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Eu dedico esse livro a minha amiga Antoniele Vargas.

Obrigada por perguntar: por que não


escreve um livro? Depois dessa pergunta resolvi pôr no computador ideias que só estavam na
minha mente. Foi com seu apoio e incentivo que meu sonho se tornou realidade. Obrigada por
chorar ao ler os capítulos e me fazer rir e depois brigar comigo por te fazer chorar. Foram nesses
momentos que eu vi que meu livro estava transmitindo o que eu queria. Foi nesses momentos que
você me fez acreditar mais ainda! Eu sempre serei grata por seu carinho e por sua amizade.
Obrigada, Coca!
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo
Agradecimentos
Papai e mamãe estão conversando baixinho no escritório enquanto eu e James estamos na
sala vendo TV. Papai chegou a casa muito inquieto, não sei o motivo, mas James deve saber de
alguma coisa, pois está tentando me distrair. Ele sabe que, se não estivesse aqui comigo, eu estaria
escutando a conversa por trás da porta.
— James, por que papai está agitado? E por que ele e mamãe se trancaram no escritório?
— Bella, isso é assunto de gente grande. Se papai quisesse que soubéssemos, já teria nos
falado.
— James, eu estou com uma sensação ruim — falo com lágrimas nos olhos.
James me puxa para si e me abraça forte.
— Não fica assim, Bella, não é nada. Daqui a pouco passa.
Eu sou muito apegada ao meu irmão. Ele tem 16 anos, enquanto eu tenho dez. Ele sempre
cuida de mim, nós temos uma família muito unida. Papai e mamãe sempre nos priorizam em tudo,
minha mãe sempre cita uma frase: a maior riqueza que temos no mundo é a família. Sempre tem sido
assim.
Eu ouço barulho de carro do lado de fora de nossa casa, e papai e mamãe saem às pressas
do escritório.
— James, quero que você pegue sua irmã e se esconda no fundo falso embaixo da escada —
diz papai ao meu irmão.
— Pai, o que está acontecendo?
— Filho, só faz o que estou lhe pedindo, e não saiam de lá por nada, estão me ouvindo?
Meu pai está com lágrimas nos olhos. Ele vem até mim e me dá um beijo e um abraço bem
apertado.
— Te amo, minha molequinha. Agora vai com seu irmão e fica bem quietinha, OK?
Mamãe também me abraça chorando.
— Te amo, filha.
— Mãe...
— Vai com seu irmão agora.
Meus pais abraçam meu irmão e mandam a gente entrar embaixo da escada. Assim que
entramos, a campainha toca. De onde a gente está, dá para ver a sala. Mamãe está sozinha, mas
logo em seguida aparece papai seguido de tio Andrew e mais uns caras que não conheço.
— Olá, Megan — cumprimenta tio Andrew. Ele é um amigo muito querido dos meus pais,
acabei o apelidando de tio. Tio Andrew também é dono da empresa junto com o papai.
— Olá, Andrew — fala mamãe um pouco ríspida. Não entendo o porquê de ela tratar o tio
Andrew dessa maneira.
— Estou vendo que o William já falou com você.
— Como você pôde, Andrew? O William vai à polícia amanhã denunciar você. Você nos
enganou, mentiu para nós.
Tio Andrew dá uma risada sinistra que eu nunca tinha ouvido sair dele.
— Ah, querida Meg, como você está enganada se pensa que vou deixar vocês fazerem isso.
Os caras que estão com Andrew puxam suas armas e as apontam para meus pais. Nesse
momento quero gritar, mas meu irmão tapa a minha boca. Lágrimas caem no meu rosto, bem como
no do meu irmão. Estou apavorada. Tio Andrew não faria isso, faria?!
— Onde estão as crianças, William? — pergunta Andrew.
— Foram dormir na casa de um amiguinho deles.
— Mesmo? Verifiquem se há mais alguém na casa.
Dois homens sobem ao andar superior e começam a nos procurar enquanto os outros procuram
no térreo. Eu e meu irmão ouvimos coisas sendo quebradas no andar de cima e estamos vendo
nossos pais chorarem muito. Quero sair daqui, mas não posso; James me segura fortemente.
Quando tento me mexer, ele fala com a voz embargada:
— Bella, fica quieta! Temos que fazer o que nossos pais disseram, seria pior se estivéssemos lá
com eles.
Eu sei que ele quer fazer o mesmo que eu, ir lá e ajudar nossos pais, mas não podemos. Os
outros homens quebram tudo na sala e vão em direção ao escritório. Ouço o som de mais coisas
sendo quebradas lá. Estou apavorada. Se nos acharem, o que papai e mamãe farão?!
Os capangas do Andrew voltam à sala e falam que não encontraram nada.
— Bom, depois eu acho esses pivetes e acabo com eles como vou acabar com vocês.
— Andrew, se acalma, vamos conversar. Não faça nenhuma besteira — pede meu pai
desesperado.
— Agora vocês querem conversar. — Andrew está com a arma apontada para a cabeça de
meu pai, fazendo ele e minha mãe ficarem de joelhos. — Há alguns momentos vocês queriam me
entregar à polícia e agora querem conversar. — Ele dá uma risada. — Não tem mais conversa,
William, eu quero as provas que você tem contra mim agora, e depois vou acabar com vocês.
— Andrew, eu lhe entrego as provas, só não faça nada contra minha família, por favor, eu lhe
imploro. Faça o que quiser comigo, mas eles não têm nada a ver com isso — fala meu pai aos
prantos.
— Posso pensar no seu caso, William. Agora me diga onde estão as provas.
— No meu cofre, lá em cima no meu quarto. A senha é os nomes dos meus filhos.
— Carlos, suba e verifique se estão lá mesmo — Andrew diz a um de seus capangas.
Depois de alguns minutos, o Carlos volta com uma pasta na mão e a entrega ao Andrew, que a
abre e verifica se são os papéis que ele procura.
— Hum, interessante. Você conseguiu bastante coisa, William, pena que foi em vão, porque isso
nunca vai chegar à polícia.
Andrew dispara um tiro na cabeça de meu pai, e minha mãe dá um grito desesperado e vai
em direção ao corpo sem vida dele. James, chorando muito, continua com a mão em minha boca
enquanto choro. Meu pai, meu paizinho, não, não, por favor, meu paizinho, não! Estamos impotentes
dentro dessa sala, enquanto minha mãe está desesperada chamando meu pai e chorando.
O que acontece a seguir é muito rápido. Minha mãe se levanta de supetão, consegue pegar a
arma de um dos capangas e atira nele. Quando ela aponta a arma para Andrew, já é tarde
demais, pois ele puxa o gatilho e a acerta.
Não, meus pais, não! — fico pensando enquanto eu e meu irmão choramos em silêncio. A dor
que sinto nesse momento parece que vai acabar comigo. Acabei de ver meus pais serem mortos
sem poder fazer nada para ajudar.
— Mas que porra, seus imbecis! Ela quase atira em mim por incompetência de vocês! Ele está
morto?
Um capanga verifica a pulsação do tal de Carlos, confirmando que ele morreu. Andrew não
demonstra ter nenhum tipo de sentimento. Ele dá ordem aos capangas para colocarem fogo na
casa com os corpos dentro.
Olho para James e estou apavorada. Meu Deus, esse será o nosso fim, eu e minha família toda
seremos mortos por esse monstro.
— James...
— Calma, Bella. Nós vamos sair daqui, te prometo. Só fique calma.
Ao me mexer, sinto uma pasta com a minha mão e vejo que é parecida com a que tio Andrew
pegou do cofre do papai.
— James, olha isso.
Ele pega a pasta da minha mão, abre-a e fica branco enquanto lê o conteúdo.
— Bella, acho que papai fez uma cópia da pasta que está com o tio Andrew. — Ele pega
uma sacola que está no canto e coloca a pasta dentro, pedindo para eu segurá-la. Pego-a e a
coloco a tiracolo.
Eles jogam gasolina pela sala, e fico mais apavorada, mas James tenta me acalmar.
— Bella, presta atenção, assim que eles saírem, teremos que ser rápidos, OK? — Só balanço a
cabeça, confirmando. — Vamos sair pela porta dos fundos para que eles não nos vejam.
Concordo com James, e ficamos esperando o momento em que eles sairão da casa para
podermos correr. Ouço a porta bater e logo em seguida sinto um cheiro de queimado. Eles estão
pondo fogo na casa.
— Anda Bella, vamos. — James pega minha mão e abre a porta falsa para corrermos para
os fundos. Olho em direção ao corpo dos meus pais, ainda não acreditando que eles estão mortos.
James também olha, e ouvimos um gemido vindo do corpo de minha mãe. Meu irmão vai até ela, e
vemos que ainda está viva.
— Mãe — fala James.
— Filho... ti-tire sua irmã daqui... Vai, por favor, c-cuide dela... N-não dei... deixe ele p-pegar
vocês... Eu... amo vo... vocês...
— Mamãe, vem com a gente, por favor... — peço aos prantos, mas sou arrastada por James
para a porta dos fundos enquanto esperneio dizendo para pegarmos nossa mãe. James para à
minha frente e me sacode.
— Bella, se acalma, por favor. Princesa, eu preciso te deixar em um lugar seguro para voltar
e pegar a mamãe, OK? Promete que vai fazer o que eu disser?
— O-OK, só traz a mamãe, por favor, James.
— Pode deixar, princesa, vou fazer o possível.
A nossa casa é um pouco afastada, e atrás dela tem um bosque. James me leva até lá e me
esconde atrás de uma árvore.
— Fique aqui, que já volto. — Ele me dá um beijo e se afasta em direção à casa em chamas.
Vou para o outro lado, de onde dá para observar a frente da casa. Andrew e seus capangas
estão observando-a pegar fogo. Olho em direção à porta dos fundos e não vejo James ainda.
Estou muito assustada, eu não posso perdê-lo. Por favor, James, aparece.
Olho em direção ao Andrew de volta e percebo uma movimentação. Um capanga sai de
dentro da casa com uma arma apontada para a cabeça de James. Nesse momento fico
desesperada, não posso perdê-lo também. Assisto a tudo em câmera lenta. Meu irmão está
apavorado, e Andrew, com um sorriso diabólico no rosto, puxa uma arma e atira no seu peito.
Caio no chão sem forças. Toda minha família está morta. Tudo que eu amo está destruído.
Andrew vai dar outro tiro em meu irmão, mas a casa explode, fazendo todos se abaixarem. Escuto
sirenes ao longe. Andrew manda todos entrarem nos carros e foge, deixando-me só e
desesperada, sem saber o que fazer. Meu mundo todo está destruído, a dor que sinto parece que
vai me sufocar. Começo a gritar, um grito de dor, de frustração, de impotência, de uma criança que
acaba de perder todo seu mundo, toda sua alegria e inocência.
Não sei quanto tempo fico aqui encolhida chorando minha dor. Levanto-me anestesiada. Sinto
a sacola com a pasta bater em minha perna e lembro o que ela contém. Vou até minha árvore
favorita, que fica no meio do bosque, e começo a cavar. Coloco a pasta dentro do buraco e,
depois de tampá-lo, ando em direção à cidade ainda sem conseguir acreditar no que aconteceu.
Logo me vem uma raiva sem tamanho daquele homem. Ele matou minha família, todos que eu
amava. Não sei como vou fazer e nem quando, mas meu único propósito é vingar minha família
fazendo Andrew Toscana pagar pelo que fez.
Chegando ao aeroporto de Nova York, respiro fundo. Há 16 anos deixei essa cidade para
trás com raiva, com dor, quebrada. E hoje eu finalmente volto para fazer o que prometi quando
tinha dez anos de idade e vi toda minha família ser dizimada pelas mãos do monstro que eu
considerava meu tio de coração, mas que foi nada menos que o homem que destruiu toda minha
vida.
Hoje eu começo minha vingança tão malditamente planejada. Eu vou destruí-lo, Andrew Toscana!
Pego minha bagagem e me dirijo à saída, e o ar quente de Nova York me recebe. Uma vez eu
amei essa cidade, hoje já não sei dizer. Um táxi para e vou em direção a ele. No momento em que
estou para abrir a porta, outra pessoa tenta fazer o mesmo.
— Com licença, eu cheguei primeiro — eu falo me virando e seguro minha boca para ela não
cair aberta com a visão do homem à minha frente. Ele é lindo! Tem incríveis e penetrantes olhos
verdes, cabelos castanho-claros, um rosto másculo e um corpo cheio de músculos, pelo que posso
perceber pelo terno. Entretanto, arrepio-me com a frieza em seu olhar. Nunca conheci um homem
que passasse essa impressão de ser frio e quente ao mesmo tempo.
— Senhorita, me desculpe, mas eu cheguei primeiro e estou atrasado para uma reunião. Então,
se me der licença, poderia sair de perto do “meu” táxi? — ele pergunta todo arrogante, e me dá
vontade de meter um soco no meio da sua cara bonita.
— Mas é muita arrogância. Seu nome está escrito no táxi, por acaso? Acho que não, então, se
me der licença, vou pegar o táxi, já que fui a primeira a chegar até ele — respondo com frieza.
Ele ergue uma sobrancelha, a única expressão em seu rosto é essa. Viro-me para entrar no
táxi, mas o homem me segura pelos braços. Assim que suas mãos me tocam, sinto um arrepio pelo
corpo. Nunca senti isso antes. Olho para as suas mãos, tentando entender o que eu senti, e quando
volto a olhar para o seu rosto, ele está me observando desconcertado. Percebo que não foi
somente eu que fiquei abalada com seu toque. Desprendo-me de suas mãos, entro no táxi
rapidamente e mando o taxista seguir em frente, deixando o homem dos olhos verdes parado na
frente do aeroporto parecendo tentar entender o que aconteceu.
— Para onde, senhorita? — o taxista pergunta, e lhe informo o endereço. Volto meus
pensamentos novamente ao homem de olhos verdes, que mexeu comigo, não sei se pela frieza em
seu olhar, que achei tão parecida com a minha, o que atiçou minha curiosidade. O que aconteceu
com ele? O que fez ele se tornar frio?
Esqueça isso, Emily! Você nunca o verá novamente! — falo para mim mesma enquanto tento não
me lembrar dele e de seus incríveis olhos.
— Chegamos, senhorita.
Entrego ao taxista o dinheiro da corrida e lhe falo para ficar com o troco. Pego minha
bagagem e subo para meu apartamento. Só o vi através de fotos, e me pareceu muito bonito.
Assim que entro nele, observo ao seu redor. A entrada do apartamento dá para a sala, que
tem uma sacada incrível em detalhes rústicos, como um sofá e duas poltronas em material sintético
com almofadas brancas e uma mesa de centro de madeira com vista para o Central Park. A sala
tem um sofá marrom com as almofadas na cor bege e uma mesa de centro baixa preta.
Vou em direção ao corredor para ir à suíte principal. Ao entrar, vejo que ela é mais bonita
que nas fotos. A cama é enorme, e a suíte tem um closet e um banheiro com banheira de
hidromassagem. Quando comprei esse apartamento, o que chamou minha atenção foi a sacada,
que amei, e o banheiro, que era incrível.
Coloco minhas malas em cima da cama, vou até a cozinha, que também é supermoderna e bem
equipada, toda trabalhada em branco e tabaco, com uma ilha com uma mesa de vidro embutida
no balcão. Vou até a geladeira pegar algo para comer. Ainda bem que pedi ao corretor que
arranjasse alguém para limpá-lo e abastecê-lo para mim. Pego os ingredientes para preparar um
sanduíche, faço um suco de laranja, como meu lanche e vou para o quarto tomar um banho e me
arrumar.
Darei início ao meu plano. Na primeira hora da tarde, tenho uma reunião com o senhor Hector
Hoffman. Ele e seu amigo são donos de 45 por cento da empresa Zanon, a empresa que meu pai
tinha em sociedade com o Andrew, que agora a administra. Entretanto, isso logo mudará.
Assim que saio do banho, coloco uma saia longa verde, uma blusa de seda bege e um par de
sandálias de saltos altos, alcanço minha bolsa e desço. Pego um táxi e passo ao taxista o endereço
da empresa. No caminho para lá, pego-me pensando novamente no homem dos olhos verdes e em
como ele mexeu comigo. Nunca ninguém me interessou dessa maneira, e isso só me intriga ainda
mais. Todavia, vou tirar essa ideia de minha cabeça, pois eu nunca o verei novamente. Além disso,
também não poderei me envolver com ele, já me afastei daqueles que eu amo para protegê-los.
Eu não estou aqui para brincadeiras, estou aqui para me vingar.
— Senhorita, chegamos — fala o taxista.
Entrego-lhe o dinheiro da corrida e desço. Paro em frente ao prédio das empresas Hoffman
com um único pensamento: é aqui onde tudo se inicia, que começo a vingar minha família. Com esse
pensamento, entro no prédio, vou até o elevador e subo até os escritórios da empresa. Assim que
chego, vou até a secretária, que me recepciona e me leva até a sala de reuniões. Sou a primeira a
chegar, provavelmente por estar muito ansiosa pela compra dessas ações. Depois de alguns
minutos, um senhor entra na sala acompanhado de mais três homens.
— Srta. Makena, é um prazer conhecê-la — fala um homem de mais ou menos uns cinquenta
anos. Então ele dá um sorriso. — Me chamo Hector Hoffman, acredito que já nos falamos muito por
telefone.
— Muito prazer, Sr. Hoffman — cumprimento-o sorrindo.
— Deixa eu lhe apresentar Philip Snart, dono dos outros dez por cento das ações, seu
advogado Timothy Brown e meu advogado Jules Flinn.
— Muito prazer. — Saúdo a todos com um aperto de mão, e logo em seguida nos sentamos, e
os papéis da compra das ações são passados a mim para que eu os leia e assine.
— A senhorita não trouxe um advogado para ler os documentos? — pergunta o Sr. Hector.
— Sou formada em Direito. Eu mesma olho meus documentos, e pode me chamar de Emily, por
favor.
— Claro, Emily. Eu tinha certeza que você me falou que era formada em administração. Eu
entendi errado, então.
— Não, Sr. Hector, você entendeu certo. Sou formada em duas faculdades, na verdade.
— Uma mulher independente, esse foi um dos motivos que me fez vender as ações para você.
O outro é que você foi muito persistente, mesmo quando eu lhe dizia que não queria vender as
ações. Parecia uma pessoa em uma missão da qual nada a faria desistir, não até conseguir aquilo
que almejava. Eu vi algo em você, não consigo explicar o quê, mas me pareceu certo lhe vender as
ações. Meu amigo iria querer a empresa em boas mãos.
Levanto o olhar dos contratos e o olho, perguntando:
— Que amigo?
— O antigo dono da empresa, William Zanon.
— O que aconteceu a ele?
— Ele e sua família foram assassinados há quase vinte anos. Nunca acharam os culpados. Ele
deixou ações em testamento para mim e para o Philip em caso da morte de toda a família.
— Sinto muito, eu procurei dez por cento das ações que não estão com o Andrew, mas não
achei. O senhor saberia me informar quem as possui?
— O filho do Andrew é dono desses dez por cento. No testamento o William também era
dono dessa porcentagem, que deixou ao filho do Andrew. Só por esse motivo ele é presidente da
empresa.
Por que meu pai daria dez por cento das ações para o filho daquele canalha? Prefiro não
pensar sobre isso no momento. Termino de ler os documentos e assino todas as vias, devolvendo-as
aos advogados. Finalizamos os negócios, despeço-me deles e me dirijo à saída, onde pego um táxi
e vou até uma concessionária comprar um carro para mim.
Ao chegar à loja, sou atendida por um vendedor muito simpático que me mostra vários
modelos, mas não me interesso por nenhum deles.
— Me acompanhe até o outro lado da loja. Lá tem outros modelos que podem lhe interessar
— fala o vendedor. Sigo-o e, no momento em que olho uma BMW X6 preta, decido que é essa que
vou levar.
Depois de finalizarmos a compra, pego meu carro e vou em direção à casa onde minha
família foi morta. Ao chegar lá, meu peito se aperta ao ver somente mato e destroços do que antes
era meu lar. Sinto vontade de chorar, mas engulo as lágrimas. Eu nunca choro. Nunca mais chorei
depois de perder tudo que eu tinha. Saio do carro evitando olhar para a casa novamente e vou
em direção ao bosque. Lembranças da minha infância me invadem. Lembro-me de correr por essas
árvores enquanto o James tentava me pegar. Ah, James, como sinto sua falta!
Tento não focar na dor e nas lembranças. Vingança! É nela que tenho que me focar. Venho me
preparando para isso há muito tempo. Com 16 anos, fiz meus pais me colocarem em aulas de
defesa pessoal, como Krav Maga. Hoje posso dizer que sou uma ótima lutadora. Depois que
completei os 18 anos, comecei aulas de tiro, aprendi a dominar armas e comecei a minha
investigação no submundo. Conheci pessoas nada amigáveis, como Stefan Magnoli, um traficante
da pesada.
Conhecemo-nos por pura casualidade. Eu não sabia quem ele era realmente, e ele não sabia
qual era meu objetivo ao frequentar aquele tipo de lugares. Tornamo-nos amigos, e mesmo com
toda a crueldade que ele podia ter, eu me tornei sua protegida. Contei a ele sobre tudo o que
passei e, com o Stefan, bolei toda minha vingança. Levou oito anos, mas nesse tempo aprendi tudo
que precisei. Consegui me infiltrar na gangue do Andrew, obtive contatos nos meios mais sombrios.
Stefan morreu dois anos atrás em uma troca de tiro com a polícia. Ele queria que eu assumisse
seus negócios, mas aquele mundo não era para mim. Eu entrei nele somente para aprender a lidar
com pessoas como Andrew, e serei eternamente grata a Stefan por todo o ensinamento que ele me
deu.
Ando até a minha árvore e encontro o local onde enterrei a pasta. Começo a cavar e logo a
acho. Agarro-a, tiro a terra e suspiro. Eu nunca soube o que tinha nela. Vou até meu carro
bloqueando qualquer lembrança. Eu não posso sentir nada agora.
Entro no automóvel e abro a pasta para ver o seu conteúdo. Quando leio o que está escrito,
não consigo acreditar que Andrew foi capaz disso. Meu pai o acolheu em nossa família, e ele nos
enganou dessa maneira. Mal posso acreditar que ele foi capaz de fazer o que está escrito nessa
pasta, mas as provas estão aqui. Todas elas. Eu irei guardá-la em um lugar seguro e no momento
certo a usarei. O Andrew não terá para onde correr, eu o levarei ao fundo do poço.
Ligo meu carro e vou em direção à cidade até uma empresa de segurança que me foi muito
bem indicada. Chegando ao local me dirijo à entrada do prédio e subo até onde seu escritório
está localizado. Vou até a secretária e peço para falar com Sr. Kasper.
— Seu nome, por favor.
— Emily Makena. Não tenho hora marcada, mas venho por indicação do Sr. Lucas Lemos.
— Só um minuto, que vou verificar se o Sr. Kasper pode atendê-la.
Ela entra em uma sala e depois de alguns minutos retorna.
— Ele já vai atendê-la, só aguarde um minuto, que ele está terminado uma ligação.
— Muito obrigada. — Fico observando o escritório, que é muito bonito e moderno. Algumas
pessoas saem de uma sala, e fico curiosa para saber o que há lá. Essa é uma parte de mim que
nunca consegui mudar, minha curiosidade.
A secretária me chama, informando-me que já posso entrar. Na sala, deparo-me com um
homem de mais ou menos 45 anos, alto, forte, cabelos pretos e olhos castanhos. Ele se levanta e
vem em minha direção, cumprimentando-me.
— Olá, me chamo Christian Kasper. Você deve ser a Srta. Emily Makena.
— Sim, muito prazer, e me desculpe, vim sem marcar horário, mas o Lucas me informou que
você me atenderia se eu desse o seu nome. Por favor, me chame de Emily.
— Claro, Emily. Pode me chamar de Christian, também. O Lucas é um amigo muito querido, já
faz um tempo que não falo com ele. Me fala, o que traz você aqui?
— Bom, gostaria de contratar os seus serviços. Eu preciso fazer a segurança de algumas
pessoas e queria saber se você poderia me ajudar nisso, mas antes de você aceitar esse serviço,
gostaria de deixar você a par sobre tudo no que você e sua equipe vão se meter, se aceitar me
prestar seus serviços.
Ele fica me olhando como se tentasse me ler, mas isso é impossível. Só duas pessoas
conseguiram olhar para mim e ver o que se passa em minha mente: uma está morta, e a outra,
muito longe.
— Parece ser algo sério. Estou pensando o que levaria uma moça como você a precisar se
proteger.
— Irei lhe contar tudo, mas primeiro preciso que me prometa que isso não irá sair dessa sala,
e também terá que assinar esses contratos de sigilo. Caso isso vazar, você responderá um processo,
fora a multa que está no final do contrato. — Passo a ele os papéis para que ele os leia e assine.
Christian os pega e continua a me olhar.
— Realmente, Emily, isso é muito sério. Você está pedindo até que eu assine contratos de sigilo.
Isso está me deixando intrigado!
— Christian, você só está assinando esses contratos para o que eu lhe contar não sair dessa
sala, mesmo que, depois que eu lhe contar tudo, você não quiser aceitar o serviço. Irei entender e
vou embora.
— Tudo bem — fala ele, assinando os papéis.
Quando tudo está assinado, começo a lhe contar tudo que me aconteceu, a morte dos meus
pais, o sentimento de reparação, o orfanato, a minha nova família e parte do meu plano de
vingança.
— Mas por que você já não entrega para a polícia as provas que você tem? Só isso já o
colocaria na cadeia — fala Christian depois de me ouvir.
— Eu não quero que ele vá só para a cadeia, quero fazê-lo sofrer como eu sofri. Você acha
que ele, indo para a prisão, vai ficar quanto tempo lá? Nem um dia, com o dinheiro e contatos que
ele tem, e eu não quero isso. Quando ele for para a cadeia, é para nunca mais sair, e é isso que
eu quero e vou conseguir. Vou tirar tudo dele, vou conseguir outras provas de coisas piores que ele
faz, vou levá-lo ao fundo do poço, onde ninguém possa socorrê-lo. É por isso que vim até você,
porque para isso preciso proteger aqueles que amo.
Ele me observa por uns momentos, e fico em silêncio, encarando-o e esperando a sua resposta.
Não deixo transparecer, mas estou muito ansiosa para ouvi-la, pois, querendo ou não, preciso dele
para dar continuidade ao meu plano. Eu tenho uma família à qual quero proteger se isso respingar
neles. Depois de parar em um orfanato, eu consegui outra família, e ela se tornou meu mundo!
— Tudo bem, Emily. Vou aceitar o serviço — anuncia ele. Só então percebo que eu estava
segurando a respiração e deixo o ar sair.
— Muito obrigada, Christian — falo com um sorriso para ele.
Após disso, nós conversamos sobre a minha segurança e a da minha família. Depois de
olharmos todos os pontos, ele me leva até a sala à qual fiquei curiosa para saber o que era, e
descubro ser uma sala de segurança. Para entrar nela é necessário um código o qual só o Christian
e um homem da confiança dele têm. Ao entrarmos, há outra porta com mais alguns códigos, e por
trás dessa se abre um cofre cheio de gavetas. Todas têm um painel na frente. Ele me leva até uma
e a programa.
— Eu vou colocar um código meu, e então você escolhe uma senha. Esse cofre só abre com as
duas senhas, então você pode guardar a sua pasta aqui até o momento que você decidir entregá-
la às autoridades.
Vou até o painel e digito uma senha, depois ele abre a gaveta, que é fechada quando eu
coloco a pasta em seu interior.
Ao sairmos da sala de segurança, Christian me leva até seu escritório novamente. Ao
entrarmos, há um homem lá. Ele tem uma aparência muito sexy num terno escuro, é alto e tem
cabelos e olhos pretos.
— Mandou me chamar, Christian?
— Sim, Brian. Gostaria que você conhecesse Emily Makena. Emily, esse é o meu melhor
segurança, Brian Stuart.
— Muito prazer — falo apertando sua mão, e ele também me cumprimenta.
— Brian, a Emily contratou nossos serviços, e você vai ser o segurança dela, OK?
— Tudo bem, Chris. Por que uma mulher como você precisaria de um segurança? — indaga
ele me olhando de cima abaixo e me deixando desconfortável. — A senhorita andou mexendo com
as pessoas erradas, foi isso? — torna a perguntar de forma arrogante e autoritária. Estou vendo
que vou pegar um segurança chato e implicante. Olho para ele da mesma forma que ele está me
olhando e respondo no mesmo tom:
— Não, ainda não mexi com as pessoas erradas, mas vou mexer com um cara errado e,
mesmo não querendo, vou precisar de ajuda extra.
Algo que parece a sombra de um sorriso surge em seu rosto, mas logo desaparece.
— Eu posso saber quem seria essa pessoa, já que vai ser meu pescoço que vou botar na
guilhotina?
— Vou deixar o Christian lhe botar a par de tudo, já que você começa a trabalhar comigo na
semana que vem. Ele vai lhe explicar o necessário — falo com a voz fria, não deixando espaço
para ser questionada. Já comuniquei ao Christian o que poderia ser dito ao segurança que ficaria
sempre comigo.
Despeço-me deles e vou para meu apartamento. Assim que passo pela porta, meu celular toca.
Ao olhar a tela do aparelho, vejo que é a Beth que está me ligando.
— Olá, Majestade — falo assim que atendo à ligação. Sei que ela odeia que eu a chame
assim, e falo só para deixá-la irritada. Coloquei esse apelido nela porque desde a escola ela
sempre olha para os outros com ar de superioridade, principalmente para os homens. Beth é minha
melhor amiga, minha irmã de coração!
— Olá?! É só isso que você tem para me dizer?! Eu juro por Deus, Emily, que assim que eu
botar as mãos em você, estará morta! — grita ela ao celular, quase me deixando surda.
— Caramba, Beth! Quer me deixar surda agora? — questiono passando o celular para a
outra orelha e esfregando a que estava com o celular. — É assim que você me cumprimenta depois
de uma semana sem me ver?
— Era para deixar você surda mesmo! Você viaja e não fala nada para ninguém. A sua
família está quase louca aqui. E você não falou, principalmente, nada para mim. Poxa, eu sou sua
melhor amiga, você me conta sempre que faz as coisas, por que fez isso e não me falou nada? —
Seu tom está tão magoado que me machuca. Odeio fazer isso com eles, mas eu preciso, e ela tem
que entender.
— Sinto muito, Beth, mas era algo que eu precisava fazer sozinha, sem que ninguém soubesse.
Eu só gostaria que você entendesse.
— Emily, me fala que você não está fazendo o que eu estou pensando, por favor! — diz a
Beth já num tom desesperado.
— Beth... — resmungo sem conseguir confirmar e nem negar. A Beth sabe um pouco sobre meu
passado e também sobre a sede de vingança que eu tenho.
— Ai, meu Deus, você está fazendo isso! Emy, por favor, esquece isso e vem embora antes que
algo grave lhe aconteça!
— Eu não posso, Beth, eu preciso fazer isso, até para que eu possa viver em paz. Tenho que
fazer esse desgraçado pagar pelo que fez.
— Ah, Emy, não sei nem o que te dizer. Eu tenho medo de perdê-la, você é tudo que eu tenho,
sabe disso, não sabe?
— Eu sei, Beth, você não vai me perder, eu estou tomando cuidado. Só te peço que não conte
nada para minha família. Eu quero conversar com eles, tudo bem?
— Tudo bem, se é isso que você quer. Não vou te impedir, só me ligue todo dia, OK?
— Pode deixar, Majestade, você não vai se ver livre de mim tão cedo — falo rindo ao
telefone. Eu sei que a Beth entendeu, só não sei se minha família vai entender.
— E não me chama assim, já te pedi mil vezes.
Começo a rir, pois é isso que eu queria ouvir. Ficamos mais um tempo ao telefone e depois nos
despedimos. É isso que eu precisava, falar um pouco com a Beth. Agora estou até um pouco
animada, afinal comprei quase metade das ações da Zanon.
Resolvo comemorar indo a alguma boate. Chego ao meu quarto, encho a banheiro e, após um
banho relaxante, vou até minha mala, que ainda não desfiz, para procurar alguma roupa de
arrasar. Acho um vestido lindo de chiffon preto com forro em visco lycra e busto bordado com
paetês, deixo meus cabelos soltos, faço uma maquiagem leve ressaltando meus olhos azuis. Depois
peço um táxi para ir para a boate, pois não gosto de beber e dirigir.
Ao chegar, vou em direção ao bar e peço uma dose de uísque, que tomo num gole só. Vou até
a pista de dança e me entrego ao ritmo da música. Dançar sempre foi uma paixão minha. Sempre
que danço, esqueço do mundo ao meu redor e só sigo o ritmo, e aqui na pista não é diferente.
Sou puxada para a realidade quando sinto um corpo se encostar ao meu e alguém segurar
minha cintura. Deus, a sensação de ele colado às minhas costas aquece todo meu corpo, deixando-
me muito excitada. A sensação é tão boa e diferente que não me viro e continuo dançando, e o
homem que está atrás de mim segue o mesmo ritmo.
No instante em que a música acaba, viro-me para ver quem é essa pessoa que mexeu comigo
com apenas um toque. Eu estou me sentindo uma devassa, pois em um único dia dois homens
tocaram meu corpo, e ele reagiu de uma maneira chocante aos dois. Ao terminar de me virar, meus
olhos se arregalam de surpresa. Eu não sei dizer se meu dia hoje é de sorte ou azar, mas uma
parte minha fica feliz por eu me ver cara a cara com o homem dos olhos verdes!
Meu dia tinha começado péssimo, pois odeio essas viagens. Meu voo atrasou e eu estava um
pouco atrasado para a reunião no escritório para atualizar a equipe sobre o que aconteceu em
minha viagem. Eu estava irritado, com sono e louco para ir para casa. Um táxi parou em frente ao
aeroporto e não pensei duas vezes em ir até ele, e uma morena de olhos azuis incríveis tentou
pegá-lo também. Sorrio pensando em como ela me enfrentou. Ela me deixou intrigado. Eu tenho
uma boa aparência, procurar mulher nunca foi um problema, na verdade elas se jogam aos montes
em cima de mim, e aquela garota com olhos azuis mais frios que o Polo Norte não me deu nem uma
segunda olhada.
Encontrei pela primeira vez na vida uma mulher que me enfrentou. Ela queria o táxi, e sua
determinação me dizia que ela iria tê-lo. Quando ela tentou entrar no carro novamente, segurei
seu braço, e eu não estava preparado para o choque que percorreu meu corpo, que reagiu a ela
com aquele simples toque. Fiquei paralisado olhando para o seu rosto, que também continha
surpresa. Ela também sentira. E então, quando dei por mim, ela estava entrando no táxi e sumindo
da minha vista.
Balanço a cabeça me lembrando da minha manhã e pensando em como aquela morena não
sai da minha mente.
Depois da reunião e atualização da minha equipe sobre os acontecimentos da viagem, coisa
que dura quase o dia inteiro, vou para o meu apartamento. Ao abrir a porta, vejo meus amigos
André Hoffman e Dylan Duran no meu sofá com cervejas na mão. Nós moramos no mesmo prédio,
e cada um tem a chave do apartamento do outro, pois somos praticamente irmãos. O André eu
conheço desde meus 15 anos. No começo achei o nome dele diferente, e depois vir a descobrir
que seus avós maternos eram brasileiros e o seu nome foi uma homenagem ao seu avô. O Dylan,
nós o conhecemos mais tarde, na época em que tínhamos vinte anos, mas nem por isso nossa
amizade é diferente.
— Eric, já chegou? Nem deu tempo de sentir sua falta — fala André tomando um gole de sua
cerveja e com um sorriso de canto na boca.
— Eu juro que, se você ficasse mais um dia longe, o maricas aqui ficaria depressivo. Nunca o vi
tão resmungão — comenta o Dylan rindo do André e acaba levando um soco no ombro pela
brincadeira. Olho-os rindo, dou-lhes um abraço de urso e digo:
— Também senti a falta dos dois. — Vou até a geladeira, pego uma cerveja e me sento no
sofá junto a eles.
— Então, alguma novidade de que não fiquei sabendo? — pergunto aos dois, que no mesmo
momento se olham de modo sério. Todo o ar de brincadeira acaba na sala.
— Lembra que eu te falei que tinha alguém interessado em comprar as ações da Zanon? —
indaga André.
— Sim, claro. Mas você também disse que o seu pai e o Philip não queriam vendê-las.
— Bom, o problema foi que meu pai e o Philip as venderam hoje pela manhã.
— Você só pode estar de brincadeira. O seu pai sabe o quão perigoso é o Andrew e colocou
as ações nas mãos de alguém que pode acabar morto por isso? — questiono me levantado e
passando a mão pelo cabelo.
— Pelo que o pai do André falou, a pessoa foi muito persistente, não descansou até conseguir
— responde Dylan.
— E quem é essa pessoa?
— Bom, é aí que está o problema. Ninguém sabe, e o meu pai também não vai falar. Tudo foi
feito em segredo, ninguém sabe o motivo, e o meu pai falou que eles tiveram que assinar contratos
de sigilo até a pessoa misteriosa aparecer.
— Isso está muito estranho. Por que a pessoa pediria sigilo? — pergunto tentando
compreender o que está acontecendo.
— Isso pode mudar nossos planos — comenta o Dylan.
— Não quero nem pensar nisso, já está complicado o bastante agora, imagina com alguém
misterioso comprando as ações?
— É, cara, não adianta ficarmos quebrando a cabeça agora, vamos ter que esperar até o
comprador misterioso aparecer para podermos fazer alguma coisa.
— Só espero que quem comprou as ações saiba onde está se metendo.
— Bom, isso foi a única coisa que aconteceu enquanto você estava fora. E você tem alguma
novidade? — pergunta-me o André.
— Na verdade nenhuma, mas hoje pela manhã esbarrei em uma morena que não sai da
minha cabeça agora. Ela me enfrentou, acreditam? — digo divertido.
— Espera aí, como assim te enfrentou? — indaga André com um olhar intrigado que acaba
me fazendo rir.
— Conta essa história direito — pede Dylan tão abismado quanto o André.
Conto a eles o que aconteceu, fazendo ambos caírem na gargalhada.
— Ai, porra! Já amo essa morena misteriosa! Ela não caiu de quatro por você, já merece
crédito por isso, sem contar que acho ser a única mulher a o enfrentar. Preciso encontrá-la só para
lhe agradecer por machucar o ego gigante do meu amigo — fala o Dylan se contorcendo de
tanto rir. Acabo rindo com ele. Sim, a garota do táxi merece crédito por não babar sobre mim.
— Eu queria encontrar essa raridade só para dizer que eu a admiro. Caramba, cara, as
mulheres caem matando em cima de você, e na saída do aeroporto você encontra a única que não
cai aos seus pés — diz o André rindo também.
— Ei, isso pede uma comemoração, que tal irmos a uma boate e beber e nos divertirmos um
pouco? E é claro, incomodar o Eric um pouco mais — fala Dylan jogando uma almofada em mim,
que pego antes que bata no meu rosto.
— Combinado, vamos sair. Estou precisando mesmo dar uma saída, principalmente depois do
mês estressante que tive.
— Estão esperando o quê? Vamos lá — diz o André.
Decidimos ir em um único carro, e o escolhido é o meu. Pegamos nossas chaves e vamos para o
carro.
Ao chegarmos à boate, por onde passamos, chamamos a atenção por sermos todos altos e
com uma atitude imponente. Nós somos bonitos e temos consciência disso, daí um dos motivos de
sermos tão arrogantes. Pegamos uma mesa de frente para a pista de dança. Depois de pedirmos
bebidas, ficamos olhando para a pista à procura de alguma garota para nos distrair.
Percebo uma morena dançando na pista de dança. Meu corpo todo reage só ao olhá-la, e na
hora em que ela se vira, acho que hoje é meu maldito dia de sorte. Na pista de dança está a
garota do táxi – é assim que a apelidamos. É como se meu corpo criasse vida própria. Quando
dou por mim, já estou na pista atrás dela, pegando-a pela cintura e dançando no seu ritmo. É como
se cada parte de mim respondesse a ela, não consigo entender, mas no momento nem me importo.
A música acaba, e ela se vira para mim e fica surpresa ao me ver.
— Você!
— Sim, eu. Sabe, acho que hoje é meu dia de sorte — falo a ela com um sorriso malicioso.
— Bom, eu ainda não decidi se é meu dia de sorte ou azar — ela replica da mesma maneira
fria como falou comigo mais cedo.
— Bom, então deixa eu tornar esse seu dia em um de sorte, ou quem sabe mais agradável.
Gostaria de me desculpar pelo que aconteceu mais cedo.
Ela me dá um olhar de descrença.
— Sério? Porque hoje mais cedo você não parecia nem um pouco arrependido.
— Bom, é que mais cedo você me pegou em um horário ruim. Estava atrasado para uma
reunião e já tinha passado por uns problemas antes disso. Realmente queria pedir desculpas pelo
meu comportamento. Posso lhe pagar uma bebida como um começo? — pergunto a ela, que fica
me olhando friamente. Fico me perguntando se ela vai recusar ou não. Dessa mulher não duvido
nada.
— Tudo bem, uma bebida não faz mal. — Ela me dá um sorriso. Nossa, e que sorriso. É a
primeira vez que ela sorri para mim, e me deixa completamente atordoado. Levo-a até a mesa
onde eu e os rapazes estamos. Eles olham para ela e para mim de uma forma interrogativa, mas
quando vou falar, ela passa na frente.
— Olá, me chamo Emily.
Então esse é seu nome. No meio disso tudo, acabei me esquecendo de nos apresentar.
— Oi, muito prazer, me chamo André, e esse cara feio aqui ao meu lado é o Dylan.
O André e suas piadinhas nunca mudam, penso com um sorriso. Ela sorri para os dois e se vira
para mim.
— É, você realmente começou mal de novo, seus amigos até já se apresentaram para mim e
você me oferece uma bebida e nem me diz seu nome — fala ela rindo de mim. Confesso que me
sinto um pouco embaraçado. Só dou mancada com ela. Percebo pelo canto do olho que meus
amigos estão olhando a cena com mais interesse. Dou um sorriso supercharmoso para ela e falo:
— Ei, me desculpe, OK? É que na minha cabeça você já tem um nome, eu meio que já apelidei
você.
Ela me olha mais intrigada.
— Já me apelidou? Hum, e qual seria o apelido? — Seu olhar é malicioso. Não consigo
segurar o sorriso. Juro que meus amigos vão ficar de boca aberta ao descobrirem quem é ela.
— A Garota do Táxi.
Ela olha para mim e acaba rindo, já meus amigos estão com os olhos arregalados e começam
a falar ao mesmo tempo, deixando a Emily atordoada.
— Espera aí, ela é a Garota do Táxi? — pergunta André.
— Você está de brincadeira, cara. Você é muito sortudo, duas vezes no mesmo dia. É, meu
amigo, você não mentiu quando disse que ela era linda — fala Dylan rindo.
Ela olha para cada um de nós sem entender nada.
— Desculpe, mas não estou entendendo. Vocês me conhecem?
— É claro, você foi a única mulher que conhecemos e achamos possível existir que enfrentou o
Eric e não caiu babando na frente dele — responde o Dylan apontado para mim.
— Vocês estão me dizendo que nenhuma mulher o enfrentou?
— Bom, na verdade normalmente elas caem aos pés dele, e você foi a única que não fez isso
— diz o André rindo de mim.
— Sério, elas caem aos seus pés? — questiona ela me olhando.
— Eles estão exagerando, não é bem assim — falo um pouco desconfortável.
— É, sim, Eric, você tem uma horda de mulheres atrás de você — anuncia o André, deixando-
me ainda mais desconfortável, e mudo de assunto.
— Vocês vão querer beber alguma coisa? Vou até o bar pegar algo para mim.
— Eu vou querer uma dose de tequila — pede o André, e todos pedem o mesmo, até a Emily,
o que me deixa um pouco abismado.
— Tem certeza que você vai querer uma tequila?
— O quê? Você acha que eu não sei o que quero beber agora? — Seu tom está irritado.
— Desculpa, só queria ter certeza.
Afasto-me em direção ao bar. De lá olho eles conversarem animadamente. Ela parece estar se
divertindo muito com os dois, o que causa em mim um sentimento diferente, desconhecido, como se
ela me pertencesse e só eu pudesse fazê-la sorrir, protegê-la e cuidar dela. Não sei de onde vem
isso, pois nunca tive esse sentimento por mulher nenhuma, essa sensação de posse. Tento não pensar
nisso e coloco esses sentimentos guardados bem no fundo. Não sou um homem de ter sentimentos, e
não vai ser agora que isso vai mudar, principalmente com os problemas que vou enfrentar pela
frente. Entretanto, tenho uma leve impressão de que tudo está prestes a mudar.

