteriormente sobre a formação específica da profissional de ensino
religioso área de conhecimento que requer um olhar todo especial, uma
vez que se trata da relação do ser humano com o transcendente.
A formação do docente nesta área de conhecimento perpassa por
inúmeras dificuldades, pois o mesmo trabalha com diversos credos na rede
pública de ensino. Mediante a tudo o que foi apresentado como
fundamentação teórica e prática o profissional deve receber uma atenção
diferencial, um olhar com atenção, articulação e respeito à diversidade
religiosa presente nas escolas que lecionam.
O professor de Ensino Religioso deve ser aquele profissional que
na sua comunidade e na sala de aula desempenhe o papel de mediador do
conhecimento das diversas religiosidades e espiritualidades, sem perder a
sua missão de promotor do diálogo inter-religioso e intercultural como
133
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Referências
134
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135
NO JARDIM DAS ERVAS– SUBPROJETO INTERCULTURAL
INDÍGENA FURB/SC
Resumo:
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID criado pela CAPES
(2007) objetiva incentivar licenciandos a aproximação da realidade escolar, valorização,
aperfeiçoamento, capacitação e prática formadora via construção de reflexão e qualificação
docente. Desde agosto de 2012 o Curso de Ciências da Religião – Licenciatura em ER
integra o PIBID da FURB/SC com o Subprojeto Intercultural Indígena. Radicado na EEB
Hercílio Deeke (Blumenau/SC) busca contribuir com a prática formadora dos licenciandos
em consonância com a Lei nº 11.645/08. Conhecimentos, práticas pedagógicas e produção
de materiais didáticos pedagógicos envolvendo o saber tradicional sobre ervas e árvores
medicinais relacionados a historia e cultura do Povo Indígena Xokleng Laklanõ (Vale do
Itajaí) são alguns dos resultados se articularam na construção coletiva do Jardim das Ervas.
Introdução
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência é um
Programa –(PIBID) do Ministério da Educação (MEC), gerenciado pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES,
que desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-
graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados do
Brasil. Em 2007, passou também a atuar na formação de professores da
educação básica ampliando o alcance de suas ações na formação de
professores qualificados no Brasil e no exterior, como objetivo maior.
1
Acadêmica da IV Fase do Curso Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino
Religioso, da Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB/SC, Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, Subprojeto
Intercultural Indígena. E-mail: eldritahp@hotmail.com
2
Acadêmica da IV Fase do Curso Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino
Religioso, da Fundação Universidade Regional de Blumenau – FURB/SC, Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa a Iniciação à Docência – PIBID, Subprojeto Intercultural
Indígena. E-mail: sandra_schroeder@globo.com
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3
Bugreiros nomenclatura designada aos contratados pelos colonizadores imigrantes e
muitas vezes pelo governo provincial de Santa Catarina, para capturar e exterminar os
indígenas. O termo deriva da palavra bugre, como era conhecido o povo indígena
desta região.
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Considerações finais
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Referências
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Referencias eletrônicas:
http://www.cotianet.com.br/eco/HERB/fichas.htm
http://www.jardineiro.net/classe/arvores
http://www.plantamed.com.br/
http://www.plantasquecuram.com.br/
www.proxy.furb/tede/tde_busca/arquivo?...150 - Entre o Sol e a
Sombra. Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB.
150
O CAMINHO E OS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DOCENTE DO
ENSINO RELIGIOSO EM PERNAMBUCO
Resumo:
Neste artigo mostram-se dados da pesquisa em desenvolvimento sobre a formação
docente de Ensino Religioso da Rede Estadual de Pernambuco cujo objetivo é buscar
reflexão da função social do Ensino Religioso (ER), considerado como elemento de
formação cidadã, na educação brasileira, em especial na sociedade pernambucana; e
também, apresentar dados da investigação sobre a formação docente ER na qual ainda
continua o desafio para os Sistemas de Ensino. A metodologia da pesquisa qualitativa foi
revisão bibliográfica com os estudos de Junqueira (2001; 2007) sobre o Ensino Religioso na
educação brasileira; a formação docente do ER com Sena (2007) e Oliveira; Junqueira;
Alves; Keim (2007). Dessa forma, teremos um olhar mais ampliado sobre o docente do ER
para a promoção ao diálogo interreligioso.
1
Mestre em Ciências da Religião (UNICAP). Secretaria de Educação de Pernambuco
(SEE/PE). Email: wellcherline@yahoo.com.br
2
Mestranda em Ciências da Religião (UNICAP). Secretaria de Educação de Pernambuco
(SEE/PE). Email: rosageoceano@bol.com.br
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153
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4
Entende-se também sobre a inclusão da cultura religiosa.
5
FMI - Fundo Monetário Internacional e a UNESCO - Organização das Nações Unidas
para a educação, à ciência e a cultura.
154
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6
O panorama apresentado mostra-se a deficiência na formação inicial do docente para o
Ensino Religioso
155
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Especialização
83%
7
As pessoas que responderam o questionário estruturado foram do sexo feminino.
157
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Biologia Teologia
20% 10%
Letras
Filosofia 20%
10%
Geografia
10% Pedagogia
História 20%
10%
8
Informações cedidas pelas Gerências Regionais de Educação.
9
Essas situações eram muito comuns até o ano de 2010.
158
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Sim
33%
Não
67%
10
Nas Instituições do Ensino Superior em Pernambuco não dispõe do curso em
Licenciatura em Ciências da Religião. No campo da pós-graduação existe desde 2005 o
curso em nível de mestrado pela Universidade Católica de Pernambuco que ainda
ofereceu em 2012 o curso de Especialização em Ciências da Religião. Em 2008 foi
aberto o Edital no Diário Oficial de Pernambuco, publicado em 17 jun. 2008 de cursos
de Especialização e Atualização patrocinados pelo Governo do Estado que nesta área
de conhecimento não foi contemplada.
159
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Considerações Finais
O contexto histórico do docente do ER nos remente ao longo
percurso de desafios entre elas à formação para o exercício do cargo e na
dinâmica pedagógica para promover o respeito e a valorização das
diversidades cultural e religiosa presentes no espaço social.
O Ensino Religioso apresenta diversos vértices e elementos de
enorme perspectiva de interação social, como também a sua função social
mediante a totalidade de inserir estudos no campo do sagrado.
11
Esses momentos foram registrados em vídeos e fotografias realizadas pelas duas
técnicas das GRE e apresentados durante a entrevista. Nas entrevistas semi-
estruturadas com as docentes foi levantado esse último ponto, que as formações
promoveram a oportunidade de conhecer outros saberes e a minimização do
preconceito dessas religiões.
160
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
12
A elaboração desses cadernos teve a participação de professores da rede estadual e de
universidades públicas. As diretrizes e princípios educacionais estão presentes nesses
parâmetros bem como a organização curricular.
161
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162
ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR NO CONTEXTO DA
DIVERSIDADE RELIGIOSA: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
Resumo:
O artigo aborda a experiência desenvolvida no processo de formação de professores no
Curso de Licenciatura em Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará,
objetivando socializar práticas significativas realizadas junto aos alunos do PARFOR (Plano
Nacional de Formação de Professores). O texto apresenta reflexões acerca dos paradigmas
educacionais contemporâneos, onde a questão do multiculturalismo emerge como um
desafio para o currículo escolar e para a formação de professores. Discute ainda a questão
do Ensino Religioso como área de conhecimentos no currículo da Educação Básica e seus
desafios para a formação de professores para essa disciplina. Em seguida, relata a
experiência que vem sendo desenvolvida na disciplina Prática de Ensino, do Curso de
Licenciatura em Ciências da Religião da Universidade Estadual do Pará, onde os alunos
são levados a elaborar propostas de conteúdos programáticos para o Ensino Fundamental,
tendo em vista a diversidade cultural religiosa da sociedade e a importância do cultivo do
diálogo inter-religioso e do respeito às diferenças de crenças, bem como, realizam palestras
sobre a Identidade do Ensino Religioso na Escola, envolvendo os educadores e gestores
escolares dos municípios do interior do Estado.
1
Pedagoga, Mestre em Educação (UNIMEP/SP), professora do Curso de Licenciatura em
Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará- UEPA, Membro da Equipe
Técnica de Pesquisa da Secretaria Municipal de Educação de Belém/PA. E-mail:
iolanda.dacosta@hotmail.com
2
Pedagoga, Doutora em Educação (UFRJ/RJ), coordenadora do Curso de Licenciatura
em Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará-UEPA, Membro do grupo
de pesquisa internacional sobre avaliação- Brasil/Portugal. E-mail:
2011malu.melo@gmail.com
3
Pedagoga, Especialista em Educação, professora do Curso de Licenciatura em Ciências
da Religião da Universidade do Estado do Pará-UEPA. Sub-Coordenadora de Extensão
da COAD/CCSE/UEPA. E-mail: ro.qua@hotmail.com
FONAPER
Introdução
A sociedade contemporânea vivencia um processo de mudanças
paradigmáticas em todos os campos: sociopolítico, cultural, econômico,
epistemológico, científico, tecnológico, enfim, em todos os setores. Tais
mudanças se intensificaram a partir da década de 90, com os avanços
científicos e tecnológicos que marcaram esse período, expandindo as
telecomunicações e os sistemas de informação, favorecendo o intercâmbio
entre os povos do mundo inteiro, onde as distâncias físicas e espaciais não
são mais empecilho para o contato humano e o aprendizado mútuo.
Ao mesmo tempo em que a globalização rompe as fronteiras entre
pessoas e países, traz consigo a intensificação do processo de exclusão
social, acirrada pela competitividade internacional, como alerta Moreira
(2001, p. 66):
165
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167
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168
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
169
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Etapa de Observação:
Essa etapa caracteriza-se como um momento fundamental de
investigação acerca da realidade escolar. Nela, o estagiário tem a
oportunidade de compreender os desafios postos para a área, a partir de
um olhar crítico e ao mesmo tempo solidário em relação ao contexto de
trabalho docente, observando as condições de ensino, as práticas
pedagógicas, a cultura organizacional da escola, as
percepções/importância da disciplina, enfim, uma série de aspectos que
envolvem a realidade educacional/escolar do professor. Nessa etapa é
realizada uma observação participante, eles/elas atuam como monitores,
auxiliando professores em suas tarefas em sala de aula.
Foi com base nas observações realizadas, que os estudantes
descobriram que a maioria dos professores que ministram a disciplina
Ensino Religioso não possuem habilitação específica na área, como exige
a LDB (Lei 9394/96), sendo oriundos da área da Pedagogia
(majoritariamente), além de profissionais da Matemática, Letras, História,
alguns possuem somente o Magistério de nível Médio, dentre outras
formações estranhas à licenciatura, como podemos observar no gráfico 1.
170
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
171
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2- Etapa de Participação:
Essa etapa do Estágio Supervisionado caracteriza-se como um
momento em que o estagiário tem a oportunidade de analisar o plano de
ensino elaborado pelo professor de Ensino Religioso, bem como o livro
didático utilizado em sala de aula, tendo como referência os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso Escolar, elaborado pelo
FONAPER (Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso). Tais
parâmetros situam-se no contexto da pluralidade cultural religiosa da
sociedade, fomentando o respeito à diversidade e o diálogo inter-religioso.
Com base nas observações e nas análises, os estudantes são
desafiados a elaborar uma proposta de planejamento de ensino para as
séries/ciclos finais do Ensino Fundamental, bem como, um projeto didático
para as séries/ciclos iniciais, tendo em vista as observações feitas no
planejamento docente e suas concepções acerca da identidade do Ensino
Religioso na escola.
172
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
3 - Etapa de Regência
Esta etapa está dividida em dois momentos importantes. No primeiro
momento os acadêmicos são orientados a realizar palestras nas
Secretarias de Educação tanto da capital quanto do interior do Estado do
Pará, voltadas para os educadores que atuam na Educação Básica, bem
como, para a equipe gestora das escolas e das Secretarias de Educação,
com o tema: ―A identidade do Ensino Religioso na Escola e a Formação de
Professores‖. O objetivo desta atividade é discutir acerca dos novos
paradigmas do Ensino Religioso Escolar, bem como, esclarecer acerca da
legislação concernente à disciplina e os critérios de lotação docente.
Os discentes são organizados em equipes e distribuídos pelos
municípios para a realização das palestras, sendo acompanhados pelas
professoras responsáveis pela disciplina. É uma atividade que tem contado
com a parceria das Prefeituras Municipais, sendo elogiado, pela maioria
dos professores participantes como a primeira formação continuada na
área. Durante a programação os estagiários apresentam a proposta de
planejamento para a disciplina, elaborada na etapa de participação,
constituindo-se como uma contribuição ao trabalho dos professores na
disciplina.
Além dessa atividade, os estagiários ministram aulas, nas turmas de
Ensino Religioso onde realizam o estágio, tendo em vista o respeito à
diversidade cultural religiosa da sociedade, participam de seminários e
atividades na UEPA e elaboram um relatório, ao final do período de
estágio, contendo as reflexões e o registro de todas as etapas aqui
mencionadas.
Considerações Finais
A experiência na formação de professores, no contexto da
diversidade cultural religiosa da sociedade, tem representado um grande
173
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Referências
174
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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QUE PESQUISADORES/EDUCADORES DE ENSINO RELIGIOSO
BUSCAMOS? UM DEBATE A PARTIR DA DISCIPLINA
PESQUISA EM ENSINO RELIGIOSO – PARFOR BLUMENAU E
RIO DO SUL/SC
Josué de Souza1(PARFOR/FURB)
Resumo:
A presença do Ensino Religioso no currículo escolar é motivo de debate e controvérsia.
Muito desta resistência é por conta da prática de proselitismo religioso. Prática legalmente
superada pela Lei nº 9.475/97. Resta a discussão do perfil de pesquisadores/educadores
da área. Com base em Weber e Bourdieu pretendemos debater particularidades do campo
de pesquisa das Ciências da Religião, bem como o perfil dos pesquisadores/educadores.
Weber defende que a produção científica deve buscar os significados atribuídos pelos
atores sociais para a realidade, que por sua vez, é construída por múltiplas
individualidades, possibilitando diversas leituras. Isso não quer dizer que a produção
científica deva buscar subjetividade, pelo contrário, busca características singulares do
objeto. Já Bourdieu defende que a característica do campo é a presença de pesquisadores
pertencentes ao próprio campo social.
Introdução
A história da disciplina de Ensino Religioso nas escolas de ensino
fundamental está diretamente ligada ao processo de construção nacional,
que tem como base a forte presença da fé católica através do processo de
homogeneização cultural religiosa promovido por ela ao longo da história
do Brasil. O Ensino Religioso, como forma de catequização, foi utilizado
por muitos atores sociais como forma de domínio e construção de
docilidades pelo colonizador europeu. Assim, a presença de uma
disciplina, que tenha como objeto de estudo o saber religioso no currículo
escolar é motivo de debates e controvérsias. Muito desta resistência, dá-se
1
Cientista Social e Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Regional – PPGDR da FURB. Docente no Curso de Ciências da Religião – Licenciatura
em Ensino Religioso da FURB – Programa PARFOR. Docente efetivo da disciplina de
Sociologia na Rede Estadual de Educação de SC, atuando na Escola de Educação
Básica Alexandre Guilherme Figueiredo no Município de Picarras/SC; Integra o Grupo
de Pesquisa Ethos, Alteridade e Desenvolvimento (GPEAD) do PPGDR – FURB.
FONAPER
178
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
I - A esfera da ciência
Em ―Ciência e Política: Duas vocações‖, o sociólogo alemão aponta
as características da comunidade científica. A primeira afirmativa de Weber
é que o cientista só consegue sucesso na carreira quando se coloca pura e
simplesmente a serviço de sua causa. Assim, ele se põe a desvelar o
interior da esfera da ciência, comparando a organização da ciência nos
Estados Unidos e na Alemanha. Mostra que as relações de poder no
interior desta esfera, em nada se diferem das relações capitalistas
existentes em outras áreas de atuação profissional.
O autor alemão valoriza a intuição dos pesquisadores neófitos e
afirma que a intuição deste pode ter um significado e resultado maior que
de um especialista. Isto não significa afirmar que Weber despreze o
método e a dedicação do pesquisador ao seu objeto de estudo, pelo
contrário, o autor afirma que ―a inspiração não substitui o trabalho, mas
este por seu turno não pode substituir nem forçar o nascimento de uma
intuição‖ (WEBER, 2009, p. 34).
Assim, o autor dês-romantiza o papel social do cientista mostrando
que na ciência a intuição tem a mesma função que qualquer outro campo
da vida sendo a sua importância, tanto quanto a intuição de um
empreendedor ou de um artista. Porém, diferente deste último, em que a
produção artística fixa-se em seu tempo, na ciência a produção é
concebida para ser ultrapassada. O sentido do conhecimento científico não
é outro do que fazer surgir novas indagações. Neste sentido a vocação
científica pressupõe paixão, rigor, e, sobretudo, aceitação da precondição
fundamental de que o conhecimento científico existe para ser superado.
Weber aceita a ideia que a pesquisa científica sempre é parcial e
provisória, pois opera uma seleção da realidade diretamente influenciada
pelo momento histórico e cultural vivido pelo cientista. Assim, na
sociologia weberiana não é possível conhecer toda a realidade e a ciência
não possui a palavra final na compreensão da realidade. Segundo Mattedi
(2006), esta afirmação não se dá apenas às ciências sociais, mas em toda
modalidade de ciência empírica (MATTEDI, 2006 p. 54).
Sobre os cientistas veteranos ou professores, Weber os compara aos
artesões, pois estes são o seu próprio patrão, possuem a liberdade de
produzirem sua própria agenda de pesquisa. São proprietários da sua
biblioteca que é seu meio de trabalho. Reconhece, porém, que as
transformações capitalistas se processavam na sociedade e então, que em
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183
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2
Texto publicado no Brasil com o título ―Sociólogos da crença e crença de sociólogo‖ no
livro: BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990. P. 108-113.
3
Em Bourdieu, Habitus é o produtor de ações e produto do condicionamento histórico e
social, configura um universo de classificações e possibilidades que o agente
internalizou como aprisionamento prático e mental. Embora o autor recuse a aceitar que
seja um determinismo social rígido, uma vez que aceita uma margem de manobra para
a ação do indivíduo. (PINTO, 2000)
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4
Termo utilizado pelo autor.
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Referências
187
FONAPER
WEBER, Max; COHN, Gabriel. Max Weber: sociologia. 7. ed. São Paulo:
Atica, 1999.
WEBER, Max, Ciência e política: duas vocações São Paulo: Editora Martin
Claret, 2006. 124 p.
188
O ENSINO RELIGIOSO EM GOIÁS: O PROBLEMA DA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Resumo:
Com a promulgação da Lei nº. 9.475/97 que modificou o art. 33 da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, a formação (habilitação) para o professor de Ensino Religioso
tornou-se responsabilidade dos sistemas de ensino. O objetivo deste trabalho é analisar os
desdobramentos da ausência de políticas de formação de professores em Goiás. O aporte
teórico-metodológico sustenta-se em Castro (2009); Cury (1993); Dallabrida (2005); Souza
(2006) entre outros. Por meio da pesquisa narrativa, professoras/es de escolas públicas
relatam a ausência de sua formação e os dedobramentos em suas práticas educativas.
Percebe-se a prática do proselitismo religioso na escola pública o que fere o principio
básico da laicidade do estado e tem possibilitado certa aversão a esse componente
curriicular, inclusive por parte dos alunos.
Introdução
Com a redemocratização do Brasil na década de 1980, inicia-se
amplo debate em torno das questões educacionais. Quase 10 anos após a
promulgação da Carta Constitucional de 1988, a educação era reformada
em toda sua estrutura e organização, pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, que definiu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No que
se refere à formação de professores, a nova lei determinava que o
professor, para atuar na docência, mesmo da educação básica, deveria ter
formação obtida em instituições de ensino superior. Apesar de Oliveira
(2005, p. 247) atestar que, ―as discussões desenvolvidas assim como a
emissão do dispositivo legal atingiram de modo substancial o processo de
formação de docentes para todas as áreas do conhecimento na educação
1
Mestre em Educação. Doutorando em Educação. Professor efetivo da Universidade
Estadual de Goiás. E-mail: prof.marciocastro.posgrad@hotmail.com
2
Doutor em Educação. Professor Titular de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica
de Goiás. E-mail: jmbaldino@uol.com.br
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A construção da pesquisa
A pesquisa nasce da necessidade de se buscar uma resposta a uma
indagação, mas a forma de atingir tal resposta, longe de possuir um
padrão único, está de certa forma condicionada a ―crença‖ do pesquisador,
ou melhor, ao entendimento teórico e metodológico apreendido no
percurso da pesquisa.
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Ambiguidades na legislação
A polêmica recorrente que envolve o ensino religioso na escola e ao
pequeno interesse pela produção de uma reflexão sistematizada por parte
da academia, tem tornado o espaço desse ensino um lugar de todos e de
qualquer um, se apresentado até mesmo de forma irresponsável quanto à
formação do cidadão. Quando os debates tem se instalado no meio
acadêmico, aparecem duas categorias que ocupam posições antagônicas
em extremos – os defensores e os contrários a esse ensino. Muitos
debates não saem disso e longe de se ter uma solução impossibilitam uma
reflexão amadurecida que proponha formação para os professores, modelo
a ser seguido e base epistemológica dessa disciplina.
A nova redação dada ao Art. 33 da LDB, pela Lei nº 9.475, de 22 de
julho de 1997, em nada contribuiu para dirimir os conflitos presentes em
torno dessa questão. Pelo contrário, tem permitido que a efetivação do que
fora pensado não se concretize devido às ambiguidades presentes na
própria redação legal. Basta uma leitura atenta de tal artigo para que as
indagações pululem a mente e instiguem a busca de respostas.
Uma primeira ambiguidade está no caput do artigo 33, da LDB, ao
mencionar que:
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Considerações finais
Os desafios postos para o entendimento do ensino religioso como
disciplina presente na escola pública são inúmeros e complexos. A
discussão sobre a laicidade do estado tem sentido à medida que não
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Referências
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A ABORDAGEM DA FINITUDE NO CURRÍCULO DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO/PA:
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Resumo:
Este estudo pretende destacar, por meio da pesquisa qualitativa e do paradigma
hermenêutico-fenomenológico, algumas considerações acerca da abordagem da finitude no
currículo de formação de professores para o Ensino Religioso no Pará, haja vista que, para
esse componente curricular, a temática em torno desta se apresenta como central, a ponto
de nortear toda a sua prática educativa na Educação Básica, conforme orienta os PCNER.
A partir do diálogo metodológico com o currículo do curso de formação desses professores,
percebe-se certo distanciamento e articulação entre a área tomada para essa formação, no
caso, as Ciências da Religião, assim como a sua prática, o Ensino Religioso, implicando, de
certa forma, na formação desses professores.
Introdução
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, a Lei nº 9.394/1996, busca-se desenvolver uma política para
Formação de Professores de Ensino Religioso (ER) no Brasil nos mesmos
moldes das demais formações para as áreas do conhecimento que
compõem o currículo da Educação Básica (EB).
O cerne da questão é política e aponta para a responsabilidade do
Ministério da Educação (MEC) que até hoje não emitiu Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação desses professores, muito menos
Parâmetros Curriculares Nacionais para a disciplina, deixando a critério
dos Sistemas de Ensino Básico (SEB) e Instituições de Ensino Superior
(IES) tal responsabilidade.
Os Conselhos de Educação Municipais, Estaduais e Federais que
autorizam/reconhecem essa formação no país apontam para as Ciências
1
Mestrando em Educação (PPGED/UFPA) na Linha de Pesquisa Educação: Currículo,
Epistemologia e História. Bolsista da CAPES. Líder do Grupo de Pesquisa em Educação
e Religião na Amazônia (GPERA). Bolsista da CAPES. Membro do grupo de pesquisa
em Filosofia, Ética e Educação (GPFEE/UFPA) e Hermenêutica, Antropologia e
Educação (GPHAE/UFPA). Professor de Ensino Religioso da rede estadual do Pará e
municipal de Belém. E-mail: naumamos@yahoo.com.br
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3
Disponível em: http://pos.pucsp.br/cienciasreligiao, acesso em 20/06/2012.
4
Disponível em: http://www.est.edu.br/pos-graduacao/, acesso em 20/06/2012.
206
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Linha de Pesquisa
207
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5
Dados disponíveis no e-MEC que informa as Instituições de Ensino Superior e Cursos
Cadastrados no país. O e-MEC foi criado para fazer a tramitação eletrônica dos
processos de regulamentação. Pela internet, as instituições de educação superior fazem
o credenciamento e o recredenciamento, buscam autorização, reconhecimento e
renovação de reconhecimento de cursos. Em funcionamento desde janeiro de 2007, o
sistema permite a abertura e o acompanhamento dos processos pelas instituições de
forma simplificada e transparente.
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6
A Tanatologia poderia ser definida como a ciência que estuda a morte e o processo de
morrer em todos os seus aspectos: forense, antropológico, social, psicológico, biológico,
educacional, filosófico, religioso e estético. Seu nome deriva do no nome do deus grego
Tânatos. Na mitologia grega, Tânatos era irmão de Hipnos, o Sono e filho de Nix, a
Noite e Érebro, as trevas. Era representado como uma nuvem prateada ou um homem
de olhos e cabelos prateados (SANTOS, 2009, p. 292).
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Considerações finais
A morte, o morrer e a finitude, nesses termos, é algo nuclear e
pertinente para a organização e seleção dos conteúdos e objetivos do ER,
como previsto nos PCNER (2009).
Nessa perspectiva, a partir do estudo da religião, na diversidade
cultural religiosa do país e nas respostas elaboradas pela humanidade, o
ER pode ―[...] subsidiar o educando na formulação do questionamento
existencial, em profundidade, para dar sua resposta, devidamente
informado‖ (PCNER, 2009, p. 47).
Esse compromisso desenvolve-se na sua prática pedagógico-
didática, a partir dos pressupostos traduzidos das Ciências da Religião
para o ER, para a formação humana do cidadão, de forma integral e
solidária.
Nesse processo, devem-se abordar todas as respostas possíveis, no
que se refere aos conhecimentos socioculturais e filosófico-científicos,
construídos nos variados tempos e espaços, onde nem sempre a
interdição da reflexão e discussão da nossa mortalidade fosse uma
constante.
Nesse sentido, o ER é um componente curricular que situa numa
perspectiva de uma educação para vida e para a morte, quando se
assenta na perspectiva da finitude humana.
Referências
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A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL HABILITADO EM
CIÊNCIAS DA RELIGIÃO PARA ATUAR COMO DOCENTE DO
ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Leonel Piovezana**
Resumo
Este trabalho busca caracterizar e questionar a realidade do ensino mediante as novas
discussões que emergem na sociedade. Procura demonstrar a importância do profissional
habilitado em Ciências da Religião para atuar como docente do Ensino Religioso na
Educação Básica. A formação de profissionais em Ciências da Religião, com estudos da
implantação desse curso no estado de Santa Catarina e mais especificamente no oeste
catarinense, tem possibilitado discussões e alternativas metodológicas e pedagógicas que
incluem todas as pessoas no processo ensino-aprendizagem, gerando mais inclusão e
humanização. Contribui-se assim para a introdução de novos paradigmas nos debates
relacionados a essa área do conhecimento e a superação de teorias padronizadas e ou
teologia específica.
Introdução
Como habitantes do planeta Terra, acompanhamos nessa primeira e
segunda décadas do século XXI mudanças rápidas, principalmente no
campo econômico, e consequentemente no social. Essas mudanças
implicam transformações, atitudes e posições; acreditamos que seja o
conhecimento o carro-chefe para filtrar o que é bom ou pode ser bom para
as pessoas. Nesse vai e vem de mudanças e discussões, contempla-se
Mestranda em Educação pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó –
Unochapecó (SC). Graduada em História pela Universidade Comunitária da Região de
Chapecó – Unochapecó (SC). Acadêmica do sétimo período do Curso de Ciências da
Religião da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó (SC),
Professora de Teoria e Metodologia de História III na Unochapecó e professora efetiva
da rede estadual de Santa Catarina. E-mail: ediana@unochapeco.edu.br
**
Doutor em Desenvolvimento Regional – Área Interdisciplinar – pela UNISC.
Coordenador dos cursos de Ciências da Religião e das Licenciaturas Interculturais
Indígena e Professor dos Programas de Mestrado em Educação e Políticas Sociais e
Dinâmicas Regionais da Unochapecó. E-mail: leonel@unochapeco.edu.br
FONAPER
em âmbito escolar e social uma ebulição de ideias, que trazem no seu bojo
o desejo de problematizar e/ou desconstruir visões dominantes. Essa
desconstrução vem atrelada aos desafios que a sociedade impõe:
convivência entre diferentes grupos étnicos em um mesmo espaço,
presença de diversos grupos religiosos em uma mesma localidade e
encontro das diferenças no espaço escolar.
Nesse terreno de desafios, faz-se necessário estarmos receptivos às
reivindicações feitas pelos diversos grupos étnicos; cabe também
buscarmos constantemente conhecimentos que possibilitem ampliar novas
discussões. Essas reivindicações que no iniciar do século XXI ganham
corpo têm o intuito de favorecer novas reflexões, as quais consolidam
discussões que até o findar do século XX não se fizeram tão presentes,
principalmente na comunidade escolar.
Nas representações desses grupos, percebe-se que o interesse está
na reformulação de valores instituídos, que durante muitos anos
naturalizaram-se como verdadeiros. Diante deste cenário, intensifica-se o
desejo de oportunizar aos diversos grupos étnicos reflexões significativas,
as quais propiciem a deslegitimação de paradigmas hegemônicos
enraizados na mente das pessoas.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) é um elemento
de grande visibilidade no amparo às emergências desses movimentos, que
buscam constantemente introduzir nas discussões marcas identitárias
como meio de viabilizar a convivência de diferentes elementos culturais.
No conjunto de artigos que compõem a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, encontramos, no artigo I, princípios que garantem uma
convivência pautada no respeito à diversidade, justamente o que os grupos
minoritários reivindicam para assegurar sua identidade e sobrevivência.
―Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras
com espírito de fraternidade.‖ (UNESCO, 2008, p. 202). Por essa razão, é
imprescindível suscitar nos indivíduos um olhar aguçado para as
especificidades no tratamento aos mais diversos grupos sociais, o que
perpassa os valores culturais. Esses valores, quando incorporados,
fornecem subsídios que possibilitam um reconhecimento da identidade e
da alteridade, elementos presentes em cada grupo étnico, que propiciam a
identificação do outro como contribuinte das relações sociais.
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Saberes e Interculturalidade
Nenhum saber, por mais puro e estruturado que seja, está isento de
ser refutado. Numa cadeia de significações, os saberes ao propor
discussões possibilitam a formulação de perguntas que contextualizem as
informações e direcionem para outras áreas de conhecimento. Como
consequência, outros saberes colocam-se no campo das discussões e vão
tomando consistência, contribuindo para a estruturação de novos
elementos, os quais emergem para dar sentido e presença à pluralidade
de saberes.
Nas Ciências da Religião, incontestavelmente, presenciam-se
grandes discussões. Essas discussões surgem relacionadas a uma
infinidade de saberes que por muito tempo estiveram sob o controle de
grupos hegemônicos, dificultando o debate em espaços coletivos. Entre os
saberes que na atualidade passam por uma aguçada observação e
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Referências
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FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO RELIGIOSO NO
MUNICÍPIO DE CARIACICA - ES
Resumo:
A presente comunicação objetiva apresentar o processo de formação continuada dos
professores do Ensino Religioso do município de Cariacica – ES: como esse sistema de
ensino tem pensado e organizado tal formação e como se tem privilegiado a metodologia
das sequências didáticas. O texto esclarece sobre a legislação estadual que ampara e
normatiza a oferta dessa área do conhecimento e também aborda as formações iniciais
oferecidas na grande Vitória – ES. Destaca as tensões que podem ocorrer na prática de
sala de aula por falta do estabelecimento de critérios claros para formação dessa área do
conhecimento. Tem como intenção discutir sobre a importância da formação continuada,
uma vez que os Sistemas de Ensino precisam compreender a dinâmica da disciplina do
ensino religioso escolar, seus pressupostos epistemológicos, objetivos, tratamento didático,
avaliação da disciplina entre outros, que especifica um trabalho didático diferenciado e que
atenda ao prescritivo legal do oferecimento da mesma.
Introdução
1
Mestre em Educação. Universidade São Marcos/SP. Coordenadora da formação de
professores do Ensino Religioso no município de Cariacica – ES. Professora do Curso
de Pedagogia da FSG. E-mail: elianelittig@hotmail.com
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Conclusões
A formação de professores permeada pelas Sequências Didáticas
está em andamento. Embora tenhamos muito que avançar, o município de
Cariacica já deu conta de oferecer aos seus professores um documento
escrito, como também tem mobilizado e possibilitado a formação.
No desenvolvimento dessa formação contamos com atentos novos
olhares, curiosos, mas interessados em oferecer um Ensino Religioso com
qualidade e comprometimento.
A metodologia ora pensada é uma novidade na formação. É preciso
acreditar que tem consistência e que pode mobilizar o educando para a
aprendizagem. Os conteúdos apresentados pelos professores devem
chegar para os alunos com efeitos de sentidos e significados.
A modernidade se expressa de forma a tomar o seu lugar também no
contexto da religiosidade e o diálogo é fundamental para possibilitar a
aproximação dos sujeitos, diferentes em concepções, mas iguais em
direitos. Assim, cabe também ao docente o entendimento da revitalização
do ser humano que tem modos de vida diferentes, porém que precisa ser
respeitado e acolhido pelos agentes educativos. Se tivermos bons
professores de Ensino Religioso teremos em boa medida bons alunos e
bons cidadãos também cientes não só dos seus deveres, como também
dos seus direitos.
Para dar conta da docência do Ensino Religioso é preciso levar em
conta seus pressupostos epistemológicos, objetivos, tratamento didático e
avaliação; pois assim cada vez mais se produzirá novos conceitos. E
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Referências
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249
O ENSINO RELIGIOSO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL, EM MINAS GERAIS: A FORMAÇÃO E A
PRÁTICA DOCENTE
Resumo:
Ao se pensar sobre o Ensino Religioso (ER) nas escolas públicas estaduais, em Minas
Gerais, depara-se com o aspecto legal, no que se refere à docência: a Resolução SEE nº
2.253/2013, estabelece, no art. 4º, que as disciplinas ER e Educação Física (EF) devem ser
ministradas pelo professor regente, nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esta
comunicação, considerando o currículo do curso de Pedagogia de três universidades
mineiras e a proposta, defendida por Cortella (2006), Passos (2006), Caron (2011) e
Junqueira (2011), de formatação dos cursos de Ciências da Religião para a formação de
professores de ER, objetiva discutir o seguinte: É necessário o docente especialista para o
ER, nos anos iniciais do Ensino Fundamental? O curso de Pedagogia prepara o professor
regente para abordar, sistematizada e cientificamente, o conteúdo do ER?
Introdução
No Estado de Minas Gerais, foi publicada, pela Secretaria de Estado
de Educação, a Resolução nº 2.253, de 09 de janeiro de 2013,
estabelecendo, no artigo 4º, que as disciplinas Educação Religiosa e
Educação Física (EF) devem ser ministradas pelo professor regente da
turma, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
1
Mestrando em Ciências da Religião, sob orientação do Prof. Dr. Amauri Carlos Ferreira,
no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião – PUC Minas, Bolsista da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e integrante
dos Grupos de Pesquisa (CNPQ): Educação, Ética e Religião e Rede Ibero-Americana
de Estudos sobre Educação Profissional e Evasão Escolar (RIMEPES). E-mail:
felippewerneck@hotmail.com
FONAPER
2
Neste trabalho, a nomenclatura utilizada é Ensino Religioso para se referir à disciplina
que se configura no tema deste texto. Dessa forma, apesar desse trecho se referir ao
artigo 4º, da Resolução SEE nº 2.253/2013, que faz o uso da designação Educação
Religiosa, utiliza-se o termo Ensino Religioso, recorrendo àquela nomenclatura, apenas,
quando se referir ao texto do instrumento normativo, em questão.
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3
Ressalta-se que este Parecer foi reexaminado pelo o de nº 3, de 21 de fevereiro de
2006, entretanto as mudanças propostas não alteraram os trechos utilizados neste
trabalho.
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(continua)
DISCIPLINA CARGA
HORÁRIA
1º Período Alfabetização e Letramento I 60h
Política Educacional 60h
Metodologia de Pesquisa em Educação I 60h
Sociologia da Educação I 60h
Filosofia da Educação I 60h
2º Período Alfabetização e Letramento II 60h
Arte no Ensino Fundamental 60h
Psicologia da Educação I 60h
Filosofia da Educação II 30h
Sociologia da Educação II 30h
Atividades Teórico-Práticas I 30h
História da Educação I 30h
Política e Administração dos Sistemas Educacionais 30h
3º Período Fundamentos e Metodologia do Ensino da Matemática I 60h
Antropologia e Educação 60h
Psicologia da Educação II 60h
História da Educação II 60h
Estágio Curricular de Introdução ao Campo Educacional 60h
Atividades Teórico-Práticas II 60h
4º Período Fundamentos e Metodologia do Ensino da Matemática II 60h
Corpo e Educação 60h
Estudos sobre a Infância 60h
Teorias de Currículo 60h
Processos Educativos nas Ações Coletivas 30h
Escola e Diversidade: Interfaces Políticas e Sociais 30h
Atividades Teórico-Práticas III 120h
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(conclusão)
7º Período Sistemas de Avaliação Educacional 60h
Libras Não definido
Arte na Educação Infantil 60h
Didática da Educação Infantil 60h
Estágio Curricular em Educação Infantil 120h
Políticas Públicas, Movimentos Sociais e Cidadania 60h
Metodologia de Pesquisa em Educação II 60h
8º Período Economia e Política de Financiamento da Educação Básica 60h
Observatório de Currículo: Educação Infantil 30h
Observatório de Currículo: Ensino Fundamental 30h
Optativa (3) 60h
Estágio Curricular em Gestão da Escola e Coordenação 120h
Pedagógica
Fundamentos Teórico-Metodológicos da Educação Popular 60h
9º Período Trabalho Docente e Relações de Trabalho nos Sistemas de 60h
Ensino
Educação Social 60h
Tópicos em Educação Social ou Tópicos Especiais em 60h
Sociologia da Educação
Prática em Educação Social 60h
Organização da Educação de Jovens e Adultos 60h
Metodologia da Alfabetização de Jovens e Adultos 60h
Prática em Educação de Jovens e Adultos 60h
Monografia na área de Ciências da Educação 60h
Optativa (4) 60h
Formação Livre 60h
Fonte: Elaborada pelo autor
(continua)
DISCIPLINA CARGA
HORÁRIA
1º Período Pedagogia e sua Multidimensionalidade 54h
História da Educação: Educação na Formação Social Moderna 54h
Estudos Filosóficos: Sociedade e Educação 54h
Psicologia da Educação: Teorias Psicológicas e Práticas 54h
Educativas
Sociologia: Sociedade e Educação 54h
Didática: Pensamento Educacional e Processo de Ensino- 72h
Aprendizagem na Educação
262
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
(continua)
2º Período História da Educação: Educação na Formação Social Moderna e 72h
na Sociedade Brasileira
Estudos Filosóficos: Epistemologias da Educação 72h
Sociologia: Sociedade e Educação 54h
Psicologia da Educação para a Educação Infantil 72h
Antropologia: Cultura, Sociedade e Educação 54h
Didática: Processos de Aprendizagem na Educação Infantil e 54h
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Educação e Tecnologia: Sociedade da Informação e do 36h
Conhecimento
Pesquisa em Educação 36h
Práticas Pedagógicas de Formação: Atividade de Integração 81h
Pedagógica, Estágio Supervisionado e Práticas Pedagógicas
3º Período História da Educação: Bases Sociais, Políticas do Pensamento 54h
Educacional Brasileiro
Antropologia: Cultura Brasileira 54h
Psicologia da Educação para os Anos Iniciais do Ensino 54h
Fundamental
Estudos do Conteúdos – Ciências da Natureza: 54h
Desenvolvimento da Criança na Educação infantil e Anos Iniciais
do Ensino Fundamental
Didática: Planejamento e Avaliação no Processo Pedagógico 72h
Organização Curricular da Educação Básica 72h
Estudos sobre Estatística Aplicada à Educação 54h
Pesquisa em Educação 36
Práticas Pedagógicas de Formação: Atividade de Integração 92h
Pedagógica, Estágio Supervisionado e Práticas Pedagógicas
4º Período Psicologia da Educação para a Educação de Jovens e Adultos 54h
Língua Portuguesa: Conteúdos e Metodologias na Educação 72h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Matemática: Conteúdos e Metodologias na Educação Infantil e 72h
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Geografia e História: Conteúdos e Metodologias na Educação 72h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Ciências da Natureza: Conteúdos e Metodologias na Educação 72h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Educação Física: Conteúdos e Metodologias na Educação 72h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Pesquisa em Educação 36h
Práticas Pedagógicas de Formação: Atividade de Integração 92h
Pedagógica, Estágio Supervisionado e Práticas Pedagógicas
5º Período Pedagogia e sua Multidimensionalidade 54h
Organização Curricular da Educação Básica 72h
Língua Portuguesa: Conteúdos e Metodologias na Educação 72h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Matemática: Conteúdos e Metodologias na Educação Infantil e 72h
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Organização e Funcionamento do Sistema Educacional – 54h
Educação Básica
263
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(conclusão)
6º Período Estudos Sobre Necessidades Educacionais Especiais 72h
Arte na Educação: Conteúdos e Metodologias na Educação 54h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Língua Portuguesa: Conteúdos e Metodologias na Educação 72h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Matemática: Conteúdos e Metodologias na Educação Infantil e 72h
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Geografia e História: Conteúdos e Metodologias na Educação 54h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Ciências da Natureza: Conteúdos e Metodologias na Educação 54h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Educação e Tecnologia: Mediação Tecnológica 36h
Práticas Pedagógicas de Formação: Atividade de Integração 196h
Pedagógica, Estágio Supervisionado, Práticas Pedagógicas,
Práticas de Pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso:
Elaboração de Monografia
7º Período Estudos Filosóficos: Ética na Formação do Educador 54h
Organização Social e Técnica do Trabalho Capitalista: Profissão 54h
Docente
Arte: Conteúdos e Metodologias na Educação Infantil e nos 54h
Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Matemática: Conteúdos e Metodologias na Educação Infantil e 54h
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Sala de aula: Espaço Social, Cultural e Histórico 54h
Educação Física: Conteúdos e Metodologias na Educação 54h
Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Introdução à Língua Brasileira de Sinais 54h
Educação e Tecnologia: Mídias e Educação 36h
Práticas Pedagógicas de Formação: Atividade de Integração 196h
Pedagógica, Estágio Supervisionado, Práticas Pedagógicas,
Práticas de Pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso:
Elaboração de Monografia
8º Período Organização e Funcionamento do Sistema Educacional: 72h
Educação Básica
Geografia e História: Conteúdos e Metodologias na Educação 54h
Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Gestão da escola na Educação Básica 72h
Língua Portuguesa: Conteúdos e Metodologias na Educação 54h
Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Avaliação Educacional – Sistemas e Instituições 54h
Políticas Públicas para Educação Básica 72h
Educação e Tecnologia: Informática Educativa 36h
Práticas Pedagógicas de Formação: Atividade de Integração 166h
Pedagógica, Estágio Supervisionado, Práticas Pedagógicas,
Práticas de Pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso:
Elaboração de Monografia
Fonte: Elaborada pelo autor
264
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
265
FONAPER
(conclusão)
7º Período A Família e a Escola na Educação Infantil 32h
Literatura na Educação Infantil 64h
Gestão e Trabalho Docente 64h
Trabalho de Conclusão de Curso I 104h
Estágio Curricular Supervisionado III: Docência na Educação 116h
Infantil
Arte e Educação 32h
Tecnologias e Práticas Educativas 68h
8º Período Seminário de Integração IV 34h
Fundamentos Legais e Organização da Educação Infantil 64h
Corporeidade e Movimento 32h
Estágio Curricular Supervisionado IV: Gestão Pedagógica 116h
Trabalho de Conclusão de Curso II 140h
Informática Aplicada à Educação Infantil 64h
Fonte: Elaborada pelo autor
Considerações Finais
Quanto à formação do professor para os Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, a legislação brasileira deixa claro que ela se dá por meio dos
cursos de graduação em Pedagogia, na modalidade licenciatura,
admitindo-se, para o exercício da docência na Educação Infantil e nos
Anos Iniciais do citado nível de ensino, a formação mínima oferecida em
cursos Normais de nível médio.
Diante disso, há o respaldo legal para a decisão da Secretaria de
Estado de Educação de Minas Gerais, disposta na Resolução nº 2.253, de
09 de janeiro de 2013, em restringir a docência, nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental, e, especificamente, dos componentes de Ensino
Religioso e de Educação Física, ao regente da turma, considerando o fato
do referido profissional ser habilitado, pelos cursos de graduação em
Pedagogia ou Normal, de nível médio ou superior, para lecionar todos os
conteúdos dos cinco primeiros anos.
Entretanto, através das matrizes curriculares dos cursos de
Pedagogia, de três Instituições de Ensino Superior, localizadas em Belo
266
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília,
20 dez. 1996. Disponível em: <
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1996/lei-9394-20-dezembro-1996-
362578-normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 12 ago. 2013.
