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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

DÉBORA CALÇADA DOS REIS

ESTUDO DE CASO: CUIDADOS PRESTADOS AO RECÉM-NASCIDO


PREMATURO

PORTO ALEGRE
2021

1
GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

DÉBORA CALÇADA DOS REIS

ESTUDO DE CASO: CUIDADOS PRESTADOS AO RECÉM-NASCIDO


PREMATURO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Futura – Grupo
Educacional Faveni, como requisito parcial
para obtenção do título de ESPECIALISTA
EM ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL E
PEDIÁTRICA.

PORTO ALEGRE
2021

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ESTUDO DE CASO: CUIDADOS PRESTADOS AO RECÉM-NASCIDO
PREMATURO

Debora Calçada dos Reis1

1Enfermeira Neonatal do HCPA (Graduada em Enfermagem pela UFRGS com


especialização em Neonatologia pela Escola de Saúde Pública de Porto Alegre), Pós-graduanda da
Faculdade Futura em Enfermagem em UTI Neonatal e pediátrica, debireis12@gmail.com;

Declaro que sou autor¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi
por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais.

RESUMO –
Trata-se de um estudo de caso sobre um bebe prematuro realizado em uma Serviço
de Neonatologia de um hospital universitário da região de Porto Alegre. Relata
desde seu primeiro atendimento em sala de parto, transporte e admissão na UTI
Neonatal (Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal), transferência para a UCINCa
(Unidade de Cuidados Intermediário Neonatal Canguru) até a alta hospitalar. O
objetivo deste artigo visa descrever os procedimentos, evolução e cuidados
prestados ao um bebe prematuro. Como resultados observados, foi percebido que
todos os cuidados ao recém-nascido prematuro são para manter a vida e reduzir
sequelas neurológicas e físicas. Conclui-se que ao transformar a UTI Neonatal em
um ambiente com cuidado humanizado, fortalece o vínculo mãe\filho, além da
importância do acompanhamento ambulatorial desse bebe prematuro pela equipe
multidisciplinar.

PALAVRAS-CHAVE: Prematuro. UTI Neonatal. Cuidado humanizado. Vínculo.

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1 INTRODUÇÃO

Com o avanço de novas tecnologias e o maior conhecimento da fisiologia e


desenvolvimento neurológico do pré-termo, cada vez mais, prematuros extremos
sobrevivem ao ambiente fora do útero materno, diminuindo o índice de mortalidade e
morbidade desses bebes. Ainda que no Brasil existam poucos estudos publicados, sabe-
se do impacto da tecnologia sobre os agravos da prematuridade extrema devido a estudos
realizados em países desenvolvidos. (MIRANDA; CUNHA; GOMES, 2010)
O objetivo desde estudo de caso é acompanhar um recém-nascido prematuro
desde seu nascimento; atendimento na sala de parto. Transporte e internação na UTI
Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal), transferência para a UCINCa (Unidade
de Cuidados Intermediário Neonatal Canguru), até a alta hospitalar, em uma Serviço de
Neonatologia de um hospital universitário de Porto Alegre. Com fundamentação teórica
dos procedimentos e cuidados prestados ao neonato.
A UTI Neonatal deve ser equipada com toda a tecnologia para manter a vida dos
bebes. Deve contar com uma equipe multiprofissional e multidisciplinar, sempre buscando
aprimoramento profissional. Ter um programa de educação continuada.
E desenvolver estratégias para o cuidado humanizado, centrado na família. Orientar
e incentivar a participação dos pais nos cuidados ao neonato. Prover a restauração do
vínculo materno que foi interrompido por ocasião do parto prematuro.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ESTUDO DE CASO

JSS nasceu no dia 10\06\2021, cesárea, BR (bolsa rota) no ato, LAC (líquido
amniótico claro). Mãe com 21 anos, gemelar, G1P0 (gesta1, para0), IG (idade
gestacional) 30 semanas e 1 dia, tipagem sanguínea A+, DMG (diabetes melito
gestacional), HAS (hipertensão arterial sistémica), PE (pré-eclâmpsia).
Ao nascer foi colocado em saco plástico e levado ao berço aquecido,
conforme a literatura. Segundo Tamez (2013), envolver o neonato em plástico de
polietileno transparente estéril ajuda a manter a temperatura corporal.

