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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE_________________

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA COMARCA DE ____.

ES TAT UTO DO IDOS O – ART. 71


P R IOR IDADE NA TR AMITAÇ ÃO DO F EITO

“Art. 8º. O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito


social, nos termos desta Lei e da legislação vigente. ”.
(Estatuto do Idoso)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO, por


meio do seu representante legal ao final assinado, no exercício de suas funções na defesa dos
direitos da pessoa idosa, em especial das atribuições conferidas pela Constituição Federal
(127, caput) e no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03, art. 74, inc. II), arrimado, ainda, no que
dispõe as normas insculpidas no Código de Processo Civil/2015 (art. 747, IV e 748, II), vem à
presença de Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE CURATELA, COM PEDIDO DE


TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA,

em favor de “nome”, “nacionalidade”, aposentada, Cédula de Identidade “número” SSP/MA e


CPF “número”, nascida aos “data”, pessoa idosa de XX anos, residente e domiciliada
“endereço”, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I – DOS FATOS

Versam os documentos inclusos acerca de cópia da Notícia de Fato n.º xxxx


autuada para a tomada de providências iniciais quanto à situação da Sra. “nome”, de XX anos,
vítima de maus tratos e tortura praticadas pelo filho “nome”, de XX anos, preso

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preventivamente por determinação do Juízo da XX Vara Criminal, em face de pedido


formulado pelo Ministério Público (processo nº XXX).
O fato chegou ao conhecimento desta Promotoria de Justiça no dia XX de “mês”
de “ano”, através de vídeo em que o filho da Sra. “nome” foi flagrado, proferindo agressões
verbais e físicas em desfavor da idosa, causando-lhe flagrante sofrimento físico e
psicológico, (detalhar a situação concreta).
Foi levantado por esta Promotoria de Justiça, que, na data de XX de “mês” de
“ano”, o próprio filho do agressor e neto da idosa, Sr. “nome” havia registrado Boletim de
Ocorrência na Delegacia de Proteção ao Idoso para denunciar que o genitor agredia a avó do
declarante, portadora de doença de Alzheimer, com palavras de baixo calão, bem como a
ameaçava dizendo que iria interná-la. Houve, inclusive, pedido de medida protetiva para
afastamento do agressor.
Ainda no dia XX de “mês”, foram ouvidos o neto “nome”, XX anos, e a Sra.
“nome”, XX anos, doméstica que trabalhava há longo tempo na residência da idosa e que
trouxe informações relevantes sobre situação vivenciada pela vítima, bem como sobre o
tratamento degradante e desumano a que esta era submetida pelo filho em razão de ser
portadora de doença de Alzheimer.
Com efeito, a Sra. “nome” foi encaminhada ao neto, “NOME”, nos termos do art.
45, I do Estatuto do Idoso (Lei n.º 10.741/2003), mediante Termo de Responsabilidade por
meio do qual assumiu a compromisso de zelar pela integridade física e psíquica da avó.
O agressor residia com a vítima e era responsável por gerir o benefício
previdenciário dela. Contudo, pelos elementos que instruem o feito, é possível verificar com
facilidade a existência de diversos empréstimos bancários consignados no contracheque feitos
pelo agressor – que não trabalha e vivia às expensas da genitora.
Por outro lado, o laudo social de fls. XX é conclusivo quanto à indicação de
permanência da Sra. “NOME” sob os cuidados do neto, por ser a única referência familiar
existente e reunir melhores condições, aparentemente, para prestar-lhe a devida assistência,
percebendo na idosa, uma certa “confusão mental” e “lucidez comprometida”.
Com efeito, o neto da idosa vive com a companheira “nome”, de xx anos, além do
padrasto, dois filhos e empregados.