267
FONAPER
268
GT2: CURRÍCULO DO ENSINO RELIGIOSO
Coordenação:
Drando. Elcio Cecchetti (UFSC)
Me. Maria José Holmes Torres (SEMED João Pessoa/PB)
Resumo:
O objetivo central desse estudo consistiu na discussão e aprofundamento sobre a proposta
de currículo unificado para o Ensino Religioso, a partir dos Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Religioso (PCNER). Desenvolveu-se assim uma pesquisa de
cunho bibliográfico, utilizando-se de livros, artigos científicos, revistas e LDB realizando
assim um recorte do currículo trabalhado atualmente. Percebemos que Ensino Religioso é
um marco estruturado de leitura e interpretação da realidade, essencial para garantir a
possibilidade de participação do cidadão na sociedade de forma autônoma, para tal possui
uma linguagem própria, favorecendo a compreensão do fenômeno religioso, valorizando o
pluralismo e a diversidade cultural e religiosa, no cotidiano, e na sociedade, possibilitando a
compreensão do Sagrado no âmbito geral das diferentes culturas e manifestações
socioculturais.
Introdução
Ao longo dos anos, o Ensino Religioso vem sofrendo várias
modificações de acordo com a forma de conceber dos legisladores no
decorrer da história. Essas mudanças de concepção estão pautadas nas
Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: na Lei 4024/ 61, o
Ensino Religioso era concebido como ―aula de religião‖, em que a
doutrinação, a catequese tinha um lugar privilegiado na sala de aula, cuja
finalidade era "fazer seguidores‖; na Lei 5692/71 era "resgate de valores",
"aula de ética‖, tendo como propósito ―tornar as pessoas mais religiosas".
Com o advento da Lei 9394/96, aconteceu uma grande movimentação
nacional por parte dos profissionais da educação, Igrejas e vários
1
Professora de Ensino Religioso na Prefeitura Municipal de João Pessoa-PB. Mestranda
do Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões - UFPB. E-mail:
aldy_2006@hotmail.com
2
Pesquisador do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências das
Religiões. Professor Adjunto e Vice-chefe do Departamento de Habilitações
Pedagógicas (DHP - CE - UFPB). E-mail: marinilson_rs@ig.com.br.
FONAPER
Procedimentos Metodológicos
Um dos fundamentos para a realização deste trabalho surgiu a partir
de alguns questionamentos levantados no grupo de pesquisa Formação,
Identidade, Desenvolvimento e Liderança de Professores de Ensino
Religioso (FIDELID) ao qual faço parte, no debate constante com meu
orientador e em minha pratica docente, devido há não existência de uma
grade curricular unificada para o Ensino Religioso, uma vez que, quando
recebo alunos transferidos de escolas do mesmo município, vejo que os
conteúdos ministrados diferem do que estou trabalhando naquele
momento, estes muitas vezes distorcendo totalmente do currículo
trabalhado segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
272
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Educação e Religião
A dimensão teórico-prática da Educação e Religião é um processo
altamente complexo, e, portanto, uma necessidade que se impõe, tendo
em vista que a religiosidade está arraigada na tradição cultural e
profundamente incorporada na experiência pessoal do ser humano,
repercutindo diretamente no espaço escolar. Muitas vezes esta relação é
elaborada de forma conformista, burocrática e confessional pelos docentes
do ensino religioso.
No sentido mais amplo, educação é um processo de atuação de uma
comunidade sobre o desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa
273
FONAPER
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
275
FONAPER
Ensino Religioso
Não há como falar de Ensino Religioso sem falar do FONAPER, que
é a própria vivência do Ensino Religioso, e é o instrumento responsável por
toda a evolução desse componente nas escolas do Brasil. Então na
assembleia dos 25 anos do CIER - Conselho das Igrejas para o Ensino
Religioso, realizada em Florianópolis nos dias 25 e 26 de setembro de
1995, aconteceu à organização do Fórum Nacional do Ensino Religioso,
onde foi instalado em 26 de setembro de 1995 e depois transformado em
FONAPER - Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, sendo
formado por educadores, organismos e entidades interessadas e/ou
envolvidas com o Ensino Religioso.
O FONAPER tem como objetivos consultar, refletir, propor, deliberar
e encaminhar assuntos relacionados ao Ensino Religioso cujas finalidades
são: exigir que a escola, de qualquer natureza, ofereça esta disciplina em
todos os níveis de escolaridade, respeitando a diversidade e as diferentes
opções religiosas; contribuir para que o espaço pedagógico atenda o
entendimento a busca do Transcendente; subsidiar o Estado na definição
do conteúdo programático; pessoas jurídicas e físicas podem se filiar ao
Fórum desde que sejam identificadas com o Ensino Religioso
(www.fonaper.com.br).
O Ensino religioso é um componente curricular que visa discutir a
diversidade e a complexidade do ser humano como pessoa aberta às
diversas perspectivas do sagrado presentes nos tempos e espaços
histórico-culturais. Esse ensino deve estar atento para essa questão, pelo
fato de haver, nas escolas, diferentes opções e dimensões de fé. Saber
respeitar o diferente e as diferenças e com eles interagir, para esse
componente é um marco referencial. Em um mundo culturalmente
276
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
277
FONAPER
278
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Sobre Currículo
Em um mundo culturalmente diversificado nos aspectos
educacionais, culturais, religiosos, sociais, étnicos, tecnológicos, nos
vemos frente a um grande desafio que é repensar a educação: a prática
pedagógica, o processo de ensino- aprendizagem e o currículo.
É importante situarmos que os estudos sobre currículo nasceram a
partir das teorias tradicionais nos Estados Unidos como um campo
profissional especializado, as quais se organizavam em: ensino,
aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, organização,
planejamento, eficiência e objetivos. Já as Teorias Críticas de Currículo
possuem como palavras-chave ideologia, reprodução cultural e social,
poder, classe social, capitalismo, relações sociais de produção,
conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto e resistência e,
as Teorias Pós-Críticas: identidade, alteridade, diferença, subjetividade,
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações Finais
A Transcendência é a companheira da ação humana em todas as
etapas da aventura da pessoa e origem de seus projetos enquanto desejo
e utopia. O senso religioso é o substrato da cultura e, portanto, buscar os
fundamentos para o Ensino Religioso remete à questão do fundamento da
vida humana. Entende-se, dessa forma, a religiosidade como parte
fundamental integrante do conhecimento humano, nessa compreensão de
ser humano como finito se fundamenta o fenômeno religioso, que lhe
possibilita construir-se na liberdade e plenitude humana. No
Transcendente a pessoa procura respostas para as situações-limites: o
nascimento, a morte, a doença, as catástrofes, o amor, o altruísmo e as
grandes opções. A pessoa defronta-se com essas situações, questiona-se
quanto ao por que delas, buscando o real sentido da vida. Ela indaga-se,
procurando respostas às perguntas clássicas: Quem sou? De onde vim? O
que acontece depois da morte? Por que isto acontece comigo? Ao
questionar-se, a pessoa estabelece tensões entre a realidade vivida e a
realidade do inexplicável, que transcende o tempo, a consciência e o
mundo palpável.
Conhecer as tradições religiosas significa entrar em contato com um
mundo pluricultural no qual estamos inseridos. As sociedades e os
indivíduos, apesar dos níveis variados, todos, entram em relação com o
mundo religioso que é inerente ao homem. Assim esse Transcendente, o
sagrado e o luminoso, permanecem atraindo e fascinando o homem no
contexto pós-moderno. Apesar do avanço da ciência, da tecnologia, da
robótica e da informática, desse mundo globalizado continuamos a nos
questionar, e esses questionamentos nos levam a questionar que no ser
humano há algo misterioso, indecifrável e insondável que o faz sentir-se
criatura, limitado, dependente, e, paradoxalmente aberto ao infinito, com
desejo de imortalidade e isso desperta, temor e veneração provoca
alegrias, esperanças e faz nascerem angústias e tristezas.
Com isso o Ensino Religioso como área do conhecimento visa todos
os aspectos do desenvolvimento do ser humano, conduzido pela sua
dimensão de Transcendência, aberto aos outros, sem discriminação a
285
FONAPER
Referências
286
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
287
FONAPER
288
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
11%3Aciencias-das-religioes--ce-campus-i-joao-
pessoa&catid=6&Itemid=19>
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LIMITES E AVANÇOS DA ESTRUTURA CURRICULAR DO
ENSINO RELIGIOSO NO COLÉGIO MARISTA DE BELÉM
Resumo:
Esta pesquisa pretende fazer uma reflexão acerca dos limites e avanços da estrutura
curricular do Ensino Religioso no Colégio Marista de Belém a partir do seu Plano Trienal de
Evangelização (2009), seguindo as atribuições da rede de ensino Marista.
Introdução
Nos últimos anos, o Ensino Religioso no Brasil tem sido alvo de
debates na busca de compreender sua natureza e o seu lugar na escola
como disciplina regular do currículo. Se por muitas décadas o Ensino
Religioso foi considerado um elemento eclesial na escola, hoje o esforço
tem sido envidado no sentido de assegurá-lo como área de conhecimento
visando à produção do conhecimento religioso (CNBB, 2000).
A partir de 1997, com a revisão do artigo 33 da LDB, estabeleceu-se
uma nova concepção para o Ensino Religioso. Seu foco deixou de ser
catequético para assumir um perfil pedagógico e,
1
Especialista em Ciências da Religião pelo Instituto Esperança de Ensino Superior de
Santarém. Graduado em Ciências da Religião – UEPA. E-
mail:alexchristu@yahoo.com.br.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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também no campo religioso, visto que, essas relações de poder podem ser
geradoras de lutas infindáveis em nome de um ser transcendental.
A moral, os costumes e até mesmo os princípios éticos são
delineados a partir de uma caracterização social, histórica e cultural. Nesse
sentido as relações religiosas evidenciam a diversidade e as possibilidades
de respostas religiosas para os tempos atuais. Essa visão ampliada auxilia
na busca de novas significações para a própria existência, desenvolvendo
as mais variadas formas de relacionamento com a diferença religiosa, na
tentativa de superação dos preconceitos e a favor da alteridade, da
ampliação dos pertencimentos e da consciência planetária.
A metodologia e a didática do Ensino Religioso se direcionam a duas
vertentes que se inter-relacionam. A primeira diz respeito aos aspectos
filosóficos, culturais e sociais na abordagem do saber religioso. A segunda
refere-se aos aspectos de ordem didático-pedagógica que envolvem as
relações professor/ estudante.
É importante que se tenha presente que a metodologia que assegura
ao ER à validade de componente curricular, está ancorada nas ciências
humanas. É o ser humano o sujeito desse processo com todas as suas
circunstâncias e em todos os seus contextos. Para dar conta desse objeto
no ER pode-se lançar mão de uma metodologia interdisciplinar que permita
a interpretação, a compreensão e ressignificação do fenômeno religioso.
Desde a fenomenologia e a hermenêutica até a semiologia e a genealogia,
há uma gama enorme de possibilidades de olhares.
Esse tratamento plural do objeto é uma demanda que advém do
próprio objeto de estudo (Fenômeno Religioso/Religiosidade) e também
dos eixos estruturantes (Fundamentos, Linguagem Religiosa, Relações
Religiosas), pois abrem um leque de possibilidades metodológicas no
sentido da aproximação dos aspectos tangíveis do fenômeno e daqueles
que o precedem.
Em Ciências Humanas é fundamental que se tenha essa variedade
de olhares, de perspectivas, de óticas e de explicações para atender da
melhor forma possível a complexidade do objeto. Por isso, ao se propor
uma análise multirreferencial do Fenômeno Religioso, propõe-se
multiplicidade de leituras, sob diferentes ângulos e a partir de muitas
referências que ajudarão na produção de novos conceitos, dispositivos,
metodologias, terminologias, etc.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
de agir e de reagir, assim como, o sentido das coisas, das vicissitudes, dos
objetivos em relação ao próprio problema. Só é capaz de problematizar
aquele que se dispõe a pensar. Dessa forma, o Ensino Religioso, além de
assumir o papel de problematizador, amplia as capacidades de diálogo,
debate, pesquisa, qualificando a síntese pessoal e coletiva.
Para o Ensino Religioso é fundamental que a contextualização
ultrapasse os exemplos encontrados nos livros ou narrados pelos
professores e alcance também a vivência extramuros, ampliando e
diversificando o currículo.
O ER é uma área de conhecimento interdisciplinar por natureza, por
isso é importante compreender bem a interdisciplinaridade como uma
metodologia, e não como uma forma de atividade.
Interdisciplinaridade vem do latim da junção de inter, que quer dizer
em relação, reciprocidade ou interação, e disciplina, que significa a forma
de organizar e de concentrar as pesquisas e as experiências dentro de
uma perspectiva. Cada disciplina oferece uma imagem particular da
realidade, pois delimita um aspecto da mesma. Desde o início do século
XIX, vê-se surgir o conceito de disciplina como a se entende hoje, isto é,
possuidora de objeto de estudo, marcos conceituais, métodos e
procedimentos específicos. Tais características acabaram produzindo uma
visão rígida na compreensão das diferentes disciplinas. A
interdisciplinaridade surge para quebrar esta rigidez, trazendo flexibilidade
aos estudos e pesquisas. A interdisciplinaridade, portanto, permite a
reciprocidade e a aproximação de diferentes áreas na busca de algo novo.
Para melhor compreender a interdisciplinaridade é preciso diferenciá-
la de seus correlatos: multidisciplinaridade e transdisciplinaridade.
A multidisciplinaridade é o nível mais restrito de integração. Ela se dá
quando se busca ajuda em diversas disciplinas para solucionar algum tipo
de problema, sem que esta ação contribua para a transformação ou
enriquecimento das disciplinas envolvidas. Nesse nível não há tanta
cooperação, pelo fato de haver apenas justaposição de disciplinas. A
multidisciplinaridade é essencialmente aditiva, e não integrativa. Uma
característica marcante da multidisciplinaridade é que cada área de
conhecimento se preocupa em manter e proteger seus próprios modelos.
A transdisciplinaridade é o nível de interação em que a rede está
estabelecida de forma que não haja mais fronteiras entre as disciplinas.
299
FONAPER
Este é o nível ideal para o qual concorre toda ação interdisciplinar, ou seja,
quando realmente se trabalhará sem os limites impostos pelas disciplinas.
No nível da interdisciplinaridade, a interação enriquece, e o
intercâmbio é de verdadeira reciprocidade.
A interdisciplinaridade reúne estudos de diversas disciplinas num
contexto mais coletivo no tratamento dos fenômenos a serem estudados
ou das situações-problema em destaque. Tal procedimento exige um
compromisso maior ao elaborar, de modo mais geral, os projetos de
pesquisa que resultarão em intercomunicação e enriquecimento, e,
também, em transformação de metodologias de pesquisa, modificação de
conceitos e de terminologias.
A definição original de interdisciplinaridade é comunicar ideias para
integrar e organizar conceitos, metodologia, procedimentos, epistemologia,
terminologia, informações. Nesse sentido, a interdisciplinaridade surge
para corrigir o equívoco da compartimentação e da não comunicação entre
as disciplinas. Ela é ao mesmo tempo processo, uma filosofia de trabalho
que facilita ações para resolução de problemas. Embora não haja apenas
um processo, e nem mesmo um conjunto rígido de ações, existem alguns
passos que podem estar presentes na intervenção interdisciplinar, desde
que se respeite o princípio da flexibilidade: delimitar os problemas de
acordo com os questionamentos iniciais; determinar os conhecimentos
necessários; desenvolver um marco integrador e as questões a serem
pesquisadas, etc.
Nas ciências humanas é frequente a integração entre disciplinas
próximas, como história, sociologia, filosofia, Ensino Religioso, entre
outras. A pesquisa interdisciplinar nesse campo parte dessa integração
com o objetivo de organizar conceitos, metodologias, dispositivos,
epistemologias para se chegar a uma nova abordagem como
consequência da construção de seus próprios objetos de investigação,
conceitos fundantes, premissas e paradigmas.
A avaliação é um instrumento de aprendizagem, que envolve
pressupostos epistemológicos (construção do conhecimento), ontológicos
(o ser) e axiológicos (valores) que não são separados. A ação
transformadora implica pensar, planejar, replanejar, agir, avaliar o que se
conhece, o que se está conhecendo e o que se necessita conhecer. A
avaliação é um exercício de reflexão, única e exclusiva do ser humano, de
pensar os seus atos, de analisá-los, de interagir com o mundo e com os
300
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
301
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Resultados
Através da pesquisa realizada pode-se perceber que a escola citada,
apesar de pertencer a um carisma e uma filosofia confessional católica, há
uma distinção organizada e sistematizada, acerca do Ensino Religioso
como disciplina da área do conhecimento das ciências humanas,
contrapondo os tipos de Ensino Religioso do passado, tendo os modelos
catequéticos e teológicos segundo (PASSOS, 2007). Os resultados dessa
sessão serão realizados através das análises documentais, tendo como
maior referência o Plano Trienal de Evangelização 2007-2009. Serão
observados os métodos, modelos, aspectos avaliativos neste estudo.
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FONAPER
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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FONAPER
Considerações Finais
Ao longo da história do Ensino Religioso neste país, é notória a
influência cristã nas práxis desenvolvidas em sala o que dificulta o
processo de mudança a um novo e moderno conceito acerca da disciplina.
Ainda é muito comum o conflito entre ensino laico versus o confessional,
onde se visualiza um enfraquecimento do Ensino Religioso, principalmente
pelo descaso de alguns gestores e comodismo de muitos educadores.
Já não se vive mais no período colonial, onde os métodos
educacionais eram devocionais. Vive-se em um mundo onde o respeito e a
reverência devem ser buscados a todo o momento, individualmente ou em
grupos, e a escola não pode ficar de fora desse processo e o Ensino
religioso precisa e deve mostrar a sua ―cara‖ ou a ―nova cara‖ que é
representada pelo estudo do fenômeno religioso, dando ênfase na
diversidade e da pluralidade cultural religiosa, porque lhe cabe esta função.
Ao término da pesquisa, fica minha convicção de que a Escola
Marista de Belém mesmo pertencendo a uma confessionalidade religiosa,
vem alcançando diversos avanços na busca de um ensino-aprendizagem
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
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O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
BRASILEIRAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS LEGISLAÇÕES
EDUCACIONAIS
Claudia Berdague1
Resumo:
Este artigo trata da permanência do Ensino Religioso no currículo das escolas públicas
brasileiras. A disciplina foi inserida nas escolas no período colonial quando o Estado
assumia a Igreja Católica como sua religião oficial. No período republicano acontece a
separação entre Estado e Igreja, entretanto as Constituições e leis da educação
normatizam sobre o tema, mantendo a disciplina no currículo. O objetivo desta discussão é
analisar as legislações emanadas pelo Conselho Nacional de Educação, após a
promulgação da LDB 9394/1996, objetivando compreender como a disciplina vem se
mantendo nos currículos escolares.
Introdução
A religiosidade nas suas diversas formas de expressão é uma das
dimensões constitutivas do ser humano. Na escola, o estudo do tema tem
a função de embasar o entendimento do fenômeno religioso, através do
conhecimento das culturas e tradições religiosas presentes no convívio
social dos educandos, buscando educar para o diálogo e a reverência ao
transcendente.
Entretanto, os sistemas de ensino demonstram certa dificuldade em
trabalhar com este componente curricular, necessitando que os órgãos
regulamentadores da educação brasileira, os conselhos de educação,
deliberem sobre sua aplicabilidade nas escolas públicas. A lei torna a
disciplina facultativa para o aluno, mas obrigatória para a escola. E, no
entendimento de algumas redes de ensino, o ―facultativo‖ desobriga a
oferta da disciplina, visto que não há um entendimento da contribuição da
mesma para a formação dos sujeitos. Além disso, muitos não sabem como
se fará a formação de professores para a disciplina.
1
Pedagoga Especialista em Planejamento e Gestão Escolar. Mestranda do Curso de
Ciências das Religiões na Faculdade Unida de Vitória. Docente das Faculdades
Integradas do Extremo Sul da Bahia. E-mail: claudia@unece.br
FONAPER
2
Embora tenham sido publicados pelo FONAPER desde 1997, os Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Religioso ainda não foram aprovados pelo CNE.
310
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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FONAPER
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações Finais
O estudo aqui apresentado mostra que as normas regulamentadoras
do setor educacional definem que a disciplina Ensino Religioso deve fazer
parte do currículo normal do sistema escolar. O tema não deve ser
entendido como ensino de uma religião ou das religiões na escola, mas
sim uma disciplina centrada em pressupostos antropológicos, teológicos e
pedagógicos.
Alguns setores ainda a consideram como elemento eclesiástico e
não como disciplina regular integrante do currículo escolar. Assim, ainda
se faz presente nas salas de aula práticas confessionais, ou então, diante
da carência de docentes para a disciplina, a mesma é tratada de forma
superficial e às vezes como tema transversal, usando a metodologia da
pedagogia de projetos.
3
Grifo nosso.
316
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
317
FONAPER
318
O ENSINO RELIGIOSO NO CURRÍCULO ESCOLAR1
Resumo:
O artigo aborda a necessidade de discutir e socializar estudos relacionadas aos processos
de construção de conhecimentos nas culturas – tradições religiosas e não-religiosas e suas
interfaces com o Ensino Religioso enquanto área de conhecimento da educação básica. A
partir dessa perspectiva, destacamos que um dos grandes desafios para a educação é
promover o respeito pelo outro como legítimo outro, sem o intento de homogeneizar as
culturas. Outro aspecto relevante é levar em consideração o perfil docente que possa
atender a proposta do Ensino Religioso. Espera-se desse profissional, uma metodologia
dialógica e contextual e o grande desafio, porém, é efetivar um Ensino Religioso voltado
para a superação do preconceito religioso, alicerçado no conhecimento e respeito à
diversidade cultural e religiosa.
Introdução
A esfera da religiosidade é uma dimensão constitutiva da realidade
humana. Desde que o ser humano começou a ter consciência das coisas,
ele já percebeu a existência de algo superior a ele, que foge da sua
compreensão. Esta interpretação foi feita por vários povos e culturas
diferentes, do qual resultaram distintas crenças em seres ou espíritos
divinos, também chamados de transcendentes. Segundo o dicionário
Aurélio (2002), o sentido da palavra transcendente possui muitos
significados como: algo muito elevado, superior, sublime, excelso, que
transcende aos limites da experiência possível, que supõe a intervenção
de um princípio que lhe é superior.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Religioso (FONAPER, 2009), o transcendente é uma das manifestações do
fenômeno religioso, entendido como o processo de busca que o ser
humano realiza na procura pela transcendência, o que perpassa desde sua
experiência pessoal até a sua experiência religiosa em grupo, comunidade
ou tradições religiosa.
1
Este artigo é resultado parcial da dissertação do Mestrado em Ciências da Religião.
2
Elisângela Madeira Coelho, Pedagoga-Supervisora Escolar no Instituto Federal do
Espírito Santo – Campus Itapina, Mestranda em Ciências da Religião na Faculdade
Unida de Vitória - ES, e-mail: elismadeira@yahoo.com.br
FONAPER
320
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
321
FONAPER
323
FONAPER
325
FONAPER
326
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações Finais
Com este trabalho verificamos a necessidade dos profissionais de
Ensino Religioso terem formação para colocar em prática os objetivos da
disciplina, a qual tem suas especificidades e os professores precisam
buscar referenciais para a organização e o redirecionamento do seu
trabalho em sala de aula, ampliando-se as vivências no trato com o outro,
para aprender a ser e conviver. Morin (2003) salienta a necessidade da
formação do professor para ajudar a contextualizar, a ampliar o universo
alcançado pelos estudantes, a problematizar, a descobrir novos
significados no conjunto das informações trazidas, ou seja, de
conhecimentos prévios.
Para Pedro Demo (2002), a pesquisa deve ser compreendida como
atividade cotidiana onde o educando é desafiado e estimulado a buscar
ajuda na literatura e, com os professores, a acessar recursos tecnológicos,
a montar um mosaico das informações, a discuti-las e criticá-las, e com
isso, a construir seu próprio conhecimento.
327
FONAPER
Referências
328
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
329
O LUGAR DO ENSINO RELIGIOSO NO CURRÍCULO DA
EDUCAÇÃO ADVENTISTA
Resumo:
Assim como caracterizar o modelo de Ensino Religioso (ER) ofertado no sistema
educacional adventista é fundamental para compreender a lógica inerente aplicada pela
denominação em sua missão veiculada na efetividade do projeto educacional, de igual
importância é entender a estruturação e operacionalização curricular no nível escolar para
observamos o lugar reservado ao ER. Os dados aqui apresentados advêm de análise
documental balizada por uma abordagem crítica que se afirma como crivo reflexivo. É
conveniente indicar que este texto apresenta uma fundamentação teórica devedora à área
de estudos curriculares e da sociologia da educação, especialmente das teorias analíticas
de Apple (2006), Bourdieu (1989), Foucault (1979), Goodson (2008) e Silva (2004).
Introdução
A história da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) apresenta em
seus primórdios um desinteresse pela educação, porque a membresia
aguardava o segundo advento de Jesus em sua geração. Assim ―[...] para
muitos pais adventistas a iminência do advento tornava uma educação
comum e básica até mesmo relativamente sem importância‖ (SCHWARZ;
GREENLEAF, 2009, p. 116). Por isso, o sistema educacional adventista
foi o último empreendimento denominacional.
Nesta direção, Knight (1982, p. 1) afirma que:
1
Doutorando em Ciência da Religião (UFJF / Bolsista FAPEMIG). Mestre em Ciência da
Religião (PUC-SP/ Bolsista CNPq), graduado em Teologia (UNASP-SP) e graduando
em Pedagogia (UNIP). Participante do NEPROTES – Núcleo de Estudos em
Protestantismos e Teologias. E-mail: fluizg@yahoo.com.br.
FONAPER
332
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
A educação adventista
A educação adventista é um empreendimento denominacional que
foi precedido pela organização denominacional da obra de publicações em
1849, e pelo vigoroso programa de saúde de 1866 (KNIGHT, 1982). Este
empreendimento encontrou nos escritos advindos de Ellen G. White2 as
diretrizes a serem seguidas na implantação e desenvolvimento de uma
educação cristã, centrada na preocupação com o currículo, tendo a Bíblia
como referencial para todos os níveis de educação (CADAWALLADER,
1949).
De algum modo, Ellen G. White apenas refletiu as mudanças que
estavam acontecendo na sociedade de sua época (GREENLEAF, 2010),
pois o ânimo e interesse denominacional pela educação deve ser
entendido numa dialética que considere o espírito de reforma que
reanimava a sociedade norte-americana pelo progresso da educação.
Nesta conjuntura maior entende-se que no meio adventista
2
Ellen G. White recebeu em janeiro de 1872 sua primeira visão sobre princípios
educacionais e escreveu 30 páginas sobre o que havia visto, por título a Devida
Educação.
333
FONAPER
334
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
3
Para maiores informações o texto está disponível em
<http://educacao.adventistas.org.pt/paginas/missao.php>. Acesso em: 11 ago. 2011.
335
FONAPER
Considerações Finais
As atividades proselitistas que atravessam o cotidiano das
instituições educacionais protestantes podem ser percebidas
principalmente nas práticas educativas, pois é sempre difícil a delimitação
clara entre a prática educativa e a prática religiosa. Basta relembrar que
―[...] o programa educativo é uma das primeiras e mais importantes
expressões da obra missionária‖ (RAMALHO, 1976, p. 69).
De certa forma, o que subjaz nestas práticas catequéticas é uma
elaborada estratégia proselitista que, além compor o núcleo evangelizador
intenciona difundir por meio dos conteúdos a serem transmitidos os
elementos distintivos da identidade confessional da instituição. Assim, a
concepção de ER colocada em prática é baseada primordialmente nos
princípios eclesiásticos, mesmo que contenha princípios educacionais.
Desse modo, ―a intencionalidade proselitista, ainda que disfarçada sob os
princípios humanistas, é que de fato efetiva essas práticas [...]‖ (PASSOS,
2007, p. 57).
A compreensão das relações de poder no contexto educacional é
cada vez mais importante na composição dos sistemas interpretativos,
337
FONAPER
338
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Referências
341
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342
O ENSINO RELIGIOSO TRANSVERSALIZANDO OUTRAS ÁREAS
DE CONHECIMENTO
Resumo:
Apresentamos neste artigo a relação do Ensino religioso com outras áreas de
conhecimento, no decorrer de um processo de formação continuada envolvendo os cinco
eixos organizadores dos conteúdos propostos pelos PCNER (FONAPER, 2009), no qual
construímos com os educadores uma dinâmica metodológica que focaliza o processo de
ensino e aprendizagem do fenômeno religioso.
Introdução
Pensar o Ensino Religioso (ER) no contexto escolar é um desafio
muito grande quando se pretende articulá-lo com outras disciplinas do
currículo escolar. Durante séculos, esse componente curricular foi visto
nas escolas como um elemento com características religiosas de propósito
proselitista. Entretanto graças às mudanças na legislação de ensino,
atualmente há um novo olhar sobre o ER que proporcionou grandes
discussões focalizando a parte pedagógica no processo de ensino e
aprendizagem dentro do contexto escolar.
Por isso, nesse momento, a grande preocupação do FONAPER3 é
sistematizar um currículo que venha oferecer ao educador(a) mais
segurança quanto à transmissão dos conteúdos no processo de ensino e
aprendizagem. Segundo (ANDRADE 2003, p. 11):
1
Pedagoga (UFPB). Especialista em Gestão Educacional (FIP). Teológa (IBBB) e Mestre
em Ciências das Religiões (UFPB). Profª. Secretaria de Educação e Cultura de João
Pessoa-PB. E-mail iedaosc@gmail.com
2
Pedagoga. Especialização e Mestrado em Ciências das Religiões (UFPB). Secretaria de
Educação e Cultura de João Pessoa-PB. E-mail: mjtholmes@yahoo.com.br.
3
Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso. Fundado em 26 de setembro de
1995, é um espaço de discussão e ponto aglutinador de ideias, propostas e ideais na
construção de propostas concretas para a operacionalização do Ensino Religioso na
escola.
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345
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4
No dizer de Girard (1997, p.26), ―Símbolo‘ provém do termo grego symbolon, derivado
do verbo sym-ballein, que em seu sentido primeiro significa ‗lançar com, pôr junto com,
juntar‖.
346
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347
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350
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Da Teoria à Práxis
Segundo Olenik e Daldegan (2003, p.14),
351
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Equipes Caules:
352
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Equipes Folhas:
353
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Considerações Finais
Neste processo formativo tivemos a oportunidade de interagir com
dois grandes grupos e seus subgrupos e verificamos que foram momentos
de muita riqueza e dinamismo segundo depoimentos e avaliação dos(as)
educadores. Dessa forma percebermos que esta é uma grande
oportunidade de conhecermos a importância do trabalho interdisciplinar no
cotidiano escolar. Isto faz a grande diferença.
As árvores são como escolas que nos remetem a aprendizagem
através da ontologia própria da imagem que se uni a ontologia do humano.
354
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Dessa forma pensamos a escola que de forma bela trata o Rubem Alves
(2011)5:
Referências
5
Disponível em http://bibliotecapaulozappi.blogspot.com.br/2011/07/projeto-virando-
paginas.html. Acesso em 16 agos 2013.
355
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356
DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS: UM RELATO DE UMA
PROPOSTA METODOLÓGICA NO CURSO DE LICENCIATURA
NO ER- PARFOR/ BLUMENAU
Resumo:
Toda prática educativa necessita de um nível de reflexão, pois qualquer proposta de
atividades possui uma história que a precede e a justifica, sendo decorrente de escolhas.
Porém, os educadores escolhem sempre ideias, finalidades e alternativas concretas em que
seus atos de escolhas estão relacionados com a sua atitude valorativa geral. Decisões que
dependem da intencionalidade, e o objetivo aqui a ser destacado é a aprendizagem, a
interação cognitiva e a construção de conhecimentos. Neste intuito há que se reconhecer
na prática a Dança Circular Sagrada na importância dos indivíduos como parte de um todo,
objetivando desenvolver nos alunos a capacidade de convivência em sociedade de maneira
harmoniosa. O trabalho ora apresentado é parte da atividade realizada nas aulas de Ensino
Religioso com uma proposta de renovação nas práticas educativas. Uma vez que, é de
mãos dadas e em círculo, que os alunos colocam-se em contato com seu corpo em
movimento, seu ser em expressão com o outro, estabelecendo e transformando suas
relações. A educação na perspectiva libertadora tem como ponto de partida para a
formação, a construção das identidades e a percepção do ambiente escolar como forma de
interação e compartilhamento de experiências.
Introdução
Este trabalho foi desenvolvido dentro de um procedimento
metodológico inserido no currículo escolar e que proporcionou maior
conhecimento para a elaboração do planejamento de aulas para a
docência despertando cada vez mais o encantamento pelo Ensino
Religioso. Refere-se às descobertas ou redescobertas no processo da
própria espiritualidade, da diversidade religiosa, assim concebida:
1
Possui Graduação em Matemática pela UFPE; Graduanda na Ciências da Religião pelo
PARFOR/FURB; Trabalha na EEB Santos Dumont/Blumenau-SC; Coordenadora do
Programa COOPER JOVEM/SISCCOP na escola que atua.
eebsantosdumont@sed.sc.gov.br.
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361
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362
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações Finais
O trabalho desenvolvido para o presente artigo teve como objetivo o
envolvimento com a prática e o estudo das ―Danças Circulares Sagradas‖
e foi então que, entramos na roda para dançar! O desafio não foi dar aulas
de dança, mas criar um espaço no qual a dança se tornasse uma
experiência em círculo para um reencontro com o eu e o outro, ou seja,
não era apenas falar sobre ou se tornar uma mera apresentação, mas de
fato, falar de si mesmo e o que a dança poderia mobilizar. Que todos de
mão dadas, voltados para um centro comum em passos ritmados na
365
FONAPER
Referências
GABINI, Roberto. Sonhos na Escola. In: SCOZ, Beatriz (Org). (Por) uma
educação com Danças circulares sagradas alma: a objetividade e a
subjetividade nos processos ensino/aprendizagem. 2..ed.Petrópoilis.
Rio de Janeiro: Vozes, 2001. P. i-f.
366
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
367
FONAPER
SANTOS, José Luis dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense. 1983.
VALLE, William. Meu caminho no circulo das danças. Texto escrito para
a revista ‗Tecendo Idéias‟, produzida pelo CENAP - Centro Nordestino de
Animação Popular, 2001.
368
O ENSINO RELIGIOSO NA REDE MUNICIPAL DE CURITIBA:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Resumo:
Esta comunicação é um estudo bibliográfico que tem como objetivo demonstrar como
historicamente a disciplina de Ensino Religioso (ER) vem sendo trabalhada na Rede
Municipal de Ensino de Curitiba/PR. Os referenciais bibliográficos apoiam-se principalmente
nas considerações de Junqueira (2008), Oliveira e Koch (2008), Paraná (2008), Fonaper
(2001) e Assintec (2010). Incialmente faz-se um histórico sobre o Ensino Religioso no
mundo e especificamente no contexto brasileiro e paranaense. Em seguida, focaliza-se a
atenção em descrever como o ER é trabalhado no estado do Paraná e mais
especificamente na rede municipal de ensino de Curitiba. O processo histórico de ingresso
e consolidação dessa disciplina na Rede Municipal Ensino de Curitiba, resguardadas as
suas singularidades, acompanhou o processo nacional que é marcado por contradições,
avanços e retrocessos. Com este estudo objetiva-se oferecer elementos para uma reflexão
mais aprofundada sobre o ER no Brasil e o seu reconhecimento como disciplina integrante
do currículo da educação básica.
Introdução
A análise e, consequentemente, a busca pela compreensão do
fenômeno religioso em um diálogo inter-religioso constitui uma tarefa
importante na sociedade contemporânea. O conteúdo dos programas que
assistimos na televisão, ouvimos no rádio, acessamos na internet estão
repletos de conteúdo religioso, embora na maioria das vezes isso passe
despercebido.
Contudo, o voltar-se para o universo religioso e procurar analisá-lo e
compreendê-lo não pode ser considerado uma aventura que se faz sem
nenhum critério ou fundamentação histórica e epistemológica. A falta de
tais critérios conduz a posições extremistas de desprezo ou
fundamentalismo em relação ao fenômeno religioso. Nesta perspectiva o
1
Mestre e Doutorando em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná. Coordenador
do Curso de Especialização em Metodologia do Ensino Religioso do Centro
Universitário Internacional UNINTER.
2
Mestre em Geologia ambiental pela UFPR. Tutora do Curso de Especialização em
Metodologia do Ensino Religioso do Centro Universitário Internacional UNINTER.
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370
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371
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373
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3
Ao então deputado Pe. Roque Zimermann (PT-PR), como membro da Comissão de
Educação, Cultura e Desporto, coube assumir a relatoria do processo de revisão do art.
33 da LDBEN. A proposta apresentada pelo deputado foi na realidade, uma colaboração
do FONAPER, resultado de diversos estudos, em um retorno aos projetos anteriores,
sobretudo porque aproveitava o viés conceitual que dificultou a discussão anterior em
relação ao que seria, de fato, o inter-religioso, já que tal termo estava mal colocado.
Sem utilizar novas terminologias, o substitutivo respeitava o espírito de todas as
discussões, ou seja, o pluralismo religioso (JUNQUEIRA, 2008, p. 37).
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4
Associação Interconfessional de Curitiba
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8
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso.
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Considerações Finais
Neste estudo procurou-se apresentar uma abordagem histórica sobre
a disciplina de Ensino Religioso no contexto nacional, estadual e
particularmente no contexto da rede municipal de ensino de Curitiba/PR.
Considerou-se como pressuposto que a realidade singular ― o Ensino
Religioso na Rede municipal de Curitiba ― é um elemento do universal ―
o Ensino Religioso no contexto histórico nacional e mesmo internacional.
No entanto, tal realidade particular não pode ser vista apenas como um
reflexo da realidade geral, pois, ela possui características próprias que lhe
conferem uma identidade particular.
Pela exposição do processo histórico de introdução e
desenvolvimento do Ensino Religioso na realidade mundial e brasileira
nota-se uma situação constante de disputas pelo controle do sistema
educacional como um dos meios para alcançar e garantir o controle
político, econômico e social.
Com relação aos esforços para a promoção de um Ensino Religioso,
enquanto área de conhecimento e a consequente valorização dos
professores que com ele trabalham, na realidade brasileira desde 1995, é
preciso destacar o trabalho do FONAPER, que em sua carta de princípios
estabelece, entre outros, ―A garantia que a Escola, seja qual for sua
natureza, ofereça Ensino Religioso ao educando, em todos os níveis de
382
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
9
Disponível em: <http://www.fonaper.com.br/carta-principios.php>. Acesso em: 01 Ago.
2013.
383
FONAPER
384
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO RELIGIOSO:
EXPERIÊNCIAS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Resumo:
O espaço escolar é lócus de acolhida, integração, mediações, socializações, aprendizagens
e reconhecimento do(s) outro(s) e, ao mesmo tempo, palco de exclusões, conflitos,
intolerância e desentendimentos gerados pela incapacidade de um diálogo autêntico e
vivencial, legitimado pela escuta ativa e pelo respeito às diferenças na convivência entre as
diversidades. Repensar o currículo de forma contextualizada perpassando as concepções,
planejamentos, metodologias e avaliações, atendendo aos anseios de uma educação
significativa para o educando, capaz de promover, além do conhecimento, uma formação
cidadã pautada em princípios éticos de convivência e práticas alteritárias é tarefa constante
que perpassa as diferentes áreas do conhecimento da Educação Básica. Por isso,
objetivamos socializar atividades de aprendizagem desenvolvidas no componente curricular
Ensino Religioso que, enquanto área do conhecimento da Educação Básica tem por meta
assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil.
Palavras iniciais
A escola possui diversos significados e compreensões. Pode ser
entendida como espaço de acolhida, encontros, reencontros, amizades,
1
Graduação no Curso Ciências da Religião - licenciatura em Ensino Religioso pela
Unochapecó (2012) e História pela UNOESC - ;Xanxerê. Professora de Ensino
Religioso da Rede Pública Estadual de Santa Catarina e vice-secretária da Associação
dos Professores de Ensino Religioso do Estado de Santa Catarina - ASPERSC, Gestão
2011/2013. E-mail: josicrusaro@yahoo.com.br
2
Acadêmica do Curso de Pedagogia - UNIGRAN. Professora do Ensino
Fundamental/Séries Iniciais da Rede Municipal de Ensino de Faxinal dos Guedes/SC. E-
mail: lindamircrusaro@hotmail.com.
3
Mestrado em Educação pela UFSC; Graduação em Ciências da Religião - Licenciatura
em Ensino Religioso pela FURB (2010); Especialização em Formação de Professores
para o Ensino Religioso pela PUCPR (2006). Bacharel em Ciências Religiosas pela
PUCPR (2002). Membro dos grupos de Pesquisa Ethos, Alteridade e Desenvolvimento
(GPEAD/FURB) e Arte e Educação da linha Filosofia da Educação (GRAFIA/UFSC).
Coordenador do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER 2012-
2014). Professor de Ensino Religioso da Rede Pública do Estado Santa Catarina, da
Associação Franciscana Senhor Bom Jesus na região da Grande Florianópolis e da
FURB/PARFOR. Atua na área da Educação, com ênfase nos seguintes temas:
diversidade cultural religiosa, ensino religioso, formação de formadores e direitos
humanos. E-mail: pozzeradecir@hotmail.com
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387
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4
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
(In)concluindo
Quantos passos precisam ser dados em direção a uma educação
diferenciada, capaz de possibilitar diferentes olhares, concepções,
entendimentos e compreensões em torno de um ensino e uma
aprendizagem que humanize o homem para a convivência com os demais.
Adentrar na sala de aula, poder dialogar, interagir, ouvir e crescer em
sabedoria com as pessoas que constituem aquele ambiente; tantos
desejos que são possíveis quando desafiamos a nós mesmos e
acreditamos que a mudança se inicia nos pequenos gestos e ações.
Essas atitudes e práticas não são tarefa apenas do
professores/educadores do Ensino Religioso, porque a escola enquanto
espaço/ambiente/local de conhecimentos e aprendizagens deve
proporcionar e exigir que cada área ou componente curricular atente para
a prática da acolhida do outro, desenvolvendo processos centrados nos
direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.
Por isso, seguimos guerreiros, aprendizes, educadores porque a
cada dia que passa continuamos lutando pela possibilidade de dias e
mundos melhores para todos/as. Assim, juntos, diferentes, unidos...
continuamos nessa caminhada entendendo que enquanto
professores/educadores/amigos do Ensino Religioso uma significativa
história estamos tecendo.
Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
395
FONAPER
396
GT3: CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS DO ENSINO RELIGIOSO
Coordenação:
Me. Henri Luiz Fuchs (UNILASALLE)
Dr. Remí Klein (Faculdades EST)
Resumo:
Este artigo tem a proposta de mostrar as dificuldades epistemológicas que o ensino
religioso apresenta aos profissionais que se aventuram em uma área de conhecimento tão
esquecida pelo poder público e desvalorizada no campo educacional. Torna-se, portanto,
necessário verificarmos e analisarmos a causa de tantos problemas para podermos então
refletir em que estrada percorrer rumo a valorização de uma disciplina que integra a
formação humana, e não meramente capitalista e liberal no sentido do mercado.
Introdução
O objetivo deste artigo é refletir sobre o fenômeno religioso como
conhecimento a ser estudado na disciplina de ensino religioso. Este tema é
necessário para a formação do cidadão, levando em consideração que a
dimensão religiosa do ser humano é algo de extrema complexidade, que
causa impactos significativos na sociedade brasileira e especificamente no
cenário religioso paraense. Para este estudo, é necessário pensarmos os
aspectos que compõem o fenômeno religioso, neste caso aspectos que
causam dificuldades na implementação da disciplina na escola como por
exemplo os fundamentalismos, a falta de formação dos professores,
questões como doutrina, ritos, ethos e tradições religiosas que acabam
sendo vistas a partir de conceituações de fé e não culturais. É exatamente
essa falta de conceituação que transforma o ensino religioso em espaço de
1
Aluno do Curso de Especialização em Metodologia do Ensino Religioso — Artigo
apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso — Faculdade Internacional de
Curitiba – FACINTER, 2011.
2
Professora orientadora TCC do Curso de Especialização em Metodologia do Ensino
Religioso da Facinter. Mestre em Educação pela Universidade Católica do Paraná
(PUCPR), Curitiba (PR), Brasil e-mail: edilef@gmail.com.
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400
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Diretora 1:
1. A disciplina é importante na escola para que os alunos possam se
sensibilizar com o que está acontecendo no mundo, violência, o
homem cada vez mais afastado de deus, marginalidade, drogas,
tudo isso é importante ser trabalhado, e o ensino religioso é peça
fundamental para se combater estes males.
2. Acredito que conteúdos referentes a deus, a todas as religiões, à
paz, amor ao próximo que está tão devassado hoje em dia, e
principalmente à família que está tão desestruturada.
3. Teologia ou filosofia
4. É complicado, por que o ensino religioso não é uma disciplina
difícil, e por isso, de repente o aluno não passa, mas passa em
matemática? Fica complicado, por isso acho melhor deixar o
ensino religioso como está, que mal nenhum ele está fazendo.
5. Sim, quando era professora, ensinava pra quinta à oitava,
passava conteúdos relacionados a valores, como paz, amor,
família, solidariedade, meio ambiente. Nunca usei a disciplina para
doutrinar meus alunos na minha crença.
A diretora 1 tem 45 anos, e 20 de docência, é formada em pedagogia
e a cinco anos atua como diretora. Mora na região metropolitana de Belém
e tem cinco filhos, sua religião é cristã de denominação protestante
(pentecostal da Assembleia de Deus)
Diretor 2:
1. Acho sim, acredito que a violência, as drogas e a prostituição
possam ser combatidas nos momentos das aulas, já que as outras
disciplinas estão mais preocupadas com seus conteúdos
específicos.