Nunca eu poderia imaginar que encontraria o homem dos olhos verdes novamente, mas parece
que o universo está conspirando contra ou a favor de mim. Ainda não sei bem qual das duas
opções. Ele está sendo bem mais gentil do que no aeroporto, e esse seu lado acaba mexendo
ainda mais comigo, deixando-me desconfortável, pois nunca senti isso por homem nenhum. Eu só os
uso para me satisfazer, e nunca mais os encontro. Isso é uma regra minha, principalmente para não
haver sentimentos envolvidos, mas com Eric me pego pensando: se eu passar uma noite com ele,
será que vou conseguir ir embora na manhã seguinte sem olhar para trás? Não consigo encontrar
uma resposta.
Estou conhecendo os amigos dele, que são muitos simpáticos e brincalhões. Percebo que eles
estão tirando uma com Eric por causa das mulheres que caem aos seus pés e entro na brincadeira.
Percebo que ele fica desconfortável e logo muda de assunto, perguntando se queremos beber
algo. Peço a mesma coisa que seus amigos, e eles me dão um olhar de descrença. Fico irritada com
a pergunta do Eric, que logo em seguida desconversa e sai em direção ao bar, deixando-me com
seus amigos.
— Então a Garota do Táxi veio sozinha à boate? — pergunta o André sorrindo para mim.
Pego-me sorrindo de volta. Estou me estranhando hoje, não sou de fazer amizades, faço sempre o
possível para ficar longe das pessoas, pois tenho medo de me aproximar e acabar gostando delas
e perdê-las. Já estou muito quebrada, e se eu perder mais alguém com quem me importo, tenho
medo de me quebrar de vez e não conseguir voltar da escuridão novamente.
— Sim, e realmente gostei de vir sozinha — respondo sorrindo para ambos.
— Hum, e por que gostou de vir sozinha? — indaga o Dylan com um sorriso malicioso.
— Bom, se vir sozinha significa conhecer três caras superbonitos, com certeza estou no lucro.
Os dois começam a rir.
— Oh, nós realmente gostamos de você, Emily, você é ótima para nossos egos — comenta o
André sorrindo.
— Ei, não se esqueçam de que posso acabar com o ego de vocês rapidinho. Não se
comportem, não.
Começo a rir da cara que eles fazem, e eles acabam rindo comigo. Não sei por que, mas
gostei desses caras, e isso me preocupa, porém não quero pensar nisso agora. Pelo menos uma vez
quero aproveitar uma noite sem pensar nas consequências, sem pensar em tudo que me cerca. Pelo
menos uma vez, quero ser inconsequente.
Eric volta com nossas bebidas, e quando olho para ele, fico sem fôlego com o modo como ele
está me olhando, como se eu estivesse nua. Acaba me deixando um pouco envergonhada, uma vez
que nunca nenhum cara me olhou com tal fome. Os olhos verdes, antes claros, agora estão escuros.
Pego a minha bebida e tomo-a num gole só para ver se a secura em minha garganta passa.
Quando coloco o copo na mesa, vejo três pares de olhos me encarando e três bocas abertas.
— O quê?
— Caramba, acho que nem o Dylan consegue virar um copo de tequila assim — fala o André
ainda olhando para mim.
— Bom, cresci com um irmão mais velho, e podem ter certeza ele já me fez beber de tudo.
Esse é o motivo de eu beber tequila como se fosse água.
Nesse momento começa a tocar uma música que eu adoro, mas antes que eu possa me
manifestar, o Eric estende a mão e me convida para dançar. Pego a sua mão, e vamos até a pista
de dança, onde começamos a nos mover. Estou de frente para ele, e começamos a dançar no ritmo
da música.
Eric estende o braço e me puxa mais para si. Levo minhas mãos até sua nuca, e dançamos
praticamente colados. A sensação de seu corpo tão próximo ao meu mexe muito comigo, me leva a
um nível de excitação que nunca experimentei antes. Ao levantar meus olhos, fico presa ao seu
olhar, e é como se todos ao nosso redor evaporassem. Somos só eu e ele na pista de dança. Seu
olhar desce até minha boca e não consigo evitar: mordo o lábio inferior. Penso que é impossível,
mas o olhar dele fica ainda mais escuro. Eric prensa ainda mais seu corpo contra o meu e me beija.
Quando sua boca toca a minha, não consigo evitar um gemido abafado que parece deixá-lo
mais louco ainda. Ele morde meus lábios e explora minha boca, e no instante em que sua língua
encontra a minha, acontece uma explosão. Ele me beija sedenta e desesperadamente, e
correspondo com o mesmo desespero. É um beijo louco, ávido, como se dependêssemos disso.
Nunca experimentei um beijo que mexesse tanto comigo assim, como se o mundo ao meu redor
desaparecesse.
Somos puxados de volta à realidade quando alguém que está dançando esbarra em nós. Eric
me olha firme e com luxúria e fala com a voz rouca e sexy:
— Vamos sair daqui.
Nem espera por uma resposta, puxa-me através da pista de dança em direção à saída.
Chegamos ao que parece ser o carro dele. Eric abre a porta para mim, e me acomodo no banco.
Ele dá a volta, entra no carro e parte.
— Para onde estamos indo? — pergunto-lhe, mas ele não me olha e também não me
responde, e isso me deixa com muita raiva. Viro a cabeça para o lado e acompanho o movimento
lá fora, esperando ele parar o carro para eu me mandar. No momento em que o automóvel para,
eu desço e começo a andar. Por incrível que pareça, meu apartamento fica só a um quarteirão de
onde eu me encontro. Sou parada por Eric, que me agarra pelos braços, fazendo eu me virar
para ele.
— Onde você está indo? — ele pergunta com irritação
— Embora. Agora quer fazer o favor de largar o meu braço? — indago de maneira fria e
impenetrável.
— Ei, por que isso agora?
— Você nem falou comigo no carro quando perguntei onde estava me levando. Eu realmente
não gosto quando eu pergunto algo e não me respondem, e nem que me ignorem — respondo
firme e controlada. Nunca perdi o controle com ninguém, na verdade sempre fui muito fria e
controlada, mas eu estou quase me perdendo aqui. Esse cara já mexeu muito comigo em apenas um
dia.
— Emily, você realmente está me deixando louco. Se eu tocasse em você no carro ou até
mesmo falasse, eu iria te foder ali mesmo, e não era ali que eu queria te foder. Isso eu quero fazer
numa cama, para fazer disso algo que nós dois saiamos satisfeitos.
Fico muda. Nunca nenhum homem falou “foder” para mim, e isso realmente me deixa
desconcertada por um momento, e por incrível que pareça, ainda mais excitada. Olho para Eric,
que está me fitando de um jeito muito quente e sexy.
— Humm... — é só o que eu consigo pronunciar, e no momento seguinte ele me puxa para si
novamente e me beija com desespero e urgência, e correspondo com o mesmo entusiasmo, pois eu
preciso desse homem como nunca precisei de outro. Ele me puxa mais para si e pressiona sua
ereção no meu ventre.
— Eu preciso de você, Emily, muito, então me diz se você vai subir comigo ou se vai querer que
eu te leve embora — fala com os lábios ainda colados aos meus. — Por favor, diz que vai subir
comigo. — Está com um sorriso sexy.
Não consigo evitar sorrir de volta e só concordo com a cabeça. Assim que faço isso, ele
praticamente me arrasta para o seu prédio e aperta o botão do elevador. Quando esse chega,
ele me puxa para dentro, prensando-me contra a parede do elevador e pressionando seu corpo
no meu, fazendo com que eu sinta sua ereção sob a calça.
— Olha como você me deixa duro só de te olhar? Deus, Emily, você é muito gostosa — fala me
beijando novamente. Não sei se beijo vicia, mas o dele está me viciando. Nunca fui beijada dessa
maneira, é como se estivéssemos fazendo sexo com as bocas. É incrível a sensação dos lábios dele
sobre os meus.
Eric explora o meu corpo com sua mão, descendo-a até chegar a minha bunda e me puxar
ainda mais para ele. Nesse momento o elevador chega ao seu andar, e nos afastamos ofegantes.
Ele me leva até seu apartamento. Quando entro, Eric me puxa, pressionando-me contra a porta.
— Não posso mais esperar para ter você.
Abre meu vestido e o tira, fazendo com que o mesmo caia aos meus pés. Ele se afasta um
pouco e observa meu corpo. Estou usando uma lingerie preta, e o olhar dele é pura luxúria. Eric me
atrai para si novamente, beijando-me e fazendo com que eu passe as pernas em volta da sua
cintura. Passo sua camisa pela sua cabeça e ao olhar para seu corpo, penso que não pode ser
mais perfeito. O homem é muito lindo e gostoso. Passo a mão pelo seu peito, arrancando um
gemido rouco dele, e começamos a nos beijar novamente. Sinto que começamos a nos mover, e de
repente caio em cima de uma cama com ele por cima de mim ainda me beijando. Eric tira o meu
sutiã, leva suas mãos até meus seios e os acaricia, deixando-me ainda mais louca.
— Por favor... — Não sei o que eu estou pedindo. A sensação da sua mão no meu corpo, nos
meus seios é demais.
Ele começa a beijar meu pescoço e vai descendo até chegar aos meus seios. Passa a língua
por cima de um mamilo, arrancado um gemido de mim, e logo em seguida o abocanha, sugando-a
com força, deixando-me mais insana. Faz a mesma coisa com o outro seio, e com a mão tira a
minha calcinha.
Eric se levanta e tira a calça e a cueca. Fico olhando para seu membro grosso, longo e
pulsante.
— Por favor, Eric, preciso de você dentro de mim agora... — praticamente lhe imploro, mas
nesse momento não me importo.
Eric se deita sobre mim novamente e me beija, descendo sua mão pela minha barriga e
causando arrepios por onde ela passa e indo em direção ao meu centro. No momento em que ele
me toca, já estou completamente encharcada de excitação.
— Porra, Emily, você já “tá” toda molhadinha para mim... “Tô” louco para enfiar meu pau
nessa bocetinha apertada... — no instante em que ele fala isso com sua mão pressionando meu
clitóris, quase gozo.
Eric abre a gaveta da mesinha de cabeceira da cama, pega um pacote de preservativo e o
coloca com pressa em seu membro. Posiciona-se entre minhas pernas e me penetra de uma vez só,
fazendo nós dois gemermos. Seu pau está dentro de mim, e ele dá estocadas fortes e precisas,
levando-me ao delírio. Passo as mãos em suas costas, arranhando-as, enquanto ele estoca cada
vez mais rápido e forte, levando-me à beira do orgasmo.
— Eric, mais, por favor, “tô” quase gozando... — eu peço a ele, que começa a me penetrar
com mais força.
— Goza comigo, Emily, vai, linda, goza comigo...
Ao ouvi-lo, não aguento mais e gozo, e quando isso acontece, desfaço-me em pedaços. Parece
que meu corpo sai de órbita e volta. Logo em seguida ele goza também, soltando um gemido
abafado. Eric deita seu corpo em cima do meu, ofegante. Passo a mão por suas costas, que estão
todas suadas, e ficamos aqui até nossa respiração se acalmar. Em seguida ele se levanta e vai até
uma porta que há no quarto, que presumo ser o banheiro, e sinto meus olhos pesados. Acabo
dormindo.
Acordo desorientada, tentando saber onde estou. Ao me virar na cama, vejo o Eric ao meu
lado. Assusto-me por ter pego no sono e me lembro de tudo o que aconteceu na noite passada.
Esse homem é incrível, só ao lembrar o que aconteceu, já começo a ficar excitada.
Levanto-me devagar, sem fazer barulho para não o acordar. Quero sair antes que ele
desperte. Droga, nunca dormi com ninguém, como pude pegar no sono? Fico pensando enquanto
coloco minha calcinha e sutiã. Vou até a sala, onde meu vestido está largado, e o coloco. Observo
ao redor. Ontem, quando entramos, estávamos tão sedentos um pelo outro que nem olhei ao redor.
O apartamento dele é moderno e masculino. Estou numa sala com sofás brancos, e atrás deles
tem uma escada que leva à parte de cima. Acho que o quarto onde estávamos, é de hóspedes,
pois de onde eu estou dá para ver uma porta com mais um quarto na parte de cima.
Viro-me para a porta de entrada. Não preciso ficar olhando seu apartamento, nunca mais o
verei novamente. Quando coloco a mão na maçaneta, ouço aquela voz sexy e quente atrás de
mim, fazendo com que eu pule assustada.
— Saindo sorrateiramente, Emily? Não podia imaginar isso de você — fala ele zombeteiro. —
Desculpe, não queria assustar você.
Olho para ele, que está com o corpo escorado à parede me olhando fixamente. Veste só uma
calça jeans, que está aberta, fazendo meus olhos descerem até sua virilha. Ele não pode ser mais
lindo. Tem um corpo escultural, cheio de músculos, perfeito.
— Só queria nos poupar do constrangimento da manhã seguinte. Olha, isso nunca aconteceu.
Na verdade, eu sempre evito esse tipo de coisa.
Estou um pouco irritada comigo mesma.
— O que nunca aconteceu?
Ele parece curioso.
— Dormir na casa do cara com quem transei — falo um pouco constrangida. Sinto-me agora
um homem dando o pé na bunda da sua transa na manhã seguinte.
— Olha, posso lhe servir um café? — ele me pergunta. Parece divertido, e fico na dúvida. Eu
amo café, mas ficar mais um tempo com ele não é boa ideia. Ele fala, notando minha indecisão: —
Juro que não vou fazer nada que você não queira, é só um café.
— Tudo bem, só um café — repito, seguindo-o em direção à cozinha, que é moderna e bem
equipada.
Sento-me num banco e fico observando-o se mover pela cozinha. É supersexy, ele se move com
graça e sabe o que está fazendo. Pega alguns ingredientes na geladeira e começa a fazer o
café. Prepara também algo que está com um cheiro maravilhoso no fogão.
— Além de ser incrível na cama, ainda cozinha? — pergunto maliciosa para ele, que se vira
para mim e me dá um sorriso charmoso.
— Tenho minhas qualidades.
— Hum, e não é nem um pouco modesto, pelo que eu vejo.
Ele sorri e se vira novamente para o fogão, terminando de preparar o nosso café. Coloca um
prato com omelete e uma xícara de café à minha frente. Pego o café, tomo um gole e não consigo
segurar um gemido, está do jeito que eu gosto, sem ser forte e também não muito doce, na medida.
— Está perfeito, como eu gosto — afirmo para ele, que dá um meio sorriso que o torna ainda
mais lindo.
— Então temos algo em comum.
— Parece que sim — digo e começo a comer para sair logo daqui. Eric se senta à minha
frente e toma seu café também. Sinto-o me observando e fico incomodada.
— Emily, vou direto ao ponto com você — anuncia ele me olhando sério. O que será que ele
quer falar de tão sério? Será que vai me mandar embora? Bom, isso eu já sabia, pois também não
sou mulher de dormir duas vezes com o mesmo homem.
— Essa atração que eu tenho por você, uma noite não bastou para saciar, e pelo que pude
perceber, nem para você bastou, mas também sou um homem que preza muito a liberdade. Gosto
de ser solteiro, de curtir a vida e não quero me prender a ninguém, então quero lhe propor o
seguinte: só sexo sem compromisso, sem cobranças, só curtição. Será um acordo que beneficiará
aos dois.
A forma como ele fala é como se estivéssemos fazendo um negócio. Na verdade, o que ele
está me propondo é um acordo ótimo até para mim, porque realmente amei o sexo com ele e
quero repetir, e nesses termos, é melhor ainda. Não irei me prender a ninguém e continuarei com
meus planos. Quando precisar relaxar, é só bater aqui e ter um sexo superquente.
— O que você está me propondo é um sonho para mim, sexo quente e sem amarras.
Simplesmente incrível — falo sorrindo para ele, que me olha de uma maneira diferente. Parece
estar tentando me entender.
— Isso quer dizer um sim, então. — Seus olhos verdes escurecem de puro desejo e luxúria. Só
balanço a cabeça, confirmando. Ele dá a volta na bancada e me atrai para si, dando-me um beijo
abrasador. — O acordo começa a valer agora — diz com a boca encostada na minha,
encarando-me com aqueles olhos lindos.
Morde meus lábios, atraindo-me ainda olhando em meus olhos, deixando-me muito excitada.
Dou um gemido involuntário e fecho meus olhos. Eric começa a passar a língua em meus lábios,
fazendo com que eu os abra, e a enfia na minha boca, explorando-a. É um beijo lento, mas cheio
de desejo. Passo as mãos envolta de sua cintura, colando meu corpo ao seu e sinto sua ereção já
pulsando em meu ventre. Ele abre meu vestido, passando a mão em meu corpo enquanto o tira.
Afasta-se um pouco e me observa.
— Caramba, Emily, você é muito gostosa.
Ele tira o meu sutiã e acaricia meus mamilos, deixando-me ansiosa e muito excitada.
— Eric, por favor...
— Fala, princesa, o que você quer...
— Eu preciso...
Ele passa a língua nos meus mamilos e logo em seguido abocanha um, sugando-o com força.
Adoro quando ele faz isso, leva-me a um nível de excitação que nunca experimentei.
— Precisa do quê, princesa? — Desce sua mão por minha barriga, chegando à minha calcinha
e literalmente a rasgando e a tirando de mim. Deus! Esse homem vai me matar. Ele acaricia meu
clitóris com movimentos de vai e vem. Nesse momento não consigo pensar em mais nada, só na
sensação da mão dele em meu sexo. Eric enfia dois dedos em mim, e gemo cada vez mais alto.
— Fala, princesa.
Não sei o que ele está pedindo, já nem lembro mais o que tenho que falar. Nesse momento ele
para, deixando-me vazia e fria sem o calor da sua mão no meu corpo.
— Eric, por favor! — praticamente imploro.
— Fala o que você precisa, que eu continuo.
— Preciso de você dentro de mim, por favor...
Ele tira sua calça, colocando-me em cima do balcão, e entra em mim de uma vez só,
arrancando-me um grito. A sensação dele dentro de mim é incrível. Eric começa a estocar com
força. Estou praticamente deitada em cima do balcão. Com uma das mãos ele acaricia meus seios,
e com a outra estimula meu clitóris. Sinto o orgasmo chegar, e parece que ele percebe, pois começa
a me penetrar com mais força ainda.
— Vem, princesa, goza para mim... — Ao ouvir suas palavras, tenho o melhor orgasmo de
toda a minha vida. Ele estoca mais algumas vezes, e o sinto estremecer também. — Emily... — geme
ele enquanto goza e cai em cima de mim, ofegante. — Porra, princesa, você é muito gostosa —
fala-me enquanto levanta a cabeça e me olha dando um sorriso sexy. Acho que estou me
apaixonando por esse sorriso. O homem fica ainda mais lindo quando sorri.
— Você também não é nada mal — digo, arrancado uma risada sua. Sorrio para ele.
— Toma um banho comigo?
— Claro.
Ele sai de dentro de mim.
— Porra! — grita, assustando-me.
— O que aconteceu?
— Esqueci a porra da camisinha! Droga, nunca esqueço! Você toma algum tipo de
anticoncepcional?
Droga. Droga... Mil vezes droga.
— Sim, eu tomo pílula, mas não é isso que me preocupa. Eu “tô” limpa, faço exames
periodicamente, mas e você?
— Não precisa se preocupar, fiz um checkup há um mês.
A cara dele mostrou alívio quando eu disse que tomo pílula, e caramba, o cara ficou uma fera
por ter esquecido a camisinha. Isso também é uma coisa que nunca esqueço. Gosto de sexo, mas
sempre com proteção. Droga, isso não pode mais acontecer, principalmente se vamos ser “amigos
com benefícios”.
— Desculpa por isso, princesa, é que nunca esqueço a camisinha e fiquei um pouco irritado
comigo mesmo por causa disso.
Bom, pelo menos ele não me acusou de nada.
— Tudo bem, nunca esqueço também. Sem problemas. Agora que tal aquele banho que você
prometeu? Estou precisando muito — falo com um sorriso sexy para ele, que retribui e me leva pelo
corredor, indo em direção ao mesmo quarto em que estivemos ontem à noite. Leva-me ao banheiro,
liga o chuveiro e tomamos um banho.
Quase uma hora depois, saímos do chuveiro limpos e cansados. O homem é insaciável, e eu
amo isso. Começo a me vestir, mas sem a calcinha, já que ele a destruiu. Pego meu celular e, ao
olhar a hora, quase tomo um susto.
— Droga! — digo terminando de me vestir rápido e colocando os sapatos.
— O que foi?
— Eu estou atrasada, tenho um compromisso daqui a meia hora.
— São que horas?
— 09h30.
— Saco, já era para eu estar na empresa. — Ele começa a se vestir rapidamente. Acabo
rindo, fazendo com que ele olhe para mim. — “Tá” rindo do quê, princesa? — pergunta vindo em
minha direção com o rosto sério e fazendo com que eu ria ainda mais.
— Se você não fosse insaciável, já estaríamos nos nossos compromissos.
Fico entre a parede e ele, o que faz com que eu coloque minha mão em seu peito.
— Tem certeza que eu sou o insaciável? Humm, então era eu que estava gritando: oh, Eric,
mais, por favor! Mais! Não para, Eric!
Ri colocando a mão em minha cintura. Fico um pouco envergonha, mas não deixo transparecer.
Dou-lhe um beijo e passo por ele, indo em direção à porta do quarto.
— Eu não falei isso.
— Hum, da próxima eu gravo para provar.
Viro-me rápido na direção dele.
— Oh, você não se atreveria! Eu acabo com você! — aviso divertida. Ele solta uma risada.
— Quem sabe posso levar você para a cama novamente? E tenho certeza que você vai se
ouvir gritar meu nome várias vezes — fala com aquele olhar sexy, um sorriso brincando em seus
lábios.
— Tudo bem, eu acredito que eu falei isso, mas só porque você me dá orgasmos ótimos, mas
não podemos voltar para o quarto, eu tenho compromisso, e você tem que ir para a empresa.
— OK. Me passa seu telefone para combinarmos algo mais tarde?
— Claro.
Trocamos os nossos telefones e nos despedimos. Vou para meu apartamento, corro para o
quarto e troco de roupa rápido. Coloco uma calça jeans colada e uma blusa de seda azul com um
cinto fino na cintura e sapatos pretos de saltos altos, faço uma maquiagem leve, um rabo de
cavalo, pego minha bolsa e chaves e vou para o carro.
Chego ao café no qual marquei compromisso, estaciono o carro e entro. Pego uma mesa no
fundo e me sento. Uma garçonete vem me atender, e só peço um café. Olho a hora, e já são
10h15. Estou 15 minutos atrasada. Droga, odeio me atrasar, mas o Bruno ainda não chegou. Olho
pela janela e começo a pensar nos olhos verdes de Eric. Não consigo entender o porquê de ele me
chamar de princesa. Esse apelido me incomoda um pouco, era assim que o James me chamava, e
isso me traz lembranças que não quero recordar, quero deixar onde estão, bem guardadas, para
que a dor de sua perda não volte e eu me perca novamente. Não, isso não vai acontecer. Preciso
ser forte por eles, para vingá-los.
— Srta. Makena.
Olho em direção à voz e vejo o Bruno à minha frente.
— Sente-se, Bruno. — Ponho a minha máscara, pois para lidar com pessoas como ele, não se
pode demonstrar fraqueza.
— Tenho algo para você — fala ele, passando-me um envelope. Abro-o e há vários nomes
que não me dizem nada.
— O que é isso?
— Peguei numa agenda que ele guarda no cofre e trouxe a você, pois deve ser algo
importante para ele guardar lá. Tinham esses nomes e as datas e números ao lado, como se fossem
pagamentos.
— Preciso que você pegue essa agenda para mim. Se é o que estou pensando, vou precisar
dela.
— Não posso fazer isso, Srta. Makena. Se ele descobrir, me mata.
— Você sabe que eu realmente não me importo com isso. Você me deve isso e sabe muito bem
— digo com a voz gélida.
— Sim, eu sei. — Ele fica olhando pela janela quieto por alguns segundos. — Tudo bem, posso
fazer isso. Quando ele descobrir, consigo dar um jeito.
— Ótimo. Preciso de mais uma coisa, bom, na verdade, duas.
— Certo, o que seria?
— Preciso de informantes no cartel e na máfia e preciso que você me arranje isso.
— Você está louca? Eles são bem mais perigosos. A senhorita não sabe onde está se metendo.
— Está me questionando, Bruno? Eu posso ser tão ruim ou pior que eles se for preciso. Não
duvide disso, principalmente sabendo que tenho algo muito precioso que é seu.
— Não, não, Srta. Makena, me desculpe, eu vou tentar conseguir isso para você — ele fala um
pouco assustado.
— Não vai tentar, vai conseguir, e tente arranjar alguém como você, que tenha familiares que
precisem do mesmo que você precisou e depois mande a mim, que faço o resto.
— Claro, assim que conseguir, ligo para você para lhe informar. — Ele se levanta e sai. Odeio
essa parte, mas preciso ser firme para chegar aonde quero e realmente eu não faria nenhum mal
à família dele. Uso isso para deixá-lo mais receptivo. Pago meu café e vou para meu apartamento.
Ao chegar, faço o que estou evitando desde que cheguei: ligar para casa.
— Alô? — escuto a doce voz de minha mãe. Agradeço a Deus todos os dias por tê-los posto
na minha vida, principalmente quando estava destruída. Mesmo eu não sendo receptiva, eles me
quiseram e me deram todo seu amor, o que me ajudou muito, mas também me deixou com muito
medo de perdê-los. Todos que eu amava estavam mortos, e abrir meu coração a eles foi muito
difícil por medo de amá-los e perdê-los também, mas hoje não me arrependo nem um pouco. Eles
são tudo para mim.
— Mãe, sou eu, a Emy.
— Querida, graças a Deus! Você realmente não tem nenhum pingo de compaixão pela sua
mãe, né? Viajar e nem se despedir de nós — ela fala com voz chorosa. Odeio fazer isso com ela,
mas não tem outra maneira. Preciso fazer o que estou fazendo.
— Desculpe, mamãe, você sabe que odeio despedidas, por isso resolvi vir e só ligar depois.
— Tudo bem, querida, agora me explica essa história de viajar do nada e nem sei para onde.
— Queria mudar de ares. Estou em Nova York e procurando algo com o que me ocupar por
aqui — minto para ela. Isso me machuca, mas não posso colocá-la em perigo.
— Filha, você vivia bem aqui também. Tem a empresa que seu pai deixou para você e seu
irmão, não tinha necessidade de se mudar.
— Eu sei, mamãe, mas eu precisava disso. Eu preciso me achar, conhecer um pouco mais de
tudo antes de me trancar na empresa com Adam.
Mamãe solta uma risada. Escuto vozes do outro lado da linha.
— Filha, seu irmão chegou e quer falar com você. Vou deixar vocês conversarem sossegados.
Se cuida, “tá”, querida? Eu te amo.
— Sempre me cuido, mamãe. Também te amo.
— Onde você está, Emily?
Percebo, pelo tom de voz de meu irmão, que a situação não está muito boa para o meu lado.
— Oi para você também, maninho.
— Responde agora, Emily.
— Estou em Nova York, Adam....
— Porra! Porra! Eu sabia! Emily, pega o primeiro avião para casa agora.
— Não.
— Emily. — O tom de Adam é de aviso.
— Eu não vou embora, eu preciso fazer isso, Adam. Eu preciso fazer ele pagar pelo que fez.
Adam sabe o que aconteceu, como meu pai adotivo também sabia. Eles sempre fizeram de
tudo para me proteger, tanto que meu pai conseguiu uma certidão de nascimento como se eu fosse
filha legítima deles. Não me perguntem como ele fez isso, pois nem eu sei. Sempre protegemos
minha mãe evitando que ela soubesse sobre o meu passado para não se preocupar.
— Isso é perigoso, Emily, você pode morrer. Você não está pensando nisso, não está pensando
em como a mamãe vai ficar se te perder. Está pensando só em você mesma e se esquecendo de
quem está ao seu redor, de quem a ama.
— Eu estou pensando, Adam, eu penso em vocês todos os dias e penso nos meus pais e irmão
que estão mortos por causa daquele monstro. Eu vou fazer ele pagar, eu preciso disso, eu preciso
vingá-los.
— Deus, Emily. Essa vingança a está cegando, você está deixando sua família para trás por
causa dela.
— Não estou deixando vocês para trás. Eu amo vocês, foram vocês que evitaram que eu me
tornasse uma pessoa pior, que me tiraram da minha escuridão, que me salvaram, Adam, mas eu
preciso vingar minha família.
— Nós somos sua família agora, Emily, entenda isso! — ele praticamente grita. Droga, eu
preciso que ele entenda o que estou fazendo.
— E eu faria o mesmo por vocês, Adam.
— Você está tão cega por essa vingança que vai afastar todos que a amam. Se você quer
continuar com isso, Emily, boa sorte, mas não conte comigo, pois eu te amo muito para te ver
machucada. Então não me procure, OK? Não enquanto você não desistir dessa vingança.
— Adam...
Ele desliga o telefone sem nem mesmo se despedir. Sento-me no sofá com uma dor no coração.
Droga, ele precisa entender que eu tenho que fazer isso. É uma promessa, e eu não irei quebrá-la.
Sinto vontade de chorar, mas não deixo as lágrimas caírem. Eu sou forte, independente, não choro
mais. Fico encolhida no sofá até que meu celular toca. Pego-o apressada, achando que é o Adam.
Atendo sem nem olhar quem é.
— Adam?
— Acho que ainda não virei homem da última vez que verifiquei — diz Beth rindo.
— Oi, Beth — falo desanimada.
— Nossa, que vontade de falar comigo.
— Desculpa, não é com você. É que falei com o Adam agora há pouco e ele não reagiu muito
bem ao motivo da minha vinda para Nova York.
— Ah, Emy, sinto muito. Como você está?
— Nada bem, a briga foi feia, Beth. O Adam nunca falou comigo como ele falou hoje. Ele
estava muito bravo.
— Não era para menos, né, Emily? É perigoso o que você está fazendo, e ele está
preocupado.
— Pensei que você tivesse entendido, Beth, que eu preciso fazer isso.
— E eu entendi, Emily, mas isso não me impede de me preocupar com você.
— Ele não quer mais falar comigo, não até eu desistir da vingança.
— Sinto muito, querida, dá um tempo a ele. Quem sabe, quando esfriar a cabeça, ele te liga.
— Vamos ver.
— Mas me conta, como foi o seu dia?
— Foi bom, principalmente quando acordei na cama de um homem superquente de olhos
verdes essa manhã.
Ouço a Beth engasgar do outro lado da linha e começo a rir. Só ela mesma para conseguir me
fazer rir com meus sentimentos bagunçados como estão.
— VOCÊ DORMIU COM UM HOMEM??? — ela grita. Juro por Deus, essa garota ainda vai me
deixar surda.
— Com mulher é que não foi, né, Beth?
— Você entendeu o que eu quis dizer, Emy. Você nunca dorme com homem nenhum, isso é uma
regra sua.
— Eu sei, eu sei, mas é que o sexo foi tão bom que apaguei logo depois. Quando acordei já
era de manhã. Tentei sair quietinha, mas o Olhos Verdes me pegou na hora em que eu estava
abrindo a porta. Levei um baita susto.
A Beth começa a rir.
— Olhos Verdes? Daria tudo para ver essa cena, você levando um susto quando tenta fugir
da cama do homem. — Ri muito, e rio com ela ao me lembrar do episódio. Foi engraçado ele me
pegar na surdina.
— Olhos Verdes foi como eu o apelidei. Realmente a cena foi engraçada, e quente depois.
— Oh, não, você transou com ele novamente?
— Sim, e foi melhor que a primeira vez. Depois, foi melhor que a segunda. Bom, e por aí vai.
— Oh, meu Deus, você arranjou uma máquina de sexo — fala ela rindo.
— Sim, com certeza. Fizemos um acordo.
— Sério? E qual seria?
— Sexo sem compromisso quando quisermos, sem amarras, sem complicações, o meu sonho de
consumo.
Beth começa a rir mais ainda.
— Sim, com certeza. Esse seria seu sonho de consumo, e só o seu, porque a maioria das
mulheres quer compromisso. Só você que é uma aberração.
— Então “tá”, quer dizer que você não é nem um pouco parecida comigo nesse ponto?
— OK, tudo bem, nós duas somos aberrações.
Começo a rir. A Beth sempre conseguiu me animar nos meus piores momentos, e hoje não é
diferente.
— Bom, querida, preciso desligar, pois não sou rica como certas pessoas e tenho uma vida
para fazer andar — fala Beth.
— Oh, jura? Então “tá”, né, pobre? Vai fazer sua vida andar enquanto eu curto minha
mordomia — digo rindo.
— Tchau, Emy. Amanhã a gente se fala.
— Tchau, Beth. Até amanhã.
Já passa das 3h, e nem comi nada ainda. Vou até a cozinha, preparo um sanduíche e pego
uma Coca e, depois de comer, pego minha bolsa e saio à procura de uma academia. Sempre
gostei de exercício, então preciso achar uma para não perder o costume.
Resolvo ir andando. Caminho durante algum tempo e esbarro no André.
— Oi, André, tudo bem?
— Oi, linda, tudo bem, sim. E com você?
— Também. Posso pedir um favor?
— Sempre, linda.
— Sabe me dizer onde tem uma academia por aqui? Quero me inscrever em uma, mas como
sou nova aqui, não sei onde posso encontrar uma.
— Claro, vou te indicar a que sempre frequento, OK?
— Perfeito.
Ele me passa o endereço e nos despedimos.
Acho fácil o endereço que ele me passou. Ao entrar, gosto dos equipamentos modernos que
vejo.
Uma moça vem em minha direção e se apresenta como Carla. Ela me mostra a academia, e
faço minha inscrição. Começarei hoje mesmo.
Volto para casa, tomo um banho, pego a lista de nomes que o Bruno me deu e meu notebook e
começo a pesquisá-los. Nessa lista há nomes de promotores, juízes, policiais, delegados,
advogados, mas três nomes eu acho um pouco estranhos, pois parecem de pessoas simples, sem
nada que possa ser relevante para Andrew. Anoto os nomes num papel e o guardo na minha
bolsa. Amanhã irei verificá-los de maneira mais detalhada.
Às 5h30 vou para a academia, malho até as 6h30 e volto para casa. Tomo um banho, coloco
um short com uma regata e vou ver um pouco de TV, descansar. Meu celular toca, e é o Eric.
— Alô.
— Oi, princesa, quer passar aqui em casa para dar uma relaxada?
Eu estou precisando, e só de ouvir a voz dele já fico excitada.
— Claro, Olhos Verdes, daqui uns vinte minutos estou aí.
— Olhos verdes?
— É assim que pensei em você depois do aeroporto.
Ouço ele dar uma risada.
— Gostei. Fico te esperando. — Ele desliga, e fico pensando na mancada que dei. Olhos
Verdes... Era só um pensamento, não era para ter saído. Droga de boca grande.
Resolvo ficar com a roupa que estou, só levo uma jaqueta para o caso de dar uma esfriada.
Coloco uma sandália baixa, pego minha bolsa e chaves e vou andando até o apartamento dele.
Pego o elevador, aperto o botão do 12º andar, que é o do Eric, mas no quinto andar ele para,
e quando a porta se abre, o André entra e sorri para mim.
— Oi, linda, duas vezes no mesmo dia. Está indo ver o meu amigo Eric?
Sorrio para ele também.
— Sim. Você vai lá também?
— Bom, eu e o Dylan queremos ver se o convencemos a comprar uma pizza. “Tô” louco por
uma pizza.
— E por que precisa convencer o Eric a comprar uma pizza?
— Porque ele não come pizza de jeito nenhum, ele prefere comida “de verdade”, como diz
ele, e o pior é que ele nunca comeu pizza. Como uma pessoa pode viver sem nunca ter
experimentado pizza?
Nesse momento o elevador para no 10º andar e o Dylan entra. Ele me olha e sorri.
— Olá, Emily.
— Olá, Dylan. Vocês moram todos no mesmo prédio?
— Sim, tivemos sorte de conseguir comprar os apartamentos no mesmo prédio, assim fica mais
fácil um incomodar o outro — fala o André desse seu jeito brincalhão.
— Olha, aposto duzentos que faço o Eric comprar e comer uma pizza — desafio os dois, que
começam a rir.
— Apostado. Isso você não consegue — afirma André.
O elevador chega ao andar do Eric.
— “Tá” apostado — diz o Dylan.
Vamos até a porta do Eric, e o André coloca a chave na porta, abrindo-a. Fico atrás dos dois.
Eric desce as escadas sorrindo para os amigos.
— Ei, não esperava vocês hoje. Já estão com saudades? — indaga ele brincando.
— Você sabe, né, cara? O André não vive sem você.
Saio de trás de ambos, e Eric sorri para mim.
— Oi, princesa.
— Olá — cumprimento-o sorrindo para ele também. — Encontrei esses dois perdidos por aí e
resolvi convidá-los para comer uma pizza aqui com a gente.
O seu sorriso some na hora.
— Vocês não vão pedir pizza — ele afirma sério.
Pelo canto do olho percebo o Dylan e o André trocarem olhares, já cantando vitória, mas se
eles pensam que vão ganhar dinheiro meu, estão muito enganados. Aproximo-me do Eric,
colocando a mão em sua cintura, ficando na ponta dos pés e lhe dando um beijo. Vou até sua
orelha e mordo o seu lóbulo.
— Prometo que, se você comprar a pizza, não vai se arrepender. Vou compensá-lo depois —
sussurro ao seu ouvido, afasto-me e olho para ele. Aquele olhar sexy de pura luxúria já está ali.
— Certo, rapazes, vamos pedir pizza.
Viro-me para eles com um sorriso de orelha a orelha, e eles me dão um olhar incrédulo.
— Que isso, mulher, feitiço? — pergunta o André.
— Não, meu amigo, mas nós dois temos uma diferença.
— Ah, sério? E qual seria?
— Eu sou mulher — digo rindo da cara dele. O Dylan balança a cabeça, pega sua carteira e
me dá o dinheiro da aposta. Eric olha a cena sem entender nada.
— O que está acontecendo? — pergunta.
Antes que eles possam falar alguma coisa, corro ao telefone e peço a pizza, para o caso de,
quando os rapazes contarem da aposta, ele resolva desistir.
— Apostamos com ela que você não pediria pizza de jeito nenhum, mas erramos, né? Você
tinha que concordar, e logo hoje que apostamos.
Eric começa a rir e vem em minha direção com aquele sorriso sexy nos lábios.
— Você estava me usando, princesa? — pergunta baixo para que seus amigos não ouçam.
— Só um pouquinho, mais tarde deixo você usar e abusar de mim também, está bem? —
prometo pousando a mão em seu quadril. Ele me traz mais para si, beijando-me. Oh, Deus! Parece
que ele está beijando melhor que da última vez que nos beijamos. Esse homem vive me
surpreendendo. Ele morde meu lábio inferior, passando a língua nele em seguida. Abro os lábios,
dando-lhe acesso à minha boca, que ele explora e suga minha língua. Agarro-me mais a ele.
— Ei, vocês dois, dá para fazer isso depois que formos embora, por favor?! — grita o Dylan.
Afasto-me do Eric ainda olhando seus lábios e com vontade de beijá-los novamente.
— Mais tarde vou cobrar sua promessa — murmura ele com a voz rouca.
— Estarei esperando. — Sorrio para ele, vou até o sofá e me sento com os rapazes. — Vamos
ver algum filme enquanto esperamos a pizza? — pergunto a eles, que concordam. O André vai
até a estante escolher um filme, e o Eric vai para a cozinha.
— Vocês querem beber algo? — pergunta ele.
Os rapazes logo gritam que querem uma cerveja, e escolho o mesmo. Eric volta da cozinha
com as cervejas nas mãos, entregando-as a nós. Sentamo-nos, e começa a passar um filme de
ação. Ficamos todos entretidos com o filme. A campainha toca, e o Eric atende. Ele paga pelas
pizzas e começa a levá-las em direção à mesa.
— Ei, aonde você vai? — pergunto.
— Servir as pizzas, né? Vou lá na cozinha pegar os pratos e os talheres.
— Ah, mas não vai mesmo. Coloca aqui na mesa de centro, e comemos com a mão mesmo.
O Dylan e o André começam a rir da cara que o Eric faz.
— Nós não vamos comer pizza na sala, e principalmente com as mãos — fala ele já irritado.
Se ele acha que tenho medo de cara feia, está muito enganado.
Viro o rosto e começo a assistir ao filme novamente, bem séria. O Dylan e o André estão
olhando a cena com mais interesse, e os ouço cochichar que deviam ter apostado também que eu
não conseguiria fazer Eric comer a pizza na sala, e dão uma risada. Continuo séria olhando a TV e
não olho mais para o Eric. O André dá um gole na cerveja bem quando o Eric traz as pizzas para
a mesa do centro, e acaba se engasgando. Começo a bater em suas costas tentando segurar a
risada. Eric se senta ao meu lado, sério, e não fala comigo. Aproximo-me dele e sussurro ao seu
ouvido:
— Obrigada, não vejo a hora de seus amigos irem embora para eu compensar você por estar
fazendo minha vontade.
Ele vira o rosto para mim com aquele olhar sexy e me dá um meio sorriso. Olho para o André
e o Dylan e não consigo segurar a alfinetada:
— Sorte que vocês não apostaram, senão eu iria acabar com pena de vocês por ficarem me
dando tanto dinheiro. — O Eric começa a rir, e os rapazes fazem uma careta. — Como falei, há
uma diferença crucial entre a gente.
— Você é mulher, “tá”, a gente já entendeu — diz o Dylan. — Não apostamos mais nada com
você.
Caio na gargalhada. Realmente gosto deles.
Comemos a pizza, e logo em seguida o Eric praticamente manda embora os rapazes, que
saem rindo. Ele olha para mim com aqueles olhos verdes incríveis.
— Agora você é só minha — fala com a voz rouca, vindo em minha direção.
Ele me carrega para o quarto, e temos mais uma noite de sexo incrível. Adormeço exausta.

É manhã, e a maneira como acordo, é o melhor jeito de acordar, com beijos sendo espalhados
pelo meu corpo, descendo por minha barriga e chegando ao meu centro.
— Eric... — gemo seu nome já louca de desejo. Ele passa a língua em meu clitóris e o chupa
em seguida, levando-me ao delírio. Sinto meu orgasmo chegar tão rápido e de maneira tão
avassaladora como nunca experimentei. É o orgasmo mais rápido que já tive. Ouço o Eric dar uma
risada, e olho para ele, que está entre as minhas pernas. Ele olha em meus olhos e desce sua boca
novamente, passando a língua e chupando meus clitóris. Leva dois dedos à minha entrada e
começa uma dança com sua língua e dedos, levando-me a outro orgasmo. Beija minha boca ainda
com meu sabor nele, e me penetra. Gememos juntos. De repente ele nos vira, e fico por cima dele,
começando a cavalgá-lo.
— Porra, princesa, é muito gostoso ver você me cavalgando. Deus! E essa bocetinha apertada
é uma delícia.
Ele coloca a mão em minha cintura, intensificando o ritmo. Movimento-me mais rápido e sinto
meu orgasmo chegando.
— Oh, Eric...
Gozo e caio sobre ele, que dá mais duas estocadas e goza também. Saio de cima de Eric e
me deito ao seu lado, passando a mão em seu peito másculo e suado. Só ao olhá-lo assim, já
começo a me excitar novamente.
— Hummm, ótima maneira de acordar. Já vou começar o dia bem.
Sorrio para ele, que me dá um sorriso torto que acho lindo. Não consigo entender como esse
homem mexe tanto comigo.
— Ao seu dispor, princesa.
— Olha que vou aceitar, hein?
— Sem problemas, adorei te acordar também.
Olho para ele e noto que está falando sério. Esse homem me deixa confusa. Ele quer só sexo
sem compromisso e fica fazendo eu dormir aqui. Isso pode complicar esse acordo, além de que
pode trazer sentimentos que não quero sentir.
— Vai fazer o que hoje, princesa?
— Agora pela manhã nada. Por quê?
— Então passa a manhã comigo?
— Você não tem que trabalhar?
— Sim, mais tenho o privilégio de ser dono da empresa, então faço meus horários. E você não
respondeu a minha pergunta.
— A manhã com você, um deus do sexo? Humm... não sei, será que vai valer a pena? —
questiono fazendo brincadeira. Ele se apoia no cotovelo, passando a mão na minha barriga, o que
me causa um friozinho.
— Você não vai se arrepender... — murmura com esse olhar sexy que eu adoro.
— Bom, nesse caso, eu aceito.
Ele me beija, mas é um beijo diferente, lento, profundo, que cutuca uma parte minha que nunca
deveria se manifestar. Afasto-me dele, e percebo que o beijo mexeu com Eric também, pois por um
momento ele deixa transparecer confusão. Levanto-me logo, querendo acabar com esse clima
tenso.
— Vamos tomar um banho? — pergunto-lhe sorrindo, e ele retribui.
Passo uma manhã ótima com ele. Conversamos bastante. Ele me conta que tem uma empresa
que desenvolve software de segurança. Pelo que entendi, ele tem contratos até com o governo. A
empresa é dele e dos seus amigos, que têm uma parceria boa e produtiva.
Ele pergunta no que trabalho, e tenho que mentir, o que ultimamente estou fazendo muito.
Digo-lhe que sou nova na cidade e que estou à procura de um emprego na área de advocacia e
logo em seguida tento mudar de assunto. Percebo que nós dois evitamos falar de nossos passados,
ele principalmente. Quando entro no tema “família”, ele foge do assunto. Já eu lhe conto só a
partir da minha nova família. Falo do Adam, da minha mãe Anna, do meu pai David, que faleceu
há cinco anos de um infarto, e também dos meus avós, que já estão mortos também.
— Sinto muito, princesa.
— Na época foi um baque para nós, principalmente para minha mãe, mas conseguimos nos
reerguer e seguir em frente. É isso o que a vida é, cair e levantar.
Nem na época em que meu pai adotivo morreu eu consegui chorar, só fiquei parada em frente
ao caixão pensando que a vida tinha levado mais alguém que eu amava. Mesmo o perdendo,
ainda não me arrependo de ter aberto meu coração a ele, pois ele me ensinou muito, me deu amor
quando mais precisei. Ele também tentou tirar essa ideia de vingança da minha cabeça, mas nunca
conseguiu tirar essa sede que eu tenho de vingar aqueles que eu amava. Eu os vi morrer na minha
frente quando era apenas uma criança.
— Ficou pensativa... Desculpa, princesa, não queria lhe trazer pensamentos tristes.
— Estava relembrando como meu pai era comigo e com meu irmão. — Observo interesse no
seu olhar. — Ele sempre foi paciente e muito companheiro com a gente. Sinto falta disso. Ele
sempre estava ali mesmo quando a gente estava errado. Ele não saía do nosso lado e nos
explicava com um jeito calmo como estávamos errados. Sempre admirei esse seu lado.
— Você teve sorte, princesa, teve uma família de verdade. — Seu tom deixa transparecer dor.
Fico pensando no que lhe aconteceu para ele ter essa dor e tristeza em seu olhar.
Logo depois do almoço, vou embora lhe dizendo que tenho algumas entrevistas marcadas, o
que é mentira, claro. Tenho coisas para resolver realmente, mas não poderei lhe dizer o que é.
Ao chegar ao meu apartamento, tomo um banho quente. Está frio, e coloco uma calça jeans,
uma blusa de seda rosa, um suéter por cima e calço botas. Pego minhas coisas e vou fazer uma
visita a um velho amigo. Ele me deve favores, e está na hora de eu cobrar.
Chego ao prédio onde meu amigo trabalha, e para entrar tem toda uma segurança e
burocracia. Eles verificam tudo antes de me deixar passar, e não é para menos, eu estou em umas
das sedes do FBI, e a segurança tem que ser reforçada. Vou à sala do meu amigo Lucas Lemos,
cuja porta está entreaberta. Coloco a cabeça dentro da sala e dou uma batida na porta com um
sorriso no rosto.
— Ei, vejam se não é meu amigo preferido.
Ele está de cabeça baixa olhando uns papéis. Ao olhar para cima, dá um sorriso enorme e se
levanta, vindo em minha direção.
— Pelo que eu sei, sou seu único amigo.
Dou-lhe um abraço forte. Estava com muitas saudades, já faz dez meses que não o vejo.
— Bom, tem a Beth, mas não a deixa saber que você é o preferido — falo sorrindo para ele.
Ele me convida a sentar, e me sento num sofá que há em sua sala. Ele se senta ao meu lado.
— Me diz como estão as coisas e o que você faz em Nova York.
— Está tudo ótimo, e estou morando em Nova York. Resolvi mudar de ares.
— Sei... Acho que o Adam não gostou nada disso, né? Ele sempre foi muito protetor em
relação a você.
— Bom, na verdade ele está muito bravo, mas não adianta, Lucas, resolvi vir embora. Ele não
pode me proteger sempre. Tenho que conhecer coisas novas, viver. Se eu cair e me machucar, tenho
que me levantar sozinha, tanto para amadurecer, como para eu ver que posso fazer sozinha,
entende? Eu sempre os tive me protegendo e nunca andei com minhas próprias pernas, acho que já
chegou esse momento.
— Concordo com você, Emy.
— Bom, agora me conta, como está a Gabriela?
Um sorriso bobo se abre em seu rosto quando toco no nome dela.
— Ela está bem, mandona como sempre.
— E você apaixonado como sempre, né?
Começamos a rir.
— Ela é minha vida, você sabe disso, e a cada dia que passo ao seu lado, isso se torna ainda
mais forte.
— Que bom, meu amigo, vocês merecem, lutaram muito para estarem juntos. Nada mais justo
que vocês encontrarem a felicidade a cada dia.
— E grande parte do fato de estarmos juntos hoje se deve a você. Nunca vou me esquecer do
que você fez por nós, Emy. Você vai sempre poder contar comigo. Vou estar em dívida com você
eternamente.
— Bom, na verdade eu vim para matar a saudade e também lhe pedir um favor.
— Claro, querida, o que você quiser.
— Queria que você investigasse esses três nomes para mim. — Tiro da minha bolsa o papel
em que anotei os três nomes da lista que o Bruno me deu.
Lucas o pega, olha os nomes e vai até seu computador. Sigo-o e fico atrás dele. Quando ele
digita os nomes, aparece algo na tela que não consigo entender o que é. O Lucas se vira para
mim sério e inquire:
— Onde você conseguiu esses nomes, Emily?
— Isso é assunto meu, Lucas. Não me peça detalhes, pois não quero mentir para você. Só
quero que você me diga se tem algo em comum entre essas pessoas.
— Emy, isso é assunto sério. Para que você precisa saber quem são essas pessoas? Preciso que
você me responda, pois não posso lhe passar essas informações. Elas são confidenciais.
— Você me deve, Lucas, você mesmo disse isso há alguns minutos. Só me faz esse favor.
Ninguém precisa saber, você sabe que eu não falaria nada para ninguém, principalmente se
colocasse em risco seu serviço. Eu só quero saber quem eles realmente são, e vai ser como se essa
conversa nunca tivesse existido.
Ele fica mudo por alguns minutos, só me deixando ainda mais nervosa. Eu sabia que esses
nomes tinham algo, pois Andrew não ia se prestar a usar alguém sem que fosse benéfico para ele.
— Tudo bem, mas essa conversa nunca existiu, OK, Emily?
— Certo.
— Esses três nomes são de agentes do FBI do alto escalão.
Fico muda, sem conseguir acreditar. Se esses nomes são o que penso, essas pessoas todas,
juízes, promotores, advogados, policiais e agora agentes do FBI são todas corruptas. São todas
pagas pelo Andrew para fazer vista grossa para seus crimes.
Droga, droga, mil vezes droga! Isso é pior do que eu imaginava. Ele tem gente importante
para limpar as suas merdas.
— Emily, você ficou pálida. Está tudo bem? Quer me dizer onde conseguiu esses nomes?
— Não, não, estou bem, e também não posso lhe falar onde consegui esses nomes, não agora,
mas em outro momento lhe conto tudo, OK?
— Tudo bem. Só se cuida.
Despeço-me do Lucas e vou embora. Chego ao meu apartamento com uma dor de cabeça
infernal, tomo um remédio e me deito na cama, dormindo logo em seguida.
Quando acordo já anoiteceu, e percebo que o que me acordou foi meu celular, que não para
de tocar.
— Alô.
— Oi, princesa, já estava preocupado, você não atendia minhas ligações.
— Desculpa, Olhos Verdes, é que cheguei em casa com uma enxaqueca, tomei um remédio e
acabei apagando.
— Você já está bem? A dor já passou?
— Na verdade ainda dói um pouco.
— Estou indo para o seu apartamento, vou cuidar de você, princesa.
— Não precisa, Eric, amanhã já vou acordar melhor.
— Não quer minha companhia, princesa? Fiquei sentido agora — fala ele com uma voz
manhosa, fazendo-me rir e logo em seguida gemer colocando a mão na cabeça. — Não está em
discussão, princesa. Estou indo a sua casa cuidar de você.
Eric desliga em seguida, deixando-me ainda mais confusa em relação a esse homem. Ele não
parece um homem frio que não quer compromissos, pelo menos comigo ele está sendo superfofo, o
que me deixa confusa, pois estou sentido uma parte minha se balançar cada vez que o vejo. Até
mesmo só em pensar nele meu coração já dispara, e eu não posso me deixar levar. Preciso acabar
com isso, mas não hoje; só quero curti-lo um pouco mais. Amanhã, amanhã eu termino nosso acordo
antes que seja tarde demais para meu coração.
Esses últimos três dias saíram completamente da minha rotina. O acordo que fiz com a Emily
realmente foi bom, mas tem um lado meu que está vindo à tona e do qual eu não estou gostando.
Tenho essa vontade de estar perto dela a qualquer hora, de protegê-la, de cuidar dela, e isso
realmente é atípico. Nunca me envolvi com mulher nenhuma, nunca as deixei chegar tão perto. Hoje
eu estou realmente pensando em levar Emily para meu quarto no andar de cima, coisa que nunca,
jamais pensei em fazer em relação a qualquer outra mulher. Sempre digo que ali é meu santuário,
por isso, quando as trago à minha casa, vou sempre para o quarto da parte de baixo, e é lá que
eu as fodo sem que elas realmente entrem no meu mundo. Entretanto, com a Emily, não parece certo
levá-la a esse quarto aonde já levei tantas.
Ligo para ela para combinarmos algo, mas ela não atende o celular. Começo a ficar
preocupado. Ligo tantas vezes que chego a perder a conta. Resolvo tentar uma última vez, e se ela
não atender, vou ao seu apartamento. No quinto toque, ela atende com uma voz sexy de sono.
— Alô.
— Oi, princesa, já estava preocupado, você não atendia minhas ligações.
— Desculpa, Olhos Verdes, é que cheguei em casa com uma enxaqueca, tomei um remédio e
acabei apagando.
— Você já está bem? A dor já passou?
— Na verdade ainda dói um pouco.
— Estou indo para o seu apartamento, vou cuidar de você, princesa.
— Não precisa, Eric, amanhã já vou acordar melhor.
— Não quer minha companhia, princesa? Fiquei sentido agora — falo com uma voz manhosa,
fazendo-a rir, mas ela geme de dor. — Não está em discussão, princesa. Estou indo a sua casa
cuidar de você.
Pego minhas chaves e vou ao seu apartamento o mais rápido possível. Lá o porteiro libera a
minha entrada, dizendo que a Emily já interfonou avisando que eu viria. Já no seu apartamento,
resolvo verificar se a porta está encostada, e realmente está. Eu ainda não entrei em sua casa, e
ela é muito bonita.
Tudo está silencioso. Vou em direção a um corredor e vejo uma porta aberta. Atravesso-a, e a
minha princesa está adormecida. Fico por um tempo admirando-a. Ela é linda, tem cabelos pretos
compridos, um nariz arrebitado e uma boca que faz você ter pensamentos pecaminosos. Sua pele
branca e macia como seda é perfeita. Seus olhos, agora fechados, também são uma perdição. São
de um azul que parece o oceano. Às vezes me perco no seu olhar.
Saio do meu transe e vou até a cozinha lhe preparar uma sopa. Não sou um cozinheiro de
mão cheia, mas dá para o gasto. Depois de preparar a sopa, coloco-a em uma bandeja e vou em
direção ao seu quarto, mas ao me aproximar, ela está inquieta na cama e começa a balbuciar
algumas coisas. Coloco a sopa na mesinha de cabeceira e me sento ao seu lado para acordá-la.
— Não... Por favor... Não...
Vejo terror em seu rosto. Ela deve estar tendo uma droga de pesadelo.
— Meus pais... Não... Mãe... Oh, meu Deus...
Sua voz exprime tanta dor que chega a doer em mim. Começo a passar as mãos em seu rosto
e a chamá-la.
— Emily, acorda, princesa. Está tudo bem. Acorda.
Ela abre os olhos assustada e me olha um pouco confusa.
— Eric.
— Oi, princesa. Acho que você estava tendo um pesadelo.
Ela só balança a cabeça concordando. Seus olhos estão inchados, provavelmente por causa
da enxaqueca.
— Fiz uma sopa para você. Se senta e come um pouquinho. Depois lhe dou um remédio e você
dorme novamente.
— Você não precisava fazer isso, eu me viro sozinha.
Escondo um sorriso. Eu sei que a minha princesa se vira sozinha, pelo que pude perceber ela é
bem independente e realmente não gosta da ajuda dos outros, mas comigo ela está encrencada,
pois eu quero ajudá-la, cuidar dela e se for preciso, vou ser mais insistente que ela.
— Eu sei que sim, mas quero cuidar de você, e não adianta fazer cara feia, pois não vou
embora, então come essa sopa para descansar novamente.
Ela abaixa a cabeça e começa a tomar a sopa. Percebo que está escondendo um sorriso, e
acabo sorrindo também. Essa mulher com certeza será a minha perdição.
Depois de alimentá-la e lhe dar um remédio, ela adormece de volta. Quando estou saindo do
quarto, seu celular vibrar ao lado cama. Vou até lá rapidamente e o pego para não a acordar.
Saio no corredor e atendo.
— Alô.
— Quem “tá” falando?
Ouço a voz de uma mulher do outro lado da linha.
— O Eric.
— Oh, o Olhos Verdes?
Solto uma risada, e a moça também ri.
— Bom, então já ouviu falar de mim. Agora posso saber quem está falando?
— Eu sou a Beth, amiga da Emy, e falando nela, onde está? Ela nunca deixa ninguém atender
seu telefone.
— Ela está dormindo, Beth. Está com uma enxaqueca. Faz pouco tempo que lhe dei um
remédio e algo para comer e ela adormeceu.
Ouço-a xingar do outro lado da linha.
— Droga. Bom, se ela está dormindo, não deve estar tão ruim. Quando ela tem essas
enxaquecas, chega até a ter náuseas, e temos até que levá-la ao médico.
— Olha, por enquanto é só a dor de cabeça mesmo, mas fique tranquila, vou passar a noite
aqui, e qualquer coisa a levo ao hospital.
— Obrigada, Eric. Qualquer coisa com ela me ligue, OK? Não gosto de deixá-la sozinha, mas
se eu for até aí, ela vai me encher pelo resto da vida. Ela sabe ser cabeça-dura, nunca vi igual.
— Já vi esse lado dela, mas pode deixar, Beth, qualquer coisa eu te ligo, e amanhã, quando
ela levantar, peço para ela lhe retornar.
— Obrigada novamente. Agora vou desligar para você cuidar da minha amiga. Tchau, Eric.
— Tchau, Beth.
Gostei da Beth pelo pouco que conversamos. Ela foi muito simpática e preocupada com a
minha princesa.
Termino de organizar a cozinha e volto para o quarto. Tiro minha roupa, ficando só de cueca
boxer preta e me deito ao lado de Emily, puxando-a para perto de mim. Fico observando-a e
tentando entender o que sinto em relação a ela. Passo o dorso da mão em seu rosto, e ela se
aconchega mais a mim.
Droga, preciso me afastar dela, mas parece que não tenho forças para isso. Eu sei que não
posso ficar com ela, principalmente com a vida que tenho, com os meus segredos. Sei que, quando
ela descobrir, não vai ficar do meu lado, e isso me deixa inseguro, pois nunca pensei em contar a
ninguém sobre o meu passado, ou o que faço. Os únicos que sabem são os meus amigos, mas eles
têm consciência de tudo ao nosso redor, já minha princesa – sim, eu penso nela como minha e
continuo mais confuso ainda – não tem noção do que está para acontecer e nem do que sou
capaz. Droga, de amanhã não passa, vou colocar um ponto final nesse acordo. Porém, antes quero
tê-la pelo menos uma última vez em meus braços.
Abraço-a mais forte e adormeço assim, com ela em meus braços.