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Não necessitou de manobras de reanimação na sala de parto. Peso ao
nascer 1040g, apgar 8\9, sexo feminino, comprimento 39 cm, perímetro cefálico 28
cm, perímetro torácico 28 cm e circunferência abdominal 26 cm. Segundo Aspásia
(2017), as medidas antropométricas são essenciais para avaliar o crescimento
intrauterino e a presença de alterações.
Índice de apgar é um parâmetro utilizado na avaliação do recém-nascido na
sala de parto, conforme:

Tabela 1: Índice de apgar


Sinal 0 1 2
Frequência cardíaca Ausente <100 bpm >100 bpm
Esforço respiratório Ausente Choro fraco, Bom, chorando
hipoventilando
Tônus muscular Flácido Alguma flexão Ativo, movimentos
espontâneos
Irritabilidade reflexa Sem resposta Algum movimento Tosse ou espirro
Cor Cianótico, pálido Corpo rosado, Completamente
extremidades rosado
cianóticas.
Fonte: Tamez, 2013

Transferido para UTI Neonatal (Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal) em


incubadora de transporte aquecida e o recém-nascido dentro do saco plástico e de
touca, em CPAP, pressão 5 e oxigênio 30%, por máscara e monitoração da
saturação de oxigênio (oxímetro de pulso) acompanhado pelo neonatologista e
enfermeiro da UTI Neonatal. Conforme a literatura,
CPAP (pressão positiva contínua das vias aéreas) consiste na
administração de uma mistura de oxigênio e ar comprimido sobre pressão
contínua, através de dispositivos nasais, aumentando a capacidade
funcional residual pulmonar, melhorando a oxigenação. Seu uso é indicado
nos casos de apneia da prematuridade, doença da membrana hialina,
Pa<50 mmHg e concentração de oxigênio > 60%. Normalmente usa-se
pressão de 5 a 6 cm H2O. (TAMEZ, 2013)

Na UTI Neonatal foi transferido para outra incubadora aquecida, mantido em


CPAP 5\30%. Sonda orogástrica aberta. Iniciou soro glicosado10% em acesso
periférico. Após 2 horas retirado saco plástico e secado o bebe delicadamente,
manuseando com luvas de procedimento. O recém-nascido manteve-se eutérmico.
Realizado o processo de enfermagem; anamnese, exame físico, diagnóstico e
prescrição dos cuidados de enfermagem. Além de uma evolução diária, conforme
sistema informatizado do hospital (Tabela 3).
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Exame físico: crânio simétrico, fontanelas palpáveis, palato íntegro. Tórax
simétrico, retrações leves. Abdome depressível, coto umbilical (2 artérias e 1 veia).
Genitália feminina, sem alterações. Ânus perfurado. Membros superiores e membros
inferiores sem malformações. Pele fina, rosada e íntegra. Pulsos palpáveis,
extremidades perfundidas. Sinais vitais; PAM (Pressão arterial Média) 34mmHg, FC
(Frequência Cardíaca) 152 bpm, FR (Frequência Respiratória) 44 rpm e
Temperatura Axilar 36,7ºC. Segundo Tamez (2013) o exame físico tem como
objetivo identificar anormalidades, evidências de estresse e traumas.
Inseridos cateteres umbilicais venoso e arterial pelo médico plantonista.
Conforme a autora Tamez (2013) “A cateterizarão da artéria umbilical tem como
objetivos principais o monitoramento da pressão arterial e coleta de gasometrias e
amostra de sangue.” Cateter umbilical venoso, conforme RX não ficou bem
posicionado; retirado. Inserido PICC (cateter venoso central de inserção periférica):
Conhecido por sua sigla em inglês PICC (Peripherally Inserted
Central Venous Catheter), o cateter traz inúmeras vantagens; menos
traumático, possibilita longa permanência, evita a dor e estresse
associado a inúmeras punções, pode ser introduzido em diversos
sítios, favorece a mobilidade e a interação dos pais com o recém-
nascido. Pode ser de fácil introdução, de acordo com o enfermeiro
habilitado para o procedimento. (SOUZA, 2017, pág. 213)