2. Deve ensinar sobre deus, que na verdade é um valor universal, e
se fugirmos disso, estaremos fugindo da própria realidade do
aluno. Pode ser o mais bandido da escola, mas se você falar de
deus pra turma você percebe que ele se comporta. Por isso não
401
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Professora 1
1. A disciplina é importante, mas acho que ela deveria falar somente
de deus, por que é a verdade máxima, esse negócio de falar
sobre outras religiões não leva a nada, pois, não é a realidade do
aluno.
2. Principalmente valores, que hoje em dia estão sendo perdidos,
ética e moral. Se formos perceber, no cristianismo todos estes
valores estão presentes, por isso, ensinar sobre Cristo é ensinar
sobre tudo isso que é importante.
3. Eu estudei teologia, sempre foi teologia.
4. Mesmo que não fosse, a gente teria a obrigação de passar os
alunos de ano por que não é uma disciplina difícil de se entender.
5. Atuo até hoje, e adoro o que faço, os alunos gostam a meu ver e
nunca tive problema com a disciplina. Acredito que o que estou
fazendo é um serviço para mim e para eles também, que muitas
vezes não conseguem ouvir uma palavra de conforto.
A professora tem 26 anos e é formada em teologia em curso de nível
médio certificado pela Assembleia de Deus. É formada em nível médio
pelo magistério e atua há cinco anos na docência.
402
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Professor 2
1. Eu acho que ela deveria sair da grade curricular e entrar no lugar
a educação ambiental, porque a religião é algo que não pode
partir da escola mas sim das igrejas, educação ambiental é algo
importante, os geógrafos são muito bons em trabalhar esse
assunto, mas não podemos trabalha-lo com maior dedicação por
conta dos assuntos que são muitos.
2. Deveria ensinar algum assunto que fosse geral pra todos, não
apenas para uma religião, como por exemplo, educação
ambiental, educação para o trânsito, enfim, algo que servisse para
a pessoa valorizar sua cidade.
3. Qualquer pessoa pode ensinar religião porque todos nós temos
religião.
4. Tem que continuar, por que ninguém pode ser reprovado por não
acreditar em determinada religião.
5. Não!
O professor em questão tem 35 anos, atua a dez anos como
docente, é formado em geografia pela FINOM, Faculdade do Norte de
Minas Gerais, não tem filhos e nem esposa, possui uma crença
independente de religiões.
Professor 3
1. Acho que é importante sim; os alunos precisam ouvir mais sobre
determinados valores como amor, paz e solidariedade.
2. Valores universais, pode até usar o exemplo de Jesus, é religião
mesmo, como amor, paz, união, família, deve falar sobre o perigo
das drogas e sobre moral e ética.
3. Teologia.
4. Acho que tanto faz, o que importa é o aluno aprender, se ele não
aprender não vai mudar muita coisa na vida dele.
5. Não.
O professor tem 29 anos, é docente de língua portuguesa, formado
pela Universidade Vale do Acaraú, UVA, ministra aulas há 4 anos. Católico
e catequista da igreja local.
403
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Professor 4
1. É sim, até mesmo porque a religião é algo do ser humano, não
existe a possibilidade de não haver religião no mundo e se ela
está no mundo faz parte da realidade do aluno e deve ser
ensinada, não apenas uma, mas todas.
2. Deve ensinar sobre a história das religiões e sobre os valores
universais como paz, amor, família, solidariedade.
3. É ciências da religião, né?
4. Não vejo problema nisso, por que o ensino religioso não é uma
matéria que o aluno tem dificuldade em aprender.
5. Não.
Professor de 31 anos, formado em história pela Universidade Federal
do Pará e que ministra aulas há 6 anos, possui uma crença independente
de religiões.
Professor 5
1. É importante sim, existem muitas coisas que a escola fecha os
olhos, e o ensino religioso deve abrir, como as drogas, a
prostituição, a violência. Acho importante a gente falar mais de
Jesus, não pra converter, mas por que ele é um símbolo de paz,
amor, os ensinamentos dele tem tudo a ver com o que a gente
precisa pra nossa vida.
2. A vida de Jesus interessa a todos, assim como a páscoa, o natal,
a bíblia que é o livro mais lido no mundo, isso não pode passar
despercebido na escola.
3. Teologia, pastores e padres.
4. Acho que deus não deveria ser opcional, deveria ser obrigatório
para todos.
5. Sim.
Professora de Inglês, 43 anos, casada, dois filhos, é da Assembleia
de Deus e leciona há 15 anos.
Todas estas entrevistas nos levam a crer o quão devassado está o
conceito de ensino religioso dentro da cabeça dos próprios diretores,
professores e da comunidade escolar em geral, ao menos na escola em
que atuo. Podemos perceber que a maior parte dos pensamentos é de que
o ensino religioso é uma espécie de disciplina transversal, que ela não
possui uma epistemologia própria e nem uma referencial nacional, e
404
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405
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Considerações Finais
Não se pode culpar a disciplina, mas sim os responsáveis pela
educação pública que se ausentam da responsabilidade sobre a
justificativa de não intervir na formação religiosa de professores e
educandos na sociedade. Eis um dos maiores desafios dentro da
disciplina, deixar de ser vista como formação religiosa. O modelo das
ciências da religião propõe uma formação que adeque o pensamento do
cidadão para viver a diversidade religiosa e que mudanças de atitudes
discriminatórias aconteçam em todas as modalidades da sociedade, o
ensino religioso possui esta força de mudança, entretanto, diante de tantos
desafios, é necessário que haja vontade de transformação, e que todos
estes desafios sejam superados.
Os problemas do ensino religioso não se resolvem com sua
exclusão, mas sim com uma nova forma de pensar esta área de
conhecimento, a exclusão da disciplina do currículo brasileiro significa que
a educação brasileira não considera a diversidade religiosa significativa na
sociedade, quando sabemos que a religião é fator determinante na política,
nos temas tabus, em todas as esferas da sociedade, na exclusão de
pessoas, ou em alguns casos na liberdade de expressão e de culto, na
mudança de costumes de uma sociedade, na própria esperança de
cidadãos que vivem na linha da pobreza (fenômeno neopentecostal da
prosperidade) e que muitas vezes resultam em fundamentalismos e acaba
acontecendo o inverso de paz entre os seres humanos. O ensino religioso
415
FONAPER
Referências
416
ENSINO DO FATO RELIGIOSO: CONHECIMENTO PARA A
ACEITAÇÃO DO DIFERENTE
Resumo
Esta comunicação apresenta os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado sobre o
Ensino Religioso na Escola Pública, com um estudo de caso do projeto do Paraná. Dentre
os diversos modelos de ensino religioso nas escolas públicas adotados no Brasil,
destacaremos aquele que se aproxima muito do que Régis Debray chamou de ―ensino do
fato religioso‖. Que papel pedagógico exerce este modelo, tornando esta área de
conhecimento epistemologicamente possível, necessária e até indispensável no currículo
escolar? Essa parece ser a questão que deve ser enfrentada. Nossa hipótese é de que este
modelo de ensino religioso assume um papel fundamental para o reconhecimento da
diversidade e da afirmação do respeito para com o outro, principalmente frente ao
crescimento dos mais diversos fundamentalismos, contribuindo para a aceitação do
diferente, no contexto de uma educação focada na solidariedade.
Introdução
Propomo-nos nesta comunicação apresentar os resultados parciais
de uma pesquisa de doutorado sobre o ensino religioso na escola pública,
com um estudo de caso do projeto do Paraná. Iniciaremos fazendo uma
rápida resenha das vertentes ou modelos de ensino religioso adotados nas
escolas públicas do Brasil. Esta diversidade se explica pela própria
legislação, no caso a LDBEN (Lei 9394/96), que liberou aos sistemas de
ensino decisões sobre questões cruciais como objetivos, conteúdos,
avaliação e formação de professores.
Focaremos mais aquele modelo que procura ser aconfessional e não
proselitista, como transposição didática da(s) Ciência(s) da Religião para
os currículos escolares, muito próximo do que Règis Debray sugeriu para a
França, o ―ensino do fato religioso‖ em vez do ensino religioso.
Entendendo ser esta uma possibilidade ainda bastante complexa e
1
José Antonio Lages é mestre em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP)
e doutorando em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo
(UMESP). É membro do grupo de pesquisa Memória religiosa e vida cotidiana:
interpretações historiográficas e teológico-literárias coordenado pelo Prof. Dr. Lauri
Emilio Wirth. E-mail para contato: professorlages@gmail.com
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filosoficamente ateia e/ou agnóstica, seja pela sua clara origem ideológica
marxista, começa-se a esboçar outra visão sobre o ensino religioso na
escola pública. Régis Debray, por exemplo, nos traz uma posição bastante
surpreendente, vinda de quem vem. Interessante relatório seu, de 2002,
propôs o ensino ―do fato religioso‖ ou ―do religioso‖ (l‘enseignement du
religieux) em vez do ensino religioso na escola pública francesa, buscando
uma aproximação ―descritiva, factual e nocional‖ das religiões em sua
pluralidade, sem privilégios e exclusividades. A preocupação de Debray,
ao fazer esta proposta, era com a ―incultura religiosa‖ dos estudantes das
escolas públicas de seu país, decorrente principalmente da ruptura das
identidades religiosas herdadas o que dificulta, para ele, a formação geral
dos estudantes.2
Sua proposta se aproxima do projeto do sistema estadual de ensino
do estado de São Paulo que nunca foi plenamente executado. O seu
encaminhamento não se daria através de uma disciplina específica, mas
através da ampliação do âmbito das disciplinas já existentes como
Filosofia, História, Geografia e Línguas. Os professores receberiam uma
preparação específica para ampliar a sua competência no manejo dos
assuntos relacionados à religião. Não há nesta proposta nenhuma ruptura
com a laicidade do Estado, na visão de Faustino Teixeira:
2
Sempre existiram crises de transmissão que hoje assumem, no entanto, uma mudança
profunda de natureza. Hoje elas são lacunas que representam verdadeiras rupturas
culturais que atingem a identidade social, a relação com o mundo e a capacidade de
comunicação dos indivíduos. Observa-se um remanejamento global das referências
coletivas, rupturas da memória (as sociedades atuais são cada vez menos sociedades
de memória e cada vez mais sociedades do imediatez), reorganização de valores que
questionam os próprios fundamentos dos laços sociais. E a religião, por mais que não
seja percebida, está no centro de todo este processo que é social, religioso, mas,
sobretudo, existencial.
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3
Danilo R. Streck é doutor em Fundamentos Filosóficos da Educação pela The State
University of New Jersey, Estados Unidos (1977) e professor titular da Universidade do
Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS), Brasil. Streck defende uma modalidade
de Ensino Religioso na escola pública que não é propriamente a que nós defendemos,
mas que tem uma larga tradição em alguns círculos ecumênicos, principalmente no Rio
Grande do Sul e que constitui hoje uma das referências principais nos encontros
acadêmicos sobre o tema.
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4
Existem fortes correlações existentes entre a ―volta do diabo‖ promovida por alguns
grupos fundamentalistas e as diversas modalidades de demonização do outro através
das quais se expressa em outras formas, não mais racionais, mas socialmente mais
perigosas, o sentimento de não se ter nenhuma responsabilidade pessoal no mundo
como ele é, nenhuma capacidade de agir sobre o seu futuro (a culpa é do diabo...).
5
Jorg Rieger é professor de Teologia na Perkins School of Theology (SMU). Ele aborda
geralmente em seu trabalho a relação entre política, a economia e a nossa atual crise
de uma perspectiva bíblica e teológica. Por mais de duas décadas Jorg Rieger se
esforça para reunir a teologia e as lutas por justiça e libertação que marcam nossa
época. Seu trabalho enfatiza a importância da teologia para a vida pública, utilizando
ferramentas de estudos culturais, teoria crítica, e estudos religiosos, e refletindo sobre o
abuso de poder em política e economia.
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Considerações finais
Duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADINs) sobre o ensino
religioso na escola pública estão para ser julgadas pelo Supremo Tribunal
Federal: a de nº 4439, focada na questão do Acordo Brasil-Vaticano, já
aprovado pelo Congresso (o que tem força constitucional) e a de nº 3268
sobre o ensino religioso confessional instituído nas escolas públicas do
estado do Rio de Janeiro. Vê-se, então, que se trata de uma questão
política relevante e que traz várias outras implicações para a sociedade
brasileira.
Mas a questão fundamental é: há necessidade de uma disciplina
tradicionalmente chamada de ensino religioso na escola pública? Este
trabalho pretendeu, na verdade, iniciar uma discussão que busque dar
uma resposta, ainda que parcial e provisória, a esta questão. Entendemos
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Referências
SUNG, Jung Mo. Educar para reencantar a vida. Petrópolis: Vozes, 2006.
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POR UM ENSINO RELIGIOSO NÃO RELIGIOSO: DESAFIOS NO
CONTEXTO ESCOLAR
Resumo:
Ensino Religioso: área do conhecimento, que visa assegurar o respeito à diversidade
cultural religiosa brasileira pautando-se no estudo do Fenômeno Religioso e vedando-se
quaisquer formas de proselitismo (Cf. art. 33 LDB/1996). Diante dessa nova proposta
vislumbramos inúmeros avanços significativos que foram tecidos/elaborados para a
identidade do componente Ensino Religioso, mas, ao mesmo tempo, identificamos que
diante da insuficiência de profissionais habilitados para atuar no espaço escolar bem como
o imaginário de que Ensino Religioso é aula de religião e/ou valores humanos, muito se tem
a fazer no contexto atual para que as crianças brasileiras tenham a garantia de um Ensino
Religioso não religioso. Por isso, nos dispomos a relatar a prática pedagógica utilizada nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental em uma escola municipal de Faxinal dos
Guedes/Santa Catarina, em que as aulas de Ensino Religioso buscam propiciar a partir de
diálogos, interações e mediações, a compreensão sobre a pluralidade cultural religiosa
existente e importância das práticas alteritárias para a (con)vivência entre e na diversidade.
1
Acadêmica do Curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina –
UNOESC Xanxerê. E-mail: danielacrusaro@hotmail.com.
2
Graduação no Curso Ciências da Religião - licenciatura em Ensino Religioso pela
Unochapecó (2012) e História pela Unoesc - Xanxerê. Professora de Ensino Religioso
da Rede Pública Estadual de Santa Catarina e Vice-secretária da Associação dos
Professores de Ensino Religioso do Estado de Santa Catarina – ASPERSC, Gestão
2011/2013. E-mail: josicrusaro@yahoo.com.br.
3
Acadêmica do Curso de Pedagogia - UNIGRAN. Professora do Ensino
Fundamental/Séries Iniciais da Rede Municipal de Ensino de Faxinal dos Guedes/SC. E-
mail: lindamircrusaro@hotmail.com.
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a maioria dos docentes foi formada por uma escola centrada nos
conhecimentos e sente-se a vontade nesse modelo. Sua cultura e sua
relação com o saber foram forjadas dessa maneira, e eles
aproveitaram tal sistema, pois seguiram uma longa escolaridade e
foram aprovados nos exames com sucesso.
Por sua vez, o autor e educador Rubem Alves (1994, p. 12) nos faz
refletir sobre a vitalidade da educação e (re)lembra que, infelizmente, a
mesma ―[...] fascinada pelo conhecimento do mundo, esqueceu-se de que
sua vocação é despertar o potencial único que jaz adormecido em cada
estudante‖, estando o educador incumbido de resgatar e proporcionar o
prazer pelo aprender.
Alves segue ainda relatando que ―o prazer é uma experiência
qualitativa. Não pode ser medido. Não há receitas para suas repetições.
Cada vez é única, irrepetível‖, no processo ensino-aprendizagem; daí o
desafio constante de aproximar saber e sabor, aprendizagem e
encantamento, conhecimento e alegria (1999, p. 125).
E diante desse olhar, não podemos esquecer que embora cada
professor educador contribua na autonomia, aprendizagem e criticidade do
sujeito estudante, a escola precisa, urgentemente, ser ambiente/local:
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Considerações finais
Poder sorrir, encantar-se, emocionar-se, sonhar, acreditar... Só quem
é feliz sabe o que é felicidade! Por isso, lembramos os bons momentos
que vivemos, aprendemos e construímos. Juntos, unidos, distantes, mas
interligados pela mente, pelo desejo de aprender.
Só quem vive essa sensação sabe explicar o quão importante é ter a
garantia de um Ensino Religioso não religioso no espaço escolar, que
provoque para o contato, convívio, diálogo, escuta e respeito entre as
diferentes culturas que constituem nosso planeta.
Um Ensino Religioso que nos propunha refletir também sobre o
cuidado com a natureza, espaço sagrado/vital para nossa vivência/
existência que apela para a urgência das práticas alteritárias, da atenção e
responsabilidade para com os seres vivos.
Poder vislumbrar horizontes, olhar a partir de diferentes perspectivas,
caminhar novos percursos... Desafios esses que nos tornam sujeitos
humanos/cidadãos e nos sensibilizam para a vivência na diversidade que é
imensa e embeleza o planeta Terra. Portanto lembremos: As sementes de
esperança e mudança já estão lançadas! Estejamos unidos para, em
breve, colhermos os bons resultados!!
Referências
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ALTERIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA:
REFLEXÕES SOBRE O SER HUMANO
Leonel Piovezana2
Resumo:
O trabalho tem por objetivo apresentar algumas reflexões e atividades sobre a alteridade e
diversidade cultural religiosa do ser humano. Ao trabalhar culturas, tradições religiosas,
reflexões de alteridade na disciplina de Ensino Religioso no Ensino Fundamental de uma
escola pública do município de Chapecó-SC, oportunizamos aos educandos o
reconhecimento e o respeito às diversidades individuais no ambiente escolar e na
sociedade. Ao direcionarmos nosso olhar para os sujeitos em formação observamos a
existência de vários estudos que apontam para a inclusão social e a valorização dos
indivíduos nas diversas disciplinas do currículo escolar. Ademais, procuramos estabelecer
pensamentos relevantes para a melhor compreensão da diversidade religiosa e cultural
existente no Brasil, destacando a inclusão social que está em evidencia nos dias atuais e
em todas as camadas da sociedade que abrange. Não haveria exagero em se afirmar que,
a religiosidade é plural e diversificada, e esta se apresenta nas matrizes religiosas
estudadas em sala de aula pelo professor de Ensino Religioso. Cabendo ao mesmo evitar o
proselitismo e possibilitar através dos estudos sobre a religiosidade brasileira que os
educandos possam se reconhecer como um ser único e diferente, para que o mesmo faça
tal reconhecimento em relação ao outro. Apresentamos assim, alguns elementos da cultura
e tradição religiosa pluralista brasileira. Através da atividade desenvolvida com os
educandos em sala de aula com o conceito essencial: Ser humano, Alteridade e
diversidade cultural religiosa, com o título: Eu sou eu! Que Legal!, obtêm-se uma
experiência única e satisfatória quando os educandos assimilam e compreendem a
alteridade, a coexistência, a inclusão e o (re)conhecimento da diversidade brasileira que
manifesta-se através da religiosidade das diferentes matrizes religiosas que trazem em seu
bojo os diferentes fenômenos religiosos que enriquecem a cultura brasileira.
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qual o mesmo está inserido, desta forma quando olhamos o lado espiritual,
valorizamos também o lado ético/moral, que não está incluído nos bens
materiais. Ter um olhar de sensibilidade com relação ao outro é
literalmente arrancar do meu Eu interior o egoísmo de que o mundo não
gira somente em torno de nós mesmos. Mas existe um colorido de valores
e significados que podem mudar o mundo, quando notados e valorizados
com respeito e dignidade no qual foram concebidos pela humanidade
conforme suas culturas e tradições que abarcam também os fenômenos
religiosos.
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e com mais conforto tem tomado o tempo e a atenção dos pais para com
seus filhos, que estão sendo educados por jogos eletrônicos de todas as
formas - o problema é que estes jogos eletrônicos, em sua maioria, vêm
instigando a violência, a criminalidade, o preconceito e uma vida
desregrada, com poucos objetivos e sensibilidade para com o Outro,
tornando nossas crianças e jovens em futuros adultos egoístas que não
buscam um relacionamento pessoal com o Outro, pois o sistema de
informação na qual vivemos hoje tem levado nossas crianças a um
relacionamento virtual e sem contato pessoal, logo é difícil que a criança
consiga envolver-se com o Outro de uma forma saudável, onde se possa
identificar o Outro como um ser que tem seus valores morais/éticos,
costumes e tradições religiosas diferentes da nossa, mas que tem sentido
de vida para o mesmo.
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nos desenhos, porém salientamos que apesar das diferenças entre eles
todos eram patos.
Logo após o diálogo, foram coladas palavras de diferentes
significados, tais como: feio, bonito, preto, branco, bondade, maldade,
amor, ódio, paz, guerra, pequeno, grande, triste e alegre. E salientamos
que no mundo onde vivemos, essas diferenças existem e, o que, para um
é feio, para o outro, pode ser bonito e, assim com todas as demais
palavras. Logo que os educandos perceberam as palavras que estimulam
a guerra, o ódio e o preconceito perguntaram por que elas estavam no
lago, e com a explicação de que no mundo existem tais ações humanas,
os educandos tiveram a concepção de que as mesmas não deveriam fazer
parte do mundo na qual nós vivemos então as mesmas foram riscadas
como forma de protesto e indignação, pois a agressividade e o negativismo
não deveriam fazer parte do nosso mundo de inclusão e reflexão sobre a
alteridade e diversidade cultural.
Com os educandos entendendo sobre as questões da alteridade da
diversidade e da inclusão social trabalhamos com eles a dinâmica - A
dança das cadeiras: organizamos as cadeiras em círculos, três a menos do
que o número de crianças. Ao som de uma música, eles dançaram ao
redor do círculo, ao parar a música, todos disputaram uma cadeira. Os três
que ficaram de fora saíram da brincadeira e assim sucessivamente até que
restaram apenas três crianças.
Ao passo que as crianças iam saindo da brincadeira as mesmas
receberam um canetão para que eles escrevessem o nome em cartazes,
estes continham um desenho de carinhas de sentimentos, para que
pudessem expressar os sentimentos no ato da exclusão da brincadeira,
essas carinhas expressavam seus sentimentos em forma de desenho em
semblantes de alegre, triste, enraivecido, temeroso ou sereno. Após a
brincadeira concluída, abriu-se um momento de diálogo para que cada
criança explicasse o motivo do sentimento que a mesma escreveu seu
nome no semblante dos sentimentos. Todos puderam expressar seus
sentimentos, alguns com exaltação por terem sidos excluídos, outros
entristecidos e os que ficaram indiferentes puderam colocar suas
sugestões com relação à brincadeira, o momento foi tenso para algumas
crianças, pois a sensação de perda para alguns não foi agradável, o
sentimento de fracasso de derrota instigou o lado mais sombrio de
algumas crianças, estas expuseram vários motivos de sua perda, bem
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no mundo também tem lugar para os que não crêem em nada, e que cada
um tem direito de ter ou não uma religião.
Após apresentarmos para os alunos um slide, mostrando como
algumas religiões expressam-se em reverência ao seu Deus. O objetivo foi
mostrar que, cada povo e cultura religiosa, têm sua maneira e forma de
expressar-se ou de comunicar-se com seu Deus e assim, devemos
respeitar as diferentes formas de expressão ou comunicação com Deus.
Portanto, assim como o Patinho Feio era diferente dos demais animais da
fazenda, existem formas e religiões diferentes da nossa e; nem por isso,
essas se tornam feias ou más, mas devemos respeitar, por que dentro da
sociedade em que vivemos, temos semelhanças, mas temos diferenças na
forma de crer e adorar Deus ou Transcendente.
Como forma de avaliação e entendimento foi entregue para os
educandos uma atividade, onde cada criança deve ligar a figura
apresentada à religião correta. Fixando melhor o conhecimento adquirido
através do slide ―As diferentes formas de comunicação com Deus‖.
Foi dialogado com as crianças que, todos somos seres humanos
respiramos o mesmo ar, compartilhamos a mesma luz solar, chuva, os
benefícios alimentícios e outros que a terra produz, porém, somos
semelhantes e ao mesmo tempo diferentes em cor de cabelo, olhos, pele,
estatura, homem, mulher, pensamentos e da mesma forma vemos e
conhecemos ―Deus‖ que pode ser o mesmo mas que vemos de forma
diferente, logo podemos dizer. EU SOU EU, QUE LEGAL! Por que
ninguém é igual ao outro. Valorizando assim a si mesmo e o outro como
ser humano único e específico que não pode ser substituído por ninguém.
Ao finalizar o trabalho, tivemos a oportunidade de montar uma sexta
de balas de frutas, com cores diferentes e sabores diferentes, que foi
entregue a cada educando, mostrando que assim como as balas são do
mesmo tipo, ou seja, da mesma essência doce, as mesmas podem
apresentar formas, sabores e cores diferentes e que, apesar das
diferenças, a essência e o sabor são agradáveis. Portanto, o diferente só é
diferente e insípido quando a gente quer. No fim da atividade desenvolvida
com os educandos, foi tocando a canção ―Iguais‖ o que oportunizou que os
mesmos pudessem refletir mais uma vez sobre a alteridade e a
diversidade cultural religiosa bem como a reflexão sobre o ser humano.
Assim pudemos mais uma vez dialogar sobre a experiência de como
nos sentimos quando nos deixam de fora e não há lugar para nós? E
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quando deixamos outras pessoas fora? Será que pensamos nos outros em
determinados momentos, ou pensamos somente em nós? Concluindo que
cada pessoa é única e existe para ser amada, para ser feliz, para amar e
fazer os outros felizes, e que é possível superar as diferenças sem ser
preconceituoso em uma vivencia de alteridade e coexistência, pois, no
mundo que é a fazenda, existe lugar para todos mesmo que este seja o
―Patinho Feio‖, pois em um determinado momento de nossa vida
encontramos nosso lugar, bem como o Outro, sem tirar o direito de
ninguém. Podemos dizer que todos nós temos muitas qualidades e somos
pessoas belas e importantes em sua forma diferente de ser e de viver a
vida que é colorida quando a mesma é respeitada, deste modo
aprendemos que as religiões ensinam que todas as pessoas merecem
amor e respeito por suas diferenças.
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que, está carregado de diferenças em sua vida bem como a fé, o Deus que
adora, o dialeto, a roupa, a culinária, e suas ideologias.
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Considerações Finais
O desenvolvimento da atividade com a turma ocorreu de acordo com
o projeto, consideramos que as atividades e linguagem foram adequadas.
Aprendemos que praticar a docência é um desafio e nos arremete à
importância de saber trabalhar com os educandos de forma que possamos
prender a atenção dos mesmos em um assunto que lhes chame a atenção,
aprendemos, portanto, como é importante ensinar sobre a diversidade
cultural e os fenômenos religiosos na alteridade através da coexistência
em um mundo de diversidade que abarca o fenômeno religioso, na
formação de cidadães que promovam a liberdade de consciência e de
crença, ensinar a convivência na perspectiva dos direitos humanos, foi um
desafio.
Sabemos que contamos com pouco material didático, e as
elaborações das atividades é um desafio e uma realização para cada
etapa, a colaboração dos educandos sempre é muito importante para que
se possa alcançar os objetivos propostos nas atividades, portanto,
poderíamos contar com, mais recursos audiovisuais, além de material
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Referências
Jornal Comunicação
<http://www.jornalcomunicacao.com/Secoes.asp?Pagina=5&Act=Proxima&
Secao=133> Acesso em 05/11/12
Regador <http://regador.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html>
Acesso em 05/11/12.
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463
A QUESTÃO ATUAL DO ENSINO RELIGIOSO COMO CAMPO
DISCIPLINAR: UMA PROPOSTA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA
A COMUNIDADE ESCOLAR
1
Mestra em Educação pela UNISANTOS. Pesquisadora Associada da Fundação Carlos
Chagas, participando do CIERS-Ed (Centro Internacional em Representações Sociais e
Subjetividade – Educação). E-mail: tspacheco@uol.com.br.
2
Especialista em ―Propedêutica às Ciências Sociais‖ pela Fundação Educacional –
Coordenação de Extensão e Pós-Graduação CESSU. E-mail:
neusatrindade@hotmail.com.
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Introdução
A hipótese de que a Comunidade escolar necessita de uma
conscientização a respeito da área Ensino Religioso (ER) na escola
pública tem como justificativa os desafios que se têm enfrentado e, que em
última instância, dificulta a boa implementação deste ensino nas escolas
públicas brasileiras. Acredita-se que a aproximação de todos os atores
escolares no conhecimento da relevância do ER como possibilidade de
ganho intelectual ajudaria a gerar uma nova interação escolar no sentido
de envolver outras disciplinas e, também, de valorizar a diversidade
religiosa construindo, assim, uma cultura de alteridade. Os alunos ao
aprenderem sobre temas, fatos religiosos no contexto da história da
civilização em que se tratam as diferentes culturas religiosas e suas
características podem, dentro desta lógica, fazer um paralelo com o que
ocorre na sociedade, na sua família e consigo mesmo. Nesta
intercomunicação, eles podem compreender a disciplina ER como
ferramenta de diálogo ao observar as intertextualidades que o tema
religião propicia nas obras de arte, na música, na arquitetura, na própria
organização sociopolítica do Brasil.
Hoje, encontra-se no sistema educacional um quadro de
desigualdade no funcionamento desta disciplina com abrangência em nível
nacional, estadual e municipal, o que dificulta a construção de sua
identidade. Estudiosos desta área (JUNQUEIRA, 2002; OLIVEIRA, 2006)
têm apresentado pesquisas que mostram essas discrepâncias.
Uma tentativa de explicar tal situação é pautando-se primeiro na
legislação: a) Constituição Federal (CF) artigo 210, que aplica o caráter
laico e facultativo para a educação religiosa na escola pública; b) LDBEN
9394/96 artigo 33 sob a redação da Lei 9475/97 que coloca este ensino
como ―parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina
nos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental...‖; c)
Resolução CEB 02 de 2 de abril de 1998 que insere a disciplina ER não na
base diversificada que é voltada para temas transversais (saúde,
sexualidade, trabalho, meio ambiente, entre outros), mas a situa como
área de conhecimento onde compartilham as disciplinas convencionais -
Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Biológicas, entre outras.
Percebe-se que a disciplina ER instalada como área de
conhecimento, mas atrelada ao caráter facultativo traz uma intrínseca
incoerência, pois ela é a única disciplina que não exige participação
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Aportes teóricos
Para identificar as representações que os professores possuem
sobre E R, a Teoria das Representações Sociais - TRS desenvolvida por
Serge Moscovici (1971) vem contribuir na medida em que ela desvela
concepções, sistemas de valores, significados construídos pelos sujeitos.
As representações sociais são conhecimentos do senso comum.
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Portanto, uma das características da TRS pode ser entendida como ―um
processo cognitivo em que o sujeito se apropria da realidade em construção
para integrar ao seu sistema de valores‖ (JODELET, 1994). Esta teoria
permite interpretar os fatos porque ela tem o papel de orientar
comportamentos, atitudes e práticas sociais. Assim, este estudo, contou com
a participação de professores do EFII em uma pesquisa de Mestrado
(PACHECO, 2012) com o objetivo de conhecer as representações que esses
têm sobre ensino religioso. Uma análise do instrumento metodológico
Associação Livre de Palavras - ALP realizado com 53 sujeitos do EFII revelou
onde provavelmente estas compreensões estão ancoradas.
Uma dessas ancoragens pode estar presente no percurso histórico
do ER no Brasil. Sabe-se que a religião no contexto sociopolítico
representado nas Constituições Republicanas Brasileiras - CF1824; CF
1891; CF1934; CF1937; CF1946; CF1967; CF1988 – é um dos tópicos
debatido calorosamente desde a cisão entre a Igreja e o Estado. Esse
ensino no Brasil-colônia gozava da hegemonia cristã católica apostólica
romana e, portanto, a orientação era catequética e doutrinal. Porém, de
ensino da religião para ER laico, as mudanças se deram ao sabor dos
interesses políticos tal que em 30 de abril de 1931, pelo decreto nº 19.941,
o Governo de Getúlio Vargas, instituiu o Ensino Religioso nos cursos
básicos com exigência da justificação pelo aluno por sua opção facultativa.
As CF. 1934 e a CF. 1946 incluíram no artigo 153 e artigo 168,
respectivamente, um ensino que respeitasse a confissão religiosa do
aluno. No período ditatorial militar (1964-1985), também se manteve estas
prescrições para o ensino religioso relativizando, assim, a condição de
Estado laico. O que a História constata é que o enfoque para um Ensino
Religioso disciplinar definitivamente laico apoia-se na CF 1988 e nas Leis e
Diretrizes e Bases 4024/61, 5692/71 e a 9.394/96. Esta última, em seu
artigo 33 aprimorou-se com a redação de 22 de julho de 1997 sob a Lei
9.475/97:
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b) as áreas de conhecimento:
1. Língua Portuguesa
2. Língua Materna, para populações indígenas e migrantes
3. Matemática
4. Ciências
5. Geografia
6. História
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7. Língua Estrangeira
8. Educação Artística
9. Educação Física
10. Educação Religiosa, na forma do artigo 33 da Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996.
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Proposta pedagógica
A ideia de elaborar uma proposta, com tal objetivo, tornou-se
premente frente à realidade retratada nas alegações acima sobre os
percalços que têm acompanhado a implantação do ER nas escolas
públicas. Ela deve ser direcionada aos professores, gestores, funcionários,
alunos e pais, imbuídos do propósito de um envolvimento responsável em
relação ao tema em si.
Por meio da realização de vários encontros tendo em vista as
diferentes posições dos pares que compõem a unidade escolar, optou-se
pela seguinte logística de distribuição, a qual se constituiria em vários
momentos:
- 1º momento: um encontro entre os professores de ER onde irão
discutir os PCNER1995 e demais materiais concernentes que tratam dos
conteúdos dessa disciplina com vistas a um trabalho interdisciplinar
abrangendo áreas afins para favorecer a integração de conteúdos.
Esse encontro poderá se prolongar mais do que os outros, uma vez
que estes profissionais é que estarão diretamente ligados ao trabalho, com
o ensino propriamente dito.
Todavia, é muito importante que os gestores (administrativo/
pedagógico) participem de todas as etapas, pois serão os facilitadores da
desburocratização dando apoio para essa nova e dinâmica visão de prática
escolar. Sabe-se que muitas variáveis interferem na condução de trabalhos
de vanguarda na escola, exigindo, inclusive, mudança na estrutura física e
adaptação do layout tradicional de cadeira uma atrás da outra para outras
disposições mais ―dialógicas‖. Ainda por serem os coordenadores desta
proposta, os professores de ER terão que ter bem claros os conceitos
estruturantes dessa disciplina para poderem intercambiar com os das
outras áreas afins.
Em termos ideais, esse trabalho deveria ser desenvolvido com todas
as áreas do conhecimento, pois é para o aluno que está na ponta do
sistema educacional que são envidados todos os esforços pedagógicos,
administrativos e legais. Enfim, tudo isso só fará sentido se o acesso à
reelaboração e produção do conhecimento pelo aluno permitir uma
compreensão mais globalizada do mundo no lugar de um ensino de
disciplinas estanques e sem comunicação que produz fragmentação do
saber de tal forma que o ensino tem se tornado sem significado e
desinteressante.
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gente não tem mais a sensação de estar cercada pelo invisível. Nossa
cultura científica nos educa para que concentremos nossa atenção no
mundo físico e material que está diante de nós‖.
3° momento: um encontro dos professores de ER com os pais dos
alunos. A presença dos demais professores seria interessante porque
demonstraria uma escola comprometida com a formação do aluno.
Esse encontro, por tratar de uma linguagem não acadêmica, pode
iniciar o diálogo a partir de um ditado popular. É muito comum ouvir:
―Religião e Política não se discutem‖. Este seria um bom tema como
sugestão para debate com os pais na expectativa de apontar as ideias
estereotipadas existentes em torno dessa disciplina. Sob a coordenação
dos professores de ER, os pais seriam encorajados a colocar suas
impressões com relação ao ER na escola.
O intuito, nesse momento, é perceber os níveis de aceitação e/ou
resistência dentro da disciplina ER, e em seguida os professores exporiam
o que preconiza a legislação atual do ER.
Considerações finais
Essa proposta de conscientização é audaciosa no sentido de propor
mexer na infra (física) e super (mental) estrutura da escola, descentralizar
o poder escolar propiciando uma experiência efetiva de autonomia dos
próprios sujeitos. Essa ousadia envolve muito mais competência, expõe
os pontos nevrálgicos da escola, valoriza a cooperação, resgata a
dimensão mais totalizadora do conhecimento, protagoniza o diálogo
dinamizando a comunicação, e dá mais significado ao conteúdo escolar.
Os ―Encontros‖ como estratégias de trabalho são importantes na medida
em que se abre um espaço de interlocução entre os participantes para que
as visões e os estereótipos, sejam aos poucos desconstruídos.
O que deve estar subjacente em todas as discussões, nesses
encontros, é o como proceder às mudanças necessárias diante do quadro
atual com suas contradições já diagnosticadas. Com referência à situação
legal, hoje o ER tem o seu lugar na Escola como componente curricular,
porém com opção facultativa para os alunos, deve ser laico e respeitar a
diversidade religiosa dos alunos e ministrada uma aula, uma vez por
semana, na maioria das escolas. Em face disso, cada sistema de Ensino
irá deliberar e formular seus conteúdos disciplinares.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
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FONAPER
478
O ATEÍSMO NAS AULAS DO ENSINO RELIGIOSO
Resumo:
Este artigo aborda a problemática da falta de materiais didáticos que apresentem conteúdos
referentes ao tema relacionado ao ateísmo durante as aulas de Ensino Religioso. Sabe-se
que assim como se deve respeitar a opção religiosa dos sujeitos, é preciso o respeito aos
sujeitos não-religiosos considerados ateus e ateias que frequentam as aulas desta
disciplina. Este trabalho teve como objetivo geral verificar se existem materiais didáticos
que abordem o conteúdo voltado para o ateísmo em escolas públicas nas quais os alunos
da graduação em Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba- UFPB
realizam estágio. E, como objetivo específico, levantar a existência de alunos ateus/ateias
nessas escolas. Este trabalho faz parte de outra pesquisa maior que é de campo,
quantitativa e qualitativa, cujo procedimento metodológico foi por meio de um questionário
semiestruturado e com uma questão do teste de Associação Livre de Palavras de Coutinho
(2003). Os resultados mostram que existem alunos ateus/ateias nas escolas envolvidas e
na grande maioria delas não existem materiais didáticos que abordem o tema ateísmo.
Introdução
Atualmente se tem consciência da diversidade de alunos (as)
religiosos (as) e não-religiosos (as) que ocupam as escolas públicas do
Brasil. Existem vários projetos de Leis como é o caso da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB) que declara o respeito e inclusão das
características da diversidade cultural do povo brasileiro.
O Ensino Religioso é a disciplina que trabalha diretamente com as
questões que giram em torno dos fenômenos religiosos e
consequentemente o ateísmo. Já existem Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNER), criados pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino
Religioso (FONAPER), que tenta abranger esta pluralidade religiosa dos
alunos (as). Devido à credibilidade do FONAPER esta proposta vem sendo
usada como base para os cursos superiores de formação de professores e
na construção do currículo escolar do ER. (BRANDENBURG, 2004, P.62)
Junqueira (2012) defende que o ER deve abordar a questão religiosa
a partir da Ciência da Religião, segundo ele, só assim será possível
1
Pedagoga e mestranda da pós-graduação em ciências das religiões na Universidade
Federal da Paraíba- UFPB. E- mail: narjaralins@hotmail.com
FONAPER
O Ateísmo na Antiguidade
Na Antiguidade os Gregos e Romanos também viviam num ambiente
em que havia templos por todo o lado, os deuses adoravam as suas
moedas, o calendário ia de festival em festival religioso e os ritos religiosos
seguiam todas as grandes transições da vida. Por esse motivo, o ateísmo
nunca se tornou uma ideologia popular. (BREMMER, 2010, p.19)
O foco de ateísmo que existia nesta época, eram indivíduos
excepcionais que se encorajavam a dar voz a sua descrença, ou filósofos
corajosos que propunham teorias intelectuais sobre a origem dos deuses
sem que, normalmente, pusessem as suas teorias em prática e sem que
rejeitassem completamente as práticas religiosas. O que existia era um
ateísmo ―frouxo‖ ou a imputação de ateísmo aos outros para desacreditar.
(BREMMER, 2010, p.19-20)
472
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
O Ateísmo na Modernidade
Na modernidade, período que predomina o ―desejo de um domínio
omniabarcante da realidade por meios racionais e\ou científicos‖ o teísmo
(a crença em deus) vai se perdendo, dando lugar ao ateísmo que passa a
ser uma característica desse período, estimulando os novos filósofos a
defenderem a necessidade de deixar para o passado os ideais culturais
religiosos até agora firmados. (HYMAN, 2010, P.40)
O termo ―ateísmo‖ vai sendo definido com menos limitações, como a
―crença de que Deus não existe‖, porém o entendimento desse conceito
vai depender da concepção de teísmo que se tenha. O que significa que
existirão tantas variedades de ateísmo quantas as variedades de teísmo.
Isto é, o ateísmo será sempre uma negação de uma forma particular de
teísmo. (HYMAN, 2010, P.41)
Mais especificamente o termo ateísmo neste período, se
caracterizava mais como uma negação da intervenção da providencia
divina e não uma negação da existência de Deus, ou seja, se assemelhava
a heresia e não uma negação sem rodeios do teísmo. Porém, esse
significado rapidamente vai se moldando e ficando cada vez mais parecido
com a definição que nos é mais familiar. Devido ao crescimento do
ateísmo a todos os níveis sociais, este ganha importância, não apenas de
todo um corpo de literatura, como também de políticas, sentenças judiciais
e preocupações sociais contra os ateus, pois estes passaram a ocupar o
centro da polêmica. O termo ―ateísmo‖ que até então era usado como uma
forma de acusação, só vem a surgir como termo de autodefinição, uma
declaração da nossa própria crença (ou ausência dela) no século XVIII
entre os intelectuais parisienses. (HYMAN, 2010, P.42)
Entre estes intelectuais, está Denis Diderot, o primeiro dos ateus,
não apenas cronologicamente, como também o primeiro e principal
defensor e influência. Seu argumento se baseava na física matemática de
Descartes e a mecânica universal de Newton. A partir daí, apresentou ―a
formulação inicial, mas definitiva‖ do ateísmo: ―o princípio de tudo é a
natureza criadora, a matéria na sua autoactividade, produzindo
eternamente toda a mudança e todo o desígnio‖. (HYMAN, 2010, P.43). O
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Ateísmo e Religião
De acordo com o argumento de Martin (2010, p.283), o ateísmo em
si não é uma religião. Porém, existem três religiões mundiais, isto é, o
jainismo, budismo e confucionismo, que são ateístas, ou melhor, a
negação da existência de um Deus teísta. O ateísmo não se opõe às
religiões teístas, mas depende do contexto histórico do qual foi construído.
Independente da definição dada ao ateísmo, este não tem as
exigências necessárias para ser uma religião, pois o ateísmo negativo, ou
seja, não ter uma crença em Deus ou em deuses, não tem qualquer uma
das características constitutivas de um conceito de religião. Já o ateísmo
positivo, ou seja, a crença de que não há Deus, nem deuses, de acordo
com algumas definições de religião também não é considerado uma
religião. (MARTIN, 2010, P.288)
De acordo com Martin (2010, p. 291), o argumento que o jainismo é
uma religião ateísta, não é totalmente verdade, pois este é ateísta apenas
em sentido restrito, devido aos seus deuses terem pouco poder e não
desempenhar qualquer papel no objetivo jaina da salvação. Ou seja, os
deuses poderiam ser eliminados do jainismo sem que se perda o essencial
desta religião. Então, apesar de o jainismo não ser considerado de fato
uma religião ateia no sentido lato, poderia ser ateia nesse sentido.
(MARTIN, 2010, P.291)
Já no caso do budismo, se existir realmente a crença nos deuses
devas, então este não é uma religião ateia no sentido lato. E apesar
desses deuses não terem um papel na via budista para a salvação,
encontrada nas Quatro Nobres Verdades e na Nobre Via Óctupla, faziam
parte da mundividência budista. Assim, como o jainismo, o budismo é uma
religião ateia positiva com base em argumentos racionais. Como se sabe,
a tradição intelectual budista faz uso de razões para não acreditar em um
Deus teísta. (MARTIN, 2010, P.295)
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Considerações Finais
Os resultados para as perguntas da pesquisa referentes à temática
deste artigo mostraram que existem sim alunos ateus/ateias nas escolas
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Referências
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POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO
RELIGIOSO NO ENSINO MÉDIO EM SANTA CATARINA
Resumo:
Trabalho realizado no âmbito do curso Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino
Religioso - PARFOR/UNOCHAPECÓ. Objetiva estudar a possibilidade de uma proposta
metodológica para o Ensino Religioso (ER) no Ensino Médio (EM). De início, busca-se uma
compreensão introdutória do EM e seus indicadores no estado nos últimos anos, bem como
do ER enquanto área do conhecimento e componente integrante da base nacional comum.
Após, faz-se um levantamento sobre a presença do ER na matriz curricular do EM em
Santa Catarina. Posteriormente, realiza-se análise da legislação, tais como LDB 9.394/96,
CONAE-2010, PNE 2011-2020, Resolução CNE/CEB Nº 4/2010, Resolução CNE/CEB Nº
2/2012, que permitem visualizar perspectivas didático/metodológicas para o trabalho com o
ER nessa modalidade de ensino e apontam possibilidades.
