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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGE


DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
PRÁTICAS DE PESQUISA

Profa. Edna Chamon 2020.2 Data: 01/10/2020


Atividade: Texto sobre o capítulo 3 do livro “Contextos do Saber”
Discente: Denise Teberga Mendanã

JOVCHELOVITCH, S. Os contextos do saber: representações, comunidade e


cultura. Tradução de Pedrinho Grareschi. 2ed. Petrópilis, RJ: Vozes, 2011
(Coleção Psicologia Social)

Capítulo 3: Saber comunidade Esferas Públicas

Jovchelovitch (2011) apresenta no capítulo 3 do livro uma discussão sobre o


espaço da comunidade, o qual se apresenta como um espaço intermediário
entre o sujeito e o mundo social. É na comunidade que o sujeito se origina. A
discussão da relação entre saber e contexto é considerada central para a
psicologia social
Definição de comunidade, ideia de compreender as fronteiras e discutir uma a
uma. O que ela quer é como se constrói a psicologia social da comunidade
Como a interação entre os diferentes e semelhanças definem comunidade e
expressam seus saberes
A importância de se estudar as comunidades está na lógica de entender como
as comunidades pensam, como se definem como comunidade, como seu saber
é produzido, avaliado e se relaciona com outros regimes de saber.
As transformações que vivenciamos nos últimos anos, interferiram na forma
como as sociedades se organizam e se comunicam, principalmente no tocante
às relações com a tecnologia e a velocidade em que acontecem as relações.
A autora considera que para teorizar comunidade a partir de uma perspectiva
psicossocial é necessário compreendê-la como sobreposta ao indivíduo cita
Freud para explicar essa característica em que “[...] a substituição do poder do
indivíduo pelo poder de uma comunidade constitui o passo decisivo da
civilização” (FREUD, 1930/1987, P.115, apud Jovchelovitch, 2011, p. 133).
Em seguida a autora traz a tona a questão das fronteiras, (como produto das
relações sociais) as quais podem ser de diferentes tipos e no enfoque
psicossocial procurando entender os processos simbólicos. Nesse caso, para a
compreensão dos processos simbólicos pelos sujeitos, ela apresenta as
dimensões: (i) relação entre saber e pertença, (ii) o papel da memória e (iii) as
relações entre comunidades e o contar de histórias.
A primeira dimensão refere-se ao conhecimento comum que gera a experiência
da pertença. Jovchelovitch (2011, p. 137) afirma que as narrativas individuais
compõem acontecimentos da vida em comunidade e do mesmo modo o
contrário acontece. Assim, apresenta-se a ideia de pertencimento, em que ela
explica também que a “[...] ausência de um saber comum que ligue o estranho
à comunidade revela com grande precisão o papel psicossocial fundamental
dos saberes sociais compartilhados no processo de ligar o indivíduo à
comunidade e produzir a experiência da pertença”. A linguagem se apresenta
como uma forma de indicar a pertença.
A segunda dimensão, que diz respeito à memória social está relacionada ao
fato de a comunidade reter tanto um sentido de continuidade quanto de
mudança/desenvolvimento.
Ela pontua que a memória do indivíduo é marcada pelas relações entre o
indivíduo com seus pares, seus grupos, sendo essa memória diferente do que
se viveu, pois a experiência faz com que a memória ao ser evocada seja
diferente do contexto vivido.
Por fim, ela traz as narrativas, o contar história em que os saberes sociais
ganham vida. As narrativas estão essencialmente ligadas à vida comunitária.
As histórias ligam o passado, o presente e projetam o futuro.
Ela apresenta as esferas públicas como espaço comum. A esfera pública pode
ser definida como um espaço: de debates, onde são discutidos os problemas
comuns da vida em comunidade; partilhado por todos os membros de uma
comunidade.
A psicologia social da esfera pública será discutida pelas visões de Hannah
Arendt e Habermas. Arendt vê o termo público como dois fenômenos
interrelacionados: (i) tudo que aparece em público está exposto a todos: esse
primeiro significado está relacionado ao nosso sentimento e nosso sentido de
realidade; (ii) o mundo que é comum a todos nós é distinto do local que
individual: esse segundo significado está relacionado ao compartilhar.
Arendt explica que na condição humanidade da pluralidade, encontramos o
significado mais profundo da esfera pública. Na teoria de Arendt encontramos