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A Sra. (nome companheira do neto) concorda que o companheiro cuide da avó,


informando que contratarão pessoas qualificadas para prestar à idosa os devidos cuidados.
No âmbito desta Promotoria de Justiça foi ouvida, ainda, a Sra. “nome”, XX anos,
esposa do agressor, que confirma as violências físicas e psicológicas praticadas contra a idosa,
trazendo informações mais precisas sobre o estado de saúde desta que só foi diagnosticada
portadora da Doença de Alzheimer, em agosto do ano de 2015, quando foi levado ao médico
Dr. “nome”, demora a que atribui ao fato do Sr. “nome” não acreditar na doença da mãe.
Na ocasião, foram apresentados laudos, receituários e exames médicos da idosa,
entre os quais um documento atestado pelo Dr. “nome” de que a Sra. “nome” realiza
tratamento neurológico.
Dessa forma, a idosa é portadora de Doença de Alzheimer e, em razão de sua
enfermidade e de todo o ocorrido, está impossibilitada de receber os proventos pela
Instituição Bancária.
Pelos relatos colhidos e observações realizadas pelo Núcleo de Serviço
Psicossocial, resta evidente nos autos que a idosa possui sua lucidez comprometida, não
reunindo condições para gerir sua vida civil e a própria existência, necessitando de
auxílio, assistência e cuidados permanentes, encontrando-se hoje sob o olhar vigilante do
neto e cuidadoras.
Nesse contexto fático, é notório que o avançado estado de senilidade da idosa, já
agravado pela Doença de Alzheimer, comprometem-lhe a própria capacidade de gerir seus
proventos e de figurar como protagonista nos demais atos da vida civil, restando a interdição
como medida que se impõe.
Ademais, é dependente de cuidados diários básicos e especializados, desde as
refeições, ministrar seus medicamentos a gerir seus rendimentos, sendo o neto, como única
referência familiar existente, a pessoa, pelo menos nesse primeiro momento, que reúne
condições de mantê-la em um ambiente saudável, seguro, harmonioso e com afeto.
Os fatos, portanto, indicam que o Sr. “nome”, xx anos, “nacionalidade”, “estado
civil”, “profissão”, portador da Cédula de Identidade n.º XXXXX, CPF n.º XXX, residente e
domiciliado “endereço”, “telefone”, reúne as condições necessárias ao exercício da curatela,
razão pela qual este órgão do Parquet indica o neto da idosa para o exercício da curatela
provisória.

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Os documentos de praxe requeridos para a comprovação do estado de debilidade


da idosa seguem em anexo. Relativamente à demonstração da idoneidade moral e estado de
lucidez do indicado como curador serão apresentados em momento oportuno designado por
esse Juízo, apresentando, nesse ato, as Certidões de inexistência de processos criminais junto
à Justiça Estadual e Federal.
Ante o exposto, o Ministério Público requer a concessão da curatela da Sra.
“nome”, indicando-se como curador o Sra. “nome” para exercer, em nome da idosa, os
atos da vida civil, receber e administrar as suas rendas, revertendo-as em proveito desta e
prestando-lhe os cuidados necessários ao seu bem-estar.

II – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Constituição Federal conferiu ao Ministério Público especiais funções,


incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis, dentre os quais destaca-se a defesa dos direitos da pessoa idosa.
Por sua vez, a Lei Complementar n°. 75/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério
Público), que dispõe sobre a organização e atribuições do Ministério Público da União,
aplicada subsidiariamente aos Ministérios Públicos Estaduais por força da determinação
constante do art. 80, da Lei n°. 8.625/93, lhe autoriza dentre essas funções institucionais, a
defesa dos bens e interesses dos idosos nos termos do art. 5o, inciso II, alínea “e”.
Diante da necessidade de maior proteção aos direitos dos idosos, o Ministério
Público teve ampliada sua atuação nas causas relativas à condição da pessoa idosa, sobretudo
em relação aquelas em situação de risco.
O Estatuto do Idoso conferiu expressamente ao Parquet legitimidade
extraordinária para atuar na qualidade de substituto processual da pessoa idosa, quando em
situação de risco, em conformidade com o disposto no art. 43 do referido diploma estatutário.
Com efeito, o Ministério Público, em concorrência com os pais, o tutor, o cônjuge
ou qualquer parente, detém legitimidade para promover a curatela de interditos em casos de
doença mental grave, o que deriva dos dispositivos preambularmente invocados, notadamente
dos arts. 747, IV e 748, I, do Código de Processo Civil e do art. 35, XXII, da Lei
Complementar Estadual n. 13/91, que rezam, respectivamente:

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Art. 747. A interdição pode ser promovida:


[..] IV - pelo Ministério Público. Parágrafo único. A legitimidade deverá ser
comprovada por documentação que acompanhe a petição inicial.

Art. 748. O Ministério Público só promoverá interdição em caso de doença mental


grave:
I - se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747 não existirem ou não
promoverem a interdição;
II - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos incisos I e II do art.
747. [...]

Art. 35 – Compete, mais, ao Promotor de Justiça: (…) XXII – requerer interdição,


ou promover a defesa do interditando, quando terceiro for requerente, na forma do
Código de Processo Civil; (…)

Embora não sendo caso de grave anomalia psíquica que acomete a idosa, persiste
a legitimidade do Ministério Público, pois a este também cabe promover a presente ação nos
demais casos previstos pelo art. 1.767 do Código Civil.
Ademais, o Ministério Público, como natural guardião da pessoa idosa, tem,
portanto, legitimidade para promover ações desta natureza. Ademais, o próprio Estatuto do
Idoso reserva ao Parquet tal atribuição, no art. 74, inc. II:

Art. 74. Compete ao Ministério Público:


II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de
designação de curador especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar
em todos os feitos em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco.

Com efeito, a presente ação é promovida em razão das peculiaridades do caso,


notadamente por apresentar a idosa um avançado estado de senilidade, sem a mínima
condição de reger sua pessoa e administrar seus bens, sobretudo diante da situação de risco e
vulnerabilidade vivenciada, tendo sido vítima de violência física e psíquica por parte do
próprio filho.

III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O instituto da curatela está previsto na legislação civil no art, 1.767 e o


procedimento do pedido de curatela encontra-se disciplinado nos arts. 747 e seguintes do
Código de Processo Civil.

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A presente pretensão encontra respaldo legal no art. 1.767, I, do Código Civil,


recaindo-se a curadoria nas pessoas elencadas no art. 1.775, § 1°, do Código Civil., que assim
dispõem (grifei):

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:


I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade.

Art. 1.775, §1o. Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a


mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com


Deficiência) deu nova redação aos artigos 3º, 4º, 1.767, 1.772 do Código Civil de 2002, de
modo a afastar a deficiência mental, física e intelectual como hipótese de incapacidade
absoluta, passando a existir apenas como possibilidade de incapacidade relativa do indivíduo.
(Lei nº 13.146/2015)
Dessa forma, a antiga teoria das incapacidades do Código Civil sofreu alterações
relevantes com o advento da Lei Brasileira de Inclusão, trazendo como hipótese de
incapacidade relativa as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade (art. 4º, III, Código Civil). Assim, a pessoa com deficiência - aquela que
tem impedimento de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, não deve
ser mais considerada civilmente incapaz.
De acordo com o art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, a curatela deve
ser proporcional às necessidades e circunstâncias de cada caso. Passou, então, a ser
considerada medida extraordinária e a se restringir tão somente a atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial, devendo constar da sentença as razões e
motivações de sua definição, preservando-se os interesses do curatelado. Nesse sentido:

Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial.
§ 1º. A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade,
ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
§ 2º. A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as
razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
§ 3º. No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o
juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou
comunitária com o curatelado.

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Nessa perspectiva, a curatela consagra-se como uma medida de proteção


jurídica destinada a proteger a pessoa que não tem capacidade de cuidar dos seus bens
ou de si próprio, como é o caso da Sra. “nome”.