1
Graduado em Filosofia – UNOESC/SC; Graduado em Ciências da Religião –
UNOCHAPECÓ/SC; Especialista em Filosofia – CELER FACULDADES/SC;
Especialista em Gestão Escolar – UFSC; Mestrando em Educação UNOCHAPECÓ/SC.
Email elistonp@unochapecó.edu.br
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Acenos Legais
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Considerações finais
Neste trabalho buscou-se compreender que a questão metodológica
do trabalho docente é influenciada e diretamente influencia na construção
e elaboração de concepções e compreenções de mundo. Neste sentido,
buscou-se justificar a necessidade do trabalho com o ER no EM, etapa da
educação básica em que o educando desenvolve maior capacidade de
reflexão e ação. Para isto, uma vez que não se há abertura legal explícita
para o trabalho neste nível de ensino com este componente curricular,
buscou-se visualizar possibilidades e acenos legais para concretização de
lutas em prol de um ER que possa perpassar todos os níveis, desde o EF
até a conclusão do EM. Desta forma, percebeu-se que as possibilidades
existem e que, por muitas vezes, pouco conhecemos da legislação
pertinente e em função disto, não buscamos espaços e a ocupação dos
mesmos. O que se pode concluir é, dentre outros, a necessidade de
conhecimento na área, articulação docente para que o trabalho seja
possível, através de diferentes formas e possibilidades metodológicas,
numa escola democrática, autônoma e comprometida, construída com
muitas mãos, comprometida com a transformação do contexto em que se
insere e com a formação de um ser humano consciente e responsável.
Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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MORTE E VIDA: DIFERENTES CONCEPÇÕES
Resumo:
A atividade de aprendizagem que ora apresentaremos objetiva compreender o conceito de
morte e vida. Refletir sobre as nossas ações e atitudes, reforçando o sentimento ético,
moral e religioso. Este artigo relata sobre atividades de aprendizagem desenvolvida, nos
Componente Curriculares de Ensino Religioso, Língua Portuguesa e Artes, em uma das
turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental, numa escola estadual do município de
Cunhataí - SC. Respeitando e considerando os saberes e as experiências dos educandos
buscou-se desenvolver através das atividades propostas conscientização do meu fazer, no
contexto social. Através desta dinâmica realizada em sala de aula, objetivamos analisar
sobre os reflexos e as possíveis consequências que poderão ser desenvolvidas através das
minhas ações e atitudes. Reconhecer a importância e a necessidade da integração do
diferente para as diferentes relações sociais.
Introdução
Morte, o fruto da vida!? Quando iniciamos a vida, já estamos com
nosso destino demarcado - futuro traçado. Há quem diz: ―Nascemos com
um prazo de validade‖. Neste sentido, podemos considerar que a morte
tem influência direta ou indireta na vida das pessoas. Todos nós seres
vivos somos mortais e é, portanto, notável a reação que cada ser humano
emite diante desta vivência.
Somos seres humanos, dotados de sentimentos, desejos,
necessidades, e vivemos confinados a esses sentimentos. Quem de nós que
1
Especialista em Mídias da Educação (FURG). Especialista em Educação Infantil e Anos
Iniciais do Ensino Fundamental (IDEAU). Graduada em Pedagogia com Habilitação:
Magistério das Séries Iniciais do Ensino Fundamental (UDESC). Acadêmica do Curso
de Ciências da Religião - Licenciatura em Ensino Religioso na Universidade Comunitária
Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ). Assistente de Educação na Rede Estadual de
Ensino de Santa Catarina e Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na
Rede Municipal de Ensino de Cunhataí/SC. E-mail: janetebach@unochapeco.edu.br
2
Especialista em Língua Portuguesa (Faculdade de Ciências e Letras Plínio Augusto do
Amaral). Graduada em Letras com Habilitação em Português e Literaturas da Língua
Portuguesa (FAFI). Acadêmica do Curso de Artes Visuais - Licenciatura em Artes
(CELLER). Professora dos Anos Iniciais, Anos Finais Ensino Fundamental e Ensino
Médio na Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina. E-mail:
marletearens@yahoo.com.br
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3
Deus (lat. Deus). Para o crente, Deus é o Ser transcendente e perfeito, criador do
Universo e, segundo os dogmas, responsável por tudo o que nele acontece
(Providência). Para o descrente, Deus é uma ilusão antropomórfica construída a partir
de uma extensão ao infinito das qualidades humanas, e cuja origem reside, segundo os
pontos de vistas, na necessidade de se ter segurança ou num estado da afetividade que
vai até a patologia. (JAPIASSÚ; MARCONDES 2008, p. 71).
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4
http://pensador.uol.com.br/seneca_morte/ Acessado em 01/08/2013.
506
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508
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
com o cuidado de não romper com os limites da folha. Após dos recortes,
foi sugerido aos alunos escolher uma cor entre as cores disponibilizadas
dos papéis dupla face. Em seguida, foi recomendado para recortar esse
papel no tamanho aproximado de 24 centímetros de largura por 33
centímetros de comprimento, e solicitado para cada aluno permanecer com
três pedaços de papel com essas medidas. Continuando, foi aconselhado
aos alunos colar, cada pedaço do recorte do nome em cima, no centro, de
um dos papeis recortados e assim prosseguir com as demais partes do
nome.
Assim sendo, e continuando com a atividade de aprendizagem, as
professoras indicaram que cada aluno utilizasse a folha onde consta seu
nome e descrevesse sobre sua concepção de morte. Que sentido a morte
tem para mim?
Após o texto, as professoras recomendaram que se realizasse em
forma de desenho, partindo do ―miolo do nome‖, como se fosse o centro do
seu eu, ou seja, ―a sua coluna vertebral‖, ―o seu cérebro‖, cada um produziu
um desenho retratando um pouco de sua existência. E como atividade
extraclasse, ficou combinado que na outra colagem os alunos elegeriam
palavras, ou frases curtas que transmitiram o seu significado de morte.
No intuito de promover a socialização desta atividade de trabalho
para a comunidade escolar, a presente atividade de aprendizagem foi
exposta numa mesa, localizada no palco da área coberta da unidade
escolar, local visível a todos que circulam no ambiente escolar.
511
FONAPER
para cada aluno se conhecer um pouco mais e perceber quais são suas
fraquezas em relação a si, o seu ser.
Crescentes são os estudos sobre o tema e analisando historicamente
a avaliação, percebe-se que a mesma desempenhou papéis diferentes ao
longo dos tempos, os quais estiveram em consonância com aspectos
sociais, políticos e econômicos de cada etapa de desenvolvimento da
educação como atividade institucionalizada, assim conferindo-lhe novas
modalidades de definição e articulação de objetivos, conteúdos, métodos e
resultados para garantir o desenvolvimento continuado do processo de
ensino e aprendizagem.
Assim, percebemos que num primeiro momento a avaliação aparece
no processo de ensino e aprendizagem. A avaliação ocorre em todos os
momentos, servindo para retroalimentar o processo, não assumindo, um
caráter classificatório.
A avaliação é um processo contínuo; será promovida através da
contribuição, participação, organização, compromisso e comprometimento
do educando quanto à realização e entrega de atividades e atitudes
realizadas no ambiente escolar e social.
Considerações finais
A temática da atividade de aprendizagem ―Morte e Vida‖ objetivou
compreender o conceito de morte e vida. Refletir sobre as nossas ações e
atitudes, reforçando o sentimento ético, moral e religioso.
Esta atividade proporcionou um conhecimento maior dos alunos,
seus conceitos e atitudes perante a morte. Foi um momento de reflexão
acerca do ―meu eu‖. Quem sou? O que faço aqui? Para onde vou? E o
destino... existe? Quem traça os caminhos que devo trilhar? Existe um ―ser
superior‖ que estabelece minhas ações, induz as atitudes, indica o
caminho a seguir e determina o exato momento de deixar o meu espaço
que será ocupado por outro?
Morte: Fim ou começo?
Morte: Não somente o fim da carne, mas o fim dos valores?
Morte: Fim de tudo..., do eu carne, do eu ser, do eu mistério, do eu
direitos, do eu fé, do eu vida.
Neste sentido, o Componente Curricular de Ensino Religioso,
juntamente com os demais Componentes Curriculares têm muito a
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
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514
O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR:
UM DESAFIO DIÁRIO
Resumo:
Ensino Religioso: A educação escolar é compreendida como sendo uma prática social que
visa desenvolver a formação humana, bem como a conscientização para o exercício da
cidadania. Conforme consta na publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Religioso - PCNER (2009, p. 44): educação escolar como sendo um processo da
própria formação global do ser humano nos diversos níveis de conhecimentos, inclusive o
religioso. A educação escolar, assim como, o Componente Curricular de Ensino Religioso
têm muito a contribuir, pois, é uma das funções da comunidade escolar promover
oportunidades e acesso ao conhecimento, especialmente, no que se refere nas questões
de diversidade cultural e religiosa. É nesta dimensão, que o papel do profissional de
educação torna-se indispensável, além de proporcionar a diversidade das práticas
pedagógicas, desenvolver a mediação do processo de ensino e aprendizagem.
Fundamentado neste viés, venho socializar minha prática pedagógica desenvolvida nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental, em uma das escolas municipais do munícipio de
Cunhataí - SC.
Introdução
O componente curricular do Ensino Religioso no contexto escolar
visa destacar a sua importância, na formação básica do cidadão. Com a
finalidade de manter e garantir o Ensino Religioso nas escolas públicas de
Ensino Fundamental, esse componente curricular é assegurado por lei.
Essa disciplina escolar tem por propósito desenvolver o saber religioso,
sem proselitismo, fomentado o exercício da cidadania. Nesta dimensão, a
Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997, no art. 33 narra:
1
Especialista em Mídias da Educação (FURG). Especialista em Educação Infantil e Anos
Iniciais do Ensino Fundamental (IDEAU). Graduada em Pedagogia com Habilitação:
Magistério das Séries Iniciais do Ensino Fundamental (UDESC). Acadêmica do Curso
de Ciências da Religião - Licenciatura em Ensino Religioso na Universidade Comunitária
Regional de Chapecó (UNOCHAPECÓ). Assistente de Educação na Rede Estadual de
Ensino de Santa Catarina e Professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na
Rede Municipal de Ensino de Cunhataí/SC. E-mail: janetebach@unochapeco.edu.br
FONAPER
Educação
A educação representa um fenômeno social, uma prática exercida,
um fazer social. A própria sociedade modela instituindo códigos de
linguagem, valores, diferenciando assim o que pode e o que não pode, o
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2 o
Art. 1 da Lei nº 12.612, de 13 de abril de 2012.
517
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3
Aparatos tecnológicos: Televisor; rádio; telefone; jornal; revista; internet; livros; aviões;
automóveis; entre tantos outros recursos para comunicação, informação e locomoção,
objetivando a comunicação humana.
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Educação Escolar
Por educação escolar, cabe lembrar que o FONAPER (2009, p. 44)
tem citado que ela ―tem possibilitado historicamente o acesso ao
conhecimento produzido pela humanidade e ao mesmo tempo o
desenvolvimento do indivíduo enquanto pessoa, através de valores e
atitudes‖. É nas instituições de ensino, que a conscientização deve ser
incentivada. ―O objetivo de todo o educador, inclusive religioso, é tornar a
vida, mais humana à pessoa, à família, aos grupos e às comunidades‖
(CATÃO 2000, p.24). Neste sentido, todos nós temos a contribuir. Pois, o
processo de formação humana, não é função exclusiva da dimensão
escolar, mas sim, de todos nós, enfim, de todos os membros da
comunidade/sociedade.
Assim sendo, o FONAPER (2009, p. 44), entende que a educação
escolar é como: ―um processo de formação global da consciência e da
comunicação entre educador e educando, à escola compete integrar, dentro
de uma visão de totalidade, os vários níveis de conhecimentos: o sensorial, o
intuitivo, o afetivo, o racional e o religioso‖. O design da educação escolar
deve assumir um papel fundamental, juntamente com as tradições religiosas
de diferentes perspectivas, as quais têm muito a contribuir.
Neste viés, na Proposta Curricular de Santa Catarina (2001, p. 20)
afirma-se que ―Parte sempre do convívio social dos educandos, para que
se respeite a tradição religiosa que já trazem de suas famílias e se
salvaguarde a expressão religiosa de cada um‖. A religiosidade está
presente na vida de todos nós, podemos até dizer que ela está presente na
vida dos seres humanos desde, dos tempos imemoriais, ou seja, anterior
às civilizações. É através do processo educacional, que se constitui a
consciência humana. Para Vasconcelos (2010, p. 70), ―Muitas são as
formas de definir religião, porém todas remetem à ideia de encontrar com o
sagrado, dando sentido à vida‖. Pois, a vida é passageira, e como sendo
passageira, representa uma conquista a ser constantemente efetivada, por
cada um de nós. ―A busca do conhecimento é um processo constante na
incompletude de aprender, gerador de angústia‖, frisa a Proposta
Curricular de Santa Catarina (1998, p.51). Neste sentido, o ser humano
busca conhecimentos para superar as suas dificuldades e as limitações a
serem enfrentadas diariamente em seu cotidiano, e assim,
consequentemente, promove o progresso e desenvolvimento humano.
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Ensino Religioso
Segundo a autora Costa (2011, p.7): ―No âmbito religioso, nosso
conhecimento de Deus é dado por meio de parábolas. O crente se apega a
fonte de suas parábolas e lhe dá uma certa direção que o leva para fora da
experiência comum‖. Somamos conhecimentos, sabedorias, crenças,
mitos, enfim a educação é um processo amplo, gradual e progressivo.
Devemos promover uma educação coletiva, em comunhão, pois
ninguém é melhor ou pior, só temos conhecimentos diferenciados.
Tomando as palavras de Alves (1994, p. 61) quando afirma que: ―Qualquer
que seja o nosso canto, o Sol brilhará da mesma forma...‖, sejamos judeus,
cristão, islâmicos, ou ainda de qualquer outra denominação religiosa,
somos importantes, porque, somos peças raras, únicas e valiosas.
Vivemos no mundo, com esse intuito, o de ser diferente, e é através das
diferenças que se constrói o verdadeiro conhecimento.
Maria Fioreze (2002, p.13) afirma que: ―O que compete ao ―mundo
moderno‖ e às religiões é a observação do ser humano em seu todo,
abrangendo todas as pessoas, porque todas carregam dentro de si o
simbólico luminoso e o diabólico tenebroso que precisa ser modificado
diariamente‖. A religião deve assumir o papel de ligar e religar
transcendência.
Atividade de Aprendizagem
Como momento inicial, organizei na sala de aula um painel fixado na
parede com a problemática: Quem é Deus para você? Assim sendo, na
atividade introdutória, convidei os alunos para cantar o canto de integração
titulado ―Se você está feliz bata palmas‖.
Após o canto, convidei os alunos para deslocar-se até a sala de
Tecnologias para ouvir a história: ―Nicolau tinha uma ideia‖ de Ruth Rocha,
que foi projetada em slides no retroprojetor. A história mostrou que cada
um de nós, possui diferentes ideias, diferentes concepções, diferentes
conhecimentos, sobre o meio biótico e abiótico. Assim como o Nicolau,
522
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
5
http://www.youtube.com/watch?v=g4mMruWwI8Y. Acessado em 26/02/2013.
523
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações finais
Atualmente, praticamente todas as sociedades encontram-se
influenciadas pelos avanços das tecnologias. Esses avanços são visíveis
em todas as áreas de conhecimentos, interligando assim, as pessoas, as
sociedades, as nações, os continentes, ou melhor, um dos objetivos do
avanço tecnológico é a aproximação dos seres humanos. A imprensa
busca estimular a contribuição na integração e no relacionamento entre as
pessoas.
Devemos considerar que as exigências educacionais mudaram. Tais
mudanças são perceptíveis nas concepções, práticas e encaminhamentos
no campo educacional. Mudam as formas de abordagem por parte dos
educadores. Mas, qual é o papel do educando? Conforme Borges e Cols
(2003, p.34):
525
FONAPER
526
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
pois, esta construção não permanece neutra aos fatos. Devemos utilizar os
recursos tecnológicos, inclusive a imprensa escrita e falada para transmitir
valores de natureza sadia, capaz de formar sujeitos protagonistas, com
parâmetros morais, com metas e objetivos a seguir. É necessário realizar
uma prevenção, evitando assim, que os estudantes não embarquem em
um naufrágio, ou seja, sem rumo, sem direção. Assim sendo, como pais,
comunidade escolar, ou cidadão, devemos ter uma diretriz para nossos
afazeres, isto significa uma tendência, para possibilitar a transmissão de
conhecimentos e valores. Porém, na culminância deste objetivo, todos os
recursos e alternativas farão a diferença.
Na condição de educadores, devemos estar constantemente em
processo de inovação e conscientizados da necessidade de estar
construindo alternativas que visam o progresso do processo de ensino-
aprendizagem, e quando este, estiver associada aos recursos
tecnológicos, e aos meios de comunicação a recompensa será significante
e gratificante.
No processo de construção e socialização de conhecimentos a
realização de oficinas, é fundamental, para que assim, sejam
concretizados as atividades práticas e consequentemente contribuem
positivamente no êxito escolar.
Enfim, o processo de ensino-aprendizagem é praticado com base em
inúmeras perspectivas, mas ainda, deverá passar por mudanças de
métodos, de conteúdos, de filosofia. No entanto, faz-se necessário a
escola repensar seu papel diante da sociedade e da realidade onde está
inserida; é necessário formar para a vida e só conseguirá tal intento se
interagir, com a sociedade, desenvolvendo a relação com a comunidade
vizinha e a integração de alunos, professores, funcionários e famílias.
Referências
527
FONAPER
528
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
529
GT4: IMAGINÁRIO SIMBÓLICO E ENSINO RELIGIOSO
Coordenação:
Dr. Carlos André Macedo Cavalcanti (UFPB)
Dr. Luzival Barcellos (UFPB)
Resumo:
Antagonismos cognoscência-religião se referem a posturas cartesianas, ideológicas e
politicas. Existe uma lacuna sobre o papel da religião na produção do conhecimento nas
diferentes culturas e uma recorrência na tensão entre cognoscência e religião. Este artigo
estuda o incremento cognitivo através da tensão entre os conhecimentos empírico e
mitológico no início da filosofia; com pesquisa pura orientada ao conceito de dialética do
sagrado. Os resultados apontam para uma intercessão entre dialética do sagrado e
conhecimento especulativo. A dialética do sagrado pode sinalizar uma via do papel religioso
na promoção do conhecimento nas diferentes culturas.
Introdução
No estudo do papel da religião na construção do conhecimento, as
discussões do VII CONERE contribuem para o amadurecimento desta via de
pesquisa. Observa-se que entre os ramos do conhecimento, talvez o
conhecimento religioso seja um dos que mais se confronta com opiniões
antagônicas pouco embasadas. Tais opiniões antagônicas geram
preconceitos acerca da religião que poderiam excluí-la do protagonismo
social.
No discurso democrático alguns confundem laicidade com
antirreligiosidade. A laicidade é base para a liberdade de crença e não para a
exclusão de crença. Antagonizar a religião a partir do laicismo é uma
abordagem contrária à democracia. O Estado Laico é democraticamente útil,
mas um Estado antirreligioso seria autoritariamente castrador.
A democracia é o governo do povo pelos seus representantes. Os
religiosos representam 82% da população brasileira (IBGE, 2012). É,
portanto, democrática e socializante a representação dos sujeitos
religiosos no debate democrático. Isto não se confunde com uma
teocracia, pois tal consideração seria estender demais o conceito de
teocracia que requer uma consideração teológica e não ideológica. Para
1
Especialista em Ensino Religioso, UCAM – AVM, contato: marcotelesc@gmail.com
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Conclusão
A partir desta pesquisa podemos inferir que o discurso religioso seria
fundamental para que as resoluções das tensões de conhecimento
ocorram de forma relevante para o individuo e a sociedade no campo dos
sentidos últimos para a vida que interceptam tanto a política, a ideologia e
o conhecimento especulativo. O discurso democrático deve revestir-se de
todo conteúdo de sentido último e transcendência presentes na religião
para que as tensões do conhecimento não fiquem presas em laços lógicos
que não produziriam resoluções significativas, mas que travariam o próprio
pensamento e mecanizariam a consciência social dos indivíduos como se
tal fosse possível.
A humanidade é mais do que mecânica e mesmo finita, dialoga com
o transcendente para se identificar enquanto humanidade no seu contato
com o infinito. Nesta possibilidade de contato com o infinito, com o
supremo, com o fascinante, o homem busca em si mesmo um sentido
supremo, fascinante e transcendente. A religião é o instrumento humano
por excelência para a transcendência. Portanto, em um diálogo que
proponha transformações é necessário que os centros sagrados discutam
a ruptura da homogeneidade ameaçadora do profano no discurso
simbólico a partir da centralidade do sagrado em diálogo com outros
conhecimentos.
A dialética sacro profana é uma forma de produzir conhecimento
qualitativo e quantitativo com significância global para visualizar a
realidade em suas múltiplas abordagens. Pois, sendo a realidade
conformada a partir de diversas camadas de consciência da forma e da
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Referências
CUMONT, Franz. Astrology and Religion among the Greeks and Romans.
New York and London: G. P. Putnams sons, 1912.
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GERMANO, MG. Uma nova ciência para um novo senso comum. Campina
Grande: EDUEPB, 2011.
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Documentos em Áudio
SALIS. Victor De. ABC da Mitologia: uma noite com os mitos. [áudio] São
Paulo: Universidade Falada, 2006-2011.
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WEBGRAFIA
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PROJETO CORPO SINCRÉTICO:
INSTALAÇÃO PERFORMATIVA COMO PERCURSO EDUCATIVO
EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Resumo:
Partindo da hipótese de que o corpo, enquanto marca e matriz de significados – expressa
nossa historicidade e viabiliza nossa geograficidade religiosa, desenvolvemos um projeto
artístico denominado ―Corpo Sincrético: ‗A partir das 8‘ Instalações Performativas na
composição de Ewá, a orixá da síntese‖, com consequências educativas não previstas, mas
incontornáveis, na medida em que a proposta da instalação é o diálogo das religiosidades
não apenas dos que produzem a performance, mas dos que estão enquanto ―público‖,
provocados a participar e dialogar com a religiosidade estabelecida a partir dos corpos-
atuantes. Sem a primazia de uma instituição ou de um conjunto de dogmas estabelecidos, o
que está em jogo é como é possível instalar um sincretismo que, fenomenologicamente, flui
na relação/provocação que a performance motiva.
1
Mestre em Geografia pela UFPA, Professor da Universidade da Amazônia, integrante do
Grupo de Pesquisa Sociedade Cultura e Identidade, atuando na linha de pesquisa
Geograficidades Amazônicas: espaço, identidade e política. E-mail:
wallacepantoja@unama.br.
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Figura 1 – Desenho de uma criança (Sulamita, 9 anos) que partilhou o tratamento Corpo-
Comunga e fez o registro no caderno coletivo do projeto, Julho de 2013. Notar a clareza na
distribuição dos elementos principais da Instalação Performativa – velas, comida, pano
simbolizando a mesa, etc.
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Quando o tambor toca meu corpo vibra, cada pedacinho do meu ser!
(Andréa Rocha, cristã, partilhando a preparação para o Corpo-
Comunga, onde a performance apresentou elementos cristãos,
orientais e do candomblé);
Para quem está de fora, como eu, reconheço elementos importantes
da religiosidade, mas sinto que falta uma história, um enredo mais
explicado. (Luís Otávio, católico, partilhando a performance o Corpo-
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Referências
http://rosileneporsimesma.blogspot.com.br/2013/05/corpo-sincretico-partir-
das-8.html, acesso em 02.08.2013.
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563
SAMHAIN, HERANÇAS DE UM IMAGINÁRIO SIMBÓLICO
APLICADO AO ENSINO RELIGIOSO
Resumo:
Halloween ou Samhain, data comemorada em várias culturas e credos, teve origem entre
os povos pagãos Celtas e o seu imaginário simbólico revela uma realidade que explica a
relação entre o mundo invisível, povoado por espíritos, fantasmas e deuses e o mundo dos
vivos. A partir de pesquisas para a disciplina Linguagens da Religião, do curso de
graduação em Ciência da Religião, analisaram-se os símbolos, mitos e arquétipos de
Samhain ao longo do tempo e na contemporaneidade. Nessa comunicação pretende-se
demonstrar qual a contribuição desse fenômeno para o Ensino Religioso, já que, de forma
ampla e polifônica, essas comemorações demonstram as relações presentes em várias
tradições religiosas sobre a questão da morte e de como ela é sentida e celebrada pela
―sociedade pós-moderna‖.
Introdução
A ideia deste trabalho surgiu quando, como membro do GEP (Grupo
de Estudos Pagãos), fui convidado para ajudar a organizar um ritual de
Samhain. Seria celebrado através de um ritual pagão readaptado de
costumes celtas e com alguns elementos multiculturais wiccanos. O
festival seria comemorado na passagem da noite de 02 para 03 de
novembro, período considerado sagrado para os povos celtas. Data
correta seria 31 de outubro, mas por compromissos acadêmicos e
profissionais tivemos que executar o rito no fim de semana. Tal fato
demonstra o quanto o ritmo do mundo moderno, nos leva a transigir e a
nos adaptar, sendo muitas vezes, difícil seguir os ritmos naturais, que
governavam os povos do passado.
Um grupo bem heterogêneo se reuniu para celebrar um ritual de
inspiração ancestral pertencente a um povo, cuja história se perdeu no
tempo, teve seus mitos e símbolos imiscuídos pelos povos e nações
europeias. Dentro do grupo, havia pagãos praticantes, uma mãe de santo,
1
Membro do GEP (Grupo de estudos Pagãos) e Licenciando em Ciência da Religião na
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Origem de Samhain
Primeiramente, apresentarei um pouco de história sobre a origem
desta festa. Samhain era um Sabbath2, comemorado pelos povos celtas e
marcava o fim de ano em seu calendário. O ano Celta terminava no dia 31
de outubro, era considerado como o ―dia que não se contava‖3.
Celebrado à noite, era realizado em volta de fogueiras e marcava o
momento em que dois mundos se encontravam, tocavam e se misturavam,
permitindo o livre trânsito entre eles. Por esta razão, era uma noite de
vigília e cuidados, pois nem sempre quem fazia a travessia entre os
mundos conseguia voltar.4 Tem sido revivido e repassado por outras
culturas em uma sucessão de reedições de seu imaginário simbólico
sempre se adaptando, para enquadrar-se às realidades das sociedades
que o acolhiam.
Em seu arcabouço, o imaginário simboliza o retorno dos mortos, é o
período dos transes, dos êxtases e das possessões. Neste período, os
2
Sabbath são os oito grandes festivais celebrados pela maioria dos círculos pagãos ao
longo do ano.
3
―[...] momento misterioso que não pertencia nem ao passado, nem ao presente, nem a
este mundo nem ao outro.‖ (Oito Sabás para Bruxas de Janet e Stewart Farrar).
4
―Nessa noite também os espíritos dos amigos mortos procuravam o calor do fogo de
Samhain e a companhia de seus parentes vivos [...] ‗um retorno parcial ao caos
primordial... a dissolução da ordem estabelecida como um prelúdio à sua recriação num
novo período de tempo‘, como Proinsias mac Cana diz em Celtic Mythology‖(Oito Sabás
para Bruxas de Janete e Stewart Farrar)
566
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
5
―[...] Samhain era, por um lado, um tempo de propiciação, adivinhação e comunhão com
os mortos e, por outro, uma festa desinibida em que se comia e bebia e a afirmação
desafiadora da vida e da fertilidade à própria face da escuridão que se encerrava.‖ (Oito
Sabás para Bruxas de Janet e Stewart Farrar)
6
―O aspecto da comunhão com os mortos e com outros espíritos foi cristianizado como
Todos os Santos‖. (Oito Sabás para Bruxas de Janet Stewart Farrar).
567
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Simbolismo de Samhain
Quanto aos símbolos de Samhain há uma citação que sintetiza muito
bem sobre quais são e suas razões de ser:
Na Magia tudo tem um símbolo, um por que. Mas os símbolos que
mais marcam Samhain é, sem dúvida a imagem da bruxa velha e feia
voando em uma vassoura a luz do luar, vestida de preto. Outros
símbolos são as máscaras de monstros, a abóbora enfeitada (Jack
O‘Lantern), o gato negro e os cães negros. Tudo isso vêm de
mitologias e simbolismos lendários.
A imagem da bruxa tal como descrita, vem da imagem da Deusa Celta
Cailleach, ou mesmo da greco-romana Hécate, trajadas em seu
aspecto ancião. O voar na vassoura é uma imagem metafórica de
práticas que as bruxas faziam para se protegerem da tortura durante a
inquisição. Mas o símbolo das Deusas, o trajar preto e vassoura
possuem significados para a própria bruxaria.
É na noite de Samhain que as bruxas se reuniam mais efetivamente,
pois esse era seu principal festival. O sinal de que a pessoa que se
aproximava era de fato pertencente a Velha Religião era dado por um
singelo movimento feito com a vassoura, por isso, as bruxas levavam
suas vassouras, chamadas por elas de Heskuvytas ou Besons. Sob a
influência das Deusas Negras, ou senhoras da morte, categoria da
qual fazem parte Cailleach e Hécate (e para além disso, na Alta-
Inquisição, apenas as matriarcas de uma família participavam de fato
das comemorações, reforçando a imagem da bruxa velha). O preto
simbolizava a noite e o luto pelas suas companheiras mortas ou
torturadas. As máscaras uniam a antiga tradição de trajar máscaras
para se parecer com os espíritos, assim como facilitava que elas não
fossem facilmente reconhecidas. Os Cães representam a guarda do
568
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7
Ávillys d‘ Avalon, Mundis Tempus; SAMHAIN 2012 Post Celebratio (02/11/2012)
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quanto para afastar aqueles que não foram convidados. Este efeito
ambíguo das lanternas era realizado pela forma que se observa o seu
sorriso esculpido, se de um ângulo ela parecia sorrir convidativamente, por
outro ela expressava uma carranca ameaçadora que lembrava um pouco
aquelas usadas pelos ribeirinhos brasileiros do Rio São Francisco, para
afastar maus espíritos que habitavam as águas. No entanto, hoje, as
lanternas são meros enfeites sem significado mágico para o homem
contemporâneo pós-moderno.
Mas o Halloween, quanto ao seu efeito psicológico, faz emergir do
inconsciente, conteúdos há muito guardados e que, nesta noite, podem ser
expostos, confrontados, banidos ou exorcizados, o que estaria de acordo
com o espírito de Samhain.
Em uma declaração feita recentemente, 2009, o Vaticano condenou
o Halloween como uma festa perigosa portadora de vários símbolos e
significações ―anticristãs‖, isto é, pagãos. No Brasil, ainda é comum haver
pessoas que rejeitam a comemoração do evento por entendê-lo como uma
manifestação americanizada e, portanto, distante da nossa cultura, Enfim,
muito se comenta a respeito do Halloween, mas poucos trabalhos
acadêmicos examinam minuciosamente os significados e origens de tal
festividade no Brasil.
A importância do Halloween para o ensino religioso está no fato de
que resgata um conteúdo histórico de um povo que, apesar de ter sido
dispersado, ainda faz parte do ideário de nações principalmente europeias,
mas que chegaram ao Brasil através da colonização ou pela importação de
festas de origem estadunidense. A princípio, aceito como uma festa
profana, que visa apenas o entretenimento de crianças, jovens e adultos,
que têm sido nos últimos anos, com o crescimento dos movimentos neo-
pagãos no Brasil, resgatado o seu caráter religioso e místico.
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caminho de volta são vigiados pelos grandes Sinistros (os cães negros) e
por outros seres do Submundo com poderes e capacidade de ferirem a
alma espiritual; e, segundo as lendas, seres em que Morrigan governa.
Paralelo, e ainda na lenda de Morrigan, dizem que ela também lava
os corpos dos espíritos assaltados (mortos de forma brusca e violenta)
para que eles sofram menos e para que se sintam acolhidos com o choro e
lamento dessa Deusa. Afirmam também ser possível vê-la em riachos
lavando corpos espectrais daqueles que morrerão de forma violenta ou na
batalha, já protegendo e anunciando a morte daquela pessoa. As lendas
morganianas se assemelham muito às lendas lilithianas nas mitologias
médio-orientais. ‖8
Nessa narrativa mítica, os Deuses acolhem os recém-falecidos e
governam o mundo dos mortos, trata-se de imagens icônicas contrapostas
à visão do Deus abstrato e impessoal do pensamento monoteísta. Estes
deuses possuem corporeidade e se fazem visíveis e sentidos em Samhain.
Eles são humanos em suas essências e muito próximos aos mortais. Os
deuses desafiam, testam, guerreiam com os homens e por estes, esta
cosmogonia pode ser trabalhada em partes e de forma progressiva,
respeitando a escala de aprendizagem de própria de cada faixa etária.
Conclusão
A partir deste trabalho, foi possível analisar e comparar dois rituais
distintos, mas que compartilham de um mesmo ideário, sendo, portanto,
um ritual herdeiro do outro. Descortina-se, neste breve estudo, um
universo novo de pesquisas a serem continuadas por estudiosos que
busquem desenvolver novas formas de diálogos inter-religiosos.
Encerro este trabalho, esperando ter conseguido demonstrar, pelo
menos, um pouco da importância de trazermos antigos ritos para os
estudos em sala de aula. Esta metodologia serve não apenas para
satisfazer uma curiosidade histórica ou acadêmica, porém também como
uma forma de conhecer parte da formação do imaginário humano.
O imaginário como forma de linguagem do rito religioso, pode
agregar as mitologias e as preservá-las ao longo do tempo, em estruturas
perenes guardadas no inconsciente coletivo dos povos e etnias, de onde
8
Ávillys d‘ Avalon, Mundis Tempus; SAMHAIN 2012 Post Celebratio (02/11/2012)
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podem ser evocadas e recriadas, seja através de ritos sacros, seja por
meio de festas populares.
Estudando de forma reflexiva, este tema serve para alcançarmos o
entendimento da diversidade das crenças e pertenças, criando condições
de convivência entre as diversas manifestações religiosas, exercitando a
prática da alteridade e da tolerância.
Referências
576
GT5: DIVERSIDADE RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS
Coordenação:
Dra. Kathlen Luana de Oliveira (FACOS e IMT/URI)
Dr. Luiz José Dietrich (PUCPR e GPEAD/FURB)
Resumo:
O objetivo do artigo é analisar se o Ensino Religioso é um direito reconhecido ou um direito
negado no espaço da escola. A metodologia de pesquisa foi revisão teórica. Para tal,
analisaram-se os principais documentos: A Constituição Federal de 1988 (CF/88), a
2
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) , a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), de n. 9.394/963³, e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
4
Ensino Religioso (PCNER) . Nesse artigo, argumenta-se a relação do Ensino Religioso com
os Direitos Humanos, a partir das análises e reflexões decorrentes desses principais
marcos legais. Nesse conjunto, há reflexões acerca da diversidade religiosa e dos direitos
humanos, em um contexto permeado pelo multiculturalismo, laicidade, direitos humanos e
educação.
Introdução
O objetivo do artigo é analisar se o Ensino Religioso (ER), enquanto
componente curricular da Educação Básica é um direito reconhecido ou
um direito negado no espaço da escola. Embora, o ER no Brasil sempre
estivesse presente na Educação enquanto elemento do currículo, só
recentemente foi reconhecido como uma das dez áreas de conhecimento
integrantes da formação básica.
O ER, na Educação, sempre gerou controvérsias. De um lado, há os
que defendem sua importância na formação dos educandos, dessa forma
deve integrar ao currículo da escola básica. De outro, os que discordam,
1
Pedagoga Mestra em Teologia – Educação e Religião pela Escola Superior de Teologia
(EST). Contatos: marialinaj@hotmail.com. proexufes@gmail.com. Coordenadora da
Área Temática de Educação e Direitos Humanos da Pró-Reitoria de Extensão UFES.
* Este artigo é parte da Dissertação de mestrado intitulada Diretos Humanos, Educação e
Ensino Religioso.
2
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
1948. Disponível em:
<http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm>. Acesso em:
12 out. 2012.
3
BRASIL. Lei n. 9394, de 20 de Dezembro de 1996. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 04 fev. 2012.
4
FONAPER. Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso. Parâmetros curriculares
nacionais: ensino religioso. 9. ed. São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
FONAPER
5
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1980.p. 32.
6
SAVIANI, Dermeval. As concepções pedagógicas na história da educação brasileira.
Campinas: Histedbr, 25 ago. 2005.p. 1-38. Disponível em:
<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_036.html>.
Acesso em:14 maio 2012.
580
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
[...] tendo sido o homem feito por Deus à sua imagem e semelhança, a
essência humana é considerada, pois, criação divina. Em
consequência, o homem deve se empenhar em atingir a perfeição
humana na vida natural para fazer por merecer a dádiva da vida
7
sobrenatural .
7
SAVIANI, 2005, p.6.
8
SAVIANI, 2005, p.13.
581
FONAPER
9
Inclusive no Rio de Janeiro o ER é confessional.
10
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; CORRÊA, Rosa Lydia Teixeira; HOLANDA,
Maria Ribeiro. Ensino religioso: aspectos legal e curricular. 1. ed. São Paulo: Paulinas,
2007.
11
JUNQUEIRA; CORRÊA; HOLANDA, 2007.
582
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
12
FONAPER, PCNER, 2009.
13
BRASIL. Lei n. 9.475, de 22 de Julho de 1997.Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/l9475_97.htm>. Acesso em: 04 fev. 2012. (grifos
da autora)
583
FONAPER
14
FONAPER. Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso. Parâmetros curriculares
nacionais: ensino religioso. 9. ed. São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
15
BRASIL. Resolução CEB n. 2, de 7 de Abril de 1998. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2011.
16
BRASIL. Resolução CEB n. 2/1998.
584
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585
FONAPER
17
FONAPER. Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso. Parâmetros curriculares
nacionais: ensino religioso. 9. ed. São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
18
JUNQUEIRA; CORRÊA; HOLANDA, 2007.
19
JUNQUEIRA; CORRÊA; HOLANDA, 2007.
586
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
23
BRASIL. Documento Final. Conferência Nacional de Educação CONAE 2010.
Disponível em:
<http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final_sl.pdf>.
Acesso em: 14 mar. 2011.
24
JUNQUEIRA; CORRÊA; HOLANDA, 2007.
588
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25
FONAPER. Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso. Parâmetros curriculares
nacionais: ensino religioso. São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
26
FONAPER. PCNER, 2009.
27
FONAPER. PCNER, 2009.
589
FONAPER
para a escola, e facultativo para o aluno, tendo esse o direito de optar pela
frequência ou não no ato da matrícula. Nesse período, o conceito de
liberdade passa pela ótica da segurança nacional28.
De 1986 a 1996, a escola é também um dos espaços sociais
marcado por rupturas com as concepções de educação, crises de
paradigmas, valores, fatos que acendem incertezas, mas também
assinalam novas perspectivas, novas visões de mundo, de pessoas, de
conceitos e valores. Nesse contexto, o ER buscou acompanhar tais
mudanças, procurando se inserir enquanto disciplina regular juntamente
com as demais. Assim, no processo constituinte, o ER integra o debate no
projeto de Lei de Diretrizes e Bases no Congresso Nacional que, mais uma
vez, é marcado por nova polêmica; de um lado, os que são contra a sua
permanência ou inclusão na educação e, de outro, os que são a favor29.
Nesse contexto, o ano de 1997, foi considerado um marco para o ER
no Brasil. Isso porque, pela Lei n. 9475/97, foi dada uma nova redação ao
artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei
de n. 9394/96. Primeiro artigo modificado na LDBEN. Outro fato marcante,
foi a organização dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Religioso – PCNER, pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso
(FONAPER). Esse documento foi resultado de um amplo processo de
reflexão sobre as bases históricas, epistemológicas e didáticas do ER. Tão
importante quanto analisar os elementos históricos do ER no decorrer do
processo educativo, como também analisar os diretos humanos no
PCNER.
28
FONAPER. PCNER, 2009.
29
FONAPER. PCNER, 2009.
30
FONAPER. PCNER, 2009, p.7.
590
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
31
FONAPER. PCNER, 2009, p.47.
591
FONAPER
32
OLIVEIRA; CECCHETTI, 2010, p. 369.
592
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
33
ONU. DUDH, 1948.
34
OEA, Organização dos Estados Americanos. Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, 16 dez. 1996. Disponível em:
<http://www.oas.org/dil/port/1966%20Pacto%20Internacional%20sobre%20os%20Direit
os%20Econ%C3%B3micos,%20Sociais%20e%20Culturais.pdf>. Acesso em: 12 out.
2012.
35
CUNHA, Bruno Santos. Estado e religião: implicações da laicidade do Estado nos
direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Revista Jurídica da Presidência,
Brasília, v. 11, n. 93, p.01-29, fev./maio, 2009. Disponível em:
<http://brunocunha.adv.br/publicacoes/estado_e_religiao_implicacoes_da_laicidade_do_
estado_nos_direitos_e_garantias_fundamentais_dos_cidadaos2009.pdf>. Acesso em:
10 out. 2012. p. 27
593
FONAPER
Considerações Finais
Diante da revisão de literatura observa-se que os direitos humanos
estão inseridos nos parâmetros do ER, em conformidade com os fins da
educação ―[...] inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho‖, conforme prevê a LDB.
Diante do exposto fica claro que ER e direitos humanos são
conteúdos que se complementam na e para a formação integral. Por
conseguinte, norteiam a formação para o exercício da cidadania. Diante do
estudo sobre o tema, constatei que os direitos humanos estão inseridos no
Ensino Religioso, nos principais marcos legais nacionais e internacionais
dos quais o Brasil é signatário, no entanto, nos dias atuais a oferta dessa
disciplina continua muitas vezes sendo um direito negado no espaço da
escola.
Referências
36
BRASIL. PNEDH, 2008, p. 23.
594
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
595
FONAPER
596
DISCURSOS E PRÁTICAS:
A (IN)TOLERÂNCIA RELIGIOSA NO AMBIENTE ESCOLAR
Resumo
A análise, a partir de etnografia e discursos, da presença de religiões em escolas públicas
municipais da cidade de Juiz de Fora, a fim de interpretar o seu papel nesse ambiente, seu
reconhecimento ou não, e de que forma isso ocorre, é o foco desta pesquisa. O
mapeamento de violências e intolerâncias em alguns eventos nos ajuda a tipificar conflitos
e acomodações, porosidades e rupturas existentes e qual o papel dos gestores no seu
reconhecimento e enfrentamento, averiguando o ensino religioso como possível
instrumento que possibilite o diálogo, já que, nas escolas pesquisadas, essa disciplina
inexiste.
Delimitando a pesquisa
Para o presente artigo, elegemos a pesquisa em escolas que fazem
parte de uma região da cidade de Juiz de Fora até pouco tempo submersa
em um isolamento geográfico, que foi, lenta e gradualmente, dissipado,
retirando de sua comunidade o ―espírito protetor católico‖ que pairava
sobre seus habitantes. Na Cidade Alta, como é hoje em dia conhecida, as
famílias se encontravam nas festas promovidas pela Igreja Católica, e, de
tempos em tempos, feriado ou não, os familiares se visitavam.
A minha tia, por exemplo, não pôde se casar com o marido dela,
porque a minha vó não deixou, ele era luterano... Ela não se casou na
Igreja com ele por causa da religião dele e a minha avó era católica, e
1
Mestranda pelo PPCIR-UFJF. Orientador: Marcelo Camurça. Email:
suelimartins2009@gmail.com / Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior
2
Os professores tiveram seus nomes modificados a pedido dos próprios entrevistados.
FONAPER
Porque quando criança né, para mim era tudo uma coisa só. A escola
e a Igreja era assim, era a comunidade que eu conhecia. As pessoas
que frequentavam a Igreja eram as pessoas, os meninos da minha
sala. A gente saía da escola para o ensaio de coroação. (...) Então a
gente sempre marcava os ensaios para depois da aula. Depois das
cinco. (...) Porque eram alunos da mesma turma... (Ivone).
598
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
municipais. No final dos anos 1980, o bairro começou a contar com as séries
finais do Ensino Fundamental, e no século XXI conta com uma escola pública
estadual, a única que oferece a opção do Ensino Médio.
As escolas pesquisadas são: Escola Municipal Doutor Adhemar
Rezende de Andrade (EMARA – 1911), Escola Municipal Santos Dumont
(EMSD – 1988) e a Escola Municipal Professor Augusto Gotardelo
(EMPAG – 2006)3. Alguns professores entrevistados estudaram ou
trabalharam nessas escolas em épocas distintas, o que nos dá uma visão
panorâmica do funcionamento das mesmas. É interessante aqui observar
o depoimento de um dos professores quando define os grupos que fazem
parte do corpo docente: ‖Cada escola constrói o seu formato, cada uma
segue uma direção diferente da outra, independente da gestão‖ (Abigail).
Para o presente estudo, vamos nos pautar em alguns pontos do calendário
escolar.
O calendário escolar
É notório que o calendário escolar segue uma linha cristã, e as
escolas, com exceções que configuram a regra, o seguem em suas festas
e comemorações, e a partir dele introduziremos as questões religiosas que
fazem parte do dia a dia escolar. Há um grande envolvimento em torno da
maioria dessas datas, podendo-se incluir também o Dia das Mães, São
Cosme e Damião e as Formaturas. Essas comemorações, apesar de
intrinsecamente ligadas à religião católica, não são percebidas como tal
pela maioria dos professores, não havendo preocupação com esse
aspecto. Segundo Campos (2005, p. 6), é ―interessante pontuar que os
calendários escolares das escolas públicas, resguardam feriados de
alguns santos e datas instituídas de modo a referendar a tradição católica‖.