Já é de manhã quando abro os olhos, e tem um par de olhos azuis sexy me encarando com
carinho. Dou-lhe um sorriso.
— Bom dia, Olhos Verdes.
— Bom dia, princesa. — Passo a mão em seu rosto, e ela pressiona sua face na palma,
fechando os olhos. Puta que pariu, agora eu sei que estou realmente fodido. No instante em que
ela fez isso, meu coração deu um salto. — A dor passou, linda?
— Sim, obrigada por ter cuidado de mim ontem, mesmo eu sendo uma chata.
Droga, esse seu lado carinhoso realmente está me pegando desarmado. Atrai-o para mim e a
beijo – um beijo lento, profundo, que quero aproveitar ao máximo. Emily solta um gemido em meus
lábios, deixando-me louco. Tiro sua camisola, e ela fica só de calcinha. Puta que pariu, essa mulher
é minha perdição.
Ela passa a mão em meu peito, admirando meus músculos, e começa a beijá-lo. Vai descendo,
passando aquela língua gostosa por meu peitoral e o beijando. Alcança a minha cueca e olha em
meus olhos enquanto começa a tirá-la. Meu pau já está pronto para ela. Só por eu olhá-la, ele já
cria vida própria. Emily desce a cabeça até meu membro, passando a língua em toda sua
extensão. A sensação da sua língua no meu pau é extasiante. Quando ela o coloca na boca,
chupando-o, quase gozo. Porra, a minha princesa tem uma boca incrível! Ela começa a chupar meu
pau, levando-me ao delírio. Começo a sentir minha liberação se aproximando e tento avisá-la.
— Princesa, se não quer que eu goze em sua boca, melhor parar agora.
Ela começa a chupar mais rápido ainda, e acabo gozando. Fico por um momento tentando
estabilizar minha respiração. Porra, esse foi o melhor sexo oral que já tive em toda minha vida.
Sinto-a se deitar ao meu lado, viro-me em sua direção e rasgo sua calcinha, tirando uma risada
sexy dela.
— Desse jeito vou ficar sem calcinhas.
— Sem problemas, compro uma loja para você, agora preciso senti-la.
Emily arregala os olhos.
— Você é insaciável?
— Princesa, com você nunca me canso.
Depois de mais um sexo incrível com minha princesa, tomamos um banho e vamos tomar café
da manhã. Ela prepara panquecas enquanto o café está sendo feito na cafeteira.
— A Beth te ligou ontem à noite. Atendi para não acordar você.
— E qual foi a reação dela ao falar com você? — pergunta ela sorrindo.
— Algo assim: o Eric de olhos verdes? Por que você atendeu o celular da Emily? Ninguém atende
ao telefone a não ser ela.
Emily dá uma risada.
— Bem a cara da Beth.
— Ela pediu para você lhe retornar. Ficou preocupada.
— Claro, depois ligo para ela.
Ela põe a mesa para nós, e a ajudo. Ela me olha com diversão.
— Percebo que já se familiarizou com a minha cozinha.
— Bom, tive que me virar ontem para lhe preparar algo para comer.
Ela vem até onde estou e me dá um beijo. Seu celular toca no mesmo instante. Emily olha para
mim e diz que precisa atender.
Quando ela atende, seu semblante muda. Fala com uma voz fria e está tensa. Vai em direção
à sala para eu não ouvir a conversa, mas a minha curiosidade vence e fico escondido e ouvindo
tudo.
— Já conseguiu? — Ouço ela perguntar para quem está do outro lado. — Ótimo, manda tudo
para mim e marca os encontros para hoje mesmo, preciso resolver isso o mais rápido possível.
Ela fica muda por uns instantes.
— Não, pode ir visitá-los, mas escondido; ninguém pode saber onde eles estão para sua
própria segurança e a deles. — Faz silêncio. — E já conseguiu o que pedi? Não quero saber se é
complicado, eu preciso dessa agenda e rápido.
Mais silêncio.
— Não quero ouvir desculpas, quero o que lhe pedi. Pago-lhe muito bem pelos seus serviços e
ainda os protejo. — Fica em silêncio mais um pouco. — Ótimo, assim que conseguir me avisa e
mande tudo sobre eles para o meu e-mail, OK? Até mais.
Ela desliga, e eu volto à mesa e começo a tomar meu café e comer as panquecas. Ela entra na
cozinha ainda com o semblante sério.
— Está tudo bem?
Ela me dá um sorriso forçado.
— Sim, sim, só uns problemas que tenho que resolver mais tarde.
— Você já conseguiu algum emprego?
— Ainda não.
— Bom, então que problemas você tem para resolver, se é nova na cidade?
Não consigo deixar de desconfiar. Essa parte minha que desconfia de tudo nunca vai embora,
todos para mim são suspeitos até que provem o contrário. Estou começando a desconfiar da minha
princesa. Ela esconde algo, deu para perceber pelas nossas conversas, e agora sei disso mais do
que nunca.
— Não lhe diz respeito. O que faço da minha vida é da minha conta — ela fala usando toda
sua postura de mulher fria e indiferente.
— Acho que você não é muito diferente das mulheres que conheço, sempre tem algo a
esconder — digo irritado, e ela fica mais tensa. Eu quero machucá-la, pois me deixou furioso ela
ter me falado que a vida é sua. Porra, eu estou deixando-a entrar na minha vida. Certo, não lhe
contei sobre meu passado e deixei certas coisas de fora, mas eu confio nela, só não estou
preparado para me abrir. O modo como ela falou comigo agora me deixou com muita raiva. Porra
de mulher independente.
— Ótimo, se eu sou como as mulheres que você conhece, acho que não temos mais nada a
conversar. Melhor você ir embora — ela diz decidida.
Acabo concordando. Quando eu fico com raiva, termino falando coisas que não devo, então é
melhor ir embora e esfriar a cabeça para depois conversar com ela. Viro as costas, pego minhas
chaves e saio de seu apartamento, mas no fundo querendo que ela me chame de volta.
Em casa encontro o Dylan e o André no meu sofá. Hoje eu não estou com cabeça para falar
com ninguém.
— Acho melhor vocês irem embora, hoje não estou com cabeça para conversa.
— Nossa, que bicho te mordeu? — pergunta o André.
— Eu acho que foi uma morena de olhos azuis — o Dylan responde.
— Sério, caras, se têm algo importante a falar, falem de uma vez. Não estou com humor para
brincadeira.
— Bom, você sabe como somos desconfiados de todos que se aproximam de qualquer um de
nós, né?
— Sei, André, e daí?
— Bom, nós resolvemos investigar a Emily.
— VOCÊS FIZERAM O QUÊ?! — grito para eles.
— Cara, você já fez isso conosco, e resolvemos fazer o mesmo, já que você resolveu se
envolver com ela, ainda mais no meio dessa coisa em que estamos.
Ando de um lado para o outro passando a mão em meus cabelos.
— OK, e o que vocês descobriram?
— Bom, não achamos nada demais — revela o Dylan me entregando uma pasta. Abro-a e
vejo os dados de Emily: o dia em que nasceu, nome do pai, da mãe e do irmão, escola que
frequentou. Observo que ela fez duas faculdades e também que sua família é muito rica.
— Bom, então não precisam se preocupar, né?
— Na verdade, sim — responde o André.
— Por quê?
— Advinha onde eu a vi ontem?
— Vou lá saber? Fala de uma vez, André.
— Na sede do FBI. Quando a vi, escondi-me para ela não saber que sou um agente, mas vi
aonde ela foi.
Fico olhando para ele sem entender nada. O que a Emily foi fazer na sede do FBI?
— “Tá”, e aonde ela foi?
— Ao escritório do Lucas. Ela ficou um tempo lá e depois saiu um pouco pálida, então resolvi ir
até o Lucas perguntar quem era ela e o que ela queria. Ele só me disse que era uma amiga muito
querida. Bom, realmente ela pareceu sua amiga, pois ele falou com muito carinho dela e disse que
ela só veio lhe fazer uma visita, mas percebi que ele mentiu. Conheço o Lucas, e ele não mente
muito bem. Eu vi um papel em cima da sua mesa e consegui pegar sem que ele visse. — O André
me entrega um papel com três nomes escritos. — Resolvi ver de quem eram esses nomes e são
todos de agentes do FBI do alto escalão. E essa letra não é do Lucas, é de mulher.
Realmente é a letra de uma mulher. Resolvo pegar o bilhete que está com o número e endereço
que a Emily me deu e percebo que a letra é parecida.
— As letras se parecem, mas o que a Emily está fazendo com esses nomes?
— Bom, cara, isso a gente não sabe, por isso queremos que você abra o olho com ela. Acho
que ela não é o que parece.
— Nós discutimos agora pela manhã.
— E por quê? — pergunta o Dylan.
— Ela recebeu uma ligação e ficou estranha. — Digo a eles o que ouvi, pois sei que posso
confiar neles. Depois que conto tudo, ambos ficam quietos por alguns minutos.
— Bom, cara, esse telefonema só confirma o que a gente “tá” desconfiando: ela não parece
ser quem é, ela esconde algo, e acho bom nós descobrirmos, pois esse relacionamento repentino de
vocês é meio estranho, não acha? — fala o André.
— Olha, isso vocês não podem falar. Foi eu que quis continuar. Se fosse por ela, tinha saído
escondida do meu apartamento e eu não a veria mais.
Estou um pouco irritado. A minha princesa não iria se aproximar de mim com segundas
intenções, disso eu tenho certeza, e ela também não sabe de quem sou filho. Ela só sabe o
sobrenome de minha mãe, e eu prefiro que continue assim, principalmente para que eu não seja
comparado ao homem que meu pai é.
Eles ficam me observando por um momento.
— Cara, acho que você se apaixonou por ela — anuncia o Dylan, e eu arregalo os olhos.
— Você está louco? Eu gosto da companhia dela, e o sexo é incrível, mas dizer que estou
apaixonado já é loucura de vocês. Eu a conheço há apenas quatro dias. Isso é impossível.
Os dois trocam olhares que conheço muito bem, como se o que acabei de dizer só confirmasse
o que eles já sabem.
— Vocês podem parar com esses olhares? Eu não estou apaixonado por ela — mas no final já
falo com pouca convicção.
Droga, será que me apaixonei pela Emily? Eu sinto coisas que nunca senti antes, esse desejo
desenfreado por ela, essa vontade de querer protegê-la, de cuidar dela, de ficar perto dela a
todo o momento. Isso é algo diferente para mim, mas apaixonado? Não, eu não posso estar
apaixonado, não agora, não com a merda em que eu estou metido. Levanto-me, indo até a janela.
Porra, porra, eu estou apaixonado pela Emily, e logo num momento em que isso não podia
acontecer. Agora mais que nunca preciso afastá-la, principalmente para protegê-la. Volto a olhar
para meus amigos, que continuam me observando, e o Dylan é o primeiro a falar:
— Você vai afastá-la, né?
— Eu preciso, não posso colocá-la em perigo.
— Porra, Eric, ela pode ter segredos, mas ela é incrível, ela é diferente das mulheres que você
já levou para a cama. Todas elas deram em cima de nós de um jeito ou de outro, e Emily, mesmo
estando sozinha com a gente, foi simpática, brincalhona, realmente diferente de todas com a qual
você já se relacionou — afirma o Dylan.
Ele está certo, ela é diferente, não deu em cima de meus amigos pelas minhas costas, sabe
levar na esportiva as piadinhas do André. Realmente é diferente de todas.
— Você sabe que preciso afastá-la — digo indo me sentar. Abaixo a cabeça, passando a
mão pelos meus cabelos.
— Meu amigo, não jogue o que pode ser a única chance que a vida está lhe dando. Você
pode protegê-la mesmo estando com ela.
O André continua mudo, ouvindo o Dylan falar comigo. Não sei o que meu rosto passa a ele,
pois quando ele abre a boca, surpreende-me:
— O Dylan está certo. Se você sente que pode confiar nela mesmo com esses segredos, não a
afaste de você. Nós vamos ajudá-lo a protegê-la se for preciso, mas não jogue fora essa chance
que a vida está lhe dando. Ela pode ser única.
Seu rosto enquanto fala expressa dor. André já se apaixonou, e o relacionamento não
terminou bem para as duas partes. Eu vi meu amigo se fechar e não querer mais saber do amor.
Nunca mais mulher alguma conseguiu alcançar o coração do meu amigo.
Será que eu posso tê-la e a proteger do que está por vir? Será que posso arriscar perdê-la
para sempre caso eu não consiga protegê-la?
Realmente não tenho resposta para essas perguntas, mas tenho uma certeza: eu preciso de
Emily ao meu lado e vou fazer o possível e o impossível para ficar com ela.
É ótimo acordar com o meu Olhos Verdes ao meu lado, abraçando-me. É incrível o sexo que a
gente faz. Está tudo tão bom que até relevo o fato de que irei terminar nosso acordo hoje.
Fico um pouco irritada depois que recebo o telefonema do Bruno me informando que
conseguiu os contatos que eu quero tanto no cartel quanto na máfia, porém ainda não conseguiu
pegar a agenda.
Quando volto à cozinha, o Eric me pergunta se está tudo bem. Dou um sorriso forçado e lhe
respondo:
— Sim, sim, só uns problemas que tenho que resolver mais tarde.
— Você já conseguiu algum emprego?
— Ainda não.
— Bom, então que problemas você tem para resolver, se é nova na cidade?
Isso me deixa louca de raiva. O que ele tem a ver com minha vida? Sou curta e grossa com
ele:
— Não lhe diz respeito. O que faço da minha vida é da minha conta.
Coloco a minha máscara de mulher fria e indiferente.
— Acho que você não é muito diferente das mulheres que conheço, sempre tem algo a
esconder.
Agora ele me magoa ao me comparar com as mulheres de sua vida. Se ele quer me machucar,
está conseguindo.
— Ótimo, se eu sou como as mulheres que você conhece, acho que não temos mais nada a
conversar. Melhor você ir embora.
Eric vira as costas, pega suas chaves e parte. No fundo estou louca que ele volte me pedindo
desculpa e que fique tudo bem entre nós outra vez, mas isso não acontece. Ele passa pela porta a
batendo com força quando a fecha. Droga, por que ele tem que mexer tanto comigo? Agora não
vai ser mais tão fácil. Se eu não estivesse balançada por ele... Vou até o sofá e me sento e de
novo, em menos de uma semana, sinto vontade de chorar, mas não deixo as lágrimas caírem. Falo
meu mantra eu sou forte, eu não choro mais, o que espanta as lágrimas.
Resolvo ligar para Beth e dizer que está tudo bem. Ela atende o telefone toda eufórica
dizendo que o meu Olhos Verdes tem uma voz supersexy e que ele é um fofo por ter cuidado de
mim. Realmente tenho que concordar com ela, ele foi um fofo comigo ontem à noite, mesmo não
precisando.
A Beth percebe que eu não estou muito bem, e falo parte do que aconteceu. Digo que
discutimos e Eric foi embora bravo. Ela fala que eu tenho que deixar de ser assim, de sempre
querer afastar os outros de mim, e percebo que realmente fiz isso com ele. Eu quero afastá-lo de
mim por causa desses sentimentos confusos que tenho em relação a ele, mas principalmente porque
eu não posso perder o foco. Eu tenho um plano em andamento e não poderei colocar Eric no meio
disso tudo.
Conversamos mais um pouco e depois desligo, pego meu notebook e abro meu e-mail para ver
se o Bruno já me mandou as informações dos contatos. Ele realmente fez o seu serviço. Todos os
dois contatos têm um ponto fraco, que é a família, e eu vou usar isso a meu favor, como fiz com o
Bruno.
Arrumo-me, pego as minhas coisas e vou até um Net Café, onde imprimo tudo em relação aos
dois contatos e vou para o primeiro encontro dos que tenho marcado para hoje.
O nome do primeiro contato é Amélia Rodrigues, e ela será meu contato no cartel da
Venezuela, um dos maiores carteis do tráfico que existe e onde Andrew também faz seus negócios.
Ela tem uma filha de quatro anos e sua mãe, e pelo que pude perceber, ela faria qualquer coisa
para proteger as duas.
Chego a um restaurante. O garçom me leva até uma mesa, e peço vinho enquanto a espero.
Olho para a porta e vejo uma moça morena muito bonita entrar. Ela tem uma cicatriz no lado
esquerdo do seu rosto que a deixa com um ar mais misterioso. Senta-se à minha mesa e fica me
analisando.
— Amélia, certo?
— Sim. Posso saber o que estou fazendo aqui? O Bruno me ligou e disse que você tinha algo
relacionado à minha família, então fala logo, que eu tenho que ir embora. Já foi difícil pegar um
avião e vir até aqui só para falar com a madame.
Pego minha taça de vinho, tomo um gole e a olho com indiferença. Se ela acha que tenho
medo dela, está muito enganada. Jogo em cima da mesa tudo que tenho sobre ela, todos os seus
passos, como também de sua mãe e filha. Amélia fica um pouco indecisa ao perceber que sei muito
sobre ela, principalmente sobre seu tipo de trabalho.
— O que tudo isso significa? Vai me denunciar, é isso?
— Na verdade, você vai trabalhar para mim infiltrada no cartel de drogas.
— Você está louca? Eu não vou fazer isso, se eles imaginarem que estou passando informação
do cartel para alguém, eu estou morta, e minha família também.
— Bom, na verdade vocês não vão estar mortas, e o que eu quero é bem simples. Você vai me
passar informações só de uma pessoa que tem contato com o cartel e que compra as drogas que
são enviadas para Nova York. Só quero saber os dias e horários em que esses carregamentos
saem, nada além disso. Se eles passam a mais alguém, não me interessa; só a esse que distribui em
Nova York. Em troca vou tirar sua família de lá e a colocar em um lugar seguro, como já fiz com a
família do Bruno. Você pode confirmar isso com ele. Eu sei também que eles a ameaçam e usam a
sua família, e você faz o que eles pedem por medo de que algo lhe aconteça, mas pode ficar
tranquila, que vou colocar sua filha e sua mãe num lugar seguro e mudar seus nomes. Depois que
esse serviço estiver acabado, você pode se juntar a elas e apagar o cartel de drogas da sua vida.
Ela fica me olhando séria. Pega seu celular e liga para alguém.
— Bruno, é a Amélia. Ela realmente protege sua família?
Ela ouve o que ele fala e desliga.
— Tudo bem, mas as quero fora do país no máximo até amanhã. Depois faço tudo que pedir.
Sorrio para ela. Conversamos mais um pouco, e lhe passo o nome de quem vai estar nos
carregamentos, pedindo-lhe que me informe qualquer coisa relacionada a essa pessoa.
Amélia vai embora, e continuo aqui esperando o próximo contato, que vai ser com a máfia
russa. O nome dele é Alex Pretov, é casado e tem uma filha. Sei que com ele vai ser mais difícil.
Caramba, ele é da máfia. Os caras não têm medo, e se algo os prejudica, eles matam sem nem
pensar duas vezes.
Quando Alex chega, mostro-lhe o dossiê que tenho sobre ele e sua família. Ele fica muito
bravo, mas não me importo. Eu quero acabar com o Andrew, então preciso ter contatos onde ele
faz seus negócios. No momento em que falo que posso proteger sua família, ele fica balançado e
acaba me contanto que só entrou na máfia porque foi o único jeito de manter quem ele amava
vivo, pois ele tinha visto um assassinato e os caras o pegaram. Por isso ele sempre faz tudo que lhe
é pedido, até mesmo matar, indo contra tudo o que ele acredita. Ele sempre faz de tudo para
proteger sua família.
Proponho a Alex o mesmo que propus a Amélia. Ele acaba concordando se eu realmente
puder proteger sua família. Afirmo que já vou encaminhar tudo para tirá-las de onde estão.
Conversamos mais um pouco, deixo-o a par de tudo que quero saber. Todavia, antes de ir embora
ele fala:
— Espero que saiba o que está fazendo, Srta. Makena, pois esses homens não são de
brincadeira. Se a descobrirem, você e todos que ama estarão mortos.
— Eu sei o que estou fazendo, Alex.
Ele se despede e sai. Vou embora e começo a mexer meus pauzinhos para tirar as famílias
deles da Venezuela e da Rússia. Depois de tudo acertado com um amigo, inclusive preparativos
para conseguir documentos falsos para os familiares dos meus contatos, vou para casa e me deito
no sofá. Está quase tudo pronto. Mais dois dias e estarei na empresa assumindo meu lugar e
acabando com a vida do Andrew.
Apesar de tudo, não consigo me sentir satisfeita. Não posso parar de pensar no Eric. Que
coisa, esse homem não sai dos meus pensamentos! Eu sei que estou evitando realmente analisar
meus sentimentos em relação a ele, pois estou com medo de descobrir o que não quero sentir.
Lembro-me que não tenho muitas roupas e acessórios em estilo executivo, que precisarei para
frequentar a empresa, e resolvo ir ao shopping fazer umas compras.
Depois de uma tarde ótima, chego a casa mais relaxada, mas ainda não consigo tirar o Olhos
Verdes da cabeça. Droga, por que ele tinha que ser tão intrometido? Podíamos estar aproveitando
um ao outro ainda.
Vou direto para o banho, mas antes de entrar no chuveiro, ouço a campainha tocar. Quem
será? O porteiro tem por obrigação avisar antes que alguém suba. Coloco meu roupão de seda e
vou atender.
Ao abrir a porta, deparo-me com o Eric à minha frente. Ele passa os olhos pelo meu corpo, e
seu olhar fica escuro. Puta que pariu, já estou molhada só de olhá-lo.
— O que você quer?
— Posso entrar?
Fico olhando séria para ele, na dúvida se o deixo entrar ou não. Realmente o quero de volta,
mas eu estou com muito medo pelos sentimentos que tenho em relação a ele.
— Só quero conversar, Emily, e me desculpar por mais cedo.
Fico incomodada por ele me chamar de Emily, pois ele sempre me chama de princesa. Resolvo
deixar ele entrar. Eric passa por mim, e seu braço roça no meu seio. Mordo o lábio com força para
não gemer. Ele sabe que me afeta.
Eric se senta no sofá, e eu me sento na poltrona em frente a ele.
— Me desculpe, princesa.
Fico desarmada. Droga, ele é sempre tão fofo e atencioso. Eu quero ficar com raiva dele para
terminar esse acordo, mas desse jeito está difícil.
— Eric...
— Me deixa falar primeiro, princesa.
Fico muda e resolvo escutá-lo.
— Eu fui um idiota essa manhã. Nós tínhamos um acordo, e eu não tinha direito nenhum de
querer saber de sua vida e muito menos de brigar com você, mas eu quero que entenda que
quando se trata de você, princesa, eu não sou o mesmo. Eu não consigo entender o que sinto em
relação a você, mas tenho uma certeza: eu te quero! Eu te quero ao meu lado, quero cuidar de
você, te proteger, e eu nunca sinto isso em relação a mulher nenhuma. Você mexeu comigo de uma
maneira que não consigo entender.
Acho que nesse momento acabei de virar geleia. Caramba, o que ele acaba de falar, homem
nenhum me falou. Sim, já fui protegida e cuidada, mas sempre por alguém da minha família, e
ouvir isso do homem que mexe com uma parte de mim que deveria estar bem escondida, faz meu
coração dar cambalhotas.
— Princesa, eu quero acabar com o nosso acordo.
Um buraco se abre no meu peito.
— O que eu quero de você vai além de um acordo. Eu quero você na minha vida, quero que
nos conheçamos de verdade, quero tentar algo a mais com você. Eu sei que falei que não era
adepto a compromissos, mas você me fez mudar a minha maneira de pensar. Princesa, quer ser
minha namorada?
Olho para ele com o coração disparado, ainda não acreditando no que ele me perguntou. Oh,
meu Deus! Abaixo minha cabeça e não sei como lhe responder. Se fosse pelo meu coração, seria
sim, sim e mais sim, mas eu sempre prefiro usar a parte racional, que fala para eu ficar o mais
longe possível, pois posso me machucar e machucá-lo, e não posso vê-lo machucado. Eu tenho
sentimentos confusos em relação a ele que ainda não consegui definir e sei que não posso feri-lo.
— Emily — ele fala se ajoelhando à minha frente, e com a mão levanta meu rosto, fazendo
com que eu olhe em seus olhos. O que vejo ali é determinação e sei que ele não vai desistir. — Eu
sei que você não gosta de relacionamentos, mas sei também que eu a afeto da mesma maneira
que você me afeta. Eu vejo isso em seus olhos. Então, princesa, só estou lhe pedindo uma chance.
Vamos ver aonde isso vai levar, e se não der certo, nós terminamos e continuamos amigos.
— Sim — falo num sussurro. Eu sei de todos os contras dessa relação, mas o que sinto em
relação a ele é mais forte que qualquer razão e eu quero saber o que realmente esse sentimento
significa. Também não sou forte o bastante para afastá-lo.
Eric me abraça e me dá o mais doce dos beijos, e nesse momento esqueço até quem sou. Ele
me carrega para o quarto e me coloca na cama como se eu fosse o mais precioso dos objetos.
Abre meu roupão e passa seus olhos pelo meu corpo, admirando-o como se quisesse gravar cada
pedacinho dele.
— Você é linda, princesa, e minha — ele fala com uma voz de posse como se eu realmente
pertencesse a ele, o que me faz sentir arrepios por toda a minha pele. Acaricia o meu corpo,
apreciando-o, beija-o inteiro, fazendo-me gemer por ele.
— Eric, por favor, eu preciso de você...
— Calma, princesa, hoje vai ser lento. Quero saborear você inteira, te fazer minha.
Oh, Deus! Suas palavras quase me fazem ter um orgasmo.
Ele faz o que prometeu: é lento, saboreando-me. Beija meus seios, e sinto sua respiração sobre
eles, o que leva uma pontada direto ao meu centro. Eric os acaricia e depois os chupa com
vontade, quase me levando ao êxtase só com sua boca. Meus gemidos estão cada vez mais altos.
Ele desce sua mão por minha barriga bem devagar, fazendo-me sentir um friozinho gostoso nela e
me arrepiando inteira. Quando ele encontra meu centro, dá um gemido gutural.
— Porra, princesa, toda molhadinha desse jeito, você me deixa louco.
Ele se levanta, tirando sua roupa. Olha para seu membro, louca para saboreá-lo, e ele
percebe as intenções ao me observar.
— Não, princesa, hoje é só para você.
Coloca-se entre minhas pernas. Espero sua investida, mas ele me surpreende me penetrando
devagar. Quando está todo dentro de mim, nós dois gememos. Eric começa a se movimentar de
forma lenta, apreciando nossa união, e se achei que não podia ficar melhor, estava muito
enganada. Isso está me levando ao céu. Fecho os olhos, absorvendo cada sensação.
— Abre os olhos, princesa, quero olhar dentro deles quando você gozar.
Ele começa a acariciar meu clitóris ainda investindo no mesmo modo lento. Mordo meu lábio e
sinto meu orgasmo chegando. Nesse momento Eric se perde nas sensações e começa a estocar mais
rápido, levando-me ao melhor orgasmo de toda minha vida. Eu tenho certeza que nesse momento
estou vendo estrelas. Ele goza em seguida, chamando meu nome, então se deita na cama,
atraindo-me para si e beijando minha cabeça. Começo a sentir meus olhos se fecharem, e ao
adormecer, sei que amo o Eric com tudo de mim, como eu nunca pensei em amar um homem.

Acordo de manhã com o interfone tocando. Sinto os braços do Eric ao meu redor e saio da
cama bem quietinha para não o acordar. Coloco meu roupão e vou para a cozinha atender o
interfone.
— Srta. Makena, tem dois moços querendo falar com a senhorita.
— Quais são os nomes deles?
— Dylan e André. Posso mandar eles subirem?
— Sim, pode autorizar sua entrada.
Olho o relógio e ainda são 7h30 da manhã. O que será que o Dylan e o André querem a
essa hora?! A campainha toca e vou atender.
— Olá, Emily, bom dia. Desculpe a hora, é que precisamos falar com o Eric e não o
encontramos. Ele está aqui? — pergunta o Dylan.
— Olá, Emily — fala o André. Eu estranho seu tom indiferente. Cadê aquele cara brincalhão e
que me chamava de linda?! Estranho.
— Oi, André, Dylan. Entrem, eu vou chamar o Eric.
— Não precisa, princesa, já acordei.
Olho para trás e o meu Olhos Verdes está só de calça, deixando aqueles músculos todos à
mostra. Ai, meu Deus, me ajuda, pois já estou molhada só de olhá-lo assim. Ele vem até mim e me
dá um beijo.
— Bom dia, princesa.
— Bom dia, Olhos Verdes.
— Bom, vamos parar com esse mel todo. Nós precisamos conversar, Eric — diz o André todo
sério, o que me deixa cada vez mais intrigada.
— Vou deixar vocês conversarem, vou tomar um banho — anunciou e vou em direção ao meu
quarto.
Depois do banho tomado e arrumada, vou em direção à cozinha preparar algo para comer.
Estou faminta. Depois vou fazer uma surpresa à minha amiga Gabriela. Chego à cozinha e vejo os
três amigos conversando enquanto tomam café.
— Vai sair, Emy? — pergunta o Eric.
— Vou, sim, quero visitar uma amiga que mora aqui e já não vejo há algum tempo.
Pego uma torrada e um xícara de café e começo a comer.
— Não sabia que você conhecia alguém aqui, você não comentou nada.
Olho para ele louca para lhe dizer que a vida é minha e não lhe interessa, mas lembro que
começamos a namorar, então lhe falo.
— Tenho um casal de amigos que mora aqui há quase um ano, mas até o momento só vi a ele
e estou morrendo de saudades dela.
— Quem seria? Talvez eu conheça.
Nesse momento meu celular toca, e não reconheço o número.
— Alô.
— Você é uma amiga superdesnaturada! Como você vem para Nova York e nem veio me
visitar ainda! Tive que saber disso através do Lucas.
Dou uma risada. A Gaby não mudou nada.
Percebo que os três estão me olhando.
— Nossa, eu “tô” bem, obrigada por perguntar. E você, como “tá”?
— Não muda de assunto, não, sua espertinha.
Reviro os olhos.
— Você estragou minha surpresa.
— Como assim?
— Eu ia hoje à sua casa lhe fazer uma surpresa e convidar você e o Lucas para um almoço,
mas o boca-grande tinha que falar que eu estava aqui, né?
— Não seja por isso, estou te esperando para o almoço, e depois vai ter que me contar
direitinho essa história de se mudar.
— Parece que todos têm essa mania de se meter em minha vida. Se eu me mudei foi por
opção minha, e vocês deveriam respeitar.
— O Lucas está preocupado com você, Emy. Ele acha que você está se metendo em algo
grande.
Fico indignada. O Lucas não tinha nada que chorar ao ouvido da Gaby sobre mim. Pego meu
copo, levo-o à pia e quase o quebro quando o coloco lá.
— Princesa? — chama o Eric com uma voz preocupada.
— De quem é essa voz, Emy?
Acabo dando risada. Com essa ela vai cair dura.
— Está sentada, Gaby?
— Hum, por quê? Devo ficar com medo do que você vai me falar?
— Bom, se não tiver, senta.
— “Tá”, sentei. E agora me diz de quem foi a voz que eu ouvi.
— Do meu namorado — solto de uma vez, e a linha fica muda.
— Gaby?
Nada
— Gaby, fala alguma coisa, pelo amor Deus. Olha, era só para levar um susto, e não
desmaiar, hein?
— Emy?
— Lucas, cadê a Gaby?
— Ela “tá” paralisada aqui ao meu lado. O que você falou para ela?
Começo a rir.
— Acho melhor eu só falar quando estiver aí, pois você pode ter a mesma reação que ela.
— Fala de uma vez, Emily.
— “Tá”, “tá”. Você que pediu. Eu estou namorando.
Viro-me de volta para os três, que estão com olhares interrogativos em minha direção.
— CARALHO, eu ouvi direito? — o Lucas berra ao telefone, fazendo eu o afastar, e não
consigo segurar a gargalhada.
— Bom, pelo menos você não ficou mudo. Sim, você ouviu direito, mas acho que no momento
fiquei surda com seu berro. Olha, eu estou indo para sua casa, daí nós conversamos. Vocês podem
começar com seus interrogatórios.
— OK, quando você chegar, conversamos melhor. Beijos, Emy, até daqui a pouco.
— Beijos, Lucas, até.
Desligo o telefone ainda sorrindo.
— Princesa?
— Oi, desculpa. Era a minha amiga de quem lhe falei agora há pouco, a Gabriela. Acho que
ela não acreditou quando falei que estava namorando.
— Hum, é tão difícil assim acreditar que você namoraria?
— Na verdade, sim.
Ele me olha de uma maneira estranha, e não consigo definir o que é.
— Certo. Você falou com um Lucas?
Há curiosidade em seu olhar.
— Sim, Lucas Lemos. A Gaby é sua esposa.
— Espera, Lucas Lemos que trabalha no escritório do FBI? — pergunta André.
— Sim, você o conhece?
— Sim, nós já instalamos alguns softwares para eles, e foi com ele que fechamos o acordo.
Não sei por quê, mas percebo que o André mentiu e não consigo entender o motivo, a não
ser... Não, não, isso é coisa da minha cabeça.
— Bom, vou lá, pois eles estão me esperando. — Pego a cópia da chave do meu apartamento
e a entrego ao Eric. — Fica com a chave e depois tranca tudo para mim, OK? Te vejo mais tarde.
Dou um beijo rápido nele, mas ele me surpreende me abraçando e aprofundando o beijo.
— Ligo para você mais tarde, princesa, para combinarmos algo.
— OK, lindo, até mais tarde. Tchau, rapazes.
— Tchau, Emy — fala o Dylan.
— Tchau, Emily — diz André.
Vou para a casa dos meus amigos me preparando para a enxurrada de perguntas que vou
ter que responder pela frente.

Observamos a Emily sair, e o Eric logo fala:


— André, acho que essa desconfiança toda foi por nada. Era só ter perguntado, pois ela
respondeu numa boa que conhece o Lucas e sua esposa.
— Não sei, Eric, tem alguma coisa aí. Sinto isso, só não sei o que é ainda.
— Cara, você disse que apoiava meu relacionamento com ela e agora fica nessa
desconfiança toda.
— Eu falei que, se você realmente a amasse, não era para desistir, mas em nenhum momento
disse que deixaria de descobrir o que ela esconde.
— Não adianta discutir com você, cabeça-dura! Vou tomar um banho para ir para a empresa.
— OK — falamos eu e o Dylan. Eric vai em direção a um corredor, e vou atrás dele, que entra
num quarto e se tranca no banheiro. Assim que ouço o chuveiro, começo a abrir as gavetas da
cabeceira à procura de algo que possa nos dizer algo mais sobre Emily. Visualizo seu notebook em
cima de uma mesa num canto, vou até ele e o abro.
— André, o que você está fazendo? O Eric vai ficar puto da vida com você por mexer nas
coisas dela.
— Olha, se vocês não estão a fim de descobrir o que ela esconde, eu estou.
Vejo as últimas páginas visitadas. Ela procurou vários nomes, incluindo os dos agentes do FBI,
juízes, promotores, advogados, policiais. Ah, com certeza aí tem coisa. Por qual motivo ela
procuraria por esses nomes em específico?
— André, você vai querer ver isso.
Viro-me, vejo o Dylan saindo do closet e me surpreendo com o que há em sua mão.
— O que diabos vocês estão fazendo?! — pergunta Eric furioso. — Vocês estão mexendo nas
coisas dela, porra!
— E olha o que encontramos — falo, e o Eric se aproxima, pegando uma Glock que o Dylan
achou no closet da Emily.
— Qualquer um pode ter uma arma, André.
— Ah, para, né, Eric!? Ela, uma filhinha de papai? Você está querendo se enganar! Escuta o
que eu “tô” falando: ela esconde algo, senão por que tem uma arma? E esses nomes que achei em
seu notebook? Para que pesquisar tantos nomes de pessoas específicas?
Ele vai até o notebook e vê os nomes pesquisados.
— Ela é advogada, deve estar procurando algo com que possa trabalhar, talvez pelo Estado,
e pesquisou esses nomes para alguma informação.
Puta merda, quando meu amigo quer fechar os olhos, ele é perfeito nisso.
— Continua se enganando, meu amigo, mas eu vou atrás de descobrir o que ela esconde.
Eu não vou deixar ele quebrar a cara como eu quebrei. Ele é meu irmão de coração, e faço
qualquer coisa tanto por ele quanto pelo Dylan.
— Você não vai mais investigar a vida dela, André.
— Cara, não me pede isso. Você me conhece.
— Se você a machucar com essas desconfianças, eu quebro a sua cara, entendeu?
— Nunca pensei que veria o dia em que você me ameaçaria por causa de uma mulher.
Saio do quarto e vou para a sala. Droga, será que ele não vê que não quero vê-lo
machucado? Tudo bem, eu falei para ele seguir em frente com ela, mas e se o que ela esconde o
machucar? Isso está me corroendo por dentro.
Eric aparece na sala seguido do Dylan, e vamos embora. Meu coração diz que ela é uma
pessoa boa, mas essa desconfiança não vai embora, e vou mover céu e terra para descobrir o
que ela esconde, podem esperar.
Passo um dia ótimo com a Gaby e o Lucas, mesmo tendo de responder a todas as suas
perguntas, na verdade interrogatório, pois quiseram saber tudo sobre meu namorado. Acho tão
estranho quando penso nisso... Meu namorado. Eu querendo ou não, meu coração dispara. Quando
falei o nome dele, o Lucas ficou com uma cara estranha, mas logo tentou disfarçar. Será que ele
conhece meu Olhos Verdes? Bom, se conhece, não comentou nada.
Depois que chego da academia, meu celular toca. Sorrio ao ver que é o Eric.
— Oi, Olhos Verdes.
— Olá, princesa
— Aceita jantar comigo?
— Claro, lindo.
— OK, passo às 8h para buscá-la.
— Vou ficar esperando.
— Tchau, princesa.
— Tchau, Olhos Verdes.
É a primeira vez que vamos sair em público, e não sei direito o que vestir. Opto por algo
simples e bonito, um vestido preto tomara que caia com um cinto rosa na cintura e a saia godê que
fica um pouco acima dos joelhos. Calço um par de sandálias pretas de saltos altos da Gucci.
Sapatos são uma das minhas paixões, e eu tenho vários da Prada, Gucci, Christian Louboutin, entre
outros. Faço um rabo de cavalo frouxo, uma maquiagem leve e espero meu gato.
Quando a campainha toca, vou rápido atendê-la e fico muda ao ver o meu Olhos Verdes com
um lindo buquê de rosas brancas.
— Oi, princesa. Você está linda — ele fala me entregando o buquê e me dando um beijo
casto. Eu ainda estou no modo muda. Nunca ganhei rosas, e ganhá-las do homem que amo é
incrível.
— Tudo bem, Emy?
Olho para ele e lhe dou um beijo de verdade, fazendo com que fiquemos ofegantes. Afasto-
me sorrindo.
— É a primeira vez que ganho um buquê de rosas — acabo confessando a Eric, que abre o
mais lindo dos sorrisos, o que me deixa com as pernas moles. Ele passa a mão em minha cintura,
fazendo-me arrepiar inteira.
— E eu quero ser o homem que lhe dá todas as suas primeiras vezes.
Oh, meu Deus! Com certeza agora já não sinto mais minhas pernas. Esse homem é perfeito, e
ainda não acredito que está comigo.
— Você está sendo, Olhos Verdes. Primeiro namorado, primeiro a dormir na minha cama e meu
primeiro buquê.
Ele me dá um sorriso sexy e me beija. Puta que pariu, eu sou uma mulher de muita sorte,
porque quando penso que ele já me beijou de todas as maneiras possíveis, que já experimentei
todas as sensações, sou surpreendida. Cada beijo sempre parece ser o primeiro, e sempre penso
que ele me estragou para qualquer outro.
Eric se afasta, mas fica com a boca encostada na minha.
— Nós precisamos ir, princesa, pois não respondo por mim se ficar mais um minuto com você
aqui — ele fala com a voz rouca quase num sussurro, enviando sensações direto para meu centro.
— Então vamos, só me deixa colocar as flores em um jarro.
Depois disso feito, vamos em direção ao seu carro, um Audi TT.
Chegamos ao restaurante, somos encaminhados a nossa mesa, e o garçom nos traz os
cardápios e oferece a carta de vinhos ao Eric. Tão machista, até parece que mulher não sabe
escolher vinho. Sou surpreendida quando o Eric passa a carta para mim.
— Escolhe você, princesa.
— Sério?
— Claro, confio em sua escolha.
Depois de olhar a carta, resolvo pedir um vinho que adoro, Châteauneuf du Pape. Eric dá um
sorriso torto.
— Por que esse sorriso?
— Adoro esse vinho, ótima escolha.
Dou um sorriso para ele. Nosso jantar é perfeito. O Eric sempre age como um cavalheiro e é
supercarinhoso, o que me deixa com um sorriso bobo no rosto. Acho que se a Beth me visse agora,
iria rir horrores da minha cara, mas sabem? Nem me importo, só quero curtir esse momento com o
meu namorado.
Depois do jantar damos uma volta pelo Central Park. Com certeza esse está sendo o melhor
dia da minha vida e ficará sempre guardado no meu coração.
Após o passeio vamos para meu apartamento e fazemos um sexo incrível. Acho que nem a
palavra incrível define o sexo com o Eric. O homem é um deus na cama, e eu, como não sou boba
nem nada, uso e abuso do meu deus do sexo.

Acordo de manhã procurando o meu Olhos Verdes e percebo que estou sozinha na cama. Há
um bilhete com uma rosa em cima do seu travesseiro.

Bom dia, princesa!


Precisei sair cedo, pois tinha problemas para resolver na empresa. Você estava dormindo tão
linda, parecendo um anjo, que não quis acordá-la. Gostaria de almoçar com você. Me liga para
combinarmos.
Beijos.
Do seu Olhos Verdes.
P.S.: deixei seu café preparado como você gosta.

Eu estou no céu. Esse homem me surpreende a cada dia, sendo assim tão atencioso comigo, e
não vou reclamar, estou adorando esse mimo. Meu Olhos Verdes não para nem em pleno domingo.
Para ir à empresa, deve ser algo urgente.
Levanto-me com um sorriso enorme, tomo um banho, coloco um short jeans e uma blusinha rosa
e vou até a cozinha. Fico surpresa. Eric preparou praticamente um banquete. Acho até que ele foi
ao mercado, pois eu tenho certeza que não tinha frutas em casa. Na mesa tem de tudo: frutas,
pães, sucos e meu adorado café. Tomo meu café da manhã e resolvo ligar para a Beth para
contar as novidades, mas meu celular toca antes.
— Emily falando.
— Srta. Makena, é a Amélia.
— Oi, Amélia.
— Bom, tenho informações para você. Amanhã estará chegando um carregamento em Nova
York para o senhor Andrew Toscana.
— Perfeito, só um minuto, que vou pegar um papel para anotar.
Depois de anotar onde esse carregamento vai estar, dou pulinhos de alegria. Está tudo indo de
vento em popa. Não pode ser mais perfeito.
Só quero ver o que vou falar para o Eric amanhã quando assumir minha parte na empresa
Zanon. Na verdade, não sei nem como lhe explicar, pois lhe disse que estava à procura de algo no
ramo de advocacia. Bom, até amanhã penso no que vou lhe contar.
Pego o celular e ligo para a Beth.
— Oi, Emy.
— Olá, Beth!
— Nossa, que voz mais animada. Viu um certo homem de olhos verdes, foi?
— Melhor que isso, tenho certeza que você vai cair para trás quando eu te contar — falo
rindo. Ultimamente estou parecendo louca de tanto que fico rindo.
— Certo, agora estou até com medo. Você está muito animadinha.
— Bom, então se prepara.
— Fala de uma vez, Emy, senão vou ficar sem unhas aqui.
— Eu estou namorando.
Silêncio.
— Beth?
— Hum, acho que estou ficando louca, porque juro que ouvi você dizer que estava
namorando, mais tipo, isso é impossível, você é praticamente alérgica a relacionamentos, certo?
— Na verdade você ouviu muito bem.
A Beth cai na gargalhada.
— Certo, isso é uma piada, né? Quase caio nessa, sua louca.
— Caramba, é tão difícil assim aceitar que eu estou realmente namorando? Olha, resolvi dar
uma chance a ele depois do que aconteceu na sexta.
— Oh, meu Deus! É sério mesmo?! Me conta tudo nos mínimos detalhes! Só você mesma para
me surpreender assim.
Conto a Beth tudo o que aconteceu de sexta até hoje e a ouço dar suspiros quando falo do
buquê, do jantar, do bilhete e do café da manhã.
— Você é a garota mais sortuda desse mundo. Esse homem é perfeito! Fiquei com inveja
agora.
Dou uma risada.
— Fica, não, você ainda vai encontrar alguém perfeito para você, como eu encontrei.
A Beth fica muda.
— Beth? Algum problema?
— Você se apaixonou por ele — ela afirma quase num sussurro incrédulo.
— Foi inevitável. Quando percebi, já estava caída.
— Emily, me escuta. Você precisa contar a verdade para ele. Você não pode deixá-lo no
escuro.
— Eu sei, só não sei como contar, e também não estou preparada para lhe falar sobre meu
passado.
— Olha, você estando preparada ou não, tem que contar. Ele tem o direito de saber no que
está se metendo.
— Eu sei, está bem? Eu vou contar, só não agora, e também tem outra coisa.
— O quê?
— Lembra que lhe falei sobre os amigos dele?
— Sim, você disse que gostou deles, disse também que tinha um brincalhão, se não me engano
o André, certo? E você adora isso nele.
— Bom, não sei o que aconteceu, mas ontem, quando eles estiveram aqui, o André me tratou
de uma maneira diferente. Não estava todo brincalhão, nem nada, estava supersério, e achei
estranho.
— Amiga, isso pode ser coisa da sua cabeça. Quem sabe ele não estava com um problema?
Daí toda essa mudança.
— Acho que você tem razão, eles chegaram aqui querendo falar algo sério com o Eric.
Provavelmente foi isso.
— Viu? Coisa da sua cabeça.
— Bom, preciso desligar, pois tenho que ligar para o Eric para combinarmos nosso almoço
juntos.
— OK, sortuda, vai lá com seu homem.
Rio do modo como a Beth se refere a ele e me despeço logo em seguida.
Ligo para o meu Olhos Verdes e combinamos de almoçar num restaurante na Quinta Avenida
bem próximo ao meu apartamento. Coloco uma saia longa azul com uma fenda na lateral, uma
blusa branca com um cinto prata na cintura, um par de sapatos altos fechados da Prada. Deixo
meus cabelos soltos e um pouco ondulados, faço uma maquiagem leve, pego minha bolsa e vou ao
encontro do meu homem perfeito.
Depois do almoço, Eric me convida para ir à praia, e como eu estou louca para ir, aceito na
hora. Passamos em nossos apartamentos para vestir nossas roupas de banho e vamos para a
praia.
Ver o meu homem só de sunga é o paraíso, especialmente vê-lo todo molhadinho da água do
mar. Quando tiro meu vestido para entrar na água com ele, Eric me olha de tal maneira que faz
meu corpo todo reagir.
— Não sei se gosto de você com essa peça minúscula.
Dou um sorriso safado para ele e me aproximo passando os braços em sua cintura.
— Humm, e por quê, lindo? Eu sempre usei, não tem nada de mais.
— Antes não tinha, mas agora você é minha, e não gosto desses abutres olhando para o que
é meu — ele fala num modo possessivo.
— Não precisa se preocupar, Olhos Verdes, eu só quero você.
Ele me dá um sorriso supersexy e me beija. Afasto-me e o chamo para a água.
Sinceramente essa última semana está sendo a melhor da minha vida. Quando estou com ele,
esqueço de tudo ao meu redor, até mesmo o motivo de estar em Nova York.
Depois de passar a tarde na praia, damos uma passada em seu apartamento para ele pegar
umas roupas, pois irá passar a noite comigo, e amanhã tem que ir cedo para a empresa.
— Princesa, só vou tomar um banho rápido e pegar uma roupa. Já volto.
Olho ele ir em direção à escada e estranho. Pensei que o quarto dele fosse esse na parte
debaixo. Dou de ombros, não querendo pensar nisso, e vou até a cozinha pegar algo para beber.
Pego uma cerveja e começo a tomá-la, quando ouço vozes vindo da sala.
— Sim, eu vi o carro dele na garagem. Deve estar em casa. — É a voz do Dylan.
— Bom, então vamos ver por onde esse sumido anda. Ultimamente só o vemos no escritório. —
Agora é a voz do André.
Vou em direção à sala.
— Olá, rapazes — falo e vejo esse olhar ainda sério no André e, por incrível que pareça, até
no Dylan.
— Olá, Emily — cumprimentam-me os dois.
— O Eric está?
— Ele “tá” tomando banho, André.
— Hum, vocês vão sair depois?
— Na verdade vamos para meu apartamento.
Como não sou de ficar quieta, principalmente com essa estranheza deles, vou logo
perguntando:
— Vocês estão estranhos. Por acaso é comigo?
Vejo eles trocarem olhares desconcertados.
— Não, Emily, claro que não. É que estamos com uns problemas, só isso. — fala o Dylan.
— Bom, se é só isso, então vocês jantam conosco no meu apartamento, OK?
Realmente não acredito muito na desculpa do Dylan. Acho que eles estão assim pelo Eric estar
passando muito tempo comigo, então resolvo fazer esse convite, assim eles ficam um pouco com ele.
— Não precisa, Emily — diz o Dylan.
— Não precisa se incomodar, Emily — fala o André.
Reviro os olhos para eles.
— Pelo amor de Deus, se fosse incômodo, não convidava, e além do mais, vocês são amigos do
Eric. Pelo que percebi vocês são praticamente irmãos, então vamos nos ver muito, principalmente
comigo o namorando. Então vamos parar de frescura e aceitar o convite.
— Vocês a ouviram, nada de desculpas. Vocês vão jantar conosco no apartamento dela —
afirma o Eric descendo as escadas.
— Bom, já que vocês insistem, vamos lá.
Combinamos de nos encontrar no meu apartamento, despedimo-nos e vamos para minha casa.
Ao chegar lá, já aviso ao porteiro que eles podem subir quando chegarem. Vou tomar um banho
enquanto o Eric pega meu notebook para verificar seus e-mails. Depois de um banho relaxante,
encontro meu Olhos Verdes dormindo na minha cama. Vou até ele e lhe dou um selinho, passando a
mão em seu rosto. Ele é tão perfeito que até parece mentira que isso tudo é meu.
Deixo-o dormindo e vou à cozinha preparar nosso jantar. Resolvo fazer fettuccine com salmão
ao molho pomodoro, minha especialidade. Começo a preparar e coloco um vinho para gelar. Ouço
a campainha tocar e vou atendê-la. Os rapazes entram, e vou chamar o Eric.
Acordo-o com vários beijos pelo seu rosto, fazendo ele acordar com um sorriso.
— Humm, é bom acordar com seus beijos — ele diz, pegando-me pela cintura, jogando-me na
cama e ficando por cima de mim, fazendo eu soltar um gritinho.
— Para com isso, seu bobo, seus amigos já chegaram e estão esperando.
— Hum, eles estragaram meus planos com relação a você — ele diz passando a língua em
meu pescoço. Solto um gemido.
— Mais tarde você vai poder fazer tudo que quiser comigo, mas agora vamos lá, senão o
jantar vai queimar.
Ele me dá um olhar espantado.
— Você está cozinhando?
— Lógico, como você acha que vamos jantar?
— Pensei que pediria algo em algum restaurante. Não precisava cozinhar, princesa.
— Eu não me importo e até gosto. Agora chega de papo e vamos.
Ele se levanta me puxando também e vamos para a sala. Assim que chegamos, vejo-os darem
um sorriso malicioso para o Eric.
— Você estava num sono pesado, né, meu amigo? Demorou para Emily te acordar.
Nesse momento vejo o André brincalhão novamente em ação, sorrindo. Adoro esse lado dele.
— Isso é inveja, André?
— Meu amigo, estou muito bem solteiro e desimpedido, sem nenhum rabo de saia no meu pé.
Vou até a cozinha e termino de preparar nosso jantar enquanto eles ficam na sala
conversando. Ponho a mesa para nós e os chamo.
— Humm, o cheiro está ótimo — afirma o Dylan.
Começamos a jantar, e ouço a campainha tocar. Estranho. Quem será a essa hora?
Vou até a porta atendê-la e, quando a abro, quase caio dura com quem vejo à minha frente.
— Ei, vai ficar parada aí e não vai me abraçar? Eu estava morrendo de saudades de você.
É ninguém mais, ninguém menos do que minha amiga Beth e suas malas.
Abraço-a forte. Estava morrendo de saudades dela, e a ter aqui seria ótimo, se não fosse
perigoso. Cabeça-dura... O que ela está fazendo aqui?
— Eu também estava com saudades, mas o que você está fazendo aqui? Você sabe que é
perigoso, esse é o motivo de eu ter vindo sem avisar a ninguém. E outra coisa, como descobriu onde
eu estava morando?
Ela me dá um sorriso e se afasta, entrando com suas malas.
— Olha, eu sei que você não está nada feliz que eu tenha vindo, mas eu não vou deixar você
sozinha aqui. E você também sabe que sempre quis vim morar em Nova York e que também tenho
minhas fontes. Assim consegui seu endereço. Hum, que cheiro é esse?
— Não muda de assunto, não. Eu juro, Beth, às vezes dá vontade de te dar uns tapas. Custava
ter ficado quietinha lá até eu resolver tudo aqui?
— Custava, sim. Eu não vou ficar lá e passar o dia inteiro com a cabeça em você, preocupada
que algo lhe aconteça por você não desistir dessa ideia.
Dou um olhar de raiva para ela. Droga, com ela aqui fica tudo mais complicado.
— Princesa, algum problema?
Olho para trás e vejo os três olhando de mim para Beth. Dou um sorriso forçado.
— Não.
— Ei, esse é o seu Olhos Verdes? — pergunta Beth, e lhe dou um olhar que ela conhece muito
bem. Ela sabe que essa conversa não terminou.
— É, sim, Eric. Essa é a Beth.
Ele dá um sorriso para ela e vem cumprimentá-la.
— Muito prazer em conhecê-la, Beth. É bom dar um rosto ao nome.
— O prazer é todo meu. Finalmente conheci o único homem que conseguiu virar a cabecinha
da minha amiga. Quase tive um treco quando ela falou que vocês estão namorando.
Ele solta uma risada e olha para o André e Dylan.
— Bom, deixa eu lhe apresentar meus amigos, Dylan Duran — ele fala apontando em direção
ao Dylan, que dá um sorriso matador em direção a Beth. — E esse é André Hoffman.
Quando ele fala André Hoffman, quase desmaio. Olho rápido na direção dele. Quando nos
conhecemos, fomos apresentados somente com nossos primeiros nomes, e só agora sei disso. Oh,
meu Deus, ele é filho do Hector, o homem de quem comprei as ações da Zanon, e é bem provável
que eles conheçam o Andrew. Agora eu sei que estou completamente ferrada.
— Algum problema, Emily? — pergunta o André, pois ele viu minha reação quando o Eric
falou seu nome completo.
Olho para ele ainda sem saber o que responder.
Eu sei que o André ficou ressentido depois do que aconteceu na casa da Emily, mas ele não
tinha o direito de mexer nas coisas dela. Eu sei que ela tem segredos, mas quero que eles sejam
contados por ela. Não quero descobri-los porque meu amigo não consegue ficar quieto. Foi bom
vê-lo no meu apartamento depois do que aconteceu. Minha princesa foi firme no que disse, que
eles eram parte da minha vida, então teriam que ser da dela também por ser minha namorada.
Ela acabou os convencendo a ir jantar em seu apartamento.
Estamos todos jantando. A campainha toca e Emily vai atender a porta. Como ela está
demorando, resolvo ir ver quem é, e André e Dylan me seguem. Fico um pouco ressabiado com o
que escuto.
— Custava, sim. Eu não vou ficar lá e passar o dia inteiro com a cabeça em você, preocupada
que algo lhe aconteça por você não desistir dessa ideia.
Ela não nos vê, e a chamo:
— Princesa, algum problema?
Ela olha para nós e vejo um sorriso forçado nos seus lábios, e fico me perguntado quem é a
mulher que está na sala com ela.
— Não.
— Ei, esse é o seu Olhos Verdes? — pergunta a mulher na sala, e logo desconfio que seja a
Beth, mas se elas são amigas, por que a Emy está tão incomodada?
— É, sim, Eric. Essa é a Beth.
Dou-lhe um sorriso e vou cumprimentá-la.
— Muito prazer em conhecê-la, Beth. É bom dar um rosto ao nome.
— O prazer é todo meu. Finalmente conheci o único homem que conseguiu virar a cabecinha
da minha amiga. Quase tive um treco quando ela falou que vocês estão namorando.
Dou uma risada. Já estou me acostumando a todos ficarem abismados pela Emily estar
namorando.
— Bom, deixa eu lhe apresentar meus amigos, Dylan Duran — falo apontando em direção ao
Dylan, que dá um sorriso safado para a Beth. — E esse é André Hoffman.
Percebo o André olhar em direção a Emy e noto que ela está com os olhos arregalados para
ele.
— Algum problema, Emily? — pergunta o André desconfiado.
Ela fica muda por alguns segundos, e logo seu rosto vira uma máscara indecifrável.
— Não, nada. É que, quando nos conhecemos, só falamos nossos primeiros nomes, e fiquei
espantada por saber de quem você é filho. O Sr. Hoffman é muito bem falado no mundo dos
negócios.
Se ela está mentindo, não sei, pois com essa máscara não consigo ler suas reações e
sentimentos. O André parece que não acredita muito, mas deixa por isso mesmo.
— Bom, Beth, esse cheiro é do seu prato predileto. Nós estávamos jantando quando você
chegou. Quer se juntar a nós? ― pergunta a minha princesa.
— Claro, né? Ainda mais sendo fettuccine com salmão ao molho pomodoro — Beth responde
juntando as mãos.
Encaminhamo-nos para a cozinha, sentamo-nos e voltamos a atacar a comida da minha
princesa, que está uma delícia. Começamos a bater um papo descontraído, e a Beth fala um pouco
das artimanhas das duas.
— Não, vocês não podem acreditar no que essa louca já me meteu ― fala ela rindo.
Olho em volta e percebo os rapazes descontraídos e a minha princesa revirando os olhos
para Beth. Sinto-me tão bem nesse momento com os caras que são meus irmãos e a mulher que
amo.
O jantar transcorre de forma perfeita, em clima descontraído. Eu e os rapazes limpamos a
cozinha, deixando as meninas de boca aberta. Minha princesa até falou que ia limpar, mas eu lhe
disse que, como ela tinha cozinhado, nós íamos limpar. Ela aproveita esse tempo para levar a Beth
para o quarto de hóspedes.
— Ela não gostou nada de a Beth ter aparecido, você notou?
— Caramba, André, vai começar? Estava tudo tão bem, mas essa sua cabeça não para.
— Ei, desculpa, só não consegui deixar de perguntar. Não precisa responder.
— André, por favor, deixa isso para lá. Quando ela estiver pronta, ela mesma conta.
Ele fica quieto. Depois que limpamos tudo, vamos para a sala, e eles logo se despedem,
dizendo que amanhã nos vemos. Minha princesa aparece na sala com uma carinha de sono que a
deixa mais sexy ainda.
— Os rapazes já foram? ― ela pergunta se sentando no sofá, e a trago para meus braços,
colocando sua cabeça em meu peito. Fico aqui passando a mão em seus cabelos. Parece tão certo
estar aqui com ela.
— Sim. E a Beth já está acomodada?
— Sim — ela fala bocejando.
Pego-a no colo, e ela dá uma risadinha de surpresa. Adoro quando ela solta essas risadas, ela
fica ainda mais linda. Carrego-a para o quarto e a coloco na cama, cobrindo-a. Tiro minha roupa,
ficando só de cueca boxer e me deito ao seu lado, abraçando-a. Não se passam nem dois minutos
e sinto sua respiração ficar leve. Ela deve estar cansada, por isso que apagou tão rápido. Fico
aqui a olhando dormir até que a névoa do sono me pega.

Pela manhã acordo primeiro que ela e verifico o relógio. Já são 7h30. Fico admirando-a por
um momento e logo me levanto para me arrumar, pois tenho que estar cedo no escritório hoje.
Depois de pronto, vou até a cozinha tomar café da manhã e encontro a Beth já acordada e com
uma xícara na mão.
— Bom dia, Eric — ela fala me dando um sorriso.
— Bom dia, Beth. É café?
— Sim, acabei de fazer.
Pego uma xícara, vou até a geladeira, pego geleia e torradas e me sirvo. A Beth me dá um
olhar divertido.
— O que foi?
— Nada, é só que você parece tão familiarizado com a cozinha da Emy... Isso é tão estranho.
Ela ri, e rio junto. Termino meu café e me despeço da Beth.
— Fala para a princesa que ligo para ela mais tarde e que lhe deixei um beijo.
— Princesa?
— É a maneira como a chamo.
— Posso saber por quê?
— Quando a vi pela primeira vez, ela parecia uma mulher impossível de se alcançar, sabe?
Toda fria, impenetrável, me fez lembrar de uma princesa. Normalmente elas são impossíveis de
alcançar, sempre na torre de um castelo, ou num sono profundo. Somente seus príncipes podem
salvá-las, e me vi como um desses príncipes, mesmo na realidade não sendo um, mas fui quebrando
suas barreiras aos poucos e conseguindo conquistá-la. Bom, devo ter acertado em algo, pois ela
está me namorando, coisa que, como você disse, era impossível de imaginar.
Ela solta um suspiro, fazendo-me rir.
— Certo, você não me ouviu suspirar, “tá” bom? Se falar para alguém, acabo com você.
Deus, essa Beth não existe, penso soltando uma gargalhada.
— Quem suspirou?
— Homem esperto.
Damos um sorriso um para o outro, e me despeço dela. Chego ao escritório, e os rapazes já
estão aqui. Começamos a fazer nosso serviço. Quando são umas 10h, o André entra na minha sala
de reunião, onde eu estou com o Dylan e mais dois caras.
— Você não sabe o que Andrew fez.
— O quê?
— A pessoa misteriosa apareceu e assumiu seu lugar na empresa hoje, e o Andrew, quando
soube, ligou para meu pai e o ameaçou.
— O QUÊ?! Ah, mas não vai ficar assim mesmo! O que ele falou?
— Perguntou por que meu pai vendeu as ações e disse que, se ele iria vendê-las, teria que ser
para ele, que já é dono de uma boa parte da empresa. Meu pai disse que o que ele fazia ou
deixava de fazer com as ações era assunto dele e que não era para ele se meter, e o Andrew
falou bem claro: “você mexeu com o homem errado, Hector. Essa sua traição trará consequências
para você”.
— Estou indo lá agora. Se ele pensa que pode ameaçar o Hector, está muito enganado. Eu
acabo com ele antes.
Estou puto da vida. Ele não tem o direito de ameaçar o Hector, que eu considero como um pai.
Ele não perde por esperar. Viro-me em direção à porta, e o Dylan e o André me seguem. Nós
somos um time, sempre foi assim, e se é para enfrentar o Andrew, iremos juntos.
Quando chegamos à empresa, vamos direto ao seu escritório. Sua secretária está aqui, e vou
até ela, perguntando:
— Christine, onde está meu pai?