A esse respeito, colhe-se a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do


Maranhão:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REMOÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE
CURADOR. EXERCÍCIO REGULAR DA CURATELA. REMOÇÃO INDEVIDA.
ATENDIMENTO AOS INTERESSES DA INCAPAZ. 1. Com efeito, sabe-se que
cabe ao Curador administrar os bens da pessoa interditada, proporcionando
assistência material necessária à sua subsistência, resguardando o seu patrimônio e
realizando as diligências indispensáveis para garantir a integridade, o bem-estar ou
qualquer outro ato inerente à proteção da dignidade humana da Interditada. 2. A
ação de interdição busca eminentemente proteger a pessoa incapaz, e somente
no interesse desta pessoa é que pode ser focalizada a questão da curatela, e não
no interesse ou conveniência de pessoas da sua família, devendo a escolha do
Curador atender exclusivamente aos interesses do Incapaz. 3. Por sua vez, a
remoção de Curador, para ser determinada, deve estar embasada em elementos de
convicção seguros e restar evidenciada situação de risco para a Incapaz. 4. Desse
modo, considerando que a Agravada não demonstrou de forma inequívoca, em sede
de cognição sumária, qualquer descumprimento, pelo Recorrente, dos deveres
inerentes ao exercício da curatela (arts. 1.740 a 1.752 do Código Civil), impõe-se a
reforma da decisão objurgada. 5. Agravo de Instrumento conhecido e provido. 6.
Unanimidade. (Processo nº 025115/2014 (172866/2015), 5ª Câmara Cível do TJMA,
Rel. Ricardo Tadeu Bugarin Duailibe. DJe 28.10.2015).

No presente caso, devem ser levados em consideração todas as circunstâncias que


envolvem a pessoa da idosa, mormente seu estado de senilidade avançado, pois já possui xx
anos, é acometida pela Doença de Alzheimer e enfrenta dificuldades para gerir atos da vida
civil e a própria existência.
Por tal razão, diante da previsão legal e dos fatos aqui narrados, devidamente
comprovados pela documentação anexa, o Ministério Público requer a concessão da
curatela da Sra. “nome”, indicando-se como curador o Sr. “nome”, nos moldes da lei n.
13.146/2015, resguardando-se, pois, os interesses do idoso.

IV – INDICAÇÃO DOS LIMITES DA CURATELA

A Lei Brasileira de Inclusão traz que a curatela afetará tão somente os atos
relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial (art. 85, Lei nº 13.146/15).
INDICA-SE, COMO LIMITES DA CURATELA, QUE O CURADOR

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APENAS EXERÇA ATOS DE ADMINISTRAÇÃO E REPRESENTAÇÃO EM JUÍZO


E/OU FORA DELE, SEM PREJUÍZO DO DISPOSTO NO ART. 1.774 DO CÓDIGO
CIVIL, REPRESENTANDO A IDOSA JUNTO AO INSTITUTO DE SEGURIDADE
SOCIAL – INSS E PERANTE INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS, SENDO VEDADO
TRANSIGIR, DAR QUITAÇÃO, HIPOTECAR, VENDER IMÓVEIS OU MÓVEIS DE
POSSE OU PROPRIEDADE DESTA.

V - DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA (CURATELA PROVISÓRIA)

A tutela de urgência tem previsão no art. 300 do Novo Código de Processo Civil, e
será deferida quando houver elementos que evidenciem a grande probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Por sua vez, o requerimento de tutela provisória, o parágrafo único do artigo 749
do Código de Processo Civil prevê a possibilidade de nomeação de curador provisório para a
prática de determinados atos. Vejamos:

Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a
incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para
praticar atos da vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou.
Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao
interditando para a prática de determinados atos.

A Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), no art. 87, prevê que
“Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com
deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de ofício
ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará
sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.”
Do exame para a tutela jurisdicional antecipatória, prende-se à averiguação da
presença da verossimilhança do direito inuvocado, conjuntamente com a possibilidade da
ocorrência de dano de difícil ou incerta reparação, tudo a ser aferido em cognição sumária.
A Constituição Federal conferiu especial proteção à pessoa idosa, dando-lhe
tratamento condigno à sua condição, ao estabelecer, no art. 230, como dever da família, da

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sociedade e do Estado a obrigação de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação


na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
De acordo com o Estatuto do Idoso (Lei Federal n.º 10.741/2003), o idoso goza de
todos os direitos, sendo-lhe assegurado, por lei ou outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, para a preservação de sua vida em condições de dignidade, ao que constitui dever
de todos prevenir a ameaça ou violação aos seus direitos (art. 2º e 4º, § 1º).
A necessidade de proteção da pessoa idosa, sobretudo em virtude de sua condição
pessoal, é exigência que emerge dos princípios fundamentais da solidariedade e da dignidade
da pessoa humana, sobressaindo daí a indispensabilidade da concessão da tutela de urgência,
deferindo a curatela ao Sr. “nome”, nesta fase preambular do pedido, pelas razões acima
expostas.
Disto se infere que, havendo elementos que comprovem o direito pretendido e
ocorrendo risco de lesão com a demora do provimento jurisdicional, deve ser deferido
antecipadamente o objeto postulado. A probabilidade do direito está demonstrada pelos
documentos anexados ao presente. Fica comprovado não apenas isto, como o desejo do Sr.
“nome” em ser nomeado curador da avó e de se responsabilizar pelos cuidados necessários ao
seu bem-estar.
O perigo de dano se configura pelo fato de a idosa estar sem receber seus
proventos há dois meses, em razão do bloqueio de seu benefício previdenciário – o que só
não lhe faz passar fome pelo fato de receber ajuda dos vizinhos, podendo sofrer
prejuízos irreparáveis caso essa situação não seja tratada prontamente.
Dessa forma, preenchidos os requisitos do art. 300 do CPC, resta demonstrada a
urgente necessidade de que sejam antecipados os efeitos da tutela pretendida, concedendo
provisoriamente a curatela ao Sr.“nome”.

VI – DO PEDIDO

Ante o exposto e diante da necessidade de proteção dos direitos da pessoa idosa, o


MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL requer:
a) a concessão da tutela provisória de urgência, nos termos do art. 749,
parágrafo único, do CPC/2015 c/c artigo 87, da Lei 13.146/2016, para concessão da

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CURATELA PROVISÓRIA da Sra. “nome”, a ser exercida pelo Sr. “nome”, conforme
indicado no item IV desta exordial;

b) seja citada o promovido, com designação de curador especial, para que


promova a defesa dos interesses do idoso, bem como apresente impugnação, conforme o caso,
nos termos do art. 752, §2° do CPC/2015;

c) seja intimado o Sr. “nome”, de xx anos, “nacionalidade”, “profissão”, RG n.


xxxx e CPF n. xxxx, residente a “endereço”, telefone: xxxx, para comparecer e acompanhar a
entrevista do promovido, caso seja necessário;

d) sejam intimadas as testemunhas a seguir arroladas para comparecerem à


audiência de instrução e julgamento e prestar depoimento;

e) seja, ao final, julgado procedente o pedido formulado na presente ação,


confirmando-se a liminar, com a nomeação da pessoa acima indicada para o exercício da
curatela, porquanto provada documentalmente sua legitimidade e interesse para o encargo;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente prova documental e testemunhal.
Para fins do disposto no art. 292 do CPC e seus incisos, fixa-se o valor da causa
em R$ 937,00 (novecentos e trinta e sete reais), apenas para efeitos fiscais.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.

“cidade”, “dia” de mês de “ano”.


____________
Promotor(a) de Justiça

ROL DE TESTEMUNHAS

1. “nome”, endereço.
2. “nome”, endereço.
3. “nome”, endereço.
“cidade”, “dia” de mês de “ano”.
____________
Promotor(a) de Justiça

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