Na EMARA, turno da manhã, durante dois anos, houve um desfile de
fantasias nos dias que antecedem ao carnaval. As crianças, enfileiradas na
quadra, observavam para votar na melhor fantasia. Não ocorreu nenhum
conflito, quer dizer, não ―a olhos vistos‖, muita coisa não é revelada. Na
EMSD há um ―baile‖ para os alunos do turno da tarde e constatamos uma
sutil diminuição dos alunos nesse dia; questionada sobre isso, uma
professora respondeu que isso sempre ocorria porque muitos pais não
3
As datas são de criação das escolas e a última foi criada em função dos conjuntos
habitacionais financiados por programas de governo municipal e federal.
599
FONAPER
mandam os filhos para a escola neste dia, por causa da religião, mas que
tudo estava bem porque somente os alunos que portassem bilhete
poderiam ―brincar‖ o carnaval (Flora). Questão resolvida: quem não quer
brincar que não venha à escola, simples assim.
No ano de 2012, antes da Páscoa, a EMARA exibia cartazes da
Campanha da Fraternidade, convidando para a celebração da sexta-feira;
estavam expostos em diversos locais, inclusive na sala dos professores. Além
disso, apesar de previsto no cardápio, não foi servida carne aos alunos, por
recomendação do vice-diretor. Nas escolas citadas, normalmente, nessa
época, os professores distribuem chocolates a seus alunos, fazem teatros
com a presença do coelhinho e, em algumas, falam sobre a data, seu
significado, passando até filme para as crianças. Em todas, sem exceção, foi
observado algum tipo de manifestação, em maior ou menor grau,
demonstrando que, de certa forma, a Páscoa é o momento em que se pode
unir os cristãos: católicos e evangélicos, históricos e pentecostais.
A festa junina tornou-se tradicional na maioria das escolas. Para definir
quem vai participar é só enviar um bilhete aos pais e quem tem o
consentimento dos responsáveis dança na quadrilha, como no carnaval. É um
momento em que todos os professores (alguns, por obrigação, trabalham em
momento alternado ao da festa, preparando-a) e toda a comunidade
participam (esquecemos, intencionalmente, aqui daqueles que não vão à festa
porque não gostam de festa. Será?). São colocadas as bandeirinhas, os
balões, tem canjiquinha, doces, pipoca e o casamento seguido da quadrilha,
tudo isso embalado por músicas de santos (será mesmo que os que não vão
não gostam de festas ou não gostam da festa junina?).
No Dia das Mães há uma inquietação, apresentações, confecção de
lembrancinhas e murais. Algumas escolas não comemoram o Dia das
Mães, mas sim o Dia da Família, pois na atualidade podemos constatar
uma nova configuração familiar4. A EMARA passou a comemorar o Dia da
Família com uma palestra e um lanche para os presentes. Com a nova
gestão, no ano de 2012, foi diferente: um vídeo do Padre Zezinho foi
apresentado à comunidade e após o Padre fez uma palestra que foi
4
Segundo CARMO (2007) não se trata mais da família tradicional, com pai, mãe e filhos.
Existem diversas configurações familiares – apenas um genitor, mães solteiras,
homossexuais com filhos, etc.
600
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Essa foi a única influência e a única coisa que ele pediu foi colocar o
nome do professor Gotardelo, por ser ele um professor e pastor
601
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602
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
(...) porque a democracia não é você estar acatando todos (...), mas é
o consenso, a maioria, não sei, mas esses conceitos estão todos
caindo por terra comigo, porque acatar a maioria, para mim, não está
me satisfazendo, porque ainda assim esses pais estão de fora, aí eu
tô desmerecendo essa minoria. Eu não sei o que fazer...(Eva).
603
FONAPER
Porque a festa junina, ela acontece num dia letivo, e um dia letivo é
um dia para todo mundo, então se eu faço uma festa junina num dia
letivo e já tem um grupo que não vai participar por questões religiosas,
eu estou privando estas pessoas do direito delas de terem aula
naquele dia, de terem presença naquele dia. Então se eu mudo só o
nome não resolve, porque eles sabem que aquilo é uma festa junina,
que é uma festa que foi, que é tradicionalmente para os três santos,
mesmo que a gente não fale de santos... Aí esse ano o que a gente
pensou em mudar o nome, de usar as músicas que não falam de
santo (Eva).
O dia das mães não é mais comemorado nessa escola, mas o dia da
família. O Dia de Cosme e Damião, segundo a gestora, é um ―tormento‖;
além das crianças que não vão à escola para correr atrás dos doces, tem
aquelas que não vão para não receber esses doces e, ainda, alguns
membros da comunidade pedem para distribuir doces na porta da escola,
distintas manifestações. No Natal não ocorreram problemas, construiu-se
brinquedos de sucatas que foram entregues às crianças e até Papai Noel
esteve presente. Segundo a gestora, talvez os problemas não tenham
ocorrido ―porque não se prestou bastante atenção‖ (Eva). E esse não
prestar atenção é o comum, o ―normal‖ é ser católico e assim intolerância
ocorre, sem que seja visibilizada. É o que veremos a seguir.
604
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
A (in)tolerância (in)visível
Interessante transcrever aqui alguns depoimentos que demonstram
intolerância, preconceito e também de ocultação da presença da religião
na escola por parte dos professores:
(...) mas os evangélicos ainda são muito radicais. (...) E são visões
completamente diferentes. Agora em todas uma coisa é comum: essa
perseguição mesmo. Que é muito serio. (...) Minha preocupação era o
não preconceito com relação às outras religiões, é uma coisa que eu
percebo que existe muito, principalmente com relação aos crentes, os
evangélicos (...) Agora, porque normalmente os evangélicos criticam
muito, por exemplo, a ideia de Maria, né? Você falar em santo com
eles... (Ivone).
Ele aproveitou bem isso, o espaço do tempo que ele ficou lá, para
trabalhar essa parte da religião, essa doutrina, e vários alunos foram
para a igreja dele. E eu percebi que ficou muito forte nos meninos um
preconceito enorme, uma homofobia muito grande (Fernanda).
605
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
―outro‖. Num espaço onde tivéssemos uma inclusão geral, esse centro não
existiria, onde se tivesse alguma neutralidade religiosa, onde sua presença
se desse de forma equitativa (CUNHA, 2006, p. 26-8).
Mas a presença da religião no espaço público existe e persiste e
podemos averiguar que houve uma intencionalidade do Estado, talvez,
exceto nos primeiros anos da República brasileira, em assegurar que a
educação caminhasse lado a lado com a religião, nitidamente com a Igreja
Católica. Mas se somos um país laico, como isso foi possível, como a
religião se manteve nas escolas, e por que não houve um debate que
assegurasse às outras religiões o mesmo direito, o mesmo poder de
intervenção concedido à Igreja Católica?
5
Em 1934, foi introduzido, na Constituição, o princípio de colaboração recíproca, quando
a Igreja Católica reivindicou estar ao lado da nação: com isso recebeu o status de quase
oficial e as escolas voltaram a receber o ensino religioso confessional católico.
6
Acordo na íntegra: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/documentos/integra-do-
acordo-entre-o-brasil-e-o-vaticano/. Acesso em 09 nov 2011. Ver também:
GIUMBELLI, Emerson. O Acordo Brasil-Santa Sé e as relações entre Estado,
Sociedade e Religião. In: Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião, Porto
Alegre, ano 13, n. 14, p. 119-143, setembro de 2011.
607
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609
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Referências
611
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFil
e/9647/6619. Acesso em 09 jul 2012.
613
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614
DIVERSIDADE RELIGIOSA E INTERCULTURALIDADE:
APORTES PARA UMA DECOLONIZAÇÃO RELIGIOSA NA
EDUCAÇÃO
Resumo
A complexa e excludente sociedade contemporânea clama por olhares e leituras - saberes
e conhecimentos a contribuir de forma efetiva na construção de outros processos sociais e
educacionais, que atendam a diversidade cultural e religiosa do Brasil. Históricas
leituras/ações hegemônicas ocidentais, ocupadas em expandir territórios e dominar povos
sem considerar suas culturas e crenças, forjaram cartografias e práticas curriculares
permeadas por processos de dominação gerando exclusões e invisibilizações. O presente
texto busca compartilhar alguns referenciais com vistas à percepção e adoção de
olhares/leituras - tempos/espaços/lugares vitais, capazes de (pró)mover sujeitos e grupos
em suas diversidades, entre elas a cultural e religiosa no contexto da educação.
Palavras Iniciais
Os Direitos Humanos (DH) fruto da conquista pelas constantes lutas
sociais em nossa história, construídos com base na memória e ―compõe
nossa racionalidade de existência‖ (FLORES, 2002). Para Hanna Arendt
(1979), não são um dado, mas um construído, uma invenção humana em
constantes processos de construção e reconstrução.
No Brasil, a emergência das lutas emancipatórias e afirmações
tuteladas pelos DH clamam pelo reconhecimento das diferenças culturais,
entre elas as religiosas. Neste contexto de rico mosaico de culturas e
povos, ―a educação em Direitos Humanos constitui um lócus privilegiado
para articular direitos de igualdade e direitos à diferença, políticas de
igualdade e políticas de identidade‖ (CANDAU, 2009, p.81).
O presente artigo busca compartilhar alguns referenciais com vistas
à percepção e a(do)ção de olhares/leituras, que encaminham para a
1
Bacharel em Direito pela FURB/SC. Pesquisadora integrante do GPEAD/FURB.
gecfontoura@gmail.com
2
Pedagoga. Doutora em Teologia – Área: Educação e Religião (EST/RS). Docente
pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
(FURB/SC). Líder do GPEAD/FURB. lilianbo@uol.com.br
FONAPER
616
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
3
O multiculturalismo aponta simultaneamente ou alternativamente para uma descrição e
projeto. Como descrição pode referir-se à ―existência de uma multiplicidade de culturas
no mundo‖, ―à co-existência de culturas diversas no espaço de um mesmo Estado-
nação‖ e ―à existência de culturas que se interinfluenciam tanto dentro como para além
do Estado-nação.‖ Como projeto, refere-se a um ―projeto político de celebração ou
reconhecimento dessas diferenças‖. Em sociedades multiculturais, há multiculturalismos
diversos. Por sua vez, o adjetivo ―intercultural‖ tem sido utilizado para indicar realidades
e perspectivas incongruentes entre si: há quem o reduz ao significado de relação entre
grupos ―folclóricos‖; há quem amplia o conceito de interculturalidade de modo a
compreender o ―diferente‖ que caracteriza a singularidade e a irrepetibilidade de cada
sujeito humano; há ainda quem considera interculturalidade como sinônimo de
―mestiçagem‖ (SANTOS; NUNES, 2003, p. 28; FLEURI, 2004, p.17).
617
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4
Para Boaventura de Souza Santos (2003), é importante que se distingam as formas
conservadoras/reacionárias do multiculturalismo das progressistas/inovadoras. Maior
aprofundamento em Santos (2003, p. 11).
5
Para aprofundamento, investigar: SIDEKUM, Antonio. Alteridade e Multiculturalismo. Ijuí:
Ed. Ijuí, 2003; SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos
do cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2003.; CANDAU,
Vera Maria. Direitos Humanos, Educação e Interculturalidade: as tensões entre
igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação. v.13 n.37. jan/abr. 2008. p.45-
185.; DAMÁZIO, Eloise da Silveira Petter. Multiculturalismo versus Interculturalismo: por
uma proposta intercultural do Direito. Revista Desenvolvimento em Questão. Editora
Unijuí. Ano 6. n. 12. jul./dez. 2008. p. 63-86. FLORES, Joaquin Herrera. Direitos
humanos, interculturalidade e racionalidade de resistência. Revista Sequência: estudos
jurídicos e políticos. Programa de Pós-Graduação em Direito da UFSC. v.23 n.44, 2002.
p.9-30.
618
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
6
Santos (2006) distingue formas de globalização, o localismo globalizado - onde
determinado fenômeno local é globalizado, o globalismo localizado - impacto específico
das práticas e imperativos transnacionais nas condições locais, sendo (des)estruturadas
e (re)estruturadas para responder aos imperativos transnacionais e o cosmopolitismo
espaço de interação transnacionais na defesa de interesses comuns.
619
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7
Como concepto y práctica, proceso y proyecto, la interculturalidad significa - en su
forma más general – el contacto e intercambio entre culturas en términos equitativos; en
condiciones de igualdad. Tal contacto e intercambio no deben ser pensados
simplesmente en términos étnicos sino a partir de la relación, comunicación y
aprendizaje permanentes entre personas, grupos, conocimientos, valores, tradiciones,
lógicas y racionalidades distintas, orientados a generar, construir y propiciar um respeto
mutuo, y un desarrollo pleno de las capacidades de los indivíduos y colectivos, por
encima de sus diferencias culturales y sociales. En sí, la interculturalidad intenta romper
con la historia hegemônica de una cultura dominante y otras subordinadas y, de esa
manera, reforzar las identidades tradicionalmente excluídas para construir, tanto en la
vida cotidiana como en las instituciones sociales, un con-vivir de respeto y legitimidad
entre todos los grupos de la sociedad. [...] En sí, la interculturalidad tiene el rol – crítico,
central y prospectivo em todas las instuciones sociales – de reconstruir paso a paso
sociedades, estructuras, sistemas y procesos (educativos, sociales, políticos, jurídicos y
epistêmicos), y de accionar entre todos relaciones, actitudes, valores, práticas, saberes
y conocimientos fundamentados en el repeto e igualdad, el reconocimiento de las
diferencias y la convivência democrática que, por la misma realidad social, es muchas
veces conflictiva (WALSH, 2009, p. 41-42).
8
Aprofundamento em: WALSH, Catherine. Interculturalidade crítica e Pedagogia
Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, Vera Maria (Org.). Educação
Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro:
7Letras, 2009, p. 12-43.
620
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621
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622
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623
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624
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625
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626
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10
FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. Ensino Religioso: perspectivas pedagógicas.
Petrópolis/RJ:Vozes, 1994.
627
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628
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12
Para Boaventura Santos ―possibilidade é o movimento do mundo‖ (SANTOS, 2004, p.
796).
629
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Referências
631
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632
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
633
MEMÓRIA, TOLERÂNCIA E RESISTÊNCIAS: DISCUSSÕES
SOBRE RELIGIÃO E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
Resumo:
Entre posturas entusiasmadas, militantes, céticas, estagnadoras, no cenário brasileiro
contemporâneo, os direitos humanos têm agregado lutas emancipatórias, reivindicações de
justiça, de igualdade, de segurança, de cidadania, protestos contra todo e qualquer tipo de
violência, preconceito ou degradação da vida. Movimentos sociais, ações e políticas
governamentais, pesquisas acadêmicas confluem sob a direção dos direitos humanos,
principalmente, no período de redemocratização brasileira que se estende até os dias
atuais. E nesse contexto, sem assumir posturas apologéticas, cabe identificar como a
teologia e as religiões estão atreladas com a promoção dos direitos humanos. Claro, as
memórias de opressão, de intolerância, da conquista colonial não podem ser esquecidas.
Todavia, partindo da ambiguidade da religião, a compreensão de que as sociedades latino-
americanas e as possibilidades de construção dos Estados democráticos de direito não
podem prescindir do estudo das religiões e das teologias.
Introdução
A religião, ou as religiões, nem sempre se conjugaram com os
direitos humanos. Em outras palavras, em muitos momentos a religião foi
promotora da violência ao invés da vida. Todavia, houve momentos de
profunda defesa da liberdade, da justiça, da igualdade. E, esses momentos
precisam ser resgatados, trazido à memória. Isso não significa afirmar a
centralidade de instituições, mas antes o compromisso dessas instituições
de fé, a centralidade do fundamento Cristo. Nesse sentido, esse texto é um
ensaio e consiste em uma leitura do mundo, uma busca pela
compreensão, uma busca por possibilidades de pensar as relações
humanas sem o recurso à violência. Visualizando, nos direitos humanos, a
potencialidade da convivência. Logo, enquanto construções, os direitos
humanos são frutos de lutas emancipatória. As religiões, as teologias, não
são proprietárias dessas lutas, ou desse discurso, mas podem inserir-se ao
lado, na luta por justiça, igualdade, solidariedade, liberdade. Assim, os
1
Doutoranda em Teologia – Faculdades EST. Bolsista CAPES. Contato:
kathlenlua@yahoo.com.br
FONAPER
2
DORNELLES, João Ricardo W. O que são Direitos Humanos. São Paulo: Brasiliense,
2006, p. 32-44. A Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem feita em
Bogotá (1948); a Declaração Universal dos Direitos aos Povos feita em Argel (1977)
também entram no processo de internacionalização dos direitos humanos.
3
ETXEBERRIA, Xabier. Etica de la diferencia: En el marco de la Antropología cultural.
2. ed. atual. Bilbao: Universidad de Deusto, 2000, p. 292.
4
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 4. reimpr. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 35.
5
BIELEFELDT, Heiner. Filosofia dos direitos humanos: Fundamentos de um ethos de
liberdade universal. São Leopoldo: Unisinos, 2000, p. 11.
636
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
6
MÖLLER, Josué Emilio. A fundamentação ético-política dos direitos humanos.
Curitiba: Juruá, 2006. p. 13.
7
BIELEFELDT, 2000, p. 15.
8
BIELEFELDT, 2000, p. 17.
9
BIELEFELDT, 2000, p. 17.
637
FONAPER
10
CARBONARI, Paulo César. Direitos Humanos: Sugestões Pedagógicas. Passo Fundo:
IFIBE, 2008, p. 33.
11
CARBONARI, 2008, p. 33.
12
CARBONARI, 2008, p. 33.
638
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
13
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2007a, p. 15.
14
MOLTMANN, Jürgen. A Vinda de Deus: escatologia cristã. São Leopoldo: Unisinos,
2003, p. 96ss e WOLFF, Hans Walter. Antropologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Loyola, 1975, p. 137-160.
15
ARENDT, 2007a, p. 31.
639
FONAPER
16
BIELEFELDT, 2000, p. 213.
17
BIELEFELDT, 2000, p. 215.
640
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
18
BIELEFELDT, 2000, p. 215-216.
19
―Nos documentos da Federação Luterana Mundial acerca dos direitos humanos, de
1977, associam-se o reconhecimento da secularização dos direitos humanos com a
recorrência crítica aos ensinamentos de Lutero relativa aos dois regimentos, o profano e
o espiritual, nos quais se espelha a diferença entre Lei e Evangelho. Direitos Humanos
ganham força própria como Direito secular e recebem uma apreciação positiva pela
tradição reformista. [...] A necessária distinção entre fé e mundo não leva a uma
separação abstrata, pois a inalienável dignidade humana, protegida por direitos políticos
e jurídicos, também pode ser entendida e teologicamente desdobrada como expressão
divina que age antes de qualquer obra ou mérito humano. Como os direitos humanos
existem independentemente de qualquer fundamentação teológica – e exatamente
por sua feição secular -, eles se tornam parte irrenunciável da proclamação
cristã‖. BIELEFELDT, 2000, p. 230-231. grifo nosso.
20
BIELEFELDT, 2000, p. 215-217.
21
AMALADOSS, Michel. Pela Estrada da vida: Prática do diálogo inter-religioso. São
Paulo: Paulinas, 1995. p. 202.
641
FONAPER
22
BIELEFELDT, 2000, p. 217.
23
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: Anti-semitismo, imperialismo,
totalitarismo. 7. reimpr. São Paulo: Cia das Letras, 2007b, p. 331.
24
AMALADOSS, 1995, p. 201-202.
25
MOLTMANN, Jürgen. Direitos Humanos, Direitos da Humanidade e Direitos da
Natureza. Concilium, Petrópolis, n. 228, fasc. 2, 1990, p. 135-152.
642
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
36
STÅLSETT, Sturla. Religión en la globalización: integración o resistencia, 2004. p. 4.
(polígrafo)
37
STÅLSETT, 2004, p. 4.
38
STÅLSETT, 2004, p. 4.
39
STÅLSETT, 2004, p. 4.
643
FONAPER
26
Viola menciona a participação decisiva de personalidades e de organizações da ICAR:
bispo Dom Adriano Hipólito, Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns movimentos
como o da Educação de Base (MEB), a Juventude Estudantil Católica (JEC), a
Juventude Universitária Católica (JUC) e a Juventude Operária Católica (JOC), as
Comunidades Eclesiais de Base (CEB‘s). VIOLA, Solon Eduardo Annes. Direitos
humanos e democracia no Brasil. São Leopoldo: Unisinos, 2008, p. 109; 107.
27
VIOLA, 2008, p. 122.
28
Na América Latina, o CLAI (Conselho Latino Americano de Igrejas) oferecia socorro às
pessoas vitimadas por conflitos. Também o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs no Brasil) é um organismo ecumênico que se envolve em campanhas contra a
violência e a favor dos direitos humanos. TEIXEIRA, Faustino; DIAS, Zwinglio Mota.
Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso: A arte do possível. Aparecida/SP: Santuário,
2008. p. 88ss. (Cultura & Religião)
29
KÜNG, Hans. Projeto de Ética Mundial: Uma moral ecumênica em vista da
sobrevivência humana. São Paulo: Paulinas, 1993. p. 174. (Teologia Hoje)
644
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
30
ETXEBERRIA, Xabier. Derechos humanos y cristianismo: Aproximación
hermenéutica. Bilbao: Universidad de Deusto, 1999. p. 55. (Cuadernos Deusto de
Derechos Humanos; n. 4)
645
FONAPER
31
TEIXEIRA; DIAS, 2008, p. 90.
32
ABREU, Raíssa. Entenda o projeto da Comissão da Verdade. Agência Senado. 18 out.
2011. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/entenda-o-projeto-da-
comissao-da-verdade.aspx>. Acesso em: 04 fev. 2012.
33
WORLD COUNCIL OF CHURCHES. WCC general secretary begins week-long visit
to Brazil. 14 jun. 2011. Disponível em: <http://www.oikoumene.org/en/news/news-
management/eng/a/article/8497/wcc-general-secretary-beg.html>. Acesso em 04 fev.
2012 .
646
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
34
DUSSEL, Enrique. Sistema-mundo, dominação e exclusão: apontamentos sobre a
história do fenômeno religioso no processo de globalização da América Latina. In:
HOORNAERT, Eduardo (Org.). História da Igreja na América Latina e no Caribe
1945-1995: o debate metodológico. Petrópolis: Vozes; São Paulo: CEHILA, p. 39-79,
1995, p. 61.
35
FORNET-BETANCOURT, Raúl. Religião e Interculturalidade. São Leopoldo:
Sinodal/Nova Harmonia, 2007, p. 155-156.
647
FONAPER
36
PEREIRA, Nancy Cardoso. Editorial : Pautas para uma hermenêutica feminista de
libertação. Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana, n. 25, p.5-10, 1996, p.
8.
37
PEREIRA, 1996, p. 9.
38
PEREIRA, 1996, p. 9.
648
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
[...] creio que podemos evitar o estéril debate entre os que lamentam o
excesso de religião e os que, contrariamente, deploram a sua falta,
salientando que os protagonistas desses discursos geralmente alojam-
se em espaços sociais muito heterogêneos, os quais atualizam
horizontes de produção de sentido muito diversos, onde não chega a
se processar um diálogo mínimo, mas apenas a eventual colisão de
39
enfadonhos e repetitivos monólogos.
39
LEWGOY, Bernardo. Religião e direitos humanos: cenários locais e globais de um
debate. In: FONSECA, Claudia et al. (Orgs.). Antropologia, diversidade e direitos
humanos: Diálogos interdisciplinares. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p. 71-72.
40
BLOCH, Marc. Introdução à História. ed. rev., aumentada e criticada por Étienne
Bloch. Mem Martins: Europa América, 1997, p. 31.
649
FONAPER
Algumas considerações
A teologia, sendo um saber que se dispõe ao espaço público, precisa
estar ciente de que algumas de suas posturas podem entrar em conflito
com outras tradições. Por exemplo, em se tratando de direitos humanos, a
teologia não poderia entrar em disputas acerca de Cristo ou da Trindade,
41
MOLTMANN, 2003, p. 151.
42
MOLTMANN, 2005, p. 42.
43
MOLTMANN, 2005, p. 53.
44
MOLTMANN, 2005, p. 53.
650
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
45
WILFRED, Felix. Introdução: a arte de transpor fronteiras. Concilium. Petrópolis, n. 280,
1999. p. 11.
651
FONAPER
Referências
<http://www.oikoumene.org/en/news/news-
management/eng/a/article/8497/wcc-general-secretary-beg.html>. Acesso
em 04 fev. 2012.
654
GT6: EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE
Coordenação:
Dr. Antônio Sidekum (UCA/El Salvador)
Dr. Iuri Andréas Reblin (Faculdades EST)
Resumo
O presente trabalho parte da constatação de que a diversidade cultural religiosa na
Educação Brasileira se torna, a cada dia, mais evidente no componente curricular Ensino
Religioso, fazendo da educação e da escola pública um espaço de reconhecimento e
valorização das várias diferenças, que se desenvolvem no cotidiano escolar pelo estudo e
decodificação das diversas matrizes culturais que formaram e compõem a sociedade
brasileira. Para isso, lançamos o olhar sobre os PCNER desse componente curricular, em
especial o eixo organizador do conteúdo ethos, para localizar essa construção,
contextualizando-a com o pensamento educacional, que a nosso ver, precisa urgentemente
pautar sua práxis na alteridade e nos direitos humanos, de forma a assegurar as
identidades individuais e coletivas dos diversos sujeitos.
Introdução
A temática que apresentamos neste texto, emerge de nossas
observações sobre as relações que estabelecemos cotidianamente na
sociedade atual e apontam para a necessidade cada vez mais latente de
aprendermos a viver juntos, pelo menos respeitosamente, enquanto não
conseguirmos viver afetuosamente e como sonhamos.
Nesses termos, o mesmo objetiva refletir sobre qual o lugar e o
tratamento que a educação escolar dedica às diferenças e aos diferentes.
Consideramos que para discutir o lugar que a alteridade e a identidade
ocupam na diversidade cultural religiosa, somos levados a refletir sobre os
desenhos curriculares das instituições educacionais que, infelizmente,
falam tanto de diversidade cultural, mas ainda não a compreendem e nem
1
Autora. Mestre em Educação, com ênfase em Formação de Professores; Pedagoga e
Professora Efetiva do Departamento de Educação Geral da Universidade do Estado do
Pará. Coordenadora Pedagógica da Escola de Educação Tecnológica do Pará Prof.
Anísio Teixeira. E-mail: edinafialho@yahoo.com.br
2
Coautor. Mestrando em Educação (PPGED/UFPA) na Linha de Pesquisa Educação:
Currículo, Epistemologia e História. Bolsista da CAPES. Líder do Grupo de Pesquisa em
Educação e Religião na Amazônia (GPERA). Bolsista da CAPES. Membro do grupo de
pesquisa em Filosofia, Ética e Educação (GPFEE/UFPA) e Hermenêutica, Antropologia
e Educação (GPHAE/UFPA). E-mail: naumamos@yahoo.com.br
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Viver na diversidade
Para compreender a temática central deste texto referente à
educação e diversidade cultural religiosa, torna-se basilar termos
consciência de que o mundo se constitui a partir de uma pluralidade no
qual os seres humanos são diferentes, porque a diferença, além de ser
uma questão natural, é também uma questão social. Nesse sentido, ―A
vida é feita de cores, sabores, sons, movimentos, cheiros, sabores,
encontros e desencontros, amores e dores, desejos, medos, planos e
sonhos, identidades e alteridades‖ (MACHADO, 2006, p.73).
O importante é compreender que a diversidade representa um
grande universo de diferentes e diferenças entre as pessoas, e entre os
grupos que compõem a vida em sociedade, portanto, a diversidade se
apresenta como um complexo e grande desafio a nossa inteligência e
capacidade de adaptação ao mundo humano.
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então, um homem com uma identidade que é comum a todos, em que ele
aceita sua condição de miséria, de anonimato, como se ela fosse uma
predestinação.
O autor fala de alguém que se sente objeto de uma identidade
imutável, pronta e acabada, como se o seu destino estivesse traçado e ele
fosse impossibilitado de interferir no mesmo que já está determinado.
Todavia, na convivência com a diversidade as pessoas diferentes de nós
nos ensinam, nos fazem mudar, e nos possibilitam crescer eticamente
como pessoa e cidadão planetário. Infelizmente, não superamos o nosso
instinto de seletividade que leva à exclusão de milhares de diferentes em
decorrência de questões ideológicas, axiológicas, políticas, econômicas,
socioculturais, educacionais e que os submetem à segregação.
Acredito que por meio do exercício e da prática do amor universal, os
homens adquirem condições de viver a não indiferença aos problemas
sociais, pois o amor é o sentimento que nos faz ser responsável pelo outro,
a aceitar suas diferenças e a aprender com elas. Nesta perspectiva de
relação humana nos diz Freire (2004, p. 39) ―É preciso permitir ao ser
humano chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o
mundo, estabelecer com os outros, relações de reciprocidade, fazer a
cultura e a história‖. É a partir dessas bases que propusemos o repensar
em nossas práticas educativas para que elas sejam menos
discriminadoras e mais inclusivas.
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vida igual a minha, simplesmente porque somos todos diferentes uns dos
outros, porém, são exatamente estas diferenças que tornam a sociedade
mais dinâmica e cheia de criatividade.
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qual ele precisa estar preparado. Assim, mesmo avanços tecnológicos que
nos ajudam a viver e a nos comunicar com os outros, também nos
mostram que estamos vivendo no limiar da barbárie, do grotesco, e do
violento, que é contraditório à proposta de uma convivência mais
humanizadoras com a diversidade.
Hall (2005, p. 10) analisa a identidade definindo-a como fragmento;
ele trabalha três concepções de identidade: o sujeito do iluminismo, o
sujeito do socialismo, o sujeito pós-moderno. Para ele, o sujeito do
iluminismo é centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de
consciência e de ação. Já o sujeito sociológico, é o reflexo da
complexidade do mundo moderno, no qual a identidade do sujeito é
formada a partir das relações estabelecidas com as outras pessoas que
lhe transmitiam valores, sentidos e símbolos, que de alguma maneira, as
influenciam.
Na pós-modernidade, o sujeito é fragmentado, composto de várias
identidades que coexistem neste mesmo sujeito; algumas são até
contraditórias, outras ainda não resolvidas, e provisórias. A concepção de
Hall assemelha-se a de Ciampa sobre identidade, quando diz que o ser vai
construindo a sua identidade, a qual ele denomina de metamorfose e
dinâmica, que se move e se transforma mediante as contingências sociais
que fogem à linearidade, por isso o sujeito assume identidades diferentes
em diferentes momentos, todavia, a escola que temos ainda busca a
linearidade, e a uniformização das pessoas, dentro de uma visão distorcida
de compreender e conviver com a diversidade, como aponta Nóvoa (1995,
p. 73): ―as escolas são instituições de um tipo muito particular, que não
podem ser pensadas como qualquer fábrica ou oficina: a educação não
tolera a simplificação do humano (das suas experiências, relações e
valores), que a cultura da racionalidade empresarial sempre transporta‖.
Amparada por essa ideia e dos demais autores que fundamentam a
tessitura deste trabalho, defendemos a identidade como algo em
construção, e que necessita ser levado em consideração pela escola, a
qual trabalha com muitas identidades que convivem no seu interior e
precisam ser ouvidas, não apenas em sua intelectualidade e racionalidade,
mas na sua condição emociona e afetiva que o tornam a pessoa que é.
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A escola como lugar das diferenças e espaço que deve ser dos
diferentes
Partindo da afirmação da referida seção e considerando a discussão
realizada até aqui, enfatizamos a contribuição do componente curricular
Ensino Religioso.
Segundo a legislação educacional, o Ensino Religioso, assegurado
no art. 210, § 1°, da Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a Lei nº
9.394/1996, em especial, no art. 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997, é
parte integrante da formação básica do cidadão, constituindo-se disciplina
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do país e vedadas
quaisquer formas de proselitismo.
O Ensino Religioso assume a compreensão de área do
conhecimento, de acordo com as Diretrizes Nacionais para o Ensino
Fundamental, conforme a Resolução CNE/CEB Nº 02/1998.
De acordo com as Diretrizes Nacionais para Educação Básica, esse
componente curricular integra a base nacional comum, segundo o art. 14, da
Resolução CNE/CEB nº 04/2010, assegurando, nesses termos já citados, a
formação comum, sendo mais expresso a sua oferta no Ensino fundamental,
segundo a Resolução CNE/CEB nº 07/2010, reafirmando a oferta obrigatória
dessa disciplina em todas as modalidades do referido ensino.
Partindo disso, é no contexto desses dispositivos legais que
afirmamos a enorme contribuição que esse componente curricular vem, de
fato, a partir da sua área tomada para a formação de professores, as
Ciências da Religião (SENA et al, 2006; PASSOS, 2007; SOARES, 2010;
JUNQUEIRA, 2010, 2011), para abordar o estudo da religião na
diversidade cultural religiosa do país, sem proselitismo, confirmando, no
espaço escolar, a afirmação das identidades pautadas na alteridade,
conforme os eixos organizadores dos conteúdos, segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER, 2009).
Sobre esses aspectos, desenvolvidos nos cotidiano escolar,
podemos elucidar que
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Considerações provisórias
Esse diálogo não se encerra por aqui, mas é muito bom poder
escrever sobre o valor e a importância que o outro deve ter em nossa vida,
de forma dialogal e relacional, uma que vez disso depende a manutenção
da espécie humana e de todo conhecimento produzido.
A educação como um todo, deveria acolher essa perspectiva desde a
formação inicial para afinal poder chegar até as escolas com um
tratamento reverenciador e tolerante ao dar voz e visibilidade ao outro, ao
diferente, como seus conhecimentos e visões, numa relação permanente
de partilha, solidariedade e fraternidade.
Nossa intenção se assenta nesse olhar que vislumbra essa
necessidade humana para a formação humana do cidadão de maneira
integral, permitindo a redução das barreiras, fronteiras, limites e restrições
impostas no processo educacional, no direito humano fundamental de
poder ser fazer melhores, partindo de aspectos fundamentais da existência
humana, desde sempre, com a elaboração do sagrado
transcendente/imanente, que sempre viu no outro, no próximo, um
caminho para o autoconhecimento de si e quem sabe do sentido último da
existência.
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Referências
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EDUCAÇÃO INTERCULTURAL: A CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE E DA DIFERENÇA NO AMBIENTE ESCOLAR
Resumo
O presente artigo se situa na temática intercultural da educação, focalizando a construção
da identidade e da diferença no ambiente escolar. O argumento central é o de que pensar e
viver uma educação no mundo atual passa pelo reconhecimento de que esta deve ser uma
educação multicultural que visa uma pluralidade e diversidade de sujeitos e de culturas,
criando contextos educativos que favoreçam a integração cooperativa de diferentes
sujeitos, assim como a relação entre os seus contextos sociais e o respeito às diferenças
culturais - elementos essenciais na construção da identidade do sujeito do ato educativo.
Assim, pretende-se situar o ambiente escolar como o espaço para que as pessoas
adquiram uma visão multicultural, considerando que nenhuma cultura é superior a outra. E
que fomente no educando a tolerância e o respeito ao outro, independente de sexo, cor,
gênero ou religião.
Introdução
O presente artigo, que ora se situa na temática da educação
intercultural, pretende discutir aspectos interculturais na construção da
identidade e da diferença do aluno no ambiente escolar.
O debate sobre a diversidade cultural tem sido um dos principais
temas de discussão das ciências sociais. Uma vez que a diversidade
cultural é uma realidade cada vez mais visível. Já não se pode mais
pensar uma escola cuja cultura predominante seja a da elite e que esta
seja superior às demais. Pensar nisto significa ―manter posturas
resistentes à mudança, preconceituosas, limitadoras e descontextualizadas
em relação às exigências do mundo atual‖ (PADILHA, 2004).
Durante a Segunda Guerra Mundial, o mundo assistiu à perseguição
e, consequentemente, a morte de milhares de pessoas tidas como não
arianas. A partir de então esforços políticos foram feitos para construir uma
sociedade mais justa, solidária, onde a tolerância e o respeito ao outro seja
1
Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão, Pós-graduação
em Língua Portuguesa pela Universidade Salgado de Oliveira e Mestrado em Ciências
da Educação pela Universidade da Madeira – Funchal, Portugal. E-mail:
profeliel@ig.com.br
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Penso que tal desafio a que se refere Leite (op. cit., 2002) não é
nada fácil; ainda que a educação intercultural implique a confiança de que
é possível a construção de relações entre as pessoas, respeitando suas
diferenças, teremos, no ambiente da sala de aula, aqueles resistentes às
mudanças. Isto se deve em função de que a cultura docente é
fundamentalmente conservadora, pois ela compreende o conjunto de
crenças, valores, hábitos e normas dominantes.
Vera Candau (2003, p. 5-7) elenca alguns desafios que teremos de
enfrentar se quisermos promover uma educação intercultural, explicitando
cada um deles:
Desconstruir - Penetrar no universo de preconceitos e discriminações
presentes na sociedade brasileira. Esta realidade se apresenta entre
nós com um caráter difuso, fluido, muitas vezes sutil, e está presente
em todas as relações sociais. A ―naturalização‖ é um componente que
a faz em grande parte invisível e especialmente complexa. Para a
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Considerações Finais
Como podemos observar no decorrer deste trabalho, o panorama
teórico sobre a diversidade cultural e o interculturalismo no contexto
escolar estabelece que a pluralidade cultural, tão presente na escola, é
uma ferramenta imprescindível para o enriquecimento pessoal e social do
ser humano. Sendo assim, a educação intercultural, mesmo sendo uma
questão complexa, cheia de tensões e desafios, encontra-se na pauta das
discussões como uma educação para o reconhecimento do outro, que
valorize, através do diálogo, a cultura do outro. A perspectiva de uma
educação intercultural está orientada à construção de uma sociedade
democrática, plural, que articule políticas de igualdade com políticas de
identidade.
O nosso estudo aponta na direção de que a escola pode ser um
espaço que favoreça não só a socialização das informações e de
instrumentos culturais, mas também de relações humanas críticas e
solidarias. A escola, vista como uma instituição formadora de ideologia
precisa ter, portanto, um papel fundamental a desempenhar nas novas
politicas voltadas às minorias. Sabemos que a escola se configura em um
contexto extremante fértil para a construção de identidades e diferenças,
por disponibilizar em constituição várias formas de interação.
Nessa perspectiva, há que se salientar que somente uma prática
educacional baseada em processos interativos na qual os alunos se
constroem em sua historicidade, pode contribuir para a quebra da exclusão
e segregação do ser humano.
Assim sendo, trilhamos no contexto de uma educação intercultural
perspectivas que favorecem o respeito, a aceitação do outro como legítimo
sujeito, a cooperação de diferentes sujeitos, bem como a relação entre os
seus contextos sociais e culturais, constituindo o horizonte da educação
intercultural.
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Referências
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ETNOJOGO UMA PROPOSTA CRIATIVA
Resumo
Pensando no pluralismo da sociedade atual, o presente artigo pretende refletir sobre o
conceito de etnocentrismo, já que é essencial a prática de valores com vistas a educar para
a alteridade e para a responsabilidade social. Nessa sociedade multicultural, o problema da
intolerância salta os muros e interpõe-se no contexto escolar como um grande desafio, não
só para os professores de ensino religioso, mas também para os das demais disciplinas.
Nesse sentido, o objetivo desta reflexão é mostrar como os pilares da educação podem ser
uma tentativa de responder a esses desafios. Para tanto, o objeto deste estudo é a
desconstrução da prática etnocêntrica, usando, para isso, como metodologia, um recurso
didático, dinâmico e dialético. Dessa forma, essa proposta de desconstrução contribuirá
para a tentativa de superar a hegemonia cultural e para construir uma noção de equilíbrio
cultural.
Introdução
Nessa sociedade multicultural, fervilham vozes e imagens que
intercambiam diferentes modos de ser, fazer e conhecer. Essa diversidade
de condutas desencadeia contundentes impasses entre o global e o local.
Impactada por diferentes modus vivendi, a humanidade vê-se
obrigada a rever valores e posições nos quais encontrava estabilidade seja
como pais, professores, gestores, seja como líderes religiosos. Sabe-se,
portanto, que esses momentos, além de virem acompanhados de
profundas angústias, desencadeiam conflitos, forçam a quebra de
paradigmas, requerendo não só respostas pontuais e previsíveis, mas
também novas perguntas, novas metodologias, assunção ética e novos
olhares.
1
Mestranda em Ciência da Religião – Universidade Federal de Juiz de Fora
claudilene_christina@yahoo,com,br
2
Mestranda em Ciência da Religião – Universidade Federal de Juiz de Fora
rosacalure10@yahoo.com.br
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Aprender a conhecer
Esse pilar propõe como desafio que o ―conhecimento‖ oferecido aos
alunos se dê na perspectiva de uma abertura para a descoberta do outro
não só de forma teórica, mas antropológica, considerando a importância da
religião, uma vez que ela apresenta as múltiplas dimensões humanas
(sociocultural, política, psicológica, etc.). Isso legitimará o conhecimento
necessário para se estabelecer um modus vivendi contemporâneo que
permita, de forma dialógica, promover a igualdade, respeitando as
diferenças.
Por ser considerado, simultaneamente, como um meio e uma
finalidade da vida humana, ―aprender a conhecer‖ visa antes de tudo ao
domínio dos próprios instrumentos de conhecimento. Essa relação é a
grande categoria do pensamento que fará o aluno pensar e saber
relacionar não só a essência abstrata e estática da realidade, mas também
a existência numa rede muito mais ampla que, na opinião de Boff (apud
LIBANIO, 2002, p. 31), trata-se da construção de um novo paradigma
fundamentado numa nova forma de diálogo com a totalidade dos seres,
superando, por meio da articulação máxima entre os possíveis extremos,
uma visão dualista. Esse pilar corrobora os PCN‘s do Ensino Religioso
segundo o qual
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Aprender a fazer
Indissociável do primeiro, segundo o autor, este pilar exige que os
educandos apresentem certa competência técnica combinada com um
comportamento social que o capacite a comunicar e trabalhar com os
outros além de gerir e resolver conflitos.
Ainda que não seja apresentado de forma muito explícita pelas
instituições de ensino, o conhecimento de maneira amplificada deseja
conduzir ao saber e este, por sua vez, ao fazer consciente, numa visão de
realidade ampliada e enriquecida por seus sistemas de ação que refletem
a maturidade da responsabilidade assumida de forma ética. Cabe
ressaltar, conforme Passos que
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Aprender a conviver
Este terceiro pilar é para Delors um dos maiores desafios da
educação. Trata-se da busca de uma alternativa adequada capaz de
superar uma narrativa histórica composta por heranças dominadoras,
forjadas a partir de ideologias dominantes, gerando violência, tensões e
conflitos. Na maioria das vezes, esses conflitos segregam e corroem tanto
as estruturas basilares das relações éticas quanto os valores capazes de
promover uma relação mínima de convivência.
Essa intransigência não só impõe domínios conflitantes, mas
também impulsiona, de maneira ostensiva, a prática de ações
fundamentalistas, integristas e de intolerâncias religiosas. Algumas dessas
heranças perpetuam-se, e outras emergem através da face sombria da
―individualidade‖ e da ―subjetividade‖, provocando discussões acadêmicas
que expressam a inquietude dos professores em relação a uma constante
tendência à exacerbada competição em busca do sucesso individual,
dentro ou fora do contexto escolar. Segundo Delors (2001, p. 97), é de
lamentar que a educação, devido a uma má interpretação da ideia de
emulação, contribua por vezes para alimentar esse clima.
A cultura contemporânea apresenta formas que incentivam a
banalização da vida por meio de um cuidado desmedido de si mesmo,
empobrecendo o sentido de comunidade. Ao expor seu profundo
entendimento a respeito da forma peculiar da modernidade, segundo
Renaut
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Aprender a ser
O quarto pilar foi concebido mediante a preocupação da
desumanização do mundo relacionada com a revolução técnica, sob o
risco da alienação da personalidade.
Para Delors (2001, p.100), a fim de desenvolver talentos e estes
gerirem seu próprio destino, a educação é baseada no princípio
fundamental de contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa,
precisando, para isso, desempenhar o papel essencial de conferir a todos
os seres humanos liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e
imaginação.
Esse imperativo requer, de forma consciente e significativa, a
superação da inércia que se apresenta como constantes obstáculos
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a) Objetivo:
Refletir o etnocentrismo a partir de um recurso didático que possa
fazer uma crítica à ideologia dominante na sociedade e na própria cultura.
No sentido amplo, deseja-se falar de cultura e educação, teorizando sobre
práticas sociais etnocêntricas, a fim de que colabore para a desconstrução
das mesmas. Espera-se ainda que professores e alunos reflitam sobre
dimensões culturais relacionadas à ética, estética, filosofia, alteridade,
poder, saber-poder (PADILHA, 2004, p. 198).
b) Composição:
Um tabuleiro (colagem de imagens)
Caneta (para quadro branco)
Apagador
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c) Dinâmica:
O professor divide a sala em grupo, cujo número de componente
será sempre flexível e a critério do professor, e exporá para os alunos a
seguinte situação fictícia:
O nosso planeta sofreu um grande abalo e as civilizações foram
dizimadas. Em contrapartida, uma nova chance de recomeço foi dada a
alguns homens pelos deuses de diferentes tradições religiosas. Esses
homens devem se reunir em conselho e, olhando para o tabuleiro, devem
escolher ideias, símbolos, personalidades, práticas, valores, entre outros,
que fundamentarão essa nova sociedade, considerando sempre a
contribuição de diferentes culturas.
