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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES


DISCIPLINA: LET 808 – LIBRAS: NOÇÕES BÁSICAS

WILLIAN FARIAS DE SOUZA

RELATÓRIO DO EVENTO
III SETEMBRO SURDO DA UEFS

FEIRA DE SANTANA – BA
2022.2
WILLIAN FARIAS DE SOUZA

RELATÓRIO DO EVENTO
III SETEMBRO SURDO DA UEFS

Relatório apresentado ao Curso de Pedagogia, da


Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),
como requisito de avaliação parcial do da disciplina
Libras: noções básicas.

Professora: Lidineia Alves Cerqueira Barreiros

FEIRA DE SANTANA – BA
2022.2
Nome do(a) palestrante: Ivanildo Medeiros
Formação: Graduado em Licenciatura em Letras – Libras (UNIASSELVI); Graduando em
Artes Visuais (UFRB);
Título da palestra: A Arte na Palma das Mãos

Nome do(a) palestrante: Ismália Nasser


Formação: Graduada em Licenciatura em Letras - Libras (UFSC)
Título da palestra: As Experiências de Uma Surdocega

No dia 22/09/2022 foi realizada uma palestra no Anfiteatro da Universidade Estadual de Feira
de Santana com objetivo de conscientizar questões quanto ao Setembro Surdo, divulgando e
celebrando as conquistas e direitos obtidas pela comunidade surda. Os palestrantes convidados,
Ivanildo e Ismália, abordaram temas relacionados às experiências de vida enquanto pessoas
surdas, sobre a importância do mês de setembro na luta por direitos, bem como contaram
detalhes de suas vidas e formações profissionais.

A turma de Pedagogia de 2022.2 foi convidada à participar da palestra, foi uma oportunidade
interessante que agregou muito à nossa formação, visto que a educação inclusiva é um tema
pertinente no curso, a experiência com pessoas surdas é bastante elucidativa para este quesito,
levando-nos a uma compreensão maior das pessoas surdas e suas realidades, permitindo que
nos tornemos melhores pessoas, melhores profissionais e melhores acadêmicos, graças ao
conhecimento agregado à nossa bagagem por meio desta palestra. Este relatório tem como
objetivo resumir, de forma clara, as principais informações apresentadas pelos palestrantes
convidados.

A palestra Ministrada por Ivanildo Medeiros, intitulada “A Arte na Palma das Mãos”, trouxe
relatos de sua experiência quanto artista surdo. O professor conta que adquiriu interesse por arte
desde cedo, aos 5 anos ele começou a aprender a pintar com lápis de cor graças a ajuda de sua
irmã mais velha, desde então a arte se tornou sua paixão, relatando que sonhava com arte todas
as noites.

Por ser uma pessoa surda, o convidado passou por diversos desafios na sua caminhada de
aprendizado acadêmico, já que no início de sua formação, LIBRAS não era incentivado ou
divulgado na escola em que estudava, existindo uma cobrança desnecessária para oralização
das pessoas. O primeiro contato de Ivanildo com a língua de sinais foi na APAE (Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Santo Estevão, no ano de 2008, onde também
desenvolveu ainda mais seu gosto por pintura.

Foi em 2017 que retornou a sua instituição de ensino básico para atuar com Interprete de Libras,
nessa época o moço já dava início a seu curso de graduação, onde também não contou com a
ajuda de um intérprete, dificultando seu processo de aprendizado, mas mesmo restrito em
questão de uso da língua de sinais, ele persistiu e procurou meios legais que garantissem seu
direito a um intérprete em sala de aula antes que concluísse o curso.

Ao longo desses anos, Ivanildo produziu e pintou diversos quadros, os quais mostrou aos
participantes da palestra durante seu discurso, chegou a ser aluno do Centro Universitário de
Cultura e Arte(CUCA) de Feira de Santana, onde produziu mais telas e tornou um pouco mais
íntimo seu contato com arte. além de mostrar também seu desempenho no esporte, concorrendo
a campeonatos de Mountain Bike.

Sua palestra, de cunho levemente motivacional, buscava demonstrar a pessoas surdas e ouvintes
que apesar das adversidades, pessoas surdas são capazes de feitos incríveis e que não há
limitações para seus potenciais, basta que acreditem em si mesmas e persistam em mostrar ao
mundo seus talentos. A importância de tratar temas como estes entre pessoas ouvintes e pessoas
surdas é de conscientização na discussão do capacitismo, para que todos possamos atuar em
busca de um mundo mais equitativo e justo, onde a inclusão não seja um problema a ser lidado
e sim a solução que fará as pessoas mais unidas. Ele termina o discurso com uma frase: “Surdos,
acreditem em suas capacidades e sigam em frente, porque não há vitória sem luta.”

A segunda palestrante, Ismália Nasser, graduada em Lic. Em Letras – Libras, ministrou sobre
o tema “As Experiências de Uma Surdocega”, onde relatou as dificuldades envolvidas na
interação entre surdez e cegueira, bem como elucidou questões e dúvidas sobre à acessibilidade
do cotidiano em relação à suas necessidades.

A convidada contou que nasceu surda, mas ao longo da vida foi perdendo a visão aos poucos,
se tornando uma pessoa com baixa visão. Ela demonstrou que existem diversos tipos de perda
de visão, caracterizando-as e levando alguns exemplos de suas causas. Ismália é portadora de
Retinose Pigmentar, uma doença hereditária que degenera a visão e a capacidade do portador
de absorção da luz, podendo levar à uma perda leve, moderada ou grave da visão.
Ela relata também sobre as características da sua condição, elucidando dúvidas sobre e
ensinando sobre a existência da Língua de Sinais Tátil, utilizada para comunicação com pessoas
surdocegas, onde tradutor tocar na pessoa enquanto fala em LIBRAS, permitindo que ela sinta
os movimentos e faça a leitura.

Durante a infância Ismália também encontrou dificuldades, lhe forçaram a oralização desde
cedo, proibindo-a de sinalizar e caso fosse vista falando LIBRAS seria punida. Graças a isso
sua comunicação foi muito precária nos primeiros anos, levando-a a se sentir sozinha e excluída
pela própria família, o que a fez, infelizmente, tentar o suicídio.

Seus relatos foram muito importantes por representar uma parte da comunidade surda que não
recebe muita atenção, onde a inclusão por pessoas ouvintes é vista como difícil e muitas pessoas
não sabem se comunicar por não conhecerem as especificidades das relações com pessoas
surdocegas. As informações apresentadas pelos convidados contribuíram para maior
compreensão da cultura de pessoas surdas, onde nós ouvintes pudemos entender melhor como
funciona o cotidiano e nos tornamos agentes e aliados da inclusão e disseminação de
informações relevantes, onde todos nós possamos conviver sob condições semelhantes.

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