Após confirmação com RX do cateter bem posicionado, iniciou solução de


nutrição parenteral, conforme a indicação aos neonatos com peso inferior a 1500g.
(TAMEZ, 2013). Sua composição baseia-se:
Aminoácidos: utilizados para a síntese proteica e do metabolismo
oxidativo (produção de energia), para a promoção do crescimento dos
tecidos, principalmente do cérebro, dos músculos e ossos, para o
desenvolvimento vascular, e para a produção de insulina.
Carboidratos: estão na forma de glicose, de biodisponibilidade
imediata, são fonte direta de energia para neurônios e outros tecidos
do sistema nervoso.
Gorduras\lipídios: provem calorias adequadas para o crescimento,
oferecendo ácidos graxos essenciais de cadeia longa para o
crescimento cerebral nos neonatos. A solução de 20% é a
recomendada.
Eletrólitos: devem ser com base as necessidades individuais do
neonato, considerando os níveis séricos e as condições clínicas,
como funções renais, imaturas no prematuro. Os eletrólitos que
devem ser acrescentados são; sódio, cloro, potássio, cálcio, fósforo e
magnésio.
Vitaminas e minerais: são importantes para promover o crescimento
normal e a reparação dos tecidos danificados. (TAMEZ, 2013, pág.
235-237)
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Suspenso soro glicosado 10%. Mantendo monitorização contínua da
temperatura corporal (através de um sensor de pele, fixado no abdome do bebe),
saturação de oxigênio (pelo oxímetro de pulso), FC (frequência cardíaca), FR
(frequência respiratória) e PAM (pressão arterial média). Manteve manuseio mínimo
por 72 horas. Este, trata-se de um conjunto de condutas padronizadas, realizadas
pela equipe multiprofissional, que garantem o menor número de manipulações aos
prematuros com idade gestacional menor ou igual a 32 semanas e menor ou igual a
1500g. Minimiza alterações do fluxo sanguíneo cerebral, reduzindo as taxas de
hemorragia intracraniana. (BELEZA & CHAGAS, 2014)
Após 3 horas de vida apresentou apneias e piora do padrão respiratório.
Trocando o modo de ventilação CPAP para VNI (ventilação não invasiva), ventilando
com a pressão de 16x6, uma frequência de 20 movimentos por minuto e uma
mistura de ar e oxigênio a 30%. Iniciou-se então, cafeína endovenosa.
A apneia ocorre quando existe alterações no controle da respiração: é
normalmente observada nos prematuros, devido à imaturidade do centro
respiratório. Considera-se apneia quando ocorre a cessação dos
movimentos respiratórios por mais de 15 segundos, com interrupção da
respiração acompanhada de bradicardia e\ou cianose. Tratamento;
medicamentos que estimulam o centro respiratório como a cafeína,
estimulação tátil, controle e diminuição do refluxo gastroesofágico se
presente e casos mais persistentes (uso de CPAP nasal ou a intubação com
ventilação mecânica). (TAMEZ, 2013, pág. 161-162)

Com 1 dia de vida iniciou fototerapia por icterícia, continua em VNI, sonda
orogástrica aberta. Solução de nutrição parenteral infundindo no PICC.
Monitorização contínua da PAM (pressão arterial média) pelo cateter umbilical
arterial.
Icterícia neonatal; aumento da bilirrubina no sangue, dando a cor amarelada
da pele. A bilirrubina é um produto final do catabolismo dos aminoácidos e
hemoproteinas, é formada principalmente pelo catabolismo da hemoglobina.
Pode ser pelo aumento da carga de bilirrubina (doenças hemolíticas como
incompatibilidade sanguínea materno-fetal) ou diminuição na eliminação de
bilirrubina (diminuição da mobilidade intestinal). (TAMEZ, 2013, pág. 279-
280)