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Considerações Finais
Diante das considerações sobre os pilares da educação, propostos
por Delors, e diante da proposta do ETNOJOGO, ressalta-se que, no
ambiente educativo, que sempre enfrenta constantes transformações,
devem ser estimuladas as potencialidades individuais, privilegiando as
reformas educativas quer seja na elaboração de programas quer seja na
definição de novas políticas pedagógicas capazes de gerir conflitos que se
contraponham aos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Em síntese, não se devem circunscrever períodos particulares da vida para
buscar uma solução abrangente.
Em uma sociedade em constante transformação, a missão que cabe
à educação deve ser permanente e dirigida às múltiplas formas que
revestem os processos dinâmicos de que se compõe a vida humana.
Trata-se de um continuum educativo, coextensivo à vida, em todas as suas
dimensões. Enfim, como a sociedade ocidental vai de um
unilateralismo a outro, todas essas orientações tentam reabilitar as
dimensões menos valorizadas do ser humano.
Quando se compreende o distanciamento em relação aos desafios
impostos pela sociedade multicultural, buscam-se novas teorias ou
revisitam-se outras, a fim de que se jogue luz sobre o fazer educativo. O
importante é ter em mente que os conhecimentos teóricos e científicos
devem fundamentar a ação pedagógica, seja para inovação seja para
manutenção do que vem dando bons resultados.
O importante é a conscientização e assunção de que nem sempre o
professor sabe o que fazer nem a que método recorrer a fim de que suas
ações contribuam para formar um cidadão que aprenda a conhecer, a
fazer, a conviver e a ser. Empoderado desses saberes, esse cidadão
705
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
sente-se livre para proclamar sua crença, seus valores, suas experiências,
seus saberes e, de igual forma, o outro para quem ele proclama esse eu,
sente-se livre para proclamar-se a si mesmo; ambos reconhecem que o
eu e o outro são mediados por determinações culturais, nem sempre claras
e precisas, nem por isso marcos estanques e imunes às trocas e
negociações.
Essa possibilidade de trocas e negociações interpessoais entre
indivíduos culturalmente determinados sinaliza para uma dialética
permanente, que se desenrola no círculo das culturas (FREIRE, 1998, p.
27). A percepção dessa dialética possibilita incorporá-la em um recurso
didático que sirva como instrumento de negociação de significados
culturais, tanto para professores quanto para alunos. A partir do potencial
cognitivo e social perceptível nos pilares da educação, podem-se formar
cidadãos com atitudes proativas, os quais podem ser levados, crítica e
dialeticamente, a rever pré-concepções etnocêntricas. O método lúdico
possibilita-os a conhecer, (re)interpretar, (re)construir e conviver, na
realidade plural, com a sua própria cultura e com a cultura do outro.
Referências
BUBER, Martin. Eu e tu. Tradução por Newton Aquiles Von Zurben. São
Paulo, SP: Ed. Moraes, 1974.
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GT7: A RELIGIÃO E O ETHOS CONTEMPORÂNEO
NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO RELIGIOSO
NO BRASIL
Coordenação:
Dr. José Luiz Izidoro (CES-JF)
Resumo:
Este artigo pretende refletir a cerca da importância dos rezadores/cantadores de ladainha,
suas memórias, religiosidade, saberes, oralidade e identidade. Partindo do pressuposto que
os rezadores estão inseridos na vertente religiosa de catolicismo popular, procura-se
investigar através de uma pesquisa de campo e bibliográfica como se dá a organização do
grupo e o repasse de saberes no intuito de manutenção de sua tradição. Observam-se a
ausência de registros sobre tal grupo. Com isto deseja-se enfatizar a sua repercussão na
religiosidade no Município de Mocajuba, uma vez que os rezadores/cantadores são
contratados para fins de culto aos santos e por alma de parentes falecidos daqueles que
contratam a ladainha. Baseando-se nos estudos de Marcel Mauss que escreveu sobre a
prece, dentre outros autores, pretende-se contribuir com os estudos de Ciências da Religião
no contexto amazônico.
Introdução
Este artigo tem o objetivo de discutir o catolicismo popular mais
especificamente as memórias dos grupos de ladainhas em Mocajuba-Pará.
Para compreender como se apresenta o Grupo de Ladainha será
necessário percorrer alguns elementos como: saberes, oralidade,
religiosidade, tradição, identidade, e como politicamente estes homens e
mulheres se constituem como parte de uma sociedade, uma vez que há
poucos registros sobre a ladainha no Brasil. Este estudo recorrerá a
autores como Halbawachs os quais trabalham com memória, bem como a
Marcel Maus que estudou sobre a Prece. E ainda autores que estudaram o
catolicismo popular: Pierre Sanchis, Heraldo Maués e Benedita Celeste.
Alguma literatura da Igreja Católica será utilizada para realizar um diálogo
entre o catolicismo oficial e o catolicismo popular. A fala de alguns
1
Artigo apresentado à disciplina de Introdução aos Estudos da Religião do curso de
Mestrado em Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará sob orientação
do Prof. Dr. Saulo Baptista e do Prof. Dr. Manoel Moraes.
2
Mestrando do curso de Ciências de Religião da Universidade do Estado do Pará,
participa do Grupo de Pesquisa GERMA. E-mail: guigomendes@yahoo.com.br
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Catolicismo popular
O catolicismo popular como expressão religiosa é visualizado em
vários países do mundo. No contexto Europeu, especificamente em
Portugal este fenômeno é observado, uma vez que o catolicismo da Igreja
Oficial não se apresenta como uma única vertente. Neste sentido,
elementos oriundos das expressões populares estão presentes de modo
que desde a oficialização do cristianismo em Roma a Igreja também
incorpora elementos dos contextos socioculturais de outras confissões que
se sincretizaram neste processo histórico.
A literatura trovadoresca portuguesa apresenta tais narrativas
especialmente nas obras de Gil Vicente, pois ilustra um contexto religioso
ao apresentar um enredo da escatologia bíblica: julgamento final, paraíso,
purgatório e inferno. Entretanto muitos desses elementos são
ressignificados ao conter sátiras ao momento histórico vivido, personagens
com seus conflitos amorosos, suas orfandades afetivas, suas
necessidades econômicas. Simultaneamente à estas questões as
comemorações, festas, oralidade e tradições profanas convivem com
narrativas litúrgicas.
No Brasil, há inúmeras tradições que se apresentam como populares
e que se misturam com as tradições religiosas oficializadas. Para se
observar com profundidade estes fatos pode-se destacar: a organização
das manifestações religiosas é geralmente liderada por leigos; há uma
relação de controle, aceitação, ressignificação por parte de eclesiásticos
quando se relacionam com estes sujeitos. Estes por sua vez aceitam as
redes de relações com a Igreja Oficial ou decidem se organizar de modo
autônomo.
Cavalgadas, romarias, ladainhas, veneração a santos populares,
dentre outas expressões são exemplos claros no Brasil de como se dá
este processo de negação, negociação e controle entre leigos e
sacerdotes. O documento de Aparecida (2007, p. 29) ressalta sobre a
religiosidade popular quando diz:
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Gostaria de não ser mal entendido. Longe de mim a ideia de opor uma
forma de cristianismo ―puro‖, vivido na velha Europa,
emblematicamente em Portugal, a um catolicismo brasileiro
―sincrético‖, fruto do transplante colonial... Bem sabemos hoje o
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Além do culto particular aos santos, que ser faz nas residências, existe
o culto público, que muitas vezes começa (...) a partir do culto a
santos de dono, que aos poucos vão ganhando dimensão pública, a
ponto de se tornarem padroeiros de uma determinada localidade, vila
ou cidade ou até regiões inteiras.
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3
Luís Rocha, ex-trabalhador rural aposentado, líder do grupo de Ladainha em Mocajuba.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações finais
As tradições religiosas existentes na região da Amazônia
Tocantina, mais especificamente na cidade de Mocajuba, despertam uma
consciência de que a religião é algo presente na trajetória da existência
humana. Todas as sociedades apresentam alguma forma de culto. Sabe-
se que as expressões de fé se apresentam de modo dinâmico fruto de um
tempo e um espaço específico.
Os rezadores/cantadores de ladainha pertencem a um grupo que
interage com uma comunidade organizada possuem influências de um
aspecto erudito uma vez que as ladainhas são rezadas em um catolicismo
oficial, no entanto, se ressignifica no espaço popular. Para identificar este
fenômeno, a memória do grupo é de fundamental importância, assim a
técnica da entrevista junto aos agentes envolvidos permite estudar de que
modo estes sujeitos se veem e observam o mundo ao redor.
Na apresentação na casa de Dona Rosa pode-se constatar que
mesmo numa família mais tradicional da cidade, o respeito pela devoção
também se dá num mesmo nível de quando é rezada em uma família
ribeirinha. Na área urbana os recursos, são maiores. O uso de som,
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Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS
E LAICIDADE DO ESTADO
Myriam Aldana1
Leonel Piovezana2
Resumo:
A hegemonia jurídica do terreno da sexualidade e da reprodução sempre foi disputada
pelas religiões e pelo poder político. No Ocidente, com a constituição dos Estados laicos
(século XVIII e XIX), deu-se a separação entre Estado e Igreja, sendo esta consignada em
suas Cartas Magnas. Mas a disputa em torno das normas que regem o exercício da
sexualidade e da reprodução continuou ao longo dos séculos XIX, XX e início do XXI,
constituindo-se ainda em tema de grande atualidade. Neste artigo abordamos a
interferência da Igreja Católica no Congresso Nacional na disputa de projetos de Lei sobre
Reprodução e Sexualidade na década de 90. Nele caracterizaremos três atores ligados à
Igreja Católica: o Grupo Paralamentar Católico, o Setor Família da CNBB e o Movimento
Pró-Vida, destacando sua organização e suas estratégias nesta disputa cuja arena foi o
Congresso Nacional.
Introdução
A laicidade do Estado brasileiro é um tema próprio do início da
República (fim do século XIX) e que foi consignada na primeira
Constituição da nascente República dos Estados Unidos do Brasil (1891).
Mas a separação legal entre Igreja e Estado não estabeleceu os
mecanismos que a regem e, muito menos, garante a isenção do Estado da
influência das religiões, pois é próprio das instituições lutarem por sua
perpetuação. Isso não admite exceção ao tratar-se de instituições
1
Doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC.
Professora do Mestrado de Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais da Universidade
Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO. Coordena o Grupo de estudos e
pesquisas de gênero- Fogueira. Membro do Conselho Consultivo de Católicas pelo
Direito de Decidir do Brasil. E-mail: aldana@unochapeco.edu.br
2
Doutor em Desenvolvimento Regional. Professor do Mestrado em Políticas Sociais e
Dinâmicas Regionais e de Educação da Unochapecó. Coordenador Geral das
Licenciaturais Intercultural Indígena e do curso de Ciências da Religião da Universidade
Comunitária da Região de Chapecó (SC). E-mail: leonel@unochapeco.edu.br
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Dentro dessa linha, além dos encontros normais de cada mês, nós
fizemos alguns encontros extraordinários, assim como um dia inteiro
de reflexão sobre temas diferentes (...). No último ano fizemos uma
o
viagem a Roma para participar do 1 Encontro de Parlamentares
Católicos com o Santo Padre. Estivemos lá nas catacumbas
celebrando a eucaristia, na Basílica de São Pedro e numa audiência
com o Papa; estivemos também ouvindo autoridades da Igreja a
respeito da problemática política do mundo inteiro, da questão da paz,
da justiça, da vida (...).Estamos programando também para o ano
2.000, ano do Jubileu, participar em Roma do encontro de 5.000
parlamentares do mundo inteiro. Então nós já estamos começando a
preparação (...)7
Além dessas atividades, há uma parte desse grupo que tem algumas
bandeiras aqui, que é a bandeira da família, da vida, nos leva a uma
luta muito grande aqui dentro do Congresso, de projetos abortistas, de
projetos que atentam contra valores cristãos, um deles é a
regulamentação do casamento de homossexuais, de gays. Tem o
projeto da Marta Suplicy, que suscitou uma discussão muito séria no
o
A divulgação que está sendo feita da votação da PEC n 25/95, de
minha autoria, que pretendia incluir no texto da Constituição a
inviolabilidade da vida desde a concepção e rejeitada por esta Casa,
certamente terá efeitos nas próximas eleições municipais. Essa
divulgação que está sendo feita pelos movimentos pró-vida,
movimentos religiosos, espíritas e tantos outros servirá de referência
para as próximas eleições de outubro, quando elegeremos os
prefeitos que servirão de ponte para a renovação do Congresso
17
Nacional (...) .
16 Trata-se de uma encíclica publicada pelo Papa João Paulo II, em setembro de 1995. A
respeito do conteúdo da mesma voltaremos a falar no próximo capítulo, quando
analisarmos os fundamentos filosófico-teológicos dos argumentos utilizados pelos
protagonistas na construção dos DDRR e DDSS.
17 Encontramos aqui um link com dois elementos já utilizados em nosso texto: Um deles é
o apelo feito por representantes do Setor Família da CNBB, do Movimento Pró-vida, e
do Conselho Pontifício para a Família às bases eleitorais a fim de que votem somente
em candidatos ―se comprometam com a defesa da vida e da família‖ (Comunicado
Mensal, ano 46, no514, de setembro/97, p.1871. O outro elemento apareceu no
depoimento de um membro do GPC a respeito da ação da CNBB sobre os
congressistas por ocasião das votações de projetos relativos à sexualidade e à
reprodução: ―O critério da Igreja Católica sempre é intimidativo, no sentido de tirar votos
do parlamentar...‖
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Considerações finais
A separação formal entre Estado e Igreja não se dá por decreto, ela
perpassa por todo o tecido social nas dinâmicas concretas que se dão
entre os governantes e as hierarquias eclesiais e ainda mais quando se
20 Nos primeiros três séculos, os católicos representavam quase 100% da população. Com
a exceção dos holandeses protestantes que invadiram o nordeste no século XVIII, foi
somente no século XIX que aportaram no país as primeiras levas de ―protestantes‖. Em
meados do século XX surgiram os ―movimentos de renovação evangélica‖ que
conseguiram alargar a base do ―protestantismo‖ brasileiro. Segundo o senso de 2000,
cerca de 80% dos brasileiros se definiram como católicos.
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Referências
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 20 A, de 1991 (do Sr.
Eduardo Jorge e Sandra Starling). Brasília DF. Centro Gráfico do Senado
Federal. 1997.
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Entrevistas
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A CONTRIBUIÇÃO DE JOHN LOCKE PARA A TOLERÂNCIA
Resumo:
O texto propõe apresentar a contribuição de John Locke para a compreensão do
conceito da tolerância entendendo-o como de primordial compreensão para o exercício
do ensino religioso numa sociedade plural. Nele, o leitor identificará que a tolerância
em Locke estava calcada numa base tríplice, a saber: o estado laico, a liberdade
individual como um bem inalienável e a noção de Deus, a religiosidade como doadora
do verdadeiro sentido da tolerância. Por fim, se observará que há um casamento tão
profundo entre o ethos contemporâneo e a noção de tolerância que não se pode
compreender a sociedade atual, nem prospectar uma futura sem que a tolerância seja
um valor ensinado, perseguido e vivido.
Introdução
A Idade Moderna teve em parte dos seus pensadores uma visão
refratária e pessimista quanto ao futuro da religião. Filósofos como Marx,
Nietzsche, Freud, não viam futuro para a religião. O problema dela era
justamente seu passado. O Iluminismo apresentava tal confiança nas
possibilidades do ser humano que não haveria espaço para pensar uma
divindade. Karen Armstrong afirmou que: ―Em meados do século XX a
maioria dos ocidentais achava que a religião nunca mais desempenharia
um papel de destaque nos acontecimentos mundiais. Fora relegada à
esfera privada,(...)‖ (ARMSTRONG, 2001, p.229). Contudo, no final do
século XX, os fundamentalistas mostraram o poder de atração da religião,
cujo grande exemplo foi a tomada do poder no Irã por Khomeini na década
de 70 (ARMSTRONG, 2001, p.353). Tais filósofos não se aperceberam de
que ―há uma vitalidade na fé‖ que faz com que a religião ressurja (SMITH,
2006, p.16).
Essa perpetuação possibilitou não só a existência, mas sobretudo a
tolerância para com a coexistência de diferentes credos. Sem dúvida,
dentre os muitos legados que a modernidade deixou para a humanidade a
noção de tolerância, especialmente a religiosa é um dos mais nobres. Isto
1
Aluno do Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF.
Contato: sdusilek@gmail.com
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
2
John Locke nasceu em Wrington, na cidade de Somerset na Inglaterra em 1632. Teve
formação religiosa puritana e foi médico formado por Oxford. Faleceu em 1704.
740
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742
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(1973, p.11). Para ele não cabia ao magistrado civil o cuidado das almas,
uma vez que tal tarefa não lhe fora outorgada por Deus (LOCKE, 1973,
p.11). Mesmo porque a salvação de uma alma, ou mesmo a sua perdição,
não podia ser resolvida por um decreto (LOCKE, 1973, p.12).
De igual modo Locke entendia que não cabia aos clérigos a
destituição da vida ou dos bens de um homem por conta de sua opção
religiosa. Para o pensador inglês os púlpitos eram locais que ―deveria
caber à pregação da paz, da tolerância (LOCKE, 1973, p.17). Nesse
sentido ele particularmente combateu o policiamento anglicano que forçava
a punição pelo governo civil de praticantes de cultos de outras
denominações (SPELLMAN, 1997, p.16). Para Locke estava claro tanta os
limites quanto a separação que deveria existir entre o governo e a esfera
pessoal/religiosa4. Inclusive em nível de competência das autoridades,
fossem elas civis ou ―religiosas‖. Nesse sentido Locke se alia com a melhor
tradição protestante a qual deixou um ―legado de tolerância com o
pensamento diferente e até mesmo divergente‖ (ALVES, 2004, p.11).
Uma vez desapegados de qualquer pretensão legitimadora, o espaço
do ensino religioso se abre para diferentes contribuições e olhares. Torna-
se uma oficina e não uma ―esteira industrial‖. À pluralidade de vertentes e
de contribuições, soma-se um espectro de possibilidades na percepção e
construção de valores, bem como na compreensão das tradições e do
ethos social.
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5
Para se ter uma idéia, Isaac Newton lia os estudos que Locke escrevera sobre as Cartas
do Apóstolo Paulo, presentes na Bíblia Sagrada, no Novo Testamento.
747
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
6
Tal pensamento é bem divergente do movimento ―Black block‖ que defende a arruaça e a
depredação como legítima forma de protesto contra o sistema capitalista. Isso pode ser
observado nos recentes manifestos populares no Brasil.
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7
Fotógrafo mineiro com amplo reconhecimento pelo seu trabalho e pela sua capacidade
em capturar as mais fortes imagens da desgraça humana.
749
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Referências
751
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
SPELLMAN, W.M. John Locke. New York: St. Martin‘s Press, 1997.
752
GT8: ENSINO RELIGIOSO
E VALORES DO DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Coordenação:
Me. Romi Márcia Bencke (UFJF)
Resumo:
A historiografia nos mostra que as inter-relações entre identidade religiosa e história
contribuíram e continuam a contribuir no processo de formação social, cultural e política do
nosso país. Dessa forma, se torna impensável um Ensino Religioso, enquanto área do
conhecimento da educação básica, que não considere em sua ementa a religião no espaço
público e em suas implicações na ordem social. É nesse sentido, que o presente artigo tem
por premissa problematizar sobre a urgência de um Ensino Religioso, que não se prenda a
limitações de materiais didáticos que pouco contribuem para a reflexão da nossa verdadeira
realidade social, e sim, procure vislumbrar a religião a partir de sua ―nova‖ configuração
social. Metodologicamente, será utilizada como pesquisa a crescente literatura no campo
do Ensino Religioso, bem como a análise dos documentos que o normatizam.
Introdução
A construção teórica desta comunicação bem como os prévios
resultados iniciais aqui alcançados, no caso deste trabalho, não se deve a
iniciativa de nenhum grupo de pesquisa. Na verdade, o que se apresenta
nesta breve, porém, urgente reflexão, surgiu como fruto das observações
feitas nas disciplinas de estágio curricular V e VI, do curso de licenciatura
em Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba – UFPB no
decorrer dos períodos letivos 2012.2 e 2013.1.
Portanto, o caráter reflexivo aqui proposto, que se constitui na
essência deste trabalho, começou a adquirir relevância a partir do
momento em que se percebeu que a proposta teórico-metodológica
contida no programa da disciplina da devida instituição2 de ensino, onde se
deu o estágio, limitava que o objeto religião fosse abordado pelos docentes
1
Graduado em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Graduando
do curso de Licenciatura em Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba
- UFPB. Email: elenilsondelmiro@gmail.com
2
Considerando que o respectivo trabalho adota um caráter puramente reflexivo, o
consentimento dos gestores da instituição não se fez necessário como comumente
ocorre na necessidade de entrevistas ou coletas de dados. Desta forma, por uma
questão ética, opto por não citar o nome da instituição de ensino onde se deu a gênese
desta reflexão.
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
3
No que se refere à qualificação, tal lacuna começa a ser superada na medida em que as
Ciência(s) da(s) Religião(ões) passa a ser indicada por muitos pesquisadores, como é o
caso de João Décio Passos (2007) como sendo o modelo ideal, capaz de oferecer aos
professores uma base teórica e metodológica para a abordagem da dimensão religiosa,
articulando-se de forma integrada com a discussão sobre a educação.
756
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757
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
A persistência da religião
O primeiro passo dado neste trabalho, numa tentativa de abordar a
análise aqui proposta, é deixar claro que qualquer interesse de discutir o
Ensino Religioso em seus conteúdos curriculares enquanto elementos de
uma ação educativa, contextualizada com a realidade social, dificilmente
não será suscitada a importância de começar a análise pela própria
substancialidade do objeto fenômeno religioso presente na religião , bem
como sua persistência numa sociedade dita secular, pois como afirma
Rubem Alves, ao contrário daqueles que imaginavam que a religião era um
fenômeno passageiro, em vias de extinção, sua universalidade e sua
persistência nos sugerem que ela revela ―um aspecto essencial e
permanente da humanidade‖ (ALVES, 2010, p.60).
Outro pressuposto teórico, no caso, Émile Durkheim já defendia de
uma forma conclusiva nas páginas introdutórias de sua clássica obra, As
formas elementares de vida religiosa, que a religião é coisa
eminentemente social (DURKHEIM, 2008, p.38). Considerando, ainda, que
para o referido pensador a ideia de religião é inseparável da ideia de
Igreja, isto nos leva a acreditar que a religião deve ser uma forma de
convívio eminentemente coletiva. De acordo com essa perspectiva, ao
trazê-la para o nosso contexto político, que certamente não é o mesmo do
autor, percebemos que apesar de o termo coletivo estar perdendo
significância no nosso tempo para o seu oposto, ainda é possível encontrar
momentos e situações de coletividade neste mundo secular, sendo assim,
a ideia de Religião ainda é atual.
Talvez seja o caso de pensarmos, como parece sugerir Alberto da
Silva Moreira em um de seus artigos, qual(is) o(s) papel(eis), função(ões)
ou lugar(es) das religiões nesses processos (MOREIRA, 2008, p.18). Com
certeza é uma questão que merece ser discutida e refletida, principalmente
pelas lideranças religiosas. Entretanto, seguindo a linha de reflexão deste
trabalho, entendo que o termo secularização4 necessite, em caráter de
urgência, passar por uma reformulação em termos conceituais, haja vista
que o que se percebe hoje é uma tentativa, até desesperada, de se
aproximar da religião.
4
Por secularização, adoto neste trabalho o conceito proposto por Alexandre Fonseca
(2011), no qual sugere o termo como ideia de época ou era.
758
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Fica evidente, a partir das referências citadas que assim como tem
sido em toda a história da humanidade, na qual é fato inconteste a
presença de fenômenos religiosos como elemento imprescindível na
construção da própria história, a persistência do elemento religioso como
parte integrante de uma sociedade intitulada pós-moderna, mais do que
uma questão de foro íntimo é um fator de ação política, e que, portanto,
merece ser discutida e analisada dentro desta conjuntura. Sendo assim, a
legitimidade do objeto credencia a legitimidade do próprio componente, no
caso, o Ensino Religioso.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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5
O professor Sérgio Junqueira em sua obra o processo de escolarização do ensino
religioso no Brasil (2002), publicado pela editora vozes, oferece uma contribuição nesta
direção.
761
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
762
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regrada tão somente pelos seus dogmas e histórico. O objetivo final não é,
apenas, a salvação espiritual de cada pessoa, é salvá-los do interesse
fortuito de outras entidades de expressões representativas da sociedade,
sejam elas religiosas ou civis e para isso uma parceria com o Estado se
constitui numa boa opção.
O compromisso com o Estado, muitas vezes transmitido como
compromisso social, ou seja, como compromisso com a sociedade civil se
torna para o catolicismo uma consequência e adaptação natural em prol da
fé cristã. Compete então, tentarmos entender que, o que está de fato se
articulando é uma íntima e complexa relação marcada por interesses e
tentativas de controle e hegemonia perante a sociedade. Tudo isto pode
até parecer, para os menos ávidos por história, uma grande novidade, mas
é fato que estamos nos deparando com uma novidade que é tão nova
quanto a própria história do Brasil.
763
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
relações com o Estado. O mesmo pode ser dito sobre o Estado, na medida
em que esta mesma situação pôs em xeque a sua laicidade. Cria-se aqui
um conteúdo curricular para o Ensino Religioso, cujas consequências
advindas desta proximidade, agora declarada, podem proporcionar
situações que não podem deixar de ser discutida prioritariamente pelo
Ensino Religioso.
Considerações finais
A gênese deste trabalho, por tratar-se de uma análise focalizada, em
uma determinada realidade, com certeza difere em muito de outras
conjunturas nacionais, no entanto, considerando os debates que têm sido
promovidos pelo FONAPER (Fórum Nacional Permanente do Ensino
Religioso) em seus congressos e seminários nos últimos anos, concluímos
que determinadas questões abordadas neste trabalho podem não estar
presentes em outras regiões do território nacional.
Portanto, acredito que o objetivo final deste trabalho, que foi o de
chamar a atenção para vislumbrarmos através dos fatos recentes, no que
se refere ao envolvimento da Religião com o Estado, um campo de estudo
com grandes possibilidades de chegarmos a inúmeras conclusões,
principalmente quando discutida no âmbito das polêmicas que fazem parte
do Ensino Religioso. Para isso, a velha questão da secularização do
Estado pode, com certeza, apresentar-se sob novas configurações.
Outra situação que pode cair em descrédito, a partir da compreensão
da relação existente entre Religião e Estado, é o velho dito popular o qual
afirma que Religião e política não se discutem. Não apenas se discute
como pode se tornar elemento de aprendizagem na sala de aula.
Dessa forma, para o Ensino Religioso fundamentar-se teoricamente
e melhor contribuir com a educação em nosso tempo, não implica reduzir a
Religião a um mero aparato de conforto individual, ou a um aglomerado de
simplórias reflexões com base num passado distante, mas trazê-la
enquanto fenômeno que se manifesta na diversidade de expressões e
manifestações culturais e religiosas. O papel social desempenhado pelo
Ensino Religioso no tempo presente pode trazer consequências para a
sociedade muito além de outros campos do saber.
764
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Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
766
ENSINO RELIGIOSO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO NAS
ESCOLAS PÚBLICAS: UM DESAFIO A SER ENFRENTADO
Resumo:
O presente artigo tem por objetivo discutir sobre o desafio do Ensino Religioso (ER) e o
diálogo inter-religioso nas escolas públicas. Pretende-se apresentar sucintamente conflitos
existentes em torno de algumas discussões atuais. Contextualiza-se a trajetória do ER no
decorrer da história, a compreensão do pluralismo religioso, e o direito à liberdade religiosa
como liberdade de consciência, de crença, de culto. A tolerância nas diferenças bem como
a necessidade da alteridade. Aborda-se as questões sobre o novo horizonte do diálogo
inter-religioso das religiões, diante do pluralismo religioso. Finaliza-se com questões
práticas sobre o ER, nas escolas públicas, assegurando o respeito à diversidade religiosa e
garantindo a integralidade das diferentes tradições religiosas.
Introdução
No Brasil, não existe hoje um consenso em torno da questão do ER
nas escolas públicas. É um tema extremamente complexo, que envolve
uma série de variantes para sua abordagem. Não há como trabalhar esta
questão desconsiderando as conquistas republicanas do Estado Laico,
sobretudo a liberdade religiosa; bem como o reconhecimento de uma
afirmação cada vez mais decisiva da pluralidade religiosa no país.
O Brasil vem passando por importantes mudanças no campo
religioso nestas últimas décadas, e isto recondiciona o tratamento da
questão do ER. Há ainda aqueles que insistem na defesa de um ER
confessional nas escolas públicas, com garantia do controle doutrinal dos
conteúdos a serem ministrados e a seleção reservada de seus docentes; e
outros que defendem um ER não confessional, a ser ministrado por
docentes que manifestem conhecimento adequado e amplo para abordar a
história das religiões, suas bases antropológicas e a força espiritual das
1
Matemático, Teólogo, Especialista em Fundamentos da Matemática Elementar, Ensino
Religioso e Docência do Ensino Superior. Professor Efetivo da Rede Pública Estadual
de Ensino do Estado do Amapá. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito
Ambiental e Políticas Públicas da Universidade Federal do Amapá
(PPGDAPP/UNIFAP), Brasil. E-mail: elivaldo.pa@hotmail.com
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
768
FONAPER
2
ER como área do conhecimento porque integra um sistema de ensino escolar absorvido
e ampliado pela educação religiosa como área de conhecimento, sustentada por um
projeto político pedagógico. Tal projeto, orientado por diretrizes nacionais, estabelece
princípios para elaboração de propostas curriculares para os diferentes níveis de ensino
(CNBB, 2007, p. 28).
769
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
3
No século XVIII já havia 17 colégios e seminários, 25 residências e 36 missões
controladas por esta organização (ALBUQUERQUE, 2004).
4
A Igreja Católica reagiu à separação. Exemplo desta reação está na Pastoral coletiva do
episcopado brasileiro de 1890, que procurava demonstrar os males que podem advir de
um Estado laico, divorciado da Igreja (MOOG, 1981).
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5
Esta Constituição foi regida por Francisco Campos e ficou conhecida como ―Polaca‖, por
ser inspirada na Constituição Polonesa, de teor fascista.
771
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
6
Associações de Educação, como a Associação Nacional de Educação (ANDE), a
ANPED, bem como diversos professores universitários defendiam o ensino laico. A
posição de tais entidades e educadores lembrava a postura dos grupos laicistas das
décadas de 1920 e 1930.
772
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7
O FONAPER é uma sociedade civil de âmbito nacional, sem vínculo político-partidário,
confessional e sindical, sem prazo determinado de duração, que congrega, conforme
seu estatuto, pessoas jurídicas e pessoas físicas identificadas com o Ensino Religioso
escolar e se constitui em um organismo que trata questões pertinentes ao ER. Vale
registrar nesse momento seu importante trabalho em favor da construção de
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso (PCNER) em 1997. O
documento, que não é oficial, sistematiza objetivos e conteúdos para a disciplina.
773
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
8
O acordo entre Santa Sé e o Brasil manteve a totalidade de seu conteúdo em sigilo até
que houvesse consenso entre as partes, o que aconteceu em novembro de 2008,
quando a Concordata foi assinada em Roma.
774
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9
Este é o termo hoje mais preciso para tratar a questão, embora tradicionalmente fala-se
mais em teologia das religiões.
10
A palavra alteridade, que possui o prefixo alter, do latim, significa colocar-se no lugar do
outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação, e dialogar
com o outro, experienciando suas riquezas e limites. Na prática, alteridade se conecta
aos relacionamentos tanto entre os indivíduos como entre grupos culturais religiosos,
científicos e étnicos (RECH, 2009).
775
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
11
A teologia da libertação nasce por volta do ano de 1968 buscando uma dupla fidelidade:
ao Deus da vida e ao povo latino-americano. Nasce como uma nova maneira de fazer
teologia, entendida como uma ―reflexão crítica da práxis histórica à luz da Palavra.
Segundo a teologia da libertação, a ação salvífica de Deus está presente em todo
processo histórico que trabalha em favor da dignificação do ser humano. A dinâmica
reflexiva da teologia da libertação vem iluminada pela perspectiva do pobre e de sua
libertação (GUTIÉRREZ, 1975).
776
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777
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
12
Veja por exemplo a situação do Estado do Rio de Janeiro, com a aprovação da Lei
3.459 promulgada pelo governador Anthony Garotinho em 2.000, que marca a
confessionalidade do ER nas escolas da rede pública de ensino.
13
Cf. FISCHMANN (2009).
14
Vale registrar nesse momento o importante trabalho do FONAPER em favor da
construção dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso (PCNER).
778
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780
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Considerações Finais
No decorrer deste artigo, percebemos que desde o início da história
do ER no Brasil, as discussões e os diversos posicionamentos de sua
aplicabilidade nas escolas públicas vem se tornando cada vez mais
distante do ideal esperado. Percebeu-se que a LDBEN abriu uma grande
brecha e esta, por sua vez, ainda não totalmente regulamentada é objeto
de franca disputa não somente em âmbito federal, mas também nos
estados e municípios, com leis próprias que visam regulamentar a prática
do ER em suas escolas.
De um modo em geral, o que entendemos com toda essa
problematização é que o Brasil precisa avançar em muito na discussão
sobre a liberdade religiosa e o tratamento igualitário entre todas as
matrizes religiosas existentes no Brasil. E neste cenário, a intolerância
religiosa é considerada como umas das questões mais difíceis de serem
enfrentadas pelos educadores, pelas escolas e inclusive pelo espaço
universitário, cuja ausência de tolerância viola a dignidade da pessoa
humana, resguardada pela declaração dos Direitos Humanos.
Nunca se falou tanto em intolerância religiosa como hoje e, é fácil
verificar que a ideia de intolerância religiosa parte da visão que muitos têm
de que a sua religião é que é a verdadeira, e não abrem mão deste
padrão, não se dão a chance de conhecer as outras culturas, outras
religiões; contribuindo assim para o desrespeito com as demais religiões
existentes.
Com isso, perguntamo-nos se realmente será possível um ER sem
Proselitismo? Se entendermos a religiosidade como sendo uma autêntica
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Referências
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FONAPER
JOÃO PAULO II. Ut Unum Sint. São Paulo: Paulus, 1995, n. 28.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
784
A PLURALIDADE EM DIÁLOGO
E O ENSINO RELIGIOSO NO SÉCULO XXI
Resumo:
O presente texto apresenta alguns desafios oriundos da pluralidade religiosa, a qual sempre
existiu, porém, nas últimas décadas tem ocupado os debates e ações no intuito de
conhecer e compreender suas características, riquezas, impactos e perspectivas sociais,
culturais e religiosas. Neste contexto marcado pela diversidade religiosa, um Ensino
Religioso que trate a pluralidade como elemento de aprendizagem pode contribuir
significativamente para o exercício do diálogo no contexto educacional e social.
1
Doutoranda na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). E-mail:
suelyribeiro@uai.com.br
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
crente construa sua própria atitude perante a sua crença. Uma crença
construída sem que tenha um caráter realista e humano e que é aceita
somente porque outros disseram que Deus disse para aceitar não há de
convencer nem durar muito tempo.
Usa-se de forma rotineira a palavra realidade nos mais variados
contextos e nas muitas áreas de atuação e seu conceito parece tão óbvio
que se mergulha no cotidiano sem parar para pensar sobre o seu
significado real. Contudo sabe-se que o mais difícil de perceber é
justamente o que é mais óbvio! Reflexões e conclusões muitas vezes são
descartadas por serem ―óbvias demais‖ isto acontece em muitas áreas do
conhecimento humano inclusive no campo religioso.
Como se aplica este fenômeno na religião? Quando se lê algum texto
das Escrituras Sagradas, por exemplo, sem dar a devida atenção para o
que parece ser ―tão óbvio‖ pode acontecer uma percepção equivocada da
realidade. Como? Cite-se como exemplo uma escultura tradicional de um
gato neste contexto – escultura - o gato é real. É claro que o gato na
escultura não possui as mesmas qualidades de um gato que está vivo e,
no entanto ele existe ainda que de um modo diferente! O gato vivo é real e
a escultura é a representação deste real, porém isto não resolve a
questão, pois a escultura tem um ―segundo ‗nível‘ de realidade‖ 2 que são
as matérias usadas na sua feitura e que poderiam ser manipuladas de
outras maneiras conforme a sensibilidade de quem as usa. Quando se
trata de fatos humanos, culturais e sociais a complexidade aumenta. Qual
seria a realidade da vida de alguns personagens, narrativas e fatos bíblicos
que se infere a partir de uma série de dados existentes em uma tradução?
Certamente muitos pontos de vista surgirão e com a multiplicidade das
percepções as possibilidades de se chegar um pouco mais próximo do
Real (Deus) se apresentam. Infere-se que muita coisa boa pode advir de
um diálogo religioso legítimo que para sê-lo há de levar em consideração a
realidade religiosa dentre outras ponderações e, então a partir daí se
pensar no Ensino Religioso.
A realidade e principalmente a realidade religiosa são conceitos
extremamente complexos e que necessitam de um maior aprofundamento
filosófico. E não existe só uma realidade e só uma realidade religiosa,
porém muitas realidades. O ser humano não fica passivo diante de uma
2
De acordo com João Francisco Duarte Júnior existe um segundo nível de realidade. O
que é realidade, p. 9.
786
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Nesse sentido a atenção deve estar voltada para este fenômeno e suas
implicações no ensino religioso.
Vive-se hoje num mundo pluralista onde as religiões mundiais se
estabelecem e são conhecidas em quase toda parte e assim é improvável
que o Cristianismo ainda que reúna todos os seus esforços possa
recuperar a sua antiga hegemonia. Isto não seria bom ainda que fosse
viável. O pluralismo religioso se mostra presente na vida das pessoas em
suas famílias, nas escolas, na vizinhança de forma direta e também é
difundido através das televisões, dos filmes, na internet etc.
Os cristãos e adeptos de outras tradições religiosas estão
acostumados a pensar a religião como algo ―perene ligado às tradições
mais antigas e portador de uma verdade ancestral que não pode ser
modificada ou colocada sob suspeita. Qualquer inovação e surgimento de
uma nova religião, principalmente se seguir padrões muito diferentes
daquilo que considera comum, levanta logo uma suspeita de que se trata
de algo falso.‖ 4 Isto os leva à defesa muitas vezes ferrenha de princípios e
ao temor de perder a sua ―pureza‖ religiosa no contato com outras
situações de diversidade. Teme se aproximar e ser ―contaminado‖ ou até
de perder a fé.
Será que todas as religiões ―novas‖ ou as tradicionais são falsas e só
o Cristianismo é verdadeiro? Alguma coisa está acontecendo no campo
religioso no mundo inteiro que obriga um repensar nas maneiras de ver a
própria religião e as outras diferentes. Guerreiro vê como uma motivação à
mudança o que leva ao surgimento desses novos movimentos religiosos.
Uma religião itinerante que vai de um lugar para outro e tendo em vista
este fenômeno mais deve o ER ser pensado nos termos plurais da
contemporaneidade.
As religiões são riquezas que existem por razões variadas e uma
religião única, qualquer uma delas que o fosse seria uma situação de
extrema pobreza cultural e religiosamente inimaginável para John Hick5 e
para outros teólogos alinhados à hipótese pluralista. A ambigüidade
religiosa existente no universo implica em duas possibilidades de entendê-
lo e de vivenciá-lo dentro da liberdade humana – a religiosa e a não-
religiosa. O Universo pode ser vivenciado e entendido tanto como uma
4
GUERREIRO, Silas, Novos Movimentos Religiosos, p. 13.
5
John HICK com sua hipótese pluralista na qual sugere que todas as religiões são
caminhos da salvação e não há uma religião superior à outra.
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791
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6
John HICK God and the Universe of faiths, p. 138.
7
John HICK God and the Universe of faiths, p. 138
792
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8
John HICK God and the Universe of faiths, p. 139.
9
Hick cita a parábola de Buda sobre um elefante que foi descrito por um grupo de cegos.
Cada cego tateia uma parte do animal e faz a descrição do que sente pelo tato para
descobrir de que animal se trata; as respostas foram as mais diferentes entre si e
diferentes da realidade total, mas cada um considerava a sua resposta a verdade total.
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Na verdade eram respostas certas em relação à parte que foi tocada, mas uma verdade
parcial. HICK, Good and Universe Faiths, p. 140.
10
John HICK, Good and Universe Faiths, p. 140.
794
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11
John HICK, AIR p. 233.
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12
Citado por Hick no livro An Interpretation of religions.
13
Retirado do site de John Hick.
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15
- Termo usado por Peter Berger no livro do mesmo nome.
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GT9: A ESPIRITUALIDADE E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR
Coordenação:
Dr. André Andrade Pereira (UFF)
Dr. Carlos Parada Filho (UFF)
Resumo:
O presente trabalho analisa a dimensão dos significados e significâncias da espiritualidade
na relação com a religião e a religiosidade, em sua influência na formação docente no
mundo atual. Examina a importância de críticas e lições referentes à religião conforme as
concepções ideológicas de Ludwig Feurbach, Karl Marx, Sigmund Freud, Friedrich
Nietzshe, com grande influência no pensamento atual. Considera o reconhecimento das
necessidades sociais e a importância da ética no tocante a construção da espiritualidade no
processo educativo, vivenciado por meio das relações humanas, advindas de sua práxis. E
infere com as consequências dessa influência, na formação de cidadãos cônscios do valor
compreendido no equilíbrio, entre a racionalidade e a espiritualidade para a autorrealização
da pessoa humana e questionamentos a respeito da sistematização desse ensino.
Considerações Iniciais
1
Licenciatura em Educação Religiosa – STBB – PB, Graduando em Pedagogia – UFPB –
PB, Professora de ER da rede pública municipal de João Pessoa.
anadarcpedagogia@gmail.com
2
Bacharel em teologia – FATIN - PE, Especialista em Ciências da Religião - FATIN – PE,
Professor de ER da rede pública municipal de João Pessoa. professorsacd@gmail.com
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A Religião
A história, a filosofia, a Antropologia, a Sociologia e outras ciências
sociais no decorrer de suas existências registram a relação do ser humano
com manifestações de cunho religioso. Relacionada ao poder, agregada a
política e/ou a domínios sociais, a religião direta ou indiretamente
permanece em pleno século XXI relacionada com as Artes, as Ciência, as
Filosofias. Sendo analisadas em associações com a Medicina, a
Psicologia, as culturas, as sociedades e aqui com educação.
Segundo o dicionário on-line da língua portuguesa Aurélio descreve o
significado da palavra religião como: ―s.f. Culto rendido à divindade. / Fé;
convicções religiosas, crença: a religião transforma o indivíduo. / Doutrina
religiosa: religião cristã. / Tendência para crer em um ente supremo. /
Acatamento às coisas santas. / Fig. Coisa a que se vota respeito: o
trabalho era para ele uma religião‖ 3. Dentre os diversos tipos de religião
3
Significado de Religião. Disponível em:
http://www.dicionariodoaurelio.com/Religiao.html Acessado em: 28/08/2013.
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4
Religião e Religiosidade: Qual é a diferença. Disponível em:
http://edsonadjuntovalexo.blogspot.com.br/2013/03/religiao-e-religiosidade-qual-
diferenca.html Acessado em: 28/08/2013.
807
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A religião fala sobre o sentido da vida. Ela declara que vale a pena
viver. Que é possível ser feliz e sorrir. E o que todas elas propõem é
nada mais que uma série de receitas para a felicidade. Aqui se
encontra a razão por que as pessoas continuam a ser fascinadas pela
religião, a despeito de toda a crítica que lhe faz a ciência. A ciência
nos coloca num mundo glacial e mecânico, matematicamente preciso
e tecnicamente manipulável, mas vazio de significações humanas e
indiferente ao nosso amor. Bem dizia Max Weber que a dura lição que
aprendemos da ciência é que o sentido da vida não pode ser
encontrado ao fim da análise científica, por mais completa que seja.
(p. 53 - 54)
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2008) Premissa que também no dizer de Sartre não teria sentido porque ―a
existência clama por significado‖ (SARTRE, 1997).
A Religiosidade
A religiosidade é uma qualidade do indivíduo que é caracterizada
pela disposição ou tendência do mesmo, para perseguir a sua própria
Religião ou a integrar-se às coisas sagradas. Precisamos diferir o ser
possuidor de religiosidade, do religioso, que é fruto do sistema religioso.5
Onde essa reunião dos princípios éticos religiosos que caracteriza a
religiosidade é também uma produção humana segundo Ivan Aparecido
Manuel, que está situada na ―esfera da cultura, ou da superestrutura‖
(MANOEL, 2008, p. 1). O autor aprecia a importância do reconhecimento
que necessariamente a religiosidade não se manifesta através de ―religiões
institucionalizadas‖, destacando ainda que:
5
Religiosidade. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/religiosidade/
Acessado em: 28/08/2013
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
A Espiritualidade
Pensada muitas vezes como outro extremo, a espiritualidade
também em detrimento dos próprios interesses dos vários sistemas sociais
e econômicos tem sido ignorada, desprezada e algumas vezes mesmo
negada, como sendo e tendo a importância devida. Consoante Rocha
(2004, p. 03) a dimensão espiritual entendida como a espiritualidade, não
tem em sua essência a dependência da religião ou de alguma forma de
religiosidade. De modo que mesmo que a religião abranja a dimensão
espiritual da pessoa a espiritualidade não é dependente da religião. Pois é
possível a existência da espiritualidade ainda que na ausência da religião,
da religiosidade. Também segundo a autora essa distinção se efetiva por
meio dos aspectos que determinam a religião – como a doutrina, os ritos,
as liturgias, etc. – ademais Rocha nega que a espiritualidade possa ser
ensinada.