Meu Olhos Verdes já não está mais na cama quando acordo de manhã. Lembro-me de como
foi a nossa noite ontem. Mesmo com a chegada inesperada da Beth, fiquei feliz por tê-la aqui.
Depois de ver três homens superquentes limpando a minha cozinha e de acomodar a Beth no
quarto de hóspedes, dormi agarradinha ao meu lindo.
Levanto-me, tomo um banho, arrumo-me e vou para a cozinha. É hoje que vou assumir minha
parte na empresa e dar início ao meu plano. Beth está ao balcão, mexendo em seu notebook, e
assim que me vê, sorri.
— Bom dia, bela adormecida.
Reviro os olhos. Só a Beth mesmo.
— Bom dia, majestade — falo para implicar um pouco com ela, e dá certo, pois ela me dirige
um olhar que faria qualquer um sair correndo, mas como sou eu, só caio na risada.
— O seu homem lhe deixou um beijo e disse que mais tarde te liga.
— Hum, pena que não acordei com ele, assim poderia me despedir corretamente.
— Não quero nem saber o que “se despedir corretamente” significa.
— Você quer, sim, mas tenho que ir, hoje assumo minha parte na empresa Zanon. Já era para
eu estar lá, estou atrasada.
Olho o relógio e já são quase 9h.
— OK, mais tarde nos falamos.
A Beth me avisa que vai sair para conhecer a cidade e para eu não me preocupar se chegar
em casa e ela não estiver. Despeço-me dela e, quando desço, encontro o Brian me esperando.
— Bom dia, patricinha.
Reviro os olhos. Estou feita com esse segurança.
— Você vai no meu carro? ― Nem respondo ao seu bom dia e vou direto ao assunto.
— Sim, por hoje é melhor. Vai ter outro segurança nos seguindo em outro carro.
— Droga.
— O que foi? Quebrou a unha, paty?
Sério, agora ele vai até abreviar o “patricinha”?!
— Não, idiota, tenho que ligar para o Christian e avisar que a Beth veio para Nova York.
— Não precisa se preocupar, paty, ele já tinha mandado os seguranças por precaução antes
do dia em que você pediu. Ele está na entrada do prédio e vai cuidar de sua amiga.
— Melhor que a encomenda. O Lucas não mentiu quando disse que vocês eram os melhores no
ramo.
Ele dá apenas um sorriso. Encaminhamo-nos para o carro e vamos para empresa. Subimos
direto para o escritório onde fica a presidência. Assim que o elevador chega, vejo uma mulher de
mais ou menos uns 35 anos sentada atrás de uma mesa e vou até ela.
— Bom dia, gostaria de falar com o Sr. Toscana.
— Tem hora marcada, senhorita...
— Makena, Emily Makena, e não tenho hora marcada, mas lhe garanto que ele vai querer me
receber.
— Desculpe, Srta. Makena, mas o Sr. Toscana só atende com hora marcada.
Nesse momento a porta ao lado de sua mesa se abre e sai o homem que tanto odeio.
— Christine, pode me dizer onde estão os documentos... ― Ele para de falar ao perceber
minha presença. Olha-me de cima a baixo e dá um sorriso nojento. Deus! Não achei que ia ser tão
difícil olhar para a cara desse monstro, mas é, pois nesse momento vem à minha mente toda a cena
da morte da minha família. Vou em sua direção.
— Bom dia, Sr. Toscana. Chamo-me Emily Makena e acredito que o senhor vai querer falar
comigo.
Passo-lhe os documentos lhe mostrando que sou a nova dona de 45 por cento das ações da
empresa. Ele pega a pasta, abre-a e lê seu conteúdo. Seu maxilar cerra e ele me olha friamente.
— Acompanhe-me até minha sala.
Entra na sua sala. Eu o sigo, e o Brian vem logo atrás.
— Quem é esse cara? — pergunta Andrew com uma voz gélida.
— Meu segurança. Aonde eu vou, ele vai.
Ele me observa mais atentamente.
— Como você conseguiu comprar essas ações? O Hector e o Philip não queriam vendê-las de
jeito nenhum.
Olho para ele da mesma forma que me olhou.
— Acho que não vem ao caso como eu consegui e muito menos lhe diz respeito. Agora tenho
meu lugar na empresa, que era o mesmo do Hector: vice-presidente.
— Olha aqui, mocinha, você não sabe com quem está se metendo, então cuidado com o tom
quando falar.
Dou-lhe um sorriso cínico e vou em direção à porta.
— Eu sei com quem estou mexendo, mas você sabe? — Ele arregala os olhos por um momento,
mas logo em seguida seu rosto se torna uma máscara indecifrável. — Agora quero saber onde
fica minha sala.
Saio do escritório e vou em direção à secretária.
— Você pode me mostrar onde é a sala da vice-presidência?
Ela olha espantada na minha direção, e nesse momento o Andrew vem até nós.
— Christine, ela vai ser a nova vice-presidente. O Hector e o Philip venderam suas ações para
ela. Mostre-lhe sua sala.
— Claro, Sr. Toscana. Acompanhe-me, Srta. Makena.
Ela me leva à porta que fica ao lado da sala do Andrew. Ao entrar fico fascinada, pois a
imensa janela fornece uma visão privilegiada de Nova York.
Dispenso-a e me sento na minha cadeira. O Brian fecha a porta assim que ela sai.
— Você subiu no meu conceito hoje, Srta. Makena.
— Srta. Makena? Cadê a patricinha?
— Bom, fiquei espantado quando você enfrentou o homem de igual para igual, principalmente
quando disse que sabia com quem estava mexendo e também perguntou se ele sabia. Realmente
você não tem nada de patricinha como pensei no primeiro momento.
Dou uma risada.
— Nunca julgue um livro pela capa, já ouviu esse ditado?
Ele ri.
— Sim, e realmente é verdadeiro. Bom, vou ficar do lado de fora e deixar você se atualizar
sobre a empresa.
— Certo.
Assim que ele sai, chamo a Christine e peço uma reunião com o pessoal do financeiro. Quero
saber qual é o atual estado da empresa e também os nomes de todos nossos associados.
Ela sai dizendo que vai providenciar o que pedi. Às ١٠h me informa que vai haver uma
reunião com um associado e pergunta se eu gostaria de participar. Concordo na hora e me
encaminho para a sala de reuniões.
Quando a reunião acaba, a porta se abre e quem entra me deixa a ponto de desmaiar. O
que o Eric está fazendo aqui e ainda por cima com seus amigos? Estou ferrada!
Ele vai direto ao Andrew e não percebe que estou na sala, mas seus amigos olham em volta e
fixam seus olhos em mim. Droga, droga, estou realmente ferrada.
O Eric começa a praticamente berrar com o Andrew, e presto atenção para saber o porquê.
— Eu juro por Deus que não respondo por mim se você ameaçar mais alguém de quem gosto!
— Do que você está falando, garoto?
— Não me chame assim, já sou um homem, coisa que você nunca vai saber o que é! E não se
faça de desentendido, você sabe muito bem do que estou falando!
— Pelo que percebo, o Hector já foi chorar em seus ouvidos, certo?
Nunca vi o Eric tão possesso, está até me assustando. Tem algo a ver com o Hector.
— Chorar em nossos ouvidos? Você é louco? Você o ameaçou por ter vendido as ações da
empresa!
Nesse momento quem fica possessa sou eu. Como é que é? Ele ameaçou o Hector por ter
vendido as ações? Ah, mas não vai ficar assim mesmo! Ele não vai machucar mais ninguém se eu
puder impedir. Levanto-me e passo na frente do Eric, que parece ficar surpreso.
— Você ameaçou o Hector, Andrew? Vou deixar algo bem claro: se algo acontecer a ele, aí,
sim, você vai saber com quem está mexendo!
— Emily? — pergunta o Eric confuso. — O que você está fazendo aqui?
Antes que eu responda, o Andrew fala primeiro olhando para mim:
— Você a conhece, meu filho?
Sinto um buraco em meu estômago. Não, eu não ouvi direito!
— Seu o quê? ― pergunto olhando para o Eric, que ainda parece confuso por me ver aqui.
— Meu filho, Eric Toscana.
Devo estar branca feito papel, pois ainda não estou acreditando que o homem que amo é
filho do homem que odeio com todo meu ser.
— Não, ele se chama Eric Taylor.
— Eric Taylor Toscana, mas normalmente ele usa só o nome da mãe.
Olho para o Eric querendo sua confirmação.
— Ele é seu pai?
— O que você está fazendo aqui, Emily? — ele pergunta e não responde a minha pergunta,
deixando-me louca. Oh, meu Deus, por favor, me diz que ele não é filho do homem que odeio!
— Ela é a mais nova acionista da empresa, meu filho. Comprou a parte do Hector e do Philip
na empresa.
— É verdade, Emily?
— Sim — sussurro. — Me responde. Ele é seu pai?
Ele olha para mim, e nesse momento não vejo o homem por quem me apaixonei e sim um
homem frio que não deixa seus sentimentos aparecerem. Isso me assusta. É o inferno.
— Sim — ele responde numa voz fria que nunca usou comigo. E esse seu “sim” acaba comigo
de uma maneira que nunca achei que fosse possível. Tento me recompor pelo menos por fora, pois
por dentro estou destruída, e olho para o Andrew novamente.
— Se eu sequer sonhar que você ameaçou o Hector ou sua família, até mesmo o Philip, você
vai se arrepender. Você vai odiar ter me conhecido, então nem tente.
Olho para os amigos do Eric ainda parados à porta assistindo a toda a cena, incrédulos, e
também para o Eric, que nesse momento penso que é uma pessoa que eu não queria ter conhecido.
— Estou indo para casa. Me encontra lá, que conversamos.
— OK.
É a única resposta que escuto. Vou em direção ao elevador com o Brian atrás de mim.
— Você está bem, Emily?
— Sim, só preciso ir embora.
— OK.
Assim que chego ao meu carro, o Brian pega as chaves e diz que vai conduzir. Nem contesto,
pois não tenho condições de pegar o volante.
Chego ao meu apartamento e me sento no sofá ainda não acreditando no que aconteceu.
Logo em seguida a campainha toca. Abro a porta e vejo ainda o mesmo Eric que estava no
escritório de seu pai. Argh, quando penso nisso dá até vontade de vomitar.
— Entra.
Ele entra, fecho a porta e me viro para ele, que está parado no meio da sala me olhando
friamente, e mesmo assim não consigo deixar de pensar que ele é o homem mais lindo que já vi.
— Quer me explicar o que está acontecendo? Afinal, há alguns dias você estava procurando
um emprego de advogada e agora é dona de quase metade das ações da empresa do Andrew.
— Eric...
— Você mentiu para mim, porra! Você comprou essas ações há uma semana, e quando lhe
perguntei há alguns dias sobre seu trabalho, você disse que estava à procura de algo, e
novamente quando perguntei se já tinha arrumado alguma coisa, você mentiu.
Ele anda de um lado para o outro passando as mãos no cabelo.
— Eu não sabia como te contar, mas hoje quando chegasse em casa, eu ia te falar.
— Me poupe, Emily. Chega de desculpas. Você não me falou até agora, duvido que fosse me
falar algum dia se eu não fosse filho dele. Acho que até disso você sabia, né? Nossa, e como o
André me avisou, dizendo para eu abrir o olho, que você escondia algo. Eu só não imaginava isso.
Você me enrolou esse tempo todo, sabia o tempo inteiro quem eu era. Só não sei o que você
ganharia com isso.
Cada palavra que ele fala, mata uma parte de mim. Eu nunca teria coragem de enganá-lo
dessa maneira, será que ele não vê?
— Eu não enganei você, eu omiti, sim, algumas coisas, mas eu realmente não sabia que você
era filho dele. Pelo que vi hoje naquela sala, você o odeia, então me diz que proveito eu iria tirar
disso?
Eu sei que não consigo esconder a dor em minha voz, mas se ele percebe, não demonstra. De
repente ele fica branco.
— Céus! É pior do que eu imaginava. Você sabe que sou dono dos dez por cento que
poderiam torná-la a presidente da empresa. Foi por esse motivo, Emily? Por essas ações que você
se aproximou de mim?
Deus! Ele está me tornando a pior das pessoas. Não sei se consigo ouvir ele falar algo mais.
— Vai embora, Eric — falo abrindo a porta.
— Não antes de você me falar o motivo de ter comprado essas ações. De ter me enganado
desse jeito, porra.
Ele vem até a porta e a fecha novamente com um empurrão, fazendo um barulho enorme. Eu
me encolho.
— Não lhe interessa, não lhe diz respeito. Você já me julgou e condenou sem nem mesmo me
escutar. Vai embora, não quero mais você aqui.
Ele tem que ir logo, pois não vou aguentar muito tempo sem desabar e não quero que ele veja
o quanto me machucou.
— Você não vai falar mesmo, né? Nunca mais me procure, a não ser se for para falar a
verdade pelo menos uma vez.
Ele abre a porta e sai, fechando-a a seguir. Assim que a porta bate, ando até o sofá como se
estivesse anestesiada e me deito nele, abraçando meus joelhos, encolhendo-me para ver se a dor
diminui. Ouço o barulho da porta, mas nem me importo com quem seja, só quero ficar quietinha
aqui.
— Emy? O que aconteceu?
Ouço a Beth falar enquanto se senta no sofá colocando minha cabeça em seu colo, e nesse
momento desabo. Ouço barulhos estranhos e depois percebo que estão saindo de mim. Pela
primeira vez em 16 anos choro, um choro de dor, muita dor. Não vou aguentar essa escuridão em
meu peito.
— Emy, você está me assustando.
Ouço muito ao longe a Beth murmurar, e pelo tom deve estar chorando, mas nesse momento
não me importo, só continuo com meus soluços desesperados. Eu não sabia que amar um homem dói
tanto.
— Dói, Beth! Dói muito! — falo desesperada.
— Calma, Emy, tenta se acalmar.
Nada no mundo vai fazer eu me acalmar. Não sei quanto tempo fico chorando, mas sei que a
Beth ainda está aqui comigo, ainda sinto sua mão passar no meu cabelo. Quando sinto o sono
chegar, penso que ele nunca foi tão bem-vindo. A dor vai passar pelo menos enquanto eu dormir.

Eu não sei quem é essa garota, mas ela vai pagar muito caro por estar se intrometendo em
meus negócios. Foi interessante saber que ela tem algo com o Eric, meu filho, que é um ingrato. Nem
isso aquela desprezível da minha mulher conseguiu... fazer um verdadeiro homem. A tal da Emily
ainda teve a petulância de me ameaçar. Ela não me conhece. Não mesmo.
Dou ordem aos meus homens para a vigiar. Quero saber tudo a seu respeito. Mando investigar
sobre seu passado, tudo que me possa dizer por que uma garota de Jacksonville comprou as
ações da minha empresa.
— Senhor, aqui está o que já conseguimos levantar sobre a Srta. Makena. — fala Bruno, um
dos meus homens de confiança.
Pego o que ele tem e começo a folhear. Todavia, nada de importante aparece. Ela cresceu em
Jacksonville, foi para Stanford e se formou em duas faculdades. É uma pessoa exemplar. O que
diabos essa garota quer aqui?!
Mando procurar mais a fundo. Ela quer algo, e eu vou descobrir nem que eu tenha que
machucá-la para conseguir. Eu estou possesso. Por anos tentei comprar as ações do Hector e do
Philip, e os idiotas nunca me venderam, e de repente aparece essa garota de não sei onde e
consegue o que eu sempre quis. Aí tem algo, e vou descobrir o que é.
Quando resolvi vir a Nova York, foi por dois motivos. O primeiro foi pela Emily, pois eu não iria
deixá-la sozinha. Por mais que ela me quisesse longe, a Emily e sua família são muito importantes
para mim.
Quando eu estava com 16 anos, perdi meus pais num acidente de carro, e na época eu não
tinha ninguém para me amparar, nem mesmo um familiar, pois todos já estavam mortos. Meus pais
eram filhos únicos, então, sem meus avós tanto maternos quanto paternos vivos, eu não sabia qual
seria meu futuro. A Emily e sua família me receberam de braços abertos. E também foi uma
surpresa o testamento do meu pai. Ele tinha designado a família Makena como minha tutora em
caso da morte dele e da minha mãe. Meu pai não era um homem rico, mas me deixou uma boa
poupança para minha faculdade e a nossa casa.
No começo me senti uma intrusa na família da Emily, mas todo mundo sempre fez eu me sentir
em casa e esse sentimento logo passou. Anna, a mãe da Emily, sempre me tratou como uma filha
também, nunca me tratando diferente dos filhos delas, o que me fez amar mais ainda essa família.
Ela é tudo para mim. Eu amo muito a Emy, ela foi meu suporte quando eu estava mal pelos meus
pais, quando sofri pelo meu primeiro e único amor. Quando o pai da Emy morreu, eu senti a mesma
dor que senti com a perda dos meus pais. Ele tinha se tornado meu segundo pai, e perdê-lo foi
muito difícil para a família inteira.
Eu nunca escondi nada da Emy, ela sempre foi minha confidente, mas quando eu estava com
vinte anos, descobri algo sobre meus pais que me deixou muito mal e não consegui contar aquilo a
ela. Preferi deixar a sujeira que minha mãe fez escondida e deixar todos pensarem que meus pais,
principalmente minha mãe, eram pessoas maravilhosas, quando na verdade foram dois mentirosos.
O segundo motivo de minha vinda a essa cidade foi a ligação de uma galeria de Nova York
me convidando para expor minhas fotografias. Pulei de felicidade, pois esse sempre foi meu sonho,
e estou conseguindo realizar. Tenho três semanas para deixar tudo pronto. Ainda não consegui
contar a Emy essa novidade, pois nem tivemos tempo de conversar direito, mas assim que ela
chegar a casa, contarei tudo a ela e me prepararei para escutar seus sermões por não ter
contado antes e por ter vindo sem avisar.
Depois que ela sai para o trabalho, vou dar uma volta por Nova York e ver se eu capturo
mais imagens para minha exposição. Quando estou passeando pelo Central Park, percebo uma
moça muito bonita. Ela olha para todos os lados como se estivesse procurando alguém, mas o que
acontece a seguir me surpreende. Uma música enche o Central Park, e uma voz linda começa a
cantar. No rosto da garota vejo reconhecimento, e seus olhos se enchem de lágrimas. Pego minha
câmera e começo a fotografar. Não quero perder nenhuma expressão sua.
Ela olha de um lado ao outro, tentando encontrar alguém. Esse cara teve trabalho de colocar
caixas de som no Central Park, agora muitos no parque estão parados ouvindo a voz linda que
canta With you de Chris Brown. De repente vejo um homem vindo com um microfone na mão
olhando na direção da garota. Muitas pessoas estão com lágrimas nos olhos, e ele continua
cantando. Acabo me perdendo nas sensações desse momento.
No final da música não tem ninguém por perto que não esteja chorando, inclusive a garota a
quem a música foi direcionada. Assim que a canção acaba, aparecem quatro pessoas com
cartazes na mão com os dizeres “quer casar comigo, Leticia?”. Ele se ajoelha à sua frente abrindo
uma caixinha provavelmente com um anel dentro. A Leticia chora muito e só consegue balançar a
cabeça. O rapaz dá um sorriso lindo e coloca o anel em seu dedo, levanta-se, pega-a no colo e a
gira, fazendo todos por aqui darem risadas e começarem a bater palmas. Tiro várias fotos e tenho
certeza de que uma dessas vai para minha exposição. Aproximo-me dos dois, que ainda estão
sorrindo um para o outro.
— Com licença. Me chamo Beth e sou fotógrafa. Não consegui deixar de fotografar esse
momento. Parabéns aos dois.
— Obrigada, Beth. Eu gostaria de algumas fotos, pode ser? — pergunta a Leticia.
— Sim, me passem o endereço, que assim que eu revelar, seleciono as melhores e as mando
para vocês. Também queria deixar um convite junto com as fotos. Daqui a três semanas estarei
fazendo uma exposição, e hoje vocês me deram ótimas fotos para ela, então quando mandar as
fotos, mando o convite junto para vocês irem e conferirem.
— Claro, realmente vou querer ver, principalmente se vão ter fotos nossas, né, amor? — ela
fala olhando e sorrindo para seu noivo. Ele lhe retribui o sorriso e olha para mim agradecendo.
Depois de pegar o endereço deles e combinar tudo, resolvo ir embora. Com certeza hoje meu
dia foi produtivo. Chego ao apartamento da Emy com um sorriso, ainda lembrando a cena do
casal apaixonado, mas assim que passo pela porta, meu sorriso morre quando vejo a Emily
encolhida no sofá como se fosse uma criança.
— Emy? O que aconteceu?
Aproximo-me dela, sentando-me ao seu lado e colocando sua cabeça em meu colo, e é
quando ouço seus soluços. Deus! Ela está chorando, e é um choro tão desesperado que me assusta.
A Emy nunca chora.
— Emy, você está me assustando ― sussurro, mas parece que ela não escuta de tão enterrada
que está em sua dor. Meu Deus, o que será que aconteceu?! Nunca vi minha amiga chorar. Acabo
chorando também, pois dói muito vê-la nesse estado.
— Dói, Beth. Dói muito.
— Calma, Emy. Tenta se acalmar.
Parece que nada do que falo a acalma. Fico aqui passando a mão em seu cabelo e chorando
com ela até que seus soluços diminuem e ela adormece. Coloco uma almofada embaixo da sua
cabeça e me levanto, indo até o quarto pegar uma manta para cobri-la. Quando a cubro, fico
olhando para ela tentando entender o que faria a minha amiga ficar nesse estado. Levo um susto
quando a campainha toca e vou rápido atender a porta, pois não quero acordá-la. Ao abri-la,
tenho uma grande surpresa.
— Adam? O que você está fazendo aqui?
— Beth, o que aconteceu? Por que você está chorando?
Levo a mão ao rosto e percebo que ainda tenho lágrimas nele. Adam fica me olhando
preocupado.
— Entra, Adam.
Ele entra carregando sua mala para dentro, e quando olha em volta, percebe a Emy no sofá e
vai até ela. Seu rosto demonstra susto. Acho que essa foi a mesma reação quando eu vi o estado
dela.
— Beth, o que aconteceu? — Ele passa a mão no rosto da Emy, secando uma lágrima que
ainda está lá. — Ela esteve chorando. Emily nunca chora. Fala, Beth, o que aconteceu?
Seu tom demonstra que está meio desesperado.
— Eu não sei, Adam, quando cheguei já a encontrei nesse estado. Foi horrível vê-la chorar, ela
parecia sofrer tanto ― falo com a voz embargada e sinto lágrimas enchendo meus olhos. Ele olha
para mim com o mesmo desespero que sinto no momento e a pega no colo.
— Onde fica o quarto dela?
Levo-o até lá. Depois de acomodá-la, vamos até a cozinha.
— Você nem imagina o que possa ter acontecido para deixá-la nesse estado?
— Hoje ela iria assumir a empresa Zanon, mas ela estava tão feliz. Não imagino o que teria
acontecido nesse meio tempo para deixá-la assim. Adam, ela estava desesperada.
— Droga, eu sempre soube que isso era um erro, mas a turrona escuta?! Não, ela faz tudo do
seu jeito, sem pensar nas consequências. Ainda bem que resolvi vir.
— Ainda não entendi essa sua aparição repentina. Vocês não tinham brigado? E pelo que nós
conversamos antes de eu vir, você não tinha mudado de opinião.
— Quando eu consegui deixar a Emy de lado, Beth? Quando eu a abandonei? Doeu em mim o
que eu falei para ela, mas era para ver se ela enxergava algo além dessa vingança, mas não
adiantou. Então resolvi vir e cuidar dela eu mesmo.
Dou um sorriso a ele.
— Eu sabia que você não conseguiria ficar afastado por muito tempo.
Ele sorri também. Olho o relógio, e já passa das 5h da tarde. Fazemos algo para comer e
depois de limpar tudo vamos até o quarto da Emy ver se está tudo bem.
Estou morrendo de medo de que os pesadelos dela voltem. Quando chegamos ao quarto, a
Emy está sentada na cama com o celular na mão.
— Aconteceu alguma coisa, Emy? — pergunto entrando no quarto. O Adam vem atrás de mim.
A expressão de Emily muda quando o vê, primeiro demonstra espanto, depois, confusão e por fim,
alívio.
— Adam — ela fala já com a voz embargada. Ele vai até ela e se senta na beirada da
cama. Ela pula em seu colo como se fosse criança. Ele a abraça forte, e vejo minha amiga chorar
novamente. Saio do quarto não aguentando vê-la nesse estado.

Não tive uma vida muito fácil, mas não gosto de me lembrar do que me aconteceu, pois
relembrar tudo dói muito ainda. Tive sorte quando estava com vinte anos e conheci o André e o
Eric, que se tornaram meus irmãos, e sempre estamos aqui um para o outro.
Quando Eric chegou falando da garota do táxi, eu e o André tivemos que rir. A mulherada
sempre cai matando em cima dele, e essa não lhe deu bola. Quando a encontramos na boate, vi
meu amigo agir de uma maneira completamente anormal para ele. Ela conquistou a todos nós com
seu jeito alegre e principalmente por gostar das piadinhas do André.
A Emily também despertou sentimentos em mim que somente uma mulher despertou. Eu tive
vontade de protegê-la, cuidar dela, não deixar ninguém a machucar. Fiquei meio incomodado com
esses sentimentos e tentei ficar o mais afastado possível, tanto que na maioria das vezes era só o
André e o Eric que falavam com ela, eu tentava me manter neutro, ainda tentando identificar o que
significavam esses sentimentos. Então o André começou com suas desconfianças em relação a ela, e
fiquei incomodado, pois sabia que podia confiar nela, e quando meu amigo falou dessas
desconfianças para o Eric, ele ficou irado com isso. Nesse dia vi um sentimento no rosto do meu
amigo que reconheci: ele estava apaixonado pela Emily, só não sabia ainda.
Confrontei-o a respeito disso, e assim Eric descobriu o que sentia em relação a ela. Percebi
que iria afastá-la dele, pois isso era o que ele fazia quando uma garota chegava perto demais,
afastava-a por medo de ele mesmo ou seu pai a machucarem. Ele e o pai não têm uma
convivência muito boa, e ele já viu seu pai acabar com quem ele amava. Eu soube que ele iria se
afastar da Emy para protegê-la, por isso lhe falei para não desistir dela e ir em frente, afinal
podia ser a sua única chance de encontrar o amor em sua vida.
O André nos surpreendeu ao dizer para o Eric não desistir da Emily, mesmo ele achando que
ela escondia algo. André é determinado e ele vai descobrir o que ela esconde, mas também quer
que seu amigo seja feliz.
Os dois começaram a namorar, e fomos até o apartamento dela falar com o Eric, pois tinham
acontecido uns problemas e precisávamos dele para resolvê-los. Quando ela apareceu na cozinha
dizendo que ia sair, vi dúvidas no rosto do Eric e do André, mas ela jogou limpo, e quando falou
ao telefone com seus amigos, tinha felicidade em seu rosto. Isso me deixou bem, saber que ela
estava feliz, e fiquei ainda mais confuso, tentando entender meus sentimentos com relação a Emily.
Quando ela saiu e o Eric foi ao banho, o André começou a mexer em tudo. Achei errado, mas
também queria descobrir o que ela escondia. Entrei em seu closet, e numa gaveta que abri,
encontrei algo que me deixou confuso. Por que Emy precisava de uma arma? Mostrei-a a André, e
nesse momento o Eric chegou e ficou possesso conosco. Pela primeira vez desde que nos
conhecemos, vi o Eric ameaçar o André. Fiquei incrédulo com isso, mas preferi ficar quieto. Peguei a
arma da mão do Eric e a guardei no mesmo lugar em que a tinha achado.
Noutro dia fomos ao apartamento do Eric e encontramos a Emily, que nos convenceu a ir jantar
em sua casa. Estávamos jantando quando a campainha tocou e a Emily foi atender. Como ela
demorou, o Eric foi ver quem era, e fomos atrás. Fiquei mais intrigado com o que ouvi, e se os dois
ouviram, também não falaram nada. Havia uma mulher na sala conversando com a Emy. Pensei
estar vendo um anjo. Ela era linda, tinha uma carinha de boneca, e só por eu olhá-la, meu pau já
criou vida.
Depois de nos apresentar, fomos terminar nosso jantar, mas aquela morena com rosto de
boneca não saía da minha cabeça. Naquela noite tive que tomar um banho frio para poder dormir.
Agora, enquanto eu e o Eric estamos revisando umas informações, embora eu fique mais
pensando nos últimos acontecimentos desde que a Emily surgiu em nossas vidas, o André chega que
nem furacão em nossa sala, e quando ele conta o que aconteceu, ficamos todos irados e vamos à
empresa do pai do Eric, a Zanon. Ao chegarmos lá, a secretária informa que ele está em reunião.
A porta da sala se abre, e o Eric entra feito um furacão, xingando o Andrew.
Eu e André ficamos atrás, e levo o maior susto quando vejo a Emily ali. Ela também está
surpresa ao nos ver. De repente ela se levanta e passa pelo Eric, que se assusta com sua presença.
Por incrível que pareça, ela ameaça o Andrew. Com certeza nessa hora eu estou de boca aberta.
Eric a confronta, e o Andrew pergunta se ela conhece seu filho. Nesse momento Emily fica
branca e pede a confirmação ao Eric, que só quer saber o que ela está fazendo aqui. Nessa hora
vejo o Eric antigo, duro e frio, que não deixa seus sentimentos serem revelados.
Nós não podemos ficar mais surpresos quando Andrew fala que foi ela que comprou as ações
da Zanon. Puta merda! Ela fala mais uma vez com o Andrew e olha para o Eric, dizendo que se
encontrará com ele em sua casa. Sai passando por nós.
— Eu sabia que ela escondia algo, só não imaginava isso — fala o André.
— Cala a boca, André — digo. O Eric passa por nós feito um louco. Droga, agora eu sei que
isso pode acabar com o meu amigo. — Aonde você vai, Eric?
— Vou tirar essa história a limpo. Ela mentiu para mim, porra!
— Cara, é melhor se acalmar para falar com ela. Você pode dizer coisas das quais pode se
arrepender depois.
— Eu não quero me acalmar, eu só quero saber o porquê.
Ele vai embora. Olho para o André, que está quieto.
— André?
— Cara, isso vai acabar com ele ― ele fala com angústia na voz, e concordo com ele. Eric
sempre odiou que mentissem para ele, e isso vai feri-lo.
Vamos direto para seu apartamento esperar por ele. Depois de um tempo, ele entra pela
porta, e o que vejo em seu rosto acaba comigo. Ele parece destroçado. Vai direto ao bar e coloca
uma dose de uísque, que toma num gole só. Eu e André trocamos um olhar e ficamos quietos.
— Ela mentiu, droga. — Há dor na voz dele. — Tenho certeza que até sabia quem eu era,
para assim completar seu golpe.
Meu amigo chora, e dói vê-lo assim. Eu nunca o vi chorar. Olho o André, e ele está com
lágrimas nos olhos também. Sei que é difícil ver nosso amigo nesse estado. Levanto-me e vou até
ele, faço ele se levantar e o levo para o quarto. Deixo-o na cama e fico aqui ao seu lado,
esperando esse choro passar. Depois de um tempo ele se acalma e olha para mim.
— Eu não sabia que doía tanto amar alguém, Dylan.
— Dê tempo ao tempo, Eric. Você pelo menos a ouviu, ou já chegou a acusando?
— Ela quase não falou. Disse que não iria me contar o motivo de comprar as ações.
— Eu sabia que você nem a ouviria e já chegaria a acusando. É bem seu modo de ser quando
descobre algo que o machuca. Eric, escuta o que vou te falar: você também tem segredos que não
contou a ela, então não a crucifique por não lhe contar seus segredos. Depois que esfriar a
cabeça, ligue para Emily e converse realmente com ela. Quem sabe com a cabeça fria os dois
conseguem contar os segredos que escondem?
— Não sei, cara. Eu realmente a magoei. Vi isso em seu rosto. Não sei se ela vai me ouvir
algum dia.
Fico mais um tempo com ele, que logo pega no sono. Vou até a sala, e o André está lá com um
copo de uísque na mão. Ele me olha, e a expressão em seu rosto é de angústia e dor.
— Ele “tá” bem?
— Sim, pegou no sono.
— Desculpa, cara, não consegui ir lá com ele chorando daquele jeito. Dói muito vê-lo assim, e
saber que realmente plantei várias sementes de dúvida na cabeça dele acaba comigo.
— André, se ele acreditou em você, é porque ele também tinha dúvidas, então não se
crucifique por isso. No final você estava certo, ela tinha um segredo cabeludo, e nós só descobrimos
parte dele, pode ter certeza.
— Eu não queria estar certo e vê-lo nesse estado, Dylan.
— Eu sei.
Passamos a noite aqui. Acordo primeiro que eles e resolvo fazer algo. Pego minhas chaves e
vou até o apartamento da Emily. Preciso falar com ela. Ao chegar lá, o porteiro me deixa subir,
pois já me conhece, e quando toco a campainha, tomo um susto quando um homem atende a porta.
— Pois não? ― ele pergunta, mas fico mudo. Quem é esse cara no apartamento da Emy?!
Atrás dele aparece a Beth, que fica surpresa ao me ver.
— Dylan, o que você está fazendo aqui a essa hora?
O homem à porta dá espaço para eu entrar, mas fica me analisando.
— Eu preciso falar com a Emy. Posso?
— Não sei, Dylan. Ela não está muito bem, eu não sei o que aconteceu ontem, mas ela está
muito mal.
— Eu sei o que aconteceu, e é por isso que quero falar com ela, tentar entender algumas
coisas.
— Dylan?
Ouço a voz da Emy e a vejo no corredor com uma regata branca e uma calça de moletom.
Seu cabelo ainda está molhado, parece que acabou de sair do banho. Em seu rosto tem tanta
tristeza que sinto uma pontada no peito.
— Oi, Emy. Queria falar com você, posso?
— Se é para me acusar como Eric fez, é melhor ir embora ― ela fala com os olhos marejados.
Droga, agora sei o que meu amigo quis dizer quando falou que a magoou. Está em seu rosto.
Nesse momento o homem que estava à porta vai para o seu lado e a abraça. Estou
estranhando cada vez mais isso.
— O que está acontecendo, morena? ― ele pergunta a ela com intimidade, o que me deixa
nervoso.
— Quem é ele, Emily?
Apontando para o cara.
— Meu irmão Adam.
Fico aliviado quando ela fala isso. Aproximo-me de Emy e falo olhando em seus olhos para ela
ver que não estou mentindo:
— Eu fiquei tão surpreso quanto o Eric por ver você na empresa do Andrew, mas sei também
que deve ter um motivo para você ter mentido sobre isso. Emy, quero que confie em mim. Não vim
julgá-la, só quero saber o que está realmente acontecendo.
Ela me olha por um tempo e depois vai em direção ao sofá e se senta. O seu irmão e a Beth
se sentam também. Sento-me ao seu lado, e ela se vira para mim.
— Eu ainda não estou preparada para contar tudo, mas eu preciso que você saiba que eu
não sabia que o Eric era filho do Andrew. Eu juro, Dylan, eu não sabia ― ela fala desesperada, e
Beth arfa. Olho para ela, que está fitando Emy com os olhos arregalados.
— O que você disse, Emy? — pergunta Beth, que olha para ela com tristeza.
— O Eric é filho do Andrew Toscana.
— Oh, meu Deus! ― diz Beth incrédula. Ainda não entendo o porquê de tanta surpresa.
— Quem é o Eric, Emy? ― pergunta-lhe o seu irmão. Ela olha para ele sem responder, e quem
fala é a Beth.
— O namorado dela.
Nesse momento o Adam solta uma risada, fazendo-as se sobressaltarem.
— É brincadeira, certo?
— Não, maninho, eu realmente estava namorando.
— Puta merda! E quando você resolve fazer isso, vai logo para o filho do cara que você
odeia?
Uma suspeita minha se confirma. A Emy quer alguma coisa do Andrew e pelo jeito odeia o
homem.
— Adam! ― ela fala com dor na voz. Ele olha sério para ela por um tempo e depois abaixa
a cabeça, balançando-a.
— Você se apaixonou por ele, não foi?
Olho espantado para Emy. Será que ela se apaixonou pelo meu amigo como ele por ela?!
— Adam, não quero falar sobre isso. — Ela se volta para mim novamente. — Dylan, não
quero que isso saia daqui, por favor.
— Eu não vou falar nada, Emy, pode ficar tranquila, mas me explica o que está acontecendo,
por favor.
— Você acredita quando digo que eu não sabia que ele era filho do Andrew?
— Sim, Emy, eu acredito em você, pois você ficou tão surpresa quando soube que ele era filho
do Andrew. Ninguém conseguiria fingir tão bem.
— Só por esse motivo você acredita em mim? — ela pergunta um pouco decepcionada.
Com o polegar levanto seu rosto até seus olhos encontrarem os meus e falo aquilo que não
contei aos meus amigos:
— Eu acredito em você por outros motivos. Desde o primeiro momento em que a vi, sabia que
podia confiar em você. Não pede para eu explicar isso, pois nem eu entendo, só sei que sinto essa
vontade de protegê-la e não deixar nada a machucar.
Ela arregala os olhos para mim e se afasta. Sei o que está pensando.
— Dylan...
— Não, Emy, não é dessa maneira que você está pensando. Eu gosto de você, mas nada como
homem e mulher, e sim de um jeito fraternal. Eu não consigo explicar por que me sinto assim em
relação a você, mas sinto. É como se eu quisesse proteger uma irmã minha.
Vejo alívio em seu rosto e sorrio, e ela retribui.
— Eu comprei as ações por motivos pessoais, mas como lhe falei, não estou preparada para
falar sobre isso ainda. Só peço que você confie em mim.
— Tudo bem, vou respeitar essa sua decisão, mas saiba que vou estar aqui para te ouvir assim
que quiser me contar.
— Obrigada, Dylan, eu realmente precisava disso.
— E Emy, dá um tempo ao meu amigo, ele vai ver que errou. Só o deixa esfriar a cabeça. Foi
difícil para ele saber que você mentiu, ele tem marcas profundas.
— Dylan, não quero falar sobre o Eric. Se você quer realmente ser meu amigo, não fale dele.
Doeu muito o que ele me disse. Ontem ele não me deixou nem falar.
— Tudo bem, não vou mais tocar no assunto. Bom, preciso ir, tenho uns problemas para
resolver. Me liga se precisar de qualquer coisa, OK?
— Tudo bem.
Ela sorri, e me despeço dando um beijo em sua testa. A Beth me leva até a porta. Volto-me
para ela.
— Qualquer coisa me liga, OK? Quero saber se ela não ficar bem — falo para a Beth,
passando-lhe o cartão com o meu número de telefone. Ela balança a cabeça concordando. Droga,
ela tem que ser tão bonita? Dou um beijo em seu rosto perto dos seus lábios, louco para realmente
sentir o gosto deles, mas me contenho, e quando me afasto, ela está surpresa. Viro-me e vou
embora.
Assim que chego ao carro, meu celular toca.
— Dylan.
— Dylan, é o André. Você não sabe o que aconteceu.
— O Eric está bem?
— Não é nada com o Eric. A polícia recebeu uma ligação anônima ontem sobre uma carga de
drogas que estaria chegando a Nova York de madrugada. Cara, é muita droga. Só uma pessoa
teria cacife para isso.
— Andrew.
— Isso mesmo meu amigo. Então é bom você vir para o escritório, pois temos problemas dos
grandes para resolver.
Desligo e vou em direção ao escritório, tentando saber quem poderia ter feito essa ligação.
Quando acordo, estou no meu quarto. Vejo meu celular em cima da mesinha de cabeceira, e
assim que o pego, um lembrete aparece na tela. Lembro-me do carregamento que chega hoje. Ligo
para a delegacia e peço para falar com o detetive Santiago. Eu o investiguei e sei que é honesto.
Assim que ele atende, passo as informações do carregamento. Ele pede meu nome, mas não me
identifico. Assim que desligo, a Beth entra no meu quarto.
— Aconteceu alguma coisa, Emy?
Olho para Beth e vejo quem está atrás dela. Primeiro fico espantada e depois, confusa. O que
ele está fazendo aqui? Depois me vem um alívio, pois sei que ele vai cuidar de mim, vai me segurar
para não me deixar cair.
— Adam — falo sentindo as lágrimas voltarem.
Ele se senta na beirada da cama e pulo em seu colo. Adam me pega e me embala como
quando eu era criança depois dos meus pesadelos, e me entrego a essa dor que está me
consumindo. Amei o único homem que não podia amar, agora terei que aguentar essa dor em meu
peito, que parece o estar abrindo. Depois de um tempo adormeço de volta.

Estou abraçada ao Adam ao acordar pela manhã. É tão bom vê-lo aqui, eu realmente
precisava dele e da Beth, embora a princípio tivesse relutado em ficar perto deles para o seu
próprio bem. Ele abre os olhos e sorri.
— Bom dia, Morena.
Ele sempre me chama assim. No começo me irritava, agora já me acostumei, e é estranho
quando ele não me chama por esse apelido.
— Bom dia, maninho.
— Está melhor?
Ele está com o semblante preocupado. Passo a mão em seu rosto.
— Mais ou menos.
Dou um sorriso forçado para ele.
— Eu quero saber o que aconteceu.
— Eu vou contar, mas vou falar para você e Beth juntos, assim não precisarei repetir e
relembrar o que aconteceu. Vou tomar um banho e encontro vocês na cozinha.
Ele beija a minha testa e se levanta.
— Te espero com seu café.
Ele sai do quarto. Levanto-me e vou para o banheiro. Enquanto tomo banho, começo a me
lembrar de tudo que aconteceu. As imagens vêm, e com elas a dor. Encosto minha mão na parede
enquanto a água escorre por minha cabeça e lágrimas pelo meu rosto. Droga, eu sabia que não
podia deixar ele se aproximar, mas fiz tudo ao contrário. Parecia que era mais forte que eu. Tê-lo
ao meu lado parecia tão certo... Pela primeira vez me vi pensando em outra pessoa que não fosse
o Andrew e a sede de vingança que tenho por ele. O Eric veio feito um furacão e bagunçou ainda
mais meu mundo já bagunçado. Machucou ver a desconfiança em seu rosto, machucaram ainda
mais suas acusações, e ele nem me deu a chance de me defender ou tentar explicar.
Saio do banho, senão a Beth e o Adam virão atrás de mim. Coloco uma roupa simples, uma
regata branca e uma calça de moletom preta, e quando chego ao corredor, ouço a voz do Dylan.
Entro na sala e vejo a Beth falando com ele.
— Dylan?
Ele me olha, e acho que vejo pena em seu rosto, e não quero isso. Não quero pena de
ninguém. Porém também vejo dor, e isso me deixa confusa. Será que ele está sofrendo pelo seu
amigo?!
— Oi, Emy. Queria falar com você, posso?
— Se é para me acusar como Eric fez, é melhor ir embora.
Não estou a fim de ouvir mais acusações e sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Droga,
será que agora vou virar manteiga derretida? O Adam vem para meu lado e me abraça.
— O que está acontecendo, Morena?
Percebo o Dylan olhar intrigado para o Adam.
— Quem é ele, Emily?
— Meu irmão Adam.
Ele se aproxima de mim e fala olhando em meus olhos:
— Eu fiquei tão surpreso quanto o Eric por ver você na empresa do Andrew, mas sei também
que deve ter um motivo para você ter mentido sobre isso. Emy, quero que confie em mim. Não vim
julgá-la, só quero saber o que está realmente acontecendo.
Depois de olhar para ele por um tempo, sento-me no sofá, e meu irmão e Beth se sentam em
poltronas. Dylan se senta ao meu lado, e eu me viro para ele.
— Eu ainda não estou preparada para contar tudo, mas eu preciso que você saiba que eu
não sabia que o Eric era filho do Andrew. Eu juro, Dylan, eu não sabia ― falo desesperada para
ele. Preciso que ele acredite nisso, não sei por quê. Ouço a Beth arfar surpresa. Eu ainda não
consegui falar com ela e com o Adam sobre a minha descoberta.
— O que você disse, Emy? — pergunta a Beth. Olho para ela e tenho certeza que meu rosto
não é dos mais agradáveis.
— O Eric é filho do Andrew Toscana.
— Oh, meu Deus! ― diz ela incrédula.
— Quem é o Eric, Emy? ― pergunta meu irmão. Olho para ele sem conseguir falar. Como vou
lhe explicar que pela primeira vez na vida me apaixonei e esse homem é filho do homem que tanto
odeio?
— O namorado dela ― a Beth responde no meu lugar, arrancando uma risada do Adam.
— É brincadeira, certo?
— Não, maninho, eu realmente estava namorando.
— Puta merda! E quando você resolve fazer isso, vai logo para o filho do cara que você
odeia?
Não quero que ele fale sobre isso aqui na frente do Dylan, ainda não estou preparada para
contar toda a verdade a ele.
— Adam!
Ele me olha sério e de repente abaixa a cabeça, indagando:
— Você se apaixonou por ele, não foi?
— Adam, não quero falar sobre isso — digo olhando para Dylan. Não quero que ele conte
ao seu amigo.
— Dylan, não quero que isso saia daqui, por favor.
— Eu não vou falar nada, Emy, pode ficar tranquila, mas me explica o que está acontecendo,
por favor.
— Você acredita quando digo que eu não sabia que ele era filho do Andrew?
— Sim, Emy, eu acredito em você, pois você ficou tão surpresa quando soube que ele era filho
do Andrew. Ninguém conseguiria fingir tão bem.
— Só por esse motivo você acredita em mim? — questiono um pouco decepcionada.
Com o polegar ele levanta meu rosto e fala olhando em meus olhos:
— Eu acredito em você por outros motivos. Desde o primeiro momento em que a vi, sabia que
podia confiar em você. Não pede para eu explicar isso, pois nem eu entendo. Só sei que sinto essa
vontade de protegê-la e não deixar nada te machucar.
Arregalo os olhos. Não, por favor, não me diz que ele está gostando de mim! Meu Deus, eu
amo o seu amigo!
— Dylan...
— Não, Emy, não é dessa maneira que você está pensando. Eu gosto de você, mas nada como
homem e mulher, e sim de um jeito fraternal. Eu não consigo explicar por que me sinto assim em
relação a você. É como se eu quisesse proteger uma irmã minha.
Fico aliviada depois de ouvir isso. Realmente eu gosto muito do Dylan, e uma parte minha bem
lá no fundo sempre fala que posso confiar nele.
— Eu comprei as ações por motivos pessoais, mas como lhe falei, não estou preparada para
falar sobre isso ainda. Só peço que você confie em mim.
— Tudo bem, vou respeitar essa sua decisão, mas saiba que vou estar aqui para te ouvir assim
que quiser me contar.
— Obrigada, Dylan, eu realmente precisava disso.
— E Emy, dá um tempo ao meu amigo. Ele vai ver que errou, só o deixa esfriar a cabeça. Foi
difícil para ele saber que você mentiu. Ele tem marcas profundas.
— Dylan, não quero falar sobre o Eric. Se você quer realmente ser meu amigo, não fale dele.
Doeu muito o que ele me disse. Ontem ele não me deixou nem falar.
— Tudo bem, não vou mais tocar no assunto. Bom, preciso ir, tenho uns problemas para
resolver. Me liga se precisar de qualquer coisa, OK?
— Tudo bem.
Dou-lhe um sorriso, e ele beija a minha testa e vai embora. Nesse momento sei que estou
ferrada quando olho em direção ao meu irmão.
Levanto-me rápido e vou para a cozinha, pois estou morrendo de fome. Não comi nada ontem.
Ouço os passos de Adam e Beth vindo atrás de mim. Pego uma xícara de café e panquecas que a
Beth preparou com geleia de morango.
— Vai explicar agora? ― a Beth pergunta.
Falo para os dois o que aconteceu, mas não entro em muitos detalhes, depois começo a tomar
meu café da manhã, mas assim que entra no estômago, tudo volta. Corro para o banheiro e vomito
o que acabei de comer.
A Beth vem atrás e fala:
— Você tem que tomar seus remédios, você sabe que não fica bem quando o seu lado
emocional fica abalado.
— Eu sei, já vou tomar daqui a pouco. Deixa meu estômago acalmar.
Sempre que fico muito estressada, meu corpo age assim. Começo a vomitar e fico com
enxaquecas. Começo a me perguntar quando elas vão vir.
Volto para a sala, e o Adam está com uma cara preocupada.
— Tudo bem?
— Sim, é só estresse. Já tomei um remédio, daqui a pouco estou melhor.
Sento-me ao seu lado colocando minha cabeça em seu peito, e a Beth se senta de frente para
nós.
— Não conseguimos conversar direito desde que cheguei aqui, e tenho uma novidade para
você.
— Eu sei, Beth. Foi tudo muito corrido, mas me fala, que novidade?
— Eu vim para Nova York primeiro por sua causa. — Nesse momento reviro os olhos. — E
segundo porque uma galeria vai expor minhas fotos.
— Que maravilha, Beth! Esse sempre foi seu sonho. Espero que dê tudo certo. Quando vai ser
a exposição?
— Em três semanas.
— Nossa, está perto. Você já tem tudo preparado?
— Sim, já tenho bastante fotografia para a exposição, mas estou dando umas voltas pela
cidade e vendo se encontro algo a mais.
Ficamos um tempo conversando, e adormeço por efeito do remédio, que é calmante. Acordo no
meio da tarde e resolvo dar uma corrida. Não vou ficar trancada nesse apartamento chorando
pelo Eric, foi ele que foi embora, que me magoou. Coloco uma calça de ginástica que vai até
abaixo dos joelhos, um top com uma regata cinza larga por cima, coloco minha braceleira de
celular, meus tênis e saio. Quando atravesso o apartamento, não vejo ninguém.
Coloco meus fones de ouvidos, aciono minha playlist e começo minha corrida. Depois de uma
hora que quase não percebo passar, volto para casa, e o Adam e a Beth já estão lá preparando
o jantar.
— Hum, o cheiro “tá” bom.
— E você tem que comer. Não come nada desde ontem.
— Eu estou bem, e com a fome que estou, é capaz de nem sobrar para vocês.
Eles sorriem. Vou para o quarto, tomo um banho e vou ajudá-los. Dou graças a Deus por tê-los
comigo. Não sei como estaria agora sem eles.
Passa-se uma semana, e a falta que o Eric me faz é muito grande. Meus pesadelos voltaram,
deixando a Beth e o Adam preocupados. O Dylan veio me ver umas três vezes, e percebi o clima
entre ele e a Beth, mas não falei nada. Acho que, pelos pesadelos e a falta do Eric, ainda estou
muito estressada. Meus enjoos ainda não passaram. Vou ter que procurar um médico e ver um
remédio mais forte.
Fiz o Andrew perder mais dois carregamentos essa semana, e daqui a pouco meu plano irá
dar certo. Ele anda irritado no escritório, xingando todos que o cumprimentam. Para mim essa é a
melhor parte do dia. Não pelas pessoas que o ouvem, mas por saber que o estou atingindo.
Também estou conseguindo a lista de associados da empresa, principalmente os que foram
autorizados pelo Andrew, pois eu talvez descubra alguma coisa por trás disso.
Sempre que não ocupo minha cabeça com algo, pego-me pensando no Eric e na falta que ele
me faz. Às vezes vou dormir pensando nele e acordo chorando. Nunca antes eu poderia imaginar
que amaria tanto uma pessoa. É como se ele fosse meu tudo, como se, com ele longe, eu não
estivesse completa.
Conversei com a Beth e o Adam sobre os seguranças para o caso de, se eles perceberem que
estão sendo vigiados, não ficarem preocupados. No começo não aceitaram muito bem, mas depois
de eu explicar a necessidade, meio relutantes concordaram.
O Bruno conseguiu a agenda que eu queria, e ela é realmente o que eu imaginava. O Andrew
suborna muitas pessoas influentes para ficar mais difícil de ser pego em suas sujeiras.
Passam-se mais duas semanas da mesma maneira. Os enjoos continuam e minha tristeza só
aumenta, e já faz dois dias que não saio da cama, tanto por estar fraca pelas náuseas quanto
pela tristeza que está me consumindo. Dessa vez nem a perda de mais dois carregamentos do
Andrew me animou, nem quando ele teve que pôr dez por cento de suas ações da Zanon à venda.
Claro que fiquei feliz. Eu as comprei e estou agora com 49 por cento da empresa. Espero que ele
dê mais mancadas para eu poder comprar o resto e deixá-lo sem nada. Nesse momento, porém, só
quero ficar quieta aqui, sem ninguém para me incomodar.
Quando a Beth vem ao meu quarto, toma um susto com a minha situação.
— Já chega, Emy. Você vai para o hospital comigo agora. Caramba, você vai ficar só pele e
osso desse jeito.
Ela grita pelo Adam, que vem correndo, e o avisa que vão me levar ao hospital. Nem me
importo, só quero tomar algo para essa náusea passar.
No hospital, sou encaminhada para um quarto, e o médico pede vários exames. Beth e Adam
falam sobre o problema que tenho, mas não consigo ouvi-los. Sinto agulhas me picarem, e uma
enfermeira prende um cateter de soro no meu braço.
— É para hidratar você, pois está muito desidratada ― ela fala e me dá um sorriso simpático.
Fraca como estou, nem consigo retribuir.
Passadas algumas horas, o médico pede para ficar a sós comigo. O Adam e a Beth tentam
argumentar, mas eu lhes peço para esperarem lá fora, que depois lhes contarei tudo. Se for algo
grave, não quero que eles se preocupem.
— É algo grave, doutor?
— Bom, no estado em que você se encontra, é complicado.
— Fala de uma vez, doutor.
— Você está grávida, Srta. Makena.
Eu juro que ouvi o médico dizer que eu estou grávida, mas sei que isso é impossível. Eu tomo
anticoncepcional, então não tem como eu ter ouvido isso.
— Desculpa, mas achei ter ouvido o doutor falar que eu estou grávida.
— E ouviu certo, Srta. Makena, mas no estado em que se encontra, pode ser uma gravidez de
risco. Você está muito desnutrida e está com anemia, o que complica um pouco o seu estado.
Fico olhando para o médico ainda tentando absorver o que ele acabou de me dizer. Eu estou
grávida! Oh, meu Deus!
— Se a senhorita quiser realmente esse bebê, terá que seguir à risca as minhas
recomendações e procurar um obstetra para acompanhá-la.
Quando ele fala “se a senhorita quiser realmente esse bebê”, levo minha mão a minha barriga
e sei que o quero mais que tudo.
— Eu quero esse bebê. A notícia só me pegou desprevenida, e vou seguir à risca o que o
senhor me passar.
— Bom ouvir isso. Daqui a pouco você será encaminhada à sala de ultrassom para sabermos
certinho se está tudo bem com ele e para sabermos quanto tempo você tem de gestação.
Concordo com a cabeça, e o médico sai. Uma Beth e um Adam muito preocupados e bravos
entram. Eles acabam me fazendo sorrir. Esses dois nunca vão mudar mesmo, sempre querendo
saber de tudo ao meu respeito e ficando bravos quando não lhes falam ou são excluídos.
— Bom, pelo seu sorriso, acredito que esteja tudo bem — fala o Adam irritado, fazendo-me
sorrir mais ainda.
— Sim, está tudo bem, pelo menos se eu seguir a recomendações do médico certinho.
— Bom, isso não é problema comigo e com Adam em cima de você. Mas o que o médico
falou?
— Hum, acho bom vocês se sentarem.
— Morena, não me deixa assustado — diz o Adam preocupado se sentando com a Beth ao
seu lado. E solto de uma vez:
— Eu estou grávida.
— O QUÊ?! — eles berram ao mesmo tempo.
— Ei, não precisam berrar desse jeito.
— Eu juro por Deus que ouvi você dizer que estava grávida — diz o Adam perplexo.
— Bom, maninho, e você ouviu certo. Você vai ser titio.
A Beth abre um sorriso e vem até meu lado, abraçando-me e beijando meu rosto.
— Você está feliz?
— Sim. Antes, quando não sabia que ele estava aqui, não me imaginava tendo um filho, mas
agora eu o quero muito — afirmo com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. O Adam se aproxima
e dá um sorriso de lado, o que significa que ele também está feliz.
— Parabéns, Morena.
— Você vai contar ao Eric? — a Beth faz uma pergunta à qual não quero responder, pelo
menos agora. Eu sei que tenho que contar a ele, mas não sei como ele vai receber a notícia e estou
com medo de me machucar ainda mais.
— Sim, mas não agora. Vou esperar as coisas darem uma acalmada.
— OK, mas você tem que falar para ele. O Eric tem esse direito.
— Pode deixar, Beth, eu vou contar.
Logo em seguida sou encaminhada para fazer o ultrassom, e os dois vão comigo. Quando
ouço o coraçãozinho do bebê bater, sinto um amor tão pleno e puro que lágrimas caem pelo meu
rosto. Meu irmão e a Beth estão com sorrisos de orelha a orelha. Eu sei que meu bebê vai ter os
melhores tios só ao ver essa cara de bobos deles. Pelo exame, descubro que estou com três
semanas e meia, e provavelmente a concepção aconteceu na época em que precisei tomar meu
remédio de enxaqueca.
Vamos embora, e eles são muito cuidadosos comigo. O médico me receitou um remédio para
enjoos para eu poder me alimentar sem vomitar e também algumas vitaminas e um remédio para
anemia.
Em casa, Beth e Adam preparam logo uma sopa para mim, e consigo comer sem vomitar.
Depois vou para cama descansar e pego no sono em seguida, mas os pesadelos não vão embora.
Revivo o dia do assassinato de minha família. Porém, nessa noite, quando chega na parte em que o
Andrew atira no meu irmão, é o Eric quem leva o tiro em seu lugar, e isso me desespera. Acordo
berrando e vejo o Adam, a Beth e o Dylan entrando no meu quarto correndo.
O Adam me abraça, e o agarro como se ele fosse minha tábua de salvação, como se tudo que
estivesse sentido fosse passar assim que o abraçasse.
— Está tudo bem, foi só um pesadelo. Se acalma, OK? ― tento tranquilizá-lo. Estou com a
respiração pesada como se tivesse corrido. A Beth logo aparece com um copo de água, que tomo
de uma vez. — Estou bem — afirmo. Lembro-me do Dylan à porta. Olho para ele e vejo
preocupação em seu semblante. — Sério, foi só um pesadelo. Não é nada demais.
— Emy, você estava gritando o nome do Eric e estava tão desesperada que chegou a me
assustar — fala meu irmão.
— Foi só mais um pesadelo, não quero mais falar nisso. — Levanto-me e vou até o Dylan,
abraçando-o. — Oi, sumido. Já faz uns três dias que não aparece.
— Desculpe, Emy, estava resolvendo uns problemas que não podia adiar.
— Tudo bem.
Olho para a Beth e o Adam, que ainda estão sérios.
— Tem algo para comer? Estou morrendo de fome.
A Beth sorri.
— Sim, fiz seu prato predileto.
— Jura?
Corro para a cozinha. Sou apaixonada por macarrão à carbonara. O cheiro está incrível, e
me sirvo de uma bela porção. Sento-me à mesa e começo a comer sem esperar por eles.
— Nossa, você estava com fome mesmo.
Sorrio para Beth.
— Acho que o remédio fez efeito. Estou com muita fome.
Ela sorri, e os três se servem, sentando-se à mesa, e me acompanham na refeição. Depois de
jantarmos e limparmos a cozinha, vamos para a sala e ficamos jogando conversa fora. Logo o
Dylan se despede e vai embora. Amanhã é a exposição da Beth, e ela está eufórica com isso.
— Acorda — ouço a Beth falar pulando na minha cama. — Acorda, preguiçosa. Hoje é minha
exposição, temos um monte de coisas para resolver.
Coloco o travesseiro na minha cabeça, abafando um gemido.
— Deixa eu dormir só mais um pouco, Beth.
— Nada disso, levanta já dessa cama.
Resolvo fazer chantagem emocional.
— Beth, seu sobrinho não vai ficar nada bem se você me fizer levantar agora.
Meu travesseiro some de cima de mim.
— Isso não vai funcionar. Meu sobrinho está muito bem. Agora vamos parar de chantagem e
levanta, que marquei hora para nós no salão e temos que comprar vestidos. Com a correria, ainda
nem compramos nada. Vai, anda, levanta ― ela fala me empurrando da cama e me deixando com
péssimo humor.
— Odeio você ― resmungo indo para o banheiro.
— Ótimo, também te odeio. Agora seja rápida — ela fala e sai do quarto. Droga, essa mulher
tem algum tipo de dispositivo de alegria pela manhã, sempre acorda alegre. Chega a ser irritante
às vezes, mas fazer o quê? Eu a amo dessa maneira mesmo.
Com um sorriso nos lábios, termino meu banho e coloco um vestido confortável em preto e
branco com decote e um cinto fino preto com as pontas em amarelo. Calço sandálias baixinhas
pretas, chego à cozinha e vejo o Adam e a Beth já tomando seu café da manhã. Faço cara feia
para os dois, e o Adam não segura uma risada.
— Estamos ferrados, Beth.
— Droga, esqueci que ela não pode mais tomar café. Agora seu humor vai ser horrível pelo
resto do dia — fala a Beth rindo junto com o meu irmão. Odeio esses dois. Pego suco de laranja e
um sanduíche e começo a comer em silêncio, fazendo os dois darem leves risadas.
— OK, vamos parar com o dia de incomodar a Emily? — peço aos dois, segurando um sorriso.
A Beth pula de sua cadeira e me abraça por trás, enchendo meu rosto de beijos e me fazendo
rir.
— Viu? Consegui fazer seu humor melhorar ― ela diz sorrindo e voltando para seu lugar.
Olho para meu irmão, que está com um sorriso doce, e retribuo seu sorriso. Eu sei que ele está mais
tranquilo agora me vendo comer e sorrir. Tenho certeza de que ele estava com medo de que minha
depressão voltasse. Lembro-me de que só saí da minha escuridão depois de ter a minha nova
família em minha vida.
Volto ao passado e me lembro da primeira vez em que vi o Adam.