Com 3 dia de vida, iniciou dieta por sonda orogástrica 2ml de leite materno de
3 em 3 horas. Passado modo de ventilação não invasiva (VNI) para CPAP: pressão
em 5 e oxigênio em 21%. Mantendo infusão de nutrição parenteral no PICC. Iniciou
acompanhamento com a fisioterapia.
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A alimentação mínima, também chamada trófica, deve ser iniciada entre o
primeiro e o terceiro dia de nascido O sistema gastrintestinal do prematuro
oferece uma série de limites anatómicos e funcionais para que possa tolerar
a nutrição enteral, como motricidade ineficiente, resposta hormonal lenta,
leito vascular imaturo e poucas defesas imunológicas. Mas apesar destes
obstáculos, tardar em iniciar a alimentação enteral tem um impacto ainda
mais negativo nas funções e estruturas do trato gastrointestinal, com
redução da atividade enzimática, encurtamento da vilosidade intestinal,
perda de conteúdo proteico, adelgaçamento da mucosa intestinal e
alteração na estimulação do sistema imunológico iniciada no intestino.
(TAMEZ, 2009, pág. 24)

Aos 6 dias de vida, iniciou progressão da dieta enteral por sonda orogástrica e
redução da solução de nutrição parenteral. Suspenso CPAP, não tolerou
apresentando apneias, fazendo com que retornasse ao respirador. Retirado cateter
umbilical arterial e suspensa fototerapia.
Com 10 dias de vida suspenso CPAP, continuou apresentando apneias
esporádicas, que se resolveu com estímulo tátil. Aos 12 dias de vida, recebendo
dieta enteral plena por sonda orogástrica. Suspensa nutrição parenteral e retirado
PICC. Iniciou vitaminas e passado cafeína para via sonda.
Aos 15 dias de vida apresentou o último episódio de apneia. Com 19 dias de
vida transferido para à UCINCa (Unidade de Cuidados Intermediário Neonatal
Canguru), mantendo em incubadora e oximetria de pulso.
Com 26 dias de vida iniciou estímulo via oral, com a fonoaudióloga (pequeno
volume da dieta) por mamadeira e oferecido seio materno, após a mãe esgotar os
seios no banco de leite. Trocado sonda orogástrica para sonda nasogástrica.
Manteve progressão do volume da dieta (leite materno esgotado ou fórmula láctea)
por mamadeira e redução do volume por sonda.
Foram realizadas 4 ecografias cerebrais (com 1,2,3 e 4 semanas de vida),
resultado normal, sem hemorragia cerebral. Eco cardiograma normal.
Acompanhamento da equipe da oftalmologia, com exames dos olhos, a partir
da terceira semana de vida, para prevenção da retinopatia da prematuridade.
A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma enfermidade vasoproliferativa
secundaria à vascularização inadequada da retina imatura dos recém-
nascidos pré-termo (RNPTs), e permanece como uma das principais causas
de cegueira e baixa visão infantil nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento. A proporção de cegueira é muito influenciada pela
qualidade do cuidado neonatal, assim como pela existência de programas
eficazes de triagem e tratamento. (PROCIANOY & LEONE, 2014, pág. 27)

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Com 32 dias de vida retirado da incubadora, vestido e colocado em berço
comum, mantendo a temperatura corporal. Recebendo todo o volume da dieta por
mamadeira e seio materno. Retirada sonda nasogástrica e suspensa cafeína.
Com 41 dias de vida realizou Ressonância Magnética de Crânio, resultado
normal. Aos 42 dias de vida recebe alta hospitalar, pesando 1995g, comprimento 42
cm, perímetro cefálico 32 cm, perímetro torácico 28 cm, circunferência abdominal
28cm. Recebendo seio materno e complemento (formula láctea para prematuro) por
mamadeira. A mãe recebe orientações de alta pelos diversos profissionais.
Agendamentos de consulta para acompanhamento com o pediatra, fisioterapeuta,
fonoaudióloga e oftalmologista.