Etimologicamente o sentido de Espiritualidade está relacionado ao
latim Spiritualis, sendo o que é próprio da respiração; sopro divino; próprio
do espírito ou a ele pertencente; desprovido de corporeidade; imaterial.
(HOUAISS, 2001). Pessini e Bertanchini (2006) identificam à etimologia da
palavra espiritualidade com o significado de sopro de vida como significado
de encontrar o próprio sentido da vida. Considerando a espiritualidade pelo
viés da procura da dimensão transcendente, uma rota em direção da força
suprema do universo.
De acordo com Ramon Penha e Maria Silva (2009, p. 213) ―a
espiritualidade tem sido o termo de conciliação entre a Ciência, Filosofia e
Religião, uma vez que a visão materialista de mundo já não fornecem mais
subsídios teóricos para a compreensão do mundo pós-moderno‖.
Enfatizam ainda os autores que ―existe um número bastante variado de
conceituações do termo espiritualidade na literatura mundial‖, ademais
apontam que há um ―descuido conceitual que tem levado autores a
confundir, propositalmente ou não, espiritualidade com religiosidade‖.
(Idem)
Jairo Costa (2010, p. 10) citando Yus e Maslow observa que:
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813
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6
Eu quero falar dos que mamam. Disponível em:
http://www.gentedeopiniao.com.br/lerConteudo.php?news=88805 e vídeo
disponível em: www.youtube.com/watch?v=Lq2NIFXjQlQ Acessados em: 30/08/2013
7
Um estudo realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec)
da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) revelou os prejuízos econômicos e
sociais que a corrupção causa ao País. O valor chega a R$ 69 bilhões de reais por
ano. Disponível em: http://sindjufe- mt.jusbrasil.com.br/noticias/2925465/o-preco-
da-corrupcao-no-brasil-valor-chega-a-r-69-bilhoes-de-reais-por-ano Acessado em:
30/08/2013.
814
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8
Não faltam professores no Brasil. Disponível em:
http://www.paralerepensar.com.br/ivoneboechat_naofaltamprofessores.htm
Acessado em: 30/08/2013
9
A educação no Brasil nunca esteve tão desvalorizada e parte disso é pelo não
reconhecimento do trabalho dos professores. Disponível em:
815
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
A Ética
A palavra de origem grega ética é derivada de ethos – o que
apresenta o sentido dos costumes, dos hábitos das pessoas – e apresenta
em latim a palavra moral como correspondente semântica. Atrelada à
Filosofia, a Ciência e a vida de modo geral, por ser compreendida como
árbitra das concepções e preceitos que fundamenta a conduta de uma
pessoa e de uma sociedade. A ética vai determinar então o como à
vontade tácita, subjetiva da pessoa, vai fazer a sua escolha de conduta
mediante as normas estabelecidas. (CHAUÍ, 1996, p. 334-337) ―Logo, é
necessário educar nossa vontade, recebendo uma educação (formação)
racional, para que dessa forma possamos escolher de forma acertada
entre o justo e o injusto, entre o certo e o errado‖. 10
Conforme Marilena Chauí (1996, p. 339-355), o senso moral (a forma
como a pessoa avalia as circunstancias justo/injusto, bom/mau, etc.) e a
consciência moral (a assunção dos atos pessoais) são contribuintes diretas
no processo de formação da pessoa, da educação da vontade. Assim, a
ética convoca a pessoa a ser um sujeito ativo – ―agente moral‖ – que
assume a sua consciência e as responsabilidades de suas escolhas e atos
como consequências dela, a filosofia moral.
Considerações Finais
Destarte, assim como na formação pessoal, faz-se necessária na
construção da identidade profissional a consideração de que a ética é
parte na formação da pessoa no processo educativo. Construção essa que
por meio das práticas pedagógicas – imbuídas de relações humanas – que
dependem do reconhecimento e da aceitação em meio à tão considerável
diversidade de fatores (e obviamente a aceitação da divindade como
transcendente). Observa-se também que a espiritualidade pode estar para
as convicções pessoais do educador para que seja possível o próprio
educador em meio as suas práticas pedagógicas contribuir – sendo
cônscio da sua espiritualidade – com a construção da espiritualidade no
processo educativo na vida dos educandos.
Pois, sendo a identidade profissional um processo de construção ao
longo do exercício na profissão – que lida diretamente com as
necessidades sociais que envolvem as pessoas e o próprio sistema
educacional – a noção da espiritualidade no educador pode por ele ser
compreendida como parte e requisito na sua formação docente
estabelecendo fundamentos como o autocontrole, o autoconhecimento, o
discernimento, etc. No sentido de que o saber não atinge um significado
marcante para a vida de quem lida com o mesmo, quando não é fruto de
uma significante descoberta. Eis mais uma boa razão para se descobrir a
espiritualidade: vivenciar a sua significância.
Sem dúvida essa descoberta passa pela razão, por ser a razão uma
maneira de ordenar os fatos, de propor a compreensão, de organizar as
ideias a fim de sistematizar os pensamentos e socializá-los de forma
objetiva e consistente. Passa pela pesquisa, pela busca até poder
desenvolver a compreensão da espiritualidade, o entendimento do
alinhamento das dimensões e do sentido da vida numa relação equilibrada
consigo e as pessoas.
Ignorar a sustentabilidade como fôlego da vida – a espiritualidade –
que se mantém além dos determinantes científicos, como um mistério que
envolve a dimensão do ser humano constitui-se em sua magnitude (corpo,
inteligência, sentimentos, emoções, etc.) é restringir a vida, a lógica e a
materialidade. Conforme Costa (2010, p. 10) destaca:
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11
Educação um Tesouro a Descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional para a educação no Século XXI. Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf Acessado em:
30/08/2013.
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Referenciais
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ESPIRITUALIDADE: UM CAMINHO DE BUSCA E DESCOBERTAS
PARA O EDUCADOR
Resumo:
Este artigo buscará abordar o pensamento de Mário Sérgio Cortella acerca da
espiritualidade como resposta a um desejo forte de a vida ter sentido, de ir além das
situações e propostas de trabalho e compromissos diários. Explicitará sobre a
espiritualidade nos tempos atuais, considerando a transitoriedade em um terreno de
inúmeras descobertas e de análises profundas, pois esta se insere em algo intrínseco, e
que vai além da religiosidade. Nesta perspectiva podemos expor este contexto da
espiritualidade na vida cotidiana do educador, sendo importante fazer uma reflexão sobre a
sintonia que esta exerce no ofício (na prática docente). O artigo também discorrerá sobre a
tríade espírito, corpo e inteligência – conforme Jacques Delors, elementos preponderantes
nas relações pessoal e social.
1
Licenciada em Pedagogia: Docência e gestão em processos educativos – UNEB; Pós-
Graduada em psicopedagogia: Institucional, Clínica e hospitalar – FACCEBA. E-mail:
daiaws@yahoo.com.br.
2
Pedagoga – CESMAC/FECOM, Especialista em Ensino Religioso – UCB,
Psicopedagoga Institucional – UCDB, Especialista em Adolescência e Juventude –
UCB. E-mail: irmalau@gmail.com.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Além disso, sabe-se que a pessoa pode ser religiosa, viver aspectos
da dimensão transcendental, sem, necessariamente, pertencer a uma
religião institucionalizada. Hoje, a religião não é mais o centro em torno do
qual se organizam todos os conhecimentos e todas as atividades
humanas, como acontecia antes, na Idade média, por exemplo. Contudo, a
religião oferece motivos de esperança e indica caminhos para que o ser
humano seja mais feliz. Ela é parte integrante da vida das pessoas e é
uma maneira de estabelecer uma relação com Divindades.
Alguns fenômenos atuais mostram este vazio de sentido: O
consumismo desenfreado, muito bem representado pelos ―templos
modernos‖, os shoppings centers. Consumir apenas como fruto da ilusória
impressão de preenchimento da existência e satisfação da saudade de
infinito que existe no coração humano. Outro fenômeno é o investimento
exagerado em eventos de diferentes áreas. O homem contemporâneo vive
de evento em evento, de show em show, de espetáculo em espetáculo...
Talvez seja isso um faz de conta, uma preparação e espera por algo, que
dê sentido e alegria aos seus dias.
Diante de tantas demandas que a vida contemporânea oferece,
corre-se o risco de supervalorizar o que deveria estar em segundo plano e
reduzir aspectos que são relevantes na convivência e na atuação dos
educadores.
Nota-se uma busca incessante por recursos e/ou elementos que
sejam eficientes na superação dos desafios que surgem no cotidiano.
Contudo, esta busca precisa considerar os aspectos espirituais, do corpo e
da inteligência, pois estes interagem entre si, criando uma base sólida para
a estrutura do equilíbrio humano, em seus aspectos internos e externos. O
educador no limiar do exercício das suas ações de trabalho consegue
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4
A transdisciplinaridade é uma abordagem científica que visa a unidade do
conhecimento. Desta forma, procura estimular uma nova compreensão da realidade
articulando elementos que passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de
compreensão da complexidade. Além disso, do ponto de vista humano a
transdisciplinaridade é uma atitude empática de abertura ao outro e seu conhecimento
(FILHO, 2007 p. 36).
826
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5
Palavra comumente utilizada nos ambientes educacionais pelos adolescentes e jovens,
quando as suas solicitações não são atendidas e, às vezes, quando eles não são
ouvidos e/ou considerados pelos adultos.
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Os quatro pilares da Educação são conceitos de fundamento da educação baseado no
Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século
XXI, coordenada por Jacques Delors.
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Considerações finais
A espiritualidade aqui discorrida trouxe reflexões diante do seu
conceito e da profundidade que a mesma evidencia, embasadas na
plenitude que se chega quando ocorre um estabelecimento real. A sua
contribuição na vida humana é importante, pois estabelece uma conexão
com o íntimo, com o interno e com a infinitude.
Nesta perspectiva, pode-se observar que a espiritualidade diferencia-
se da religiosidade que está ligada com o divino, que tem como ―fio
condutor‖ a religião. No entanto, foi possível verificar que a educação e
logo, o educador (espírito, corpo e inteligência), conseguem fazer um ―link‖
diante da dimensão espiritual, pois estes se convergem.
Ao relacionar elementos que aparentemente parecem distantes, se
consegue contemplar a beleza da espiritualidade. O educador que é o
mediador do processo educacional, na linha dos saberes, traduz seu
trabalho diante do seu olhar, estabelecendo uma relação educador-
educando.
Diante das transformações da sociedade, a emoção é um elemento
que suaviza as relações; com este pensamento o espiritual é percebido.
Leonardo Boff (2008) afirma que a espiritualidade vem de espírito e que
―que o ser humano é composto de corpo e alma ou de matéria e espírito‖.
Neste cenário onde as fontes de interação entre o externo e interno
se aproximam, pois é sabido que ambas exercem forças que se
complementam, consegue-se observar que o espiritual e o material
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Referências
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A ESPIRITUALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO DOCENTE
Resumo
O presente artigo integra a pesquisa de doutorado que reflete sobre as condições de bem-
estar na docência chamando a atenção sobre a questão da espiritualidade. A
espiritualidade é uma expressão da totalidade do ser humano enquanto sentido e busca
dinâmica da vida. Todo professor está envolvido com a educação e com o educar, e através
da sua atuação, pela relação que estabelece na sala de aula, o professor, ao ensinar,
exerce significativa influência sobre o aluno que aprende, levando-o a alterar, modificar e
transformar atitudes, ideias, habilidades e comportamentos, e assim faz com que sua
atuação ultrapasse, portanto, a simples transmissão de conhecimentos. A presente
pesquisa procura compreender como a dimensão da espiritualidade contribui e participa da
constituição identitária profissional de professores. A espiritualidade pesquisada no
presente artigo não se confunde e nem se reduz à prática de uma religião, mas sim no
contexto da dimensão do cuidado de si de um professor buscando destacar que
experiências de caráter espiritual ajudam a melhorar sua docência.
Introdução
Através da prática pedagógica já vivenciada e por meio dos estudos
que estou fazendo sobre educação percebo que há uma grande corrente
levando todos a refletirem sobre a espiritualidade. Não em relações às
questões religiosas, mas em busca a compreensão da nossa essência: o
espírito.
Refletindo sobre estas questões é possível afirmar que a educação
vai muito além do que se propõe hoje (conteúdo, conteúdo e conteúdo).
Nós educadores precisamos nos abrir para as novas exigências, não do
mercado de trabalho, mas na contribuição com a evolução humana. O
nosso papel é formarmos seres humanos, mas humanos na plenitude da
palavra, para vivermos em harmonia, para auxiliarmos nas transformações
pelas quais estamos passando.
1
Monica Pinz Alves – Mestre em Educação nas Ciências, Doutoranda em Teologia –
Área de Concentração Religião e Educação EST – São Leopoldo-RS Bolsista CAPES ,
Diretora do Centro Educacional Primeiros Passos e Professora na Faculdade Batista
Pioneira. E-mail: monicapinz@hotmail.com
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
834
FONAPER
A espiritualidade
Observando o cenário educacional podemos ver que existe um
sentimento de mal-estar no que se refere à qualidade de vida dos
professores nos dias atuais. Destacadamente, a pessoa do professor, um
ser humano antes de tudo aquilo que o seu fazer social lhe denomina ser
(MOSQUERA,1978) é alcançada em seu desempenho profissional e
também vida pessoal. O professor, um profissional na formação humana,
para quem a sociedade pede que lhe ajude a preparar o cidadão para este
novo mundo (DELORS, 2006), mas que paradoxalmente não sabe dizer
muito bem como deseja ser este cidadão, encontra-se em meio às cada
vez mais rápidas mudanças nas quais tem que se movimentar para bem
desempenhar-se.
O professor encontra-se num movimento onde lhe é exigido uma
adaptação ativa, e é neste momento que ele depara-se com a essência de
sua prática. As mudanças aceleradas nos modos de produzir e expressar
conhecimentos, ele percebe o que permanece nesse cenário: o fato de que
as pessoas que estão sob seus cuidados de professor ainda se acercam
dele como alguém que pode fazer a diferença para melhor em suas vidas.
São vivenciadas situações que demandam do professor, que é também um
ser humano em permanente processo de construção e reconstrução de si,
posturas de orientação para ele próprio e para quem dele assim se
aproxima. Uma dessas pode estar ligada à dimensão da espiritualidade.
Ao falarmos sobre a espiritualidade é bom relembrar o que Rocha
(2004, p. 03) afirma quando se fala:
835
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836
FONAPER
Bem-estar
O educador é um mediador, seja consciente disso ou não. Um
mediador na aprendizagem do aluno, mas também na integração deste na
sociedade. Que tipo de mediação ele exerce? Esta pergunta está muito
relacionada com o tipo de espiritualidade que dá sentido ao meu fazer. Por
isso vamos chamá-la aqui "espiritualidade da mediação".
A espiritualidade da mediação começa no olhar do educador. O
aluno está aí, em frente, e o nosso olhar dirige-se a ele. Dizer "olhar" é
como dizer "o espírito" com que contemplamos os nossos alunos. A
espiritualidade do educador não se estabelece à parte do seu trabalho
como educador, mas justamente nele, ou mais exatamente, nas relações
que este realiza com os seus educandos.
Por isso é possível neste contexto pensar sua docência como um
testemunho da sua própria aprendizagem e assim surgirá um outro caráter
às ações pedagógicas. Boufleuer (2007) diz que o entendimento de
pedagogia sempre tem sido como uma ferramenta de condução, como
uma técnica, como uma estratégia, enfim, como um procedimento de
―transmissão‖ ou de ―produção‖, em que a pedagogia costuma ser uma
espécie de carroça que serve para carregar coisas de um lugar para o
outro, como ―abóboras‖ colhidas na roça da tradição cultural e cujo destino
deveria ser as cabeças das novas gerações.
Boufleuer e Fensterseifer (2008, p.7) salientam que:
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Cuidado de si
Foucault indica que o cuidado de si envolve o cuidado do outro. E é
sob esse ponto de vista que acreditamos ser a escola um dos espaços
para se problematizar as regras que governam professores, alunos e
demais profissionais da educação. Ao rever onde, quando, por quem foram
instituídos e a quem interessam tais regras de convivência é possível
construir outras que não se voltem contra os indivíduos, mas se coloquem
a favor deles, o que nos possibilita pensar e exercer relações sociais
baseadas na nossa experiência do cuidado de si.
Foucault, em seus últimos trabalhos, pensa em propiciar um tipo de
relação do indivíduo consigo mesmo que recuse a pressuposta
universalidade de todo o fundamento; que evite que as relações de poder
se cristalizem em estados de dominação; que se constitua sem recorrer a
uma verdade interior, dada de antemão à experiência e arraigada em uma
profundidade íntima e inacessível. Em outras palavras é colocar o sujeito
no centro da reflexão, mas um sujeito liberado dos atributos que lhe foram
dados pelo saber moderno, pelo poder disciplinador e normatizador.
A educação reduzida aos aspectos do ―o que‖ e ―como‖ educar
reflete em práticas discursivas que se estruturam nas instituições sob a
forma de esquemas de comportamento, atividades técnicas, métodos de
transmissão e difusão de conhecimentos, que ao mesmo tempo impõem e
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2
A expressão ‖innere einstellung‖ é usada na língua alemã e podemos entendê-la como
―atitude interior‖. A maioria das pessoas não reflete sobre suas atitudes deixando-se
influenciar pelo meio externo. Para ter sucesso em algo que é almejado é preciso
primeiro acreditar em si mesmo para obtê-lo e ser ―senhor‖ sobre seus pensamentos e
atitudes.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Considerações finais
É relevante que o educador esteja apto para resgatar a
espiritualidade na educação. Uma busca efetiva por uma espiritualidade
relevante trará melhorias consigo mesmo, com o transcendente (Deus) e
com o próximo. Esta transcendência, por exemplo, poderíamos
exemplificar no ser humano que sai de seu mundo interior para se
comunicar com o mundo externo no sentido vertical (com o transcendente)
e no horizontal, com as outras pessoas. Muitas vezes é necessário
transcender níveis quase intransponíveis como: limitações pessoais,
preconceitos, culturas e outras.
A verdadeira educação é aquela que contempla o ser como um todo
e na sua infinitude, uma educação holística. Uma vez que:
Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza; SILVA, Sylvia Helena Souza da. A
formação do Professor: reflexões, Desafios, Perspectivas
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PROFESSOR COMO MEDIADOR DE APRENDIZAGEM
NO ENSINO RELIGIOSO
Resumo:
A formação acadêmica é necessária para orientar e organizar o processo de ensino –
aprendizagem em todas as áreas, inclusive no ensino religioso, em uma perspectiva
cientifico-cultural. É preciso considerar as mudanças ocorridas nos últimos anos, pois o ser
humano em sua caminhada histórica tem estabelecido relacionamento com Divindades. Há,
no entanto, diferentes compreensões dos fenômenos religiosos, em que alguns valores
passam a ser negados em detrimento de outros. Faz-se necessário formar o educador
tendo acesso às culturas e às ciências da religião, a fim de compreender as diferentes
linguagens da experiência religiosa. Os meios formais de pesquisa e estudo expandem
esse auxilio que devem ser atrelados na busca desses saberes e devem estabelecer
situações de ensino e aprendizagem e com elas dialogar. Fazendo uma reflexão com fonte
de conhecimento para os avanços da construção de valores significativos na educação e
em sua formação, é essencial para um ensino eficiente.
Introdução
Estamos vivenciando uma época de grande avanço e rapidez com os
recursos tecnológicos e a disponibilização dos seus benefícios cada vez
mais sofisticados, os quais são usados nas mais diversas áreas de
conhecimento e de atuação na sociedade. Consequentemente, os
educandos tem acesso as mais diversas informações, pois elas permeiam
o ambiente escolar. No entanto, apesar de todas essas tecnologias, não
está ocorrendo uma interação adequada na busca e construção de
conhecimento tecnológico e valores transcendentais, pois a inserção dos
avanços no processo educativo nem sempre está atrelada a princípios
éticos.
Diante dessa realidade o papel do educador é fundamental para o
exercício de humanização com o uso das informações, pois algumas vezes
as mensagens da mídia transmitem valores contrários aos princípios éticos
e religiosos presentes nas culturas e tradições religiosas. Existem textos
ou comentários que descrevem informes com princípios de intolerância,
1
Licenciada em Ensino Religioso pelo Centro de Estudo Humano – CENESCH / Grupo
de Estudo. E-mail: nancysilva43@hotmail.com.
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Contextualização
É inegável a necessidade de profissionais habilitados para o Ensino
Religioso a fim de assegurar o estudo e respeito à diversidade cultural
religiosa. A problemática reside nas poucas iniciativas para a formação
inicial específica, de caráter científico. No entanto, há um esforço muito
grande para que os professores tenham uma formação específica em que
se procura oportunizar o acesso aos conhecimentos produzidos nas
culturas e tradições religiosas, para que possam ter coerência e ser
responsáveis enquanto educadores, para que sua função tenha uma
influência positiva na construção e desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem em vista de uma formação que trate dos conhecimentos
religiosos e não religiosos, específicos para a área do Ensino Religioso.
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Justificativa
Este texto pretende refletir a importância dos conhecimentos
epistemológicos na relação com os princípios e valores religiosos, os quais
não se reduzem à simples transmissão de saberes, mas também na busca
e construção de conhecimentos necessários à formação no processo
ensino-aprendizagem.
Neste aspecto é necessário ter formação inicial na área específica
para ter coerência ao trabalhar conceitos, procedimentos metodológicos e
atitudes que retirem dos educandos os conhecimentos prévios, com o
objetivo de gerar discussões favoráveis à reformulação do processo de
aquisição de conhecimentos, tendo como auxílio uma formação adequada.
Esse processo deverá ocorrer quando o educando for utilizar
conceitos ou procedimento que foram adquiridos ao longo do processo de
formação, pois os meios em que transitam as informações, nem sempre
tem o devido cuidado ao transmiti-las, sendo por vezes inadequadas,
distorcidas, preconceituosas que, em alguns casos, podem gerar
discriminação.
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Considerações finais
Um novo ambiente cognitivo está sendo estruturado, devido ás
transformações e reconstrução da concepção do Ensino Religioso. Que as
novas possibilidades de reformular as relações entre estudantes e
professores possam contribuir com seus saberes, valores e experiências
na complexa tarefa de melhorar a qualidade de ensino e a busca do
desenvolvimento dos valores humanos.
Portanto, a prática não deve ser baseada apenas na racionalidade de
técnicas, pois estamos todos cercados de conhecimentos religiosos, com
consciência que devemos ampliar a busca de fundamentos
epistemológicos, facilitando as escolhas em confrontos reais nas suas
ações cotidianas, para que possam contextualizar os conhecimentos e
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Referências
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GT10: CONHECIMENTOS E RELIGIOSIDADES INDÍGENAS
E O ENSINO RELIGIOSO
Coordenação:
Dr. Leonel Piovezana (UNOCHAPECÓ)
Me. Teresa Machado da Silva Dill (UNOCHAPECÓ)
Mestrando Gilberto Oliari (UNOCHAPECÓ)
Resumo:
O Ritual do Kiki foi objeto de estudo com a realização de pesquisa bibliográfica, oral e de
campo, realizada na Aldeia Kondá com índios Kaingang, localizada a 15 quilômetros da
cidade de Chapecó, estado de Santa Catarina. Estudo que teve por objetivo aprofundar
conhecimentos sobre a cultura kaingang e a experiência vivenciada do principal ritual
sagrado da etnia: o Kiki. A pesquisa proporcionou vivências, experiências e possibilidades
de novos conhecimentos. O ritual do kiki é uma festa tradicional da cultura indígena
kaingang e foi realizada em maio de 2011. É uma festa sociocosmológica e de interação
das pessoas que vivem numa sociedade dual: Kamé e Kairú com os espíritos que voltam à
aldeia dos vivos. Assim, vivos e mortos festejam juntos. Os Kaingang tomam o Kiki, bebida
sagrada que representa: beber o morto e simboliza a passagem, a ida para uma outra
dimensão de felicidade e paz. Após o cerimonial de todo o do ritual, o nome dos falecidos
são liberados, podendo ser nominados para outras crianças. Uma vez feito o ritual e o Kiki,
os familiares não mais se referem aos mortos uma vez que os mesmos passaram para um
novo plano de paz. O ritual é marcado pela reciprocidade entre as metades Kamé Kairú.
Introdução
O kiki é um ritual religioso tradicional da cultura indígena kaingang e
que há mais de 10 anos não vinha sendo realizado. ―O último aconteceu
em abril de 1998, na Terra Indígena Xapecó‖ (PIOVEZANA, 2010, p.182).
Em maio de 2011 esse ritual foi realização na Terra Indígena Kondá,
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kanhru. Kamé
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Ritual do Cemitério
Ao término do ritual, com rezas e danças em volta do cocho, os
Kaingang se direcionam para o cemitério levando a cruz grande e as duas
cruzes pequenas. As cruzes são fincadas no interior central do cemitério.
A cruz grande fica entre meio as duas pequenas. A cruz maior representa
os Pajés. A cruz é uma herança do Cristianismo ocidental que para os
Kaingang simboliza seus mortos.
Segundo Veiga (2006, p. 189) ―as cruzes são feitas de madeira e
pintada com a marca do falecido (pontos para os mortos Kairú, riscos para
os mortos Kamé). É possível que a cruz seja um elemento sincrético,
proveniente do enterro cristão‖.
Para chegar até o cemitério é feita uma procissão, onde os kaingang
acompanham. Os primeiros que seguem na frente são os kaingang que
levam as cruzes. Somente as pessoas das metades kamé e Kairú podem
levar as cruzes. Os demais participantes que se fazem presente
acompanham logo atrás, até a chegada ao cemitério.
Na chegada, os primeiros a entrar no cemitério são os Kaingang com
as cruzes, logo em seguida os demais acompanham em volta das cruzes,
como ato simbólico.
Durante o ritual no cemitério observou-se que as pessoas mais de
idade ficam ao redor das cruzes em forma de círculo, logo atrás os demais
Kaingang: Kamé e Kairú que fazem suas rezas para os mortos das duas
metades.
A cruz maior é colocada entre meio as duas cruzes pequenas
durante o ritual no cemitério. Logo após o ritual, os primeiros a saírem do
cemitério são os Kamé e depois os Kairú.
Para Veigas (2006, p. 189) ―o grupo Kamé sempre deve partir
adiante dos Kairú, pelo motivo sempre evocado, de sua ―maior força‖.
Portanto, os Kamé saem do cemitério, em seguida os Kairú e se
direcionam até o local que está o cocho com a bebida do Kiki. Antes de
iniciar a tomar a bebida é feito um momento de agradecimento para todos
que ali estão.
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Considerações finais
O estudo proporcionou muitas vivências, experiências e
possibilidades de novos conhecimentos, pois presenciamos um dos rituais
mais importantes da cultura kaingang, prática que estava se perdendo e
com o ajuda de alguns professores/pesquisadores puderam de certa forma
revitalizar o ritual, mostrando aos kaingang jovens a importância dessa
festa, dessa celebração, enfatizando um modo de ser, ver e viver.
Piovezana (2007, p.105) destaca que, ―a Constituição Federal
reconhece as populações indígenas, sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições (art.231)‖.
Portanto, é preciso enfatizar que os direitos constitucionais devem
ser garantidos a todos os cidadãos, oportunizando e auxiliando na busca
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Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
http://seer.cfh.ufsc.br/index.php/sceh/article/viewFile/144/193. Acesso
dia 13 de agosto de 2013, as 21 e 30 min.
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INOVAÇÃO PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM
CULTURAS INDÍGENAS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Leonel Piovezana1
Luciano Jaeger2
Ediana M. M. Finatto3
Resumo
Na História da Educação do Brasil sempre há a tentativa de promover um ensino instigante
e inovador, uma vez que cotidianamente se apresentam novos desafios à prática do
Educar. Constantemente percebemos o caráter multicultural que as sociedades
contemporâneas apresentam e isso tem instigado para a efetivação das mudanças nas
práticas educativas, ou seja, novos desafios educacionais se fazem sentir. Quanto mais nos
apropriamos de elementos para a prática das habilidades necessárias para enfrentar essas
mudanças, percebemos que ainda estamos engatinhando neste processo e que há muito
por mudar para de fato efetivarmos as mudanças desejadas para a educação. Nesse
sentido, ocorrem permanentemente inovações seja nas tendências pedagógicas ou nas
ações de natureza política pública do Estado. As quais entre todas as mudanças
necessárias buscam possibilitar a inclusão de segmentos sociais ainda excluídos dos
processos educativos, ou dizendo de outro modo, incluídos, mas sob os padrões da cultura
dominante dificultando assim o processo de aprendizagem e permanência destes grupos
sociais nas instituições educativas. Permitir que novos espaços educativos se efetivem é
uma possibilidade de agregar grupos populacionais que antes não se percebiam como
merecedores de tais políticas públicas. Portanto, apresentamos este estudo, o qual versa
sobre o contexto da educação na política de inclusão educativa em culturas indígenas
tendo como referência a experiência de um curso de licenciatura intercultural superior em
andamento no interior da Terra Indígena Xapecó. O curso é inédito no Brasil por estar
acontecendo integralmente na aldeia e possibilitando a participação efetiva de alunos e
comunidade. Um dos objetivos é o de revitalizar a cultura e a língua materna, propósito
importante e que assegura territorialidade, bem como a permanência dos jovens na
comunidade rural, com trabalho e educação juntos a seus familiares. A língua, o poder, a
verdade e o pertencimento inferem diretamente aquilo que marca a cultura indígena. Assim,
promover educação qualitativa e inclusiva em culturas diversificadas implica, sobretudo, em
rever e ressignificar não tão somente os métodos e práticas pedagógicas, mas, sobretudo,
implicar-se com as novas propostas educativas, inovadoras que dialoguem com a
diversidade cultural. Vemos constantemente a busca pela qualidade de ensino, alteram-se
e inovam-se diversos programas, iniciativas e eventualmente são excluídos procedimentos
considerados prejudiciais ao bom andamento da aprendizagem. Esse processo de
mudança objetiva instaurar a escola de qualidade social centrada no estudante e na
aprendizagem. Pois numa época onde diversas ciências apresentaram seus objetos de
estudo é de suma importância dizer que necessitamos reavaliar os nossos métodos e
teorias quando nos ocupamos com os conceitos de inclusão no âmbito específico da
educação. Apresentamos como conclusão que a metodologia e oferta do ensino superior no
interior de uma terra indígena em alternância com a Universidade garante a formação de
90% dos alunos matriculados, num período de cinco anos.
O Educar intercultural
O debate em torno de uma educação na atualidade circunscreve
predominantemente a qualidade de ensino que é realizada no meio
escolar. Nesse sentido, os protagonistas nodais se ocupam de vários
expedientes para constantemente realizar avaliações acerca do
desempenho e objetividade que se espera alcançar nas escolas através da
aprendizagem. A partir do alcance dos resultados, através de diversas
tendências pedagógicas, se postula ressignificar os métodos, os conteúdos
e as práticas até então utilizadas, com o propósito de alcançar novos
caminhos para despertar o aluno ao conhecimento. Em nome da qualidade
do ensino são alterados e inovados diversos programas, iniciativas e
eventualmente excluídos procedimentos considerados prejudiciais ao bom
andamento da aprendizagem. E, sobretudo, como é inato à natureza
humana aparecem conflitos neste processo tão instigante que consiste em
promover a formação da pessoa humana individual, palavra esta que
corresponde o que os gregos chamavam de ―Paidéia‖ e que os latinos
denominavam de humanitas (ABBAGNANO, 2000). Esta educação do
homem com as suas boas artes implicava a poesia, a filosofia, a retórica e
o distinguia de todos os outros seres animais.
Se no contexto da História da Educação brasileira já tivemos
metodologias e tendências pedagógicas que concebiam o aluno enquanto
um mero receptor e reprodutor do conhecimento e o professor aquele que
autoritariamente impunha o saber, atualmente o processo ensino
aprendizagem cada vez mais vem concebendo o educar como dar a
(alguém) todos os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento de sua
personalidade. E nesse sentido não se permite mais uma forma de
aprendizagem autoritária e excludente, pois estamos inseridos em um
momento histórico de relativizações de Tempo e Espaço, valores e
saberes e compete ao professor profetizar, cuidar para que a ―Paidéia‖
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filósofos, não incide naquilo que a narrativa mística propunha, dado que
ela não sustentava atenção especial àquilo que se apresentava para além
da natureza, ou seja, não ostentava uma perspectiva metafísica enquanto
possibilidade do conhecimento e jamais se apresentava tendo como
pretensão alcançar a alethéia (verdade) pela causa do ser.
É importante lembrar que o nosso problema no processo ensino
aprendizagem e de educação que propomos em culturas indígenas incide,
justamente, em (re) considerar aquilo que se apresenta como verdadeiro.
Ou seja, serão acolhidas verdades que não pertencem a uma cultura? É
possível promover sentido e qualidade de ensino relativizando as
proposições verdadeiras enquanto falsas e vice-versa? O que é verdadeiro
numa cultura indígena deverá sempre ser verdadeiro ou há possibilidades
de contingências?
Assim, percebemos que a educação Escolar Indígena é uma
modalidade de ensino, de responsabilidade do Estado e que deve atender
alunos da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental,
Ensino Médio) tanto no ensino regular, como na modalidade de Educação
de Jovens Adultos. Foi instituída como categoria de Escola Indígena no
Estado de Santa Catarina pela Lei 12.449 de 10 de dezembro de 2002.
Além desta lei, há uma legislação específica, que garante as populações
indígenas, organização e métodos próprios de aprendizagem. A Educação
Escolar Indígena é integrada à Coordenação de Projetos Institucionais/
SED/DIEB e às Gerências Regionais que possuem Educação Escolar
Indígena.
Os referenciais são os Parâmetros Curriculares Nacionais para as
escolas indígenas e a Proposta curricular do Estado de Santa Catarina
(1998) que contempla o ensino intercultural, específico, bilíngue e
diferenciado para a educação escolar. Estes referenciais partem do
princípio de que a construção de uma proposta pedagógica baseada na
maneira como os indígenas vêem o mundo e o uso do idioma materno em
seu processo de aprendizagem, são fundamentais para o êxito da escola
indígena. Não basta incluir a noção de diversidade cultural (a visão
indígena de pensar o mundo) numa ou noutra disciplina, mas é preciso
levar em conta a diversidade que se expressa também ou ainda mais, no
diálogo interpessoal em sala de aula e na troca de experiências em que
são comunicados valores, crenças, aptidões e comportamentos.
(GERED/CHAPECÓ, 2012)
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Considerações finais
A partir do que foi apresentado inferimos: pode a escola ser um local
onde se estabelece uma nova concepção de apreensão do conhecimento
e do mundo? A resposta é afirmativa deste que ela não esteja adequada
apenas à tradição clássica, por exemplo, que postulava um uso de
racionalidade capaz de tornar o conhecimento sistematizado, apenas
lógico formal. Embora existam regras formais e tradicionais de ensino, ele
de fato será relevante quando também adotar outras formas e expressões
da linguagem presentes em culturas distintas como a dos indígenas. Todos
estes ideais mantidos arduamente no âmbito escolar têm por remetimento
a formação de um homem educado, político, racional e, sobretudo,
reflexivo.
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Referências
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RELIGIOSIDADE INDÍGENA:
REFLEXÕES SOBRE OS POVOS KAINGANG
Gilberto Oliari1
Resumo:
O presente ensaio tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre a religiosidade
presente na cultura indígena. Com isso procuro estabelecer alguns pensamentos relevantes
para a compreensão destacando que não podemos estudar a religiosidade indígena em
comparação a outras (tal como fizeram os colonizadores) e também a presença de diversas
religiões (igrejas) dentro das terras indígenas. Apresentam-se alguns elementos da cultura
Kaingang tais como: ritual do Kiki, casamentos, divisão entre os grupos Kamé e Kainhru,
etc. Através de pesquisa bibliográfica apresentam-se também alguns mitos da cultura e da
religiosidade desse povo.
Considerações iniciais
Pensar e mesmo escrever sobre religiosidade indígena, nos faz
pensar no próprio conceito de religião que construímos ao longo do tempo.
Isso quer dizer que ao olharmos para as tradições religiosas indígenas,
não podemos comparar com a religião a qual eu pertenço, pois os índios
se relacionam de forma muito diferente com o sagrado. Existem relatos
dos colonizadores que afirmavam que ‗os índios não tem religião‘, pois ao
comparar com a religião que eles traziam em sua identidade, nada se
aproximava.
Para abordar a religiosidade indígena partimos de um estudo
fenomenológico, buscando refletir os fundamentos que movem o sujeito
que acredita. Essa abordagem (fenomenológica) explora o sentido do fato
religioso, sua significação para o ser humano específico que expressou ou
expressa esses fenômenos religiosos (CROATTO 2010). Para tanto é
necessário sempre ter em vista as considerações históricas do fato para
1
Graduado em Filosofia pela UNOCHAPECÓ. Especialista em História Regional pela
UFFS. Graduando em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso pela
UNOCHAPECÓ. Mestrando em Educação pela UNOCHAPECÓ. E-mail:
gilba@unochapeco.edu.br.
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Haja visto, que talvez nunca mais se possa viver como viviam os
antepassados, hoje muitos indígenas que vivem nas terras trabalham nas
empresas frigoríficas da região. Os jovens, alguns estudam em escolas
indígenas, outros estudam em escolas não indígenas. O mais importante é
que em cada índio que vemos falando sua própria língua o Kaingang,
podemos perceber que ainda existe uma centelha de cultura étnica que
ainda resiste, mesmo na realização de rituais como o kiki e no casamento,
seguindo alguns resquícios trazidos na memória dos mais antigos.
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sobre a religiosidade natural dos indígenas, e não das diversas igrejas que
estão presentes nas aldeias.
Toda a riqueza da tradição religiosa indígena é transmitida através
da oralidade, os velhos contam aos mais novos aquilo que aprenderam
dos antepassados. A religiosidade não possui livro sagrado escrito. A
aproximação com a religiosidade indígena é essencialmente indireta,
baseada muito mais numa espécie de disponibilidade geral para ouvir e
aprender tudo o que lhe cair nos ouvidos e em seguida tentar extrair algum
sentido daquilo. É difícil, qualquer pesquisador dizer que vai às fontes da
religiosidade indígena e a encontrará em livros e textos escritos, para
aprender algo é preciso ter disponibilidade para ouvir.
Isso nos faz refletir sobre uma série de contextos e de figuras que
estamos acostumados perceber em várias religiosidades. Se levarmos em
conta o quanto algo escrito pode ser ‗congelado‘ não podendo ser alterado,
nas tradições orais isso não existe (ou existe com menos intensidade), pois
cada um que conta, vai transmitir aquilo que ficou armazenado em sua
memória, muitas vezes vai acrescentar a sua percepção sobre aquilo que
foi ouvido. Pode-se dizer que o conhecimento que encontra-se em
processo de transmissão, passa pelo que podemos chamar de atualização
constante.
Podemos nos perguntar diante da tradição indígena: quais são os
dogmas? Quem são os especialistas em textos sagrados? Qual é a
ortodoxia presente? Qual é o referencial imutável? E aí nos damos conta
que não há dogmas, não há um especialista em livros sagrados, não há
ortodoxia, não existe um referencial imutável e que talvez seja por isso que
facilmente se descriminam as religiosidades indígenas. ―O fato de não
explicitarem uma doutrina teológica harmônica, não significa que não
fossem religiosos‖ (BENINCÁ 1994, p. 218) se levarmos em conta isso,
poderemos talvez até refletir sobre o processo de catequização indígena
na chegada da colonização, mas isso não aprofundarei, pois não é o foco
desta pesquisa.
Vale ressaltar que é difícil compreender a religião do outro sem falar
a sua língua, isso vale para todas as tradições religiosas. Não só
compreender a religiosidade, mas também construir junto um processo
educacional.
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outro para fazer bastante flechas, pois previam o perigo. Seguiram por
muito tempo até que o mig fer (cobra de asa) veio e grudou no Kanhru
e o devorou deixando só seus ossos. O Kamé ficou sozinho e então
disse que iria matar o bicho em nome do seu amigo. O Kamé
confeccionou um cesto e colocou resto de seu amigo e o levou. Fez
uma casa de folha de palmeira para esperar o mig fer. A casa era bem
fechada, ele fez apenas o lugar por onde iria atirar no bicho, depois de
pronto assoviou e o bicho veio pelas árvores em sua direção e então
ele atirou no olho do mig fer e o matou, aí ele pensou que seria um
casal e assoviou novamente e veio a fêmea e atirou e matou. Ele
tornou a assoviar e não veio mais nada, após perceber que não havia
mais nada, Kamé abriu um buraco e enterrou jamré Kanhru e fez um
fogo ao lado e começou a cantar. He ni ke,e – ele estava ali/ he ni ke,e
– ele estava ali/ há taj já – ele o matou. Então o Kamé seguiu sua
viagem sozinho na mata, e veio um aviso dizendo a ele que estava
perto de sua aldeia, para ele subir em uma árvore bem alta que ele
veria a aldeia. Após subir na árvore na árvore ele desceu, seguiu e
encontrou uma marca em uma árvore que os índios usavam para se
localizar na mata, foi aí que então escutou o canto do galo e chegou a
sua aldeia. Após a chegada anunciou o fato para seu povo e convidou
eles para rezar em memória de seu jamré. Após as rezas e cantos
originou-se a festa do kiki ou ritual dos mortos (NOTZOLD &
MANFROI, 2006, p. 29).
Segundo Croatto (2010) a recitação dos mitos está rodeada por três
condições: somente algumas pessoas, especialmente os mais velhos
podem narrar os mitos; eles devem ser contados em lugares considerados
sagrados; só podem ser recitados em tempos especiais, como durante a
noite, nas festas etc. Parece-me que de fato entre os Kaingang a narração
mítica é muito respeitada:
Considerações finais
Pode-se concluir dizendo que a religiosidade indígena, por mais que
tenha passado por inúmeros obstáculos e transformações, ainda
permanece viva dentro da cultura desse povo tão sofrido. Pode-se
observar que o uso da língua nativa ainda é importante, pois com isso
pode-se manter o mistério da vida, envolto por palavras que muitas vezes
tem significado apenas para eles, mas que permanecem na memória de
quem vive e sente a expressão dessa religiosidade.
Referências
903
RELIGIOSIDADES MACUXI
E A PERSPECTIVA PARA O ENSINO RELIGIOSO
Resumo:
Este artigo visa a compreender as diversas manifestações religiosas do povo indígena
Macuxi e a seu entendimento como fenômeno religioso para o seu estudo no Ensino
Religioso. São demonstradas diversas manifestações culturais que não estão associadas
diretamente à religiosidade, mas que em última análise, podem ser interpretadas como
fenômeno religioso devido ao sentido dado à espiritualidade, a um mundo espiritual e às
manifestações transcendentes. Vê-se neste sentido que do conjunto das manifestações
observadas e pesquisadas possuem uma maturidade religiosa e que elas têm apresentado
abordagens unicamente culturais e folclóricas, mas servem como fonte para entender as
religiosidades e suas identidades religiosas.
2 Cristina Pompa (2001, p. 41) ao analisar a visão que os colonizadores tinham a respeito
dos Tupinambá, destaca que não haver crença entre eles: ―Já Pero Vaz de Caminha,
poucos dias depois do 'achamento', declarava que '...eles, segundo parece não tem
nem entendem nenhuma crença'. Também pouco tempo depois de sua chegada, o
padre Manuel da Nóbrega […] afirmava categoricamente: 'é gente que nenhum
conhecimento tem de Deus, nem ídolos' e, em sua Informação de terras do Brasil,
reforçava a afirmação, dizendo que 'esta gentilidad a ninguna cosa adora'.‖
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(AUGÉ, 1974, p. 13). Para Marc Augé (1974) esta coerência, pelo menos
em sentido virtual das representações, não é reconhecida.
Tradicionalmente a distinção entre magia e religião é que a magia é o
meio pelo qual os humanos agem sobre o mundo, e a religião é a ação
sobre o mundo pela mediação da oração da vontade do divino, mas Augé
contesta esta distinção afirmando que:
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3 Na tradição dos Macuxi os bichos são tipos de espírito que pode causar males e
incomodar.
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(feitas com urucum), preta ou azul (feitas do jenipapo), algo vai acontecer.
Pode significar motivo de muita alegria nas comemorações pelo
aniversário, fartura, casa nova. Pode ser o ritual do Parichara, uma festa
típica da grande colheita, ou ainda algum outro tipo de manifestação
política. (MAKUXI, 2012b). O Parichara é uma ritual de agradecimento pela
fartura da roça, feito com danças e cantos tradicionais. Nestas
manifestações acredita-se que há puramente uma manifestação cultural
dos Macuxi. No entanto, a forma como é feito o ritual e em relação ao
objetivo a quem é dirigido, certamente existem elementos que podem ser
justificados pelas crenças religiosas aos quais os Macuxi estão envolvidos.