Mead: é na comunicação que temos a compreensão da vida humana. O
conceito do outro generalizado: expressa as normas, as práticas e as regras
que constroem a vida pública da comunidade.
Habermas enfatiza que é no diálogo e na argumentação que vão surgir
procedimentos para lidar com a perspectiva e a pluralidade. A Teoria da
Comunicação e do diálogo entre o Eu e o Outro está inscrita na Teoria da
Esfera Pública. Habermas aponta a quantidade crescente de cafés na
Inglaterra e o crescente número de leitores, o que estimulou o debate político.
Algumas críticas surgiram à esfera pública de Habermas pela forte idealização
do fenômeno e pelo não reconhecimento de outros tipos de ação pública, que
estavam presentes na esfera pública burguesa.
Apesar das críticas recebidas, foi conferida importância à esfera pública de
Habermas como um conceito normativo e orientador e vale destacar que há
diferenças entre as esferas públicas dependendo da sociedade, onde os
padrões de comunicação podem ser mais ou menos hierárquicos.
Ao concluir a seção sobre esfera pública Jovchelovitch (2011, p. 157) indica
que a TRS é uma teoria que permite “compreender as transformações do
conhecimento em relação aos contextos sociais”. Dessa forma ela indica que
as representações sociais são formas de saber que se fundamentam em um
tipo de esfera pública.
Na sequência do texto a autora faz uma relação entre saber e esfera pública
enfatizando que o conceito de representações sociais possibilitou entender
como o conhecimento simbólico muda em função de transformações mais
amplas na sociedade.
As representações coletivas se dão pela conformidade e tradição na esfera
pública. Elas são definidas de forma homogênea por uma comunidade,
transformando comunidades em espaços de semelhança e são consideradas
por Durkheim a fonte de solidariedade social sendo que a análise das formas
de solidariedade social se desenvolveu com a compreensão das mudanças nas
representações coletivas e divisão social do trabalho.
No âmbito das representações coletivas o conhecimento social é constrói toda
a realidade “no sentido de defini-la totalmente para os participantes”
(JOVCHELOVITCH, 2011, p.161). Na perspectiva de Durkheim a noção de
contradição e tensão entre os grupos não está presente.
As representações sociais supõem inovação e destradicionalização na esfera
pública.
Jovchelovitch (2011) inicia a seção fazendo um comparativo entre as
concepções de Durkheim e Moscovici. Ela afirma que a aproximação das
teorias está no fato da representação ter o poder de construir ambientes e
confrontar atores sociais como uma força externa. Já no distanciamento está o
fato de que as representações sociais são providas de inovação e encontramos
a luta entre conformidade e rebelião das minorias ativas.
Ela afirma que a inspiração para essa ideia de uma ciência sobre o
desenvolvimento e a mudança surgiu de Piaget.
Em Weber ele busca fundamentos no problema da inovação, a importância do
indivíduo e o poder das minorias ativas e além disso dá importância aos
processos de comunicação.
Em Habermas ele se apropria da contradição entre inovação e tradição.
Habermas demonstra que a fonte de toda solidariedade social está na
comunicação. Para ele, no mundo moderno o outro generalizado muda, o que
ele define como “linguistificação do mundo da vida”, o que podemos comparar
ao desencantamento do mundo proposto por Weber.
Para Weber o desencantamento do mundo é a mudança gradual do
simbolismo, das crenças através da comunicação dialógica em que as
sociedades contestam as suas lógicas.
Jovchelovitch (2011, p. 165) explica que “o que é diferente em Habermas,
contudo, é o papel genético da comunicação e da linguagem no
desencantamento do mundo; a linguistificação do mundo da vida não é feita
apenas de perdas e burocratização, mas emerge redimida como processo
comunicativo”.

Para finalizar o texto, Jovchelovitch (2011, p.167) explica que ao abandonar o


termo coletivo e adotar o termo social, Moscovici foi guiado pela pluralidade e
pela importância da comunicação nas sociedades modernas, em que as
práticas são contestadas e discutidas, questionando o homogêneo. O que as
RS expressam são “como as comunidades mudam e como a mudança se
incorpora nas representações sociasi que sustentam nossas relações e nossas
vidas”

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