Dezesseis anos atrás


Depois de eu vagar dias pela cidade, encontraram-me na rua e como não sabiam quem eu
era, encaminharam-me para o orfanato. Nunca me aproximei de ninguém lá, fechei-me para tudo
e todos. Fui encaminha à psicóloga, mas nem ela conseguiu me fazer falar, pois eu tinha muito
medo.
Certo dia casais querendo adotar crianças vieram visitar o orfanato. Eu me escondi no parque,
já que a visita era no salão grande. Já fazia um tempo que eu estava no balanço quando ouvi
passos, e alguém se sentou no balanço ao meu lado, mas não olhei. Não queria saber quem era e
também não queria conversar com ninguém. Pensei que, se eu ignorasse quem quer que fosse, ele
iria embora. Porém, passados alguns minutos, a pessoa continuava ali, e minha curiosidade foi
maior. Olhei para ver quem era e havia um rapaz de mais ou menos uns 16 anos sentado e
olhando para a frente, sério. De repente ele me olhou e sorriu, e isso aqueceu meu coração
machucado. Entretanto, fechei a cara e não sorri novamente. Ele começou a falar:
— Por que você está aqui e não com todos no salão? Não quer ser adotada?
Desviei o olhar dele e continuei em silêncio.
— Você não fala? ― ele insistiu. Depois de eu ficar mais alguns minutos em silêncio, ele falou
novamente, quase arrancando uma risada minha, o que me surpreendeu: — Você seria uma irmã
perfeita. — Seu tom era de divertimento e me fez olhar sério para ele. — Muda do jeito que é,
quando eu aprontar você não conta nem para o papai, nem para a mamãe. Seria perfeito, eu
aprontaria todas, principalmente quando eles viajassem e nos deixassem sós em casa.
Ele sorriu.
— Eu iria infernizar sua vida, isso sim. — Minha voz saiu rouca pela falta de uso, e pulei
quando escutei ele gargalhar. Fiquei espantada comigo mesma por ter falado. Fazia dois meses
que eu não falava.
— Oh, você tem um temperamento forte? Hum, então você aprontaria comigo, deixando nossos
pais de cabelo branco. Seria demais.
Continuei tentando segurar o sorriso. Não queria sorrir para ele, pois sabia que, quando ele
fosse embora, eu ficaria mais machucada.
— É mais fácil eu deixar você de cabelo branco, e olha sua idade. Seria hilário.
Ele riu ainda mais, como se eu tivesse contado uma piada, mas eu não contara, falara de
modo rude. Mesmo assim pareceu diverti-lo. Ouvi vozes, mas não olhei para saber de quem eram.
Acabei escutando a diretora do orfanato falando com alguém.
— Deus! Ela está falando.
Fiquei tensa quando percebi que era sobre mim que estavam conversando.
— Como assim? — uma voz doce perguntou.
— Faz uns dois meses que ela está aqui e nunca falou com ninguém. Foram feitos até exames
para verificar se ela tinha algum problema, mas os resultados foram todos perfeitos. Eu não sei o
que aconteceu a ela. Ela não se aproxima de ninguém, e é triste ver a tristeza e a dor em seu
olhar.
— Mas ela está falando com o Adam.
— E eu não poderia estar mais espantada e feliz por vê-la falar.
O rapaz me olhou com mais interesse, e percebi que ele escutara a conversa também.
— Fui premiado?
Olhei interrogativamente para ele.
— Como?
— Você falou comigo. Eu sei, eu sei, sou irresistível e ninguém consegue ficar mudo ao meu
lado. Nossa, eu devia até ganhar algum prêmio por isso, fazer mudo falar.
E ele conseguiu. Eu gargalhei quando ele disse isso, fazendo-o sorrir para mim com carinho em
seu olhar, e isso me lembrou do James.
— Você é muito convencido, isso sim. Se eu falei, foi por você ser insuportável, e mesmo assim
você ainda não se mandou ― falei com um sorriso nos lábios e quando olhei na direção da
diretora, havia um casal com um sorriso. Aquilo aqueceu meu coração machucado e me deixou mais
temerosa, por medo de amá-los e perdê-los.
— Nós a queremos — ouvi a mulher de fala doce falar.
E daquele dia em diante eles se tornaram minha família. Não foi fácil, eu dificultei um pouco no
começo, e minha depressão também não ajudava. Só comecei a melhorar quando finalmente me
abri com meu irmão e meu pai, e naquele dia eles só me fizeram amá-los mais ainda. Logo que
meu pai descobriu tudo, conseguiu a minha certidão de nascimento como se fosse filha legítima
deles. Finalmente depois de me abrir, meus pesadelos começaram a sumir e minha depressão, a
melhorar. Às vezes, quando eu ficava muito emotiva, os pesadelos voltavam e isso deixava o Adam
temeroso de que eu voltasse ao ponto de partida.

— Ei, terra chamando, Emily. — Beth estala os dedos na minha frente.


— Fala.
— Nossa, você estava longe. Já faz um tempo que eu o Adam estamos te chamando.
— Só estava me lembrando de quando conheci vocês ― falo com um sorriso, e o Adam sorri
também.
— OK, agora acorda, que nós precisamos ir.
Pego minha bolsa e acompanho a Beth até o salão para nos prepararmos para sua exposição.

Nós combinamos de irmos por volta das 7h30 da noite para a exposição. Olho-me no espelho
e vejo que emagreci nessas últimas semanas, mas graças a Deus já estou melhor. Coloco a mão em
minha barriga por cima do vestido e sorrio. Meu bebê!
Eu comprei um vestido preto longo com as costas em renda e com uma fenda lateral. Meu
cabelo foi preso de lado em cascata, e fiz uma maquiagem leve. Depois de passar minha mão
sobre a barriga mais uma vez, vou para a sala esperar o Adam e a Beth, que logo aparecem. A
Beth está linda em um vestido na cor nude, longo e rendado com um decote em V e o cabelo preso
em um coque com alguns fios soltos. Meu irmão está lindo em um smoking.
— Vamos, que estou muito ansiosa — fala a Beth toda empolgada, fazendo-me rir.
Vamos todos no carro do Adam. Assim que chegamos, percebo que tem muita gente, e a Beth
fica mais empolgada ainda. Quando entramos, vejo várias fotos. Algumas são minhas e do Adam, e
outras variam entre pessoas e paisagens.
— Uau! ― é só o que consigo pronunciar, e a Beth sorri. Um garçom passa distribuindo
champanhe e água tônica. O Adam e a Beth pegam taças de champanhe, enquanto eu pego uma
de água tônica.
— Vai atender seus convidados, Beth.
Ela sorri e começa a andar em torno da galeria enquanto o Adam faz o mesmo. Começo a
olhar as fotos. Tem algumas nossas, e fico olhando uma foto que em estamos eu, meus pais e o
Adam. Meu pai está gargalhando com minha mãe enquanto o Adam tenta segurar o sorriso e eu
estou fazendo caretas. Lembrar-me desses dias me traz lembranças doces e me faz sentir saudade
do meu pai.
— Sua família?
Ao ouvir essa voz, meu corpo todo fica tenso. Não, por favor, ainda não estou preparada
para vê-lo. Viro-me e o Eric está à minha frente, lindo como sempre num smoking que o deixa de
tirar o fôlego. Ele está me olhando sério, e percebo que deixou sua barba crescer.
— Sim — falo quase num sussurro. É tão difícil vê-lo aqui na minha frente e saber que não
estamos mais juntos... A dor no meu peito volta com força.
— Como você está, Emily?
Olho para ele sem entender sua repentina mudança. Ele praticamente me expulsou de sua vida
e agora quer saber como estou?!
— Bem.
Ele solta uma risada sem humor.
— Vai se comunicar comigo só por monossílabos agora?
— Desculpe-me, eu preciso ir.
Viro-me rápido e me afasto dele. Percebo que o Adam e a Beth estão me olhando
preocupados e vou em direção a eles.
— Desculpa, Emy. Eu esqueci completamente de lhe falar que ele viria. Eu convidei o Dylan e
não tinha como não convidar seus amigos.
— Beth, você não precisa se desculpar, está tudo bem. De uma maneira ou de outra, eu teria
que o encontrar novamente.
— Mas você não estava preparada ainda — afirma Beth. Eu realmente não estava
preparada para vê-lo. Olho na direção dele e o vejo com seus amigos e uma loira linda
pendurada em seu braço. Ele fala com ela com um sorriso doce, e isso faz meu coração
machucado sangrar ainda mais. Olho para o Adam e a Beth, e os dois estão me olhando.
— Eu preciso ir.
— Eu levo você, Morena.
— Não, eu quero que você fique aqui com a Beth. Ela precisa de um de nós aqui com ela.
— Amiga, sério, deixa o Adam te levar. Eu vou ficar bem aqui.
— E eu vou ficar bem também. Vou pegar um táxi e ir embora e sem discussão. Vocês dois me
conhecem e sabem que não adianta discutir.
— OK, você venceu — falam ambos ainda relutantes.
Vou em direção à saída, pego um táxi e peço para ele me levar à praia. Preciso espairecer, e
o mar sempre me acalma. Percebo que os seguranças estão nos seguindo e fico mais tranquila.
Fico olhando pela janela, mas sem ver realmente o que está passando. A imagem da loira com
o Eric e o sorriso dele para ela não saem da minha cabeça. Inferno, eu tinha que encontrá-lo logo
agora que estava um pouco melhor?
— Chegamos, senhorita.
Pago o dinheiro ao taxista e vou até a calçada. Tiro meus sapatos e caminho em direção à
areia. Sento-me de frente para o mar sem me importar com a areia no vestido e fico aqui um bom
tempo só ouvindo o som da água. Acaba me batendo uma vontade de entrar nela. Levanto-me e
vou até a beirada.
Nesse momento escuto meu celular na minha bolsa e corro para atender. Com a minha vontade
de sair e espairecer, esqueci de avisar ao Adam e a Beth. Se eles chegarem a casa e perceberem
que não estou lá, vão pirar. Olho para a tela e vejo o número de telefone da Beth.
— Oi, Beth.
— Graça a Deus! — Ouço-a suspirar de alívio. — Onde diabos você se meteu? Você tem
noção de há quanto tempo a estamos procurando?
— Ei, desculpa. Resolvi dar uma volta e acabei me esquecendo de ligar e avisar, mas estou
bem.
No fundo ouço vozes e reconheço algumas.
— É ela? — ouço meu irmão perguntar
— Sim.
— Onde ela se meteu? — E meu coração dispara quando ouço essa voz. Eric. Ouço um
farfalhar e escuto a voz indignada do meu irmão.
— Eu juro por Deus, Emily, que quando eu ver você, vou torcer esse seu pescoço. Porra, você
gosta de nos fazer pirar, é isso? Parece que você pouco se importa conosco!
— Adam, desculpe, eu precisava sair, espairecer um pouco e não queria ficar trancada no
apartamento — falo com a voz embargada.
Ouço-o suspirar.
— Onde você está? — pergunta ele com a voz mais controlada.
— Na praia.
Ele solta uma risada.
— Por que não pensei em te procurar na praia? É seu lugar preferido para pensar.
— Sim, daqui a pouco estou em casa. Não se preocupe, OK? Os seguranças estão comigo,
então sem paranoia, está bem?
— OK, Morena, te vejo em casa.
Desligo o celular e olho em direção ao estacionamento. Vejo o carro dos seguranças e vou até
eles.
— Boa noite, Srta. Makena.
— Boa noite, Brian. Só uma pergunta: você não teria uma tolha ou uma manta para mim?
O Brian sorri com o canto da boca.
— Você não está realmente pensando em entrar na água?
Sorrio.
— Sim. Vocês têm?
— Sim, nós temos.
Ele vai até o porta-malas, pega uma tolha e me entrega. Volto para a praia, deixo a tolha e
os meus sapatos junto com minha bolsa na areia e vou em direção ao mar sem me importar com o
vestido. Sei que vou acabar com ele, mas como o mesmo não permite uso de sutiã, sem chance de
eu o tirar para entrar na água. Vou entrando até a água bater na minha cintura. Mergulho
quando uma onda chega, e quando volto à superfície acabo sorrindo. Isso era o que eu precisava!
Levo uns “caldos”, fazendo-me rir ainda mais. Fico um tempo aqui rindo e brincando com as ondas.
Por fim resolvo sair e voltar, senão vou realmente deixar o Adam louco.
Quando estou chegando à beira da praia, vejo uma sombra sentada na areia próxima às
minhas coisas. Primeiro fico assustada, mas me lembro dos seguranças logo acima e fico mais
tranquila. Ao me aproximar, reconheço quem está aqui e paraliso. Ele se levanta e vem em minha
direção. O que diabos o Eric está fazendo aqui e como ele me achou?!
Essas últimas semanas foram um inferno. Não vi mais a Emily, e porra, sinto uma falta enorme
dela. Tudo que eu ouço sobre ela é sempre pelo Dylan. Ele foi mais racional que eu quando vimos
a Emily na empresa do Andrew. Parou e a escutou, enquanto eu fui um burro e saí a acusando de
coisas que tenho certeza que ela nunca faria, mas minha raiva me cegou naquele momento e falei
um monte de besteira para ela. Como eu gostaria de voltar no tempo e apagar tudo que lhe disse!
A mágoa que vi no seu rosto naquele dia não sai da minha cabeça, assombra-me todos os dias.
Resolvi dar um tempo, deixar as coisas se acalmarem antes de procurá-la. Quando aceitei o convite
da Beth de ir à sua exposição, sabia que iria encontrar Emily.
Agora, na exposição, quando a vejo com um sorriso doce olhando uma foto que parece ser de
sua família, não me seguro e vou até ela, e que Deus me ajude. Esse vestido faz qualquer homem
ter pensamentos pecaminosos.
— Sua família?
Ela se vira para mim, e o que vejo em seu olhar me machuca. Droga, como sou um imbecil! Ver
esse olhar de dor acaba comigo, porque sei que fui eu que a coloquei ali.
— Sim — ela quase sussurra. Percebo que emagreceu e fico ainda com mais raiva de mim. O
que fiz a ela?
— Como você está, Emily?
Preciso saber que ela está bem.
— Bem.
Solto uma risada sem humor, pois percebo que ela não quer falar comigo.
— Vai se comunicar comigo só por monossílabos agora?
— Desculpe-me, eu preciso ir ― ela fala e se afasta sem me dar chance de responder.
Quando resolvo ir atrás dela, uma mão me segura.
— Deixa ela, Eric. Não força, senão pode ser pior — ouço Dylan falar.
— Porra, Dylan, eu preciso dela. Você viu como ela emagreceu? ― pergunto me virando para
ele, o André e a Nicole.
— Eu vi, cara. Vi isso todo dia, mas fica tranquilo, o Adam e a Beth levaram ela ao médico
ontem, e no jantar ela já estava comendo bem.
— O que o médico falou? Você sabe?
— Pelo que Adam comentou, é só o lado emocional dela. Quando ela fica abatida, isso
acontece, mas ele deu outro remédio a ela.
Passo a mão no meu rosto frustrado.
— É tudo culpa minha.
— E minha, né, meu amigo? Tenho certeza que você só estourou com ela por causa da minha
insistência em dizer que ela escondia algo.
Olho para o André e vejo que ele também se culpa. Droga, eu não tenho o direito de acusá-
la, se eu mesmo escondo coisas dela, e também não posso culpar meu amigo. Isso foi inteiramente
culpa minha.
— Ei, rapazes, já deu esse martírio. Não esquenta, maninho, vai com calma, que daqui a pouco
você a conquista novamente. Ela só está machucada. Enquanto isso, você tem a gente ― afirma a
Nicole, e dou um sorriso para ela. Ela me chama de maninho nem me lembro há quanto tempo. Ela
é irmã do André, e quando a minha vida se tornou um inferno, foi na família Hoffman que
encontrei um pouco de paz. A Nicole se tornou uma irmã, e ela sofreu comigo e com o André
empatando seus namoros.
— Só não sei quanto tempo mais vou aguentar ficar longe dela.
Meus amigos me olham com preocupação. Eles nunca me viram dessa maneira, e isso os
preocupa. Olho novamente na direção da Emily, mas não a encontro mais. Só estão a Beth e o
Adam.
— Vamos lá ver aonde ela foi, senão você não vai sossegar — diz o Dylan, e vamos em
direção aos dois.
— Boa noite, Beth. Sua exposição está incrível — falo a ela, que sorri.
— Boa noite, Eric, que bom que está gostando. Estou meio apreensiva ainda, com medo de
alguém não gostar.
— Só se forem cegos, suas fotos são incríveis.
— Já falei isso a ela, mas quando algo entra nessa cabecinha, não tem quem tire — fala
Adam. Após isso ele se apresenta a mim. — É bom finalmente conhecer você, Eric. Me chamo
Adam. Sou irmão da Emily. Vamos dizer que, se eu o visse há algumas semanas, teria quebrado a
sua cara por ter magoado a minha irmã.
Olho firme para ele. Não vou me intimidar com seu tom e nem com suas palavras.
— Eu realmente estava precisando levar uns socos pela maneira como agi.
Ele me olha um pouco espantando com minha resposta, e a Beth resolve interferir.
— Vocês realmente são uns homens das cavernas, nem apresentam mais ninguém. Quem é a
linda moça com vocês?
Ela olha para Nicole, que está observando a minha conversa com o Adam com interesse.
— Essa é Nicole, irmã do André e minha irmã postiça. Nick, essa é a Beth, a talentosa
fotógrafa dessas fotos, e esse é o irmão da Emily, o Adam.
Os três se cumprimentam, e a Nick elogia a exposição da Beth. Percebo que ela já a
conquistou. A Nick tem um jeito doce que é impossível não gostar.
O Adam olha o relógio, pega seu celular e liga para alguém. Depois de um tempo ele desliga
parecendo preocupado e liga para alguém novamente.
— Está ligando para a Emy, Adam? — pergunta a Beth.
— Sim, quero saber se ela chegou bem em casa, mas o telefone de casa só chama, e já deu
tempo de ela chegar. Vou tentar o celular.
A Beth fica com o semblante preocupado, o que me deixa inquieto.
— Droga! — o Adam resmunga.
— O que foi? — pergunto um pouco impaciente.
— Ela não atende a porra do celular. Vou até o apartamento ver se ela está bem.
— Eu vou com você — fala Beth preocupada.
— Não, querida, fique aqui, hoje é o seu dia. A Emy deve ter pego no sono, e estou me
preocupando por nada. Vou esperar mais um pouco e ligo para ela novamente. Se ela não
atender, aí nós vamos até lá.
— OK.
As faces de Beth e de Adam demonstram preocupação, e fico preocupado e nervoso. Passa-se
um tempo e continuamos todos juntos jogando conversa fora, mas meu pensamento não sai da
minha princesa.
— Tenta ligar para Emily novamente.
A Beth me olha, pega seu celular e liga.
— Graças a Deus! — Ela suspira de alívio, e fico mais tranquilo também. Ela deve estar bem.
— Onde diabos você se meteu? Você tem noção de há quanto tempo estamos te procurando?
— É ela? — pergunta o Adam.
— Sim — a Beth responde.
— Onde ela se meteu? — não consigo segurar e acabo perguntado. O Adam pega o celular
da mão da Beth e fala indignado:
— Eu juro por Deus, Emily, que quando eu ver você, vou torcer esse seu pescoço. Porra, você
gosta de nos fazer pirar, é isso? Parece que você pouco se importa conosco!
Ele fica mudo, escutando-a e suspira.
— Onde você está? — pergunta ele com a voz mais controlada. Solta uma risada. — Por que
não pensei em te procurar na praia? É seu lugar favorito para pensar.
Ela está na praia, e a mais próxima é a que nós fomos quando estávamos juntos.
— OK, Morena, te vejo em casa ― Adam se despede, e tanto ele quanto a Beth ficam mais
tranquilos.
Resolvo aproveitar a oportunidade. Olho para todos.
— Estou indo — falo apressado, e nem espero uma resposta. Preciso ver a minha princesa, tê-
la em meus braços novamente, sentir seu cheiro e me perder em seus lindos olhos azuis.
Chego à praia e estaciono meu carro. Vejo uma Blazer preta um pouco mais afastada e dois
caras encostados nela e imagino que sejam seus seguranças. Tiro meus sapatos e vou em direção à
praia. Quando olho para o mar, vejo-a sorrindo e brincado com as ondas. Sento-me próximo às
suas coisas e fico a admirando. Deus! Como ela é linda! Ver esse sorriso em seu rosto faz meu pau
criar vida. Fui a porra de um cara sortudo por tê-la e um completo imbecil por perdê-la, mas vou
reverter isso, vou tê-la novamente e fazer de tudo para conseguir, nem que tenha que fazer papel
de idiota só para conquistá-la novamente. Por ela faço tudo.
Emily começa a sair da água, mas quando me vê, trava no lugar. Levanto-me e vou à sua
direção com a toalha na mão e a entrego a ela, que a passa por seus ombros ainda me olhando
de olhos arregalados. Não consigo evitar e passo a mão em seu rosto em uma carícia. Ela fecha os
olhos, mas rapidamente os abre de novo e se afasta de mim.
— O que você está fazendo aqui?
— Nós precisamos conversar.
— Não tenho nada para falar com você. Agora, se me der licença...
Ela tenta passar por mim, mas pego-a pelos braços e a faço olhar em meus olhos.
— Mas eu preciso falar com você.
— Estou indo embora agora. Não vai ser possível.
— Eu levo você, se esse é o problema. Por favor, Emy, eu preciso falar com você.
— Eu estou toda molhada, Eric, e com frio, sem nenhuma vontade de conversar, então recuso
seu convite.
Ainda a estou segurando. Olho para cima e vejo os seguranças se aproximando.
— Tenho uma camisa no carro e lhe dou meu blazer, assim você fica seca e quente. Por favor,
Emy ― praticamente suplico, mas não me importa, eu a quero de volta, e se tiver que rastejar, que
assim seja!
— Srta. Makena, está tudo bem? — pergunta um dos seguranças. Ela ainda está olhando em
meus olhos.
— Sim, Brian, tudo bem. O Eric vai me levar embora. Estão dispensados.
Dou um sorriso com o canto dos lábios e a sinto estremecer. Droga, ela deve estar congelando.
— Vamos.
Recolho suas coisas na areia, seguro sua mão e vamos em direção ao carro. Pego minha
camisa, que com certeza ficará enorme nela, no banco de trás e a entrego a ela junto com meu
blazer.
— Entra no carro e se troca. Te espero aqui fora.
Ela me olha em silêncio e entra no carro. Fico do lado de fora pensando em como vou fazer
para reconquistá-la. E porra, meu pau fica duro só de imaginá-la sem roupa dentro do meu carro.
Controla-se, Eric, não vai meter os pés pelas mãos. Ouço uma batida no vidro, entro no carro e dou
partida. Evito olhar para ela com suas pernas de fora, pois está muito difícil de me controlar
apenas sentindo seu perfume.
Fico dirigindo em silêncio e, quando olho para Emily, vejo que ela adormeceu. Resolvo levá-la
para minha casa aqui na praia, em Long Island. Estaciono o carro na garagem, abro a porta da
casa e volto no carro para pegá-la, e ela nem mexe os olhos. Deve estar muito cansada. Deito-a
na minha cama e a cubro, volto ao carro e pego suas coisas, levando-as para dentro. Pego seu
celular e mando uma mensagem para o Adam, dizendo que Emily vai passar a noite comigo para
não o deixar preocupado.
Volto para o quarto e fico observando-a dormir. Como senti saudade! Meu coração
machucado por sua falta se aquece ao vê-la aqui ao meu lado, na minha cama. Deito e a atraio
para mim. Quero senti-la em meus braços novamente. A sensação é incrível, ela se encaixa tão bem
em mim, como se fosse feita sob medida. Durante o sono ela passa o braço em volta do meu corpo,
fazendo-me sentir em casa novamente, e adormeço admirando seu lindo rosto.

— Mas que porra?! — Acordo com a Emily praguejando e pulando da cama. Ela praticamente
grita: — Onde diabos eu estou e o que estou fazendo aqui ao seu lado?
— Você dormiu no carro, e eu não queria fazer a viagem de volta a Manhattan e preferi
ficar na minha casa de praia — explico me sentando na cama.
— E por que você não me levou para casa? Você disse que me levaria embora.
Ela está com o rosto vermelho de indignação, e fica ainda mais linda brava.
— Eu disse que queria conversar com você, e você estava gelada. Preferi trazê-la aqui, que
era mais perto.
Ela me olha com dúvida, e que Deus me ajude, vê-la vestindo apenas a minha camisa está
trazendo pensamentos pecaminosos à minha mente.
— E por que você dormiu comigo?
Droga, ela tem que perguntar tudo?! Para isso não tem resposta. Não quero assustá-la
dizendo que só queria senti-la novamente, tê-la em meus braços um pouco.
— Vamos tomar café da manhã, estou morto de fome. Depois conversamos ― fujo do assunto,
e ela faz uma careta.
— Preciso tomar um banho, estou toda grudenta da água do mar e não tenho nenhuma roupa.
— Espera um instante.
Vou até o quarto de hóspede e pego um vestido da Nick. Abençoada seja ela por sempre
deixar algo na casa de praia.
Volto para o quarto, e Emily continua no mesmo lugar. Quando lhe dou o vestido, ela não faz
nenhum movimento para pegá-lo.
— Não vai pegar?
— Não vou usar vestidos de alguém que nem conheço ― fala irritada, e me passa pela
cabeça que pode ser ciúmes. Será?
— É da minha irmã, então fica tranquila. Ela nem vai sentir falta.
Ela arregala os olhos.
— Você tem irmã?
— Não de sangue. Depois que minha mãe morreu, eu adotei a família do André como minha.
A Nick é irmã dele, acho que você a viu ontem na exposição.
— A loira?
Solto uma risada pelo tom desconfiado.
— Sim, a loira se chama Nicole e a conheço desde pequena.
— Hum, se for assim, tudo bem.
Ela pega o vestido e vai em direção ao banheiro, trancando-se. Vou para a cozinha preparar
café para nós. Ela não está bem abastecida, mas tem algo para comer, pois os rapazes sempre
inventam de vir aqui uma vez ou outra. Faço café, pego torradas que têm no armário e geleia na
geladeira. Sento-me à mesa, coloco uma xícara de café e tomo um gole. Emily entra nesse
momento. Ela está linda. Nunca me canso de olhá-la, admirá-la. Ela faz uma careta.
— Tudo bem?
— É só que não estou tomando café.
— Algum problema? — pergunto preocupado. Ela sempre amou café, e pela manhã mesmo
era seu pote de ouro.
— Não, é que o médico mandou evitar por um tempo, mas está tudo bem.
Olho meio desconfiado, com a impressão de que ela está escondendo alguma coisa.
— Vou fazer chá para você, pode ser?
— Sim.
Ela se senta enquanto preparo chá para ela. Depois de comermos, vamos até a sala, e me
sento em uma poltrona enquanto ela se senta no sofá.
— O que você queria falar?
— Primeiro queria lhe pedir perdão. Eu não tinha o direito de acusá-la como fiz.
— Eric...
— Não, deixa eu falar. Depois que eu lhe explicar tudo e mesmo assim você não quiser mais
me ver, nunca mais apareço na sua frente, mesmo que isso me mate por dentro.
Ela me olha espantada.
— Tudo bem.
— Eu não tinha o direito de julgá-la como fiz, se eu mesmo escondia coisas de você. Deixei
minha raiva levar a melhor e falei o que não devia, fui injusto com você, mas hoje aqui vou lhe
contar tudo que você precisa saber de mim, inclusive o motivo de eu odiar tanto meu próprio pai,
isso se ele pode ser chamado de algo assim. Desde que me lembro, meu pai nunca foi presente na
minha vida e nem na da minha mãe. A minha mãe vivia triste, os únicos momentos em que eu a via
sorrir eram quando estava comigo ou com meu tio Igor. Nos demais dias ou nos momentos em que
ela ficava só, era como se ela carregasse o mundo em suas costas. Nós morávamos fora da
cidade, e meu pai aparecia no máximo uma vez por ano para nos ver. Eu sempre odiava esses
dias, ele só sabia reclamar, achar defeito em tudo e deixar minha mãe com a autoestima lá
embaixo.
Fico calado uns instantes, recordando aqueles momentos dolorosos.
― Um certo dia acordei com gritos dentro de casa. Eu tinha por volta de 11 anos. Levantei-me
e fui em direção às vozes que vinham do quarto de minha mãe. Quando cheguei lá, lembro que
fiquei muito assustado com o que vi. Tinham dois caras batendo no tio Igor, e meu pai estava com a
mão no pescoço de minha mãe. Quando minha mãe olhou para a porta, falou meu nome, e meu pai
se virou e mandou os caras pararem. Ele disse algo assim: “que bom que você chegou, pirralho.
Você sabia que sua mãe dormiu com seu tio, meu próprio irmão?” Olhei para minha mãe sem
entender nada enquanto lágrimas escorriam em seu rosto. Ela me disse: “ele não sabia, Andrew,
deixa o menino fora disso.” Então me pai continuou: “não, ele vai ficar e vai aprender o que
acontece quando alguém mexe com algo de Andrew Toscana.”
Respiro fundo. As lembranças são difíceis.
― Ele pegou uma arma e a colocou na mão de minha mãe. Mandou ela atirar no meu tio. Vi o
desespero em minha mãe, que pedia: “por favor, Andrew, não, eu lhe imploro, não.” Ele ainda disse:
“faça o que estou mandando, sua vagabunda. Agora você vai pensar duas vezes antes de passar
a perna em mim, e se você não o fizer, eu mato o pirralho.” Ele falou isso colocando uma arma na
minha cabeça. Tentei me afastar, mas ele me segurou pelo braço. Minha mãe chorava
descontroladamente. Meu tio a olho e disse: “tudo bem, Paty, tudo bem, pode fazer.” Ela o olhou,
disse que o amava e disparou a arma. Logo em seguida caiu no chão chorando copiosamente.
Consegui me soltar de meu pai e corri para ela, abraçando-a. Minha mãe me abraçou forte,
beijando minha cabeça e me pedindo perdão. Eu não tinha que perdoar nada. Deus, a nossa vida
sempre foi um inferno.
Quando olho para Emily, ela está chorando, e percebo que lágrimas descem pelo meu rosto
também.
— Princesa, não chora.
— Ele é um monstro, Eric! Ele foi horrível com você e sua mãe.
— Eu sei, princesa, eu nunca o perdoei por isso.
— E a sua mãe, Eric? O que aconteceu com ela?
Faço uma careta, pois ainda é muito difícil me lembrar.
— Ela se matou dois anos depois. Acho que foi difícil para ela conviver consigo mesma depois
de matar meu tio. Ela nunca se recuperou, vivia jogada nos cantos, só se alimentava quando eu
levava comida para ela. Num final de semana teve um passeio da escola, e eu fui junto. Acho que
ela aproveitou que eu não estaria em casa para fazer isso, ela não queria que eu visse. Lembro
que, quando cheguei em casa, vi o carro do meu pai e corri para dentro, com medo que ele fizesse
algo contra ela. Ele estava na sala sentado no sofá com um copo de uísque na mão. Assim que me
viu, ele foi direto dizendo que “a vagabunda da minha mãe” tinha se matado.
Fecho os olhos.
― Eu fiquei sem chão, mas também não chorei na frente dele. Ele me deixou um ano na casa
somente com empregados, depois me mandou para um colégio interno, e foi lá que conheci o
André e nos tornamos melhores amigos. Só fui saber depois que o pai dele tinha ligação com o
meu. Sempre quando eu tinha que voltar para casa por causa das férias, eu ia para a casa do
André e passava as férias com ele e sua família, que me receberam de braços abertos. Eles se
tornaram minha família. Meu pai era só o homem que pagava a conta do colégio, e dou graças a
Deus por ele nunca me obrigar a ficar com ele. Quando completei 18 anos, eu sabia o que queria
para mim, e por incrível que pareça, o André quis seguir a mesma carreira. Como o Hector tinha
vários contatos, conseguimos rápido o que queríamos. Eu queria fazer justiça pela minha mãe e
todos que meu pai já prejudicou, então entrei para o FBI juntamente com o André. Dois anos
depois, ainda em treinamento, conhecemos o Dylan e nos tornamos grandes amigos.
— Espera, você está me falando que vocês três são do FBI?!
Ela ainda tem lágrimas em seu rosto.
— Sim, princesa.
— Então não existe empresa de software?
— Não, isso é só fachada para a nossa identidade não ser revelada.
— E você me acusou de ter mentido para você? ― ela fala irritada.
— Por isso fui injusto com você, princesa. Eu não tinha direito algum de chamá-la de mentirosa
e principalmente de acusá-la de forjar nosso relacionamento. No momento em que saí do
apartamento, vi que tinha cometido a maior burrada da minha vida.
Ela fica me olhando séria, sem falar nada por algum tempo.
— Sinto muito por sua mãe.
Dou um sorriso triste para ela e sinto um nó na garganta. Eu nunca chorei de verdade pela
perda da minha mãe, sempre tentei me mostrar forte, até porque o Andrew vivia falando que
homem não chorava, homem tinha que ser forte, não ter sentimentos, e acabou que por fim comecei
a acreditar em suas palavras e nunca deixei meus sentimentos virem à tona.
A Emy se levanta e se ajoelha à minha frente, passando a mão em meu rosto como uma
carícia. Fecho os olhos, aproveitando a sensação da sua mão em minha pele. Abro os olhos e vejo
carinho em seu rosto. Não me seguro e a beijo com paixão, com saudade. Como senti falta dela,
do seu gosto, do seu cheiro! Ela se entrega ao beijo com igual fervor. Puxo-a para meu colo, e
ficamos nos beijando, matando a saudade um do outro. Ao me afastar, estou com a mão em seu
rosto. Olho em seus olhos.
— Me perdoa, princesa, me perdoa por ter sido um idiota com você. Me dá mais uma chance,
e juro que vou compensá-la todos os dias por tê-la magoado.
Emily sorri, e é o sorriso mais doce e mais perfeito que já vi. Ela me beija.
— Isso é um sim? ― pergunto com os lábios ainda nos dela. Ela só balança a cabeça sorrindo.
— Eu preciso de você agora, princesa — falo enquanto a carrego para o quarto. Coloco-a
na cama com cuidado e tiro seu vestido; ela não tem nada por baixo, o que me deixa louco.
— Você é linda, princesa.
Ela sorri.
— Você está com muita roupa.
Livro-me da minha roupa bem rápido e subo em cima dela, passando minha mão por todo seu
corpo. Porra, estava morrendo de saudade dela.
— Princesa, vai ser rápido, estou louco de saudades de você, de estar dentro de você ― falo
isso já a penetrando, e quando estou dentro dela, é a sensação mais maravilhosa do mundo,
quente e apertada, engolindo meu pau, levando-me à loucura. Ela geme, e seus gemidos me levam
ao limite. Começo a me mexer, dou umas três estocadas e sinto sua boceta começar a me apertar.
— Eric, eu vou...
— Vem, princesa, me dá tudo de você.
Ela grita meu nome enquanto goza, e nesse momento me perco, começo a estocar com força,
fazendo-a gemer mais alto. Levo minha mão ao seu clitóris e começo a massageá-lo. A sensação
do meu pau sendo engolido por sua boceta é o céu. Ela começa a me apertar novamente, e quero
olhar em seus olhos quando ela gozar, saber que sou eu quem está lhe dando esse prazer. Seguro
seu rosto.
— Olha para mim, princesa, quero que você me olhe enquanto goza.
E ela o faz. O prazer em seu olhar enquanto goza é o fim para mim. Encho seu corpo com
meu gozo e caio em cima dela.
— Eu te amo — ouço ela sussurrar e me levanto rápido, olhando em seus olhos para ver se eu
realmente ouvi direito.
— Diga isso de novo. — Ela está com os olhos arregalados, como se tivesse saído de sua boca
sem querer, mas, diabos, essa foi a melhor coisa que ela já me disse. Meu coração está acelerado.
— Fala, princesa, repete o que você acabou de dizer.
Ela me olha meio insegura.
— Eu amo você.
Beijo-a com paixão, e ela retribui. Sou a porra do homem mais sortudo desse mundo.
Olho para ela com amor e vejo seu olhar de espanto enquanto ela fita meus olhos. Sei o que
ela também está vendo.
— Amo você, princesa, com tudo de mim. Eu amo você.
Uma lágrima escorre por sua face. Seco-a com o polegar, e o sorriso mais lindo que já vi se
abre em seu rosto. Eu amo essa mulher!
Encontrar o Eric na praia me deixou desconcertada e sem saber o que fazer. Quando ele me
pediu “por favor”, fiquei ainda mais mexida. Ele não é um homem de falar essas palavras e
praticamente implorou, e eu acabei cedendo. Eu só não esperava acordar numa cama estranha e
nos braços dele. Fiquei indignada, pois ele não tinha o direito de me trazer aqui, mas me acalmei e
resolvi escutar suas explicações. Meu mundo caiu quando ouvi toda sua história. Andrew é pior do
que eu imaginava. Eric é o filho dele, e ele não mostrou nem um pingo de compaixão. Meu coração
dói pela criança dentro do Eric que se machucou ao ver aquela cena, mesmo não sendo muito
diferente do que passei. Não queria que ele tivesse passado pelo que passou.
Fiquei péssima pelo que ele contou e ainda mais espantada pelas outras revelações. Os três
são do FBI?! Então entendo o seu pedido de perdão, a culpa que vi em seu rosto quando ele disse
que não tinha o direito de ter me acusado de mentir, se ele próprio tinha feito o mesmo. Fiquei
irritada a princípio e cobrei explicações, mas vi derrota em seu rosto e percebi que ele se culpa
muito, principalmente pela perda de sua mãe. Ele pode tentar esconder isso, mas ele se culpa por
ter saído naquele final de semana. Percebo, no meio disso tudo, que tanto eu quanto ele fomos
vítimas do Andrew, da sua maldade, sua falta de escrúpulos.
Quando fui até ele com a intenção de confortá-lo, não esperava o seu beijo, mas esse foi
recebido com tudo de mim, com toda a saudade e amor que tinha por ele. Por mais que ele não
soubesse dessa última parte, e o perdoei. Não podia ficar sem ele e iria dar mais uma chance a
nós dois.
Depois de fazer amor com ele, as palavras “eu te amo” escaparam de minha boca, e quando
ele pediu para eu repeti-las, fiquei com medo de ter falado isso cedo demais, mas quando fitei
seus olhos, tomei coragem e falei novamente. Ele me beijou apaixonadamente, e o que vi depois em
seus olhos trouxe lágrimas aos meus. Fiquei com medo de ser coisa de minha cabeça, mas ele
confirmou o que eu estava vendo.
— Amo você, princesa, com tudo de mim. Eu amo você.
Nesse instante, aqui com ele logo após sua declaração, sinto lágrimas escorrerem em meu rosto
e sorrio para ele. A felicidade que sinto nesse momento, não tenho palavras para expressá-la.
Eric passa o polegar pelo meu rosto, secando a lágrima, e sorri para mim. Abraço-o forte. É
tão bom amar e saber que é amada, principalmente com o passado conturbado que nós dois
temos. Era para nós sermos pessoas diferentes, rancorosas, fechadas para o mundo, mas a vida
sorriu tanto para ele quanto para mim quando colocou a família Hoffman no caminho dele e a
família Makena no meu e nos deu uma nova chance. Mesmo assim nós ainda queremos justiça pelo
que aconteceu àqueles que nos eram importantes, ele dentro da lei, e eu fora dela.
Fico pensando em como ele vai reagir quando descobrir no que já me envolvi para fazer
justiça à minha família, ao até mesmo quando descobrir minha verdadeira identidade. Não sei se
estou preparada para contar tudo a ele. Eu tenho medo, muito medo, por mais que não demonstre.
Tenho medo do que pode acontecer se Andrew descobrir quem eu realmente sou, medo por
aqueles que amo e pelo bebê que está crescendo dentro de mim.
Depois de tomarmos um banho, resolvo conversar com Eric, não para contar tudo, mas pelo
menos para fazer ele entender o que quero com o seu pai.
— Eric.
— Sim, princesa ― ele fala passando a mão em meu cabelo. Estamos sentados no sofá, eu
com a cabeça em seu peito, ele com o braço à minha volta.
— Sobre o meu motivo para comprar as ações da empresa do Andrew, eu...
— Princesa — ele começa a dizer segurando meu rosto e me fazendo olhar para ele —, se
você não tiver preparada para contar ainda o motivo de tudo isso, eu espero. Eu sei que ele fez
algo a você e sei também que você não fica confortável em falar sobre isso. Parece que você tem
medo, então só me conta quando você estiver cem por cento segura disso. Eu vou esperar.
Eu o amo ainda mais nesse momento. Inclino-me em sua direção, beijando seus lábios.
— Obrigada por não me pressionar. Ele realmente fez algo a mim, só não estou preparada
para falar sobre isso ainda.
— Tudo bem, princesa.
Acaricio seu rosto. Ele é tão perfeito.
— Eu te amo, Olhos Verdes.
E aquele seu sorriso sexy aparece em seus lábios.
— Também te amo, princesa.
Passamos a manhã inteira fazendo amor, matando a saudade um do outro. Na hora do
almoço, vamos a um restaurante próximo à sua casa de praia e desfrutamos de uma ótima
refeição à base de frutos do mar. Por volta das 3h da tarde ele me traz de volta à realidade.
— Princesa, está ótimo ficar aqui com você, mas acho melhor irmos. O Adam e a Beth vão
ficar preocupados se demorarmos muito.
Nesse momento me lembro que não dormi em casa e que meu irmão e minha amiga devem
estar loucos atrás de mim.
— Deus! Eles devem estar me procurando feito loucos, eu nem avisei que iria ficar fora! ―
falo exaltada.
— Calma, princesa. Eles sabem que você está comigo. Mandei uma mensagem ontem para o
Adam falando que você passaria a noite comigo.
Suspiro aliviada. Pelo menos não vou ser morta assim que passar pela porta do meu
apartamento. Porém, sei que eles vão me atormentar por isso.
— Certo, vamos logo. Vou enfrentar duas feras quando chegar em casa.
Ele solta uma risada.
— Vai rindo, vou colocar a culpa toda em você, aí quero ver esse sorriso quando o Adam
pular em você.
O sorriso some, arrancando-me uma gargalhada. Nesse momento sinto meu estômago revirar.
Droga, esqueci meu remédio em casa! Corro para o banheiro, colocando todo meu café e almoço
para fora na privada. Sinto a mão do Eric nas minhas costas.
— Sai daqui, isso é nojento.
— Eu não vou sair, princesa. Quer tomar algo?
— No momento não, se comer ou beber qualquer coisa, vou botar tudo para fora novamente.
— Levanto-me do chão e vou até a pia. Escovo os dentes para tirar esse gosto amargo da boca.
— Esqueci meu remédio em casa.
— Princesa, o que está acontecendo? Você anda tendo esses enjoos direto?
Olho para ele e sei que tenho que falar o verdadeiro motivo dos meus enjoos, mas também
estou com medo de sua reação. E se ele não quiser o bebê?! E se ele me mandar abortar?! O que
eu faço?!
— Princesa, você está muito quieta. Me fala de uma vez o que está acontecendo. Você está
doente, é isso? Por favor, amor, me fala.
Olho para Eric e sei que ele não vai fazer nada do que estou pensando. Esse é o Eric, e ele
sempre me surpreende.
— Estou grávida.
Ele arregala os olhos e olha do meu rosto para minha barriga ainda sem sinal de gravidez.
Começo a ficar incomodada com o seu silêncio.
— Fala alguma coisa — peço em um sussurro. Ele ainda está olhando minha barriga, mas sua
reação seguinte faz surgirem borboletas em meu estômago. O sorriso mais lindo aparece em seu
rosto, e Deus, se isso é possível, ele fica ainda mais lindo. Não consigo evitar sorrir também. Como
em adoração, ele se ajoelha à minha frente e coloca sua mão em minha barriga por cima do
vestido.
— Eu vou ser pai — ele afirma maravilhado e beija minha barriga. Como eu amo esse homem!
Sua reação é melhor do que eu esperava. Ele olha para mim com os olhos marejados e sussurra:
— Nós vamos ser pais.
— Sim, amor, nós vamos ser pais ― confirmo sorrindo e com lágrimas caindo no meu rosto. Ele
se levanta e me beija, um beijo doce que contém tudo que ele está sentido. Quando ele se afasta,
limpa as lágrimas em meu rosto.
— Faz quanto tempo que você sabe?
Não há acusação, desconfiança, simplesmente felicidade em seu tom de voz.
— Há três dias.
— Quando a Beth e o Adam te levaram ao hospital?
— Você estava me seguindo? — pergunto com diversão.
Ele dá um sorriso encabulado.
— Não, amor, o Dylan me contou. Fiquei preocupado, ele disse que você não andava bem.
Nem indo à empresa você estava.
— Bom, eu realmente fiquei mal, e a Beth me arrastou para o hospital. Com os exames foi que
recebi essa notícia, e fiquei feliz, sabe?! Nunca me imaginei sendo mãe, mas saber que tinha
alguém crescendo dentro de mim... Não dá para explicar. Primeiro fiquei assustada, mas em
seguida, bom, eu tinha algo seu em mim, e isso me deixou feliz.
Ele sorri para mim e acaricia meu rosto.
— Estou feliz, princesa. Você me tornou o homem mais feliz desse mundo. Obrigado por existir,
obrigado por estar em minha vida, obrigado por me dar uma segunda chance e me amar e
obrigado por me dar esse bebê ― ele fala isso com as duas mãos em cada lado do meu rosto,
olhando em meus olhos, e vejo sinceridade em tudo que disse. E realmente estou me tornando uma
chorona, já têm lágrimas caindo no meu rosto novamente. Ele me beija, puxa-me para si e me
abraça apertado.
Na volta para meu apartamento, Eric pergunta se está tudo bem com o bebê e comigo nos
exames que fiz, e respondo a verdade, dizendo que estou com anemia. Ele fica superpreocupado.
Pelo jeito Eric vai ser todo cuidadoso comigo, mas não vou reclamar, gosto de ser mimada por ele.
Passamos no seu apartamento para ele pegar uma roupa e nos encaminhamos para o meu.
Ao chegarmos, ouço vozes na cozinha, e vamos em direção a ela. O Adam, a Beth, o André e
o Dylan estão jogando o que parece pôquer.
— Olá, pessoal ― cumprimento assim que passo pela porta. A Beth nem me olha, igualmente
ao Adam, já o Dylan sorri quando nos vê, e o André faz uma careta. Realmente eu gostaria de
saber o que ele tem contra mim. No começo ele não me tratava assim.
— Olá, Emy — fala o Dylan. O Eric vai até os dois, cumprimentando-os, e eu continuo à porta
olhando para o Adam e a Beth, que ainda estão me evitando. Certo, agora eles vão me dar um
gelo. Sério?!
— Vou para o meu quarto trocar de roupa e tomar meus remédios.
Nesse momento a Beth levanta a cabeça e seu olhar está furioso.
— Nem para isso você tem responsabilidade?
Ela realmente está brava.
— Olha, era para eu voltar ontem, está bem? Não sabia que passaria a noite fora.
— Oh, mas é claro. Você realmente tinha a ideia de voltar para casa, mas daí eu acho que
resolveu enlouquecer mais um pouco a mim e ao Adam, foi isso? Porque a única notícia sua foi uma
mensagem enviada pelo Eric, e nem sinal de você — ela acusa se levantado e vindo em minha
direção, indignada. Na cozinha o silêncio é total.
— Você tem noção de como eu e o Adam ficamos quando você some? Você sabe o que se
passa em nossa cabeça quando isso acontece? Não, você realmente não se preocupa com os
outros ao seu redor. Quando você quis essa maldita vingança e nos enlouqueceu com ela, você não
deu a mínima para o que estávamos sentindo ou pensando. Qual era mesmo a sua frase quando
questionávamos isso? — ela pergunta num tom indignado. Adam está olhando para mim agora. —
Ah, é claro. “Eu preciso vingá-los, eu tenho que fazê-lo pagar pelo que ele fez”, era só o que você
falava. Então “tá”, beleza, você veio para essa maldita cidade e botou seu plano em prática, e
sabe como você nos deixou, Emily? Desesperados, com medo de qualquer telefonema, pois um
deles podia ser de alguém avisando que você estava morta.
Encolho-me quando ouço essa última frase e percebo que estou chorando, assim como a Beth.
O Adam se levanta e vai na direção dela.
— Beth, já chega — ele fala tenso.
— Já chega, Adam? Ela tem que saber o que sentimos quando ela some assim, ela tem que ter
a responsabilidade de nos ligar e avisar para não nos deixar loucos!
— Eu sei, Beth, mas não precisa tocar no motivo de ela estar aqui. Nós dois já concordamos
com isso e estamos aqui a apoiando, não é?
— Esse é o problema, Adam, ela tem que ver que, com ela nesse maldito plano, não pode nos
deixar no escuro. Ela tem que nos dizer onde está e não sumir e aparecer só horas depois, ou
nesse caso, no dia seguinte.
— Não foi culpa dela, foi minha ― pela primeira vez o Eric fala, mas ainda estou em silêncio,
absorvendo tudo que a Beth falou. Todos na cozinha olham para ele. — Ela adormeceu no meu
carro e a levei para minha casa na praia. Eu tinha lhe dito que a traria em casa, por isso que
vocês receberam só a mensagem. A Emily estava dormindo e só acordou hoje pela manhã.
— OK, mas e quando ela acordou? Por que ela não ligou?
— Eu precisava falar com ela, Beth. E depois de tudo que nós conversamos, acabamos nos
reconciliando e passamos o dia na casa da praia conversando sobre o que aconteceu.
Eles ainda estão falando, mas as palavras da Beth ainda ecoam nos meus ouvidos. Será que
eu fui tão egoísta em querer vingar minha família que pouco me importei com os sentimentos deles?!
Percebo que todos estão olhando para mim, mas nesse momento quero ficar sozinha, não quero
falar com ninguém. Viro as costas, vou para meu quarto e tranco a porta assim que entro. Tomo um
banho, coloco um conjunto de moletom, pois estou com frio, e caio na minha cama, adormecendo em
seguida.
Sinto um pesadelo chegando, e parece pior que os outros. Depois de ver toda minha família
ser morta por aquele monstro, estou na floresta ainda, mas adulta e com meu bebê no colo e com o
Eric ao meu lado. De repente o Andrew aparece à nossa frente com mais uns homens ao seu lado.
Fico impotente vendo o Eric ir até ele e depois ser morto. Um dos homens pega o bebê do meu
colo, e fico desesperada. Grito: “por favor, meu bebê, não! Tudo menos ele!” Entretanto, ele o faz,
ele mata o meu bebê. Dou um grito desesperado e acordo com o grito saindo dos meus lábios no
momento em que a porta do meu quarto é arrombada e o Eric entra com toda a comitiva atrás. Ele
vem até mim e me abraça. Está com um olhar assustado. Eu estou suando frio. Assim que sinto seus
braços ao meu redor, agarro-me a ele. A sensação de perdê-lo e ao nosso bebê foi horrível. Sem
eles acho que acabo morrendo junto, minha vida ficaria sem sentido.
— Está tudo bem, amor, calma, está tudo bem.
Só então eu percebo que estou chorando. Ele beija a minha cabeça tentando me acalmar, mas
parece impossível.
— E-ele ma... t-tou nosso bebê... ― falo soluçando. Ouço a Beth resmungar, mas não entendo o
que é.
— Calma, amor, ninguém vai fazer nada ao nosso bebê. Calma, você está segura, eu estou
aqui. Foi só um pesadelo, vou cuidar de você.
Eric me segura, e começo a me acalmar.
— Pega, Emy ― ouço a Beth falar, e me viro para ela, que está segurando um copo de água
e o calmante que o médico receitou no caso de eu ter os pesadelos. Porém, tomo só água, não
quero tomar nenhum remédio além do necessário para o bebê.
— Não vai tomar o calmante?
Olho para ela e vejo culpa em seu rosto.
— Não — falo com a voz rouca pelo choro. — E arruma essa cara, não foi culpa sua.
Ela se ajoelha ao lado da cama e pega a minha mão. Uma lágrima escorre por seu rosto.
— Se eu não tivesse falado aquele monte de asneira para você, você estaria bem. Emy, esse
foi pior, você gritava muito, foi assustador.
Passo a mão em seu rosto.
— Beth, você só me falou a verdade. Se eu quero realmente continuar com isso, tenho que
deixar você e o Adam a par de tudo, principalmente onde me encontro, pois foi pelo motivo de
amar e querer proteger vocês que botei esses seguranças atrás de vocês. Eu sei onde vocês estão
e o que estão fazendo a qualquer hora, mas já vocês não têm noção de onde eu estou, e com
certeza ficam loucos quando eu sumo. A partir de hoje isso vai mudar, eu prometo, OK?
Ela balança a cabeça concordando. Olho para o Eric, que olha tudo com interesse, mas vejo
preocupação em seu semblante. O Adam está atrás dele quieto junto com o André e o Dylan.
— Vem aqui — chamo-o, batendo no lado vazio da cama. Ele vem e se senta, e eu o abraço
forte.
— Eu odeio quando você tem esses pesadelos. Esse foi pior, Morena.
Fecho os olhos.
— Eu sei, foi horrível mesmo. Ele matava o meu bebê — falo para ele em um sussurro, e Adam
me abraça mais forte.
— Isso nunca vai acontecer, Morena.
— Quem matava nosso bebê, princesa?
— Que bebê? — pergunta o André e o Dylan juntos olhando de mim para o Eric.
— A Emy está grávida, rapazes. Vocês vão ser tios.
Os dois esbugalham os olhos, arrancando uma risada de mim.
— Bom, parabéns, então — fala o Dylan sorrindo.
— É, parabéns aos dois — o André diz, mas com o rosto sério, e isso acaba me tirando do
sério.
— Olha, André, se os parabéns são a contragosto, não precisa dar, OK? E outra coisa, você
não era assim comigo, todo frio e irritante. Não sei o que aconteceu nesse meio tempo, também nem
me importa, mas é bom a gente aprender a conviver, pois eu e o Eric estamos juntos de novo, e não
vou me afastar dele. E outra, eu realmente queria que você fizesse parte da vida do meu filho,
pois você é uma parte importante da vida do Eric. Admiro muito a amizade de vocês,
principalmente depois de a conhecer um pouco. Não “tô” pedindo que você caia de amores por
mim, o que estou pedindo é que você me aceite, ou que pelo menos tente me aturar por ele, e não
ficar fazendo essas caras feias toda vez que me vê e não me tratar com essa frieza toda. Eu amo
o Eric e realmente quero fazê-lo feliz, mas sei que ele nunca vai ser totalmente feliz se você
continuar assim.
Quando termino de falar, o quarto está em silêncio. Continuo encarando o André, que me olha
com um brilho diferente no olhar. E vejo aquele sorriso de quando nos conhecemos aparecer em
seus lábios.
— Não liga para mim, Emy, é que eu sou quebrado e sempre tive medo de que qualquer um
dos meus dois amigos se machucasse como eu quando amasse alguém. Também fiquei com um pé
atrás por você esconder coisas dele, mas se ele está bem com isso, realmente não me importo. O
que me deixa feliz é ver a sinceridade em seu olhar, principalmente quando disse que o ama. Me
perdoa por tratar você mal, foi só uma forma de querer proteger o Eric.
Dou um sorriso para ele. Pelo menos dessa eu estou livre. Olho para o Eric, que ainda está
sério.
— Me responde, princesa, quem matava nosso bebê?
Dou um gemido frustrado. Realmente não quero contar que meus pesadelos têm a ver com o
Andrew.
— E você tem esses pesadelos frequentemente?
Como fico muda, o Adam responde por mim:
— Ela sempre teve esses pesadelos, mas eles só vêm quando ela está emocionalmente
abalada.
— Então quer dizer que nesse tempo em que ficamos separados...
Ele não termina a frase, e vejo dor em seu rosto.
— Ela os teve todos os dias — fala o Adam, e juro que me deu vontade de dar um soco na
cara dele. Por que não fecha essa boca grande?
— Eu tenho pesadelos com o Andrew, e foi ele que eu vi matando o bebê. E é só isso que vou
falar. Não quero mais tocar nesse assunto. Fecha essa maldita boca, Adam ― falo irritada,
levantando-me e indo para a cozinha. Estou morta da fome e o remédio já fez efeito, então posso
comer à vontade. Vou até a geladeira procurar por algo.
— Não tem nada para comer, mas eu já pedi uma pizza para nós — diz meu irmão chegando
à cozinha com “a comitiva de trás”. O Eric está sério, e eu o entendo. Ele quer respostas, mas eu
não estou pronta para dá-las. Pego um copo de suco e o tomo para enganar meu estômago até a
pizza chegar. Olho para a mesa e vejo que eles tinham continuado jogando.
— Estão jogando ainda?
Meu irmão faz uma careta, fazendo-me rir.
— Sim.
— Ótimo, quero jogar também ― afirmo me sentando e pegando as cartas. O Dylan, o Eric e
o André se sentam, mas a Beth e o Adam estão fazendo cara feia.
— Não vão jogar? — pergunto tentando segurar o sorriso.
— Certo, quem sabe hoje você perde — fala o Adam rindo e fazendo com que eu me junte a
ele na risada.
— Certo, vamos ver, então.
A pizza chega, e continuamos jogando e comendo, o que é bom, descontrai um pouco e alivia
o clima tenso. Entretanto, deixo todos bravos, pois ou eu blefo bem, ou realmente tenho bom jogo,
sempre ganhando deles. Na última, eles ficam de boca aberta quando faço um Royal Flush,
fazendo eles desistirem de jogar e arrancando muitas gargalhadas minhas.
Por fim resolvemos ver um filme. Eu e a Beth queremos romance, mas como a maioria é
formada por homens, eles acabam ganhando e colocam um filme de ação, Missão Impossível
Protocolo Fantasma. No meio do filme acabo adormecendo nos braços do Eric.
Depois que o filme acaba, eu e o André vamos embora. Eu estou feliz por o Eric e a Emy
terem se acertado, principalmente por o Eric ter “se tocado” e voltado para ela. Estou feliz pelos
dois, na verdade. A Emy é uma pessoa incrível, brincalhona, esperta, inteligente. Porra, estou ainda
mais contente por saber que eles vão ser pais. Todavia, também estou preocupado. A Emy tem
segredos e não os conta. Fico pensando se algum dia vai contá-los.
No momento em que chegamos ao nosso prédio, meu celular toca e o atendo.
— Duran.
— Dylan, é o Lucas. Preciso de vocês no escritório.
— O que aconteceu, Lucas?
— Achamos um corpo; era um dos caras do Andrew.
— Eu e o André já estamos indo. Avisamos ao Eric amanhã, ele está com a Emily agora.
Ouço ele suspirar.
— Certo, espero vocês aqui.
Olho para o André e falo o que aconteceu. Encaminhamo-nos para a sede do FBI, e depois de
uma noite inteira de trabalho, chega a parte pior: descobrimos algumas ligações entre a vítima e a
Emily, e teremos que trazê-la aqui para interrogatório. O Eric vai ficar puto com isso. Eu realmente
não quero fazer isso. Pego meu celular e ligo para ele.
— Espero que seja algo importante para você estar me ligando a essa hora.
— Na verdade, é. Preciso que você traga a Emy para ser interrogada.
— Mas que diabos? — fala o Eric indignado. — O que está acontecendo?
— Foi achado um corpo ontem, e achamos ligação entre a vítima e a Emily. É só para
averiguar. Você sabe como funciona, Eric.
— Quem era?
— Um dos capangas do Andrew.
— E qual foi a ligação?
— Eric, acho melhor conversamos aqui. Você a traz, ou temos que ir aí?
Ele solta um som frustrado.
— Não, eu a levo, mas ela não vai ser levada para uma sala de interrogatório.
— Concordo com você, nós já conversamos sobre isso. Vai ser na sala do Lucas.
— OK, mais ou menos em umas duas horas estamos aí.
— Certo, fico esperando.
Depois de nos despedirmos, o André olha para mim.
— Como ele reagiu?
— Bom, como você acha? É a mulher dele que estamos trazendo para um interrogatório.
— Também não estou feliz com isso.
Uma hora mais tarde o Eric chega com a Emy, os dois com semblantes sérios. Levo-os até a
sala do Lucas, e eles se sentam no sofá que tem no escritório. Pego uma cadeira e fico de frente
para os dois, igualmente ao André e ao Lucas.
— Pode me dizer por que estou aqui? — pergunta a Emy irritada.
— Emily, precisamos que você esclareça algumas coisas para nós, pode ser?
Ela dá de ombros.
— Gostaria de saber se você conhece Bruno Santiago?
Ela faz uma careta, e já tenho uma resposta.
— Por que você quer saber?
— Emily, quem faz as perguntas aqui sou eu.
— Bom, e eu também não preciso respondê-las. Eu sou advogada, Dylan, conheço meus
direitos. A não ser que você tenha provas contra mim, não preciso ficar, mas pela amizade que
tenho com vocês, só peço que me respondam o que eu perguntei, que faço o mesmo por vocês.
Olho frustrado para ela. Sempre tem uma resposta para tudo.
— Tudo bem. Ontem à noite encontramos o corpo de Bruno Santiago, e achamos ligações entre
vocês dois, então gostaria de respostas — falo para ela, passando-lhes as fotos que conseguimos
de uma câmera de vigilância onde ela aparece num café com o Bruno, e depois num shopping, e
nos dois encontros ele lhe entrega algo.
Ela está pálida quando lhe passo as fotos.
— Ele está morto?
— Sim ― respondo, e ela fica ainda mais branca. Fico com medo até que desmaie.
— Não, isso é impossível... — ela fala num sussurro. Olha para mim não acreditando no que
falei. Pega seu celular e liga para alguém.
— Quem está falando? ― ela pergunta se levantando e ficando de costas para nós. Eric está
inquieto como o resto de nós.
— Cadê o Bruno? ― ela pergunta exaltada.
— Seu desgraçado, você realmente o matou! Eu juro que você vai pagar por isso.
Faz-se silêncio.
— A ligação dele comigo? Seu idiota, ele era meu amigo, eu conhecia sua família! ― ela
praticamente grita ao telefone. Bom, se nós tínhamos dúvida de que ela conhecia o Bruno, elas
morrem agora, pois ela não só o conhecia, como também sabe quem o matou. E o mais estranho é
o fato de ela falar da família dele, pois tentamos encontrá-la e não foi possível, é como se ela
tivesse desaparecido.
— Emily, com quem você está falando? — pergunta o Eric. Ela fica mais tensa quando ele fala.
— Se prepara, pois seus dias de liberdade estão acabando. E eu vou assistir de camarote ao
seu tombo, e não vai ser pequeno ― ela fala, desligando o celular, e se vira para nós. Seus olhos
estão marejados. O Eric está tenso também. Ninguém estava preparado para isso. O Eric vai até
ela, passando a mão em seu rosto.
— Com quem você estava falando, Emily? — pergunta novamente.
Ela olha para nós quatro e se afasta do Eric.
— Eis aqui o que vou contar a vocês. Eu conhecia o Bruno, conhecia sua família, e ele
trabalhava para mim e acabou sendo morto por isso. Com quem eu estava falando, Eric? Bom, com
seu queridinho pai, pois com certeza vocês sabem que o Bruno trabalhava para ele e sabem
também que ele seria o único a matar o Bruno. Acho que as investigações de vocês foram
concluídas, mas vocês não vão atrás do Andrew, pois ele sempre se livra, nunca conseguem provas
o suficiente para deixá-lo na cadeia nem por uma hora. O FBI está nessa investigação
provavelmente antes de a família Zanon ser assassinada, e até agora nada, então não me peçam
para compartilhar com vocês o que eu sei, pois eu não vou. Agora eu quero saber quando o corpo
do Bruno vai ser liberado para eu o mandar para a família dele. E antes que vocês perguntem,
ninguém vai saber onde ela está.
Acho que todos aqui estão de boca aberta com o que ela acabou de falar. De onde diabos
saiu essa mulher e como ela sabe de tudo isso?! E diabos, com certeza ela sabe bem mais que nós
sobre o Andrew. E ela tem razão, nós nunca conseguimos provas suficientes para colocá-lo na
cadeia. A única coisa que nós temos é uma testemunha, mas levamos em consideração tudo que o
júri pode considerar e resolvemos deixar isso quieto pelo menos até termos algo a mais, mas porra,
isso está difícil. O homem faz as suas sujeiras e as esconde bem. Até mesmo os carregamentos que
pegamos não conseguimos ligar a ele, mesmo sabendo que são dele.
— Emily, isso é perigoso. Eu não questionei seus motivos, mas sei que o Andrew fez algo a
você. Só que, do jeito que você está fazendo, você pode se machucar, ou machucar outras pessoas,
como aconteceu com o Bruno — fala o Eric chegando perto dela e passando a mão em seu rosto
novamente. — Princesa, você precisa confiar em nós e contar o que sabe.
Pelo que vejo em seu rosto, ela não vai falar mesmo.
— Não dá, Eric, vocês tiveram muito tempo para juntar provas contra ele e nunca conseguiram,
e vocês tinham mais recursos que eu. A lei está a favor de vocês, mas eu sozinha, com meus meios,
consegui provas que o deixariam bem mais que uma hora na cadeia. Vocês nunca questionaram
isso? O fato de vocês nunca conseguirem provas contra ele, se estão dentro da lei?
Quando ela fala essa última parte, acaba me deixando inquieto. Ela não está falando o que
eu imagino, está?!
— Emy, você está falando que a investigação foi corrompida? Que têm pessoas da lei
trabalhando para ajudá-lo? É isso?
Ela me dá um olhar triste, e percebo que é realmente isso. O André começa a andar inquieto
pela sala.
— Aquela lista de nomes de agentes do FBI que estava na mesa do Lucas, eles trabalham
para o Andrew? ― o André pergunta, e fico apreensivo. Não pode ser dentro do próprio FBI!
— Você viu esses nomes? — ela pergunta surpresa.
— Sim, eu vi você aqui e fiquei desconfiado. Vim até o Lucas perguntar o que você queria e vi
o papel. Peguei-o sem que o Lucas percebesse e fiz minha própria pesquisa dos nomes.
Nesse momento o celular da Emy toca e ela franze a testa e atende.
— Algum problema, Christian?
Ficamos quietos esperando ela terminar a ligação.
— Não, eu estou ocupada agora, vai demorar um pouco.
Ela fica em silêncio.
— Não, pode falar.
Seu rosto fica surpreso.
— Na verdade nunca pesquisei nada a respeito, sempre doía só de lembrá-los, e pesquisar
sobre eles não estava em meus planos. Eles já estavam mortos mesmo. ― Seu tom de voz está
triste.
— Não, pode falar.
Ela ouve o que o tal de Christian diz e fica branca feito papel.
— Impossível. ― Ela se senta. — Não, é impossível! Eu o vi morrer! Isso é impossível... ― ela
fica repetindo isso. É estranho. Quem ela viu morrer?!
— Onde? Onde ele está?!
Mais silêncio se faz.
— FBI?
O que o FBI tem a ver com a conversa dela? Todos aqui estão ouvindo a conversa com
interesse e com perguntas nos olhos.
— Não, pode deixar, eu vou descobrir. Obrigada, Christian.
Ela desliga e olha determinada para o Lucas, que chega a dar um passo para trás. O rosto
dela é pura emoção.
— O que foi? ― ele pergunta preocupado.
— James Zanon está vivo?
E quando isso sai da sua boca, quase vejo o chão sumir sob meus pés.
Todos na sala estão em silêncio absoluto.
— Responde, Lucas. James Zanon está vivo?
— Como diabos você descobriu isso? ― ele pergunta alterado. O André e o Eric me olham
preocupados, e devolvo o mesmo olhar para eles. Isso não pode estar acontecendo.
— Você me indicou uma empresa de segurança muito boa, obrigada por isso. Bom, você já
respondeu a minha pergunta, agora quero saber quem ele é.
— Impossível, Emy, eu não posso passar essa informação ― ele afirma olhando para nós
desesperado. Não entendo por que ele está assim, pois é só dizer que não irá falar e pronto.
— Sabe, nesse tempo todo nunca te pedi muito e também não estou cobrando algo pelo que
fiz por você e pela Gaby, mas Lucas, se eu precisar usar isso para fazer você falar, eu vou, pois
eu preciso saber quem ele é.
— Por que você precisa saber, Emy? — pergunta o André. Ela olha para ele, e há tanta dor
em seu rosto que chego a sentir uma fisgada no peito.
— Eu preciso, André. Eu preciso! ― Volta-se para o Lucas novamente. — Lucas, por favor...
— Emy, não me pede isso. Pede qualquer coisa, menos isso.
— Eu quase morri para salvar a Gaby, você sabe disso! — ela praticamente grita para ele.
— Eu fui parar no hospital para salvá-la do seu ex-marido louco, enquanto você enchia a cara
num bar! Fui eu que estava lá, Lucas, fui eu que matei o desgraçado para salvar a nossa pele!
Então me diz onde diabos está James Zanon!
Fico preso na parte em que ela fala que matou alguém. Mas que diabos?!
— Emily, não cabe a mim dizer quem ele é. Se ele achar que confia o bastante em você para
se revelar, ele vai.
O que o Lucas está fazendo?! Ele praticamente disse onde o James está!
— Ele está aqui, não é? ― ela pergunta num sussurro, mas o Lucas não confirma. Ela se vira
para nós três, e seu olhar vem direto para mim. Seus olhos se enchem de lágrimas. Ela anda até
onde estou e para na minha frente, olhando-me, analisando-me com lágrimas descendo por seu
rosto. Sinto um aperto no peito.
— Eu não sabia ― ela sussurra passando a mão em meu rosto.
— Emily, o está acontecendo? ― ouço o Eric perguntar. E também quero saber o que está
acontecendo, pois o modo como a Emy está me olhando está me assustando. Tem adoração,
saudade, dor, felicidade, tudo misturado. Parece que ela não escuta o Eric.
— Eu pensei que você tinha morrido!
— Emily, eu estou aqui, não estou morto! O que está acontecendo? — pergunto confuso. E vejo
o Eric apertar as mãos em punho. Certo, é melhor a Emy parar, ou vou levar um soco do Eric.
Ela acaba dando uma risada em meio às lágrimas.
— Agora eu entendo os sentimentos que você tem em relação a mim, o porquê de querer me
proteger, de querer cuidar de mim ― ela fala isso ainda sorrindo. Ouço o Eric grunhir. Agora eu
sei que vou apanhar dele.
— Emy querida, eu não estou entendendo.
Ainda chorando, ela pega a sua mão e a leva até minha testa. Com o polegar vai descendo
até o meu nariz e o belisca.
— Deus! ― grito e a trago para meus braços. Só uma pessoa faz isso. Só a minha irmã! —
Princesa... — falo ao seu ouvido e ouço seus soluços.
Deus, eu não acredito... Eu a procurei tanto! Estava desistindo, pois nunca tive uma pista,
qualquer coisa que me levasse até ela, e agora ela está nos meus braços. Abraço-a mais forte,
como se ela fosse sumir da minha frente. Minha irmã está aqui, viva e bem, tão próxima de mim
esse tempo todo, e não a reconheci. Deus, e ela achando esses anos todos que eu estava morto!