Basta perguntar a quem é dirigido esse agradecimento, entre as repostas
podem surgir Deus, Makunaimî,5 os espíritos. O foco principal da festa do
Parichara pode ser religioso, visto que, ao que tudo indica, os elementos
religiosos estão presentes.
As características identitárias dos Macuxi são representadas por
suas manifestações culturais. Tais manifestações; constituídas pelas
comidas e bebidas, costumes, danças, cantos, língua, mitos, formas de
produzir e caçar os alimentos, a produção artística; resvalam em suas
manifestações religiosas. O fato de se usar a pimenta na damorida, que é
um moqueado de carne ou peixe com pimentas bem ardosas, pode ser
respondida por um outro costume: na passagem de jovem para adulto,
quando o menino Macuxi está muito preguiçoso, os pais passam pimenta
no ânus dele, de manhã cedo. Eles dizem que o menino corre para tomar
banho no riacho e fica mais esperto para a caça e a pesca. Então pode-se
sugerir que para o Macuxi a pimenta é tanto o alimento com poderes de
força para suportar a vida, no sentido de ser o alimento mais forte do dia e
pode ser servido no almoço, quanto uma espécie de remédio para curar e
o menino se tornar um bom caçador, pescador e trabalhar na roça. Esse
dois exemplos de manifestações envolvendo a culinária e um rito,
possivelmente de passagem, coloca poderes na pimenta que não há em
outros alimentos, somente nela. O poder alimentar da pimenta para ficar
forte e não morrer magro, que no entender do Macuxi de Canta Galo é
fruto de feitiço, e o poder despertar o jovem, torná-lo adulto, na perspectiva
de buscar os alimentos para si e sua família. Importante agora é saber
914
FONAPER
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
explicada a origem do povo Macuxi, das plantas, das serras, da luta entre
irmãos, dos animais.
6 Apresentou-se apenas alguns trabalhos recentes sobre a temática indígena dos cursos
de Ciências da Religião. Vale lembrar que há um extenso número de trabalhos em
outros cursos, notadamente, em áreas das ciências humanas e sociais. Aqui não
faremos referência a eles, mas que representam trabalhos com valor acadêmico
reconhecido.
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Considerações finais
Para os Macuxi pode-se verificar, no conjunto dos temas discorridos,
semelhanças em especial em relação às formas rituais e à diversidade das
manifestações religiosas. Os trabalhos aqui apresentados interpretam
religiões em diversos povos, o que para o Ensino Religioso é um desafio
tentar articular e ao mesmo tempo formular uma proposta para o
conhecimento destas manifestações. Reconhecer a dificuldade não
impede de tentar uma breve elaboração. O recurso aqui usado pretende
dar clareza na interpretação da multiplicidade, informando um caminho
possível para o diálogo e dando fundamentos para a compreensão das
identidades religiosas. As religiosidades indígenas focam algo presente,
mas subjetivo, escondido e ao mesmo tempo manifestado, na medida em
que os sistemas religiosos são interpretados e demonstrados.
Referências:
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MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. 7a. ed. São Paulo: Edunb;
Brasília: HUCITEC, 1993.
Teses e dissertações
ABREU, Stela Azevedo de. Aleluia: o banco de luz. Campinas: SP, 1995.
Dissertação (Mestrado),
Curso de Mestrado do Departamento de Antropologia, Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas,
Universidade Estadual de Campinas, 1995.
920
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Sites:
922
GT 11: CONHECIMENTOS E RELIGIOSIDADES AFRICANAS
E AFRO-BRASILEIRAS E O ENSINO RELIGIOSO
Coordenação:
Dr. Marcos Rodrigues da Silva (PUC-SP)
Me. Obertal Xavier Ribeiro (UNIGRANRIO)
Resumo:
Este relato apresenta os trabalhos realizados durante estágio de docência do Curso de
Ciências da Religião da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó –
Habilitação em Ensino Religioso. O tema escolhido foi Umbanda: história, sincretismo e
orixás. Iniciamos o estágio dividindo as turmas da oitava série matutino e vespertino em
dois grupos. Fixamos frases e saudações relacionadas à umbanda nas portas das salas e
no interior das mesmas. Cada aluno recebeu um crachá com o seu nome e com um espaço
para preencherem com o nome do orixá protetor de cada um. Direcionamos
questionamentos aos alunos acerca da umbanda, sobre as palavras e os conceitos que
ouvem no dia a dia relacionados a ela. Entregamos para cada estudante texto explicativo: A
origem de uma religião genuinamente brasileira. Com esse texto desenvolvemos algumas
atividades. Para reforçar o conhecimento, aplicamos a atividade com palavras e
significados alternados. Aplicamos as oficinas com atividades diversas. Procuramos
contemplar os sete principais orixás. Em uma sala diferenciada os alunos realizaram a
socialização das atividades e assistiram ao ―Hino da Umbanda‖.
1
Especialização em Ciências Sociais e da Religião pela Universidade do Oeste de Santa
Catarina (SC). Professora da rede estadual de Santa Catarina Acadêmica do sétimo
período do Curso de Ciências da Religião pela Universidade Comunitária da Região de
Chapecó – Unochapecó (SC) adenize07@yahoo.com.br
2
Acadêmica do sétimo período do Curso de Ciências da Religião pela Universidade
Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó (SC) daianewaltrick@yahoo.com.br
3
Mestranda em Educação pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó –
Unochapecó (SC). Acadêmica do sétimo período do Curso de Ciências da Religião da
Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó (SC)
ediana@unochapeco.edu.br
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Problematização
A escolha dessa temática partiu da necessidade que sentimos
enquanto acadêmicas e professoras de sala de aula em esclarecer
constantes dúvidas e indagações dos alunos diante do mistério
relacionado aos rituais umbandistícos que causam arrepios, estranhezas e
medos. Estes são contruídos e repassados de geração em geração numa
sociedade permeada por preconceitos e fundamentada basicamente no
senso comum.
Portanto, abordar esse assunto em sala de aula contribuirá para
adquirir novos conhecimentos que poderão colaborar também na
construção de uma sociedade mais igualitária, onde as diferenças não
sejam vistas como motivo de negação do outro, mas que contribuam para
estabelecer relações de paz e respeito.
Vivendo em espaços de grandes desigualdades, percebe-se que
nem sempre é fácil lidar com a diferença, pois ela está em toda parte.
Diante disso selecionamos alguns elementos da Umbanda para discutir e
aprofundar pontos específicos dessa religião que instiga os alunos a
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Objetivos
Objetivo Geral
Proporcionar (compreender) uma abordagem significativa
acerca da cultura e religiosidade umbandista
Objetivos específicos
Conhecer alguns aspectos da história da umbanda;
Compreender os orixás como elemento constitutivo da
Umbanda;
Apresentar as principais lendas dos orixás;
Identificar o orixá protetor de cada aluno;
Aguçar a curiosidade acerca de alguns adereços místicos
da umbanda;
Confeccionar guias e amuletos referentes aos orixás;
Ações e Operações
Primeiro dia: Separação dos alunos e dos estagiários
O desenvolvimento do estágio ocorreu com alunos da oitava série da
EEB Valesca C. R. Parizotto, na cidade de Chapecó. Os alunos foram
organizados em duas turmas tendo como responsáveis para a condução
931
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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Segundo dia:
OFICINA: 1- aconteceu em 2 salas
OFICINA – 2 e 3 - aconteceu em 3 salas (duas salas com 3
estagiários cada e uma sala com 4 estagiários. Em cada sala havia um
fundo musical relacionado ao tema umbanda.
933
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Socialização
Em uma sala diferenciada e preparada com motivos relativos à
umbanda, os alunos foram levados para realizar a socialização das
atividades e compartilhar os novos conhecimentos. Foi assistido o ―Hino da
Umbanda‖. Para finalizar as atividades os alunos retornaram na divisão
inicial, em duas salas onde refletiram e reconstruíram, nos mesmos passos
da atividade inicial, a definição de umbanda da turma. Tal atividade
consistiu em perceber se os alunos conseguiram reformular as ideias que
possuíam sobre a umbanda baseadas apenas no senso comum.
934
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Tempo
As oficinas foram desenvolvidas em 20 horas/aula, com duração de 1
hora e 15 minutos cada oficina.
Recursos
Sala ambiente (sala de vídeo)
Aparelho de DVD e projetor de mídia;
Cds
Aparelho de som
Folha A4
Caneta
Cola
Lápis de cor
Lápis
Tesoura
Revista
Computador
Xérox
Grampeador
Cartolinas;
Miçangas
Fita 3m:
Fio de silicone (para as pulseiras):
Essências líquidas
Pratos laminados
Algodão (de bolinhas):
Tnt
Argolas de alumínio para chaveiros;
Fio dourado;
Canetinha:
Folhas de papel cartão;
Máquina Fotográfica Digital;
935
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Avaliação
A concepção de avaliação que utilizamos teve como critérios
considerar o processo global que abrange desde o início da discussão da
temática até os momentos finais de socialização dos conhecimentos
adquiridos. Portanto, não nos limitaremos a uma avaliação individual e
numérica que pode não expressar o real entendimento do aluno sobre o
tema abordado.
Considerando o que trabalhamos na disciplina de Ensino Religioso
temos como pressuposto inicial a alteridade, o respeito pela diversidade e
pela capacidade cognitiva diferenciada de cada aluno, como se encontra
explicitado nos PCNER (2010, p.46) ―O Ensino Religioso, valorizando o
pluralismo e a diversidade cultural presente na sociedade brasileira, facilita
a compreensão das formas que exprimem o Transcendente [...]‖.
A avaliação foi coletiva, feita através da atividade realizada no final
do primeiro dia (produção de cartaz com imagens e palavras) e de outra
atividade proposta ao final do segundo dia, sendo ela um quadro
comparativo do conhecimento prévio sobre o tema da umbanda e o
adquirido ao final do estágio.
A avaliação foi contínua considerando o interesse, a participação e o
envolvimento na execução das atividades propostas, ou seja, englobou
todos os momentos proporcionados pelos estagiários para a discussão do
tema umbanda.
Referências
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Anexos
Anexo I
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
CURIOSIDADES
1) Por que as entidades de umbanda usam o fumo?
As folhas da planta chamada ‖fumo‖ absorvem e comprimem em
grande quantidade o prana vital (força de sustentação) enquanto estão em
crescimento, cujo poder magnético é liberado através das golfadas de
fumaça dadas pelo cachimbo ou charutos usados pelas entidades. Essa
fumaça libera princípios ativos altamente benfeitores, desagregando as
partículas densas do ambiente.
938
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7) O que é o passe?
O passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular.
8) O que é um congá?
É o lugar onde são colocados os assentamentos ou imãs dos Orixás
e falanges. É ele o centro da imantação de um templo, pois é dali que
emanam todas as vibrações através de seus imãs.
Anexo II
939
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Anexo III
GLOSSÁRIO
UMBANDA - Umbanda é uma religião brasileira formada através de
elementos de outras religiões como o catolicismo ou espiritismo juntando
ainda elementos da cultura africana e indígena. A palavra é derivada de
―u´mbana‖, um termo que significa ―curandeiro‖ na língua banta falada na
Angola, o quimbundo.
941
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
942
Anexo IV
NOME DEFINIÇÃO REINO COR ELEMENT DIA DA PLANET CARACTERÍSTIC OBSERVAÇÕ
O SEMAN A AS DOS SEUS ES
A FILHOS
OXALÁ SENHOR
DOS ORIXÁS
OXOSS Orixá da mata. verde terra. quinta- Júpiter meio fechados, * Sincretizado
I saúde, (todos os feira. gostam de viver no Rio de
prosperidade, tons e no seu próprio Janeiro com
força, energia branco). meio. Gostam de São
(ligada a Os tons de contemplar a Sebastião, tem
saúde), verde natureza. o seu dia
farmacopéia variam de Geralmente são comemorado
(farmácia), acordo pessoas em 20 de
nutrição É o com a desconfiadas, janeiro.
―caçador‖ do origem do mas que quando * Outras
Axé. Caboclo. confiam são formas de
Representad amigos fieis. grafia
o pelos Trabalhadores
encontradas:
Caboclos e incansáveis. Oxossi e
Caboclas. Oxosse.
OGUM Orixá da Orixá vermelha e fogo. terça- Marte são persistentes, * Sincretizado
energia sem branco. feira tem no Rio de
(ligada a reino temperamento Janeiro com
atitude), específic forte. São Jorge,
perseverança o, que Determinados e tem o seu dia
, vencedor de atua na batalhadores. comemorado
demanda, defesa em 23 de abril.
persistência, de todos
tenacidade, os reinos.
renascimento
(no sentido
de
capacidade
de se
reerguer).
A Energia de
Ogum está
em todos os
lugares.
IANSÃ Orixá dos Não tem amarelo ar, água e quarta- Mercúrio Mudança de
ventos, raios reino ouro e fogo feira pensamento (jogo
e específic branco (horas de cintura),
tempestades. o, atua pares facilidade de falar,
Responsável nos até às de se comunicar,
pelas fenômen 16:00h) de interagir.
transformaçõ os da Pessoas
es, natureza. geralmente
(mutações e bastante flexíveis
mudanças) (abertas) as
ligadas às novidades e
coisas mudanças.
materiais,
fluidez de
raciocínio e
verbal. Orixá
intimamente
ligada aos
avanços
tecnológicos.
Grande
guerreira.
IEMANJ Orixá dos Mar. azul claro, Água Sexta- Vênus dinheiro com
Á mares, das céu ou feira facilidade (quando
águas branco não tem,
salgadas. transparent aparece), não
Responsável e. aparentar a idade
pelos bens que tem, "espírito"
materiais, maternal, gosta
grande do poder.
provedora e
mãe.
Senhora da
Calunga
Maior(mar),
portanto
grande
absorvedora
de energias
negativas.
Traduz a sua
vibração em
paz e
harmonia.
Protetora da
família, dos
laços
familiares.
944
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Anexo V
ORIGEM DOS ORIXÁS
Não se sabe com certeza se os orixás já tiveram uma forma humana
definida, pois os contos e lendas africanos que nos chegaram contam
histórias variadas de um tempo que conta mais de 10.000 anos de
histórias dos orixás.
Não se sabe se alguns reis africanos e suas esposas, e até
guerreiros e guerreiras, pela sua honra, atuação em batalhas, sabedoria,
condução de suas terras e de seu povo, acabaram sendo retratados como
orixás, ou deles tomaram seus nomes. O que se sabe é que Oxalá foi um
rei de Elejibo; Xangô, rei de Oió; Exú e Oxóssi, reis de Ketu. Uma outra
hipótese é que existiram em forma física e foram elevados a Orixás pelos
seus feitos, tornados divindades vivas que ultrapassaram o tempo e o
espaço.
Em várias formas de umbanda temos a crença que nascemos com
uma parte do Orixá dentro de nós. Um Orixá principal e 3 Orixás
acessórios.
A ―incorporação‖ de um Orixá na Umbanda se dá através de uma
forma de energia emanada diretamente do Orixá e captada pela parte dele
que nos habita. Essa forma de energia manifesta em nossos corpos
durante as giras se chama ―Falangeiro de Orixá‖, aquele que trabalha e
atua em nosso mundo físico na representação do Axé do Orixá.
As oferendas e obrigações aos Orixás são de grande importância
dentro de várias vertentes da Umbanda, pois serão revertidas em energias
positivas essenciais para seus médiuns e para a própria casa.
É de conhecimento que os médiuns devem, anualmente, ofertar aos
seus Orixás suas comidas e demais elementos pertinentes a eles
(podendo inclusive utilizar o ritual cruento, desde que este seja parte da
cultura ritualística da casa) com o intuito de fortalecer essa relação entre o
médium e os Orixás.
Da mesma maneira, de tempos em tempos, estipulados pelos guias
chefes da casa, os médiuns devem se submeter a rituais específicos para
fortalecimento de seu Orí, dar potencialização a suas capacidades
mediúnicas, fortalecer gradativamente a ligação médium-orí-orixá, a
aglutinar as energias vibratórias entre o médium-orí-orixá-guias, para o
preparo do sacerdócio.
945
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Anexo VI
NUMEROLOGIA DOS ORIXÁS
Você deve ter em mãos, com absoluta certeza a sua data de nascimento e
fazer a soma individual de cada número. Ex: 13.05.1940 - Soma-se, então,
1+3+0+5+1+9+ 4+0 = 23. Procure então, na tabela abaixo, quem é seu
respectivo orixá.
De 1 a 20 (com exceção do
Oxalá Yemanjá
14 e 17)
14 ou 17 Ogum Yansã
De 21 a 29 (com exceção do
Ogum Yemanjá
26 e 28)
26 Oxossi (Odé) Yansã *
Oxossi - Yansã - Yansã - Yemanjá -
28
Yemanjá Oxossi **
De 30 a 33 Xangô Oxum
34 ou mais Oxalá Yansã
* Mulheres com numerologia 26 devem evitar ter mais que dois filhos.
** Para a mulher com numerologia 28, o Orixá Maior só se define após ter filhos:
Sendo estéril ou até 2 filhos é Yansã; tendo 3 ou mais filhos é Yemanjá.
946
BEBÊS ABAYOMIS: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
PARA O ENSINO RELIGIOSO NAS SÉRIES INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo
O presente trabalho socializa o resultado de uma ação pedagógica que buscou contribuir
para o fortalecimento de práticas de formação continuada de professores que atuam nas
séries iniciais de uma escola pública de ensino da rede estadual de Belém-PA, por meio da
realização de uma oficina pedagógica em que se deu a construção de bebês Abayomis.
Objetivou-se um novo olhar acerca do fenômeno religioso e sobre a prática dos professores
para com o trato na disciplina Ensino Religioso: suas manifestações religiosas, seus ritos,
suas paisagens e símbolos, suas relações culturais, sociais na escola. A necessidade de se
realizar essa proposta surge no sentido de estabelecer um diálogo com os docentes para a
melhoria de suas práxis, difundir e incutir valores preparando seus alunos para o
estabelecimento de posições éticas e de respeito às expressões e manifestações religiosas.
Introdução
Este estudo é oriundo de uma atividade pedagógica realizada com
professores atuantes nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º
ano) de uma escola pública de Ensino Estadual de Belém-PA. Decidiu-se
desenvolver esta ação na instituição em que trabalha uma das autoras
deste artigo por perceber a falta ações voltadas com os temas de Ensino
Religioso e com a História e Cultura Afro-Brasileira.
A intenção foi sensibilizar os educadores participantes de forma a
mostrar que as atividades nas aulas da disciplina Ensino Religioso deverão
contemplar um olhar para a diversidade religiosa e ao mesmo tempo
poderão ser ministradas de forma lúdica, visto que a mesma disciplina
1
Assessora Pedagógica da Universidade do Estado do Pará- UEPA do curso de
Licenciatura em Ciências da Religião Professora da rede pública de Ensino Municipal do
Município de Magalhães Barata- Pará. E-mail: carlacosta18@yahoo.com.br.
2
Pedagoga, Especialista em Educação Ambiental e Gestão Escolar, Professora da
Secretaria de Estado de Educação do Pará, Graduanda do Curso de Ciências da
Religião da Universidade do Estado do Pará- UEPA E-mail: elane.queiroz@ig.com.br
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
educação básica. Sobre essa lei temos observado que apesar de sua
regulamentação a implementação da mesma tem se dado de forma muito
lenta e quase que imperceptível junto aos docentes.
Registra-se ainda que, ao incorporar no material pedagógico o trato
para com as questões raciais no ambiente escolar de forma
transversalmente ao processo de aprendizagens, estaremos promovendo
uma educação antirracista. Sob esta perspectiva é que inserimos essa
ação objetivando contribuir para o desenvolvimento e implementação de
novas posturas docentes e discentes frente à temática por meio da
construção de bebês abayomis priorizando a temática étnica-racial.
950
FONAPER
Este documento revela que o Ensino Religioso não abre espaço para
o trabalho dentro dos modelos apresentados anteriormente, e sim para
ajudar o educando a compreender como as diversas manifestações
religiosas interferem na realidade humana.
Vale ressaltar que conforme orientam as Diretrizes do Ensino
Religioso, que o professor terá como ponto de partida dos conteúdos de
uma tradição religiosa desconhecida para, em um segundo momento,
estudar uma tradição religiosa conhecida dos alunos.
Para uma compreensão maior destaca-se a atual Constituição
Brasileira para a percepção do modo como aborda o tema religião em seu
art. 5º e art. 216.
951
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Art. 5º
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e
respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (BRASIL,
1988, art. 5º e 216).
953
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
954
FONAPER
Considerações Finais
O desenvolvimento da oficina na escola da rede pública de ensino
Fundamental foi de extrema relevância para os docentes participantes
tendo em vista que as discussões e a prática da construção dos bebês
abayomis possibilitaram um repensar ao trabalho na disciplina ensino
religioso tendo como enfoque as relações étnicas raciais. Percebemos
ainda a ausência de conhecimento mais cuidadoso para com o trato da Lei
nº10.639/2003 por parte dos docentes, apesar da mesma ter sido
implementada no ano de 2003.
Outro aspecto que causou surpresa por parte dos ouvintes quando
mencionamos apresentar a proposta de se trabalhar o ensino religioso por
meio dos bebês abayomis foi o conhecimento deste.
Destacamos que durante a execução da ação houve uma relevante
demonstração de interesse, não somente dos participantes de como
trabalhar o lúdico no ensino religioso articulado as relações étnicas raciais
quanto à construção dos bebês abayomis, visto que este momento
consistiu em ―criar voz quando o silencio predomina sobre o que é
importante abordar‖ (NUNES, 2006, p.155).
Outrossim, demonstramos com base em Sena(2007) que a escola
por ser um espaço social de formação e ao mesmo tempo informação
3
PACÍFICO, Tânia Mara. Racismo e aprendizagem escolar. Disponível em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/517-2.pdf >. Acesso
em 24 set 2013.
955
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Referências
ALVES, Rubem. O Supremo dos Oprimidos. São Paulo: Ed. Paulus,
1987.
956
FONAPER
957
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
STIGAR, Robson. O que é Ensino Religioso, jan, 2009. Disponível em: <
http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-que-e-ensino-religioso-
709662.html >. Acesso em 25 de out. 2011.
958
ENSINO RELIGIOSO E RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS:
CONFLITOS E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO AMAPÁ
Resumo:
O presente artigo tem como objetivo discutir alguns aspectos relativos à inclusão das
Religiões de Matriz Africana (RMA) na disciplina Ensino Religioso (ER) na educação pública
do Amapá. Faz-se uma análise da compreensão e dimensão da inserção no ER das RMA,
bem como suas relações dentro do espaço escolar. Trata-se do resultado preliminar de um
estudo exploratório de natureza qualitativa que vem adotando a pesquisa bibliográfica e a
análise documental como forma de investigação no âmbito da Dissertação de Mestrado. A
discussão inicia-se com alguns indícios da influência da cultura negra na formação social do
Brasil e no Amapá. Em seguida, trata-se das considerações sobre racismo, preconceito,
discriminação e intolerância religiosa contra as RMA. E por fim, faz-se uma breve incursão
pelo desafios e conflitos que envolvem a questão da inclusão das RMA no ER na educação
pública no Amapá.
Introdução
Há no contexto brasileiro um lugar especial para a religião, pois ela
faz parte da formação de nossa cultura, da constituição dos valores
familiares, dos diferentes jogos da moral, das articulações políticas, dos
meios de comunicação, etc. Não há dimensão da vida no Brasil que não
esteja de alguma forma sendo tangenciada pela religião (MAGALHAES;
PORTELLA, 2008, p. 15-16).
A escolha das RMA como enfoque principal deste trabalho não
significa que este estudo desvalorize as outras religiões. O fato é que
sempre se percebeu preconceitos contra as RMA pelos sistemas de
ensino, assim como grande proselitismo de predominância da hegemonia
1
Matemático, Teólogo, Especialista em Fundamentos da Matemática Elementar, Ensino
Religioso e Docência do Ensino Superior. Professor Efetivo da Rede Pública Estadual
de Ensino do Estado do Amapá. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Direito
Ambiental e Políticas Públicas da Universidade Federal do Amapá
(PPGDAPP/UNIFAP), Brasil. E-mail: elivaldo.pa@hotmail.com
2
Doutora em Educação com pós-doutorado em Educação pela Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ). Professora do curso de Pedagogia e do Mestrado em Direito
Ambiental e Políticas Públicas da Universidade Federal do Amapá. E-mail:
eugenia.luz@hotmail.com
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
960
FONAPER
961
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
assim com a cultura europeia, a cultura africana também possui seu valor
(PEREIRA, 2012, p. 53).
Numa sociedade como a nossa, na qual predomina uma visão
preconceituosa, historicamente construída, a respeito do negro e, em
contrapartida, a identificação positiva do branco, a identidade estruturada
durante o processo de socialização terá por base a precariedade de
modelos satisfatórios e a abundância de estereótipos negativos sobre os
negros.
No contexto religioso afro-brasileiro, as complexidades das RMA
ainda são de difícil compreensão para a sociedade, pois a análise dos
dados referentes ao censo realizado no ano de 2000 e 2010, em que se
propaga pelas informações contidas na página oficial do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), reconhece-se tão-somente o
Candomblé e a Umbanda como religiões representativas do universo
religioso afro-brasileiro, inclusive ressaltando a preferência religiosa
católica.
Vale ressaltar que a importância dessas religiões de origem africana
no Brasil não pode ser medida simplesmente pelo tamanho de seus
contingentes3, mas pela sua participação na formação da cultura nacional
não religiosa, com presença marcante na literatura, no teatro, cinema,
televisão, nas artes plásticas, na música popular, sem falar do carnaval e
suas escolas de samba, da culinária originária da comida votiva e,
sobretudo, da sua especial maneira de ver o mundo.
Afirmar a existência de apenas dois modelos de RMA no Brasil é
desprezar e até mesmo ignorar as produções acadêmicas sobre o tema,
que reconhecem a pluralidade religiosa, como exemplo: Tambor-de-mina
do Maranhão; Xangô de Recife; Batuque no Rio Grande do Sul; todas de
grande expressão nacional; além de outras como Catimbó, Jurema,
Pajelança (COSTA NETO, 2010). Em relação ao Amapá, Videira (2013, p.
316), explica que a RMA mais cultuada em Macapá e no Estado do Amapá
é a Umbanda.
Compreender a dimensão da inserção das RMA no ER, bem como
suas relações dentro do espaço escolar, seja por questões identitárias de
descendentes de escravizados africanas e africanos constitui o
rompimento com um paradigma em voga desde a colonização ibérica,
3
Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, cerca de 588.797 (0,3%) habitantes se
autodeclararam adeptos a religião de Umbanda e Candomblé no Brasil.
962
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4
Capitão Janary Gentil Nunes nomeado em 29/12/1943 no Rio de Janeiro pelo
Presidente da República Getúlio Vargas. Chegou a Macapá no dia 25/01/1944.
963
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
5
É hoje uma manifestação cultural popular afroamapaense, nascendo assim das
diferentes etnias que foram transportadas de suas terras de origem para o Brasil. É uma
mistura de dança, religiosidade e ancestralidade africana que tem orgulho,
determinação e resistência. É ainda, um ritual que compõe várias festas católicas
populares em oito comunidades negras da área metropolitana de Macapá e Santana no
Estado do Amapá.
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6
Por proselitismo entendem-se expressões de dogmatismo que resultam em
discriminação social, cultural ou religiosa. O proselitismo parte da certeza de uma
verdade única no campo religioso e ignora a diversidade.
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Considerações Finais
De um modo em geral, o que entendemos com todas essas questões
é que o Brasil precisa avançar em muito na discussão sobre a liberdade
religiosa e o tratamento igualitário entre todas as matrizes religiosas
existentes no Brasil. E neste cenário, a intolerância religiosa é
considerada, atualmente, uma das questões mais difícil de ser enfrentada
pelos educadores, pelas escolas e inclusive pelo espaço universitário, cuja
ausência de tolerância viola a dignidade da pessoa humana, resguardada
pela declaração dos Direitos humanos.
Dentro da concepção de Políticas Públicas de Estado e de Governo,
é necessário que se faça uma releitura das PE excludentes das RMA no
processo de construção da disciplina e na formação de docentes
capacitados (as) para reconhecer as identidades dentro das diferenças
culturais, pois se percebe que boa parte das dificuldades encontradas a
respeito do tratamento dado as RMA no ER, se encontra, em parte, na
incapacidade de se entender a religião como um objeto de estudo.
Sendo a religião uma das expressões da diversidade cultural e a
religiosidade um patrimônio cultual imaterial da humanidade a disciplina
ER, ao trabalhar conteúdos consubstanciados sobre as RMA, apresenta-se
como essencial para a compreensão das várias manifestações de
vivências religiosas no contexto escolar, cujo conhecimento deve promover
a tolerância e o convívio respeitoso com o diferente e o compromisso
político com a equidade social no Brasil.
No tocante ao Estado do Amapá, em que pese nossa iniciativa de
pesquisa sobre as políticas de inclusão das RMA no ER, não se localizou
estudos com relação direta ou menção a participação no processo de
ensino-aprendizagem destas. Obviamente faz-se necessário um estudo
aprofundado sobre esta questão, mesmo porque as pesquisas de Foster
(2004, p. 213) e outros, têm apontado que ―o Amapá é considerado um dos
estados mais negro da Amazônia‖. E, portanto, essa questão merece
atenção especial. Segundo a autora, embora na atualidade percebam-se
movimentos emergentes e em expansão em torno do resgate e da
valorização da cultura negra, é ainda um esforço restrito, sem maior
visibilidade.
Sendo assim, é preciso repensar a formação de professores de ER
no Amapá, é preciso refletir sobre esta dimensão por meio de propostas
curriculares de atividades que permitam a compreensão da dinâmica e das
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Referências
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
<http://www.mafro.ceao.ufba.br/userfiles/files/Material%20do%20Profe
ssor%20-%20Afro-Brasileiro.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2012.
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DESAFIOS DO ENSINO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
Resumo:
Na iniciativa do ensino religioso na escola pública, uma das tarefas mais desafiadoras para
o professor é introduzir no meio social brasileiro, majoritariamente cristão, os fenômenos
religiosos afro-brasileiros. Cercados de contestações sociais, culturais e religiosas, estas
expressões do sagrado encontram frequentemente resistências de alunos, pais, docentes e
a própria direção da escola. Este artigo descreve o retrato cultural que a sociedade
brasileira esteve e está inserida e a partir desse, contextualiza os desafios para que as
religiões afro-brasileiras possam ser introduzidas como matéria do conhecimento dentro do
currículo escolar do ensino religioso das escolas públicas e consequentemente o
acolhimento dos seus religiosos no meio social.
Introdução
A religiosidade brasileira formou-se durante mais de 300 anos com
as trocas culturais e reelaboração da visão do sagrado entre três grandes
grupos: indígenas, portugueses e africanos. Embora outras culturas
também contribuíram neste processo, esses três modelos de religiosidade,
inclusive heterogêneas em si, foram fundamentais para dar corpo ao que
Bittencourt Filho determinou como ―matriz religiosa brasileira‖1.
O primeiro processo de ensino sistemático no Brasil, quanto da
colonização portuguesa ocorreu com os Jesuítas através da catequese na
tentativa de aculturar os indígenas que habitavam o continente antes da
ocupação portuguesa. Quando na época do império o ensino religioso
gozava também de direitos constitutivos, sendo uma das disciplinas
formais mais antigas do Brasil:
1
BITTENCOURT FILHO, J. Matriz religiosa brasileira. Petropolis: Koinonia, 2003. p. 31-
81.
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
2
BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM-15-10-1827.htm>. Acesso em: 22 out.
2012.
3
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22 out.
2012.
4
Idem.
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5
BRASIL.Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997. Planalto. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9475.htm>. Acesso em: 22 out. 2012.
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Transposição didática
O termo transposição didática é formado em 1975, pelo sociólogo
Michel Verret e mais tarde rediscutido por Yves Chevallard no livro ―La
Transposition Didactique‖ que define os processos que ocorrem na
transformação do saber cientifico para o saber escolar6.
Esse saber científico sofre transformações para chegar ao estudo
escolar, necessita converte-lo e simplifica-lo para ser objeto possível
dentro da sala de aula. Essa transformação é parte integral das ciências
das religiões quando deslocada para o ensino religioso, ratificando a
necessidade do saber escolar ser diferente do saber científico. O
fundamentalismo religioso pode neste sentido camuflar-se de transposição
didática e servir-se desta condição para criar processos contrários aos
propósitos da lei que estabelece o ensino religioso nas escolas públicas
em respeito à diversidade cultural e religiosa.
Os parâmetros curriculares nacionais são orientações, bases para a
formulação da transformação da passagem do saber científico para a sala
de auto, e cabe em última instancia aos professores e pedagogos através
dos seus planos de aulas contribuírem para esta transposição; não se trata
apenas do exercício de interpretação do estudo científico que tem a
intenção exclusiva de comprovar, mas de criar mecanismos que
transformar esta comprovação em saber coletivo. Em última instância o
professor é que detém a capacidade de ensino e de acordo com sua visão
ética estabelece os critérios reais de com os PCNs serão conduzidos.
Veremos a seguir como a ética no ensino religioso passa para alguns
professores fundamentalistas por uma dualidade: se a ética profissional é
parte integrante do seu caráter, sua ética religiosa destina-se a ocupar um
lugar de destaque podendo ser, inclusive, a justificativa para a não
realização plena da lei sobre o ensino religioso. O problema ocorre em
vários níveis, dentre eles destacamos também a direção da escola, quando
esta só aceita o professor do ensino religioso que esteja alinhado com sua
confissão religiosa.
6
POLIDORO e STIGAR, Ciberteologia - Revista de Teologia & Cultura - Ano VI, 27, São
Paulo: Paulinias 1 p
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Fundamentalismo
O Fundamentalismo foi originalmente formado em 1895, até que em
1900 a 1915, foi publicada uma série de volumes com o titulo The
Fundamentals: A Testimony to the thush (Os princípios fundamentais: Um
testemunho da verdade)7. Não iremos neste artigo nos aprofundar neste
tema por não ser o aspecto central do mesmo. Mas citamos Leonardo Boff
para darmos continuidade do problema do fundamentalismo dentro da
nova ótica do ensino religioso no ensino publico:
7
PANASIEWICZ, R. Pluralismo religioso contemporâneo. São Paulo: Paulinas, 2007. p.
59.
8
BOFF, L. Fundamentalismo: A globalização e o futuro da humanidade. Rio de Janeiro:
Sextante, 2002. aqui 25.
981
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
9
RODRIGUES, N. O animismo fetichista dos negros baianos. Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 2006. 107-11.
10
ITIOKA, N. Os Deuses da Umbanda. São Paulo: ABU, 1993. aqui 205.
982
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11
BARROS, A. M. D. Em um Brasil em trevas, seja LUZ. Número 1350. ed. Vitoria:
Primeira Igreja Batista Jardim Camburi, 2012. aqui NI.
12
SCHWARCZ, L. M. Nem preto nem branco muito pelo contrário. São Paulo:
ClaroEnigma, 2013.
13
LEITE, F. A. C. Eu, Deus e Irene - A autor no discurso religioso da Umbanda. Vitoria:
FUV: Dissertação de Mestrado, 2013. p. 35-47.
983
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
14
Não existem números oficiais das religiões praticadas pelos professores do ensino
religioso das escolas publicas, por isso utilizaremos a correspondência proporcional da
religiosidade geral do Brasil do senso do IBGE como ponto de partida para nossas
analises.
15
PICADO, L. Ser Professor: do mal-estar para o bem-estar docente. Portal da Psicologia,
p. 5, 25 abr. 2009. Disponvel em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0474.pdf>.
Acesso em: 25 out. 2012.
984
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Superficialidade
Neste modelo, o professor não estuda o assunto a fundo, repassa as
informações básicas dos ritos, mitos e crenças não se atentando as
características de cada religião, como se as religiões afro-brasileiras fosse
apenas expressões culturais e seus Orixás, inquices e voduns, seres
mitológicos e que, não há variações entre as diversas religiões de matriz
africanas, como se a visão religiosa de cada não fossem importantes para
o ensino religioso.
Proselitismo
Neste modelo o professor utiliza-se da visão comparada para
estabelecer seu ponto de vista em relação a essas religiosidades, seja com
gestos, articulação da voz ou simplesmente discursos fundamentalistas
escondidos dentro de textos escolhidos ou elaborados com o intuito de
―revelar os verdadeiros fundamentos dessas religiões‖ através do próprio
conceito da transposição didática. Algumas vezes, utiliza-se inclusive do
próprio fundamentalismo dos alunos, permitindo que eles se expressem
com preconceito e diminuição das outras religiões, algumas vezes
concordando ou algumas vezes estimulando que se faça tais observações.
Outro processo comum neste sistema é estabelecer conceitos morais que
percorram especificamente uma religião em si, como o caso da
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Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Respeito da pluralidade
Neste modelo o professor dá à religiosidade afro-brasileira e outras
correntes religiosas minoritárias no Brasil (Islamismo, Espiritismo,
Budismo, etc) a equiparação didática, seja no formato, na observância da
alteridade, no respeito mútuo entre as diferentes religiões e enriquece o
conhecimento de uns e insere no contexto social a religiosidade de outros.
Os alunos são estimulados a entender os aspectos sociais, culturais
e religiosos do outro, são convidados e estabelecer diálogo, a não
concordar, mas acolher o diferente. O intuito passa a ser não converter o
pensamento, mas introduzir o outro na sua plenitude. A escola tem o papel
transformador, ele nuca deverá ser isenta, o que não lhe cabe é o papel de
convencedora.
Considerações finais
Quanto o professor está preparado para reafirmar suas crenças ou
reorganizá-las e realizar uma transposição didática que leve em conta sua
responsabilidade como professor ou como religioso que professa sua fé?
Quanto a formação dos professores para o ensino religioso se preocupa
com esse tema, conduzindo o profissional para o estudo da religião,
inclusive a sua, enquanto fenômeno?
O estudo das religiões africanas, nos cursos que ministramos, é a
matéria que mais ruboriza os professores, seja pela incapacidade de saber
se comportar diante de uma sociedade que não está interessada em
mudar seu comportamento e visão perante esta religiosidade, seja pelo
pouco conhecimento desta matriz religiosa e leve introdução que recebe
das instituições que os formam.
Podemos identificar estes dados no caso emblemático do Exu que
dependendo da ótica ou da religiosidade, pode ser um Orixá, um servo do
bem a serviço da espiritualidade ou simplesmente o demônio16. Neste
sentido todas essas formas de identificação com esse controvertido ser
16
(PRANDI, R. Exu, de mensageiro a diabo. Disponivel em:
<http://www.institutocaminhosoriente.com/images/Exu,%20De%20Mensageiro%20A%2
0Diabo%20-%20Reginaldo%20Prandi.pdf>. Acesso em: 15 out. 2012.)
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Referências
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RELIGIOSIDADE AFROBRASILEIRA
E O TRATO PEDAGÓGICO NO ENSINO RELIGIOSO
Resumo:
Esta comunicação aborda uma das mais expressivas manifestações culturais e religiosas
do Amapá: o ciclo do Marabaixo. Compreendo religião enquanto sistema simbólico
(GEERTZ,1978) e movimentos religiosos de matriz africana enquanto formas de
manifestações afrodescendentes, que comunica, perpetua e desenvolve tradições
ancestrais. A partir de uma investigação bibliográfica em pesquisas já realizadas sobre
Marabaixo temos por objetivo mostrar os diversos elementos que se relacionam e
compõem o ciclo (ancestralidade, oralidade, circularidade, ludicidade) como princípios
importantes dentro da matriz religiosa afro-brasileira e, subsidiar o trabalho pedagógico no
Ensino Religioso. A elaboração de estudos a cerca dessa expressão religiosa, representará
um passo a mais em direção ao respeito à diversidade religiosa no Amapá.
Introdução
O desejo de pesquisar sobre o Ciclo do Marabaixo surgiu a partir de
duas fontes de motivação: minha experiência como professor de Ensino
Religioso e a Lei 10.639/2003.
Estudos educacionais demonstram que uma das melhores formas de
conseguir envolver os alunos nos estudos é trabalhando temas atuais e
que fazem parte do seu dia a dia. Como professor de Ensino Religioso em
Macapá desde 2006, procuro trabalhar com meus alunos o combate ao
preconceito religioso, o respeito e a valorização a todas as formas de
manifestações religiosas, sem proselitismo e garantindo a liberdade dos
mesmos. No município de Macapá a expressão ―Marabaixo‖ pode significar
um bairro, uma linha de ônibus e uma manifestação ligada à população
afrodescendente. Visualizei nesse evento, então, uma forma em potencial
para trabalhar a religiosidade de matriz africana nas aulas de Ensino
Religioso.
Concomitante a isso, a segunda motivação em querer aprender mais
o Marabaixo no Estado do Amapá, está ligado a Lei 10.639/03 e mais
1
Mestrando em Ciências da Religião pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Religião da Universidade do Estado do Pará – UEPA. Membro do Grupo de Pesquisa
Religiões de Matriz Africana na Amazônia – GERMAA. E-mail:
alysson.edu@hotmail.com
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2
Malê, forma de culto que surge na África Ocidental do entrechoque do islamismo com as
religiões nativas, a partir do século XVI (CANTO, 1998, p. 19). É considerado também
um grupo étnico influenciado pelo islã.
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3
Comunidade remanescente de quilombo distante da capital do Estado do Amapá 10 km.
Terra e território de negros, patrimônio cultural, lugar de memória, festas, fé e trabalho.
(VIDEIRA, 2013)
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4
Nos dias em que ocorrem Marabaixo, é possível ver a presença de crianças, jovens
adultos e idosos. A presença de mulheres no decorrer de todo festejo é majoritária. Nos
dias de Marabaixo a maioria exerce a função de dançadeira e grande parte vai vestida
de saia comprida de chita, sandálias baixa e blusa branca com uma toalha ao ombro.
Em alguns momentos é possível ver algumas mulheres puxando os cânticos e tocando
as caixas de Marabaixo.
5
São versos ―roubados‖ das histórias e dramas da vida real da comunidade que viram
canções.
995
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
ano. Vale ressaltar que não temos a pretensão de trazer uma proposta
perfeita do ponto de vista técnico-pedagógico, antes, apresentamos
maneiras de abordar no ensino religioso os princípios da religiosidade afro-
brasileira, tais propostas podem ser ajustadas, testadas e alteradas de
acordo com a manifestação religiosa, contexto sociocultural e realidade da
escola e outros fatores.
Princípio da Ancestralidade
Objetivos: perceber a ascendência africana do Marabaixo; valorizar o
legado do povo negro e afro-brasileiro e reconhecer o caráter secular
dessa tradição afro-amapaense.
Recurso Didático-pedagógico: TV – Vídeo
Carga Horária: a definir
Comecemos então pelo princípio da ancestralidade, fato evidenciado
por Videira (2009) no Ciclo do Marabaixo de Macapá,
996
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Princípio da Oralidade
Objetivos: compreender a oralidade como uma das maneiras de
transmitir conhecimentos religiosos e respeitar o conhecimento dos mais
velhos.
Recurso Didático-pedagógico: Depoimentos de atores sociais do
Marabaixo (se possível, convidar para estarem na aula hora da aula)
Carga Horária: a definir
997
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
Princípio da Circularidade
Objetivos: perceber o princípio da circularidade presente no
Marabaixo e noutras manifestações afro-brasileiras. Conhecer as
vantagens desse princípio: igualdade, ausência de hierarquia, transmissão
de energia positiva.
Recurso Didático-pedagógico: excursão a um dos momentos do ciclo
(na impossibilidade, mostrar vídeo do Marabaixo, em que circularidade
possa ser visualizada).
Carga Horária: a definir
6
Figura 1 – Princípio da Circularidade no Ciclo do Marabaixo
6
VIDEIRA (2009, p. 106).
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através dos cânticos e rufar dos tambores são expressões da religião afro-
brasileira, tidas por algumas pessoas como algo ruim e até diabólico, mas
através de uma abordagem valorativa e de respeito nas aulas de Ensino
religioso o aluno pode aprender a respeitar e até tocar caso a escola se
proponha a desenvolver um projeto com grupos locais que desenvolvem
atividades de resgate e valorização do rufar dos tambores afro-brasileiros.
Como atividade, os alunos em grupo, serão desafiados a
confeccionar através de materiais recicláveis caixa de Marabaixo para
serem expostas nas amostras pedagógicas ou outros eventos análogos
da escola.
Princípio da Ludicidade
Objetivos: compreender os momentos lúdicos e religiosos do
Marabaixo como parte de um só ritual. Orgulha-se de conhecer, presenciar
e participar de uma tradição que se manteve viva em meio a tantas
perseguições e intempéries.
Recurso Didático-pedagógico: Execução da dança do Marabaixo,
acompanhada apela percussão ao vivo dos tambores e ao som de muitos
ladrões (catingas). Na impossibilidade da presença de um grupo TV –
Vídeo.
Carga Horária: a definir
Conclusão
Diante da possibilidade de olhares que o fenômeno do Marabaixo
permite-nos fazer, tentou-se nesse artigo realizar uma breve descrição
dessa manifestação, além de identificar e analisar princípios e elementos
de matriz religiosa africana presente no Ciclo que o torna (ao lado das
religiões de terreiro) símbolo de expressão religiosa afro-brasileira no
Amapá, dignos de serem abordados nos contextos educativos da disciplina
Ensino Religioso.
Mesmo com toda exterioridade católico-romana foi possível perceber
que no Ciclo do Marabaixo, há inúmeros princípios e elementos
(ancestralidade, oralidade, circularidade, toque dos tambores, ludicidade)
que o associam às matrizes religiosas africanas, o que o torna um legítimo
representante da religiosidade afrodescendente no Amapá.
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Referências
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