Tabela 2: Ganho de Peso

Domingo Terça-feira Quinta-feira


DV¹ Peso (g) DV¹ Peso (g) DV¹ Peso (g)
3 990 5 1050 7 1115
10 1190 12 1210 14 1250
17 1315 19 1400 21 1480
24 1565 26 1665 28 1715
31 1775 33 1860 35 1910
38 1945 40 1990 42 1995

Fonte: Prontuário do paciente


¹ Dias de vida

Tabela 3: Relação dos Diagnósticos de Enfermagem e cuidados prescritos pelo enfermeiro.


Diagnóstico Etiologia Cuidados
Comportamento desorganizado do Sistema neurológico imaturo -Manuseio mínimo do recém-
bebe nascido por 72horas.
-Posicionar o bebe levando em
conta o alinhamento correto do
corpo.
Amamentação Interrompida. Prematuridade -Estimular e orientar a mãe a
ordenha manual.
-Encaminhar a mãe ao banco de
leite humano (BLH)
-Implementar cuidados com sonda
orogástrica.
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-Trocar sonda orogástrica de
5\5dias.
-Verificar medida externa da sonda
orogástrica.
Risco para desequilíbrio no volume Imaturidade -Controlar gotejo de infusões
de líquidos. endovenosas 1\1hora.
-Implementar cuidados na
administração de medicamentos:
cafeína: diluir em 1ml de soro
glicosado 5%, administrar
endovenoso em 15 minutos.
Padrão respiratório ineficaz Prejuízo neuromuscular\músculo -Aspirar secreções de vias aéreas.
esquelético -Implementar cuidados com
oxigenoterapia-CPAP\VNI.
-Verificar nível de água do
umidificador de oxigênio do
respirador de 4\4 horas.
-Trocar traqueias do respirador de
30\30 dias
Risco para desequilíbrio da Extremos de idade e peso -Implementar cuidados com
temperatura corporal. incubadora.
-Trocar incubadora de 15\15 dias
Icterícia neonatal Idade neonatal -Implementar cuidados com o
recém-nascido em fototerapia.
-Trocar proteção ocular de2\2 dias.
Risco de infecção Procedimento invasivo -Implementar cuidados com cateter
umbilical arterial.
-Implementar cuidados com PICC
-Trocar curativo do PICC 7\7 dias
-Realizar turbilhonamento com 0,5
ml de soro fisiológico com seringa
de 10ml, 6\6 horas.
-Registrar medida externa do PICC
Relacionado a exposição à 1 vez por dia.
patógenos aumentada. -Implementar medidas de
precaução de contato, usar luvas
de procedimento para manusear o
recém-nascido.
Risco de integridade da pele Fatores mecânicos (uso de CPAP) -Inspecionar a pele em busca de
prejudicada pontos hiperemiados ou
isquêmicos.3\3 horas, manter
hidrocoloide na região ao redor do
nariz.
-Proteger a pele para evitar
rompimento; manter curativo
transparente nas extremidades.
-Realizar troca de local do sensor
de oxímetro 3\3 horas
Fonte: Sistema informatizado do HCPA

2.2 CUIDADOS DE ROTINA REALIZADOS NO NEONATO

a) Fixação de sondas: utilizar hidrocoloide (curativo adesivo) para proteger a


pele, antes de fixar com tensoplast (bandagem elástica adesiva);

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b) Ninhos: Utilizar uma toalha e cueiros. O ninho deve ser fechado na cabeça a
fim de promover a contenção. Cuidar para que as pernas e braços
permaneçam dentro do ninho. Utilizar os rolinhos de compressas para
promover suporte na postura lateral ou prona;