Acordo com o Eric ao telefone. Ele parece irritado. Pego um pouco da conversa, e ele está
nervoso.
— Mas que diabos? — fala ele indignado. — O que está acontecendo?
Ele fica em silêncio ouvindo.
— Quem era?
Faz silêncio.
— E qual foi a ligação?
Continua em silêncio.
— Não, eu a levo, mas ela não vai ser levada para uma sala de interrogatório ― ele fala
irritado, e fico incomodada. Pego meu celular e vejo que ainda são 6h da manhã.
— OK, mais ou menos em umas duas horas estamos aí.
Ele desliga e se levanta, passando a mão pelos cabelos.
— Tudo bem, amor?
Ele me olha com tristeza.
— Não, princesa. Preciso que venha comigo até o FBI para responder a algumas perguntas.
Pulo da cama quando ele termina de falar. Mas que droga! O que será que aconteceu?!
— O que houve?
— Princesa, eu não posso falar, tem que ser no escritório. Vamos?
Vejo que está preocupado. Ele não pode falar, pois faz parte de seu serviço, então também
não pressiono, só concordo balançando a cabeça e vou para o banheiro tomar um banho. Ele vem
logo atrás.
— Princesa, eu....
Silencio-o com um beijo, provocando-o ao morder seu lábio inferior. Ele geme contra a minha
boca.
— Eu entendo que você não possa falar, está tudo bem, Eric. Nós vamos até lá, e assim vou
saber o que está acontecendo.
Ele me prensa no balcão do banheiro e me devora com a boca. Toda vez que ele me beija,
minhas pernas ficam bambas. Agarro-me a ele para me segurar. Eric pressiona sua ereção contra
meu ventre, fazendo-me gemer contra sua boca.
— Amo seus gemidos, princesa.
Passa a mão pelos meus seios, que já estão duros de tão excitada que estou. Basta ele me
tocar ou um simples olhar seu e já me faz pegar fogo. Ele tira meu sutiã, levando sua mão aos
meus mamilos. Dá leves beliscões, deixando-me louca. Vai beijando minha mandíbula e descendo
por meu pescoço até alcançar meus seios. Quando toca meus mamilos com a língua, quase gozo.
Deus! Parece que com a gravidez fiquei mais sensível... Ele continua brincando com meus seios,
levando-me ao delírio. Amo quando ele faz isso.
— Eric...
Nesse momento ele me levanta. Agarro-me ao redor de sua cintura com as pernas. Ele nos
leva para o quarto, colocando-me na cama. Ficamos olhando um nos olhos do outro. Ele tem um
olhar quase animalesco, e eu amo quando ele fica assim. Passa a mão pelo meu corpo e vai
descendo até minha calcinha, que rasga, tirando-a do meu corpo. Beija a parte inferior das minhas
coxas, fazendo-me gemer ainda mais. Sinto sua língua em mim, e é minha perdição. Gozo no
momento em que a sinto. Escuto uma risada sua.
— Esse foi rápido, princesa.
— Eric, por favor, eu preciso de você dentro de mim...
— Você vai ter, princesa, mas antes quero te saborear.
Eric passa a língua por todo meu centro, chegando ao meu clitóris e o mordiscando e
lambendo. Ai, meu Deus! Não vou aguentar muito se ele continuar! Ele insere dois dedos em minha
boceta, fazendo-me contorcer de prazer.
— Porra, princesa, você é muito gostosa... Essa bocetinha é minha perdição.
Ele continua me lambendo e enfiando os dedos em mim, e sinto mais um orgasmo vindo, e
quando chega, ele me leva com tudo. Grito o seu nome.
— Eric!
Ele se levanta e me beija, fazendo-me sentir meu sabor, e porra, isso é quente. Sinto seu pau
na minha entrada e me mexo sobre ele, fazendo-o gemer, e ele estoca com tudo, fazendo nós dois
gemermos nesse momento.
— Essa boceta é muito apertada, bebê... Me deixa louco como ela me engole todo... ― ele
fala enquanto continua penetrando, deixando-me inebriada de prazer até meu orgasmo me
alcançar novamente. Gozo gritando por ele, que dá mais umas estocadas e geme meu nome
quando sua liberação chega.
Ficamos os dois ofegantes esperando nossas respirações se acalmarem.
— Eu te amo, princesa ― ele diz rouco.
— Amo você mais, amor.
Ele me dá um sorriso de canto de boca supersexy. Tudo nele grita sensual, lindo, um deus.
Ainda não me canso de olhar para ele e saber que ainda é meu.
— Princesa, eu não queria sair daqui, mas precisamos ir.
Dou um gemido frustrado.
— OK, vamos lá.
Tomamos nossos banhos separados, pois se formos juntos, a gente nunca vai sair de casa.
Tomamos nosso café rápido e vamos para o FBI. No caminho fico me perguntando o que será que
aconteceu para eles quererem me interrogar.
Assim que chegamos, o Dylan está esperando por nós. Ele está sério, fico até um pouco
incomodada. O Eric deve estar percebendo, pois aperta minha mão. Olho para ele, e o carinho em
seu olhar me acalma um pouco. Vamos até a sala do Lucas, e lá me sento com o Eric ao meu lado e
o Dylan, o André e o Lucas à minha frente.
— Pode me dizer por que estou aqui? ― pergunto um pouco irritada.
— Emily, precisamos que você esclareça algumas coisas para nós, pode ser?
Dou de ombros. Seja o que for, quero saber de uma vez por que estou aqui.
— Gostaria de saber se você conhece Bruno Santiago?
O que diabos o Bruno tem a ver com isso?
— Por que você quer saber?
— Emily, quem faz as perguntas aqui sou eu.
— Bom, e eu também não preciso respondê-las. Eu sou advogada, Dylan, conheço meus
direitos. A não ser que você tenha provas contra mim, não preciso ficar, mas pela amizade que
tenho com vocês, só peço que me respondam o que eu perguntei, que faço o mesmo por vocês.
Ele me olha frustrado. Se ele quer respostas, é bom responder as minhas perguntas. Dois
podem jogar esse jogo.
— Tudo bem. Ontem à noite encontramos o corpo de Bruno Santiago, e achamos ligações entre
vocês dois, então gostaria de respostas.
Bruno está morto?! Impossível!
Lucas me entrega fotos minhas com o Bruno de quando ele me entregou os papéis com os
nomes no café e quando me entregou a agenda no shopping, mas ainda não estou acreditando.
— Ele está morto?
— Sim.
Sinto meu corpo todo dormente. Meu Deus! Como vou falar isso para a esposa dele e as
crianças?!
— Não, isso é impossível — eu falo num sussurro. Ainda não consigo acreditar. Pego meu
celular e ligo para ele. Preciso saber a verdade. Todavia, quem atende do outro lado não é o
Bruno
— Quem está falando? ― pergunto me levantando e ficando de costas para os rapazes.
— Você não faz nem ideia, querida?
Andrew! Deus, a violência desse homem nunca tem limite!
— Cadê o Bruno? ― pergunto exaltada.
— Tem certeza de que não sabe? Eu acho que a esse momento já encontraram o corpo dele
― ele fala com a voz melosa. Sinto nojo por esse homem e uma raiva que me consome.
— Seu desgraçado, você realmente o matou! Eu juro que você vai pagar por isso.
— Sabe, Emily? Fico me perguntando qual a ligação entre vocês dois, pois achei muito
estranho que um homem da minha confiança tenha seu número no seu celular. Logo o seu, a pessoa
que comprou as ações da minha empresa na surdina para só depois se revelar.
— A ligação dele comigo? Seu idiota, ele era meu amigo, eu conhecia sua família! ― grito ao
telefone. Eu quero matar esse desgraçado, fazê-lo sofrer, pagar por tudo de mal que ele já fez.
Tento controlar minha fúria.
— Emily, com quem você está falando? — ouço o Eric perguntar e fico mais tensa ainda.
— Se prepara, pois seus dias de liberdade estão acabando. E eu vou assistir de camarote ao
seu tombo, e não vai ser pequeno.
Desligo o celular, pois não posso mais ouvir sua voz. Viro-me para os rapazes e sinto lágrimas
nos meus olhos. O Eric vem até mim e passa a mão pelo meu rosto. Assim consigo me acalmar um
pouco.
— Com quem você estava falando, Emily? — pergunta o Eric novamente.
Olho para os quatro e me afasto do Eric; ele pode ficar bravo comigo pelo que eu vou falar.
— Eis aqui o que vou contar a vocês. Eu conhecia o Bruno, conhecia sua família, e ele
trabalhava para mim e acabou sendo morto por isso. Com quem eu estava falando, Eric? Bom, com
seu queridinho pai, pois com certeza vocês sabem que o Bruno trabalhava para ele e sabem
também que ele seria o único a matar o Bruno. Acho que as investigações de vocês foram
concluídas, mas vocês não vão atrás do Andrew, pois ele sempre se livra, nunca conseguem provas
o suficiente para deixá-lo na cadeia nem por uma hora. O FBI está nessa investigação
provavelmente antes de a família Zanon ser assassinada, e até agora nada, então não me peçam
para compartilhar com vocês o que eu sei, pois eu não vou. Agora eu quero saber quando o corpo
do Bruno vai ser liberado para eu o mandar para a família dele. E antes que vocês perguntem,
ninguém vai saber onde ela está.
— Emily, isso é perigoso. Eu não questionei seus motivos, mas sei que o Andrew fez algo a
você. Só que, do jeito que você está fazendo, você pode se machucar, ou machucar outras pessoas,
como aconteceu com o Bruno — fala o Eric se aproximando de mim e passando a mão em meu
rosto novamente. — Princesa, você precisa confiar em nós e contar o que sabe.
Quebra-me quando ele fala assim, mas eu não vou falar. Eu o amo muito, mas eu preciso
pensar na minha família. Ela foi morta por esse monstro.
— Não dá Eric, vocês tiveram muito tempo para juntar provas contra ele e nunca conseguiram,
e vocês tinham mais recursos que eu. A lei está a favor de vocês, mas eu sozinha, com meus meios,
consegui provas que o deixariam bem mais que uma hora na cadeia. Vocês nunca questionaram
isso? O fato de vocês nunca conseguirem provas contra ele, se estão dentro da lei?
— Emy, você está falando que a investigação foi corrompida? Que têm pessoas da lei
trabalhando para ajudá-lo? É isso?
Dou um olhar ao Dylan, e ele tem sua resposta ao me olhar. O André fica agitado.
— Aquela lista de nomes de agentes do FBI que estava na mesa do Lucas, eles trabalham
para o Andrew?
Fico surpresa quando ele fala isso, eu sei que o Lucas não iria contar, pois ele teve que burlar
o sistema para pesquisar para mim.
— Você viu esses nomes? — pergunto a ele.
— Sim, eu vi você aqui e fiquei desconfiado. Vim até o Lucas perguntar o que você queria e vi
o papel. Peguei-o sem que o Lucas percebesse e fiz minha própria pesquisa dos nomes.
Meu celular toca nesse momento e olho a tela para ver quem é. Fico surpresa ao ver que é o
Christian. Ele nunca me liga, só em caso de urgência. Atendo logo, pois fico preocupada com a Beth
e o Adam.
— Algum problema, Christian?
— Emily, você poderia vir até o escritório? Preciso falar com você.
— Não, eu estou ocupada agora, vai demorar um pouco.
— Tenho algo importante para lhe falar, só não sei se por telefone é o ideal.
— Não, pode falar.
— Certo, você pediu. Você alguma vez fez alguma pesquisa sobre sua família, os Zanons?
Fico surpresa com essa pergunta.
— Na verdade nunca pesquisei nada a respeito, sempre doía só de lembrá-los, e pesquisar
sobre eles não estava em meus planos. Eles já estavam mortos mesmo.
Percebo a tristeza no meu tom de voz. Falar deles sempre me machuca.
— Emily, então acho melhor falar com você quando puder vir aqui.
— Não, pode falar.
— Certo, mas acho melhor você se sentar. Resolvi fazer a minha pesquisa, pois gosto de estar
por dentro de tudo com que trabalho, principalmente para garantir a segurança de meus clientes,
e resolvi pesquisar sobre sua família depois do que aconteceu. Descobri que seu irmão não morreu
naquela noite.
— Impossível ― sussurro para ele e me sento. Minhas pernas estão bambas. Eu vi, Deus, eu vi
ele levar um tiro e cair desacordado no chão! — Não, é impossível! Eu o vi morrer! Isso é
impossível...
— Emily, ele está vivo. Foi levado ao hospital com vida.
— Onde? Onde ele está?! ― pergunto desesperada. Eu preciso ver meu irmão!
— Isso é um problema, pois do hospital ele sumiu. Minhas fontes falaram que ele entrou para o
programa de proteção à testemunha e que seu paradeiro pode ser o FBI.
— FBI?
— Sim, posso pesquisar isso para você. Tenho contatos dentro do FBI que poderiam me ajudar
a descobrir onde ele está.
— Não, pode deixar, eu vou descobrir. Obrigada, Christian.
Após desligar, olho para o Lucas. Ele vai dar as respostas que preciso.
— O que foi?
Deus, ainda está difícil de acreditar.
— James Zanon está vivo? ― Quando isso sai da minha boca, a verdade me atinge. Meu
irmão está vivo. Esse tempo todo ele esteve vivo. — Responde, Lucas. James Zanon está vivo?
— Como diabos você descobriu isso?
Nesse momento quero chorar. Sem saber, ele respondeu a minha pergunta. Meu Deus, meu
coração está a mil, parece que não vou aguentar tanta felicidade! Caramba, meu irmão está vivo!
— Você me indicou uma empresa de segurança muito boa, obrigada por isso. Bom, você já
respondeu a minha pergunta, agora quero saber quem ele é.
— Impossível, Emy, eu não posso passar essa informação.
Lucas olha para os rapazes tentando pedir ajuda, mas não vai ser tão fácil. Se precisar jogar
sujo, eu jogo, pois isso é muito importante para mim, por mais que ele não saiba.
— Sabe, nesse tempo todo nunca te pedi muito e também não estou cobrando algo pelo que
fiz por você e pela Gaby, mas, Lucas, se eu precisar usar isso para fazer você falar, eu vou, pois
eu preciso saber quem ele é.
— Por que você precisa saber, Emy? — ouço o André falar e olho para ele.
— Eu preciso, André. Eu preciso! ― Volto-me para o Lucas novamente. — Lucas, por favor...
— Emy, não me pede isso. Pede qualquer coisa, menos isso.
— Eu quase morri para salvar a Gaby, você sabe disso! ― grito. Deus, não gosto de usar o
que fiz pela Gaby para conseguir algo dele, mas nesse momento eu faço qualquer coisa para ele
me falar onde está meu irmão! — Eu fui parar no hospital para salvá-la do seu ex-marido louco,
enquanto você enchia a cara num bar! Fui eu que estava lá, Lucas, fui eu que matei o desgraçado
para salvar a nossa pele! Então me diz onde diabos está James Zanon!
— Emily, não cabe a mim dizer quem ele é. Se ele achar que confia o bastante em você para
se revelar, ele vai.
Suas palavras fazem uma luz se acender em minha mente. James está aqui, nessa sala
conosco!
— Ele está aqui, não é? — pergunto num sussurro, mas não preciso de resposta. Eu sei
exatamente quem é meu irmão. Ele é muito parecido com nosso pai, por isso o achei familiar. Vou
até o Dylan, ainda não acreditando. — Eu não sabia ― sussurro passando a mão em seu rosto.
Parece que todos ao meu redor sumiram e só estamos eu e ele aqui nesse momento.
— Emily, o que está acontecendo?
Escuto ao longe o Eric perguntar, mas nesse momento só tenho olhos para o meu irmão. Fito-o
com saudade. Deus, tenho tanta saudade dele!
— Eu pensei que você tinha morrido!
— Emily, eu estou aqui, não estou morto. O que está acontecendo? ― Dylan pergunta confuso.
Dou uma risada em meio às lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
— Agora eu entendo os sentimentos que você tem em relação a mim, o porquê de querer me
proteger, de querer cuidar de mim ― falo sorrindo. Agora eu o entendo e aos seus sentimentos em
relação a mim. No fundo ele me reconheceu, ele soube que eu era a sua irmã.
— Emy querida, eu não estou entendendo.
E faço o que eu fazia quando era criança para incomodá-lo, levo meu polegar à sua testa e
desço até a ponta do seu nariz, que belisco. Seus olhos se arregalam.
— Deus! ― ele grita, puxando-me para seus braços e me abraçando como se eu fosse sumir.
— Princesa... — fala ao meu ouvido, e não contenho um soluço. Choro em seus braços de tristeza
por esse tempo todo perdido, mas de felicidade também, por ter meu irmão aqui vivo, por não tê-
lo perdido naquela maldita noite. Agarro-me a ele chorando que nem criança. Eu o encontrei e
nunca vou deixá-lo partir novamente. Em meio a lágrimas, ele se afasta o suficiente para olhar em
meus olhos e falar: — Nunca deixei de te procurar, princesa, nunca.
Lágrimas escorrem pelo seu rosto, e eu sei que ele nunca desistiu de me encontrar.
— Será que um dos dois pode dizer o que diabos está acontecendo? — pergunta um Eric
muito indignado. — Dylan, é sério, é melhor você falar, porque você está com as mãos em cima da
minha mulher, porra.
Escuto uma risada abafada do Dylan em meu cabelo. Ele se afasta um pouco ainda com
lágrimas pelo rosto, passando a mão em minha face e enxugando as lágrimas que ainda caem.
Olha-me do mesmo jeito doce de quando criança. Eu queria ficar aqui para sempre só curtindo
meu irmão, mas sei que o Eric é bem capaz de socar a sua cara se não falarmos logo. O Dylan se
vira para eles ainda me abraçando. O rosto do Eric mostra o quanto está irado.
— É melhor nos sentarmos, porque eu ainda não acredito no que está acontecendo — afirma
o Dylan ao se sentar. Sento-me ao seu lado, e ele me abraça de novo. Acho que ele está com o
mesmo medo que eu, de que a qualquer momento um de nós desapareça. Ele me olha. — Agora
dá para entender essa sua obsessão pelo Andrew — fala com um olhar sério, e sei o que ele está
pensando. O James sempre era superprotetor comigo, só espero que ele tenha mudado um
pouquinho.
— Certo, os dois podem parar de se olhar assim e com essa choradeira e explicar o que está
acontecendo? — rosna o Eric.
O Dylan olha para ele e me puxa mais para o seu abraço, e sei que ele quer provocar o Eric
um pouco. Dou um tapa no braço dele e olho para o Eric.
— Não liga para ele, amor. Ele “tá” querendo te incomodar. — Olho para o Dylan, que está
segurando uma risada. — Você conta?
Ele balança a cabeça concordando.
— Não precisa bater em mim, não, Eric. O amor que tenho pela Emy não é como o seu.
O Eric vem para cima do Dylan, e pulo na frente dele. Olho para o Dylan de cara feia. Será
que ele não pode cooperar um pouco?
— Para Dylan, ou vou deixar o Eric te dar um soco.
Ele solta uma gargalhada e olha para mim.
— Vai dizer que não é hilário ele querer me bater por eu amar você, princesa?
O Eric dá mais um passo, e coloco a mão em seu peito.
— Não a chame assim, ou juro que quebro a sua cara.
— Eric, calma. Olha, sei que você sabe quem é o Dylan de verdade. — Ele olha para mim e
balança a cabeça. — Então, eu sou a irmã dele, Isabella Zanon.
— O QUÊ?! — gritam ele, o André o Lucas ao mesmo tempo.
— Sério, gente, não precisa me deixar surda, não, viu? — falo esfregando o ouvido com o
berro deles.
Eric está me olhando perplexo.
— Você é a Bella do Dylan?
— Sim.
Ouço o André dar uma gargalhada.
— Agora está realmente explicado esse segredo todo, hein, Emy? Isabella Zanon... Quem diria.
O Lucas ainda está mudo, olhando para mim como se não me conhecesse.
— Para de olhar para mim assim, Lucas.
— Esse tempo todo você era a garota que nós procurávamos como loucos, e eu conheço você
há mais de dois anos e nunca percebi isso.
— Isso é estranho, Emy, pois investigamos sua vida, e sua certidão de nascimento diz que é
filha legítima dos Makenas — fala o André um pouco confuso agora.
— Foi meu pai. Quando contei o que aconteceu, ele fez de tudo para me proteger. E minha
certidão foi uma delas.
— Deus, você deve me odiar — fala o Eric com a voz rouca. Há tristeza no seu olhar. — Eu
sou filho do cara que matou sua família.
Pego seu rosto com minhas mãos e o faço olhar em meus olhos.
— Você não é seu pai. Você é incrível. Você é bom, Eric. Você vai ser pai do meu filho, você
foi o homem para quem meu coração resolveu se abrir, então pode ter certeza, eu não te odeio.
Você é meu tudo, o meu futuro. Eu amo você, Olhos Verdes.
Os olhos dele brilham quando falo isso, e Eric me abraça e me beija, um beijo doce que mostra
o quanto ele me ama.
— Vamos parar, depois vocês arranjam uma cama. Agora, Eric, se me der licença, quero matar
a saudade da minha princesa.
— Sério, Dylan. Para de chamá-la assim.
— Qual é, meu amigo? Eu a chamava assim muito antes de você, então nem tente.
Reviro os olhos. Esses dois vão me dar dor de cabeça.
O André e o Lucas riem.
— E já te aviso, cara. Não a machuque de novo, porque você vai ter que se ver comigo.
Dylan começa seu papel de irmão mais velho.
— Ei, vocês dois, já deu, né? Olha, eu quero ir embora. Por que não fazemos o seguinte: eu
vou embora e nos encontramos na minha casa?
— Eu vou com você, princesa — fala o Dylan, e sei o que ele está sentindo. Sinto o mesmo
nesse momento, não quero me afastar dele com medo de que seja um sonho.
— No meu carro, Dylan ― fala o Eric um pouco mais tranquilo. Ele deve ter percebido que
não queremos nos afastar. Tudo é ainda muito recente.
O Lucas e o André concordam, e vamos embora. No carro vou atrás com o Dylan. Quero ficar
perto dele. Ainda nem acredito que nesses anos todos ele estava vivo, nem que é meu maninho que
está aqui comigo. Abraço-o forte, colocando a cabeça em seu peito, fechando os olhos e ouvindo
as batidas do seu coração. Ele está aqui comigo!!! É verdade, ele está vivo. Sinto as lágrimas
novamente e me agarro mais forte a ele. Dylan me abraça também, beijando minha cabeça.
Ficamos em silêncio, mas é um silêncio reconfortante, feliz.
Chegamos ao meu apartamento e subimos. O Dylan vai abraçado a mim. O Eric só sorri.
— Estou vendo que vou te perder, princesa. Até o Dylan acreditar que você está aqui com
ele...
Sorrio para Eric.
— Eu sempre vou ser sua, Olhos Verdes, agora só quero matar a saudade do meu irmão.
As lágrimas vêm novamente.
Subimos até meu apartamento e encontro o Adam e a Beth trabalhando no sofá, cada um em
seu laptop. Eles olham para nós assim que entramos. A Beth está olhando para os braços do Dylan
ao meu redor. Esses dois têm algo, ninguém tira isso da minha cabeça.
— Tudo bem, Morena? ― pergunta o Adam olhando intrigado para o Dylan abraçado a mim.
Dou um sorriso enorme e vou até ele, dando-lhe um beijo no rosto.
— Sim, tudo está perfeito. Você não vai acreditar quando eu te contar.
— Bom, estou vendo que a notícia é ótima. Você está radiante, mas andou chorando, Morena.
Por quê?
Olho para Beth, que sorri para mim.
— Esses anos todos eu achei que tinha perdido minha família toda naquela maldita noite. Mas
eu não perdi, pelo menos não o meu irmão, não o James.
— O quê? Não estou entendendo, Emy — fala a Beth confusa.
O Adam, entretanto, entendeu. Seus olhos vão direto para o Dylan.
— O James estava vivo esse tempo todo, Beth. O James é o Dylan.
Ela olha para o Dylan com os olhos arregalados. Vou até ele e o abraço novamente. Quero-o
perto de mim, pelo menos até me acostumar com a ideia de que ele está realmente aqui.
— Oh, meu Deus! — exclama a Beth.
O André e o Lucas entram nesse momento. Todos nós nos sentamos, e conto para o Adam e
para a Beth o que aconteceu.
— Princesa, eu preciso saber o que aconteceu com você depois daquele dia.
Olho para o Adam, que está me olhando sério. Ele sabe que é difícil contar os acontecimentos
depois daquela noite, mas eu conto, pois sei que o Dylan não vai desistir até saber de tudo. Conto
que vaguei algumas semanas pelas ruas e depois fui levada a um orfanato. Deixo de fora
algumas partes da história, pois são dolorosas. Falo sobre a adoção e sobre como abri meu
coração de novo para aquela família. Resumo toda minha vida desde que o perdi, e ele escuta
tudo com atenção.
— Princesa, a pasta que eu te dei naquele dia, você a tem?
Quero mentir, pois sei que ele me vai pedi-la, mas não vou entregar. Não agora, ela é valiosa
para os meus planos.
— Dylan, não me peça ela, por favor.
— Por quê, Emy?
— Porque eu não vou entregá-la agora.
— Mas que porra, Emy! — ele fala se levantando e passando as mãos pelo cabelo. — Com
essa pasta e conosco como testemunhas, vamos conseguir botá-lo na cadeia.
— Mas esse não é o momento, Dylan. Nem morta! Eu não vou entregar essa pasta para ele
conseguir mexer os seus pauzinhos e sair da cadeia e fugir para algum lugar onde não possa ser
extraditado. A morte dos nossos pais não vai ficar em vão.
— Emily, você tem provas que são importantes e que podem levar o Andrew para cadeia —
fala o Lucas.
— Droga, é tão difícil de vocês entenderem que nem mesmo com essas provas ele vai ficar
muito tempo na cadeia? Olha, queria que vocês entendessem que o que eu tenho, não vou entregar
nesse momento. Vocês vão ter essas provas, só que não agora. Ainda não é o momento.
— E quando vai ser, Emy? — pergunta o André.
— Quando ele não tiver para quem correr, quando ele não tiver mais nada.
Todos ficam em silêncio me olhando. O Dylan está agitado, mas ele mais que ninguém tem que
me entender.
— Emy, você está jogando um jogo perigoso. Você viu o que aconteceu com o Bruno — fala
ele me olhando.
— Quem é o Bruno? — pergunta a Beth.
Fecho os olhos soltando um gemido. Droga, não quero me lembrar dele, não sabendo que eu
fui a causadora de sua morte.
— Emy?
Olho para ela.
— Era um capanga do Andrew que me passava informações.
Ela arregala os olhos, e o Adam fica muito, muito bravo.
— Ele está morto? — pergunta ele tentando se controlar.
— Sim.
— Emily, acho que não adianta mais falar, não adianta mais eu reclamar, não adianta mais
essa minha preocupação. Você não vai desistir disso ― ele fala calmo demais, pega suas coisas e
vai para o quarto. Fico preocupada. O Adam é de discutir e não de falar com calma e sair. Fico
com medo dessa reação.
Todos estão me olhando, mas não olho para nenhum deles.
— Acho que não adianta discutir com você, Emy. Não queria ficar no escuro como nós estamos,
mas você não vai falar mesmo. Quando você resolver entregar o que tem, me avisa. Vou esperar
— diz o Luca sério. — Vou indo, tenho que encontrar a Gaby, que está me esperando.
— Lucas — chamo-o. — O corpo do Bruno vai ser liberado quando?
Ele me olha por um tempo antes de responder.
— Amanhã consigo a liberação do corpo.
— OK, vou providenciar para o corpo ser mandado para a esposa dele.
Ele me olha e sei que quer perguntar onde ela está, mas não o faz. Despede-se de nós e vai
embora. O André logo se despede também, ficando na sala de minha casa só eu, a Beth, meu
irmão e o Eric.
A Beth está muito quieta, e fico me perguntando quando ela vai estourar comigo, mas por
incrível que pareça, ela não faz isso. Ela reage do mesmo jeito que o Adam. Algum tempo depois
ela se levanta e vai para seu quarto também.
— Eu falei sobre mim, agora me conta o que aconteceu com você depois daquele dia —
pergunto ao Dylan. O Eric está sentado ao meu lado, e estou com a cabeça escorada em seu peito,
enquanto o Dylan está na nossa frente.
— Nada muito importante. Fui colocado no programa de proteção à testemunha, como você
sabe, com identidade nova, voltei a estudar e resolvi seguir carreira no FBI. Depois conheci os
rapazes, e eles se tornaram minha família.
— Você ficava com quem antes de entrar no FBI?
— Alguns agentes cuidaram de mim, mas sempre eram trocados, então nunca me apeguei a
nenhum deles.
Ele teve uma vida mais difícil que a minha. Eu ainda tive o amor e carinho dos meus pais
adotivos, mas ele foi criado por agentes, sem carinho, sem amor. Meu coração doeu pelo meu
irmão, pelo tempo que perdemos.
Passamos a tarde inteira conversando, e o Eric fica aqui conosco. Ele quer saber tudo sobre
mim. Agora que me abri, ele não para com as perguntas.
Pedimos comida na hora do jantar, e chamo o Adam e a Beth, mas nenhum dos dois quer
comer. Começo a ficar mais preocupada ainda pelo modo como os dois estão agindo. Porém, deixo
para me preocupar com isso depois; agora quero curtir a companhia do meu irmão e do meu
namorado.
Um mês depois

Esse mês passou voando. Depois do que aconteceu com o Bruno, a Laura ficou mal com a
morte do marido, mas em nenhum momento me acusou de causar isso, o que já foi um alívio.
Consegui fazer o Andrew perder mais alguns carregamentos, o que o estava deixando uma fera,
pois ele sempre mudava o local de entrega, mas a polícia sempre estava esperando. Por fim ele
pôs mais dez por cento das ações à venda, e eu estava lá esperando isso acontecer para comprá-
las. O que eu achava estranho é que ele precisava de mais dinheiro, mas não punha mais ações à
venda, então mandei o Christian investigar para mim e fiquei surpresa com o que descobri. O
Andrew não é dono dos outros 25 por cento das ações, ele só os administra, mas não descobri em
nome de quem eles estão, então mandei o Christian procurar mais a fundo, mas até agora não
obtive resposta.
O Adam e a Beth continuam estranhos, quase não os vejo, pois estão sempre trabalhando.
Tentei falar com eles, mas sempre desconversavam, e isso acabava comigo. Bom, eu e meu irmão
estávamos nos redescobrindo, e esse mês ao lado dele foi ótimo. Ele omitia algo do seu passado,
mas nunca o pressionei. Se ele quiser, vai me falar – ou não me falar por medo de me machucar.
O Eric, nem tenho palavras para descrever como me sinto ao seu lado. Ele sempre é incrível
comigo, mas também é superprotetor. Nós discutimos várias vezes porque ele quer que eu largue a
empresa e não me aproxime mais do Andrew, mas eu não vou fazer isso. Eu irei vingar meus pais,
e meu plano já está funcionando. O Andrew já está limpando suas contas para poder pagar as
dívidas com a máfia e o cartel de drogas. O que deixa Eric mais tranquilo é saber que eu tenho os
seguranças, porque senão tenho certeza de que ele iria me amarrar em casa.
Minha gravidez está sendo tranquila. No último exame os resultados foram melhores que o
primeiro. Ainda estou com um pouco de anemia, mas o resto está tudo bem. Quando vamos dormir,
o Eric fica horas conversando com o bebê, o que faz eu chorar que nem boba.
Hoje eu estou na empresa e ouço o Andrew gritando com a Christine. Levanto-me e vou ver o
que é.
— Sua imprestável! Não consegue nem guardar um documento direito! Onde você enfiou a
porra desse contrato?! — ele grita com ela.
— Sr. Toscana, eles estavam aqui, eu não sei como foram sumir! Me perdoa, eu vou procurar
novamente — fala a Christine à beira das lágrimas.
— Eu quero o contrato da Woman Store na minha mesa até o final do dia, ou você está rua,
está entendendo?
— Esse contrato está comigo.
Eu sei o que ele quer com esse contrato, mas não vai acontecer.
— Eu preciso desse contrato! Eles estão com os pagamentos atrasados. Vou executar a
cláusula do contrato sobre o atraso, e eles vão perder a posse da empresa.
— Não, você não vai. Eu dei um prazo maior para efetuarem o pagamento.
Ele olha furioso para mim.
— Eu sou o presidente dessa empresa! Antes de dar prazo para os associados, você deve me
comunicar! ― ele praticamente grita comigo. Ele quer executar esse contrato porque precisa de
dinheiro, mas não permitirei que isso aconteça.
— Nós podemos mudar isso. — Vou até minha sala e pego os papéis das compras das ações.
— Nesse momento você possui só 35 por cento das ações da Zanon, então sugiro que você tome o
cargo de vice-presidente e eu tome o seu lugar, já que a maior parte da empresa é minha.
Parece que ele vai pular em mim nesse momento. A Christine só fica olhando de um para o
outro.
— Sua vagabunda, então foi você que comprou as ações que coloquei à venda! — ele fala
vindo para cima de mim, mas antes que ele se aproxime demais, o Brian chega.
— Sr. Toscana, sugiro que você se afaste da Srta. Makena.
Olho para o Andrew com desprezo e tenho certeza de que ele está vendo isso em minha
expressão.
— Sugiro que você tome cuidado com o modo como se dirige a mim, Andrew, ou o coloco na
rua.
— Ah, você não se atreveria, menina insolente.
— Provoque para ver. Eu tenho a maior parte da empresa, e sinceramente, você só tem 25
por cento, pois os outros dez são do Eric. Posso recorrer a ele se for preciso, então não me
provoque.
Ele me olha com fúria por uns momentos e logo vira as costas, indo embora. Olho para a
Christine, que está com os olhos arregalados.
— Tudo bem, Christine?
— Sim, Srta. Makena.
Olho a hora e vejo que já está tarde. Pego minhas coisas e vou embora. Chego a casa e vejo
a Beth e o Dylan no sofá.
— Oi, maninho.
Ele se levanta e vem me abraçar.
— Olá, princesa.
Olho para Beth.
— Oi, Beth.
Ela, contudo, trata-me com indiferença.
— Oi, Emily ― é a única coisa que ela fala. O Dylan olha para ela e para mim como se
quisesse saber o que está acontecendo.
— Entra na fila, maninho ― falo para ele, porque eu também quero saber o motivo de a Beth
estar me tratando assim, tanto ela como o Adam. — Onde está o Adam?
— Saiu e disse que iria chegar tarde — responde ela.
— Sabe do Eric, Dylan?
— Não, Emy, acho que ainda está no escritório.
— OK, vou ligar.
Vou em direção ao meu quarto, pego meu celular e ligo para o Eric.
— Oi, princesa.
— Oi, Olhos Verdes. Você ainda está no FBI?
— Sim, princesa, tenho problemas para resolver aqui ainda. Vai levar mais uma hora. Posso te
encontrar no meu apartamento depois de uma hora, pode ser, princesa?
— Claro. Tenho umas coisas para arrumar aqui. Depois vou para lá.
— OK, princesa. Te vejo mais tarde.
Despedimo-nos, e vou tomar um banho. Coloco a banheira para encher. Preciso relaxar hoje;
depois da briga com o Andrew, fiquei tensa. Depois de um banho relaxante, coloco um vestido
básico preto com altura um pouco acima dos joelhos, deixo meus cabelos soltos, coloquei uma
sandália de saltos altos Prada, pego minha bolsa e vou em direção à sala. Fico com o queixo no
chão com o que vejo: o Dylan e a Beth estão no maior amasso. Sério, a imagem é péssima, você
ver seu irmão devorando a boca de sua amiga. Argh!!!
— Vão procurar um quarto, por favor.
Os dois pulam um para longe do outro quando eu falo, e não seguro uma gargalhada. A Beth
está toda vermelha, enquanto meu irmão só me dá um sorriso safado.
— Bom, eu vou indo. Fiquei de encontrar o Eric.
— Tchau, princesa.
— Tchau, Emily.
— Tchau para vocês, e não façam sacanagem no meu sofá. Vão para um quarto.
A Beth fica ainda mais vermelha e joga uma almofada em mim, mas consigo desviar a tempo.
Saio rindo e vou para a casa do Eric.
Espero que ele já tenha chegado. Não o vejo desde ontem, ele teve problemas no FBI e teve
que dormir longe de mim. Foi horrível dormir longe dele.
Assim que entro no apartamento, fico de boca aberta com o que vejo na minha frente: o
apartamento está com as luzes todas apagadas, e a única claridade vem das velas que estão no
chão junto com pétalas de rosa, que fazem um tapete em direção ao quarto do Eric. Ando até a
porta do quarto e a abro e o que vejo faz lágrimas caírem pelo meu rosto.
O quarto está coberto por pétalas de rosas e a única iluminação vem das velas espalhadas. A
cama também está coberta por pétalas formando um coração, e ao lado tem um balde com gelo e
uma garrafa de champanhe. No entanto, o que me chama mais atenção é o Eric ao lado da cama
com esse sorriso sexy que me faz molhar a calcinha. Está vestido num jeans claro com uma camisa
escura que ressalta todos seus músculos. Ele caminha em minha direção, ajoelha-se à minha frente e
abre um caixinha com um lindo anel de diamante.
— Princesa, antes de te conhecer, eu não pensava em um futuro. Nunca imaginei como minha
vida seria anos mais tarde, mas desde que você entrou nela, só consigo imaginar como será daqui
para frente, e de todos os modos você faz parte dela. Eu não consigo imaginar um futuro em que
você não exista nele. Você se tornou a pessoa mais importante na minha vida, a minha razão de
viver, e quero que isso seja para sempre. Aceita casar comigo?
Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Nesse momento sou a mulher mais feliz do planeta, vendo o
Eric aqui ajoelhado à minha frente com esse anel lindo na mão. Fico sem palavras, só consigo olhar
para ele com essas malditas lágrimas que não param mais.
— Princesa, meu joelho está cansando. Não vai me dar uma resposta?
Dou uma risada e balanço a cabeça concordando. Não consigo falar ainda, estou muito
chocada com o pedido dele. Eric coloca o anel no meu dedo e se levanta, abraçando-me.
— Eu te amo, Emy. Sou o homem mais feliz desse mundo.
Ele tenta secar as lágrimas do meu rosto, mas está impossível. Malditos hormônios da gravidez!
— Também te amo, Olhos Verdes.
Ele sorri.
— Para de chorar, princesa. Odeio ver você chorar.
Sorrio para ele e o beijo. Ele geme na minha boca e me puxa mais para si, fazendo-me sentir
sua ereção.
— Olha como você me deixa, Emy. Só de te olhar, já fico duro — ele fala com os lábios ainda
nos meus. Esfrego-me ainda mais nele, que geme e me beija desesperado. Eric me pega no colo e
me leva para a cama, onde me coloca no meio. Olho o champanhe e falo:
— É bom você tirá-lo daqui, ou vai acabar caindo.
Ele me dá um sorriso safado.
— Não, deixa aí. Eu vou tomar champanhe em seu corpo. Tira a roupa.
E começo a tirar meu vestido. Ele também tira sua camisa, ficando só com o jeans, e pega o
champanhe, abrindo-o e servindo uma taça. Coloca-a no criado-mudo. Termino de tirar minha
lingerie, e ele me faz deitar novamente.
— Você é gostosa “pra caralho”, princesa — ele fala passando as mãos em meus seios, que
já estão duros de tão excitada que estou. — Amo seus seios.
Leva a sua boca a eles e os suga com força, arrancando-me gemidos. Eric fica um tempo
brincando com meus seios, ora com a mão, ora com a boca, deixando-me louca e implorando por
mais. De repente sinto um líquido gelado na minha barriga, fazendo-me arrepiar inteira. Em
seguida a língua de Eric lambe onde o líquido foi derramado. Um pouco escorre para meu centro.
— Humm, acho que tem mais um pouco aqui — fala o Eric com a voz rouca e descendo sua
língua até encontrar meu clitóris. Oh, meu Deus! Ele vai me matar assim! Sua língua brinca com meu
clitóris enquanto ele enfia dois dedos em mim. Sinto meu orgasmo chegar, e ele aumenta o ritmo de
seus dedos e boca, e explodo num incrível orgasmo, gritando seu nome. Ele sai de cima de mim e
sinto um vazio.
— Eric... — sussurro olhando para ele, e percebo que está tirando as calças, liberando seu
grande membro. Não consigo evitar passar a língua em meus lábios, e ele percebe, pois me dá um
sorriso safado. Ele volta para a cama e se coloca entre as minhas pernas. Seu membro toca minha
entrada, e tento empurrar meu corpo ao encontro do seu pau, mas Eric me segura.
— Com pressa, princesa?
— Eric, por favor...
Quando termino de falar, ele estoca com força, arrancando de mim um grito de prazer. Eric
continua me penetrando forte e rápido, fazendo com que outro orgasmo se aproxime. Olho em
seus olhos e o vejo perdido no prazer, como estou.
— Você é minha, princesa!
— Sim, eu sou sua!
E somos levados ao orgasmo juntos. Ficamos agarrados um ao outro até nossas respirações se
acalmarem. Depois de um tempo, ele se levanta e estende a mão para mim. Eu a pego, e ele me
puxa da cama, levando-nos ao banheiro. Depois de um banho bem demorado, pois o Eric tem uma
mão muito levada – não que eu esteja reclamando, adoro tudo isso –, voltamos para a cama e
caímos num sono profundo.
Sou acordada com os beijos do Eric pelo meu corpo. Nossa, eu nunca me sacio dele. Depois de
mais uma maratona de sexo quente, Eric fala que precisa ir ao escritório, pois ainda tem problemas
para resolver por lá. Concordo com ele, e combinamos de ele passar mais tarde na minha casa.
Chego ao meu apartamento, e é impossível que alguém esteja mais feliz que eu. Estou louca
para contar sobre o pedido de casamento para o Adam e a Beth.
— Beth, Adam? Vocês estão aí? — pergunto assim que entro no apartamento, mas, por incrível
que pareça, ele está silencioso e muito organizado. Nada dos papéis do Adam jogados ou das
fotografias da Beth. Acho estranho e vou até o quarto dela, mas quando abro a porta, o armário
está aberto e vazio. Onde diabos estão as coisas dela? Vasculho tudo e não encontro nada. Vou
até o quarto do Adam, que está igualmente vazio. Percebo um envelope sobre a cama e vou até
ela. Pego-o, retiro a carta dentro e a desdobro.