Figura 1: Prematuro no ninho

Fonte: Arquivo próprio da Neonatologia

c) Peso: prematuros extremos, sempre que possível, em incubadoras com


balanças, conforme rotina nas terça-feira, quinta-feira e domingo;
d) Troca de fraldas: realizar higiene na região perianal com algodão úmido,
lateralizando o bebe, nunca elevar seus quadris pelas pernas;
e) Higiene no coto com cotonete com álcool à 70%, 4x ao dia;
f) Posição canguru: promover sempre que o prematuro estiver em condições e
aqueles em suporte ventilatório, combinando com equipe médica. A mãe ou
pai deverá colocar o avental, ambos com peito desnudo. O recém-nascido
deverá estar despido, apenas com fraldas. Na posição vertical de frente para
à mãe\pai. Envolver com cueiro, para segurança. Nos prematuros com
suporte ventilatório, as traqueias devem ser fixadas com cuidado para que
não sejam tracionadas e que a mãe\pai, permaneçam confortáveis. A posição
deve ser realizada por no mínimo 1 hora para organização postural do RN;
g) Ambiência: reduzir luminosidade e ruídos. Cobrir a incubadora com mantas
escuras e evitar ruídos desnecessários na incubadora. Realizar ‘hora do psiu’
(horário de 1 hora ou mais de duração de silêncio sem manusear o bebê) 1x

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por turno, agrupando cuidados e manuseando delicadamente o neonato.
Segundo o Ministério da saúde (2017), prematuros com menos de 32
semanas geralmente não suportam muita manipulação, podem apresentar
sinais de estresse, inclusive apneia;
h) Transição: todo o prematuro que iniciar estimulação via oral por mamadeira
ou seio materno (sem restrições respiratórias), deverá ser trocada a sonda
para nasogástrica;
i) Avaliação da dor através da escala de NIPS.

Tabela 4: NIPS – Neonatal Infant Pain Scale

Escala de Dor no Recém-Nascido


0 = Musculos relaxados - Face descansada, expressão neutra
EXPRESSÃO
1 = Careta - Músculos faciais contraídos; testa, queixo e maxilar
FACIAL
franzidos (expressões faciais do nariz, da boca e da testa)

0 = Sem choro - Tranquilo, não está chorando


1 = Choro fraco - Gemido fraco, intermitente
CHORO 2 = Choro vigoroso - Choro alto, crescente, estridente, contínuo
(Obs.: Se o bebê estiver entubado, o choro silencioso é considerado
quando evidenciado por movimentos óbvios da boca e da face)

0 = Relaxado - Padrão usual para este bebê


PADRÃO
1 = Alteração da respiração - Retrações, irregular, mais rápida que o
RESPIRATÓRIO
usual, engasgo, pausa respiratória

0 = Relaxados/Contidos - Sem rigidez muscular, movimentos


ocasionais nos braços
BRAÇOS
1 = Flexionadas/ Extendidas - Braços tensos, esticados, rígidos e/ou
rápida extensão e flexão
0 = Relaxados/Contidos - Sem rigidez muscular, movimentos
ocasionais nas pernas
PERNAS
1 = Flexionadas/ Extendidas - Pernas tensas, esticadas, rígidas e/ou
rápida extensão e flexão

ESTADO DE 0 = Dormindo/Acordado - Tranquilo, quieto, dormindo ou alerta e calmo


CONSCIÊNCIA 1 = Agitado - Alerta, inquieto e se debatendo

Fonte: MOTTA; SCHARDOSIM; CUNHA, 2015.

São considerados sinais de dor, valores, conforme tabela de NIPS, acima ou


igual a 4. Segundo Souza (2017), o neonato pré-termo possui plena capacidade
anatômica e funcional de nocicepção, que seria a detecção e transmissão de
informações sobre a presença e qualidade do estímulo doloroso a partir do ponto de
estimulação até o cérebro.

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Dentre as intervenções não farmacológicas são: Oferecer solução de
sacarose 24% (para os que podem receber via oral) favorecendo a liberação de
opioides endógenos (endorfinas); Promover a sucção não nutritiva; Promover a
contenção facilitadora (ou facilitada) colocando as mãos sobre a cabeça, nádegas e
membros, mantendo os braços do RN na linha média e suas mãos próximas ao
rosto - o toque deve ser suave, mas firme - a contenção favorece a auto-organização
postural e mimetiza o ambiente intrauterino, transmitindo uma sensação de
segurança; Providenciar enrolamento gentil do recém-nascido, utilizando um cueiro,
manta fina, ou fralda de algodão, e envolvendo braços e pernas, que devem
permanecer em flexão, antes, durante e após a intervenção dolorosa (a contenção e
o enrolamento são mantidos por 10 minutos ou mais); E falar com o RN em tom de
voz suave. (SOUZA, 2017)
Por fim, o acompanhamento realizado pelo enfermeiro na alta hospitalar deve
ser reforçado devido a sua importância no manejo dos pais com o recém-nascido.
Estes, recebem reforço de orientações quanto aos: Cuidados com o bebê, banho,
higiene do coto umbilical, higiene do períneo e medicações (se prescritas pelo
médico); Alimentação, reforçando as orientações sobre amamentação; Revisão da
carteira de vacinação (vacinas, teste do pezinho, teste de orelhinha, teste do
olhinho). (BRASIL, 2017)