Emily,

Decidi voltar para Jacksonville. A Beth veio comigo. Não dava mais para nós ficarmos aí, vendo
você se meter em algo perigoso e que pode resultar em sua morte. Tentamos de todas as maneiras
fazer você enxergar que não é por meio de vingança que você vai ficar em paz, que seu coração vai
ficar livre. Em primeiro lugar, você devia buscar Justiça, e não vingança. Pode ter certeza de que seus
pais, onde estão, não concordam com a maneira que você está procurando fazer o Andrew pagar
pelo que fez a eles.
Morena, eu realmente tentei ficar com você e tentar pelo menos te apoiar, mas é impossível. Você
é minha irmãzinha que eu faria de tudo para proteger, e está me doendo na alma ter que deixá-la,
mas depois do que aconteceu com o Bruno, fiquei mais temeroso do que possa acontecer a você. Pelo
que a conheço, você ainda não desistiu, então prefiro ficar longe de você.
Se você precisar de mim, vou estar sempre aqui, você sabe disso, mas não posso mais ficar aí.
Meu coração não aguenta ver você sair para ir àquela empresa e talvez não voltar. Prefiro ficar
longe. Pelo menos não sei o que está acontecendo. Peço também que você não ligue, pois você sabe
que vou ficar ainda mais preocupado. Volte para casa quando você ver que isso acabou.
Sempre estarei aqui quando você decidir voltar.
Te amo, Morena.
Adam

Termino de ler a carta com lágrimas escorrendo em meu rosto. Eles foram embora, eles me
deixaram! É só o que consigo pensar enquanto me deito na cama e puxo o travesseiro para meu
rosto, sentindo o cheiro do meu irmão. Como ele pôde fazer isso?! Ele sabe o que eu passei, ele
sabe o quanto sofri com a perda dos meus pais! Será que eles estão certos? Eu estou procurando
justiça pelos meus pais, mas a forma que encontrei de fazer isso foi desse modo, vingando-me.
Andrew não teve piedade, não hesitou nem por um segundo quando os matou. Por que eu devia
ser mais condescendente?!
Várias perguntas e dúvidas giram por minha cabeça enquanto choro por eles terem me
deixado. Até a Beth, que sempre ficou do meu lado, foi embora.
Pego no sono e acordo com um corpo aconchegado ao meu. Reconheço-o, viro-me para ele e
o abraço, chorando.
— Calma, amor, está tudo bem. Se acalma.
— Eles me deixaram, Eric! Eles me deixaram... — falo soluçando, e ele me abraça mais forte.
— Eu sei, bebê, eu sei.
Fico intrigada. Como ele sabe?
— Como você sabe?
Ele me olha acariciando meu rosto.
— O Adam me ligou e falou que eles tinham voltado para Jacksonville. Pediu que eu viesse
ver você.
Bom, pelo menos ele ainda se preocupa, fiquei pensando, mas sei que estou sendo injusta. Ele só
se afastou por medo do que pudesse me acontecer.
Mais tarde o André e o Dylan chegam, e assim que vejo meu irmão corro para ele com uma
vontade louca de chorar. Quando seus braços me envolvem, as lágrimas não descem, e acho que
já chorei tanto que elas se esgotaram.
— Tudo bem, princesa?
— A Beth e o Adam foram embora...
— Eu sei, o Eric me contou. — Ele se afasta um pouco para olhar para mim. — Vai ficar tudo
bem, Emy, você sabe, né?
Concordo balançando a cabeça. Eles passam a noite aqui conosco e ficam superfelizes com a
notícia do nosso noivado. O Eric que vai para a cozinha hoje e fez um bife à parmegiana incrível.
Depois de jantar, ficamos conversando um pouco, mas logo os dois vão embora e o Eric e eu vamos
dormir.
Nessa noite fazemos amor de forma intensa. Eu preciso senti-lo, saber que ele está aqui, e ele
corresponde ao meu desespero, ao meu chamado.
Aquela puta vai pagar caro. Esse tempo todo era ela que estava comprando as ações que eu
tinha. Ela me tirou da presidência. Eu vou matar essa garota. Vou descobrir de uma vez o que essa
idiota quer comigo. Porque ela quer algo. Eu vejo raiva em seu olhar quando ela me olha. Eu já fiz
mal a tantas pessoas que não duvido que ela tenha se machucado no caminho.
Vou descobrir. Ela conseguiu fazer o Bruno me trair. É claro que eu não sabia de sua traição
até a idiota ligar para o celular dele. Naquele momento eu soube que ele estava me traindo o
tempo todo. Eu gostei de fazer a vadia se sentir culpada. Ela não sabe o verdadeiro motivo de ele
ter morrido, e não serei eu a contar. O Bruno descobriu algo que prefiro manter em segredo. Algo
que somente uma pessoa sabe, e quando eu puder, eu a elimino. No momento eu ainda preciso dos
seus serviços, mas depois ele pode dizer adeus a sua vida miserável.
Outra coisa que a vadia não sabe é que eu vou conseguir as ações da empresa de volta. Um
defunto não pode reclamar. Essa garota vai saber com quem mexeu. Ninguém brinca com Andrew
Toscana e sai impune.
Ligo para o Jeremy.
— Sr. Toscana.
— Jeremy, preciso que você faça um serviço para mim. Estou lhe mandando por e-mail todos
os dados que você precisa.
— Claro, Sr. Toscana. É para eliminar?
— Depois de conseguir o que eu quero, sim.
Desligo o telefone e mando tudo que ele precisa saber. Ah, querida Emily, você não sabe com
quem se meteu.
É manhã, e acordo com a campainha tocando. Levanto-me rápido e vou atender. Quando
abro a porta, dou de cara com uma mulher muito bonita, loira, de olhos azuis e com cara de anjo.
Não sei de onde veio esse pensamento, mas ela realmente parece um anjo.
— Oi, você deve ser a Emily. Eu me chamo Caroline Toscana e sou prima do Eric.
— Oh, oi. Eu não sabia que o Eric tinha prima.
Ela dá uma risada.
— Ele realmente não fala muito de mim, eu sou meio que a ovelha negra da família.
— Pior que Andrew?
Ela arregala os olhos e solta uma gargalhada.
— Tudo bem, você me pegou. O Andrew ainda é pior.
Sorrio para ela.
— Caroline?
Ouço a voz do Eric atrás de mim. Viro-me para ele, que ele está com um sorriso enorme no
rosto.
— Ei, primo — ela fala sorrindo e vai abraçá-lo. Ele a tira do chão com seu abraço.
— Por que não falou que estava vindo?
— Surpresa, né?
— Como você sabia que eu estava aqui?
— O Dylan me falou. Passei para vê-lo e matar a saudade, e ele me contou que você
finalmente resolveu largar sua vida de prostituto.
Nesse momento solto uma risada. Eles me olham.
— Você conheceu minha noiva, Carol?
— Sim, ela é muito bonita. O Dylan era só elogios para ela, quase fiquei com ciúmes — ela
fala me olhando.
— Princesa, pelo visto vocês já se conheceram.
Ele vem me dar um beijo, ao qual correspondo, mas estou um pouco brava por ele nunca ter
me contado sobre ela. Acho isso meio estranho.
— Sim, prostituto, já a conheci — resolvo incomodá-lo um pouco. A Caroline começa a rir, e o
Eric fica de cara feia.
— Desculpa, Olhos Verdes, mas não pude deixar de incomodá-lo um pouco — digo rindo.
Coloco minhas mãos em volta de sua cintura e lhe dou um selinho, e ele acaba sorrindo para mim.
Passamos a manhã com a prima de Eric, que é hilária, fica pegando no pé dele, que fica se
irritando com isso e revidando. Ver os dois implicando um com o outro é incrível.
Na hora do almoço, o Dylan se junta a nós, e não me passa despercebido o modo como ele
olha para a Caroline. Ele gosta muito dela, dá para perceber, e ela retribui esse sentimento, pois
olha com igual carinho para ele. Quando pergunto se o André não irá se juntar a nós, o clima fica
tenso na mesa. A cara da Carol se fecha.
— Não, princesa, ele tem uns compromissos.
— Como foder uma de suas vadias? — pergunta a Carol irritada, e fico de boca aberta pelo
que ela falou.
— Carol — fala o Eric em tom de aviso.
Aí tem. Não sei o que está acontecendo, mas a Carol tem raiva do André, dá para ver isso no
seu rosto. O Dylan acaba mudando de assunto perguntando o que ela veio fazer aqui, e a
conversa fica em torno disso. O assunto sobre o André morre, e o clima fica menos tenso.
Quando todos vão embora, pergunto ao Eric o que aconteceu entre os dois. Ele fala que não
sabe, mas que os dois tinham se envolvido e do nada terminaram. A Carol foi embora, e o André
se transformou, passando a tratar as mulheres como objetos e não como pessoas.
Fico pensando sobre o olhar entre o Dylan e a Carol. Será que isso tem algo a ver com o
término do André e dela?! Melhor esquecer, isso não é assunto meu, já tenho muito com o que me
preocupar, como o Andrew, que está muito quieto desde que pedi a presidência, e esse não é seu
modo de agir. É bom eu abrir o olho, pois tenho certeza que ele está aprontando.
Mais um mês se passa. Não tive mais notícias do Adam e da Beth, e a saudade que estou deles
me consome. Algo mais está me corroendo, e é a culpa. Eu não consigo esquecer o Bruno, saber
que ele morreu por minha causa.
Tomo uma atitude, ligo para o Alex e para a Amélia e falo que já tenho tudo que preciso e
que eles vão se encontrar com suas famílias. Eles ficam superalegres, e fica marcado para daqui a
uma semana a saída deles do cartel e da máfia. Não quero ser a causa da morte de mais alguém.
Eu e o Eric ainda brigamos muito por causa da minha permanência na Zanon, e isso passou a
acontecer principalmente quando ele soube que eu me tornei a maior acionista e a presidente da
empresa. Todavia, sempre dou um jeito de amansar a fera.
Hoje passei o dia na Zanon, e o silêncio do Andrew ainda me incomoda. Estou saindo da
empresa agora e não estou vendo o Brian ou o outro segurança, e acho isso estranho. No momento
em que vou abrir a porta do meu carro, alguém chega por trás, colocando a mão na minha boca,
e sinto algo apertar a minha cintura. Então sei que o Andrew resolveu agir.
— Fica bem quietinha e entra no carro. Anda de uma vez.
Faço o que ele pediu. Estou apavorada. Fico pensando no meu bebê crescendo dentro de mim.
Será que vou acabar como meus pais? Nem vou ter a chance de conhecer esse ser que está aqui
dentro.
Ele me empurra para um carro estacionado atrás do meu e me faz entrar. Fico no banco de
trás com a mão em cima da minha barriga. Eu realmente espero que os seguranças estejam em
algum carro vendo o que está acontecendo, pois pela primeira vez desde que perdi meus pais
estou com medo por mim, pela minha família, principalmente pelo meu bebê.
O carro está indo por uma estrada deserta. Não tem nada ao redor, e fico ainda mais
desesperada. Ele para ao lado de uma espécie de cabana. O homem desce e me puxa de dentro
do carro com força, machucando-me.
— Ai!
— Cala a boca, vadia!
Ele me leva para dentro da cabana e me joga no chão, fazendo-me arranhar meus joelhos e
pernas. Olho para a porta e vejo outro cara entrando e falando algo que não consigo escutar. O
cara que me trouxe balança a cabeça, concordando sei lá com o quê, e se vira para mim. Anda
em minha direção, e começo a rastejar para trás, não querendo que ele se aproxime. Ele solta uma
risada nojenta, e fico com raiva, mas não posso fazer nada, ainda mais se quero preservar a vida
do meu bebê.
— O que estou fazendo aqui? O que está acontecendo?
— Tem certeza de que não sabe, vadia?
Eu sei, mas não vou falar. Quero ouvir isso da boca dele.
— Se eu soubesse, não estava perguntando, porco imundo!
E sinto um soco no meu rosto, fazendo minha visão escurecer e minha cabeça ir para trás. Sinto
o lugar atingido arder. Meus olhos começam a lacrimejar.
— Olhe como fala comigo, vagabunda.
Fico quieta e sinto meu rosto inchar onde ele socou.
— Agora eu quero umas respostas, e é bom você cooperar. — Ele segura minha mandíbula
com uma mão, apertando-a e fazendo lágrimas saltarem dos meus olhos. — Entendeu?
Não falo nada, e ele me solta. O outro homem assiste à cena com um sorriso nos lábios.
— Primeiro quero saber o que você tem contra Andrew Toscana?
Olho para ele.
— Nada.
Ele me olha por um tempo e dá outro soco no meu rosto, fazendo minha cabeça ir ao chão e
bater na madeira.
— Você acha que vai me enrolar? Mas não vai mesmo.
Pega-me pelos cabelos, puxando-me com força. Solto um grito, e ele desfere outro soco no
meu rosto. Nesse momento sinto tudo escurecer e sei que esse é meu fim. Eles não vão me deixar
sair viva daqui.
Perdoa-me, meu bebê, eu não consegui protegê-lo. É só isso que penso quando sou engolida
pela escuridão.

Não consigo entender essa obsessão da Emy. Que ela queira fazer justiça aos seus pais, eu
até entendo, mas ela está além disso. A cada dia que passa ela se coloca mais em perigo. Agora é
presidente da Zanon, e sei que o Andrew não vai deixar isso barato. Falo com o Christian, que já
cuida da sua segurança, e peço que redobre sua segurança. Ele concorda.
Estou trabalhando com mais um carregamento que foi apreendido. Já estou ficando cansado
disso, nunca consigo achar uma ligação entre eles e o Andrew. Nós já estamos ficando
desconfiados dessas ligações e estamos começando a monitorar todas as ligações feitas para a
polícia, para sabermos quem está por trás dessas denúncias. Talvez com isso nós vamos conseguir
achar algo que o comprometa.
Estou trabalhando nisso quando meu celular toca, e é o Christian. Atendo, e o que ele me diz,
faz meu sangue gelar. Sinto um medo que nunca achei ser possível. A minha princesa foi
sequestrada! Ele não sabe ainda o que aconteceu com os seguranças dela, já que foi o reforço
solicitado por mim que seguiu Emily e seu sequestrador. A polícia já foi chamada e está a caminho
do cativeiro.
Pego o endereço, e o André e o Dylan vão comigo. Não tenho condições de dirigir. Deus, por
favor, proteja minha princesa e nosso bebê. Oro a Deus e peço que ele proteja os dois. Eu não
posso viver sem ela.
Chegamos ao endereço que o Christian passou. Perto de uma cabana está uma ambulância, e
fico desesperado. Saio do carro rapidamente e vejo os paramédicos saírem da cabana com a
minha princesa numa maca. Seu rosto está todo machucado. Fico desesperado e corro em sua
direção. Ela está desacordada.
— Ela está viva? — pergunto num sussurro. Eu sei que, se ela estivesse morta, não seria eles
que a estariam levando, e sim um legista, mas meu lado desesperado, meu lado que a ama mais
que tudo não consegue acreditar nisso. Eu só quero ouvir o paramédico dizer que ela está viva,
que ela vai ficar bem.
— Sim, senhor. Estamos levando-a para o hospital para fazermos exames mais detalhados.
Com licença.
Ele passa por mim, levando-a para a ambulância, e vou atrás e digo que vou junto. Olho para
o Dylan, que está com um olhar perdido, e sei o que ele está pensando. Porra, ele acabou de
encontrá-la e acontece isso. Nós quase a perdemos.
O André chega ao lado dele e fala:
— Nós vamos seguir a ambulância. Te encontramos lá.
Balanço a cabeça concordando. Entro na ambulância, que segue seu caminho. Pego a mão da
minha princesa, apertando-a, tentando sentir seu calor. Lágrimas começam a cair pelo meu rosto ao
ver o estado em que ela se encontra. Seu rosto está todo machucado e inchado, quase
irreconhecível. Olho para o paramédico que está prestando os primeiros-socorros.
— Ela está grávida, ela não tem nenhum san...
Não consigo completar a frase. Ver minha princesa assim é doloroso, mas o medo de perder
nosso bebê também é enorme. Eu já amo esse ser que cresce em sua barriga. Nós seremos uma
família. Eu não posso perder nenhum dos dois.
Chegamos ao hospital, e já tem uma equipe preparada esperando minha princesa. Eles a
levam, e tento ir atrás, mas sou contido pela enfermeira.
— O senhor não pode entrar, nós precisamos examiná-la agora. O senhor é da família?
— Sou seu noivo! — falo desesperado.
— OK. Assim que eu tiver notícias, venho avisá-lo. Só tente ficar calmo.
Balanço a cabeça e vou para a sala de espera, em seguida o Dylan e o André chegam.
— Como ela está? — pergunta o Dylan aflito.
— Não sei, levaram-na para dentro e não me disseram nada.
Ficamos nós três aqui em silêncio; entre nós nunca foi preciso muitas palavras, pois sempre
soubemos que qualquer um de nós sempre poderia contar com os outros. Um tempo depois, o
médico aparece.
— Há aqui algum parente da Srta. Emily Makena?
— Eu sou seu noivo. Como ela está, doutor? — falo primeiro, mesmo percebendo que o Dylan
queria falar. Não posso deixá-lo fazer merda. Tenho certeza de que ele iria falar que é irmão
dela.
— Ela teve algumas escoriações na perna direita, nada muito grave. Foi atingida só no rosto, o
que ocasionou um leve traumatismo craniano, já que a cabeça foi a parte mais machucada. Ela
precisou levar alguns pontos e seu rosto vai ficar inchado por algumas semanas, mas seu estado é
estável.
— E o bebê, doutor? Está bem?
— Sim, está tudo bem com o bebê. Ela teve sorte de as pancadas terem sido só no rosto, pois
se tivessem sido na barriga, ele não sobreviveria.
Sinto o alívio tomando o meu corpo.
— Posso vê-la? — pergunto olhando para o médico.
— Sim, ela está no quarto, mas ainda está sedada. Vai demorar mais algum tempo para ela
acordar.
O médico se retira, e nós três vamos ao quarto da minha princesa. Entretanto, antes que eu
entre, meu celular começa a tocar. Atendo-o.
— Taylor.
— Eric, é o Christian.
— Oi, Christian. Soube de alguma coisa?
— Achamos os seguranças da Emily. Encontramos o carro que usavam. Um está morto, e o
outro está em estado grave. Os médicos não estão dando muitas chances de vida a ele.
Quando o Christian fala, meu sangue gela, e sei que algo parecido aconteceria com a minha
princesa. Fico mal pelos homens de Christian também.
— Sinto muito, Christian. Soube algo dos caras que foram presos na cabana?
— Obrigado, Eric. Não, eles não estão falando quem os contratou, mas pode ter certeza de
que o Andrew tem algo a ver, pois um advogado já apareceu para defendê-los, e o cara é bom.
— Qualquer coisa, me avisa, Christian.
— OK. E como está a Emily?
— Graças a Deus bem, ela foi salva antes que algo mais grave acontecesse.
— Que bom, Eric. Preciso desligar. Qualquer coisa, lhe informo.
— OK. Obrigado.
Desligo o telefone, e o Dylan e o André querem saber o que está acontecendo. Explico para
eles o que o Christian falou. Depois entramos no quarto da minha princesa. Vou até a cama e pego
sua mão. Olho seu rosto, que agora está limpo, sem aquele sangue todo, mas ainda está muito
inchado, o que faz com que eu sinta vontade matar o Andrew. Ele vai pagar por isso. Viro as
costas e deixo o quarto, indo em direção à saída.
— Eric, aonde você vai? — pergunta o André me seguindo.
Olho para ele, mas não respondo. Depois do desespero inicial de pensar que eu podia ter
perdido a minha princesa, veio-me a raiva, e eu quero descontar essa raiva em alguém em
específico.
Entro no carro, e o André entra em seguida. Ele não faz mais nenhuma pergunta enquanto
dirijo, pois me conhece e sabe que não é bom me pressionar quando estou com raiva. Chego à
casa do Andrew, estaciono o carro e saio, indo em direção à porta. Seus capangas estão ao redor
da casa.
— Eric, não é uma boa ideia. Se acalma, cara.
Viro-me para o André, que dá um passo atrás.
— Eu não vou me acalmar, André. Ele quase matou minha mulher e meu filho. Ele vai pagar
por isso, ninguém mexe com o que me é precioso.
Entro na casa e vou em direção à sala de onde estão vindo vozes. Ao adentrar, vejo que meu
pai está com visitas.
— O bom filho à casa torna — fala ele, e sinto repulsa por esse homem. — O que traz você
à minha casa, meu filho?
Caminho em sua direção e o pego pela gola da camisa, fazendo-o se levantar e o empurro
até a parede.
— Nunca mais encoste a mão em minha mulher. Você passou dos limites hoje! — falo e desfiro
um soco no seu rosto. Escuto um grito, mas não me importo, estou tão consumido pela raiva que
começo a socar sua cara. Ele cai no chão. Subo em cima de Andrew e continuo batendo nele, até
que sinto alguém me puxando de cima dele.
— Eric, já chega — fala o André preocupado. Olho para trás e vejo os capangas do meu pai
entrando na sala. Olho mais uma vez para ele, que está tentando se levantar.
— Se aproxima mais uma vez da minha mulher e você será um homem morto.
Viro as costas e saio daqui com o André. Chego ao carro e estou tremendo. Ele pega a chave
e leva o carro. Ao chegarmos ao hospital novamente, vou ao quarto da Emy. O Dylan ainda está
ao seu lado. Assim que entro ele me olha, e seu olhar desce até minha mão.
— Espero que ele esteja bastante machucado — é o que fala, e seu olhar volta para sua
irmã. Ele sabe o que fui fazer. Sei que, se não fosse eu, seria ele. Ninguém encosta na minha
princesa e sai impune.
Passamos a noite com Emy. Pela manhã o Lucas e sua esposa Gaby passam para visitá-la, e
ele me comunica que o FBI está assumindo o caso de Emily. A minha princesa ainda não acordou, e
estou ficando mais preocupado. Quando todos saem, até o Dylan, para tomar um café, vejo minha
princesa abrir os olhos. Aproximo-me e passo a mão pelo seu rosto com cuidado.
— Eric — ela fala com a voz rouca. Seus olhos se enchem de lágrimas.
— Calma, está tudo bem, princesa.
— O nosso bebê, Eric, ele...
— Está tudo bem com ele, a polícia chegou ao local antes que algo pior acontecesse.
Ela solta um suspiro de alívio.
— O que aconteceu? Eu não me lembro, apaguei depois de...
Ela não termina a frase e engole em seco.
— Eu tinha pedido para o Christian reforçar sua segurança, estava achando o Andrew muito
quieto, principalmente depois de perder a presidência da empresa, e foi assim que a encontraram.
Os outros seguranças viram o que aconteceu e seguiram o carro até a cabana, acionando a
polícia. O Christian me ligou em seguida, e fui até você.
Ela fica me olhando e pergunta:
— O que aconteceu com os meus seguranças? Eles não estavam lá quando eu desci.
Agora quem engole em seco sou eu. Não quero lhe falar a verdade com ela nesse estado.
— Eles morreram? — ela indaga num fio de voz.
— Princesa...
— Me fala, Eric. Eu preciso saber.
— Um está morto; o outro, em estado grave.
Ela me olha por um tempo e vira o rosto e não fala nada. A porta se abre, e o Dylan entra.
— Ei, você acordou.
Ele vai até Emily e lhe dá um beijo na testa. Ela dá um sorriso fraco para ele, que me olha sem
entender.
— Contei a ela sobre os seguranças.
Ele faz uma careta.
— Não fica assim, princesa. Quem está nesse ramo sabe que a morte pode vir com ele.
— Mas não por minha culpa, eu não queria ser culpada pela morte dele, Dylan.
— Princesa, se eles foram pegos, é porque foram descuidados.
— Ah, por favor, Dylan, então quando você ou Eric aparecerem mortos é porque foram
descuidados? Sabe, isso nem importa, é com a família deles que me preocupo, droga!
Ela fica quieta, perdida em seus pensamentos, e o assunto morre.
Emily fica mais dois dias no hospital. A Carol vem visitá-la, e as duas estão se dando muito
bem, e o pior, nenhuma delas sabe a verdade sobre o que as relaciona. Ela recebe alta e quando
chega a casa, converso com ela. Peço que ela largue essa vingança, mas o olhar que ela me lança
faz eu perceber que isso é uma briga que não dá para eu comprar. Ela não vai desistir, e não sei
mais o que faço para fazê-la enxergar que isso pode não dá certo. O medo de perdê-la nesse
caminho me consome.

Acordo hoje com uma decisão tomada. Vou até o meu advogado, preparo os papéis que
preciso, assino tudo e volto para o apartamento da Emy. Ela está no sofá mexendo no laptop, e
levanta a cabeça, sorrindo quando me vê, e esse sorriso apenas faz minha decisão doer mais
ainda. Aproximo-me dela e lhe entrego o envelope.
— O que é isso, Olhos Verdes?
— Abra — peço olhando sério para ela, que faz uma careta e abre o envelope. Quando lê o
conteúdo, fica branca.
— Eric, eu não quero.
— Não, Emily, me deixa falar. Isso é o que você quer. Pode dizer que não, mas você quer o
controle total da empresa Zanon, e só estou cooperando com isso. E Emy, também tenho outro
assunto para falar.
Ela está muda, olhando-me, e sei que a decisão que tomei vai acabar conosco, mas eu não
aguento mais essa incerteza, se ela vai chegar a casa viva, ou se alguém vai ligar informado que
ela está morta, o que quase aconteceu há três dias. Eu não aguento passar por mais um susto
desse, e ela não pensa nem no nosso bebê.
— Fala, Eric — ela pede abaixando a cabeça.
Ajoelho-me à sua frente e com o polegar levanto seu rosto, fazendo seus olhos encontrarem os
meus. Ela tem que ver que essa decisão acaba comigo também.
— Princesa, eu vou me afastar de você. Não dá mais para mim. A cada dia que passa, meu
medo me consome, não saber se você vai estar viva ou morta. A cada chamada no meu telefone,
fico com medo de atendê-lo e ser informado que você morreu. Isso quase aconteceu há três dias, e
meu mundo todo foi abaixo. Ver você naquele estado me destruiu, princesa. Me perdoa, mas eu
não consigo mais.
Lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto, e sinto meu rosto molhado também. Essa foi a
decisão mais difícil que já tomei na minha vida. Beijo sua testa sussurrando um “adeus” e parto.
Faço meu caminho para casa nem sei como, entro no meu apartamento e ligo para o Dylan.
— Fala, Eric.
— Dy, você pode ir ver a Emy?
— O que aconteceu? Que voz é essa?
— Depois eu te explico. Nós terminamos. Só vai lá ver como ela está, por favor?
— Claro, já estou indo.
— Obrigado.
Desligo e vou até o bar e me sirvo de uma dose de uísque. Tomo-a num gole só e me sirvo de
outra. Quero ver se pelo menos a bebida alivia, nem que seja um pouco, a dor que está no meu
peito.
Pego a garrafa e me sento. Fico pensando em como deve estar minha princesa. Porra, essa foi
a decisão mais difícil da minha vida, mas eu não estava aguentando mais. Eu já não estava
conseguindo dormir direito de tão preocupado que estava com ela.
Sinto o desespero bater e começo a chorar. A dor no meu peito é enorme, tanto quanto o
vazio que fica com sua perda. Coloco a mão na cabeça e choro tentando extravasar a dor que
estou sentindo. Ouço a porta se abrir, e o lugar ao meu lado é ocupado. A garrafa sai da minha
mão, e olho para o André tomando um gole. Ele devolve a garrafa a mim e fica aqui ao meu lado,
sem falar nada, mas para mim já é muito. Esse é o modo como ele me apoia, seu jeito de dizer que
está aqui para mim, e deixo a dor sair. Fico aqui chorando com meu amigo ao meu lado, tentando
saber como vou suportar não estar ao lado da minha princesa, da minha vida.
Quando acordei no hospital, fiquei aliviada, depois temerosa que algo tivesse acontecido ao
meu bebê, mas o Eric me tranquilizou. No entanto, ver preocupação em seu rosto doeu em mim. Eu
sei que ele quer me proteger, mas eu não consigo largar essa vingança, eu só quero que ele
entenda.
Quando ele chegou ao meu apartamento sério, depois de sair bem cedo sem nem falar
comigo, achei estranho. Nós estávamos brigando muito por causa da empresa, do Andrew, mas eu
não queria desistir. Pensei que Eric iria mais uma vez tentar me dissuadir de continuar, mas me
surpreendi. Ele me entregou os dez por cento das ações da Zanon que estavam em seu nome.
Quando tentei devolvê-los, ele pediu para que eu primeiro o escutasse, e assim o fiz. O que
ele disse me matou por dentro. Se, da primeira vez que terminamos, doeu tanto, dessa vez foi pior.
Pareceu que abriram um buraco no meu peito, que sangrava muito. Eric beijou minha testa e se foi.
Mais uma vez ele me deixou, mais uma vez ele não estaria ao meu lado.
Agora, sozinha, deixo o choro vir para ver se assim meu sofrimento alivia. Eu não entendo. Por
Deus, eu não entendo o porquê de eu sofrer tanto! Só pode ser carma!
Resolvo secar minhas lágrimas. Mais uma vez essa foi uma decisão do Eric, e eu não irei ficar
me remoendo por isso. Não vou dizer que não dói, porque dói muito, mas foi ele que preferiu
assim. Ele não entende o que passei, a morte dos meus pais, o fato de que eu pensava que meu
irmão estava morto, os dias que fiquei nas ruas vagando sem destino, os meses no orfanato
tentando fazer a dor passar, embora ela nunca tenha terminado. Ele nunca irá entender, e isso me
magoa. Eu só quero o seu apoio. Ele sabe quem o Andrew é, do que ele é capaz, ele viu isso com
os próprios olhos.
Levanto-me do sofá e vou em direção à cozinha preparar algo para comer. Eu tenho que
pensar no meu bebê agora. Enquanto como, ouço a porta abrir e fechar, e logo em seguida o
Dylan aparece com um olhar preocupado.
— Tudo bem, princesa?
Claro que o Eric iria ligar para ele.
— Sim — respondo e continuo comendo. Ele fica me olhando como se eu fosse quebrar a
qualquer momento, e isso me irrita. — Para de me olhar assim.
— Tem certeza de que você está bem? Porque o Eric me ligou com uma voz arrasada pedindo
para eu vir aqui e ver se estava tudo bem com você, pois vocês tinham terminado.
Ótimo se ele estiver sofrendo! Foi ele que quis, agora aguenta.
— Na verdade foi ele que terminou, então a decisão foi dele. Não vou ficar me remoendo por
isso.
Falar é fácil, mas por dentro eu estou em pedaços.
— Quer me contar por que ele terminou? — ele pergunta enquanto se senta a minha frente.
De repente a fome vai embora. Empurro meu prato e olho para ele.
— Ele queria que eu largasse a empresa, que esquecesse essa ideia de vingança. — Ele me
olha por um tempo e não fala nada. — Só que não é tão fácil, Dylan, deixar esse monstro sair
impune. Nossos pais morreram pelas mãos dele e ainda tentaram nos proteger. Eu não posso, não
mesmo! Eu não vou largar essa vingança.
— Querida, eu te entendo, todo esse sentimento, eu o tenho também. Eu estava lá, princesa,
junto com você. Eu vejo essa cena todo dia na minha cabeça, seu choro, os tiros, o papai caindo, a
mamãe...
Sua voz embarga, e sinto minhas lágrimas descerem novamente.
— Por que é tão difícil de ele entender, Dylan? Ele perdeu a mãe dele por causa do Andrew.
— Princesa, você para o Eric é tudo. Ele nunca agiu dessa forma com ninguém. Ele tem medo,
Emy, tem medo de perder você, medo de perder esse bebê, da mesma forma que perdeu a mãe e
o tio. Tudo que ele amou, perdeu de alguma forma. Ele deixou você entrar, Emy, e nunca tinha
deixado ninguém entrar. Eu te entendo, princesa, porque passei pela mesma coisa que você, mas
também entendo o Eric. Eu só peço que você olhe o lado dele, não pense apenas pelo seu ângulo,
pense pelo dele. Como você se sentiria se fosse ele, Emy, a correr perigo constante enfrentando o
Andrew? Como você se sentiria?
Fico pensando no que o Dylan falou. Eu nunca considerei o lado do Eric, a dor que ele estava
sentindo por ter que me ver sair sem saber se eu voltaria. Não sei como reagiria em seu lugar, mas
também penso no serviço que ele tem, e isso também é complicado para mim. E se ele sair em uma
operação e não voltar?! Eu nunca pedi para ele desistir da sua carreira, e também nunca passou
pela minha cabeça pedir isso.
— Ele tem um serviço perigoso, Dylan, e nunca pedi para ele desistir dele por isso.
— Emy, é diferente. O que você procura é vingança. Ele procura proteger as pessoas da
melhor forma que sabe.
Fico em silêncio e pensando em tudo o que Dylan está falando. Estou magoada com o Eric. Eu
queria seu apoio principalmente nesse momento, e eu não o tenho.
Vou para o quarto tentar dormir, descansar. Quem sabe acordo melhor? Todavia, acho que
será impossível, pois me acostumei a acordar e ver o Eric na minha cama. Nem sei como vou fazer.
Acordo horas mais tarde com meu celular tocando. Atendo-o.
— Algum problema, Alex?
— Eu descobri algo que pode lhe interessar, Srta. Makena.
— Alex, eu não quero que você se coloque em perigo. Você já vai sair daí em alguns dias.
— Eu sei, Srta. Makena, mas não procurei essa informação. Ela praticamente caiu em minhas
mãos.
— OK, então fala o que você descobriu.
— O Bruno não morreu por estar passando informações para você.
— O quê? Como assim? Não teria outro motivo, Alex.
— Bom, na verdade tem. O Bruno acabou escutando algo que não deveria, e o Andrew
descobriu que ele escutou, e como não gosta de ficar nas mãos de ninguém, matou o Bruno.
— E você sabe o que ele ouviu que não devia?
— Sim, o chefe aqui me contou. Como sou seu braço-direito, ele me conta quase tudo. O
Andrew estava falando com meu chefe quando o Bruno ouviu, e o mais interessante a senhorita
não sabe.
— Fala de uma vez, Alex — ordeno irritada.
— O Bruno escutou o Andrew comentando com meu chefe que os 25 por cento das ações da
empresa Zanon que ele ainda tem não são dele. O Andrew só tem uma procuração lhe dando
plenos poderes para administrá-las.
— Bom, isso eu já descobri.
— E você sabe a quem elas pertencem?
— Não, ainda não descobri.
— Bom, eu sei. Pertencem a Caroline Toscana Zanon.
— O que diabos você acabou de dizer?
— Isso mesmo que você ouviu. William Zanon teve uma filha fora do casamento.
Deixo o telefone cair, não acreditando no que acabei de ouvir. Não é possível! Meu Deus, meu
pai não faria isso! O Dylan entra no meu quarto e me olha preocupado.
— Emy, você está bem? Esta pálida.
Olho para ele e de repente sei que é verdade. O modo como ele olha para ela, o carinho em
seu olhar, o tom amoroso como se refere a ela, do mesmo jeito que se dirige a mim.
— Você sabia — é só o que consigo falar. A dor no meu peito, que já era grande,
aprofunda-se. Agora não tem mais um buraco nele, e sim uma cratera.
— Princesa, do que está falando?
— A Carol...
Não consigo terminar a frase, ainda está difícil de digerir que meu pai traiu minha mãe. Deus!
Para que minha mãe era devotada à família?! Dou um soco na cama, a raiva me consumindo. O
Dylan fica branco.
— Todos vocês sabiam, não é? Só a idiota aqui não sabia que o meu pai foi um canalha. Deus!
E eu querendo fazer justiça a um homem que traiu a mulher que sempre fez de tudo por ele!
— Princesa, não é bem assim...
— Cala essa maldita boca, Dylan! Não quero ouvir nem mais uma palavra! Você fez parte
disso, você sabia e não me contou! — grito para ele, levantando-me e indo em sua direção. — Ela
sabe quem eu sou?
Ele nega com a cabeça. Dirijo-me ao banheiro, vou tomar um banho e depois fazer o que eles
sempre quiseram: largar essa vingança.

Quando entro no quarto da Emy, ela está branca. Olha para mim e vejo que está desolada.
Pergunto se ela está bem, e ela me olha com acusação em seu olhar.
— Você sabia — fala em tom de acusação.
Não sei o que ela quer dizer com isso. Fico confuso e pergunto do que ela está falando, e ela
só precisa falar um nome: Carol. Já sei do que ela fala. Tento explicar, mas é difícil argumentar
com ela. Emily está puta comigo – conosco – por esconder isso dela, mas nunca achei uma maneira
de lhe contar esse segredo sem magoá-la. Eu odeio fazer isso com ela. O ódio com que Emy me
olha faz meu peito doer, mas eu entendo. Se eu soubesse disso assim, como ela está sabendo,
ficaria do mesmo jeito. Ainda não consigo entender como ela descobriu.
Emily se vira e vai para o banheiro. Pego meu celular e ligo para o Eric.
— Está tudo bem com a Emy?
— Mais ou menos. Ela descobriu sobre a Carol e sabe que nós também sabíamos.
— Porra! Como ela descobriu?
— Eu não sei, ela não me deixou falar, mas acho bom vocês virem aqui. É bom chamar a
Carol também. Está na hora de ela saber quem a Emy é.
— Certo, já estamos indo, e pego a Carol.
— OK.
Despeço-me dele e sei que esse dia vai ser pior do que imaginei. Só espero que a Emy pare
para me escutar. Nada aconteceu como ela está imaginando, porém, conhecendo minha irmã como
conheço, ela não irá me escutar, mas se eu trouxer o Eric, talvez ela me ouça. Espero que ela não
esteja muito quebrada para escutá-lo.
Sento-me no sofá e fico pensando que nossa vida é uma merda. Tudo que tem que acontecer,
só acontece conosco.

Saio do banho, coloco uma roupa e ligo para o Christian, pedindo que ele consiga os papéis
que provam que a Carol é a dona das ações que o Andrew tem e que leve tudo que tenho
guardado no cofre da empresa dele até a Zanon. Ligo para o Lucas, também pedindo que me
encontre na Zanon em uma hora e que consiga um mandado de prisão para o Andrew, pois eu
tenho provas o suficiente para colocar não só o Andrew na cadeia, mas toda a sua corja.
Pego minha bolsa e saio do quarto, mas quando chego à sala, paro abruptamente. Ali estão o
Eric, o André e a Carol juntamente com o Dylan. Todos me olham quando eu entro, mas meus olhos
estão em uma única pessoa: Caroline.
— Que bom que você está aqui, me poupou tempo.
Ela me olha sem entender, e olho para os rapazes.
— Ninguém contou para ela?
— Emily — Dylan fala em tom de aviso.
— Não me contaram o quê?
Aproximo-me dela.
— Nós nunca fomos apresentadas da maneira correta.
— Como assim? — pergunta ela mais confusa ainda olhando para Dylan, e solto uma risada
sem humor.
— Prazer em conhecê-la, Carol. Me chamo Isabela Zanon e acredito eu que você seja a filha
que meu pai teve fora do casamento — falo de maneira cínica. Tentei controlar, mas não consegui.
Eu sei que a Carol não tem culpa de nada. Ela me olha, ficando branca, e olha para o Dylan de
novo.
— Dy?
— Sim, Carol, a Emy é a nossa irmã.
— Bom, mas não estou a fim de jogar conversa fora, tenho outros planos em mente.
Ela me olha ainda mais confusa.
— Acredito que você não saiba que as ações que o Andrew administra na Zanon sejam suas,
né?
Ela me olha incrédula.
— Como assim, Emily? — pergunta o Dylan.
— As ações que o Andrew administra são da Carol. Não me pergunte como elas se tornaram
dela, porque isso nem eu sei ainda, mas vou descobrir. — Volto-me para a Carol. — Você pode
me acompanhar até a Zanon e tomar posse do que é seu?
Ela só balança a cabeça concordando, mas parece que está em outro lugar. Vou em direção à
porta e a chamo:
— Vamos?
— Agora?
— Sim.
— Emily, o que você vai fazer? — pergunta o Eric. Olho para ele pela primeira vez por mais
tempo e o vejo abatido.
— O que vocês sempre quiseram. Acabar com essa vingança.
Saio daqui. Vê-lo dói. E saber que ele tinha ciência de que a Carol era minha irmã me magoa
mais ainda.
A Carol entra no elevador comigo, e vejo os rapazes saindo às pressas do apartamento, mas
antes que eles entrem, a porta do elevador se fecha. Suspiro aliviada, encostando-me à parede
do mesmo. Não estou preparada para ficar num lugar minúsculo com eles, principalmente com o
Eric.
— Você me odeia?
Viro a cabeça em direção a Carol, que está me olhando desolada.
— Não, Carol, por que a odiaria?
— Por ser fruto da traição de seu pai.
Um sorriso acaba aparecendo nos meus lábios.
— Você não tem culpa das merdas que ele fez. Você não pediu para nascer, então não, não a
odeio, afinal você é minha irmã.
Ela me dá um meio sorriso. Saímos do elevador e vamos para o meu carro. Ainda estou com o
rosto um pouco roxo pelos socos que levei, mas não me importo.
— O Dylan te explicou como aconteceu?
— Não e nem quero saber, Carol. O que meu pai fez, quero que continue onde está, no
passado.
— Você deveria ouvir, assim entenderia o que aconteceu e pararia de culpar o William.
— Desculpa, Carol, mas nada do que disser, vai mudar o que estou sentindo nesse momento.
Então peço que você não toque mais nesse assunto.
Sinto seu olhar em mim, mas continuo dirigindo. Chego a Zanon e subo até o escritório de
Andrew.
— Christine, o Andrew está?
— Sim, Srta. Makena.
Vou em direção a sua sala e entro sem bater, com a Carol me acompanhando. Ele está
entretido em uns papéis, mas olha para cima quando entro, e um sorriso cínico aparece em seus
lábios. Fico espantada quando o olho. Ele está com o rosto machucado, há vários hematomas e
pontos acima da sobrancelha. Provavelmente ele aprontou alguma coisa com os “amiguinhos” dele.
— Olha quem resolveu aparecer.
Ao perceber a Carol, seu sorriso morre.
— Olá, tio Andrew. Você não parece muito feliz em me ver.
— Olá, Carol. Estou feliz, sim, querida. Só fiquei surpreso. — O tom falso na sua voz não
passa despercebido. — O que devo a honra de suas visitas?
— Acho que você deve imaginar, Andrew — respondo de forma mais cínica que ele, que me
olha atentamente. Depois seu olhar vai para Carol, e ele fica um pouco incomodado. Não consigo
segurar o sorriso que aparece em meus lábios.
— Acho que já adivinhou, né? A Carol veio assumir seu lugar na empresa, o lugar que ela
nunca foi informada que tinha. E ela está muito curiosa para saber por que ela nunca foi
informada sobre isso.
Ele se levanta e vem à minha direção, o rosto vermelho consumido pela raiva.
— Sua vadia, eu sabia que você seria problema. Eu devia ter lhe dado um fim quando tive a
chance.
Meu sorriso só aumenta.
— E quando foi que você teve essa oportunidade?
Ele chega muito próximo de mim, um palmo nos separa. Seu olhar está consumido pela ira.
— Era para eu ter feito o serviço e não ter mandado dois imbecis. Quando queremos algo
bem feito, devemos fazer nós mesmos. Eu quero saber quem diabos você é, vadia, e o que quer
comigo.
A Carol olha tudo temerosa e se afasta em direção à porta.
— Eu sabia que tinha sido você a mandar me raptar. Você só confirmou o que eu sabia. E
quem eu sou?
Solto uma risada sem humor algum e continuo olhando para Andrew, deixando transparecer
todo o ódio que tenho dele. Andrew acaba dando um passo atrás.
— Eu não te conheço, vagabunda, nem sei o que quer comigo, mas isso vai acabar, ninguém
mexe com Andrew Toscana e sai impune.
— Claro que isso vai acabar e vai ser hoje. Vou te dizer exatamente quem eu sou, e você vai
entender o porquê de a vagabunda aqui seguir todos os seus passos, o porquê de você perder
tantos carregamentos e ter que vender suas ações e o porquê de eu mandá-lo para a cadeia.
Acontece tão rápido que só percebo quando estou prensada na parede com a mão do
Andrew na minha garganta, mas também estou preparada para isso, pois fiz aulas de Krav Magá.
Dou uma joelhada em suas bolas, e é incrível ver a dor em seu rosto. Andrew me solta e eu me
afasto. Ele me olha e me xinga:
— Sua vaca!
— É bom você poupar seu fôlego. Nada do que você diz me atinge.
Ele vem em minha direção de novo e tenta me dar um soco, mas desvio e dou um soco cruzado
nele, que cambaleia para trás colocando a mão nos lábios, que estão sangrando. Andrew olha
incrédulo para o sangue na sua mão. Porra! Dói para caramba bater em alguém.
— Eu sei me defender, Andrew, é bom que você saiba antes de tentar mais alguma coisa. Mas
se quiser pode tentar, sempre quis lhe dar uma lição com minhas próprias mãos. Se não posso
matá-lo, posso pelo menos lhe dar uma surra.
A Carol ainda está à porta olhando a cena, incrédula.
— Fala de uma vez o que você quer, vadia, e me deixa em paz.
— Oh, eu vou deixá-lo em paz, pode ter certeza disso, principalmente quando você estiver
atrás das grades e pagar por tudo de mal que você já fez. Você quer saber quem eu sou, o que
eu quero de você?! Eu vou lhe dizer. Eu sou filha do casal que você assassinou a sangue-frio sem
remorso.
— Querida, é bom você ser mais especifica. Eu já matei muitos casais.
Olho para ele com mais nojo ainda.
— Isso, Andrew, confessa tudo que você fez, vai ser melhor ainda para você nunca mais sair
da prisão. E respondendo à sua pergunta, eu sou filha de William Zanon.
Ele fica branco enquanto olha para mim. Ouço movimento à porta do escritório, e ao me virar,
vejo o Eric, o Dylan e o André. O Eric olha para meu pescoço e acho que vê a marca da mão do
Andrew, pois vai furioso em direção a ele e lhe dá um soco. Pega-o pela gola da camisa e o
segura bem próximo do seu rosto.
— Eu disse para você nunca mais encostar nela. Acho que a surra que lhe dei não surtiu
efeito.
E começa a socar o rosto do Andrew. O Dylan e o André o seguram e o tiram de perto do
Andrew. Olho boquiaberta para Eric. Então foi ele que bateu no Andrew, e por mim?! Então por
que diabos ele me deixou?! Antes que eu possa falar algo, o Lucas chega com alguns agentes
— O que está acontecendo, Emily?
O Andrew olha com os olhos arregalados para eles, o rosto mais machucado do que já estava.
— O que diabos vocês fazem aqui?
Aproximo-me dele e falo:
— O que lhe falei, te colocar atrás das grades.
— E você acha que eles vão conseguir me deixar preso por muito tempo?
Ele dá um sorriso de escárnio.
Nesse momento, o Christian chega com os papéis que pedi e me entrega. Dou tudo ao Lucas,
menos a pasta que contém as provas de que a Carol é dona de 25 por cento das ações. Entrego-
a a ela, que a pega, mas seus olhos ainda estão em mim, tentando entender tudo que está
acontecendo.
O Lucas olha todas as provas que tenho, a agenda informando datas e valores pagos para os
subordinados do Andrew que trabalham no FBI, no departamento de polícia, na promotoria, entre
outros, a pasta que meu pai tinha com as provas do que ele fazia na empresa. Nessa última,
mostra que o Andrew forjava empresas para pegar o dinheiro para ele. Todas as empresas que
ele criou eram fantasmas. Também há provas que confirmam que todos os carregamentos de
drogas e armas ultimamente abordados pela polícia pertenciam ao Andrew. Isso eu consegui com a
ajuda do Alex e da Amélia. Entrego todas essas provas, sem contar que teremos o meu testemunho
e o do Dylan sobre a morte dos nossos pais.
O Lucas olha para mim e depois para o Andrew.
— Podem algemá-lo.
Os agentes o algemam. Andrew fica louco, seu rosto transformado de fúria.
— Sua vagabunda, você me paga! Você não sabe a satisfação que tive em matar seus pais, o
olhar desesperado deles. Seu irmão estava com a mesma cara de assustado, a dele foi a melhor
— ele fala sorrindo, e não vejo mais nada na minha frente, vou para cima dele. Porém, sinto um
braço ao meu redor.
— E pode ter certeza de que o irmão dela vai deixar você apodrecer atrás das grades —
afirma o Dylan com raiva. O Andrew arregala os olhos para ele.
Antes que Andrew possa falar alguma coisa, os agentes o carregam para fora. O Lucas pede
para eu o acompanhar para poder pegar meu depoimento.
Depois de depor, pego meu carro e vou para casa sozinha. Evitei encontrar o Dylan, o Eric e o
André. A Carol, nem sei onde está. Depois que acompanhei o Lucas, não a vi mais. Chego a casa e
começo a arrumar minhas malas. Eu iria embora, preciso do colo da minha mãe. Sempre achei que,
quando eu fizesse o Andrew ir para a cadeia, ficaria feliz, aliviada, mas nada disso aconteceu.
Sinto-me traída pelo meu pai. Não entendo como ele pôde fazer aquilo com a minha mãe, conosco.
Ao chegar ao aeroporto, já passa das 10h da noite. Meu voo sai às 11h. Meu celular começa
a tocar, é o Dylan. Ignoro-o, mas logo em seguida toca novamente e vejo o nome do Eric. Sinto um
aperto no peito, mas não quero falar com eles. Além do fato de terem me escondido a verdade
sobre a Carol, o Eric me magoou ao me deixar quando eu mais precisava dele sem nem se
importar com o bebê que carrego.
Quase duas horas depois chego a Jacksonville. Já é madrugada. Pego um táxi e vou para a
casa de minha mãe, que fica em Jacksonville Beach. Depois de quase meia hora, chego a casa
dela. Eu amo isso aqui. Sua casa fica de frente para o mar, e como o mar é meu lugar preferido, é
impossível eu não amar.
Pago o taxista e entro em casa. Está tudo silencioso, provavelmente estão todos dormindo.
Subo com minha mala até meu quarto, tomo um banho, coloco um short e uma blusinha verde e
desço. Estou morrendo de fome. Faço meu lanche e vou em direção à porta dos fundos que dá
para a praia. Sento-me na cadeira em frente à piscina e fico olhando o mar. Isso sempre me
acalma, e eu estou precisando desesperadamente disso.
Porra, eu estou morto de preocupação. Nem vi o momento em que a Emy saiu do FBI. Quando
o Dylan dá por sua falta, vamos até o seu apartamento, e está tudo silencioso. Seu quarto está
vazio. No closet percebo que faltam metade de suas roupas.
— Dylan.
— Oi — ele fala vindo até o closet. Ele percebe o mesmo que eu. Olhamo-nos e começamos a
tentar ligar para ela, mas não conseguimos. Voltamos ao FBI e começamos a pesquisar rodoviárias,
aeroportos, tudo que possa nos indicar onde ela foi. Achamos uma passagem com seu nome para
Jacksonville, e suspiro aliviado. Ela voltou para casa. Decidimos ir embora. Amanhã iremos atrás
dela.
Eu sei que ela precisa de um tempo só para si. Estou muito aliviado com o fim dessa sua
vingança, mas a forma como aconteceu não foi boa. Machucou-a saber que nós omitimos a
verdade sobre a Carol. Estava em seu olhar quando ela me fitou. E sei também que ela está
magoada comigo por tê-la deixado. Eu me condeno mais ainda por isso. Mas, porra! Estava difícil
para mim vê-la se colocando em perigo constante. O medo que eu tinha de perdê-la era sem
precedentes. Ela e o nosso bebê que nem veio ao mundo são tudo para mim. O susto que levei, o
vazio que senti quando o Christian me ligou falando que ela tinha sido pega quase acabou comigo.
Eu não queria estar perto quando algo assim acontecesse novamente. Mesmo estando longe, o
amor que eu tinha por ela não iria embora, eu sei que iria sofrer da mesma forma. Resolvi terminar
para ver se ela enxergava onde estava se metendo, um caminho sem volta que podia ser o fim
dela e de nosso bebê.
Se Emily pensa que eu desisti dela, está muito enganada. Ela é a minha vida. Nunca desistirei
dela, não mesmo. E irei provar.

O dia nasce, e pouco depois vou para o FBI para terminar os relatórios e concluir as prisões
que não foram feitas ainda. Muita gente irá cair com o Andrew.
Reservo uma passagem no voo da tarde para Jacksonville, juntamente com o Dylan e a Carol.
Ela disse que precisava ir junto, que queria conhecer melhor a Emy, já que ela nunca teve essa
oportunidade. Acabei concordando mesmo não sabendo qual seria a reação da Emy.
Próximo do horário do almoço, recebo um telefonema. Estou na sala com os rapazes revendo
algumas pontas soltas para os advogados de defesa não terem o que fazer.
— Taylor.
— Sr. Taylor, aqui quem fala é Nelson Clark, diretor do presídio para o qual o Andrew
Toscana foi mandado. Tentei encontrar Lucas Lemos, mas não consegui contato e me passaram para
o senhor. Tenho uma notícia desagradável para lhe dar.
— O que aconteceu, Sr. Clark? — pergunto com um mau pressentimento.
— O Sr. Toscana fugiu da cadeia no início da manhã. Ele teve ajuda de alguns guardas
penitenciários, e já estão sendo todos procurados.
Sinto meu chão sumir.
— Como diabos foram deixar isso acontecer?! Porra! Ele é perigoso, e têm vidas em jogo com
ele solto!
Os rapazes me olham interrogativamente.
— Eu sinto muito, Sr. Taylor, estamos fazendo o possível para encontrá-lo.
— Vou tomar as devidas providências aqui também, qualquer coisa me avise.
Desligo e olho para os rapazes.
— O Andrew fugiu da cadeia.
— Porra! Como isso aconteceu?! — pergunta o Dylan indignado.
— Parece que ele teve ajuda de agentes do presídio.
— Diabos, quando pensamos que isso vai ter um fim, acontece algo — fala o André bufando.
Olho para eles, mas meu único pensamento é a Emy.
— Temos que avisar a Emy.
— Vamos esperar para quando chegarmos lá, é provável que ela nem nos atenda.
Balanço a cabeça concordando. Não sei qual será a reação da Emy. Ela sempre quis o
Andrew atrás das grades, e quando consegue, ele dá um jeito de fugir. Droga! Ela vai ficar louca.