3 CONCLUSÃO

Vimos que a sobrevida dos prematuros, vem aumentando com o passar dos
anos, sempre buscando qualidade de vida para esses bebes, no futuro. Pode-se
reduzir sequelas neurológicas com medidas simples como evitar a hipotermia nas
primeiras horas de vida (ao nascer e transporte a UTI Neonatal), como manuseio
mínimo do bebe nos primeiros dias de vida, sendo um cuidado neuro protetor.
Transformar a UTI Neonatal em um ambiente mais humanizado é inserir os
pais nos cuidados, incentivando a posição canguru, colocando o bebe pele a pele
com a mãe\pai, fortalecendo o vínculo e mantendo a temperatura corporal do
neonato. Incentivar a mãe a prover o leite materno, orientando o esgote de mamas e
encaminhando ao Banco de Leite Humano. Manusear o bebe delicadamente,
mantendo aconchegado em um ninho. Cobrir a incubadora, evitando a luz direta e
diminuindo ruídos. Respeitar o sono e descanso do bebe, agrupando cuidados.
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Avaliar sinais de dor (conforme tabela de NIPS), oferecendo opções não
farmacológicas (como aconchego e enrolamento) e farmacológicas para o alívio da
dor.
Mantemos um trabalho de educação continuada com a equipe de
enfermagem, revisando rotinas, reforçando a lavagem de mãos e álcool gel e com
isso prevenindo infecções. A orientação dos pais inicia na UTI Neonatal desde a
internação até a alta hospitalar. O neonato é acompanhado por equipes de
profissionais; neonatologistas, oftalmologistas, fonoaudiólogas, fisioterapeutas,
nutricionistas, enfermeiros, com atendimento precoce na internação até pós alta, no
ambulatório do hospital.

4 REFERÊNCIAS

BELEZA, L.; CHAGAS, A.C.C. Protocolo de manuseio mínimo da UTI Neonatal


do Hospital Materno-Infantil de Brasília. Brasília: HMIB, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de


Ações Programáticas e Estratégias. Atenção Humanizada ao Recém-Nascido -
Método Canguru- Manual técnico. 3ª Edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

MIRANDA, Anatércia Muniz de; CUNHA, Daniella Imaculada Barros; GOMES,


Silvana Maria Fagundes. A influência da tecnologia na sobrevivência do recém-
nascido prematuro extremo de muito baixo peso: Revisão integrativa. Vol. 14.
435-442, jul./set. Minas Gerais: Rev. Min. Enfermagem, 2010.

MOTTA, G.C.P; SCHARDOSIM, J.M; CUNHA, M.L.C. Neonatal Infant Pain


Scale: Cross-Cultural Adaptation and Validation in Brazil. Journal of Pain and
Symptom Management, v.50, n.3, p. 394-401, 2015.

PROCIANOY, S. Renato; LEONE, R. Cleia. PRORN Programa de Atualização em


Neonatologia. Vol. 4. Ciclo 11. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2014.

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SOUZA, Aspásia Basile Gesteira. Manual Prático de Enfermagem Neonatal. São
Paulo: Atheneu, 2017.

TAMEZ, Raquel. Enfermagem na UTI Neonatal. 5ª. Edição. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2013.

TAMEZ, Raquel. Intervenções no Cuidado Neuropsicomotor do Prematuro - UTI


Neonatal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

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