Esse tempo todo foi ela, a pirralha que não consegui matar naquele dia. Quando saiu nos
jornais que toda a família estava morta, eu vibrei de felicidade. Achei que o William não tinha
feito um testamento, mas eu me ferrei; ele tinha deixado seus bens em caso de morte também de
seus filhos legítimos para sua filha bastarda e para os imbecis que eram seus amigos, embora tudo
era para ser meu. Agora vem essa vadia e diz ser a Isabella Zanon.
Eu queria matá-la, mas ela sabia se defender, e depois o Eric apareceu e me socou mais
ainda, mas se esses idiotas pensam que podem me parar, estão muito enganados. Eu tenho contatos
e algum dinheiro, é fácil subornar alguém para conseguir sair do presídio. O guarda deixou uma
porta aberta que leva a outra porta atrás da qual ficam os vestiários dos carcereiros. Consegui a
roupa de um e saí da prisão fácil, fácil. Agora eu terei que ir com calma, deixar a poeira baixar.
Eu sumirei por um tempo até eles acharem que estão seguros, então voltarei e irei matar um por um
dos que me colocaram na cadeia.

Acordo, e ainda é cedo. Estou inquieta. Querendo ou não, sinto falta do Eric ao meu lado. Tomo
um banho, coloco um vestido leve e desço. Chego à cozinha e vejo minha mãe, o Adam, a Beth e a
Rosa, nossa empregada, que consideramos como da família, já que ela está há anos conosco.
Ela é a primeira a me ver.
— Jesus, o que aconteceu com seu rosto, menina?!
Sorrio.
— Também senti sua falta, Rosa.
Vou até ela e beijo sua face. Olho para minha mãe, que fita meu rosto, horrorizada.
— Olá, mamãe.
Ela vem em minha direção, abraçando-me forte.
— Isso tem alguma coisa a ver com seu motivo para ter ido para Nova York?
Olho para ela espantada. Ela não sabe do meu passado.
— Como?
Ela sorri.
— Seu pai, querida, antes de morrer, me contou tudo. Eu sei que vocês queriam me proteger
do que lhe aconteceu, por isso nunca comentei nada.
Ela passa a mão em meu rosto, e vejo seu olhar triste.
— Está tudo bem, mamãe.
Ela me dá um sorriso fraco.
O Adam e a Beth continuam sentados me encarando. O Adam está com as mãos em punhos, o
maxilar cerrado, já a Beth está com os olhos cheios de lágrimas.
— O bebê... ― Sua voz embarga e ela não termina.
— Está tudo bem com ele, Beth.
Vejo-a suspirar de alívio.
— Bebê? — pergunta minha mãe. Ainda não contei que estava grávida. Queria fazer isso
pessoalmente, e tenho que agradecer ao meu irmão e a Beth por não terem contado.
— Sim, mamãe. Você vai ser vovó.
Um sorriso enorme aparece em seu rosto.
— Oh, meu Deus! Que notícia incrível! — De repente ela faz uma careta. — Quando você
chegou?
Dou uma risada por só agora ela perguntar isso.
— Cheguei de madrugada. Não quis acordar ninguém.
— OK, agora se sente e se alimente para meu neto nascer bem lindo e saudável. Falando
nisso, está com quantos meses, querida?
— Entrando no terceiro mês, mamãe.
Ela sorri e me serve, como sempre fez. O Adam e a Beth ainda não me abraçaram e nem
conversaram comigo, e isso machuca. Eu preciso deles mais do que nunca.
Percebo o Adam me encarando e olho para ele.
— O que foi?
— Nada, só pensando em onde o Eric está e na verdade tentando entender o que você está
fazendo aqui.
Olho em seus olhos e vejo seu rosto suavizar. Ele sempre conseguiu ler minhas emoções, como o
James fazia.
— O que aconteceu, Morena? ― ele pergunta suavemente, e sinto as lágrimas virem. Adam dá
a volta na mesa, ajoelha-se à minha frente e me abraça. Choro em seus braços, tentando me livrar
de todos esses sentimentos que estão presos dentro de mim. Raiva, frustração, dor, traição, mágoa.
Sinto outro braço ao meu redor junto com o do Adam e sinto o perfume da Beth. Isso, os dois
são tudo que eu preciso. Continuo chorando, tentando fazer essa dor em meu peito sumir, ou pelo
menos amenizar.
— Nós estamos aqui, Emy — sussurra a Beth.
Quando me acalmo, olho para minha mãe e a vejo chorando. Para ela é estranho me ver
chorar, ela nunca presenciou isso. A Rosa me traz um copo de água e ela está secando o rosto
também.
— Vamos lá para a sala, assim você me conta o que aconteceu certinho, Morena.
Balanço a cabeça, concordando, e vamos para a sala. Sento-me, e o Adam se senta a um
lado, e a Beth, ao outro. Minha mãe e a Rosa se sentam à minha frente.
— Fala, Morena, o que aconteceu?
Olho para minha mão e mexo no anel que o Eric me deu. Não tive coragem de tirá-lo ainda. O
Adam e a Beth seguem meu olhar.
— Que anel é esse, Emy? — pergunta a Beth. Um sorriso triste aparece em meus lábios.
— Naquela noite, a última em que vocês estiveram em Nova York, o Eric me pediu em
casamento. Voltei no dia seguinte louca para contar a vocês, mas já tinham ido embora.
Os dois me olham tristes. E conto a eles tudo que aconteceu desde que eles foram embora: a
presidência da empresa que consegui, o sequestro, o hospital, a doação do Eric de suas ações
para mim e o momento quando ele me deixou, mas quando chego à parte da Carol, eu travo. É
difícil falar sobre a traição do meu pai.
— Morena?
— O que aconteceu, Emy? — pergunta a Beth.
— É difícil falar sobre isso.
— Querida, você sabe que estamos aqui e vamos apoiá-la sempre. Você pode confiar em nós.
— Eu sei, mamãe. Bom, é que tem uma parte que a senhora ainda não sabe. O meu irmão não
morreu naquela noite.
Minha mãe arregala os olhos.
— Onde ele está, querida?
— Em Nova York. Ele se chama Dylan e é o melhor amigo do Eric. Descobri há pouco tempo.
— Que bom, querida!
— Fiquei muito feliz, mamãe, em saber que ele está vivo.
Ela me olha atentamente.
— Mas tem algo a mais, né?
Balanço a cabeça concordando. Olho para o Adam e depois para a Beth.
— Eu tenho outra irmã.
— O quê?! ― perguntam os dois ao mesmo tempo.
— Incrível, não? Descobri isso ontem, e o pior vocês não sabem. Ela é filha da Esther, que é
irmã do Andrew, portanto, ela é prima do Eric. Deus! Ainda não acredito que meu pai teve
coragem de trair minha mãe.
A Beth e o Adam só me olham incrédulos.
— E todos sabiam que ela era minha irmã, o Eric, o Dylan e o André, e ninguém me contou.
Tive que descobrir sozinha. Ela também é dona de 25 por cento da Zanon que o Andrew
administrava, mas ninguém sabia que não era dele.
— O que você fez?
Olho para eles. Essa é a parte que eles vão gostar.
— Entreguei tudo que eu tinha para o FBI, e o Andrew está preso agora.
— Sério? — pergunta o Adam ainda incrédulo.
— Sim, entreguei tudo e depois vim embora. Não queria falar com nenhum dos rapazes, então
só cheguei em casa, fiz uma mala e voltei para cá.
— Emy, você parou para escutá-los? Pode ter uma explicação.
— Eu não quero, Beth, não agora. Estou magoada com eles por terem omitido isso de mim.
Então quero um tempo sozinha para pensar e também para saber o que vou fazer daqui para
frente. Eu não quero a Zanon. Vou entregá-la para o Dylan e o Eric. Quero esquecer meu passado,
ou pelo menos aprender a conviver com ele sem me machucar.
A Beth me olha por um tempo e depois fala:
— OK, eu te conheço e sei que não vai adiantar nada ficar te retrucando agora, mas o que
você vai fazer a partir de agora eu tenho uma ideia. Você sempre gostou de marketing, e como a
empresa que seu pai deixou para você e o Adam é no ramo da publicidade, você podia se
dedicar a ela. Vocês tinham planos de expandi-la; agora pode ser o momento.
Sorrio. Ela tem razão, sempre adorei marketing, criar sempre foi algo que me interessou.
Muitas vezes ajudei papai a criar campanhas sem nem mesmo ter feito nenhum curso ou faculdade
para isso. Era natural, simplesmente estava em mim. Eu só não segui o mesmo caminho de meu pai
por causa de minha vingança.
— Vou pensar nisso.
Algum tempo depois o Adam vai para a empresa, e a Beth vai para seu estúdio. Resolvo dar
uma volta na praia, matar a saudade.
Ando pela praia algum tempo e quando vejo a hora, já são 2h da tarde. Volto em direção a
minha casa. Minha mãe já deve estar preocupada, já faz mais de três horas que saí.
É sempre assim quando estou na praia, perco-me no tempo.
Entro pela porta dos fundos e ouço algumas vozes na sala. Será que mamãe está com visitas?
Vou até lá e vejo os rapazes e a Carol sentados e conversando com minha mãe.
— O que vocês estão fazendo aqui? — pergunto irritada. Eu não os quero aqui, eu preciso de
um tempo sozinha. Meu olhar está no Eric. Droga, eu sinto sua falta. Ele me olha, e em seu olhar dá
para ver amor, mas ainda estou com raiva por eles terem mentido e por ele ter me deixado.
— Princesa.
Fecho os olhos quando ele me chama pelo apelido que me deu. Respiro fundo e os abro
novamente, olhando para todos na sala. Minha mãe está com um semblante preocupado, enquanto
os outros olham comedidos para mim.
— Eu fiz uma pergunta. O que estão fazendo aqui?
O Eric abre a boca para responder, mas o Adam chega nesse momento.
— Olá, rapazes.
Todos o cumprimentam, e apresento a Carol a ele. Ele me olha preocupado, e lhe dou um meio
sorriso.
— Emy, nós tínhamos planos de vir aqui para conversar com você, tentar explicar sobre a
Carol, o porquê de não falarmos, mas antes de embarcamos, recebemos uma ligação. Agora temos
que falar sobre isso ― Eric diz e olha para o Dylan e depois para o André. Ele se levanta e para
à minha frente. — Emy, o Andrew fugiu da cadeia hoje pela manhã.
Sinto minhas pernas ficarem moles. Tudo gira e logo em seguida sinto a mão do Eric na minha
cintura, me segurando.
— Princesa?
Encosto minha cabeça no seu peito para ver se o mal-estar passa. Não acredito que, depois
de tudo, Andrew acabou fugindo da cadeia...
— Como... Como ele fugiu?
Os braços do Eric me rodeiam, mas no momento não ligo. Sinto-o beijar meus cabelos.
— Ele teve ajuda de agentes penitenciários, mas já estamos fazendo todo o possível para
encontrá-lo, princesa.
Ele me faz levantar a cabeça e olhar em seus olhos.
— Estamos designando agentes para fazer sua segurança, pelo menos até o capturarmos
novamente.
Ele passa a mão pelo meu rosto em uma carícia. Fecho os olhos, é tão bom senti-lo. Todavia, de
repente me vêm as lembranças de ele me deixando e da Carol. Afasto-me e vejo dor em seu rosto,
mas desvio o olhar.
— OK. Se eles têm que ficar comigo até o Andrew voltar para a cadeia, sem problemas, mas
eu vou ficar aqui, então vocês terão que mandá-los para cá.
O Dylan faz uma careta. Viro as costas, corro para o meu quarto e tranco a porta para
ninguém entrar. Vou para o banheiro e tomo banho, tirando a areia da praia do meu corpo,
colocando depois um short e uma regata rosa. Deito-me na cama e fico olhando para o nada. Por
que minha vida não pode ser mais simples, sem essas confusões todas? E por que eu tenho que
amar tanto o Eric? Droga, por que eles mentiram para mim? Isso me magoou muito.
Acordo e percebo que o sol já foi embora. Pego meu celular e vejo que já passa das 6h da
tarde. Ligo para o Fabien, que é quem cuida das famílias do Bruno, da Amélia e do Alex para
mim. Eles estão no interior da Inglaterra, em Norfolk.
Depois de saber que todos estão bem, levanto-me e desço. Estão todos na sala conversando,
mas no momento em que me veem, a conversa para.
— Querida, quer comer algo? Você não almoçou e chegou em casa e se enfiou no quarto.
Você tem que pensar no bebê. Se continuar assim, vai ficar doente — fala minha mãe
superprotetora. Eu sei que ela tem razão. Vou até ela e lhe dou um beijo no rosto.
— Estou indo comer agora, “tá” bom?
Ela sorri e balança a cabeça. Vou para a cozinha e começo a mexer na geladeira,
procurando algo. Pego geleia de framboesa e suco de laranja, torrada no armário e começo a
comer. Não demora muito e o Dylan aparece.
— Podemos conversar?
— Se é sobre o papai, não — respondo enquanto como.
— Emy, não aconteceu como você está pensando.
Largo a torrada e me levanto.
— Se é para você falar dele, eu estou saindo.
Viro as costas e vou em direção à porta, mas ele me segura e me vira para si. Seu rosto está
indignado.
— Você vai me ouvir nem que eu tenha que te amarrar. Para de pensar em você somente e
me escuta, porra! ― ele praticamente grita ainda me segurando. Pelo canto do olho consigo ver o
Eric entrando junto com o Adam. — Nossos pais tiveram uma crise, Emy. Eles se separaram, e papai
acabou dormindo com a mãe da Carol nesse meio tempo, e a Esther engravidou. Papai nunca
escondeu isso da mamãe. Ela sabia.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu acusei e condenei meu pai sem ouvir sequer uma
explicação ou procurar por ela.
— Eles queriam te contar, princesa, só não sabiam como. Queriam que a Carol fizesse parte
de nossas vidas, mas tinham medo de como você reagiria.
Abraço-o e começo a chorar. Ele me abraça de volta e beija minha cabeça.
— Sinto muito ― consigo falar entre os soluços.
— Está tudo bem, princesa, vamos esquecer isso.
Balanço a cabeça concordando. Dylan me faz sentar novamente e comer tudo. Depois que
termino, o Eric pede para conversar comigo e aceito. Eu não poderei fugir a vida inteira dele.
Querendo ou não, ele é pai do meu filho e terá que fazer parte da minha vida.
Vamos caminhar pela praia para termos um pouco mais de privacidade.
— Me perdoa, princesa, eu fui um idiota mais uma vez.
— Eric...
— Não, me escuta. Só me escuta, por favor.
Balanço a cabeça concordando, e ele continua:
— Eu fiquei com medo, princesa. Eu nunca senti o que sinto por você, e isso me assusta muito.
Eu nunca achei que amor assim existisse e quando o senti, me apavorei. Ainda mais sabendo que
você estava em perigo constante perto do Andrew. Isso tirava meu chão. Fiquei com muito medo de
te perder e fiz mais uma burrice. Afastei-me de você, da minha razão de viver. Emy, eu não
conseguirei viver num mundo do qual você não faça parte. Você não tem noção do quão
importante é para mim.
— Eu perdoo você.
Ele arregala os olhos e tenta se aproximar, mas dou um passo atrás, e ele me olha confuso.
— Você não disse que me perdoa?
— Sim, Eric, eu o perdoo, mas não vou voltar para você.
— Emy...
— Não, Eric, agora você que vai me escutar. Eu realmente o perdoo, mas não posso voltar
para você. Quem está com medo agora sou eu, Eric, medo de acontecer algo e você me largar de
volta por não aguentar, ou por medo de sei lá o quê. Eu não posso suportar tê-lo e o perder
novamente. Isso vai acabar comigo. Eu não consigo.
Ele se aproxima e segura meu rosto com as mãos, uma em cada lado, olhando-me
profundamente.
— Eu não vou fazer isso, princesa, eu te prometo.
Afasto-me dele.
— Eu nunca vou te afastar de mim ou do nosso bebê, mas não posso mais ficar com você, Eric.
O único relacionamento que teremos será amizade. E o que teremos em comum, nosso filho.
— Princesa, não faz isso. Eu vou lhe provar que não vou mais fugir. Você é minha vida, não
posso viver sem vocês.
— Tudo bem, Eric. Quando você provar, quem sabe eu consiga nos dar mais uma chance, mas
enquanto isso, não. Eu não aguentaria perdê-lo mais uma vez.
Ele se aproxima e faz um carinho no meu rosto.
— Eu vou lhe provar, princesa. Eu não vou perdê-la, e você nunca mais vai sofrer por eu ser
um idiota. Vou passar o resto da minha vida lhe provando que pode confiar em mim. Que eu a
amo mais que tudo.
Abraço-o forte e me afasto. Acho difícil ele fazer isso, provar que não vai mais me afastar,
mas fico quieta, e voltamos para casa.

O tempo passa, e o Eric está provando de todas as maneiras que estará sempre ao meu lado.
Ele vem toda semana para Jacksonville e me liga todos os dias em que não está aqui. A Carol
sempre vem com ele. Nós estamos nos redescobrindo, tornando-nos irmãs.
Não sei se será possível eu voltar para o Eric, mas esse seu lado meigo, carinhoso, preocupado
e presente me fez o amar mais ainda. Fico todo dia ao lado do telefone esperando suas ligações.
Falamos mais sobre o bebê e em como estão os nossos dias, nunca passa disso. Já estou com cinco
meses, e com quatro meses e meio consegui ver o sexo. O Eric fez questão de estar presente, ele
estava mais ansioso que eu para saber o sexo. Nunca vou esquecer sua expressão quando o
médico falou que era um menino. Seus olhos brilharam com isso.
— Acho que ele vai ser a sua cara — falei com lágrimas nos olhos. O sorriso mais lindo que já
vi se abriu em seu rosto.
— Com os seus olhos, espero. Sempre os achei lindos, parecem o oceano.
Até hoje me lembro dos seus olhos em mim, do seu sorriso e suas palavras. Eu sorria que nem
boba.
Às vezes vou à empresa com o Adam e com os agentes do FBI atrás de mim. Já faz dois
meses, e o Andrew não foi achado e nem deu sinal de vida. Já falei para o Eric que não preciso
mais dos agentes, mas ele negou, disse que o Andrew está solto e que ele não irá me pôr em risco.
Sempre achei fofa essa parte dele de querer cuidar de mim.
Faz dois dias que o Eric não me liga, e eu estou pirando aqui. Desde o último telefonema, ele
desapareceu. Estou preocupada que ele tenha desistido de mim. Eu sei que sempre suspeitei que
ele fosse fazer isso, mas não quer dizer que dói menos. Ainda mais pelo que aconteceu há dois
dias. Eu nunca tinha feito aquilo. Só de me lembrar, fico excitada.
O Eric me ligou como em todos os dias.
— Oi, princesa. Como foi seu dia?
— Bem, e o seu?
— Também. Como está o Heron?
Esse é o nome que escolhemos para o nosso menino.
— Mexendo muito ― falei sorrindo e escutei uma risada dele.
— Está no seu quarto, princesa? ― ele perguntou com uma voz rouca que fez meu corpo
gritar de excitação.
— Sim.
Movimentei-me desconfortável na cama, pois já estava muito excitada.
— Está usando o quê, princesa?
Olhei para a camisa que eu estava usando na cama. É uma do Eric que eu gosto de vestir
para dormir, parece que ele está mais próximo a mim. Idiota, eu sei, mas quero senti-lo perto de
mim e roubei uma camisa sua numa das vezes em que ele veio aqui.
— Estou com uma camisa sua ― respondi um pouco encabulada. Ouvi um gemido dele.
— Porra, princesa, você fica muito sexy nas minhas camisas. ― Acabei dando uma risada. —
Por mais que eu ame saber que a está usando, tira a camisa, princesa.
Hesitei por um segundo, mas minha excitação falou mais alto e a tirei.
— Pronto.
— Você está usando lingerie, princesa?
— Só calcinha. Meus seios estão sensíveis, então evito sutiã para dormir.
Ele soltou mais um gemido.
— Eu queria estar aí, princesa, e lamber esses mamilos sensíveis, te levando à loucura... Passa
os dedos sobre eles, princesa, imagina que sou eu com minhas mãos neles... Coloca o celular no viva
voz, você vai precisar das duas mãos.
Fiz o que ele pediu. Minha calcinha já estava encharcada pela excitação. Assim que toquei
meus mamilos, soltei um gemido.
— Sente isso, princesa, esse desejo louco...
Imaginei que ele estava se masturbando pelo tom de sua voz.
― Sim...
— Tira a calcinha, princesa, quero você completamente nua...
Tirei minha calcinha e levei minha mão ao meu clitóris. Gemi de êxtase.
— Está se tocando, princesa?
— Sim... ― respondi ofegante.
— Fala o que você está fazendo, bebê.
— Acariciando meu clitóris.
Gemi quando o apertei.
— Enfia dois dedos nessa boceta gostosa, imagina que é meu pau te fodendo...
Fiz o que ele pediu e penetrei dois dedos em mim enquanto minha outra mão acariciava meu
clitóris. Comecei a gemer e senti meu orgasmo chegando.
— Eric, eu “tô” quase...
— Vem, princesa, vem comigo.
Ele mal terminou de falar, e fui assolada por um incrível orgasmo. Ouvi um gemido rouco dele
e soube que ele também gozou. Fiquei em silêncio, esperando minha respiração se normalizar.
— Tudo bem, princesa? ― ele perguntou com a voz rouca.
— Sim...
Eu estava um pouco sonolenta.
— Sinto sua falta, meu amor.
— Também sinto sua falta, Eric.
Ele ficou em silêncio por alguns minutos, e achei que tinha desligado.
— Vou deixar você dormir, princesa. Dê um beijo no Heron por mim.
E desde então ele não me ligou mais. Já se passaram dois dias, eu estou literalmente
endoidando aqui.
Resolvo dar uma volta na praia. Os agentes ficam um pouco longe, mas não desgrudam os
olhos. Paro em frente ao mar e fico acariciando minha barriga, onde o Heron está que nem louco
de tão agitado.
— Ei, meu amor, está tudo bem, se acalma. Se não mamãe não aguenta. Eu também estou
sentindo falta do papai ― falo com um sorriso nos lábios.
É final de tarde, o sol está se pondo. Ouço alguém chamar meu nome, olho para o lado e vejo
o Eric vindo em minha direção com uma calça cáqui e uma blusa branca, lindo como sempre. E meu
coração vai a mil. Esses dois meses só me fizeram ver uma coisa: não posso viver sem ele. Durante
esse tempo eu o amei mais ainda. Viro-me e começo a correr em sua direção, eu o quero de volta.
Algo brilha ao seu lado direito, e paro de correr. O Andrew está com uma arma na mão
apontada na direção do Eric, que parece que ainda não o percebeu. Começo a correr novamente
em sua direção, gritando para que ele se abaixe. Ele me olha de forma estranha.
— Eric, se abaixa!
Eu tenho o plano perfeito. A Emily tem uma rotina, foi fácil conseguir isso. Ela anda na praia
todos os dias. Eu só tenho que achar a oportunidade perfeita. Quando ela anda na praia, os
seguranças se afastam para lhe dar privacidade, o que será perfeito para mim. Eu irei matá-la e
àquele bastardo em seu ventre.
Fico escondido, vendo-a passear pela praia. Esse é o momento, é agora que vou começar a
fazer eles pagarem por terem se metido comigo. Eu irei me reerguer novamente.
Quando aponto a arma para ela, vejo-a olhar para o lado e sorrir. Acompanho-a e vejo o
Eric, o meu filho ingrato. Como eu queria nunca o ter tido! Ele é uma decepção. Trabalha para o
FBI e ajudou a me pôr atrás das grades. Meu plano não poderia ficar melhor, eu matarei os dois.
Sorrio comigo mesmo e aponto a arma para ele.
Consigo escutar um grito da Emily pedindo para o Eric se abaixar, mas já é tarde demais. Eu
miro e atiro. Logo escuto tiros na minha direção e tento atirar nos agentes do FBI, mas sinto quando
a bala perfura minha carne. Caio no chão respirando com dificuldade. Sinto que esse é meu fim e
que a escuridão está me puxando, mas eu não quero, eu tenho mais gente para matar. Meus olhos
vão se fechando, e a luz, se apagando, mas pelo menos vou levar um – meu filho – para o inferno
comigo!
— Eric, se abaixa! ― eu grito e logo em seguida ouço o barulho de tiro e vejo o Eric com um
olhar surpreso começar a cair. Ouço mais um tiro e outro, mas não paro, corro até ele, que está
caído na areia. Ajoelho-me ao seu lado, lágrimas caindo desenfreadas pelo meu rosto.
— Eric, meu amor, olha para mim!
Pego sua cabeça e a coloco em meu colo. Ele me olha, e há sangue em sua camisa branca. E
fico desesperada, pedindo para ele ficar comigo.
— Alguém chama a ambulância, por favor!
Os agentes do FBI estão perto do Andrew, que se encontra caído no chão. Um deles vem
correndo até onde estou com o Eric, pedindo socorro pelo celular. Ele prensa o peito do Eric para
estancar o sangramento. Passo a mão no rosto do meu amado.
— Por favor, meu amor, fica comigo! Eu te amo...
Eric sorri e seus olhos se fecham. Começo a gritar perguntando onde está o socorro enquanto
vejo o homem da minha vida sangrar e ficar desacordado. Sinto um braço ao meu redor e começo
a chutar e a gritar. Mando me largarem, pois eu quero ficar perto do Eric.
Os paramédicos chegam e começam os primeiros-socorros, e fico mais desesperada ainda.
Grito várias vezes para quem quer que esteja me segurando me soltar, quero chegar perto do
amor da minha vida. Deus, eu não posso perdê-lo!
— O que é isso? ― Ouço alguém perguntar em meio aos meus gritos.
— É para ela se acalmar. Pode prejudicar o bebê, esse desespero dela.
Sinto algo me picar enquanto estou histérica, e logo em seguida meu corpo fica mole e minha
visão escurece, e só consigo pensar que perdi o homem que é tudo para mim.

Abro as pálpebras, olho em volta e percebo que estou em um quarto de hospital. A cena da
Emy correndo desesperada em minha direção me vem à cabeça, seguida da recordação da dor
que senti no peito depois e da queda no chão. Lembro-me da Emy me olhando, chorando e
dizendo que me amava, depois não me lembro de mais nada. Tento me mexer e sinto uma dor no
peito.
A porta se abre, e a Emy entra.
— Você acordou... — ela sussurra e vem até o lado da cama, pegando minha mão. Seus olhos
estão inchados, e meu peito dói com a imagem do seu rosto triste.
— Você está bem, princesa? — pergunto com a voz rouca. Ela sorri.
— Sim. Mais agora, vendo você.
Uma lágrima escorre pelo seu rosto e ela logo a seca com as costas da mão.
— Princesa, o que aconteceu?
— O Andrew estava na praia e atirou em você.
Faço uma careta. Droga, ele tinha sumido por dois meses, eu sabia que iria aprontar algo.
Então me preocupo com Emy. Será que ele fez algo a ela?!
— Ele fez algo a você?!
— Não, os agentes que você tinha deixado para fazer minha segurança agiram rápido.
— Então o Andrew está preso novamente?
Ela faz uma careta.
— Eh... não. Ele... — ela não consegue terminar de falar, e imagino o que aconteceu a ele.
— Está morto?
Ela balança a cabeça confirmando. Será que eu deveria sentir alguma coisa por ele te
morrido? A merda é que não consigo sentir nada. Ele foi um bosta de pai, nunca ligou nem para
mim, nem para minha mãe, só se importou quando minha mãe estava feliz com meu tio e tirou isso
dela. Eu sei que não deveria me sentir feliz, mas é o que eu sinto neste momento. Sei que minha
princesa e meu filho estarão seguros e isso me deixa aliviado.
— Será que posso me sentir feliz com isso? — pergunto a Emy, que acaba dando uma risada.
— Sim, meu amor, pode ficar feliz, pois foi assim que me senti.
Sorrio quando ela fala “meu amor”.
— “Meu amor”? — não consigo segurar e pergunto. Porra, esses dois meses sem tê-la foram
um inferno, e quando nos falamos e fizemos sexo pelo telefone, eu sabia que não poderia mais
ficar longe dela. Resolvi o que tinha que resolver no FBI e pedi uma licença para ficar um tempo
com a minha princesa. Querendo ou não, ela terá que me aceitar, pois não irei largá-la tão fácil.
Ela passa a mão no meu rosto, olhando-me com carinho.
— Sim, é isso que você é. Me perdoa por ter feito você esperar esses dois malditos meses. Eu
só tinha medo de perdê-lo novamente.
Seguro sua mão com força.
— Eu que tenho que lhe pedir perdão, princesa, eu fui idiota e acabei enfiando os pés pelas
mãos, mas pode ter certeza que, a partir de hoje, eu não largo você por nada nesse mundo. Você
vai acabar enjoando de mim, amor.
Ela solta uma risada e depois me olha séria.
— Eu pensei que fosse te perder na praia ontem, quando você ficou desacordado... — Sua
voz embarga.
— Eu “tô” bem, princesa, estou aqui, e nada no mundo vai me tirar de perto de você agora.
A porta se abre, e a comitiva entra.
— Ei, o Belo Adormecido resolveu acordar — fala o André debochado, mas percebo a
preocupação em seu semblante.
— Cara, você nos deu um baita susto — diz o Dylan.
Olho para eles e sorrio.
— Eu estou bem, rapazes, não vão se livrar de mim tão fácil.
O Adam olha preocupado para Emy. Olho para ela, que faz uma careta para ele.
— O que foi isso? — pergunto aos dois. E todos ficam desconfortáveis no quarto. Logo a Beth
vem e pula ao meu lado, sentando-se nos pés da cama.
— Nunca mais nos dê um susto desses, ouviu bem?!
— Pode deixar, baixinha, eu sei que vocês não vivem sem mim.
Ela revira os olhos, e percebo que eles estão tentando mudar de assunto, mas não vai colar
comigo.
— Agora me responda que olhar foi esse que você deu a Emy, Adam?
Ele olha para ela como se pedindo desculpa, e ela bufa.
— Não foi nada, Eric — fala mal-humorada.
— Princesa.
Ela me olha com lágrimas nos olhos, e isso me deixa mais preocupado ainda.
— Eles tiveram que sedá-la ontem, Eric. Ela ficou histérica quando viu você caído, estava num
quarto até agora há pouco. E ela só ficou calma quando eu disse que não deixaria ela te ver —
informa o Dylan. Olho para ela preocupado.
— Princesa...
— Foi só o medo de te perder, mas estou bem agora.
Ela sorri e encosta seus lábios nos meus. Levo minha mão até seu rosto e acaricio sua
bochecha, mordo seu lábio inferior, aprofundando nosso beijo. Ouço um resmungo e me afasto
rindo dela, que sorri para mim também.
— Sério, vocês podiam esperar nós sairmos do quarto — resmunga o André, fazendo todos
rirem. A porta do quarto se abre e Dona Anna, mãe da Emy, entra.
— Oh, vejo que já acordou, rapaz. Nos deu um belo susto.
— Sério, gente, não foi porque eu quis, não.
Eles riem.
Mais tarde o médico entra, mandando todos embora e dizendo que eu preciso descansar. Ele
me explica que o tiro não foi grave, pois não afetou nenhum órgão, e no máximo em três dias já
estarei liberado. Minha princesa bate o pé e diz que ficará comigo. Prefiro não discutir, por mais
que fique preocupado. Ela está grávida e não lhe faz bem ficar num hospital por tanto tempo e
numa cadeira desconfortável.

Finalmente sou liberado e levado para a casa da Dona Anna. Sou muito bem cuidado por eles.
Estou no mesmo quarto que minha princesa, e tê-la perto de mim novamente é tudo de bom.

Já faz três dias que estou na casa da mãe da Emy, e sinceramente, é bom ter minha princesa
só para mim.
— Princesa.
Ela está sentada na cama mexendo em seu notebook enquanto eu estou deitado a admirando.
— Humm.
Sorrio. Ela está muito concentrada ajudando o Adam numa campanha de cosméticos. Eles estão
pensando em abrir uma filial em Nova York, assim minha princesa vai poder ficar mais perto de
mim.
— Você deveria marcar a data do nosso casamento o mais rápido possível. Quero me casar
antes que o Heron nasça.
Ela se vira rápido para mim. Ótimo, agora tenho a sua atenção. Sorrio para ela.
— Sério?
— Claro, princesa. Eu te pedi em casamento, não pedi? Eu quero você comigo para sempre, ou
melhor, além do “para sempre”.
Ela abre um sorriso enorme e vem se deitar ao meu lado, o notebook agora completamente
esquecido.
— Eu também quero, Olhos Verdes.
Viro-me para ela. Ainda é desconfortável, dói um pouco.
— Que tal daqui a duas semanas? Assim já terei me recuperado completamente.
Ela solta uma risada e me olha com aqueles olhos que me fazem querer lhe dar o mundo.
— Minha mãe vai querer algo grande, amor, e isso vai levar uns três meses planejando no
mínimo.
Acabo bufando.
— Sua mãe não poderia planejar em duas semanas?
Ela ri ainda mais.
— Não minha mãe.
— Três meses?
— Sim, amor.
— Droga! Bom, pelo menos você ainda vai estar grávida. Pior seria se sua mãe quisesse mais.
Ela sorri e me beija. Puxo-a mais para perto de mim. Porra, estive sem ela por dois meses, e
isso estava me matando. Emily se agarra mais a mim, e não consigo segurar o gemido de dor.
— Desculpa, amor, esqueci.
Olho para ela com o rosto triste, fazendo-a rir.
— Eu preciso de você, princesa. Isso “tá” me matando.
Ela sobe em cima de mim com cuidado.
— Você não pode fazer esforço, Olhos Verdes — ela fala com uma voz sexy para caralho,
deixando-me mais duro ainda.
— Você não pode resolver isso, princesa?
Ela sorri safada, saindo de cima de mim e tirando minha calça junto com minha boxer,
liberando meu pau ansioso. Tira suas roupas, ficando completamente nua e sobe em cima de mim
novamente. Beija-me, e devoro a sua boca. É tão bom senti-la novamente, sentir seu corpo no meu.
Ela vai descendo sua boca pela minha mandíbula, pelo meu corpo até chegar à base do meu pau
e o chupa de uma vez, arrancando-me um gemido.
— Princesa...
Deus, sentir sua boca no meu pau é o paraíso. Coloco minha mão em seu cabelo, pressionando
seu rosto contra mim e a fazendo engolir tudo.
— Porra de boca gostosa...
Ela chupa cada vez mais rápido, deixando-me louco. Quando estou quase gozando, ela para
e sobe em cima de mim, enfiando meu pau na sua entrada molhada e apertada. Gemo quando
sinto seu interior apertá-lo. Então ela começa a me cavalgar. Sobe e desce, engolindo meu pau
todo em sua boceta apertada, deixando-me louco. Aperto seus seios e a faço gemer. Belisco seus
mamilos enquanto ela sobe e desce sobre meu corpo. Vejo seu rosto em puro deleite, e isso me
deixa mais louco. Empurro meu pau ao seu encontro, e Emily geme mais ainda. Meu peito dói com o
esforço, mas não me importo, tudo que quero é senti-la. Sinto seu interior me apertar ainda mais, e
ela começa a gemer meu nome.
— Eric...
Ela goza, e vou junto com ela. Depois que nos acalmamos, ela me olha preocupada.
— Não machuquei você?
Dou uma risada, levo minha mão a sua nuca e a atraio para mim, beijando-a.
— Não, princesa. Estou bem e saciado.
Dou um sorriso safado para ela, que sorri para mim.
Agora eu tenho que ter paciência e esperar três malditos meses para torná-la oficialmente
minha esposa. Porém, por ela vale a pena. Sempre vai valer.
Os meses passam voando. O Eric me surpreende a cada dia, sempre atencioso, carinhoso e
superprotetor comigo. Não reclamo, adoro ser mimada por ele.
Ele quase apanhou dos pais do André quando descobriram o que aconteceu com ele e nem
foram informados. Os dois vieram que nem loucos para Jacksonville. Foi bom saber que ele é
amado por essa família. A Carol correu para cá também quando soube, mas ela não nos disse
onde tinha se enfiado antes disso. Nós a procuramos, e ela tinha desaparecido. Achei estranho,
mas percebi que ela não quis comentar, então deixei por isso mesmo. Quando ela estiver pronta,
ela falará.
Encontro-me na frente do espelho admirando minha barriga de oito meses. Estou vestida de
noiva, um vestido branco tomara que caia com detalhes prata abaixo do busto dando mais
visibilidade a minha barriga. O resto do vestido é todo solto. Ele é lindo. Meu cabelo foi puxado
para trás, preso com uma presilha e está caiando em cascata sobre as minhas costas. Olho pelo
espelho e vejo minha mãe com lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto me observa.
— Você está linda, querida. — Ela vem até mim. Viro-me e a abraço. — Seu pai estaria
superorgulhoso de você.
Dou-lhe um sorriso, meus olhos já se enchendo de lágrimas.
— Ah, pelo amor de Deus, não vão começar com a choradeira, senão sua maquiagem vai
borrar toda, Emy. Você vai entrar parecendo uma bruxa, e não uma linda princesa — fala a Beth
entrando no quarto. Rio. Ela vive pegando no meu pé por causa do apelido carinhoso pelo qual o
Eric me chama.
— Princesa? — pergunto debochada.
— Sério, de tanto ouvir “princesa” para cá, “princesa” para lá, vou começar a te chamar
assim qualquer dia desses. Fica pior ainda quando o Dylan está aqui. Sério, isso já encheu — ela
fala fazendo uma careta. Minha mãe já está gargalhando, e eu e a Beth rimos também.
Ouço uma batida na porta, e a cabeça da Carol aparece.
— Posso entrar?
— Claro que sim, maninha.
Ela revira os olhos e entra. Olha para mim e sorri.
— Você está linda. Como o Eric diz, uma princesa.
Nós todas gargalhamos, e a Carol nos olha sem entender.
— Desculpe, Carol, mas estávamos falando agora sobre o apelido pelo qual o Eric chama a
Emy — diz a Beth.
— Já falei que daqui a pouco vou chamá-la de princesa. Isso vai ser estranho — ela comenta
pensativa com os dedos batendo na bochecha, fazendo com que nós tenhamos mais um ataque de
riso.
A porta se abre, e o Dylan entra, olhando-me de cima a baixo, e juro que vi lágrimas em seus
olhos.
— Você está linda, princesa.
Ouço a Beth bufar quando escuta “princesa”, e rio. Vou até ele e o abraço.
— Vamos? Já está na hora.
Olho para ele e sorrio.
— Sim. Cadê o Adam?
— Aqui — diz ele entrando e me olhando do mesmo jeito que o Dylan.
— Quem diria, Morena, que chegaria o dia em que eu a levaria ao altar, e grávida ainda por
cima — fala brincalhão, e dou um soco de brincadeira em seu braço. Ele fica sério. — Você está
linda, Morena.
— Ei, ei, não vamos começar a ficar melancólicos. Vamos, que já estamos atrasados — diz
Beth sempre prática.
Com certeza esse casamento será pouco comum. Além de eu estar com uma barriga enorme,
entrarei com os homens da minha vida. Como meus pais não estão aqui, eles serão representados
pelo Dylan e pelo Adam.
Passo meus braços pelos seus, um a cada lado, e andamos. A Beth abre a porta para a rua.
Meu casamento será realizado na casa da minha mãe, de frente para o mar, e não pode ser mais
perfeito.
A Beth toma seu lugar de madrinha no altar. A marcha nupcial começa a tocar. Será aqui que
eu darei início ao meu “para sempre”.
Olho para o Eric no altar, lindo como sempre com o sorriso que tanto amo em seus lábios, e
sorrio para ele também. Nesse momento é como se todos ao nosso redor sumissem e estivéssemos
apenas nós dois aqui. Vem-me à memória a primeira vez em que o vi. Nós estávamos brigando
pelo táxi. Então lembro-me dos sentimentos confusos que senti em relação a ele, da boate, da
dança, do sexo mais alucinante da minha vida, quando me descobri irremediavelmente apaixonada
por ele. Recordo como sofri quando o perdi, a alegria de saber sobre nosso bebê, o êxtase de ter
o Eric de volta, o quão incrível foi ouvir “eu te amo, princesa”. Tudo valeu a pena, para hoje eu
estar aqui casando com o meu Olhos Verdes.
Meus irmãos me entregam ao Eric. O amor que transparece em seu olhar me tira o fôlego.
Com o polegar ele faz carinho no meu rosto.
— Você está linda, princesa. Eu te amo.
Ouço suspiros dos convidados.
— Também te amo, Olhos Verdes.
Viramo-nos, e a cerimônia começa. Na hora dos votos, viramo-nos um para o outro, segurando
nossas mãos.
— Quando te vi pela primeira vez na saída do aeroporto, pensei que você seria minha
perdição, e na noite daquele mesmo dia, eu tive a certeza. Eu nunca acreditei quando as pessoas
falavam umas para as outras “eu te amo”, sempre achei que esse sentimento entre homem e mulher
não existisse. Acreditava que o “para sempre” e o amor incondicional existissem só em contos de
fadas, e por incrível que pareça, eu comecei a viver meu próprio conto há oito meses, quando
conheci a minha princesa. Amo-a de uma maneira que jamais achei possível de acontecer. Com ela
aprendi a amar, a ser companheiro, a ser um homem de verdade, aprendi a comer pizza. — Nesse
momento todos riem. — Aprendi que, no meio da escuridão, é possível encontrar o amor e ele te
salvar, te resgatar. Descobri que esse amor incondicional existe, que as palavras “eu te amo” não
são somente palavras. Princesa, eu prometo te amar eternamente, cuidar de você na doença, te
respeitar além da morte. Para todo o sempre.
Todas as mulheres estão chorando nesse momento, e eu não sou exceção. Tento parar as
lágrimas para dizer meus votos, mas acho que nada que eu diga será tão lindo quanto o que ele
disse. Eric foi perfeito!
— Isso não é muito justo, amor, eu estou grávida. Agora não paro mais de chorar. — Todos
dão risadas, e ele sorri de uma forma tão perfeita, tão certa. — Eu achei você um idiota naquele
dia no aeroporto, mesmo sendo tão lindo. — Ele abre aquele sorriso sexy que amo tanto. — Eu
nunca achei que teria o que meus pais tiveram pelos dois lados, os Zanons e os Makenas. O amor
deles era tão pleno, tão lindo que parecia impossível de se encontrar. Então nunca me apeguei a
isso, pois eu sabia que nunca o teria, mas quando te vi, tudo que senti com um simples toque me fez
ver que, quando você mais quer fugir do amor, ele dá um jeito de te encontrar. Eu vi a forma como
meus pais se amaram, mas nunca achei que fosse tão intenso, tão puro e tão louco. Quando fiquei
entre a escuridão e o amor, lá no fundo eu sabia qual seria a minha a salvação, e no fim você foi
a cura para o meu coração machucado. Você me deu uma nova razão para viver, me fez
acreditar no “para sempre”, ou como você gosta de dizer, na eternidade. Eu prometo te amar, te
respeitar, estar com você na saúde e na doença eternamente.
Ele sorri e me beija, fazendo todos rirem.
— Eric, esse ainda não é o momento do beijo — fala o André brincalhão.
Ele se separa de mim e me olha com promessa, deixando-me toda arrepiada. A Beth nos
entrega as alianças. Eric coloca-a no meu dedo e beija minha mão. Faço o mesmo com ele. O juiz
de paz nos declara marido e mulher e diz que o noivo já pode beijar a noiva.
— Até que fim — murmura o Eric, fazendo-me rir. Ele me abraça e me beija, e com esse beijo
faz promessas que pretendo cobrar mais tarde.
A festa começa, e tenho aqui todos que me são importantes: a Gaby e o Lucas, o Dylan, a
Beth, o Adam, o André, a Rosa, a Carol e a minha mãe. Além dos convidados do Eric.
Depois que dançamos a valsa, vou em direção ao Dylan, que me olha com carinho. Nesse
momento queria nossos pais aqui para eles presenciarem esse dia tão importante para mim.
Abraço-o, e ele diz o quanto nossos pais estariam orgulhosos. Ele sempre foi assim, sempre
conseguiu saber o que eu estava pensando. Hoje eu sou a mulher mais feliz do mundo.
Após a valsa, eu e Eric começamos a circular pela festa. Algum tempo depois, a Beth vem até
mim dizendo que não está bem e vai subir para seu quarto. Acho estranho e pergunto se ela
precisa de algo, mas Beth diz que não precisa e sobe. Vejo o Dylan a olhando. Esses dois são
piores que gato e rato. Nesse tempo após o reencontro, acabei conhecendo meu irmão e sei que
ele quer manter a Beth afastada para não a machucar. Tratando-se de mulheres, meu irmão é um
vadio, e pelo que percebi, ele não quer ser assim com a Beth.
Um tempo depois nos despedimos de todos e vamos para um hotel para nossa noite de
núpcias. Claro que não somos mais virgens, isso dá para perceber pela minha barriga, mas como
queríamos privacidade, mais cedo nós alugamos uma suíte num hotel no centro de Jacksonville.
Ao chegarmos à porta da suíte, Eric a abre e me pega no coloco, arrancando um grito
surpreso de mim.
— Eu estou pesada, Olhos Verdes!
Ele me dá o seu sorriso sexy que me faz molhar a calcinha e me coloca na cama.
— Você não pesa nada, princesa.
Beija-me e explora a minha boca, dizendo-me tudo nesse beijo. Afasta-se, e seu olhar é pura
luxúria. Faz-me ficar de joelhos na cama e vai atrás de mim, desabotoando meu vestido.
— Porra, princesa, só de ficar imaginando você sem sutiã, fiquei duro o tempo todo no
casamento... Você estava querendo me matar — ele fala beijando minhas costas e descendo o
vestido, fazendo meu corpo inteiro arrepiar.
— Você nesse smoking estava de matar também, Olhos Verdes.
Ele geme atrás de mim e me abraça, levando suas mãos aos meus seios. Apoio minha cabeça
em seus ombros, e ele me olha, desejo puro e simples em seu olhar. Belisca meus mamilos,
torturando-os e me fazendo gemer e ficar encharcada de excitação.
Ele interrompe o beijo e se afasta de mim, o que me faz soltar um gemido frustrado. Fica em
pé à minha frente e tira sua roupa, e eu babo pelo seu corpo. Eu sou a porra de uma mulher
sortuda, pois tenho um deus grego só para mim. Eric me dá o seu sorriso sexy super safado e
estende a mão para mim. Saio da cama, o vestido caindo aos meus pés.
— Nunca me canso de admirá-la... Você agora é só minha.
— Mesmo com essa barriga enorme?
Ele se ajoelha à minha frente, passando a mão na minha barriga e dando um beijo nela.
Estremeço.
— Ainda mais com essa barriga. Saber que é meu bebê que você carrega aqui, princesa, me
põe mais louco de tesão por você.
Ele leva a mão a minha minúscula calcinha e a tira.
— Se deita na cama, princesa.
Faço o que ele pediu. Eric abre minhas pernas e leva seu rosto ao meu centro.
— Tão molhada, e toda minha, só minha... — fala rouco e devora minha boceta, mordendo
meu clitóris e depois descendo sua boca até minha entrada. Ele passa a língua ali e em seguida
sinto um dedo me penetrando e logo dois. Eric volta sua atenção ao meu clitóris, ora lambendo, ora
mordendo, ora chupando, levando-me à borda. Sinto o orgasmo vir tão rápido e tão intenso e grito
seu nome:
— Oh, Deus... Eric!
Ele não dá trégua, continua me chupando até outro orgasmo me arrebatar. Logo em seguida
está em cima de mim, penetrando-me. Ele solta um gemido quando está todo dentro de mim.
— Isso é tão bom, princesa... — Ele diz fodendo minha boceta. Olha nos meus olhos enquanto
fala: — O modo como sua boceta me engole, como me toma todo... Você foi feita para mim,
princesa, e eu para você...
Sinto outro orgasmo se construir. Ele acelera as estocadas.
— Fala, princesa... — pede enquanto me fode com mais fúria, deixando-me louca.
— Eric...
Ele leva sua mão ao meu clitóris e o acaricia. Tremores passam pelo meu corpo.
— Fala, princesa... Fala que você é minha...
Sinto o orgasmo chegar enquanto grito:
— Eu sou sua, Olhos Verdes! Sempre serei sua!
Eric goza em seguida. Deita-se ao meu lado e me puxa para si. Deito minha cabeça no seu
ombro, e ele me abraça. Nossas respirações ainda estão ofegantes.
Nunca algo que eu disse pareceu tão certo. Eu sou dele, tenho certeza disso. E ele sempre será
meu, o meu conto de fadas particular, algo que nunca achei que teria.
— Eu te amo, princesa.
— Eu te amo ainda mais, Olhos Verdes...

Um mês depois

Eu sou o homem mais feliz do mundo. Tenho uma mulher linda e excepcional. Ela é doce,
amorosa, dedicada e será uma mãe incrível.
Vejo-a mexendo nas coisas do quarto do bebê. Ela está impaciente para ver o rostinho do
nosso filho, e comigo não é diferente. Logo teremos nossa família.
Fico escorado no marco da porta, observando ela mexendo nas roupinhas do Heron. Um
sorriso aparece em seu rosto. Quem a visse assim, não diria que já enfrentou tanta merda. Eu a
admiro por isso, por sempre ser guerreira, por lutar pelo que acredita. Ela lutou pelo que
acreditava mesmo quando eu era um babaca.
Emily levanta a cabeça e me vê. Não me canso de admirá-la. Ela sorri.
— Oi, Olhos Verdes.
Aproximo-me dela, pego seu rosto com minhas mãos e faço um carinho em sua bochecha. Seus
olhos brilham. Eu adoro ver o quanto ela fica feliz em me ver.
— Oi, princesa.
Beijo seus lábios de leve, mordendo seu lábio inferior e a fazendo gemer.
— Amor... — ela sussurra, e a beijo de verdade. Sinto seu gosto. Eu amo essa mulher cada dia
mais.
Logo ela se afasta e solta um gemido de dor.
— Emy?
Ela coloca a mão sobre a barriga, e uma poça de água se forma aos seus pés. Olho-a
apavorado.
— Eric... chegou a hora...
Eu literalmente me apavoro. Pego-a no colo e corro para o elevador. Escuto ela rir. Como
diabos ela pode rir?!
— Por que você está rindo? — pergunto nervoso.
— Amor, se acalma. Você tem que pegar minha bolsa e a do bebê.
Certo. Respiro fundo e volto ao apartamento, colocando-a no sofá. Vou ao quarto, pego suas
coisas e a levo para o hospital. Ela se contorce de dor a caminho, e isso acaba comigo. Assim que
chego, os enfermeiros e médicos a levam. Cuido de sua internação e ligo para o André. Ele está
com o Dylan, então irá avisar a ele e a Carol.
Vou ao quarto em que Emily está e a vejo respirando fundo. Ela me olha.
— Você chamou a Beth?
Balanço a cabeça negando.
— Então, pelo amor de Deus, chama ela de uma vez! Eu preciso dela!
Faço isso rapidamente. Beth pede para eu ficar calmo, mas ela ainda tem coragem de rir de
mim. Mulheres! Eu não sei por que elas acham isso tão engraçado. Beth se lembra do Adam e da
Anna, fala que vai ligar para eles e desliga.
Volto para o quarto, onde Emy está tendo uma nova contração. Aproximo-me dela, que me
fita, pego sua mão, e que Deus me perdoe, mas quero voltar no tempo e não a dar a ela. Caralho,
Emily está esmagando a minha mão. Ela tem uma força da porra! Tento não gritar com ela
enquanto provavelmente ela quebra meus dedos. Quando a contração passa, quase caio de
joelhos, agradecendo a Deus por isso. Ela solta minha mão, e a puxo rápido, sacudindo-a. Quando
torno a olhar para ela, Emy está tentando não rir.
— Isso não tem graça.
Então ela gargalha, ou pelo menos tenta, já que está com a respiração acelerada.
— Desculpa, Olhos Verdes, mas ninguém mandou você me dar sua mão logo nesse momento.
Eu juro que dá vontade de quebrar cada osso seu por me fazer passar por isso. A Beth já chegou?
Olho feio para ela e saio do quarto. A Beth está junto com os rapazes na sala de espera.
— Graças a Deus que você chegou. Ela está perguntando por você.
Beth se vira para mim e beija meu rosto.
— Tudo bem?
Sério que ela está perguntando isso?! Eu juro que não consigo entender as mulheres. Tento dar
um sorriso, e logo o André começa a rir.
— Para de rir, isso não é engraçado — peço irritado. A Beth vai para o quarto enquanto fico
aqui.
— Desculpa, amigo, mas daqui é muito engraçado. Você devia ver sua cara.
Olho feio e volto para o quarto da Emy. Vou para seu lado, mas tomo cuidado com minha mão
dessa vez. O médico logo entra e a examina. Ele e os enfermeiros a levam para a sala de parto.
Ajudam-me a vestir a roupa de proteção para eu acompanhar o nascimento do meu filho. Deus,
nem acredito nisso.
O médico se posiciona entre as pernas de Emily e pede para ela empurrar quando a
contração vier, e ela o faz. Fico ao seu lado, e que se danem meus dedos! Seguro a sua mão pelo
menos para lhe mostrar que estou aqui, que sempre estarei aqui.
Emily empurra algumas vezes, e logo eu ouço o som que faz meu coração dar cambalhotas. A
Emy cai na cama exausta enquanto o choro do nosso bebê preenche o ambiente. A enfermeira faz
uma limpeza preliminar em nosso filho e o traz para perto de nós. Ela o coloca nos braços da Emy,
que o segura com lágrimas em seu rosto. E então percebo que estou chorando também. Quando eu
olho para seu rostinho, um amor sem explicação me toma. Eu o amava antes de ele nascer, mas o
ver é algo diferente. Olho para esse presente de Deus e agradeço. A Emy ri e chora ao mesmo
tempo.
— Ei, meu amor... — ela sussurra pegando sua mãozinha e cheirando sua cabecinha. É a cena
mais perfeita do mundo. Beijo a cabeça da minha princesa e depois a testa do meu garoto. Ela
sorri para mim.
— Ele é lindo.
— Sim, princesa, ele é perfeito.
As enfermeiras pegam o bebê para limpá-lo direito e começam a preparar a Emy para levá-
la para o quarto.
— Eu vou lá avisar ao pessoal, já volto.
Ela concorda. Vou até minha família com um sorriso enorme.
— Meu menino nasceu! Eu sou pai de um menino lindo, porra!
Meus amigos me abraçam e me dão parabéns. E a Beth, como é a Beth, logo me ameaça
dizendo que, se eu fizer algo que machuque a minha princesa, ela me mata. Rio. Eu tenho a família
perfeita, a família que nunca sonhei em ter.
Vamos todos para o quarto, e ver meus amigos babando pelo meu filho é algo surreal. Ver
todos aqui juntos não tem preço. Pego a mão da minha princesa e a beijo. Ela sorri para mim. Eu
tenho tudo. Sou um homem feliz por tê-la e por ela ter me dado minha família.
— Eu te amo, princesa.
Emily sorri, e sei que entende o que sinto. Ela sabe o que se passa em meu íntimo. Viramo-nos
para a nossa família, que está em torno do nosso filho, e ficamos apreciando enquanto eles
admiram algo que nós criamos.
Algo de que sempre vou ter certeza é que essa família fará de tudo pelos seus. Porque o que
nos move, o que nos faz lutar um pelo outro, o que nos faz uma família é o amor. E no fim ele
sempre vale a pena.
Primeiramente quero agradecer a Deus. Sem ele nada disso seria possível. Sem ele, eu nunca
teria feito nada, muito menos escrever.
Agradeço a minha prima Naiara. Se hoje eu sou fanática por livros, é graças a ela. Foi ela
que me mostrou o maravilhoso mundo dos livros. Prima, obrigada por me apresentar o que hoje é
uma de minhas grandes paixões.
Quero agradecer ao meu marido Vagner. Obrigada por sempre ter paciência comigo e
acreditar em mim. Te amo!
Agradeço ao grupo Doce leitura por sempre me ouvir em minhas crises e saber me aconselhar,
por as meninas do grupo serem, além de amigas, irmãs de coração. Amo vocês, meninas. Obrigada
por toda a ajuda que me deram e continuam dando, especialmente em relação a esse livro.
Agradeço também às meninas do grupo Série Encontros do Whats. Obrigada por serem essas
leitoras incríveis que sempre sabem o que me dizer em cada momento. Posso dizer que esse livro é
nosso. Obrigada, amores! Não posso me esquecer das meninas do Leitoras Compulsivas. Obrigada,
amores, por todo o apoio e a amizade. Amo vocês!
Agradeço a Lis Kuhn por me ajudar nesse começo difícil. Obrigada pela paciência e por sua
amizade.
Agradeço também à Editora Angel por estar transformando esse sonho em realidade.
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